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Estrutura e Análises das Demonstrações Contábeis 1ª edição 2017 Estrutura e Análises das Demonstrações Contábeis Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Flávio Azi Vieira Nei José de Macêdo Lemos Sirlene Wolf dos Santos Fernando Ferreira Dias Filho *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Unidade 1 Introdução à Análise de Balanços ................................5 Unidade 2 Estrutura do Balanço Patrimonial ..............................17 Unidade 3 Análise de Estrutura Patrimonial ...............................34 Unidade 4 Análise histórica do Patrimônio .................................50 Unidade 5 Análise da estrutura inanceira da empresa ............65 Unidade 6 Rotação do estoque .....................................................81 Unidade 7 Prazo de recebimento e de pagamento ....................99 Unidade 8 Análise das Demonstrações Contábeis para elaboração de relatório gerenciais ..........................115 1 5 Unidade 1 Introdução à Análise de Balanços Para iniciar seus estudos Para iniciar seus estudos: Analisar um balanço patrimonial requer alguns conhecimentos. Tendo isso em vista, aproveitamos o ensejo e convidamos você, caro(a) aluno(a), a participar desta apresentação. Vamos, de forma prática e precisa, desenvolver um roteiro para que você possa aprender, cada vez mais, a analisar um balanço patrimonial. Esta análise compre- enderá conhecimentos teóricos que são relevantes para que você possa levantar os dados para o balanço e analisá-lo. Em um primeiro momento, iremos adentrar, passo a passo, em como se faz esta introdução, este começo da análise. Muito se procura um profis- sional com estes requisitos e você, aluno(a), deverá estar preparado para o mercado competitivo e voraz no qual as empresas se encontram atual- mente. Não basta saber, você precisa executar de forma precisa e correta, e é aqui que você se tornará um analista. Vamos trabalhar, nesta unidade, com a Análise do Balanço Patrimonial. Veremos conceitos como Ativo e Passivo/Patrimônio Líquido e Contas de Resultado, os quais lhe permitem fazer um diagnóstico financeiro e eco- nômico do que determinada empresa ou companhia teve em um deter- minado período. Os números serão analisados por você, então se prepare, pois, em um clique, entenderá se uma empresa está prestes a falir ou se está prestes a levantar voo. Quem pretende comprar uma companhia precisa ter conhecimentos sóli- dos para, a partir deles, diagnosticar este empreendimento. Vamos com- preender quando isso vai dar retorno e em quanto tempo este retorno será possível, o que poderá ser descoberto apenas analisando o balanço e os demonstrativos contábeis. 1 6 Objetivos de Aprendizagem • Introduzir o aluno no estudo das principais características da Aná- lise de Balanços. Tópicos de estudo 1.1 Introdução à Análise de Balanço 1.1.1 Importância do Plano de Contas 1.1.2 Quais são as Demonstrações Contábeis e suas finalidades 1.1.3 A importância da Análise Financeira 7 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 1 - Introdução a análise de balanços 1.1 Introdução à Análise de Balanço O Balanço Patrimonial é estruturado pelo Plano de Contas, que consiste em uma lista que demonstra as contas, a fim de que seja registrado tudo o que ocorre de forma econômica e financeira numa empresa em geral. Esse registro formará o que chamamos de fatos contábeis. Para identificar estas contas, elas são enumeradas por seu grupos e subgrupos, que se dividem em níveis. São três grandes grupos: Ativo, Passivo/Patrimônio Líquido e Contas de Resultado, os quais dividem-se em dois grandes níveis: Circulante e Não Circulante. O quarto nível é a conta que recebe o lançamento, a qual chamamos de conta analítica; as demais são chamadas de sintéticas. Vamos ver um exemplo para melhor fixar o aprendizado do Plano de Contas: 1. Ativo 1.1. Ativo Circulante 1.1.1 Disponibilidades 1.1.1.1 Caixa Existe uma resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) que dá regramentos para criação do Plano de Contas, conforme abaixo: O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, e com fundamento no disposto na alínea “f” do art. 6º do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, CONSIDERANDO que as Normas Brasileiras de Contabilidade, as Inter- pretações Técnicas e os Comunicados Técnicos emitidos pelo Conselho Federal de Contabilidade constituem corpo de doutrina contábil que estabelece regras e procedimentos técnicos a serem observados pelos profissionais de Contabilidade quando da realização dos trabalhos. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2010) Assim, começamos a desenhar nosso Plano de Contas, que está estruturado de acordo com o regramento. Impor- tante sabermos também definição e características de cada grupo e seus subgrupos: • Ativo: aplicação de recursos; contas de natureza devedora; patrimônio bruto; capital à disposição da empresa; realizado e realizável; apresentado em ordem crescente de prazo de realização e decrescente de liquidez; ativo circulante e ativo não circulante. • Passivo: exigível; ordem de recurso; natureza credora; patrimônio alheio; capital de terceiros; é o exigí- vel da empresa por obrigação legal formalizada; apresentado em ordem decrescente de exigibilidade ou crescente no prazo de exigibilidade; a provisão é um passivo; é obrigação oriunda de fato passado, que será liquidada no futuro; há o passivo circulante e o passivo não circulante. • Patrimônio Líquido: é uma origem de recursos; tem natureza credora; Lei n.º 6.404\76; obrigação não exigível; normas contábeis quanto ao resíduo patrimonial; capital próprio da empresa; o capital social é formado por 100% de ações. 8 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 1 - Introdução a análise de balanços Logo mais, vamos tratar do que cada conta representa quando está lançada. Quadro 1 – Modelo de Plano de Contas. Plano de Contas 1. ATIVO 1.1. CIRCULANTE 1.1.1. Caixa 1.1.1.01. Caixa Geral 1.1.2. Bancos Conta Movimento 1.1.2.01. Banco Alfa 1.1.3. Contas a Receber 1.1.3.01. Clientes 1.1.4. Estoques 1.1.4.01. Mercadorias 1.2. NAO CIRCULANTE 1.2.1. Investimentos 1.2.1.01. Participações Societárias 12.2. Imobilizado 1.2.2.01. Maquinas e Equipamentos 1.2.3. Intangível 1.2.3.01. Marcas e Patentes 2. PASSIVO 2.1CIRCULANTE 2.1.1Impostos e contribuições a recolher 2.1.1.01 Simples a Recolher 2.1.2 Contas a pagar 2.1.2.01 Fornecedores 2.1.2.02 Outras contas 2.1.3 Empréstimos Bancários 2.1.3.01 Banco Alfa 2.2 NÃO CIRCULANTE 2.2.1 Empréstimos Bancários 2.2.1.01 Banco Alfa 2.3 PATRIMÔNIO LIQUIDO 2.3.1 Capital Social 2.3.2.01 Capital Social integralizado 2.3.2 Reservas 2.3.2.01 Reservas de Capital 2.3.2.02 Reservas de lucros 3. RESULTADO DO EXERCÍCIO 3.1Receita liquida 3.1.1Receita Bruta de Vendas 3.1.1.01 Mercadorias 3.1.2 Deduções da Receita Bruta 3.1.2.01 Devoluções 3.1.3 Impostos Sobre Vendas3.1.3.01 ICMS, ISS, PIS, Cofins 3.2 Custos 3.2.1 Custos das Mercadorias 3.2.1.01 Custos das Mercadorias Vendidas 3.3 Despesas Operacionais 3.3.1 Despesas Comerciais 3.3.1.01 Comissões de Vendas 3.3.2 Despesas Administrativas 3.3.3 Receitas Financeiras 3.3.3.01 Receitas de Aplicações Financeiras Legenda: Plano de contas resumido. Fonte: Do autor 1.1.1 Importância do Plano de Contas Agora você sabe que precisa de um plano de contas para que possa estruturar seu demonstrativo e, após isso, poder analisá-lo. Observe o Quadro 1 e veja o quão importante é sua estrutura para o Balanço Patrimonial. Pode- mos ver claramente as contas do ativo, do passivo e de resultado. Se não fosse desta forma, nosso Plano de Contas correria o risco de ser apenas contas misturadas sem nenhum reflexo ou possível de se ter um resultado. Começamos a inserir números nestas contas durante um período e ela vai se tornar um demonstrativo. E quais demonstrativos existem? Quais são suas finalidades? 9 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 1 - Introdução a análise de balanços 1.1.2 Quais são as Demonstrações Contábeis e suas finalidades Demonstrações contábeis são relatórios que seguem um padrão regulamentado por lei ou normas. Diariamente registramos operações, contas que registram transações por meio de lançamentos dentro do diário e seus saldos dentro do razão. Após certo período, as contas serão levantadas e faz-se um balancete de verificação com os saldos devedores e com os saldos credores. Estamos, então, preparando um balancete de verificação, que é um demonstrativo de uso interno de uma companhia, seja ela grande, média ou pequena. O Balancete de Verificação traz resultados exatos entre débito e crédito e em que lugares, para cada débito, há pelo menos um crédito, e, para crédito, há pelo menos um débito. Nele, podemos identificar contas classifica- das incorretamente de acordo com sua natureza e classificação, mas não podemos identificar lançamentos em contas erradas. Apenas conseguiremos identificar contas errôneas pelo razão, mas não no balancete, visto que o balancete é um relatório. No balancete podem ser identificados saldos, mesmo que de natureza equivocada, contas de natureza patrimo- nial e de resultado. Ele é apresentado juntamente com livro diário e, a partir dele, serão levantadas as demonstra- ções contábeis, que são relatórios financeiros em geral, os quais atingem vários usuários da contabilidade, sendo estes usuários internos e externos. Especificamente, os usuários das demonstrações contábeis são os usuários externos, pois, se fossem usuários internos, teriam acesso ao relatório de balancete de verificação. Quadro 2 – Modelo de Balancete de Verificação. Modelo de Balancete de Verificação Ativo Passivo Disponibilidades R$ 400,00 Dividas R$ 600,00 Estoques R$ 1.600,00 Patrimônio Líquido R$ 1.100,00 Despesas R$ 400,00 Capital Social R$ 1.100,00 Receitas R$ 700,00 Total do Ativo R$ 2.400,00 Total do Passivo R$ 2.400,00 Legenda: Balancete de verificação com dados ilustrativos. Fonte: Do autor. Quanto aos tipos de usuários, eles são internos (os diretores, por exemplo) ou externos. Estes podem ser primários (investidores) ou secundários (fornecedores ou clientes). Toda e qualquer informação que estiver nos demonstra- tivos é importante para a tomada de decisões. Conforme mencionado anteriormente, para cada débito, há pelo menos um crédito, e, para cada crédito, há pelo menos um débito. Contabilmente, isso é chamado de lançamento de primeira fórmula; sucessivamente, dois créditos para um débito é chamado de lançamento de segunda fórmula; dois débitos para um crédito, de lança- mento de terceira fórmula; e, por último, para dois débitos e dois créditos, lançamento de quarta fórmula. Veja, a seguir, um modelo de lançamento: 10 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 1 - Introdução a análise de balanços Figura 1 – Modelo de lançamento. Legenda: Lançamento de contas de debito da primeira à quarta fórmula. Fonte: Do autor. As demonstrações contábeis, segundo a Lei n.º 6.404/76, são as seguintes: • Balanço Patrimonial; • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); • Demonstrativos de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA), aos quais a Demonstrações das Mutações de Patrimônio Líquido (DMPL) é complementar; • Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC), obrigatório em Sociedades Anônimas (S/A) de capital aberto e empresas de grande porte; • Demonstrações de Valor Adicionado (DVA), obrigatórias em S/A de capital aberto. Segundo as normas e o Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC), a resolução do CFC 1.185\2009, que aprova a NBCT 19-27, define um conjunto completo de demonstrações contábeis, as quais incluem os seguintes com- ponentes: • BP; • DRE; • DRA; • DMPL • DFC; • DVA (somente para as companhias de capital aberto). 11 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 1 - Introdução a análise de balanços Empresas de grande porte são as que possuem ativos maiores do que R$ 240 milhões ou receita bruta de vendas acima de R$ 300 milhões ou, ainda, que possuem um Patrimônio Líquido (PL) acima de R$ 2 milhões. As S/A de capital aberto têm ações no mercado de capital, sendo comercializadas na Bolsa ou em Balcão. Observe que os demonstrativos foram separados conforme os obrigados por lei e por norma para que você possa verificar as obrigatoriedades comuns entre elas. • Balanço Patrimonial: é estático e mostra aos usuários o patrimônio e também o lado financeiro uma com- panhia. • Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE): mais dinâmico com seu desempenho, traz o resultado líquido. Nele, você observa se a operação em si trouxe resultados positivos ou negativos à empresa. Apre- senta resultado econômico e o que importa é o fato gerador. A seguir, temos um modelo resumido de DRE com saldo, apenas ilustrativo. Quadro 5 – Demonstração resumida do resultado do exercício. DRE Receitas R$ 1.100,00 Despesas R$ 800,00 Lucro do Exercício R$ 300,00 Legenda: Demonstração do Resultado do Exercício Resumido. Fonte: Do autor. • Demonstrativos de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA), complementares a DMPL (para as normas con- tábeis): apresenta o dividendo por ações e também o resultado acumulado. • Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC): apresenta o resultado financeiro da empresa em cada atividade, sendo ele operacional de investimentos e de financiamento, por métodos diretos e indiretos. É importante acompanhar se a companhia é obrigada a apresentar os Demonstrativos de Lucros e Prejuízos Acumulados (DMPL) e o Demonstrativo de Mutação de Patrimônio Líquido (DMPL) ou apenas um deles. 12 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 1 - Introdução a análise de balanços Quadro 8 – Modelo de Balanço Patrimonial. BALANÇO PATRIMONIAL MODELO ATIVO 01/01/2015 31/01/2015 PASSIVO 01/01/2015 31/01/2015 Ativo Circulante Clientes Estoques Ativo Não Circulante R$ 50.000,00 R$ 20.000,00 R$ 90.000,00 R$ 60.000,00 Passivo Circulante Fornecedores Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido R$ 10.000,00 R$ 50.000,00 Legenda: Balanço Patrimonial para dados. Fonte: Do autor. • Demonstrações de Valor Adicionado (DVA): mostra a riqueza que a empresa gerou e/ou distribuiu. Não podem ser confundidas com a receita, pois a receita está na DRE. Cada demonstrativo traz seu resultado. Por exemplo, o Balanço Patrimonial apresenta o saldo das contas patri- moniais, o DRE traz os resultados líquidos que aquela operação teve num determinado período e a DFC o resul- tado da demonstração financeira daquele período, sucessivamente. Diante desse cenário de demonstrativos, caro(a) aluno(a), o que foi tido de resultado financeiro? E de resultado operacional? Qual o resultado patrimonial? Estas são as finalidades destes demonstrativos: apresentar separa- damente seus valores. Por fim, temos, ainda, a figura das Notas Explicativas (NE), sobre as quais é muito falado. • Notas Explicativas:são obrigatórias e compõem o conjunto das demonstrações contábeis, mas NÃO são demonstrações. São sintéticas, mas tem informações relevantes e as explicam com mais detalhes e pre- cisão. Por exemplo, quando se explica que a companhia tem cliente a receber e que este prazo está deter- minado em até 180 dias no valor de R$ 700 mil e restante em até 100 dias, sendo mais R$ 190 mil, fica detalhado o que está na conta corrente da empresa. 13 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 1 - Introdução a análise de balanços Dentre essas demonstrações, você consegue verificar quais são as demonstrações contábeis e suas finalidades dentro do conjunto contábil. Em outro momento, veremos uma NE completa. 1.1.3 A importância da Análise Financeira É na análise financeira que a empresa consegue visualizar todo seu potencial para tomada de decisões: se ela poderá fazer novos investimentos ou optar por colocar no mercado mais algum produto ou marca, por exemplo. Os investimentos também refletem na análise financeira e esta é o que permite que os planos e decisões do ges- tor sejam realmente executados. Normalmente é por meio do analista ou do gestor que estas informações são verificadas e avaliadas. A análise de balanços é de suma importância para uma empresa que pretende se evoluir, pois através dela pode-se obter informações importantes sobre sua posição econômica e financeira. São os analistas que tiram conclusões através de dados relevantes como se a empresa analisada em um determinado momento merece crédito ou não, se a mesma tem capacidade de pagar suas obrigações, se vem sendo bem administrada, se sua atividade operacional oferece uma ren- tabilidade que satisfaz as expectativas dos proprietários de capital e se irá falir ou se continuará operando, entre outros fatores. Em verdade, a preocupação do analista centra-se nas demonstrações contábeis da sociedade, das quais extrai suas conclusões a respeito de sua situação econômico-financeira, e toma (ou influência) decisões com relação a conceder ou não crédito, investir em seu capital acionário, alterar determinada política financeira, avaliar se a empresa está sendo bem administrada, iden- tificar sua capacidade de solvência (estimar se irá falir ou não), avaliar se é uma empresa lucrativa e se tem condições de saldar suas dívidas com recursos gerados internamente etc. (ASSAF NETO, 2015, p. 48). O que Assaf Neto nos diz é que é muito importante, para o administrador ou para o analista, saber sua rentabili- dade, sendo que é por meio dos demonstrativos que ela é medida. Apenas desta forma ele conseguirá visualizar estes números. São conhecimentos importantes para você mesmo administrar seu negócio, saber o resultado da sua atividade e saber qual sua rentabilidade e lucro, bem como o que seus números apresentam, com base nos quais você poderá tomar decisões. As Notas Explicativas da ITG 1000 são obrigatórias para pequenas empresas. As grandes estão obrigadas a seguir o modelo de NE do CPC. . Os indicadores de viabilidade são indicadores financeiros entre os quais figuram, enquanto os mais importantes, lucratividade, rentabilidade, ponto de equilíbrio e prazo de retorno. . 14 Considerações finais Agora que conseguimos adentrar a Análise de Balanço, pode-se dizer que você começou a dar os primeiros passos rumo a seus conhecimentos em análises estruturadas para as demonstrações contábeis, principalmente no que diz respeito ao Balanço Social e aos demonstrativos e às suas características. A importância de conhecer um plano de contas e como ele é estruturado contribui para o bom desempenho das contas de resul- tado e patrimoniais. Vimos também as demonstrações que são regulamentadas por lei e por normas através de pronunciamentos contábeis e qual a finalidade de cada uma delas. Estudamos como se complementam e quais são seus resulta- dos e como eles são importantes para uma boa análise dos demonstrati- vos, tendo em vista que está em suas mãos todos os grandes números de uma companhia. Então, a partir de agora, você está preparado para fazer uma boa análise. Referências bibliográficas 15 ASSAF NETO, A. Estrutura e Análise de Balanços. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Socie- dades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei n.º 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dis- positivos da Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n.º 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte dis- posições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações finan- ceiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei n.º 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tri- butária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição [...]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Aprova a ITG 1000 - Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Resolução n.º 1.418, de 05 de dezembro de 2012. Disponível em: <http://www.nor- maslegais.com.br/legislacao/resolucao_cfc_1418_2012.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Aprova a NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Con- tábeis (NBC T 19-287). Resolução n.º 1.185, de 2009. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1185.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm http://www.lefisc.com.br/open.aspx?id=1&cod=143902 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao_cfc_1418_2012.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao_cfc_1418_2012.htm http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1185.pdf Referências bibliográficas 16 ______. Aprova o Comunicado Técnico CT 04 que define as formalida- des da escrituração contábil em forma digital para fins de atendimento ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Resolução n.º 1.299, de 17 de setembro de 2010. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov. br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC. ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1 =SIATW3>. Acesso em: 15 jun. 2017. IUDÍCIBUS, S. de. Análise de Balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 2 17 Unidade 2 Estrutura do Balanço Patrimonial Para iniciar seus estudos Para iniciar seus estudos: Nesta unidade, lhe convido a fazer uma via- gem pelas demonstrações contábeis e, de forma mais detida, no Balanço Patrimonial, para conhecimento de sua forma de estruturação. Você irá perceber que a base estrutural das demonstrações contábeis é definida por lei, mais especificamente a Lei n.º 6.404, de 1976, normatizada pelo Conselho Federal de Contabilidade por meioda NBC TG 26. Nesta uni- dade, você terá contato com a obrigação legal e normativa, a estrutura, a classificação das contas e as principais contas do balanço patrimonial. 2 18 Objetivos de Aprendizagem • Demonstrar que o Balanço Patrimonial segue uma estrutura básica regulamentada por lei, que deve ser obedecida na sua con- fecção. Tópicos de estudo Balanço Patrimonial: obrigação legal e normativa O balanço patrimonial e sua estrutura 1.3 Classificação das contas no balanço patrimonial 1.4 Principais contas do balanço patrimonial 1.4.1 Ativo 1.4.1.1 Ativo circulante 1.4.1.2 Ativo não circulante 1.4.2 Passivo 1.4.2.1 Passivo circulante 1.4.2.2 Passivo não circulante 1.4.2.3 Patrimônio Líquido 1.4.2.3.1 Capital Social 1.4.2.3.2 Reservas de Capital 1.4.2.3.3 Ajustes de avaliação patrimonial 1.4.2.3.4 Reserva de lucros 1.4.2.3.5 Ações em tesouraria 1.4.2.3.6 Prejuízos acumulados 19 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial 1.1 Balanço Patrimonial: obrigação legal e normativa O balanço patrimonial é uma das mais importantes, senão a mais importante entre as demonstrações contábeis, já que ele deve demonstrar, de forma qualitativa e quantitativa, a posição financeira e patrimonial da entidade, em determinado momento. Conforme descrito por Assaf Neto (2015, [...] pelas relevantes informações de tendências que podem ser extraídas de seus diversos grupos de contas, o balanço servirá como elemento de partida indispensável para o conhecimento da situação econômica e financeira de uma empresa (ASSAF NETO, 2015, p. 63). O termo balanço pressupõe equilíbrio entre os dois lados de sua representação, fazendo com que os totais do ativo (soma de todas as contas apresentadas no lado esquerdo) e os do passivo (soma de todas as contas apre- sentadas no lado direito) tenham o mesmo valor. Sua apresentação é obrigatória, de acordo a legislação vigente, notadamente pelo teor do artigo 176 da Lei n.º 6.404/76, que regula as sociedades por ações e entidades de grande porte e prevê: Art. 176 – Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mer- cantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I - balanço patrimonial; [...] (BRASIL, 1976) Nas demais entidades (pequeno e médio porte), a obrigação legal está prevista no Código Civil, em seus artigos 1.065 e 1.179, que dispõem, respectivamente: Art. 1.065 – Ao término de cada exercício social, preceder-se-á à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico. [...] Art. 1.179 – O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de conta- bilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspon- dência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico (BRASIL, 2002). É possível verificar com clareza, portanto, que a apresentação do balanço patrimonial é obrigatória para todas as entidades empresarias, sem exceção. Além da legislação vigente, a apresentação das demonstrações contábeis é normatizada pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio das Normas Brasileiras de Contabilidade, mas especificamente, pelas NBC TG’s. Ou seja, o balanço patrimonial, além de ser obrigatório por lei, também faz parte do conjunto de demonstrações completas previsto na Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TG 26, em seu item 10, que igualmente o estabelece: “Item 10. O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui: (a) balanço patrimonial ao final do período; [...]” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2015). Exercício social: é o período de tempo (normalmente 12 meses) em que as empresas apuram seus resultados, podendo coincidir com o ano civil (1.º de janeiro a 31 de dezembro) ou não, de conformidade com as disposições contidas no estatuto ou contrato social das entidades. 20 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial 1.2 O balanço patrimonial e sua estrutura O Balanço Patrimonial (BP) é representado graficamente em duas colunas, sendo a do lado direito composta pelo passivo e patrimônio líquido, também chamado de capital de terceiros e capital próprio, respectivamente, por constituírem as origens dos financiamentos das empresas. São contabilizados como passivos as obrigações ou dívidas adquiridas pelas entidades, para financiamento de suas atividades, que deverão ser quitadas no seu curso operacional. A coluna do lado esquerdo, por sua vez, contém o ativo, em que são contabilizados os bens e direitos relativos aos recursos investidos para as operações das empresas. Figura 1 – Representação gráfica do balanço patrimonial. Legenda: Balanço Patrimonial. Fonte: Do autor (2017) 21 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial A estrutura básica do balanço patrimonial é determinada pela Lei n.º 6.404/76, conforme previsão do artigo 178, a saber: Art. 178 – No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; e II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo circulante; II – passivo não circulante; e III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patri- monial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. § 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão clas- sificados separadamente. (BRASIL, 1976). Em razão dessas disposições, a primeira conta do ativo é justamente a conta “caixa”, a qual registra os valores em espécie que a entidade possui, ou seja, a conta com maior grau de liquidez possível. Da mesma forma, as contas do imobilizado e do intangível são ordenadas por último na estrutura do balanço, por serem aquelas com menor grau de liquidez. Cabe esclarecer que o termo grau de liquidez se refere ao prazo em que um bem ou direito pode ser transformado em dinheiro. Analogamente, no passivo, a primeira conta se refere às dívidas com fornecedores de mercadorias ou serviços, por terem que ser pagas em primeiro lugar, juntamente com as contas de salários e encargos sociais incidentes sobre a folha de pagamento. As contas do patrimônio líquido vêm por último porque esses valores somente são realizados (pagos) no caso de saída de um sócio ou, ainda, pelo término das atividades da empresa, ocasião em que, caso sobrem recursos depois de serem quitadas todas as dívidas, os valores restantes são distribuídos entre os associados ou sócios das entidades. Já os termos circulante e não circulante se referem ao prazo em que os ativos são transformados em dinheiro ou em que as dívidas serão quitadas, conforme detalhamento a seguir. 22 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial 1.3 Classificação das contas no balanço patrimonial A segregação do ativo e passivo é realizada em conformidade com a legislação vigente (Lei n.º 6.404/76, artigo 178). Ainda, de acordo com Iudícibus et al (2010, p. 3), tal segregação será realizada nos seguintes grupos: Quadro 1 – Balanço Patrimonial. Menor Liquidez Maior BALANÇO PATRIMONIAL Menor Exigibilidade Maior ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE Realizável a longo prazo; PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimentos; Capital Social;Imobilizado; Reservas de Capital; Intangível. Ajustes de Avaliação Patrimonial; Reservas de Lucros; Ações em Tesouraria; Prejuízos acumulados. Legenda: Modelo analítico de balanço. Fonte: Do autor. A divisão do ativo em circulante e não circulante decorre do prazo em que os direitos e bens podem se transfor- mar em dinheiro e está relacionada, diretamente, ao conceito de ciclo operacional, ou exercício social. Assim, os direitos ou bens que se transformarão em dinheiro até o final do exercício seguinte devem ser classificados no ativo circulante. Esta previsão está contida no artigo 179 da Lei n.º 6.404/76, o qual define os critérios e classi- ficação das contas do ativo, que registra, ainda, que, no não circulante, as contas serão subdividas nos grupos realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Segundo a NBCTG 26R4 de 24/12/2016, o Ativo deve ser classificado quando satisfizer os seguintes critérios: Realizar-se, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no ciclo normal dentro da operação da companhia., ou que seja mantido para negócios, que seja realizado ate doze meses após a data do balanço, ou seja caixa ou equivalente de caixa. Como exemplo, podem ser citadas as vendas realizadas a prazo. Se a realização da quitação ocorrer ate doze meses após a data do balanço tais valores serão classificados no ativo circulante, Caso as vendas sejam realizadas com prazo superior ao final do exercício social subsequente, então a classifica- ção se dará no ativo não circulante, que se define como ativos financeiros de natureza associada a longo prazo. De forma análoga, o passivo também é dividido em circulante e não circulante em razão do prazo em que as obri- gações (dívidas) deverão ser quitadas pela empresa. Por exemplo, se a entidade realizar um empréstimo para qui- tação até o final do exercício seguinte (deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço), essa obrigação será contabilizada no passivo circulante. Se for efetivado um financiamento com prazo de quita- ção que ultrapasse doze meses após a data do balanço, essa dívida será classificada no passivo não circulante. 23 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial Provavelmente você já deve ter reparado que a contabilização não depende da data do efetivo pagamento ou recebimento, mas sim da data da realização da despesa ou receita. Isto se deve à previsão contida no chamado regime da competência (Resolução n.º 1.374/2011, do Conselho Federal de Contabilidade), o qual determina que os efeitos das transações (compras ou vendas) sejam reconhecidos (contabilizados) nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. A referida norma explica, ainda, que o regime de competência é importante por representar de forma mais ade- quada a base para avaliação do desempenho passado e futuro das empresas, do que se comparado apenas aos recebimentos e pagamentos (também conhecido como regime de caixa, utilizado nas entidades públicas para contabilização das receitas). Finalmente, quanto aos grupos do balanço patrimonial, há o Patrimônio Líquido, que é obtido diminuindo-se os valores do ativo pelos do passivo. Tal grupo comporta os capitais investidos pelos sócios, com a soma dos resul- tados obtidos pelas entidades no transcurso de suas operações, como reservas, ajustes e os eventuais prejuízos acumulados, se houver. Você pode observar que atualmente não cabem mais, nesse grupo, os lucros acumula- dos, pois a legislação e normatização vigentes determinam que eles devem ser distribuídos integralmente. 1.4 Principais contas do Balanço Patrimonial Depois de apresentar a segregação do ativo e do passivo em grupos, determinada pela legislação vigente, cabe demonstrar as principais contas que compõem o balanço patrimonial. 1.4.1 Ativo Primeiramente, serão apresentadas as principais contas do ativo e, em razão da estrutura determinada pela legislação, inicia-se tal demonstração pelas contas do ativo circulante. 1.4.1.1 Ativo Circulante De forma geral, a Lei n.º 6.404/76 e as novas leis (n.º 11.638/07 e n.º 11.941/09) definem as características dos elementos que devem compor o ativo circulante. São elas: • Valores disponíveis para utilização imediata ou conversíveis em moeda corrente a qualquer tempo; normalmente são reunidos sob o título de “Disponibilidades”. • Direitos conversíveis em valores disponíveis durante o curso do exercício seguinte àquele do balanço ou realizáveis durante o ciclo operacional da empresa se este exceder a um ano; correspondem a “Direitos Realizáveis a Curto Prazo”. • Valores relativos a despesas já pagas que beneficiarão o exercício seguinte àquele da data do balanço; são denominados “Aplicações de Recursos em Despesas” (MATARAZZO, 2010, p. 35). 24 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial Cumpre esclarecer que, em virtude das disposições contidas nas normas de contabilidade atuais, o grupo de disponibilidades é chamado de caixa e equivalentes de caixa. Esse grupo possui tal denominação porque os valo- res nele mantidos devem atender aos compromissos de curto prazo do caixa das empresas, ou seja, poder ser convertidos em dinheiro (caixa) de forma imediata, consoante previsão contida na Norma Contábil NBC TG 03. Assim, no grupo de caixa e equivalentes de caixa, são contabilizados os valores mantidos em espécie, além das contas bancárias que são utilizadas para pagamentos e recebimentos e as aplicações de liquidez imediata (apli- cações financeiras que se convertem em dinheiro imediatamente). O grupo dos direitos conversíveis, normalmente, contém as contas de clientes (duplicatas a receber, ou seja, os valores a receber relativos a vendas realizadas a prazo), estoques, destinados à contabilização os produtos e/ou materiais de propriedade da empresa para utilização na sua atividade operacional. Existem, ainda, muitos outros direitos de pequeno valor, que podem ser classificados no ativo circulante, como: adiantamentos a fornecedores, adiantamentos a empregados, despesas antecipadas de seguros, cabendo ao contador ou analista verificar a relevância de tais valores para agrupamento ou não em uma única conta. Um exemplo de despesas antecipadas é quando a entidade contrata um seguro com prazo de validade da apólice por um ano e paga o valor total do prêmio de seguro numa só parcela. Nesse caso, deve ser contabilizado todo esse valor na conta de despesas antecipadas, no ativo circulante e creditada a saída na conta de caixa (se pago em dinheiro) ou bancos, se pago por transação bancária. Posteriormente, a cada mês, será contabilizado o valor correspondente a 1/12 do valor pago à vista na despesa (conta de resultado) e creditada a conta de despesas antecipadas, em razão do regime de competência. Por fim, cabe registrar que, na prática, para efeito de análise econômica ou financeira, essas “outras contas” são agrupadas. 1.4.1.2 Ativo Não Circulante O ativo não circulante começa pelo realizável a longo prazo, que, normalmente, possui contas semelhantes ao circulante, com exceção das disponibilidades, quando o prazo de realização seja superior ao término do exercício seguinte (na data do balanço patrimonial, 12 meses). Em seguida, são classificadas as contas de investimentos, principalmente quando são adquiridas, em parte ou integralmente, outras entidades, também denominadas participações permanentes. Neste grupo também são contabilizados os investimentos em obras de arte, imóveis que não são destinados ao uso. Posteriormente, em razão do grau de liquidez, vem o grupo do imobilizado, no qual são contabilizados os bens destinados para a manutenção das atividades das sociedades, como terrenos, instalações, máquinas, equipa- mentos, veículos, dentre outros, além das contas de depreciação acumulada de cada um desses subgrupos. E, por último, na classificação das contas do ativo, existem os intangíveis,relativos a direitos incorpóreos (direitos que não são visíveis, que “não se pode pegar”). Um exemplo de um ativo intangível é o direito de exploração de uma linha de ônibus entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Os resultados operacionais dessa exploração serão contabilizados nas contas de resultado (receita, custos ou despesas), enquanto o “direito dessa exploração” é contabilizado como intangível. Cabe esclarecer que esses direitos sofrem amortização (em razão do prazo da concessão) e ainda deverão sofrer o teste de recuperabilidade de ativos (impairment). 25 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial 1.4.2 Passivo O passivo, representado graficamente no lado direito do balanço patrimonial, é subdividido em circulante, não circulante e Patrimônio Líquido. É o local em que são contabilizadas as fontes de financiamento das entidades (origens), também chamados de capitais de terceiros (passivo circulante e não circulante) e capitais próprios (Patrimônio Líquido). 1.4.2.1 Passivo Circulante As principais contas do passivo circulante são: • Fornecedores a pagar; • Impostos e tributos a pagar e a recolher; • Salários e encargos sociais a pagar e a recolher; • Empréstimos a pagar; • Provisões; • Outras contas a pagar (grupo utilizado para reunião de contas de pequena relevância dentro do grupo do passivo circulante). A conta de fornecedores a pagar deve ser utilizada para contabilização dos valores relativos às compras realizadas a prazo, bem como para a contabilização de serviços executados por outras entidades, que serão pagos a prazo. Nas contas de impostos e tributos, por sua vez, existe uma segregação entre “a pagar” e “a recolher”. Nas contas de impostos e tributos a pagar, são registrados os valores que são obrigação da empresa em razão dos negócios da mesma, como, por exemplo, a conta de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, em que são registrados os valores a pagar do imposto de renda apurado sobre o lucro da entidade. Já nas contas de impostos a recolher, são efe- tuados registros de valores que transitam na conta das entidades, sendo elas responsáveis tributárias por esses recolhimentos, pois a obrigação do pagamento é de quem presta serviços para essas entidades. Como exemplo, pode-se citar o caso em que uma empresa presta serviços a outra e, por ocasião do pagamento, é retido determinado valor em razão de percentual determinado pela Secretaria da Receita Federal para o imposto de renda. Assim, o valor a ser pago para a prestadora de serviços é o valor da nota deduzido daquele percentual do imposto que fica retido na empresa onde o serviço é prestado. Posteriormente, esses valores retidos são reco- lhidos (pagos) por essa entidade para a Receita Federal. Impairment: termo em inglês que significa, literalmente, deterioração, prejuízo, enfraque- cimento. Para a contabilidade, é aplicado no sentido de ser realizado o teste de recuperabi- lidade dos ativos, normatizado, no Brasil, por meio da NBC TG 01 – Redução ao Valor Recu- perável de Ativos. Assim, de acordo com essa norma, o valor recuperável de um ativo ou unidade geradora de caixa é o maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso. 26 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial Nas contas de salários a pagar e encargos sociais a pagar e a recolher, são contabilizados os valores relativos à folha de pagamento dos empregados das empresas. Em salários a pagar, ficam contabilizados os valores líquidos dos salários, ou seja, o valor que os empregados têm para receber depois de deduzidos todos os descontos cabí- veis, relativos a encargos sociais e outros descontos permitidos por lei. Os encargos sociais referem-se aos valores relativos à previdência social, entre os quais está a parte do empre- gado (INSS a recolher), retido na folha de pagamento e a parte do empregador, incidente sobre a folha de paga- mento (INSS a pagar). Também está nesse contexto o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), relativo ao percentual de 8% incidente sobre a folha de pagamento, que é depositado mensalmente pelas empresas e que estará à disposição dos empregados ao término do contrato de trabalho com as empresas onde ficaram empre- gados. O pagamento, tanto dos salários quanto dos encargos, é realizado, na maioria das empresas, no mês subse- quente ao da prestação dos serviços, em cronograma definido por lei e normas ou, ainda, por convenção coletiva de trabalho. Assim, no mês da prestação dos serviços, é realizada a contabilização da folha de pagamento com o débito em contas de despesas ou custos e o crédito nas contas de salários a pagar e encargos sociais a pagar e a recolher, para quitação no mês subsequente. Nas contas de empréstimos a pagar são contabilizadas as dívidas que as empresas eventualmente contraem junto a instituições bancárias ou outras entidades e/ou pessoas físicas, que tenham como prazo de vencimento até o final do exercício social subsequente. Normalmente, tais empréstimos são utilizados para déficits de fluxo de caixa (capital de giro). A contabilização relativa à obtenção de empréstimos deve ser suportada por contratos firmados junto às insti- tuições concedentes desses valores, nos quais existam cláusulas que definem as datas de vencimento dos paga- mentos (parcelas), além juros e encargos financeiros (correção monetária, por exemplo) e as garantias. Nesses contratos, pode existir cláusula em que constem vinculações para a utilização dos valores cedidos pelas insti- tuições bancárias. O registro contábil deve ser realizado na data em que a empresa receber esses recursos. Caso haja liberação de recursos em várias datas, a contabilização também será realizada de acordo com essas datas. Deve-se atentar para as cláusulas de correção monetária ou, no caso de empréstimos contraídos em entidades situadas no exterior, para as cláusulas de variação cambial, devido à atualização à que os contratos deverão ser submetidos em virtude dos índices de correção divulgados pelo Governo Federal ou, ainda, pelos valores da cota- ção das moedas, em cada período das demonstrações contábeis, de acordo com as taxas divulgadas pelo Banco Central do Brasil. Uma conta que deve ter especial atenção é a de provisões. Ela poderá ser utilizada para várias questões, incluindo as provisões relativas à folha de pagamento, já que, em razão do regime de competência, deverão ser contabili- zados, à razão de 1/12 por mês, os valores relativos a férias e ao 13.º salário que serão pagos em períodos pos- teriores. Os valores contabilizados à conta de provisões deverão ser revistos por ocasião da quitação das verbas a que se destinem. Por exemplo, a entidade provisiona mensalmente 1/12 do valor relativo à concessão do 13.º salário, previsto em lei. Tal valor, em razão dos eventos ocorridos durante o ano para cada empregado, poderá sofrer alteração, tanto para maior quanto para menor. Assim, será provisionado o valor de 1/12 do salário mensal do empregado e, quando chegar a época do pagamento do 13.º salário, será verificado se foi provisionado valor maior ou menor e será, então, realizado o ajuste dessa conta. Cabe lembrar que deverá ser provisionado tanto os valores de 13.º salário e férias quanto dos encargos sociais incidentes sobre essas verbas. Finalmente, o grupo “Outras contas a pagar” reúne diversas contas que possuem pequena relevância, principal- mente para facilitar os cálculos de análise econômica e financeira. 27 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial 1.4.2.2 Passivo Não Circulante As contas do passivo não circulante, de maneira análoga ao ativo não circulante, possuem, via de regra, os mes- mos nomes e utilidades das contas do circulante, com a diferença, já tratada anteriormente, do prazo de venci- mento das dívidas que, nesse caso, devem ser superiores ao final do exercíciosocial seguinte. Cabe destacar, pela relevância, as contas de financiamentos a pagar e provisões, notadamente aquelas relativas às provisões para contingências. No caso das contas de financiamentos a pagar, são contabilizados os valores relativos aos financiamentos de longo prazo, que são realizados, na maioria das vezes, para alavancar investimen- tos em ativo imobilizado, como compra de máquinas, equipamentos, veículos e imóveis, com vencimentos que vão além do término do exercício social seguinte. Vale lembrar que, quando é realizado um financiamento, mesmo que ele tenha prazo de vencimento superior a 12 meses, o saldo devedor não será contabilizado integralmente no passivo não circulante, pois deve ser dividido em circulante (relativo a soma das parcelas que vencerão até o final do exercício seguinte) e não circulante, com as parcelas restantes. Veja um exemplo no parágrafo a seguir. Uma determinada entidade realiza a compra de um veículo por meio de um financiamento em 36 parcelas, no dia dez de dezembro do ano X0. Ao encerrar o balanço de X0, estarão lançadas as parcelas que vencerão até o final de X1, ou seja, 12 parcelas, no passivo circulante. As 24 parcelas restantes deverão estar lançadas no passivo não circulante. No final do ano de X1, deverá ser realizado ajuste para que conste no passivo circulante as 12 parcelas que vencerão em X2 e, no passivo não circulante, as parcelas que estarão vencendo em X3. No final de X2, como restarão apenas 12 parcelas para vencer, elas deverão estar lançadas em sua totalidade de passivo circulante e nada mais estará lançado no não circulante. Já as contas relativas aos passivos contingentes são de especial atenção por abrigarem, em seu bojo, as provisões para os valores das dívidas que as empresas possuem, derivadas de ações judiciais nas quais são rés, ou seja, estão no polo passivo dessas ações. Nesse caso, em particular, deve ser verificada, ao final de cada exercício social, junto ao setor jurídico da empresa (ou junto aos advogados contratados), a situação relativa à possibilidade de ganho dessas ações e os valores mais próximos dessas dívidas. Esse procedimento está contido no Pronunciamento Contábil CPC 25 – Provisões, passivo contingentes e ati- vos contingentes, o qual explica que as ações judiciais em que a possibilidade de perda seja pequena (remota), não deverá ser constituída de nenhuma provisão contábil, nem haverá divulgação em notas explicativas. Nas ações em que a possibilidade de perda seja possível (mais ou menos 50% de chance de perda), não haverá a constituição da provisão, mas deverá constar das notas explicativas. Quando houver forte possibilidade de perda das ações, segundo o entendimento dos advogados responsáveis, os valores mais próximos de execução (paga- mento) na data do balanço, deverá ser provisionado com lançamento de débito nas contas de despesas ou custos e a crédito na conta de provisões para passivos contingentes, no grupo do passivo não circulante. Note-se que esse lançamento no passivo não circulante não depende do prazo provável do efetivo pagamento dessas ações. Caso já exista a execução da ação, não havendo mais nenhuma possibilidade de reversão do qua- dro de perda da mesma junto ao judiciário, não mais será considerada como provisão e sim como perda (des- pesa), conforme definido no CPC 25. 28 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial 1.4.2.3 Patrimônio Líquido Segundo a equação fundamental da contabilidade, o patrimônio líquido é medido pela diferença entre o valor total do ativo e o valor total do passivo exigível (circulante e não circulante), ou, ainda, os recursos próprios das empresas, pertencentes aos acionistas ou sócios. O patrimônio líquido, de acordo com a Lei n.º 6.404/76 (art. 178, § 2.º, inciso III) é composto pelas seguintes contas: • Capital Social; • Reservas de Capital; • Ajustes de avaliação patrimonial; • Reservas de lucros; • Ações em tesouraria; • Prejuízos acumulados; 1.4.2.3.1 Capital Social A conta capital social abriga os valores dos investimentos realizados pelos sócios ou acionistas das empresas ou, ainda, a importância gerada pela empresa em suas atividades operacionais sob a forma de “lucros” que não foram distribuídos, em razão de disposições societárias (estatuto social ou contrato social) e de decisões dos sócios ou acionistas. Segundo Iudícibus et al (2010) ele [...] abrange não só as parcelas entregues pelos acionistas como também os valores obtidos pela sociedade e que, por decisões dos proprietários, se incorporam ao capital social, representando uma espécie de renúncia a sua distribuição na forma de dinheiro ou de outros bens (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 345). O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é um órgão criado pelo Conselho Federal de Contabilidade pela Resolução CFC n.º 1.055/05, o qual tem como objetivo o “[...] estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela enti- dade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de pro- dução, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”. Fonte: <www.cpc.org.br>. http://www.cpc.org.br 29 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial A conta de capital social pode, a critério da entidade, ser subdividida em capital a integralizar, capital integra- lizado e capital subscrito. Essa subdivisão se dá em razão da promessa que é realizada quando da formação da entidade, quando a empresa inicia suas atividades. Iudícibus et al (2010) descreve o teor do artigo 182 da Lei n.º 6.404/76, na qual está prescrito que [...] a conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. Dessa forma, a empresa deve ter a conta de Capital subscrito e a conta devedora de Capital a Integralizar, sendo que o líquido entre ambas representa o Capital Realizado (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 346). 1.4.2.3.2 Reservas de Capital São valores recebidos pela companhia (empresa) e que não são contabilizadas nas contas de resultado (receitas), em virtude de terem a incumbência de fortalecer o capital social. As reservas de capital, segundo definição do §1.º do artigo 182 da Lei n.º 6.404/76, alterada pela Lei n.º 11.638/07 e, ainda, do §1.º do artigo 6.º da Instrução CVM n.º 319/99, deve conter as seguintes reservas: ágio na emissão de ações, reserva especial de ágio na incor- poração, alienação de partes beneficiárias e alienação de bônus de subscrição (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 349). 1.4.2.3.3 Ajustes de avaliação patrimonial Essa conta foi criada recentemente, por meio da Lei n.º 11.638/07, e abriga contrapartidas relativas a aumentos ou diminuições de valores de contas do ativo ou do passivo, em virtude da realização de avaliações a preços de mercado. Segundo Assaf Neto (2015, p. 79), “estes ajustes permanecem no patrimônio líquido enquanto não forem considerados no resultado do exercício, de acordo com o regime de competência”. Portanto, trata-se de uma conta de caráter transitório. Ou seja, os valores passam por ela em determinado período, indo, posterior- mente, para as contas devidas. 1.4.2.3.4 Reservas de lucros São constituídas, como o próprio nome já diz, com os lucros que as empresas conseguem em sua atividade ope- racional. De acordo com Iudícibus et al (2010, p. 351), as reservas de lucros podem ser: reserva legal, reservas estatutárias, reservas para contingências, reserva de lucros a realizar, reserva de lucros para expansão, reservas de incentivos fiscais e reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído. 1.4.2.3.5 Ações em tesouraria Essa conta registra as ações que as companhias adquirem no mercado de sua própria entidade, para não afetar o resultado. É uma conta redutora do patrimôniolíquido, tendo, portanto, saldo devedor. Conforme preceitua Iudícibus et al (2010, p. 362), “a operação de compra de ações pela própria companhia é como se fosse uma devolução de patrimônio líquido, motivo pelo qual a conta que as registra deve ser apresentada como conta redutora do patrimônio”. 1.4.2.3.6 Prejuízos acumulados Essa é a conta que registra os resultados negativos remanescentes das companhias, caso existam, após serem totalmente absorvidos pelos saldos de reservas de lucros e reserva legal. 30 Considerações finais Na presente unidade, foi abordada a estrutura do balanço patrimonial, o qual é dividido em ativo (aplicações ou investimentos) e passivo (origens ou fontes de financiamentos), que, por sua vez, apresentam subdivisões: O ativo dividido em circulante e não circulante, em razão do prazo de rea- lização (transformação dos bens e direitos em dinheiro); O passivo subdividido em circulante e não circulante (capitais de terceiros) e patrimônio líquido (capital próprio). Também foram abordadas as principais contas que compõem o ativo, o passivo e o patrimônio líquido, com exemplo de utilização dessas contas. Referências bibliográficas 31 ASSAF NETO, A. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econô- mico-financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BERTI, A.; SAVI, J. Introdução à Análise de Balanços. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2012. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Socie- dades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L6404consol.htm> Acesso em: 31 maio 2017. ______. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406. htm> Acesso em: 28 maio 2017. ______. Lei n.º 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dis- positivos da Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n.º 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte dis- posições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações finan- ceiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Lei n.º 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tri- butária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição [...]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Dispõe sobre as operações de incorporação, fusão e cisão envolvendo companhia aberta. Instru- ção CVM 319. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/legislacao/inst/ inst319.html>. Acesso em: 15 jun. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm http://www.lefisc.com.br/open.aspx?id=1&cod=143902 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm http://www.cvm.gov.br/legislacao/inst/inst319.html http://www.cvm.gov.br/legislacao/inst/inst319.html Referências bibliográficas 32 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Altera a NBC TG 03 (NBC 3.8) – Demonstração dos Fluxos de Caixa. Resolução 1.296, de 2010. Dis- ponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1296.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2017. ______. Altera a NBC TG 26 (R2) que dispõe sobre apresentação das demonstrações contábeis. Resolução NBC TG26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/ sisweb/SRE/docs/NBCTG26(R3).pdf>. Acesso em: 15 jun. 2017. http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/ NBCTG26R4&arquivo=NBCTG26R4.doc ______. Dá nova redação à NBC TG Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual para elaboração e divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Resolução n.º 1.374, de 08 de dezembro de 2011. Disponível em: <http:// www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao-cfc-1374-2011.htm>. Acesso em: 15 jun. 2017. IUDÍCIBUS, S. de. Análise de Balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ______; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, J. C. Análise das Demonstrações Contábeis. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ______. Contabilidade Empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. REIS, A. C. de R. Análise de Balanços. São Paulo: Saraiva. 1993. http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1296.pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG26(R3).pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG26(R3).pdf http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao-cfc-1374-2011.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao-cfc-1374-2011.htm Referências bibliográficas 33 RIBEIRO, O. M. Estrutura e Análise de Balanço: fácil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ______. Aprova o Comunicado Técnico CT 04 que define as formalida- des da escrituração contábil em forma digital para fins de atendimento ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Resolução n.º 1.299, de 17 de setembro de 2010. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov. br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC. ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1 =SIATW3>. Acesso em: 15 jun. 2017. IUDÍCIBUS, S. de. Análise de Balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. OLINQUEVITCH, J. L. Análise de Balanços para Controle Gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s1=RES00012992010091701$.CHAT.+E+CFC.ORGA.&l=0&p=1&u=/netahtml/Pesquisa.htm&r=0&f=S&d=SIAT&SECT1=SIATW3 3 34 Unidade 3 Análise de Estrutura Patrimonial Para iniciar seus estudos Agora que você já conhece as principais características da Análise de Balanço, sua estrutura e como ela é regulamentada por lei, vamos apren- der a fazer um diagnóstico da situação econômica e financeira da Com- panhia, através de demonstrativos e informações neles contidos. Analisar o que já aconteceu em uma Companhia por períodos anteriores e analisar como ela está atualmente, e o que poderia ter sido melhorado, corrigindo situações. Como está o potencial dela, não apenas em números. Fazer a análise da situação de uma empresa é uma das peças mais difíceis de um analista, alguns por falta de conhecimento técnico, outros por falta de informação. Então, vamos nos capacitar de conhecimentos técnicos e ir a busca de informações para gerir uma grande análise à nossa compa- nhia. Caro aluno, por isso está aqui hoje, para melhorar cada vez a sua capa- cidade, de desenvolver esta análise e fazer um diagnóstico da situação econômica e financeira da companhia. Estas são as características do profissional do futuro, aquele que pode contribuir para o crescimento da empresa, na melhora dos índices e, para que isso aconteça com a empresa, você precisa estar preparado e com habilidades para bem atendê-los com eficácia e eficiência. 3 35 Objetivos de Aprendizagem • Permitir ao aluno fazer um diagnóstico real da situação econô- mico-financeira da empresa. Tópicos: 3.1 Analisar a EstruturaPatrimonial e suas análises Financeiras e Econô- micas. 3.2 Análise Financeira e econômica 36 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial 3.1 Analisar a Estrutura Patrimonial e suas Análises Financeiras e Econômicas. Iniciaremos, na prática, como podemos começar a analisar um Balanço Patrimonial. Então, Você precisa analisar como está a situação de determinada companhia. Você sabe que, verificando o Balanço Patrimonial, irá saber como está a situação Patrimonial e financeira dela, e precisa também ver em que contexto a empresa está inse- rida, que mercados estamos passando no momento; mas, em tese você tem estas informações, portanto, basta você ter em mãos o balanço patrimonial e esmiuçar esta situação. Lá no Balanço Patrimonial, no lado do Ativo, a companhia tem recursos a receber no longo prazo ou no curto prazo. Isso ajuda ela a definir como fazer um investimento sem recorrer a recursos de terceiros, estes que podem ser vender ações no mercado para conseguir novos sócios ou buscar fornecedores que te deem prazo ou, ainda, instituições financeiras que emprestam recursos, mas, em troca, cobram juros e estes juros podem impactar na rentabilidade X endividamento. Então, olhar o Ativo de uma empresa e entender que no Ativo Circulante estão as disponibilidades e os estoques, os clientes a receber tudo em curto prazo é muito importante para o analista. Logo abaixo, está o Ativo Não Circulante, que é onde a empresa tem seu longo prazo, sendo os clientes em longo prazo para recebimento (são aqueles que serão recebidos em outro exercício social) e também encontramos o imobilizado, que também dá retorno a longo prazo, porque, primeiramente, a empresa produz, para, depois, poder vender. Vamos ver como exemplo: A empresa é dos ramos de costura, logo, ela deverá ter máquinas de costura ou então sua finalidade não será possível (Hoje, algumas empresas terceirizam esta produção, mas isso nós podemos ana- lisar se tributariamente é viável para empresa, então, não é neste contexto que vamos considerar), nosso exemplo aqui é que, sem as máquinas de costura, nossa operação fim não é possível. Figura 01: Máquina de Costura Industrial. Fonte: https://previews.123rf.com/images/shotsstudio/shotsstudio1204/shotsstudio120400281/13239946-detail-of- -an-indoor-industrial-production-line-in-a-thread-factory-Stock-Photo.jpg Legenda: Máquina de Costura Industrial https://previews.123rf.com/images/shotsstudio/shotsstudio1204/shotsstudio120400281/13239946-detail-of-an-indoor-industrial-production-line-in-a-thread-factory-Stock-Photo.jpg https://previews.123rf.com/images/shotsstudio/shotsstudio1204/shotsstudio120400281/13239946-detail-of-an-indoor-industrial-production-line-in-a-thread-factory-Stock-Photo.jpg 37 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial Encontramos aqui também os investimentos. É bem comum a empresa ter uma sobra de recursos e, então, adquirir um terreno ou mesmo ações em outra companhia e, assim, passar a ter coligada ou controlada ou, ainda, uma nova sede. São todas estas situações que compõem todos os investimentos de uma empresa. Por isso, dizemos que, no Ativo, estão as aplicações dos recursos, pois no circulante está o que recebemos rapi- damente e no longo prazo o que demora para recebermos. Estão alocados aqui os bens que irão produzir e gerar a riqueza patrimonial. Caro aluno, vamos, agora, verificar o lado do Passivo que está no Balanço Patrimonial, que também se divide em Circulante e Não Circulante. Sabemos que lá estão as obrigações, aquilo que empresa já assumiu em algum momento, e que Passivo Circu- lante estão as obrigações em curto prazo e o Passivo não Circulante estão as obrigações em longo prazo, claro que, neste contexto, já podemos dizer que, quanto menor forem estas obrigações, melhor para a companhia ou então, pelo menos, que essas obrigações sejam a longo prazo, que também tenham vencimento no exercício seguinte. Figura 02: Foto de um Financiamento Legenda: Representação de um Financiamento Fonte:www.123rf.com https://previews.123rf.com/images/karenr/karenr1209/karenr120900100/15431226-The-word- Financing-on-a-gray-license-plate-with-dollar-sign-symbol--Stock-Photo.jpg São coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra, sem controlá-la. § 1o São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa. § 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. (Art. 243 da Lei das Sociedades Anônimas de 1976 - Lei 6404/76, disponível em: https:// www.jusbrasil.com.br/topicos/11475436/artigo-243-da-lei-n-6404-de-15-de-dezem- bro-de-1976. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11475436/artigo-243-da-lei-n-6404-de-15-de-dezembro-de-1976 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11475436/artigo-243-da-lei-n-6404-de-15-de-dezembro-de-1976 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11475436/artigo-243-da-lei-n-6404-de-15-de-dezembro-de-1976 38 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial Um exemplo clássico aqui é o Financiamento a Longo prazo. Observe como no longo prazo a companhia tem condições de gerar riqueza pelo ativo para cumprir a obrigação que está constituída no passivo. No Lado Passivo, temos, ainda, a figura do Patrimônio Líquido, que é o que de fato sobra a uma companhia. No Patrimônio Líquido, estão os valores que os sócios realmente possuem. O que eles colocaram por intermédio do capital social, e o que sobrou por terem colocado seu dinheiro em uma empresa. Estas sobras podem constituir reservas e dividendos. Figura 03: Foto de Balde Moeda. Legenda: Representação de Lucratividade Fonte: www.123rf.com https://previews.123rf.com/images/sashkin7/sashkin71609/sashkin7160900095/65233012-Pot- -of-gold-coins-isolated-on-white-Stock-Photo.jpgV Sendo reservas para aplicar na empresa e dividendos retirados por distribuição de lucros aos sócios ou acionistas, claro que estas reservas e distribuições são por sobras positivas, denominadas de Lucro contábil. Se forem prejuí- zos, também serão vistas no Patrimônio Líquido, mas como redutoras de seu capital, pois aqui representa o saldo do Patrimônio Líquido. Vamos ver um exemplo: O Capital social da companhia foi de R$ 1.000 (Um milhão de reais) e que, infelizmente, ou por falta de bons gestores administrativos ou falta de operacionalidade, ela teve um prejuízo de R$ 100 (Cem mil reais) o resultado deste Patrimônio Líquido será representado por R$ 900 (Novecentos mil reais). http://www.123rf.com 39 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial Agora, caso fossem os mesmos R$ 100 (Cem mil) compostos por Lucros este Patrimônio Líquido seria de R$ 1.100 (Um milhão e Cem mil reais), pois somaremos ao Capital Social com os Lucros e representar no PL- Patri- mônio Líquido. Todas estas contas estão apresentadas com números e estes totalizadores tem que fechar entre si, sendo a soma do Ativo Circulante mais Ativo não Circulante igual à Soma do Passivo Circulante mais Passivo não circulante mais o Patrimônio Líquido, vamos considerar como lucro da companhia para esta situação. Figura 04: Foto de Balanço. Legenda: Balanço que representa igualdade de lados. Fonte:www.123rf.com https://previews.123rf.com/images/fotodddelli/fotodddelli1202/ fotodddelli120200046/12467157-Golden-balance-scale-vector-Stock-Photo.jpg 40 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial 3.2 ANÁLISE FINANCEIRA E ECONÔMICA Estas contas de resultados têm saldo credor e têm contas de saldo devedor, sendo nas contas de saldo credor contidas as receitas e nossaldos devedores contidas as despesas e, então, no encontro delas que se tem resul- tado da companhia. Pode ser Lucro por as receitas serem maiores que as despesas e prejuízo se as despesas forem maiores que as receitas, elas são apuradas mensalmente ou trimestralmente. Mecanismo é o seguinte: apuram- -se, no período mencionado, e verifica-se os valores que foram apurados e aplica-se a redução suspensão caso haja necessidade, pois você pode recolher o que for mais conveniente para empresa ou usar redução suspensão ou presunção, neste caso, adentramos na legislação que regula o Imposto De Renda (RIR). Quando se apura Lucro, devemos observar as regras do imposto de renda, as quais contemplam as adições e exclusões, e são demonstradas por meio do Livro chamado LALUR. Com base na DRE – Demonstrativo de Resultado do Exercício – Faremos Análise do Demonstrativo de Resultados. Receita Bruta de Vendas R$ 20.000.000,00 Custos Mercadorias Vendidas R$ 12.000.000,00 Lucro Bruto R$ 8.000.000,00 Fórmula: Margem Bruta Lucro Bruto \ Receita Bruta de Vendas Margem Bruta Lucro Bruto \ Receita Bruta de Vendas= R$ 8.000.000,00 \ R$ 20.000.000,00 = 0,40. Logo, sua Margem Bruta é representada por 40 %. Aqui, praticamente fizemos uma análise vertical; agora, vamos fazer uma análise horizontal por meio de índices. Quais são eles? Caro aluno, você já os conhece, mas vamos recordar um pouco para que possamos utilizados 4 índices para análise horizontal. O Livro de Apuração do Lucro Real, também conhecido pela sigla Lalur, é um livro de escri- turação de natureza eminentemente fiscal, criado pelo Decreto‐Lei nº 1.598, de 1977, con- forme previsão do § 2º do art. 177 da Lei nº 6.404, de 1976, e alterações posteriores, e des- tinado à apuração extracontábil do lucro real sujeito à tributação pelo imposto de renda em cada período de apuração, contendo, ainda, elementos que poderão afetar os resultados de períodos futuros. 41 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial Figura 6: Modelo de Plano de Contas Ativo Passivo Ativo Circulante R$ 1.300.000,00 Passivo Circulante R$ 900.000,00 Disponibilidades R$ 200.000,00 Fornecedores R$ 500.000,00 Clientes R$ 500.000,00 Encargos Sociais R$ 400.000,00 Estoques R$ 600.000,00 Passivo Não Circulante R$ 1.300.000,00 Ativo Não Circulante R$ 1.700.000,00 Financiamentos R$ 1.300.000,00 Imobilizado R$ 1.200.000,00 Investimentos R$ 500.000,00 Patrimônio Liquido R$ 800.000,00 Capital Social R$ 700.000,00 Reservas R$ 100.000,00 Total do Ativo R$ 3.000.000,00 Total do Passivo R$ 3.000.000,00 Legenda: Modelo de Plano de Contas utilizado cálculos Fonte: Elaborado pela autora (2017) 42 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial Vamos fazer os cálculos de acordo com nosso Balanço Patrimonial apresentado acima. Cálculo. Índice de Liquidez Corrente Ativo Circulante / Passivo Circulante = 1.300.000,00 / 900.000,00 =1,44 Podemos dizer que esta companhia está com uma folga nos pagamentos a curto prazo, quanto maior que 1,0, melhor para a companhia, pois ela pode pagar suas obrigações e ainda manter um pouco de disponibilidade. Índice de Liquidez Seca. Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques) / Passivo Circulante = 1.300.000,00 - 600.000,00 / 900.000,00 = 0,77. Não podemos confundir este índice com superior (Liquidez Corrente). Aqui se avalia se, mesmo mantendo os estoques para nova operacionalização, o que se tem em disponibilidades pode pagar as obrigações. A partir daquele estoque que sobrou para nova operacionalização se começa o novo ciclo. Índice de Liquidez Imediata Liquidez Imediata = Disponível / Passivo Circulante = 200.000,00 / 900.000,00 = 0,22 Mede se o que ele tem a receber é maior do que o que ela tem a pagar, tudo no curto prazo. Índice de Liquidez Geral Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável em Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Passivo Não Circulante)= (1.300.000,00+ / (800.000,00+ 1.300.000,00) = 0,5909 Desta forma, medimos se tudo que a empresa tem em seus ativos paga suas dívidas compondo curto e longo prazo. Índices Econômicos de Rentabilidade e o que são eles. Resultado Operacional dividido pelo Ativo Total. É desta forma que se calcula o índice para medir a rentabilidade. E quanto maior, melhor a rentabilidade, melhor é a capacidade de os Ativos renderem o capital, neste caso, espe- cificamente, mostra quanto é o custo do capital dos sócios, aquele que eles colocaram na empresa. Fórmula: (Resultado Operacional \ Ativo Total). Outro indicador importante é o ROE - Rentabilidade de Capital Próprio. Ele representa um ponto crucial para o acionista, pois mede a avaliação do desempenho de uma companhia. Utilizamos a seguinte fórmula. Fórmula:(Resultado Líquido \ Capital Próprio (ou PL médio). Sempre vejo que este indicador na sua forma mais básica nos passa a seguinte ideia: quanto foi o retorno que o acionista teve como rendimento por seu dinheiro fica lá na Companhia, ele representa isso ao sócio. E, agora, o último indicador e o que tem mais controvérsias, mas vou abordar pela forma mais simples, que é representado assim: quanto o acionista colocou num investimento e quanto foi este resultado, ele tem uma semelhança com o ROE, mas não se esqueça. Fórmula ROI= (Ganho obtido-Investimento) / Investimento. 43 Estrutura e Análise das demonstrações Contábeis | Unidade 3 - Análise de Estrutura Patrimonial Lembrando que sempre podemos fazer uma análise em conjunto com outros índices, vamos pegar como exem- plo o indicador financeiro de endividamento, no qual, mesmo que tenhamos um bom resultado no índice de rentabilidade, ela pode ser engolida por um alto índice de endividamento, que é quando a rentabilidade do Ativo não é suficiente para honrar seus compromissos assumidos. Este estudo da situação econômica da empresa se dá por meio da análise de índices de rentabilidade e lucrati- vidade. Esses índices permitem aos analistas avaliar os lucros da empresa em relação a um dado nível de vendas, um dado nível de ativos ou o investimento dos proprietários (GITMAN, 2010). Os índices de rentabilidade, ou indicadores econômicos, visam avaliar os resultados obtidos pela empresa. Mata- razzo (2010, p. 110) afirma que tais índices “mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa”. Neste contexto, Marion (2009, p. 129) enfatiza que “a combinação de itens do Ativo é que gera Receita para a empresa. Na verdade, o Ativo significa investimentos realizados pela empresa a fim de obter Receita e, por con- seguinte, Lucro”. Desta forma, o Ativo Total, o Patrimônio Líquido e as Receitas de Vendas são os principais elementos para a aná- lise de rentabilidade. No Giro do Ativo é que se indica quanto a empresa vendeu para cada unidade monetária de investimento total. Quanto maior for o índice, melhor. É calculado da seguinte forma: Giro do Ativo = Vendas Líquidas Ativo Total A Margem Líquida indica quanto a empresa obtém de lucro para cada unidade monetária vendida. Quanto maior for o índice, melhor. É calculado da seguinte forma: Margem Líquida = Lucro Líquido x 100 Vendas Líquidas Na Taxa de Retorno sobre o Ativo Total (ROA), também chamada de Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI), este índice mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao ativo; mede a eficiência da adminis- tração na geração de lucros com seus Ativos Totais. Quanto maior for o índice, melhor. É calculado da seguinte forma: TRI = Lucro Líquido x 100 Ativo Total Na Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (TRPL) se mensura o retorno dos recursos aplicados na empresa por seus proprietários, ou seja, para cada unidade monetária de Recursos Próprios (Patrimônio Líquido) investido na empresa, mede-se quanto os proprietários auferem de lucro. Quanto maior
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