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Metodologia da Pesquisa (5 Unid - Esp Núcleo Comum - SEC)

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ESPECIALIZAÇÃO
NÚCLEO COMUM
METODOLOGIA DA 
PESQUISA
Júlia Antonietta Simões Felgar
http://unar.info/ead2
 
 
 
 
 
 
METOOLOGIA DE PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Drª. Júlia Antonietta Simões Felgar
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA .............................................................................................. 3 
PROGRAMA DA DISCIPLINA ..................................................................................................... 4 
UNIDADE 01. A CIÊNCIA COMO PROCESSO E A NATUREZA DO CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO ................................................................................................................................... 7 
UNIDADE 02. SOBRE SEMINÁRIOS, INTERNET ÉTICA E MONOGRAFIAS .......................... 14 
UNIDADE 03. ARTIGO CIENTÍFICO E PROJETOS DE PESQUISA .......................................... 24 
UNIDADE 04. A PESQUISA SEGUNDO SUA NATUREZA, SUA ABORDAGEM, SUA 
FINALIDADE E SEUS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS .............................................................. 31 
UNIDADE 05. A IMPORTÂNCIA DE CONHECER AS NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE 
TRABALHOS ACADÊMICOS ..................................................................................................... 53 
 
 
 
3 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
 
Sejam todos bem vindos à disciplina Metodologia de Pesquisa. 
 
Esta disciplina representa o resultado do desejo de pesquisar e do desejo 
de que todos os participantes deste curso também se apaixonem pela grande 
aventura da pesquisa e da produção de conhecimento. O conteúdo da matéria 
está apresentado inteiramente. 
 
Para iniciarmos o conteúdo propriamente dito, uso as mesmas palavras 
que dirijo a todos os meus alunos: sejamos companheiros nesta jornada, que 
deverá durar algum tempo, impregnados de entusiasmo e solidariedade. 
 
A ninguém é dado o privilégio do saber absoluto. Somos todos eternos 
aprendizes, produzindo saberes e, algumas vezes, “não-saberes”. Sejamos 
humildes, portanto! 
 
Assim, convidando a todos para esta pequena/grande trajetória, deixo 
um forte abraço. 
 
Profª (Jú)Lia 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
Ementa 
Esta disciplina se traduz na possibilidade de oferecer recursos para a 
prática da pesquisa e, consequentemente, para a prática de transmitir os 
resultados decorrentes dessa pesquisa que constituem o conhecimento 
produzido. 
Transitando pela noção de ciência como processo e que decorre de 
inúmeras fontes, os conteúdos se voltam também para a presença 
contemporânea e marcante da internet como recurso de pesquisa. 
Por se tratar da produção e da transmissão de conhecimento a ser 
devidamente divulgada, é pertinente que aborde também tanto a questão 
redacional como o respeito às normas da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT), e aos padrões institucionais. 
É inerente a esta disciplina a abordagem das diferentes modalidades de 
pesquisa, bem como seus agregados fundamentais: tipo de abordagem, 
instrumentos de coleta de dados, amostragem, modalidades de análise e 
apresentação de resultados mediante publicações ou gravações em mídia 
eletrônica. 
Para finalizar, a disciplina versa sobre diferentes modalidades de 
trabalhos acadêmicos e destaca a formatação adequada a algumas dessas 
modalidades. 
Eis, portanto, o perfil da disciplina em pauta. 
 
Objetivos 
Na direção de atingir o que se declara na Ementa, os objetivos desta 
disciplina podem ser traduzidos em: 
 
5 
 
a) oferecer ao aluno a possibilidade de compreender o valor da ciência e 
sua realidade histórica como processo e não como verdade absoluta; 
b) permitir que o aluno adquira espírito crítico suficiente para desvencilhar-
se do senso comum; 
c) ministrar instrumentos teóricos e práticos que permitam ao aluno 
desenvolver uma pesquisa científica; 
d) permitir que, ao final da disciplina, o aluno esteja apto a produzir um 
trabalho acadêmico condizente com sua formação de especialista; 
e) criar condições objetivas para que os estudos tenham solução de 
continuidade para cada um dos alunos matriculados. 
 
Bibliografia básica 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Informação e 
documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. ABNT NBR 14724. 
3. ed.. de 17.03.2011, válida a partir de 17.04.2011. Rio de Janeiro. 
CERVO A. L.; BERVIAN, P. A..Metodologia científica. 5. ed.. (4ª reimpressão – 
2005). São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. 
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 4. ed.. São Paulo: Saraiva, 
2003. 
 
Bibliografia complementar 
KARNAL, Leandro. (org.) História na sala de aula. Conceitos, práticas e 
propostas. 6. ed.. São Paulo: Contexto, 2012. 
LÉFÈVRE, Na M. C. e LÉFÈVRE, Fernando. O discurso do sujeito coletivo. uma 
nova opção em pesquisa qualitativa (desdobramentos). Caxias do Sul: Educs, 
2003. 
______; ______; TEIXEIRA, J. J. V.. O discurso do sujeito coletivo: uma nova 
abordagem metodológica em pesquisa qualitativa. Caxias do Sulk/RS: EDUCS, 
 
6 
 
2000. 
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de 
metodologia científica. 5. ed.. São Paulo: Atlas, 2003. 
OLIVEIRA, Sílvio Luiz de. Tratado de metodologia científica. Projetos de 
pesquisa, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira 
Thomson Learning, 2002. 
PESCUMA, Derna; CASTILHO, Antonio Paulo F. de. Projeto de pesquisa. O que 
é? Como fazer? Um guia para sua elaboração. São Paulo: Olho d’Água, 2005a 
(maio). 
 
 
 
7 
 
UNIDADE 01. A CIÊNCIA COMO PROCESSO E A 
NATUREZA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
Objetivo 
Esta unidade tem como objetivo introduzir o aluno na compreensão da 
ciência como produção de conhecimento de forma crítica, eliminando a postura 
do mero senso comum. Busca evidenciar a relação entre os fatos, cujos 
enunciados produzem a teorização dos diferentes ramos da ciência. Tem ainda 
como objetivo, trazer para o debate a questão da ciência como um processo, ou 
seja, a ciência se faz no tempo e, nele mesmo, ela se transforma em um 
processo onde teoria e prática passam por uma retroalimentação. 
 
Bebendo na fonte 
Todos somos propensos a ter “teoria”. A observação cotidiana de “n” 
fatos, permite algumas conclusões: 
a) em dias de chuva há risco de mais acidentes; 
b) domingo à tarde, os homens “se ligam” no futebol; 
c) a morte ronda mais de perto as crianças pobres etc.. 
Essas afirmações decorrem da reflexão sobre semelhança e correlação 
entre determinados fatos ou fenômenos. Essas afirmações são generalizações 
ou “leis” - descoberta de relações (semelhanças/contrastes) mais ou menos 
constantes entre os fatos 
Assim, teoria é um conjunto de leis que buscam explicar a realidade: 
fatos concretos e singulares. 
Em nosso cotidiano, vamos elaborando muitas teorias. Exemplos de 
nossas “teorias”: povo americano é alienado; negros são incapazes e inferiores; 
pobres são ignorantes; desempregados são preguiçosos; gordinhos são 
comilões; magrinhos são inapetentes; louras são deficientes intelectuais etc.. 
 
8 
 
OU SEJA: NOSSAS TEORIAS ESTÃO 
IMPREGNADAS DE PRECONCEITOS 
PORTANTO, 
SÓ É LIVRE AQUELE QUE CONHECE AS SUAS “TEORIAS” E 
É CAPAZ DE REVISÁ-LAS – VÊ-LAS CRITICAMENTE. 
 
Por conseguinte, a ciência é um conjunto de teorias (conjunto de leis) 
que tentam explicar a realidade. Quando há um conjunto de teorias sobre 
determinado assunto, temos uma ciência sobre esse assunto (psicologia, 
sociologia, filosofia, química, física, biologia, direito, informática, robótica, física 
quântica etc.. 
No entanto: nenhuma lei explica o fenômeno todo ou todos os 
fenômenos. Assim: as teorias têm vieses próprios de uma época, de um tipo de 
pensamento e contêm sempre “ideologia”. Ocorre, então, que o trabalho do 
pesquisador, do cientista, do homem sábio é “questionar” as teorias e a 
realidade que elas tentam descrever.Como? Por quê? Quando? Onde? Portanto, 
em uma visão crítico-histórica, não há a possibilidade de formular leis ou 
dogmas. 
 
NA SOCIEDADE HUMANA AS LEIS SÃO CONDICIONADAS - 
ACOMPANHAM TENDÊNCIAS 
(é preciso ter cuidado com as posturas conservadoras) 
COMO AS LEIS SOCIAIS SÃO SUPERADAS PELO MOVIMENTO DA 
HISTÓRIA, É POR ISSO QUE DIZEMOS QUE A CIÊNCIA É UM 
 
Fenômeno Processual 
Conclusões: 
a) a atividade científica é uma atividade social como qualquer outra; 
 
9 
 
b) a ciência não gera certezas; 
c) a ciência corre o risco de ser prescritiva e não criativa; 
d) a ciência corre o risco de ser elitista; 
e) a ciência corre o risco da impunidade - estar acima do bem e do mal; 
f) o pensamento nunca esgota o pensado. 
 
Ampliando Horizontes 
No decorrer da história, os homens foram: 
a) produzindo e agregando conhecimentos em diferentes áreas do saber e 
b) segundo diferentes procedimentos de busca desses conhecimentos: 
- buscaram inspiração em forças mágicas, em forças da natureza, em 
mitos e deuses; 
- povos antigos descobriram como medir áreas e volumes, como marcar 
o tempo pelos principais acontecimentos e puderam registrar os 
eclipses. 
 
O progresso científico, de forma geral, é um produto da atividade 
humana, para a qual o homem, compreendendo o que o cerca, passa a 
desenvolvê-lo para novas descobertas. e, por relacionar-se com o mundo de 
diferentes formas de vida, o homem utiliza-se de diversas formas de 
conhecimentos, por intermédio dos quais ele evolui e faz evoluir o seu habitat. 
Dentre os tipos de conhecimentos encontram-se o filosófico, o teológico, o 
empírico e o científico. (FACHIN, 2009, p. 19)1 
 
 
 
                                                            
11 Este módulo e o texto citado diretamente foram extraídos da obra de Odília Fachin: Fundamentos de metodologia. 
5. ed.. São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
10 
 
Eis alguns tipos de conhecimento: 
a) Conhecimento filosófico – o grande mérito da filosofia é justamente 
desenvolver no ser humano o espírito indagativo, a busca de respostas. 
Não é uma ciência propriamente dita, mas é a busca do saber. Por essa 
razão, existe uma forte ligação do conhecimento filosófico com os 
demais conhecimentos. Trata-se de um guia para a reflexão e para as 
perguntas que movem homens e mulheres: Como? Por quê? Quando? O 
quê? 
 
b) Conhecimento teológico – recai sobre a fé e provém de revelações do 
mistério sobrenatural com que se interpretam mensagens e 
manifestações divinas. Pela fé na existência da divindade, o 
conhecimento teológico tem respostas para todas as indagações do 
homem. 
 
c) Conhecimento empírico – ligado às experiências e vivências cotidianas, 
não tem a fundamentação dos postulados metodológicos. O 
conhecimento empírico permite que se saiba o que é a folha de uma 
planta, mas não se sabe em quantas partes se divide e se apresenta, 
quais são essas partes etc., pois este é o conhecimento da botânica. Não 
deve ser ignorado, pois é a estrutura de base para se chegar ao 
conhecimento científico. 
 
d) Conhecimento científico – pressupõe uma aprendizagem superior. 
Preocupa-se com uma abordagem sistemática dos fenômenos (objetos), 
tendo em vista seus termos relacionais que implicam noções básicas de 
causa e efeito. Assim, resulta de pesquisas metódicas e sistemáticas da 
realidade. Procura alcançar a verdade, mediante leis gerais e de caráter 
 
11 
 
universal, ainda que a verdade encontrada possa ser temporária. Isto pela 
razão de que o conhecimento científico retoma constante e 
sistematicamente suas descobertas, buscando ampliações e ou 
reformulações, sempre com procedimentos metodológicos adequados. 
 
O que é, então, ciência e quais as fontes de conhecimento 
A ciência, conhecimento produzido pelos homens em diferentes áreas da 
existência, mediante pesquisa, busca a “verdade”, ou seja, pretende ser 
“verdadeira”! De maneira geral, várias são as fontes para essa busca da 
“verdade”. 
FONTE 1 – A intuição: se não é fonte conclusiva de conhecimento, é um fator 
que impulsiona a busca desse conhecimento. 
FONTE 2 – A autoridade: é o reconhecimento de um conhecimento 
considerado verdadeiro, mesmo que não seja definitivo. Ex.: a Bíblia e o Alcorão; 
Freud e Marx etc.. 
FONTE 3 – A tradição: trata-se de tudo o que é transmitido verbalmente, como 
a sabedoria produzida através dos tempos; tanto se pode assimilar “verdades” 
como “enganos”. 
FONTE 4 – O bom senso: não deve ser desconsiderado; trata-se da cautela 
decorrente de uma boa observação; pode resultar, muitas vezes, em senso 
comum, incorrendo, então, em sérios equívocos. 
FONTE 5 – A ciência: maior credibilidade e tem maior chance de conduzir à 
“verdade”. 
 
PARA SER EFICAZ, RECEBER CREDIBILIDADE E CONDUZIR À “VERDADE”, A 
CIÊNCIA DEVE ATENDER A ALGUNS CRITÉRIOS: 
a) , seus “vieses” não interfiram no conhecimento a ser buscado; 
 
12 
 
b) clareza e precisão de conceitos na busca da elaboração de teorias e leis 
científicas; 
c) método para conduzir a pesquisa, sem que o mesmo seja absoluto, pois 
há a possibilidade de rever, recriar e criar novos métodos na busca do 
conhecimento; 
d) sistematicidade – o conhecimento se dá quando se pode organizar um 
sistema lógico de proposições e afirmações; 
e) objetividade – não que se negue a subjetividade do pesquisador na 
busca de conhecimento, mas é necessário que o mesmo saiba identificá-
la para que seus valoresverificabilidade – as afirmações científicas devem 
ser passíveis de verificação seja pela experiência seja pela observação; só 
a partir deste critério é possível construir teorias e leis. 
 
OBSERVAÇÃO: 
Por que não são conclusões definitivas? 
PORQUE NINGUÉM DETÉM A PALAVRA FINAL SOBRE A “VERDADE”... 
 
Na visão de Zatti (2011), é essa ação teleológica do homem que o 
diferencia de outros animais. Só os homens são capazes de interagir com a 
natureza, com os objetos e com outros homens seus semelhantes, de cuja 
interação produzem uma interpretação das referências que acumulam, 
produzindo o que se denomina cognição do universo. 
 
E é essa cognição diferenciada que produz diferentes tipos de 
conhecimento, bem como diferentes áreas do saber. A ilustração a seguir traz a 
contribuição De Cervo e Bervian (2002, p. 15) para a compreensão da relação 
entre o desconhecer e o conhecer, na perspectiva de chegar a uma “verdade”. 
 
 
13 
 
 
 
estado de espírito sujeito conhecimento objeto
 manifestação 
 
 - ignorância nada 
 - dúvida um pouco 
 - opinião sem clareza 
 - certeza com 
evidência 
 VERDADE 
 
 
Os autores (ibidem) ensinam que de nada valeria o conhecimento e o 
emprego de instrumental metodológico adequado, sem que o pesquisador 
detenha rigor e seriedade em seu trabalho, condições inerentes de que o 
espírito científico deve estar revestido, como já apontado em unidade anterior. 
 
CIÊNCIA/CONHECIMENTO É BUSCA, É PESQUISA... 
E DAÍ? O QUE É, ENTÃO, CONHECER? 
É uma relação entre o sujeito que conhece (cognoscente) e o objeto que 
é (será) conhecido (cognoscível). O sujeito se “apropria” do objeto quando o 
conhece. 
Essa apropriação pode ser: 
a) sensível – captada pelos sentidos; ex.: o som captado pela audição; 
b) intelectual – captada pelo pensamento; exemplo a resolução de um 
problema. 
 
 
14 
 
UNIDADE 02. SOBRE SEMINÁRIOS, INTERNET ÉTICA E 
MONOGRAFIAS 
 
Objetivo 
Esta unidade aborda: a) a importância do seminário como momento de 
estudo coletivo; b) a utilização cada vez mais efetiva e eficaz da internet como 
fonte de pesquisa inigualável pelo volume de informações e pela amplitude de 
seu alcance; traz também, para uma compreensão fundamental, a valorização 
dos comportamentos éticos inerentes à tarefa de pesquisar e produzir 
conhecimento (elaborar trabalhos científicos). Em decorrência, expõe o que são 
monografiase qual a linguagem que lhes deve ser dedicada. 
 
Bebendo na fonte 
Diferentemente do que se ouve e se observa, SEMINÁRIO NÃO É UM 
TIPO DE “AULA EXPOSITIVA” preparada por um ou mais alunos. O seminário 
deve levar TODOS os participantes a uma reflexão – a um estudo – previamente 
realizado, mediante a posse do material a ser estudado/discutido. 
 
É um método de estudo e de atividade didática em grupo que tem dois 
momentos: 
a) a preparação prévia do texto que será debatido no seminário e 
b) o próprio debate/estudo, quando todos os componentes devem 
apresentar uma efetiva participação. 
 
Um roteiro indicativo para a eficácia de um seminário deve respeitar as 
seguintes etapas: 
 
15 
 
a) para iniciar, um contato suficientemente íntimo de todos os participantes 
com o texto, permitindo condições para uma análise rigorosa do mesmo 
(o que nada mais é do que a análise textual); 
b) compreensão da mensagem central do texto e de seu conteúdo temático 
(o que nada mais é do que a análise temática do texto); 
c) interpretação crítica do conteúdo e da mensagem (o que nada mais é 
do que a análise interpretativa dos textos); 
d) ESTUDO E DISCUSSÃO À LUZ DESSA INTERPRETAÇÃO. 
 
 Para trabalhar em um seminário, a pesquisa na internet se faz cada vez 
mais necessária para a coleta de dados/argumentos a serem utilizados nos 
debates. E como entender essa nova e tão importante tecnologia? 
a) A internet é um conjunto de redes de computadores interligados no 
mundo inteiro, permitindo o acesso dos interessados a milhares de 
informações; 
b) a internet tornou-se uma fonte de pesquisa indispensável para os 
diversos campos de conhecimento; isso porque fornece um 
extraordinário acervo de dados que está à disposição de todos os 
interessados e que pode ser acessado com extrema facilidade; 
c) o uso da internet não só é permitido como é estimulado com ênfase, 
desde que todas as fontes sejam devidamente registradas, segundo os 
critérios abaixo assinalados: 
 c.1 artigos ou qualquer matéria sem assinatura (sem identificação do 
autor) devem ser apresentados como: In (em) ou disponível em: 
registro do site completo; Ex.: <www.uol.com.br>. Acesso em 05 de 
março de 2013; 
 c.2 artigos ou qualquer matéria com assinatura do autor devem ser 
registrados pela autoria e, posteriormente, indicar o local da fonte, ou 
 
16 
 
seja, o site. Ex.: SOUZA, Michelle Cristine Laudilio de. Afinal o que é 
comunicação e para quê ela serve? Disponível em: 
<www.planetaeducaco.com.br/portal/impressao.asp?artigo=1916>. 
Acesso em 05 de Março de 2013. 
 
Tais cuidados decorrem de exigências éticas que, por sua vez, são mais 
abrangentes, ou seja, ao preparar um projeto de pesquisa, envolvendo seres 
humanos, em toda e qualquer área do conhecimento, o pesquisador deve 
cumprir: 
a) as exigências éticas gerais de toda a atividade científica; 
b) as exigências ligadas à ética profissional da área de atuação profissional 
do pesquisador e 
c) atender a aspectos éticos específicos. 
 
 O projeto passará pela apreciação de um comitê de ética autônomo, criado 
nas instituições para esse fim. As instituições de qualquer natureza, nas quais se 
realizam pesquisas envolvendo pessoas, deverão constituir seu comitê de ética 
em pesquisa. Caso não esteja instalado, o pesquisador deve recorrer a comitê 
de outra instituição similar. Submeter sempre os projetos à apreciação desses 
comitês. 
 
Ampliando horizontes 
Para apresentar por escrito uma monografia ou qualquer outro texto 
produzido no decorrer dos estudos universitários, alguns critérios redacionais 
devem ser devidamente respeitados. 
SÃO ELES: 
a) reconhecer que a ciência não significa apenas o conhecimento que o 
homem desenvolve ao longo de toda sua história, mas depende, 
 
17 
 
basicamente da capacidade de comunicar /transmitir esse 
conhecimento; 
b) ter o domínio da língua (idioma); 
c) estar amparado em um mínimo conhecimento de uma linguagem mais 
“científica/acadêmica”; 
d) mostrar nas monografias, nos relatórios, nos trabalhos acadêmicos 
qualidades redacionais, tais como: 
 impessoalidade - usar a indeterminação do sujeito ou a 3ª pessoa 
verbal – pensa-se ou este trabalho (uso desaconselhável/inadequado 
do “nós” = 1ª pessoa do plural); 
 objetividade - não colocar a própria subjetividade no trabalho 
cientifico; por ex.: “a sala estava suja” (uma análise subjetiva); ao 
contrário, deve-se registrar: “ao observar o ambiente, o pesquisador 
verificou que havia papel picado e tocos de cigarros pelo chão” 
(condições de objetividade). Outro exemplo: “a sala era grande e 
espaçosa” (subjetividade do pesquisador); “a sala media 12m de 
comprimento por 8m de largura” (condições de objetividade); 
 modéstia e cortesia - não desqualificar trabalhos feitos 
anteriormente, nem permitir que haja uma linguagem pretensiosa 
sobre os resultados alcançados com o próprio trabalho; 
 linguagem informativa - ter ciência que, embora a linguagem possa 
ter caráter persuasivo e expressivo, a maior função da linguagem 
científica é a função informativa e como tal, deve oferecer as melhores 
condições de compreensão para o leitor; 
 caráter técnico - toda linguagem pode ter caráter coloquial e 
literário, mas a linguagem científica tem caráter técnico, ou seja, ela é 
informativa usa termos específicos, sem cair em prolixidade 
desnecessária; 
 
18 
 
 força argumentativa - ter presente que, enquanto a linguagem 
literária convence pela elegância e pelos valores estéticos, a 
linguagem científica deve ser valorizada pela sua capacidade 
argumentativa, ou seja, pelas evidências que traz, comprovando suas 
afirmações; 
 clareza [sua principal característica] - avaliar, pois, que a linguagem 
acadêmica deve ser precisa, objetiva e clara, razão pela qual deve 
sempre abordar conhecimentos bem estruturados – ninguém expressa 
com clareza ideias confusas; 
 simplicidade - o pesquisador deve usar vocabulário adequado, 
simples, evitando adjetivos (subjetividade); as frases devem ser curtas 
e precisas; evitar parágrafos muito longos que só servem para 
dificultar a compreensão do texto. 
 
CLAREZA, OBJETIVIDADE, PRECISÃO E SIMPLICIDADE – EIS, EM SÍNTESE, 
AS CARACTERÍSTICAS QUE DEVEM PRESIDIR A LINGUAGEM CIENTÍFICA E 
A CONSTRUÇÃO REDACIONAL DOS TEXTOS ACADÊMICOS. 
 
EXIGÊNCIAS REDACIONAIS QUANTO AO TRATAMENTO DO TEXTO - 
Maimone, apud Nunes e Nava (2003, p. 42). 
Exigências Deformação 
Impessoal Pessoal 
Objetiva (direta) Subjetiva (seu ponto de vista) 
Modesta Arrogante (dogmatismo) 
Informativa (conceitos e conteúdos) Persuasiva (vazio, repetitiva) 
Clara / distinta (didática) Confusa, equivocada 
Própria, denotativa Figurada (metafórica), conotativa 
Técnica e científica Comum (vulgar) 
 
19 
 
Frases curtas e simples Períodos longos (coordenadas e 
subordinadas) 
 
À GUISA, AINDA, DE COMPLEMENTAR AS INFORMAÇÕES SOBRE A 
QUESTÃO REDACIONAL, é importante trazer o resgate de componentes 
ilustrativos como gráficos, quadros, tabelas, figuras etc.. 
a) toda ilustração deve ser anunciada no trabalho, usando-se a expressão 
anterior ou supra citada e posterior ou a seguir; 
b) respeitar a diferença entre quadro (dados descritivos) e tabela (dados 
quantitativos), mantendo-se os títulos numerados com algarismos 
arábicos e com seus respectivos enunciados na parte superior da 
ilustração. 
 
Quadro 1 – Recursos solicitados para as atividades 
Matéria Recursos didáticos 
Português Dicionários 
Matemática Compasso 
Ciências Tubos de ensaio 
 
Tabela 1 – Distribuição do número de aulas do ensino médio 
Matéria Quantidade de 
alunos 
Português 15 
Matemática 18 
Ciências 17 
 
 
20 
 
Na perspectiva de complementar os critérios que devem ser acatados, 
podem-se resgatar algumas normas redacionais do ponto de vista gramatical e 
normativo. 
Quando você encontrar... É preciso que... 
Verbos conjugados em 1ªpessoa 
(sei/sabemos, noto/notamos, 
posso/podemos); 
Sejam apassivados ou se mantenham 
na impessoalidade: sabe-se, nota-se, 
pode-se; 
Verbos conjugados no imperativo 
(note, veja, compare); 
Sejam apassivados ou que estejam na 
impessoalidade (note-se, veja-se, 
compare-se); 
Termos escritos em itálico Sejam mantidos em itálico apenas se 
forem palavras estrangeiras; 
Siglas Apresentem sua forma por extenso na 
primeira vez em que forem escritas; 
Siglas estrangeiras Apresentem sua forma por extenso, 
com respectiva tradução, na primeira 
vez em que forem escritas; 
A generalização (sempre, nunca, todos, 
tudo, nada, ninguém, nenhum, o pior, 
o melhor, o mais usado) 
Seja evitada, pois, quando se escreve 
qualquer um desses termos, excluímos 
qualquer outra possibilidade, o que 
requer certeza da informação; 
Abreviações (etc., s/, nº ) Sejam eliminadas (usar o extenso: 
entre outros, sem, número) 
Números baixos (de 1 a 9) ou 
monossílabos 
Sejam escritos em palavras e não 
como numeral (um, nove, cem, mil) 
 
Se estão definidas as qualidades redacionais, deve-se, então partir para a 
compreensão do que é uma monografia. 
 
21 
 
Monografia, pela própria origem da palavra, significa um escrito sobre 
um único tema. Não pode ser uma compilação de textos lidos, mas deve 
apresentar o resultado de leituras, de pesquisas de campo, de observações, 
de reflexões... 
 
ASSIM, A MONOGRAFIA NÃO É: 
a) repetição do que já foi dito por alguém; 
b) resposta a uma espécie de questionário; 
c) manifestação de opiniões pessoais (“achismo”); 
d) construção de ideias extremamente abstratas; 
e) manifestação de uma erudição livresca etc.. 
 
A MONOGRAFIA É UM TRABALHO QUE: 
a) observa e acumula observações; 
b) organiza as observações e as informações; 
c) indaga sobre os seus porquês; 
d) utiliza de forma inteligente as leituras e as experiências; 
e) apresenta provas; 
f) usa de sistematicidade; 
g) expõe interpretações e relações; 
h) comunica aos demais os resultados desse estudo. 
i) Por conseguinte, a elaboração da monografia contribui para: 
j) desenvolvimento intelectual do educando; 
k) desenvolvimento do conhecimento científico, em geral; 
l) e desenvolvimento das diferentes áreas do conhecimento. 
 
As monografias podem ser realizadas em diferentes níveis, a saber: 
 
22 
 
a) trabalhos acadêmicos disciplinares – realizados no decorrer dos anos de 
estudo, sejam eles de graduação ou de pós-graduação; 
 
b) trabalhos de conclusão de curso – TCC – ao final da graduação, deve 
englobar o aprendizado conseguido durante o curso, apoiando-se em 
diversas fontes, constituindo sua fundamentação teórica; é realizado sob 
orientação de um professor designado pela instituição de ensino; pode ser 
feito individualmente, em duplas ou em grupos, a critério de cada unidade 
escolar; 
 
c) trabalhos finais de cursos de pós-graduação lato sensu - trabalho final 
de especialização ou de aperfeiçoamento – à semelhança dos TCCs de 
graduação; difere, porém, nas exigências de um referencial teórico maior, 
inclusive com a escolha de um tema específico, de uma área de 
concentração (a especialidade), além da pesquisa empírica requerer 
maior rigor, caso ela se faça presente no estudo; 
 
d) dissertações – mestrado (pós-graduação stricto sensu) – segundo a 
ABNT (3.8 NBR 14724/2002 – validada em 2006), “documento que 
representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um 
estudo científico retrospectivo. de tema único e bem delimitado em sua 
extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve 
evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a 
capacidade de sistematização do candidato; é feito sob a coordenação de um 
orientador (doutor), visando ao título de mestre”; 
 
e) tese – doutorado (pós-graduação stricto sensu) – segundo a ABNT (3.27 
NBR 14724/2002 – validada em 2006), “documento que representa o 
 
23 
 
resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo 
científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base 
em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a 
especialidade em questão; é feito sob a coordenação de um orientador 
(doutor) e visa à obtenção do título de doutor ou similar”. 
 
 
 
 
24 
 
UNIDADE 03. ARTIGO CIENTÍFICO E PROJETOS DE 
PESQUISA 
 
Objetivo 
Esta unidade traz à reflexão e à compreensão dos estudantes informações sobre 
o que é um artigo acadêmico e o que é um projeto de pesquisa. Considera-se 
que são modalidades de trabalhos fundamentais àqueles que se dedicam à 
formação profissional, especialmente voltada para a qualificação contínua em 
um dado campo da ciência, inclusive a própria docência. 
 
Bebendo na fonte 
Segundo a NBR 6022 de maio de 2003 proposta pela ABNT, o artigo a 
ser elaborado como produção científica deve obedecer a alguns critérios como 
se expõe a seguir. Esta norma classifica os artigos em três modalidades: 
ARTIGO CIENTÍFICO – autoria declarada que apresenta e discute ideias e 
resultados, métodos e técnicas em diferentes áreas do conhecimento; 
ARTIGO DE REVISÃO - parte de uma publicação que resume, analisa e discute 
informações já publicadas; 
ARTIGO ORIGINAL – apresenta temas ou abordagens originais. 
 
ESTRUTURA FÍSICA DO ARTIGO 
Componentes pré-textuais: 
a) título e subtítulo, se houver; 
b) nome do autor ou dos autores; 
c) resumo na língua do texto; 
d) palavras-chave na língua do texto (de 3 a 5 palavras). 
 
 
 
25 
 
Componentes textuais: 
a) introdução; 
b) desenvolvimento; 
c) conclusão. 
 
Componentes pós-textuais: 
a) título e subtítulo, se houver, me língua estrangeira; 
b) resumo em língua estrangeira; 
c) palavras-chave em língua estrangeira (de 3 a 5 palavras); 
d) notas explicativas (se houver); 
e) referências (bibliográficas); 
f) glossário (opcional); 
g) apêndice(s) (se houver); 
h) anexo(s) (se houver. 
 
REGRAS PARA APRESENTAÇÃO 
a) título e subtítulo devem figurar na página de abertura do artigo, 
diferenciados tipograficamente ou separados por dois pontos e na língua 
do texto; 
b) nome do(s) autor(es), acompanhado(s) de breve currículo que qualifique 
a área do conhecimento do artigo; currículo, endereço postal e eletrônico 
devem aparecer no rodapé com chamada em asterisco no texto; 
opcionalmente, podem aparecer após os componentes pós-textuais, 
onde estão também os agradecimentos e a data da entrega dos originais; 
c) resumo na língua do texto, em uma sequência de frases concisas e 
objetivas, sem a marcação de tópicos, não ultrapassando 250 palavras, 
seguido abaixo das palavras-chave; 
 
26 
 
d) a introdução deve conter os elementos principais que apresentem o 
artigo: tema, objetivos, procedimentos etc.; 
e) desenvolvimento é uma exposição ordenada e pormenorizada do 
assunto tratado, aparecendo em seções e subseções; 
f) a conclusão finaliza o artigo e traz os resultados encontrados na direção 
dos objetivos e das hipóteses; 
g) o resumo em língua estrangeira poderá ser em inglês (abstract), em 
espanhol (resumen), em francês (résumé), bem como as palavras-chave – 
keywords, palabras clave, mots-clés, respectivamente; 
h) a numeração das notas explicativas é feita em algarismos arábicos; 
i) as referências (bibliográficas) são componente obrigatório; 
j) o glossário é opcional e deve ser elaborado em ordem alfabética; 
k) apêndices e anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas e 
travessão antes dos respectivos títulos (se ultrapassar as letras do 
alfabeto, usar maiúsculas dobradas (AA); a produção do próprio autor do 
artigo entra como apêndice e os anexos são referências a informações 
extraídas de terceiros; 
l) as demais regras de apresentação seguem as normas previstas na NBR 
14724 de 2011; 
m) procurar atender a todas as indicações referentes à questão da redação 
do artigo. 
 
Ampliandohorizontes 
 O quadro a seguir sobre PROJETOS DE PESQUISA é uma adaptação a 
partir de Pescuma e Castilho (2005a, p. 23), mas algumas observações devem 
ser postas a priori, a saber: 
a) observe-se que o tratamento verbal do projeto, até por ser uma 
perspectiva futura de realização, deve ser enunciado pelo futuro do 
 
27 
 
modo indicativo (este trabalho estudará a questão da 
sustentabilidade....); 
b) sugere-se que o tratamento verbal a ser utilizado na definição dos 
objetivos seja o modo infinitivo (verificar as condições que favorecem 
as práticas sustentáveis...); 
c) sugere-se que as hipóteses sejam formuladas no futuro do pretérito do 
modo indicativo dos verbos (pressupõe-se que haveria uma correlação 
direta entre a poluição e a falta de esclarecimento à população). 
 
Reconhecer que há no mundo contemporâneo uma velocidade cada vez 
maior da produção e da divulgação do conhecimento, quando, neste momento 
da história, informações e saberes deixaram de ser apenas transmitidos 
tradicionalmente (família, escola, religião) e são veiculados por diferentes 
agências divulgadoras como centros de pesquisa, universidades corporativas, 
meios de comunicação social em geral, além de recursos eletrônicos, como é a 
internet. As mudanças que ocorrem em ritmo acelerado só podem ser 
assimiladas se forem objeto de estudos constantes. Decorre, portanto, a 
necessidade de se desenvolver um procedimento que acompanhe a rapidez das 
mudanças. 
 
ESTE PROCEDIMENTO NADA MAIS É DO QUE O HÁBITO (O VÍCIO 
SALUTAR) DA PESQUISA – PROJETOS [Adaptado de Pescuma e Castilho 
(2005a)] 
ELEMENTO DECODIFICAÇÃO DO ELEMENTO 
QUESTÃO 
BÁSICA 
Apresentação 
Definição do TEMA, do assunto que será 
estudado. Definição do TÍTULO. 
Qual o tema? 
Justificativa Trata-se de evidenciar a RAZÃO (o porquê) da Por que fazer? 
 
28 
 
realização da pesquisa, em nível 
a. do interesse pessoal e 
b. da relevância do tema abordado (formula-
se, então, a fundamentação teórica do estudo). 
 
Problematização 
Trata-se da colocação das “INQUIETAÇÕES” do 
pesquisador, apresentadas na forma de 
perguntas, de pressupostos e na forma de 
hipóteses formuladas. 
Quais são 
minhas 
“perguntas”? 
 
Objetivos 
Definição dos PROPÓSITOS e das METAS que o 
pesquisador pretende atingir com seu estudo. 
Para que 
fazer? 
 
Procedimentos 
metodológicos 
Neste momento, o pesquisador irá definir os 
CAMINHOS a serem traçados para, 
efetivamente, poder realizar seu projeto, 
atingindo seus objetivos. 
Como vou 
fazer? 
Cronograma 
Previsão, no tempo, das ETAPAS a serem 
desenvolvidas para a consecução do projeto. 
Quando fazer?
Recursos 
Quando houver a possibilidade, definição dos 
recursos MATERIAIS E HUMANOS previstos 
como necessários para a execução do projeto. 
Do que 
preciso? 
Referências 
Lista de OBRAS (lidas ou a serem lidas) e de 
CONSULTAS (realizadas ou a serem realizadas) 
fundamentais para a realização do trabalho. 
O que 
consultar? 
Plano provisório 
Construir provisoriamente a estrutura que será 
dada ao trabalho propriamente dito. 
Como será? 
A MOTIVAÇÃO para a pesquisa se encontra, portanto, no próprio anseio 
da busca de conhecimento, fato que vem sendo comprovado pela própria 
história da espécie humana. “O interesse e a curiosidade do homem pelo saber 
 
29 
 
levam-no a investigar a realidade sob os mais diversificados aspectos e 
dimensões”. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 64) 
Podemos definir pesquisa científica como uma atividade humana, com o 
propósito de descobrir respostas para suas indagações. Vale lembrar que está 
relacionada diretamente com a produção de conhecimento e decorre da 
capacidade de raciocínio do homem ao enfrentar inúmeros problemas e 
desafios. 
Autores como Severino (2000), Andrade (1999), Cervo e Bervian (1996), 
Lakatos e Marconi (1991) e Salomon (1973), entre tantos outros, ao 
conceituarem pesquisa científica, concordam que se trata de procedimento 
eminentemente racional, que se utiliza de métodos científicos, embasado na 
capacidade de observação e de indagar, com o objetivo de encontrar respostas 
e/ou explicações para as questões em estudo. 
 
 Trabalho científico original 
 Natureza 
 NOVAS DESCOBERTAS 
 
 Resumo do assunto 
 
 
 FORMAÇÃO/TREINAMENTO 
 
 Pesquisa bibliográfica 
 Procedimento 
 Pesquisa descritiva 
 Pesquisa experimental 
Fonte: adaptado de Cervo e Bervian (2002, p. 68). 
 
 
 
30 
 
 
Eis, pois, a visão desses autores sobre o quadro esquematizado da 
proposta do que é uma pesquisa. Há vários tipos de pesquisa que serão 
detalhados oportunamente. 
 
 
31 
 
UNIDADE 04. A PESQUISA SEGUNDO SUA NATUREZA, 
SUA ABORDAGEM, SUA FINALIDADE E SEUS 
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS 
 
Objetivo 
Esta unidade se dedica a apresentar as diferentes formas de se praticar a 
pesquisa, na razão direta tanto de objetivos como de procedimentos, embora 
toda pesquisa tenha sempre um objetivo inerente a ela: conhecer, compreender, 
definir o objeto que esteja em estudo. Enfim, apropriar-se de seu objeto de 
estudos. 
 
Bebendo na fonte 
A pesquisa é uma atividade de natureza intelectual e científica. 
INTELECTUAL, pois se manifesta por ações executadas pelo pensamento, pela 
dúvida, pelos questionamentos, enfim pela busca de soluções para problemas 
vivenciados. CIENTíFICA, uma vez que essas ações são planejadas, organizadas, 
sistematizadas, segundo procedimentos metodológicos adequados. 
Como todos devem saber, algumas ciências têm revelado a mutabilidade 
dos eventos naturais: termodinâmica, cosmologia, teoria da relatividade 
etc.. Nas ciências humanas, essa “percepção” se deu com maior ênfase, pois se 
pode perguntar: como dimensionar quantitativamente fenômenos 
absolutamente humanos que dependem da ação do homem e de homens? 
Portanto, há algumas características mínimas dos fenômenos sociais, a 
saber: complexidade / contradições / imprevisibilidade / originalidade 
/inventividade das e nas relações interpessoais e sociais. Assim, o estudo do 
comportamento humano e social deve se dar a partir de metodologias próprias, 
porque parte do seguinte fundamento: há uma relação dinâmica entre: 
 
32 
 
a) mundo real e sujeito pesquisador; 
b) uma interdependência viva entre esse sujeito e o objeto (sempre 
relacionado ao mundo humano); 
c) um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do 
sujeito pesquisador.] 
 
Em decorrência dessa natureza mutante e dinâmica, as pesquisas podem 
ter uma abordagem quer quantitativa quer qualitativa. Como se pode inferir, em 
ciências humanas há uma opção preferencial pela abordagem qualitativa. As 
etapas da pesquisa qualitativa são, pois: 
a) uma tomada de consciência sobre os problemas pesquisados (pesquisas 
descritivas/exploratórias). 
b) uma compreensão das condições que os geram (pesquisas 
descritivas/explicativas). 
c) elaborar meios e estratégias para estudá-los (pesquisas puras/ 
investigativas) ou solucioná-los (pesquisas interventivas/aplicadas. 
 
Obs.: Tem sido privilegiada em Ciências Humanas e em Ciências 
Sociais Aplicadas a pesquisa qualitativa que fala da singularidade dos 
fenômenos sociais e humanos, bem como de sua interligação. 
 
Quanto às pesquisas quantitativas, pode-se considerá-las menos 
adequadas às ciências humanas, pois trabalham com a objetividade e a 
neutralidade frente aos fenômenos, colocando a realidade como externa ao 
pesquisador (ao invés de vê-lo como parte inerente da mesma). 
 
 
33 
 
Tais pesquisas se prestam a avaliações numéricas e estatísticas dos 
fenômenos estudados, mediante técnicas de experimentação. Seus resultados 
são expressos em números, intensidade e ordenação. 
 
Como se tem dito, há inúmeras possibilidades para se fazer pesquisa, 
mas uma distinção pode ser colocada a partir dos fins a que ela se destina: 
a) pesquisa pura= busca de conhecimento; 
b) pesquisa aplicada = conhecer para propor mudanças (soluções de 
problemas) 
 
Se forem consideradas as modalidades de uma pesquisa, serão três os 
principais tipos de pesquisa: 
a) exploratória = exploratória: identificação de uma realidade ou 
fenômeno, quando se possui pouco conhecimento sobre o problema a 
ser estudado. Como o próprio nome sinaliza, pesquisa exploratória 
significa um procedimento ainda preliminar, buscando aprimoramento 
de ideias e uma maior familiaridade com o objeto de estudos. Em geral, 
elas envolvem um levantamento bibliográfico (dentro do possível, um 
estado da arte), entrevistas realizadas com sujeitos diretamente 
envolvidos com o problema em estudo e uma “análise de exemplos que 
estimulem a compreensão” (GIL, 2002, p. 41). 
b) descritiva = coleta todos os dados, relaciona-os, analisa-os, mas não vai 
manipular os resultados; o estudo descritivo propriamente dito procura 
captar a realidade em estudo de forma ampla e completa, descrevendo-
os apenas, ainda que possa sugerir hipóteses para a solução de 
situações-problema; 
 
34 
 
c) experimental = para poder manipular dados; geralmente trabalha com 
grupo controle, identifica variáveis que alteram ou não o fenômeno, 
utiliza instrumentos de medição etc.. 
 
Se forem considerados os procedimentos técnicos teremos: 
a) Pesquisa bibliográfica – o pesquisador procura ler textos pertinentes ao 
seu estudo, obedecendo a alguns procedimentos, a saber: - 
levantamento bibliográfico preliminar; - leitura do material; - fichamento; 
- organização lógica dos conteúdos pesquisados; - redação do texto a 
ser conteúdo teórico do trabalho. 
b) Pesquisa documental – muito semelhante à pesquisa bibliográfica, 
obedece à mesma ordem de procedimentos, embora os dados de 
documentos não possam ser manipulados e ou desvirtuados. 
c) Levantamento – quando o pesquisador deseja levantar dados para 
conhecer as características de um grupo de pessoas ou o perfil de uma 
empresa ou mesmo os atributos de um aluno (bom ou mau aluno); neste 
caso, a pesquisa não quer apenas “levantar” os dados, mas procura 
descobrir a variável que torna um aluno pior ou melhor. 
d) Estudo de caso – modalidade de pesquisa muito utilizada em ciências 
biomédicas e sociais, consiste em um estudo profundo de um ou de 
poucos objetos; considerado hoje um estudo sério, responsável pela 
identificação e definição de um contexto maior (a realidade pontual 
reproduz a realidade mais ampla). Tem sido aplicada nas organizações 
em geral. 
e) Pesquisa ação – apesar de algumas controvérsias, quanto à falta de 
objetividade dessa modalidade de pesquisa, tem sido útil para ideologias 
reformistas e participativas, quando o pesquisador se envolve nas ações 
dos sujeitos da pesquisa. 
 
35 
 
f) Pesquisa participante – à semelhança da pesquisa ação, se caracteriza 
pela interação mais intensa ainda do pesquisador com os membros 
sujeitos do estudo. Tem características humanísticas, assumindo posições 
valorativas, voltando-se especialmente para grupos menos favorecidos 
da sociedade. 
g) Pesquisa ex-post-facto (a partir do fato passado – tradução literal da 
expressão latina) – pressupõe que o estudo aconteça após algum fato 
que tenha alterado significativamente a ordem natural até então 
apresentada. Muito utilizada na área da saúde, inclusive utilizando o 
grupo controle. 
 
Ampliando horizontes 
A AMOSTRAGEM - ocorre na direção oposta do censo = levantamento 
total; levantamento parcial = levantamento por amostragem. 
 
AMOSTRAGEM = UM CONJUNTO DE ELEMENTOS 
REPRESENTATIVOS DO UNIVERSO TOTAL 
Um número x de elementos de uma população (ou universo) de forma a ser 
proporcional e representativo do total dessa população. 
 
Vantagens de trabalhar por amostragem: 
a) custo reduzido / rapidez maior / amplitude (pode significar um grande 
universo, sem oferecer os custos e a demanda de pessoal que o censo 
ofereceria) / exatidão; 
b) a amostragem se fundamenta em leis da estatística, o que lhe confere 
fundamentação científica. 
 
36 
 
 
Cuidados a serem observados: 
a) quantos indivíduos deve ter a amostra para que represente efetivamente 
o conjunto de elementos da população (universo); 
b) como selecionar esses indivíduos de modo que sejam representativos de 
toda a diversidade de elementos da população. 
 
A amostra pode ser: 
a) não-probabilística (depende de critérios do pesquisador) – por ex., a 
acessibilidade do pesquisador; 
b) probabilística (atende a critérios rigorosamente estatísticos). 
 
“A probabilidade significa um conjunto de regras por meio das quais se 
calcula o número de casos que devem ocorrer para que aconteça um 
determinado fato ou fenômeno.” (OLIVEIRA, 2001, p. 161). 
A amostra não-probabilística tem sido a forma adotada pelos 
pesquisadores em ciências humanas e sociais, pois a pesquisa qualitativa está 
interessada menos em índices, modas, medianas e mais em significados, 
interpretações, reconhecendo a singularidade de cada sujeito e a importância de 
sua experiência social. 
 
AMOSTRAS NÃO PROBABILÍSTICAS 
os seres são escolhidos 
intencionalmente 
PODEM SER... 
AMOSTRAS PROBABILÍSTICAS 
baseiam-se na escolha aleatória dos 
seres 
PODEM SER... 
ACIDENTAIS – compostas por 
acaso, com pessoas que vão 
aparecendo acidentalmente. 
CASUAIS SIMPLES – cada elemento 
da população tem oportunidade igual 
de ser incluído na amostra. 
 
37 
 
POR COTAS – diversos elementos 
constantes da população/universo na 
mesma proporção. 
CASUAIS ESTRATIFICADAS – cada 
estrato, definido previamente, estará 
representado na amostra. 
INTENCIONAIS – escolhidos casos 
para amostra que representem o 
“bom julgamento” da 
população/universo. 
AMOSTRAS POR AGRUPAMENTO – 
reunião de amostrar representativas 
de uma população. 
Fonte: adaptado de Zatti (2011, p. 15). 
 
A INVESTIGAÇÃO – coleta de dados primários e secundários 
Em pesquisa, a investigação se refere especificamente à coleta de dados, 
estejam eles registrados em textos escritos estejam eles na realidade concreta 
da vida social e material. Para essa coleta são utilizadas diferentes técnicas e 
procedimentos. 
 
Para a pesquisa bibliográfica, a técnica mais apropriada a ser utilizada é 
o fichamento, ou seja, buscar os dados na literatura e retirá-los adequadamente. 
 
Como fazer? 
 1º registrar todos os dados da referência bibliográfica: autor, título e 
subtítulo (se houver), edição, local da publicação, editora, ano e a(s) página(s) 
de onde o material bibliográfico foi extraído. Se o texto for copiado 
(literalmente), seguir as normas de citações diretas. Se o texto for parafraseado, 
seguir as normas de citações indiretas. 
 
Para a pesquisa documental, o pesquisador deve registrar todos os 
dados do documento-fonte e retirar esses dados de interesse com a maior 
veracidade, ou seja, não alterar nem vírgulas do documento pesquisado. 
 
 
38 
 
E QUAIS SÃO AS FONTES CONSIDERADAS BIBLIOGRÁFICAS? 
São consideradas FONTES BIBLIOGRÁFICAS: 
a) livros de leitura corrente - romances, poemas; 
b) livros de “tese” = informações técnicas e científicas a respeito do assunto; 
c) livros de referência: 
- informativa = dicionários, anuários, enciclopédias, almanaques etc.; 
- remissiva = índices de livros ou de periódicos em bibliotecas; os 
catálogos das bibliotecas (internet = busca remissiva); 
d) periódicos = jornais e revistas; 
e) impressos diversos; 
f) documentos em geral; 
g) textos eletrônicos. 
 
Para a PESQUISA DE CAMPO, há algumas técnicas e alguns 
instrumentos apropriados, a entrevista e a observação, conforme se registra a 
seguir. Entender claramente que a entrevista não é uma simples conversa, mas um 
diálogo DE CARÁTER TÉCNICO orientado na direção do objeto de estudo e dos 
objetivos propostos. 
 
Várias ciências se valem da entrevista como técnica ou para a coleta de 
dados ou parauma intervenção (pesquisa aplicada). Para tanto, a entrevista necessita 
atender a alguns requisitos, a saber: 
a) deve ser agendada com o(s) sujeito(s) a ser(em) entrevistado(s); 
b) deve ocorrer em ambiente propício, onde se resguarde o sigilo das 
informações; 
c) deve ser planejada, ou seja, decorre de objetivos bem definidos e é realizada 
com os sujeitos que compõem o universo da pesquisa. 
 
 
39 
 
Para a coleta de dados, pode ser realizada mediante aplicação de alguns 
instrumentos: 
a) formulário previamente elaborado (fechado, aberto ou semi-estruturado) 
– grande vantagem pela presença do entrevistador; 
b) questões norteadoras (para coleta de depoimentos); 
c) discurso livre (em pesquisas sobre histórias de vida). 
 
Quanto ao entrevistador, algumas exigências devem ser observadas, a saber: 
a) criar condições de empatia e confiabilidade; 
b) saber ouvir; 
c) saber controlar a dinâmica da entrevista, evitando “desvios” quanto aos 
objetivos precípuos da mesma; 
d) registrar todos os dados coletados ou escrevendo (formulário, por ex.) ou 
gravando (mediante prévia autorização do entrevistado); 
e) estar apto a fazer observações sobre o ambiente em geral, sobre os 
“silêncios” do entrevistado, sobre mímicas significativas, sobre 
interferências passíveis de alguma observação especial etc.. 
 
O entrevistador (pesquisador) é um sujeito cujas “antenas” estão conectadas 
ao sujeito pesquisado, sempre na perspectiva de um estudo sério e responsável, 
além de essencialmente ético. Assim, para a realização da entrevista, o 
pesquisador deve: 
a) despojar-se de predisposições, preconceitos, assumindo uma atitude 
aberta, sem adiantar explicações; 
b) reconhecer que todos os que participam da pesquisa são sujeitos que 
produzem e elaboram (direta ou indiretamente) conhecimento; 
c) reconhecer que todos os que participam da pesquisa são sujeitos que 
produzem e elaboram (direta ou indiretamente) conhecimento; 
 
40 
 
d) admitir que todos podem ser sujeitos da pesquisa (do culto ao iletrado; 
do delinquente ao juiz; dos que falam e dos que se calam; dos normais 
aos “anormais”); 
e) saber que é preciso encontrar o significado manifesto e o que 
permaneceu oculto; 
f) realizar entrevistas não-diretivas, sempre atento às expressões verbais e 
atitudinais (gestos, olhares, respiração etc.). 
g) a entrevista poderá ser realizada mediante o uso de um formulário 
(conforme a seguir) ou poderá ser conduzida mediante um roteiro de 
questões que o pesquisador adota na perspectiva de um diálogo aberto 
e para obter os dados (depoimentos) realmente significativos para seu 
estudo. 
 
INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS: FORMULÁRIO, QUESTIONÁRIO, 
ROTEIRO DE QUESTÕES PARA DEPOIMENTOS, HISTÓRIA DE VIDA 
 
Segundo as proposições de Oliveira (2001), a seleção do instrumental 
metodológico está diretamente ligada ao problema da pesquisa, isto é, à 
natureza do fato ou fenômeno a ser estudado e aos objetivos que são postos 
para o estudo. Insere-se, também, nestas preocupações, o tipo de perfil do 
entrevistado que será sujeito da pesquisa. 
No dizer de Cervo e Bervian (2002), para a coleta e dados empíricos, o 
instrumental de maior aplicação é constituído pelo formulário e o 
questionário, sendo o primeiro amparado pela técnica da entrevista. 
Para a coleta de dados que visam a obter um depoimento dos sujeitos 
participantes da pesquisa, pode ser elaborado, ainda, um roteiro de questões 
abertas que direcionam a entrevista para os objetivos do estudo e que, por essa 
razão, denomina-se roteiro de questões norteadoras. 
 
41 
 
 
Há também situações em que o estudo se dedica a colher histórias de 
vida. Neste caso, a entrevista será direcionada pelo estímulo à verbalização 
dos sujeitos, amparada apenas em “perguntas” que sinalizem na direção de 
uma narrativa compreensível e a mais completa que se possa desejar, sempre 
na perspectiva da pesquisa em andamento. 
O FORMULÁRIO é instrumento dedicado à coleta de dados por meio de 
observação e de entrevista. Seu preenchimento é feito pelo próprio 
investigador/pesquisador. 
O entrevistado deve estar consciente das razões da entrevista e deve 
concordar com elas. O formulário permite: 
a) assistência direta do pesquisador; 
b) possibilidade de observação atenta de diferentes fatores apresentados 
pelo entrevistado; 
c) possibilidade de observação do ambiente, do entorno; 
d) uma estruturação diversificada entre perguntas abertas e fechadas 
(entrevistador preenche); 
e) perguntas mais complexas que podem ser “explicadas” pelo 
entrevistador; 
f) garantia na uniformidade dos dados coletados; 
g) garantia na unicidade de interpretação dos mesmos; 
h) aplicação a grupos heterogêneos; 
i) aplicação, inclusive, a analfabetos. 
 
Indicam-se alguns cuidados: 
a) transcrever imediatamente os dados coletados (tanto pelo formulário 
como pelo roteiro de questões abertas); 
 
42 
 
b) se forem gravados, devem contar com a autorização do entrevistado, 
sendo transcritos, ainda que a fonte original seja preservada 
 
O QUESTIONÁRIO - Trata-se de um instrumento constituído por um 
conjunto de questões formuladas previamente, para atender determinados 
objetivos da pesquisa e que serão respondidas pelos sujeitos sem a interferência 
do pesquisador. 
 
Verifiquem-se algumas de suas características: 
a) deve ser elaborado rigorosamente de acordo com as hipóteses e os 
objetivos elencados para a pesquisa; 
b) pode ser enviado pelo correio (baixo custo, mas com risco de respostas 
incompletas ou incorretas, além de um alto índice de não devolução); 
c) pode ser entregue em mãos; 
d) pode ser aplicado simultaneamente a um grande nº de sujeitos; 
e) deve ter uma natureza de impessoalidade para assegurar a veracidade 
das respostas; 
f) as questões devem ser elaboradas de forma clara e precisa, evitando a 
ambigüidade e a conseqüente dificuldade de compreensão do que se 
deseja saber; 
g) pode ser elaborado apenas com questões fechadas (mais fáceis de 
tabular e analisar) ou poderá conter questões abertas e fechadas, desde 
que claramente elaboradas; 
h) aplicável apenas a alfabetizados; 
i) grande risco de perdas (quanto ao retorno). 
 
Obs.: Quanto à forma das perguntas, é preciso estar atento ao fato de 
que AS PERGUNTAS NÃO DEVEM INDUZIR A RESPOSTA. As perguntas 
 
43 
 
podem ser: abertas; fechadas; duplas (instrumento semi-estruturado – questões 
abertas e fechadas). 
 
Considera-se indicado, preferencialmente, que questionários não 
contenham questões abertas, pois há um sério risco de serem respondidas de 
forma inadequada, ou mesmo, de não serem respondidas. 
As questões fechadas são aquelas em que o instrumento possibilita uma 
resposta (sim/não) ou várias respostas (múltipla escolha), mas todas inseridas em 
um quadro previamente estabelecido pelo pesquisador. 
 
O ROTEIRO PARA COLETA DE DEPOIMENTOS 
Trata-se de um conjunto de questões elaboradas pelo pesquisador, no 
sentido de colher o depoimento de sujeitos da pesquisa, sempre voltadas para o 
foco central do estudo. 
São questões abertas que permitem e estimulam a verbalização desses 
sujeitos, sempre na perspectiva de uma coleta de dados adequada ao pleno 
desenvolvimento da pesquisa e à obtenção de resultados satisfatórios. 
É um instrumento que, preferencialmente, é aplicado mediante entrevista. 
No entanto, há casos em que os sujeitos preferem receber as questões e respondê-
las ou por escrito ou gravadas. Há, inclusive, o recurso da vídeo-conferência e da 
troca de e-mails também. 
 
HISTÓRIA DE VIDA 
Mediante total liberdade ao entrevistado, solicita-se que ele relate, 
conforme preferir, sua própria história. São pesquisas com focos muito singulares, 
como é o caso, por exemplo, do depoimento de idosos sobre um dado momento 
da história de suas cidades ou da educação em suas infâncias etc.. 
 
 
44 
 
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOSEm pesquisas quantitativas, para a análise dos dados, usam-se recursos 
da estatística ou faz-se a análise sistêmica, ou seja, tomam-se por referência os 
padrões que vigoram e relacionam-se os mesmos com os resultados obtidos na 
pesquisa. Para tanto, os dados coletados devem ser classificados, 
codificados e tabulados. 
Classificar os dados significa reuni-los de acordo com seu significado 
próprio e na relação com os objetivos da pesquisa. Se for o caso de quantificar 
esses dados, a codificação irá reuni-los em agrupamentos de respostas. A 
tabulação é uma representação gráfica dos dados obtidos, podendo ser na 
forma de tabelas. Em pesquisas de grande vulto, é realizada com auxílio de 
máquinas e, em pesquisas de pequeno porte, pode ser feita manualmente. 
Nas explanações de Oliveira (2001), os recursos da estatística 
permitem trabalhar com média (média – medida mais suada nos 
procedimentos estatísticos); mediana (valor central, ou seja, uma medida de 
posição (50%), mais do que de grandeza); moda (valor mais frequente); média 
aritmética; quartis (dividem o todo em quatro partes iguais); percentis 
(dividem o todo em cem partes iguais) e também a combinação de 
procedimentos, dentre outras alternativas de recursos estatísticos tais como 
razão, porcentagem, proporção. 
Em pesquisas qualitativas, a análise dos dados deve trazer as relações 
existentes entre eles, executando-se, pois, a análise de conteúdo. Nas pesquisas 
qualitativas, portanto, o que se faz é a ANÁLISE DE CONTEÚDO. Trata-se de um 
conjunto de técnicas de análise de comunicação que contém informação sobre 
o comportamento humano, atestado por uma fonte documental, ou seja, 
DEVE SER COMPROVADO DE ALGUMA FORMA - PELA BIBLIOGRAFIA OU 
PELA EMPIRIA (REALIDADE CONCRETA). 
 
 
45 
 
Tal técnica busca compreender criticamente o sentido das 
“comunicações” (dados coletados) em seu conteúdo manifesto ou latente, as 
significações explícitas ou ocultas: categorias/falas recorrentes, conotações, 
decodificações. O pesquisador deve trabalhar, principalmente, com as falas 
recorrentes que sinalizam as categorias de análise da pesquisa. 
A literatura oferece alguns indicativos dos caminhos a serem trilhados 
para poder realizar a análise de conteúdo, mediante as falas recorrentes, como 
já referido. 
a) decompor o texto em unidades recorrentes nas falas; 
b) criar categorias de análise a partir da oralidade dos sujeitos pesquisados; 
c) análise de conotações (sentido atribuído pelos sujeitos); 
d) inovar em diferentes formas de decodificação das comunicações 
realizadas pelo dados coletados; 
e) fazer a leitura e a releitura desses dados à luz do referencial teórico 
adotado. 
 
A recorrência dos elementos verbalizados ou expressados de alguma 
forma é vital para que se faça análise qualitativa em pesquisas sociais. 
CONSTROEM-SE, POIS, CATEGORIAS CONCEITUAIS, base das interpretações 
analíticas da pesquisa, a partir da leitura e releitura dos dados coletados. 
A qualidade do material bibliográfico já foi recomendada quando se 
tratou das pesquisas bibliográficas, reconhecendo-se que não há pesquisa sem 
leituras, cujo teor oferece a fundamentação teórica necessária. Neste momento, 
importa tratar da leitura dos dados coletados na realidade empírica, no 
contexto concreto onde a pesquisa se realiza e sobre o qual deve tecer 
conclusões. 
 
 
46 
 
Chizzotti (2001) refere que em ciências humanas e sociais, o pesquisador 
pode lançar mão de diversos procedimentos ao pretender realizar a análise de 
conteúdo. 
Quando o pesquisador decidir por decompor o texto em unidades 
léxicas( análise lexicológica), se preferir trabalhar por categorias (análise 
categorial), se preferir desvelar o sentido de uma verbalização no momento do 
discurso (análise de enunciação) ou, ainda, se optar por revelar o significado dos 
conceitos em meios sociais diferenciados (análise de conotações), poderá 
privilegiar um desses aspectos ou permanecer atento e fiel a um deles. 
O importante é reconhecer que a análise de conteúdo não pode omitir 
ou deixar sem compreensão o texto e o contexto em sua forma expressa em sua 
expressão oculta. 
Chizzotti (2001, p. 98) reconhece que a escolha dos procedimentos para 
esta modalidade de análise estará afeita ao “próprio estudo em questão, aos 
objetivos desse estudo, às intenções do pesquisador e a seus referenciais 
teóricos, epistemológicos, políticos, sociais culturais, educacionais e 
pedagógicos.” 
OLIVEIRA (2001, p. 192)2 chama atenção para alguns aspectos que 
podem comprometer a investigação. São eles: 
a) confusão entre meras afirmações (devem ser comprovadas) e fatos reais; 
b) incapacidade de reconhecer limitações tanto do próprio pesquisador, 
como do instrumento da pesquisa e dos participantes; 
c) procedimentos estatísticos inadequados (quando for o caso de adotá-
los); 
d) erros de cálculo; 
e) falsos pressupostos não devidamente esclarecidos; 
                                                            
2 Oliveira se refere à obra de J. W. Best, Como investigar en educación., uma segunda edição, publicada em Madri, 
pela edtora Morata, no ano de 1972. 
 
47 
 
f) parcialidade inconsciente do pesquisador, permitindo um envolvimento 
que ignora resultados negativos; 
g) falta de imaginação ou da capacidade de realizar generalizações que 
devem resultar da imaginação, da criatividade, e da intuição, desde que o 
pesquisador seja bem treinado. 
 
A literatura oferece alguns indicativos dos caminhos a serem trilhados 
para poder realizar a análise de conteúdo, mediante as falas recorrentes, como 
já referido. 
a) decompor o texto em unidades recorrentes nas falas; 
b) criar categorias de análise a partir da oralidade dos sujeitos pesquisados; 
c) análise de conotações (sentido atribuído pelos sujeitos); 
d) inovar em diferentes formas de decodificação das comunicações 
realizadas pelo dados coletados; 
e) fazer a leitura e a releitura desses dados à luz do referencial teórico 
adotado. 
 
A recorrência dos elementos verbalizados ou expressados de alguma 
forma é vital para que se faça análise qualitativa em pesquisas sociais. 
Constroem-se, pois, categorias conceituais, base das interpretações analíticas da 
pesquisa, a partir da leitura e releitura dos dados coletados. Nas pesquisas 
qualitativas, portanto, o que se faz é a PROPOSTA DE LÉFÈVRE a seguir - 
ANÁLISE DE CONTEÚDO. 
Trata-se de um conjunto de técnicas de análise de comunicação que 
contém informação sobre o comportamento humano, atestado por uma fonte 
documental (ou seja: comprovado de alguma forma: pela bibliografia ou pela 
empiria). 
 
 
48 
 
Tal técnica busca compreender criticamente o sentido das 
“comunicações” (dados coletados) em seu conteúdo manifesto ou latente, as 
significações explícitas ou ocultas: categorias/falas recorrentes, conotações, 
decodificações. O pesquisador deve trabalhar, principalmente, com as falas 
recorrentes que sinalizam as categorias de análise da pesquisa. 
 
E como realizar essa análise? 
a) decompor o texto em unidades recorrentes nas falas; 
b) criar categorias de análise a partir da oralidade dos sujeitos pesquisados; 
c) análise de conotações (sentido atribuído pelos sujeitos); 
d) inovar em diferentes formas de decodificação das comunicações 
realizadas pelo dados coletados; 
e) fazer a leitura e a releitura desses dados à luz do referencial teórico 
adotado. 
 
Discurso do Sujeito Coletivo – DSC 
Modalidade de análise de conteúdo desenvolvida por Léfèvre e Léfèvre 
(2005), com base em algumas recorrências, o que significa uma expressão 
da análise de conteúdo. 
 
Em seus estudos, esses autores se valem, inicialmente, de tentar refutar a 
dicotomia entre pesquisa de abordagem qualitativa e pesquisa de abordagem 
quantitativa. 
Apresentam algumas falsas motivações que poderiam levar o 
pesquisador a fazer a opção pela pesquisa qualitativa e/ou rejeiçãopela 
pesquisa quantitativa. São elas: 
a) pavor, medo, pânico, rejeição ideológica de números, matemática, 
estatística; 
 
49 
 
b) gosto pelo “literário” ou “poético” ou pelas “ciências humanas e sociais”; 
c) vontade de usar uma metodologia mais “avançada”, “moderna”, 
“politicamente correta” etc.; 
d) crença e que é muito mais fácil fazer pesquisa utilizando metodologia 
qualitativa. (LEFÈVRE; LEFÈVRE; TEIXEIRA, 2000, p. 11). 
 
Não resta dúvida, segundo esses autores, de que há um PRECONCEITO 
significativo a respeito da adoção de práticas qualitativas em detrimento de 
números, estatísticas, gráficos, tabelas, dentre outros recursos considerados 
exatos. 
 
E QUAL A RAZÃO DESSE PRECONCEITO? 
Há a valorização da ideia de que a ciência é determinada por um 
conhecimento “distanciado”, universalmente válido e generalizável. Assim, no 
embate entre esses dois posicionamentos, contra a “ditadura do número” 
se faz a apologia da “qualidade como antinúmero”. 
Com base na metodologia qualitativa, é possível resgatar as 
representações sociais que se expressam nos discursos, nos meios de 
comunicação mediados pelo rádio e pela TV, bem como por recursos de 
multimeios, por jornais, revistas dentre outros. 
Continuando a resgatar as reflexões desses autores, os mesmos 
consideram que existem três níveis de considerações sobre um dado 
problema de pesquisa: descritivo, interpretativo e evolutivo. 
No nível descritivo, o que se obtém são respostas que evidenciam o 
que a população pensa. 
No nível interpretativo, pode-se partir para a compreensão das 
respostas de forma contextualizada e relacionadas entre si. 
 
50 
 
No nível evolutivo ou pragmático, após descrever e interpretar as 
respostas, poder-se-ia pensar em como conduzir progressivamente 
pensamentos e ações que ampliassem o conhecimento. 
O instrumental proposto pelos autores está diretamente ligado à fase 
descritiva e será aplicado mediante entrevista semiestruturada, ou seja, 
mediante a aplicação de formulário, como já exposto anteriormente. A relação 
que se estabelece entre pesquisador e participante da pesquisa (seu sujeito) 
permitirá que a empatia e a proximidade deem ensejo a uma verbalização mais 
rica e esclarecedora. Caso contrário, dados significativos poderiam ficar 
obscuros, como é perfeitamente possível imaginar com a aplicação de 
questionários em que não há a presença do pesquisador e as questões são 
preferencialmente fechadas. 
 
FINALMENTE, COMO ESSA PROPOSTA SE DINAMIZA 
O trabalho se utiliza de quatro figuras metodológicas, a saber: 
ancoragem, ideia central, expressões-chave e o discurso do sujeito coletivo. 
 
Expressões–chave 
As expressões–chave (ECH) são pedaços, trechos ou transcrições literais 
do discurso, que devem ser sublinhadas, iluminadas, coloridas pelo pesquisador, 
e que revelam a essência do depoimento ou, mais precisamente, do conteúdo 
discursivo dos segmentos em que se divide o depoimento (que em geral, 
correspondem às questões de pesquisa). 
 
Ideias centrais 
A ideia central (IC) é um nome ou expressão linguística que revela e 
descreve, da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível, o sentido de 
 
51 
 
cada um dos discursos analisados e de cada conjunto homogêneo de ECH, que 
vai dar nascimento, posteriormente, ao DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO. 
 
Ancoragem 
“Pode-se dizer que quase todo discurso tem uma ancoragem, na medida 
em que está quase sempre alicerçado em pressupostos, teorias, conceitos, 
hipóteses.” (LEFÈVRE et al., 2000, p. 17) (grifo dos autores). Esta ancoragem 
apresenta traços linguísticos explícitos em teorias, conceitos, ideologias que 
existem na sociedade, com os quais os indivíduos convivem consciente ou 
inconscientemente; mas, por serem internalizados por ele de tal forma, estão 
subjacentes às suas práticas cotidianas e profissionais. 
Para os autores, algumas ECH remetem não a uma IC correspondente, 
mas a uma figura metodológica que se denomina ancoragem (AC), ou seja, a 
manifestação linguística explícita de uma dada teoria ou ideologia ou crença 
que o autor do discurso professa e que, na qualidade de afirmação genérica, 
está sendo usada pelo enunciador para "definir" uma situação específica. 
O DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC) terá, de maneira geral, as 
expressões-chave como sua matéria prima. Assim os autores trabalham com 
material coletado mediante questões abertas, geralmente propostas para se 
avaliar as razões subjacentes à escolha das respostas. Tradicionalmente, 
isolavam-se palavras, expressões, conceitos para extrair deles a essência do 
sentido da resposta emitida pelo sujeito da pesquisa. Era o que se chamava (e 
ainda se chama) de categorias. 
Para os autores, os indivíduos que emitiram esses discursos passam a ser 
“equalizados” para evidenciar uma proposta de “cientificidade” aos estudos em 
andamento. A proposta do DSC dispõe total rompimento com uma lógica 
“quantitativo-classificatória”, na medida em que busca resgatar o discurso 
como signo de conhecimentos dos próprios discursos. (ibidem, p. 19) 
 
52 
 
 
Com efeito, com o DSC os discursos não se anulam ou se reduzem a uma 
categoria comum unificadora, já que o que se busca fazer é precisamente o 
inverso, ou seja, reconstruir, com pedaços de discursos individuais, como em um 
quebra-cabeça, tantos discursos-síntese quantos se julgue necessário para 
expressar uma dada “figura”, ou seja, um dado pensar ou representação social 
sobre um fenômeno. (LEFÈVRE; LEFÈVRE; TEIXEIRA, 2000, p. 19). 
 
EM SÍNTESE, O DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO É COMO SE 
O DISCURSO DE TODOS FOSSE O DISCURSO DE UM. 
 
 
 
 
53 
 
UNIDADE 05. A IMPORTÂNCIA DE CONHECER AS 
NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS 
ACADÊMICOS 
 
Objetivo 
Oferecer aos alunos algumas informações sobre formatação e 
apresentação gráfica de trabalhos, sempre em atenção total às normas da ABNT 
e aos padrões institucionais. 
 
Bebendo na fonte 
Citação, segundo a ABNT (NBR 14724:2011; NBR 10520:2002), é uma 
informação extraída de outra fonte. As citações podem ser: 
a) citações diretas ou literais, quando a transcrição do texto original se dá na 
forma de “cópia”; 
b) citações indiretas apenas se baseiam no autor consultado, podendo ser 
uma paráfrase ou uma síntese do texto lido; 
c) citação de citação é a menção a uma informação extraída de uma fonte a 
que não se teve acesso. 
Obs.: Ao escrever o nome do autor citado (em qualquer modalidade de 
citação), a grafia deverá estar composta por letras maiúsculas (inicial) e 
minúsculas, quando a referência estiver fora dos parênteses; e deverá ser toda 
em maiúsculas, quando estiver contida pelos parênteses. 
Quanto à referência relativa a uma citação direta, é preciso colocar o 
ano da obra e a(s) página(s) onde a mesma pode ser lida; se houver mais 
informações, como volume, tomo seção etc., estes também devem ser 
referenciados. 
 
 
54 
 
Citações diretas até três linhas são grafadas em texto contínuo, 
selecionado por aspas duplas. As aspas simples são usadas quando inseridas em 
texto com aspas duplas, ou seja, citação dentro da citação ou apenas destaque 
dado pelo autor. 
Obs: a pontuação para as citações diretas apresentadas entre aspas deve 
obedecer ao seguinte padrão: A) se o texto terminar em ponto final, este virá 
antes de fechar as aspas; B) se o texto não apresentar ponto final, o mesmo será 
grafado após as aspas. 
 
Citações diretas com mais de três linhas devem ser destacadas com 
recuo a 4 cm da margem esquerda, com letra menor do que a utilizada no texto 
e sem as aspas. Deve ser formatado espacejamento simples, deixando 
entrelinhas livres antes e depois da citação. 
 
Nas citações indiretas (paráfrases), as informações, além do ano da 
publicação, têm caráter opcional, ou seja, a indicação da(s) página(s) pode ser 
omitida. 
 
Na citação de citação (autor citado por autor – citaçãode 
“terceiros”), devem ser respeitadas as normas para citações diretas ou 
referenciais; a indicação do autor deverá ser grafada com a palavra latina apud 
que significa: junto a, citado por. 
Obs.: Considera-se importante que a obra referida seja devidamente 
registrada em nota de rodapé, de forma explicativa, uma vez que, por não ter 
sido consultada diretamente, não fará parte das referências bibliográficas. 
 
As referências das citações podem aparecer no texto ou em notas de 
rodapé, podendo-se optar ou pelo sistema de autor-data ou pelo sistema 
 
55 
 
numérico. Nesta última opção, em geral, as notas aparecem no fim do texto. O 
sistema autor-data é o mais utilizado e se apresenta inserido no texto. 
Quanto às notas de rodapé, têm uma dupla função, a saber. 
a) notas de referência (função indicativa) são aquelas que indicam as 
fontes consultadas ou “remetem a outras partes da obra onde o assunto foi 
abordado” (ABNT NBR 10520, ago. 2002, p. 2); 
b) notas explicativas usadas para comentários, esclarecimentos ou 
explanações, consideradas complementares ao texto. Podem oferecer a 
versão original de uma fonte traduzida ou, ao contrário, traduzir uma citação 
escrita no texto na língua original. 
 
Citações referentes a vários documentos de um mesmo autor 
publicados em anos diferentes devem ser apresentadas segundo suas 
respectivas datas de publicação, separadas por vírgula e em ordem decrescente 
das datas. 
 
Citações indiretas de diversos documentos escritos por diferentes 
autores devem se apresentar em ordem alfabética dos nomes, com a data da 
publicação e separadas por ponto e vírgula. 
 
Citações com texto traduzido pelo autor devem conter essa 
informação inserida entre parênteses. 
 
Quando, de alguma forma, a indicação bibliográfica relativa à citação 
se repete, podem ser usados alguns recursos, também assinalados em notas de 
rodapé, a saber3: 
                                                            
3 Estes recursos deverão estar padronizados no decorrer de todo o texto. 
 
 
56 
 
a) passim: a ideia contida na citação permeia todo o texto lido. Exemplo: 
Silva (1999, passim); 
b) ibid. (ibidem): quando ocorrem citações de um mesmo autor e de uma 
mesma obra grafadas na mesma página; 
c) id. (idem): quando ocorrem citações de um mesmo autor, mas com 
obra diferente grafadas na mesma página; 
d) cf. (conferir ou conforme): quando a citação é apenas referencial 
(indireta) e indica-se a leitura do texto no qual a idéia apresentada está 
contida; 
e) op. cit (opus citatum = obra citada): em geral, esta norma é utilizada 
quando um autor está presente no trabalho apenas com uma de suas 
obras; com este recurso, evita-se a repetição desnecessária do título da 
obra toda vez que a mesma for assinalada. Exemplo: Silva (op. cit.); 
f) loc cit (loco citato = no lugar citado): ao repetir a mesma referência no 
rodapé, basta dizer que ela se encontra no mesmo local da nota anterior. 
Exemplo: Silva (1999, p. 40); Silva (loc cit.); 
g) et seq. (sequentia = em seqüência, o que segue): quando se aponta o 
ano e a página, indicando que a mesma referência se encontra em 
páginas seguintes. 
 
Obs.: Ainda com relação às citações, podem ocorrer determinadas 
situações para as quais há uma normatização específica, conforme a seguir. 
Supressões, interpolações, comentários, ênfases, destaques devem ser indicados 
mediante o uso de colchetes e de reticências [...]: 
a) supressões: quando se interrompe a continuidade do texto que está 
sendo citado de forma direta; 
 
57 
 
b) interpolações, acréscimos, comentários: são informações inseridas na 
citação para esclarecer ou indicar algum tipo de sentimento em relação 
ao que está sendo citado. 
c) ênfase ou destaque: de preferência, o negrito (segundo a decisão do 
autor, mas padronizado no decorrer de todo o trabalho). 
 
Quando os dados apresentados decorrem de informação verbal 
(palestras, aulas, debates, comunicações etc.), indicar, entre parênteses, a 
expressão informação verbal, referindo os dados disponíveis em nota de 
rodapé. 
Da mesma forma deverá ser referida obra ainda em elaboração, 
indicando-se, também em nota de rodapé, os dados disponíveis, como: autor, 
coautoria (se houver), título (definitivo ou provisório), previsão de término ou de 
publicação; neste último caso, deve-se registrar “no prelo”, ou seja, indica-se 
que a obra já está na gráfica ou na editora para ser publicada. 
Caso ocorra a necessidade de indicar a fonte real do que está 
redigido (seja ela oral seja ela escrita), indica-se o uso da expressão latina sic 
(assim, desta maneira) para eximir o autor da responsabilidade por erros 
gramaticais, informações cuja fonte poderia ser contestada etc.. 
Ao desejar dar ênfase a algumas palavras integrantes da citação, 
usando o negrito ou o sublinhado, deve-se escrever ao final da mesma (o grifo 
é nosso) ou (grifo do autor), indicando quem é o autor do grifo. 
 Citações em outro idioma devem ser traduzidas. 
 
Ampliando horizontes 
Para a ABNT (6023, 2002, p. 2), as referências são um “conjunto 
padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que 
permite sua identificação visual”. A referência é constituída de elementos 
 
58 
 
essenciais e, quando necessário, acrescida de elementos complementares. Caso 
a opção seja feita pelo uso dos elementos complementares, estes deverão ser 
usados em toda a lista de referência. São eles: editor, tradutor, compilador, 
suporte, páginas, volume, número, notas etc.. 
Os elementos essenciais são informações indispensáveis à identificação 
do documento: autor(es), título, edição, local, casa editora e data da publicação. 
Todos os autores citados no texto precisam ser listados na página de 
Referências. Não se pode colocar nessa página autores que não foram citados 
no texto. Neste caso, inicia-se uma nova página com o título Bibliografia 
consultada. 
 
Formas de entrada (referência) de autores 
O autor é definido por pessoa física responsável pela criação do 
conteúdo intelectual do documento. Indica-se o(s) autor(es) pelo sobrenome, 
em maiúsculas, seguido do prenome, abreviado ou não. No caso de haver mais 
de um autor e até três, separa-se por ponto e vírgula, seguido de espaço (ABNT, 
2002). Se houver mais de três autores, menciona-se o primeiro seguido da 
expressão latina et al. 
Autor único CAMARGO, G. M. 
 CAMARGO, Genesio Medeiros 
Dois ou três autores NOVAES, C.; ROSSI, A; SILVA, L. 
 NOVAES, Carlos; ROSSI, André; SILVA, Leo 
Mais de três autores VIEIRA, L. et al. 
 
Autores com sobrenome composto, indicativo de vínculo familiar: 
 FERNANDEZ JÚNIOR, D. 
 JUAREZ SOBRINHO. H. 
 RIBEIRO NETO, W. 
 
59 
 
 
Autoria desconhecida 
A autoria será pela primeira palavra do título em maiúsculas. 
Exemplo: DIAGNÓSTICO da educação brasileira 
 
Entidades Coletivas 
Para sociedades, organizações, empresas, instituições, inicia-se a 
referência pela instituição responsável pela publicação. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DR. EDMUNDO ULSON. 
 
Para órgãos da administração pública, inicia-se pelo nome da jurisdição 
geográfica (País, Estado ou Município), seguido pela denominação do órgão. 
BRASIL. Ministério da Agricultura 
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente 
 
Para entidades com denominação específica que as identifica, a entrada é 
feita pelo nome da unidade geográfica a que pertencem. 
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil) 
INSTITUTO MÉDICO LEGAL (São Paulo) 
 
Eventos científicos 
Para documentos originados em eventos científicos, indica-se o nome do 
evento em maiúsculas, seguido do número do evento, ano e local de realização. 
CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO UNAR, IX., 2011, Araras, São Paulo. 
 
Livros 
Títulos e subtítulos 
 
60 
 
Na elaboração das referências bibliográficas, o título deve ser destacado 
em negrito

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