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Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III O Crime não compensa Objetivos: 1. Estudar a fisiopatologia da insuficiência cardíaca; 2. Entender a manifestação clínica e a classificação da insuficiência cardíaca; 3. Compreender a epidemiologia da insuficiência cardíaca; 4. Avaliar como ocorre a evolução da insuficiência cardíaca no coração; 5. Listar os fármacos. Fisiopatologia A falência do coração é chamada de insuficiência cardíaca congestiva (ICC); É caracterizada pela incapacidade do coração em bombear o sangue adequado para as necessidades metabólicas dos tecidos na presença de retorno venoso normal ou pela capacidade de realizar bombeamento suficiente somente na presença de elevadas pressões de enchimento (pressão diastólica final); Tanto a incidência quanto a prevalência da IC vem crescendo, estando associada a taxas crescentes de hospitalização e mortalidade; Estima-se que essa doença acometa cerca de 5 milhões de indivíduos nos EUA (aproximadamente 2% da população); No Brasil, é responsável por cerca de 1 milhão de hospitalizações no SUS, sendo apontada como um importante problema de saúde pública; Acredita-se que o aumento na prevalência se deve ao aumento na expectativa de vida, uma vez que há um acometimento preponderante em faixas etárias mais elevadas; Mulheres apresentam uma incidência e prevalência relativas menores que os homens, porém, constituem pelo menos a metade dos casos devido a sua expectativa de vida ser mais alta que a dos homens; A IC pode ser resultado de inúmeras doenças cardíacas e/ou sistêmicas; A causa mais comum é a redução da contratilidade miocárdica (função sistólica alterada), que pode ser originada por Infarto agudo do miocárdio (IAM), fase dilatada da cardiopatia hipertensiva e miocardiopatias; Porém outras causas também são observadas, tais como as condições que interferem no enchimento ventricular (função diastólica alterada), as anormalidades mecânicas, os distúrbios da frequência e do ritmo cardíaco, a cardiopatia pulmonar e os estados de alto débito; Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Nos adultos, em aproximadamente 69% dos casos, a IC está associada à disfunção sistólica do ventrículo esquerdo; Já nos 40% restantes, a IC está relacionada com a disfunção diastólica, condição que vem sendo mais observada com o aumento da expectativa de vida da população. Manifestação Clínica As manifestações iniciais da disfunção hemodinâmica (redução no volume de ejeção e elevação das pressões de enchimento ventriculares) apresentam efeitos em cascata nos reflexos cardíacos e na perfusão e função dos órgãos sistêmicos. Isso estimula respostas compensatórias interdependentes, envolvendo os sistemas cardiovascular e neuro-hormonal, além de alterações na fisiologia renal; As respostas neuro-hormonais consistem basicamente em três mecanismos: liberação de norepinefrina pelos nervos simpáticos do coração (eleva a FC e aumenta a contratilidade do miocárdio e resistência vascular); ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona e liberação do peptídeo natriurético atrial (estes últimos mecanismos responsáveis por ajustar os volumes de enchimento e pressão); Já a resposta cardíaca consiste principalmente no mecanismo Frank-Starling. De acordo com esse mecanismo, quanto maior for o volume diastólico final, maior será o débito cardíaco e a fração de ejeção; O volume diastólico final alto estira as fibras musculares do coração e essas, por reflexo miogênico, se contarem com mais vigor, mantendo o débito cardíaco; Esses mecanismos compensatórios são gerados na tentativa do sistema cardiovascular manter a homeostasia; Inicialmente, eles conseguem manter o bom funcionamento do coração, contudo com o passar do tempo eles prejudicam o coração, causando cardiotoxicidade e remodelamento cardíaco (induz apoptose de miócitos e proliferação de fibroblastos), piorando em longo prazo os sintomas da síndrome; Sendo assim, a terapêutica da insuficiência cardíaca visa inibir esses mecanismos, basicamente, através do bloqueio do neural e do sistema renina- angiotensina-aldosterona. Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Classificação Classificação da New York Heart Association (NYHA): avalia a classe funcional do paciente e, apesar do grau de subjetividade, tem boa correlação com prognóstico e qualidade de vida. Classe I: ausência de sintomas (dispneia) durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é semelhante a esperada para indivíduos normais; Classe II: sintomas desencadeados por atividades cotidianas; Classe III: sintomas desencadeados por atividades menos intensas que as cotidianas ou aos pequenos esforços; Classe IV: sintomas em repouso. Classificação da American Heart Association (AHA): Estágio A: ou funcional; sem sinais ou sintomas; Estágio B: desenvolvida, fortemente associ aca, mas sem sinais e sintomas; Estágio C: Estágio D: Insuficiência ventricular esquerda Os pacientes com insuficiência ventricular esquerda apresentam-se mais comumente com uma sensação de falta de ar (dispnéia), particularmente quando em decúbito (ortopnéia), ou à noite (dispneia paroxística noturna); Além disso, o paciente pode queixar- se de hemoptise e, ocasionalmente, de dor torácica; Fadiga, nictúria e confusão mental também podem ser causadas por insuficiência cardíaca; Ao exame físico, o paciente em geral tem freqüências respiratória e cardíaca elevadas. A pele pode ser pálida, fria e suarenta; Na insuficiência cardíaca grave, a palpação do pulso periférico pode revelar uma alternância de batimentos fortes e fracos (pulsus alternans); A ausculta dos pulmões revela sons anormais, chamados de estertores, que têm sido descr “ h ” Além disso, as bases dos campos pulmonares podem apresentar macicez à percussão; Ao exame cardíaco, o impulso apical freqüentemente está deslocado lateralmente Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III e mantido. As terceira e quarta bulhas cardíacas podem ser ouvidas à ausculta do coração; Sinais de insuficiência ventricular direita também podem estar presentes, porque muitos pacientes com insuficiência ventricular esquerda também têm insuficiência do ventrículo direito associada. CAUSAS Insuficiência ventricular direita Os sintomas de insuficiência do ventrículo direito incluem falta de ar, edema podálico e dor abdominal; Os achados ao exame físico são semelhantes àqueles da insuficiência ventricular esquerda, mas em posições diferentes, porque o ventrículo direito, anatomicamente, fica anterior e à direita do ventrículo esquerdo; Os pacientes com insuficiência ventricular direita podem ter uma terceira bulha cardíaca mais audível na reborda esternal, ou uma impulsão sistólica mantida do esterno; A inspeção do pescoço revela pressões venosas jugulares elevadas. Como a causa mais comum da insuficiência ventricular direita é a insuficiênciaventricular esquerda, os sinais desta última também estão presentes, frequentemente; A insuficiência ventricular direita pode dever-se a várias causas. Como mencionado, a insuficiência do ventrículo esquerdo pode causar insuficiência ventricular direita, por causa do aumento da pós-carga sobre o ventrículo direito; A pós-carga aumentada também pode estar presente por anormalidades das artérias, ou dos capilares, pulmonares. Por exemplo, o aumento do fluxo por um shunt congênito pode causar constrição reativa da artéria pulmonar, aumento da pós-carga ventricular direita, e, finalmente, insuficiência do ventrículo direito; A insuficiência ventricular direita pode ocorrer como uma seqüela de doença pulmonar (cor pulmonale), por causa da destruição do leito capilar pulmonar, ou da vasoconstrição das arteríolas pulmonares, induzida pela hipóxia; A insuficiência ventricular direita também pode ser causada por isquemia do ventrículo direito, geralmente no cenário de um infarto miocárdico da parede inferior. CAUSAS Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III A fisiopatologia da insuficiência ventricular direita é semelhante àquela descrita para o ventrículo esquerdo; Anormalidades do ventrículo direito, tanto sistólicas quanto diastólicas, podem estar presentes e ocorrem, em geral, por causa de cargas inapropriadas impostas ao ventrículo, ou por perda primária da contratilidade dos miócitos; Os pacientes com insuficiência ventricular direita isolada (hipertensão pulmonar, cor pulmonale) podem ter uma razão mecânica para a insuficiência ventricular esquerda; O septo interventricular, em geral, é arqueado na direção do ventrículo direito, que tem a parede mais delgada e a pressão mais baixa; Quando a pressão ventricular direita aumenta em relação à esquerda, o septo interventricular pode encurvar-se para a esquerda e impedir o enchimento eficiente do ventrículo esquerdo, o que pode levar à congestão pulmonar; Em casos raros, o arqueamento pode ser tão intenso que o fluxo de saída do ventrículo esquerdo pode ser parcialmente obstruído. Esse fenômeno é denominado “ B h ” Diagnóstico Avaliação laboratorial: Observar sinais e sintomas de pacientes com indícios de I.C., assim busca-se avaliar sua função renal, eletrolítica e possíveis lesões de outros órgãos-alvo; Eletrocardiograma em repouso: As 12 derivações possibilitam a visualização de possíveis cardiopatia estrutural (H.V.E.), isquemia do miocárdio, áreas fibróticas, distúrbios de condução de sinais, bradicardia ou taquiarritmias; Radiografia de tórax: Avaliação da cardiomegalia e congestão pulmonar; Ecocardiograma: Avaliação ampla do estado do paciente, já que possibilita a análise de alterações estruturais, anormalidades no miocárdio, das válvulas e do pericárdio. Incluímos aqui também a análise dos aspectos hemodinâmicos. - ecocardiograma transeofágico; Ressonância magnética: Possibilita avaliação estrutural/funcional, medidas volumétricas, massa miocárdica e fração de ejeção ventricular; SPECT de perfusão miocárdica: Avalia principalmente a presença de angina (decorrente de isquemia); PET: Tomografia por emissão de pósitrons - Avalia o metabolismo energético do miocárdio e sua viabilidade; Teste de esforço cardiopulmonar: A ergoespirometria auxilia na visualização qualitativa e quantitativa da capacidade funcional (VO2 pico); Biomarcadores. Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Fármacos Diuréticos: Reduzem a pressão arterial por meio da depleção do sódio corporal, diminuição do volume sanguíneo e, talvez, outros mecanismos; Com o advento dos diuréticos, a restrição de sódio passou a ser considerada menos importante. Entre�tanto, existe atualmente um consenso de que o controle dietético da pressão arterial constitui uma medida terapêutica relativamente atóxica que pode ser até mesmo preventiva; A restrição dietética de sódio, mesmo quando modesta, produz uma redução da pressão arterial (mesmo em graus variáveis) em muitos indivíduos hipertensos. Mecanismo de ação e efeitos hemodinâmicos dos diuréticos: Reduzem a pressão arterial sobretudo ao produzirem depleção da reservas corporais de sódio; Inicialmente, reduzem a pressão arterial ao diminuírem o volume sanguíneo e o débito cardíaco; pode ocorrer aumento da resistência vascular periférica; Entre 6 e 8 semanas, o débito cardíaco normaliza e a resistência vascular periférica declina; O sódio causa a resistência periférica pelo aumento da rigidez dos vasos e reatividade neural, através da troca sódio/cálcio, com o aumento do cálcio intracelular e do sódio extracelular; São responsáveis pela diminuição de 10-15 mmHg, isoladamente conseguem tratar adequadamente pacientes com hipertensão essencial leve ou moderada; Na hipertensão mais grave, outros fármacos como simpaticoplégicos e vasodilatadores são associados. Nesses casos, altera-se a responsividade vascular, fazendo com que a rede vascular se torne um tubo rígido; Esse efeito faz com que a pressão arterial seja bem controlada quando o volume sanguíneo estiver dentro de 95% do normal, porém se torna elevada se o volume sanguíneo alcança 105% do normal; Embora todos os diuréticos tiazídicos reduzem a pressão arterial, a clortadilona é utilizada preferencialmente pela redução dos eventos cardiovasculares; Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Na hipertensão grave são necessários diuréticos que atuem na Alça de Henle, como a furosemida. Bloqueadores de Angiotensina: Esses agentes bloqueiam a produção ou a ação de angiotensina e, portanto, reduzem a resistência vascular periférica e (potencialmente) o volume sanguíneo; Três classes de fármacos atuam de modo específico sobre o sistema renina-angiotensina: os inibidores da ECA, os inibidores competitivos de angiotensina em seus receptores, incluindo o losartana e outros antagonistas não peptídicos e o alisquireno, um antagonista da renina ativo por via oral; Um quarto grupo de fármacos, os inibidores do receptor da aldosterona (p. ex., espironolactona, eplerenona), é discutido com os diuréticos; Além disso, os β-Bloqueadores podem reduzir a secreção de renina. Os inibidores da angiotensina II reduzem a pressão arterial principalmente ao diminuir a resistência vascular periférica; Não ocorre alteração significativa do débito cardíaco e da frequência cardíaca; Ao contrário dos vasodilatadores diretos, esses agentes não resultam em ativação simpática reflexa e podem ser utilizados com segurança em indivíduos portadores de cardiopatia isquêmica; A ausência de taquicardia reflexa pode decorrer do reajuste para baixo dos barorreceptores ou do aumento da atividade parassimpática. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA): Captopril e outros fármacos dessa classe inibem a enzima conversora, a peptidildipeptidase, que hidrolisa a angiotensina I em angiotensina II e (com a designação de cininas plasmática) inativa a bradicinina, um potente vasodilatador, que atual, pelo menos em parte, estimulando a liberação de óxido nítrico e de prostaciclina; O enalapril é um profármaco oral, convertido por hidrólise em inibidor da enzima conversora, o enalaprilate, cujos efeitos assemelham-se aos do captopril; Os inibidores da ECA também podem colaborar no tratamento da insuficiência cardíaca e após infarto do miocárdio, além disso, há evidências de que reduzem a incidência de diabetes em pacientes com algo risco cardiovascular. Fernanda Jorge Martins– 3º Período @fernandamartins.med APG III Referências Bibliográficas 1. HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. 2. KATZUNG, B.G; MASTERS, S.B.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e Clínica. 13ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora , 2017. 3. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2015.
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