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PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA HEMATOLOGIA I 1. Via de estímulo da eritropoiese: A eritropoiese é o processo que corresponde à formação dos eritrócitos (hemácias ou células vermelhas do sangue). Este processo é dinâmico e envolve os processos de mitose, síntese de DNA e hemoglobina, incorporação do ferro, perda de núcleo, organelas e resulta na produção de glóbulo vermelho sem núcleo e com reservas energéticas. A formação das células sanguíneas ocorre na medula óssea vermelha, a partir das células- tronco hematopoiética (célula pluripotente) que dá origem a célula mielóide comum, esta célula mielóide comum vai dar origem a outra célula o proeritroblasto, o proeritroblasto vai dar origem a outra célula o eritroblasto basófilo, o eritroblasto basófilo vai dar origem a um eritroblasto policromático, o eritroblasto policromático vai dar origem a outra célula o eritroblasto ortocromático, o eritroblasto ortocromático expulsa o núcleo da célula e apartir daqui a cálula não é mais capaz de fazer mitose, sendo assim dará origem aos reticulócitos, e finalmente os reticulócitos dará origem as hemácias. OBS: ESTE PROCESSO NOS ANIMAIS OCORRE EM DIFERENTES LUGARES DEPENDENDO DA IDADE DO MESMO. NA VIDA INTRA-UTERINA, OS ERITRÓCITOS SÃO PRODUZIDOS PELO SACO VITELINO NO PRIMEIRO TRIMESTRE, PELO FÍGADO, NO SEGUNDO, E PELA MEDULA ÓSSEA A PARTIR DO TERCEIRO TRIMESTRE E CONTINUA APÓS O NASCIMENTO. OBS: DURANTE O PROCESSO VAI CADA VEZ DIMINUINDO O TAMANHO DA CÉLULA E CONDENSANDO O MATERIAL GENÉTICO, E VAI AUMENTANTO A PRODUÇÃO DE HEMOGLOBINA. RESUMINDO: MEDULA ÓSSEA VERMELHA > ATRAVÉS DAS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉICA > ORIGINA- SE A CÉLULA MIELÓIDE COMUM > PROERITROBLASTO > ERITROBLASTO BASÓFILO > ERITROBLÁSTO POLICROMÁTICO > ERITROBLÁSTO ORTOCROMÁTICO > RETICULÓCITOS > HEMÁCIAS. 2. Índices hematimétricos: Os índices hematimétricos avaliam indiretamente as características dos eritrócitos quanto ao volume e o conteúdo de hemoglobina. A determinação do tamanho das hemácias é importante para auxiliar na compreensão das causas das anemias. 2.1. Volume Globular Médio (VGM) Volume Globular Médio (VGM) ou Volume Corpuscular Médio (VCM): representa a determinação média do volume dos eritrócitos, pois em uma mesma amostra de sangue podem ocorrer hemácias de tamanhos ligeiramente diferentes. Assim, o VGM é o índice de tamanho e é referido em fentolitros (fLs). OBS: Visto que o hematócrito e a hemoglobinemia são variáveis entre as espécies é esperado que ocorra o mesmo com o VGM, sendo necessário utilizar os valores de referência para avaliá-lo. 2.1.1. Como se refere a tamanho, o VGM serve para classificar as anemias em: 2.1.1.1. Macrocítica: VGM acima do valor máximo esperado para a espécie em questão; 2.1.1.2. Normocítica: VGM dentro dos intervalos de referência para a espécie avaliada; 2.1.1.3. Microcítica: VGM abaixo do valor mínimo esperado para a espécie. 2.2. Concentração de Hemoglobina Globular Média (CHGM): esta estima a média, em porcentagem, de quanto o eritrócito está preenchido pela hemoglobina. Assim, considera-se que o eritrócito tenha um espaço de 100% e o CHGM representa o quanto destes 100% está ocupado por hemoglobina. Este parâmetro serve para classificar morfologicamente as anemias em dois tipos: normocrômica e hipocrômica, a partir dos valores de referência tomados para cada espécie. 2.2.1. Anemia normocrômica: quando o CHGM encontra-se dentro de seus intervalos de referência; 2.2.2. Anemia hipocrômica: quando o CHGM está abaixo do limite inferior. OBS: NÃO HÁ HIPERCROMIA, POIS O ERITRÓCITO JAMAIS TERÁ MAIS DO QUE 36% DE SEU INTERIOR OCUPADO POR HEMOGLOBINA; PORÉM, O CHGM PODE SE APRESENTAR ACIMA DE 36%, O QUE SIGNIFICA QUE HOUVE HEMÓLISE INTRAVASCULAR (IN VIVO) OU EXTRAVASCULAR (IN VITRO), CUJA CAUSA DEVERÁ SER INVESTIGADA. 2.3. RDW: Red Blood Cell Distribution Width (RDW): referido em português como grau de anisocitose, mas cuja sigla é mantida, avalia a distribuição dos eritrócitos em relação a sua largura, funcionando como marcador da existência ou não da anisocitose, pois reflete o grau de heterogeneidade entre as hemácias, considerado equivalente à anisocitose observada na extensão sanguínea. Este índice hematimétrico somente é calculado pelos contadores hematológicos. Com o estabelecimento do RDW, foi proposta uma nova classificação para as anemias humanas baseadas no VGM e no RDW. Viu-se que o RDW complementa o VGM para melhorar a classificação das anemias e foi sugerida uma classificação baseada no tamanho médio e na heterogeneidade das hemácias. Desta forma, as anemias EM HUMANOS são, atualmente, classificadas de acordo com o VGM (baixo, normal e alto); e o RDW, em normal (homogênea) e alto (heterogênea), o que possibilita ao clínico um diagnóstico diferencial mais acurado. OBS: A UTILIZAÇÃO DO RDW NA MEDICINA VETERINÁRIA ENCONTRAM-SE POUCAS REFERÊNCIAS E AINDA HÁ DISCORDÂNCIA ENTRE OS AUTORES QUANTO À PRESENÇA DESTAS CORRELAÇÕES, À UTILIZAÇÃO PRÁTICA DO RDW PARA OS ANIMAIS, E TAMPOUCO SOBRE SEUS VALORES DE REFERÊNCIA.VALOR NORMAL: 11,5 A 14,5 %. 3. Avaliação quantitativa das hemácias: 3.1. Forma: A hemácia possui formato de disco bicôncavo e em seu interior encontra-se a proteína hemoglobina, relacionada com o transporte de gases. Em ambiente isotônico, as hemácias costumam apresentar 7,5 μm de diâmetro, 2,6 μm de espessura na borda e 0,8 μm na região central. O formato bicôncavo das hemácias facilita as trocas gasosas por aumentar a superfície da célula. Sua forma deve-se à presença de proteínas estruturais no citoesqueleto. Quando essas proteínas apresentam alguma anormalidade, o formato das hemácias é comprometido. 3.1.1. Forma anormal (Poiquilocitose): 3.1.1.1. Acantócito: eritrócitos espiculados (com forma estrelar, prolongamentos irregulares e comprimentos desiguais). A membrana do eritrócito tem excesso de colesterol em relação aos fosfolipídios, patogênese ligada a doenças hepáticas (cirrose, lipidose em felinos) e esplênicas (hemangiossarcoma em cães). 3.1.1.2. Equinócito: eritrócitos espiculados (projeções pequenas, regulares e pontas rombas). Comum em bovinos. Demora processamento da amostra, secagem retardada da lâmina, excesso de EDTA, resfriamento. Uremia, neoplasias, desidratação, alcalose metabólica, picada de Cascavel. 3.1.1.3. Esferócitos: parecem pequenos, intensamente corados, sem palidez central. Ptose parcial da membrana do eritrócito-anticorpos ou complemento em sua superfície. Presença significativa e sugere AHIM, identificáveis apenas em cães. 3.1.1.4. Esquistócitos: fragmentos de eritrócitos decorrentes de um traumatismo intravascular (defeito na produção ou acelerada destruição). Casos de vasculite, CID, mielofibrose, doença hepática grave, falência cardíaca, glomerulonefrite, hemangiossarcoma e deficiência severa de ferro. 3.2. Coloração: A coloração típica das hemácias e dada pelo teor de hemoglobina da célula. 3.2.1. Normocrômicas: concentração de hemoglobina dentro dos valores de referência para espécie. 3.2.2. Hipocrômicas: concentração de hemoglobina abaixo dos valores de referência para espécie. 3.2.3. Hipercrômicas: concentração de hemoglobina globular média acima dos valores de referência para a espécie. Entretanto, fisiologicamente não existem hemácias hipercromicas, pois à hemácia tem um grau de saturação para hemoglobina. 3.3. Tamanho: 3.3.1. Tamanho anormal: 3.3.1.1. Microcitose: anemias crônicas principalmente ferropriva. Quanto maior a quantidade, mais grave. É fisiológica em animais idosos e em algumas raças. 3.3.1.2. Macrocitose: presente em reticulocitose, hipertireoidismo, deficiência de fatores de multiplicação. Mais comum em determinadas raças e animais jovens. 3.3.1.3. Anisocitose: quanto mais grave a anemia, maior é a ocorrência. 3.4. Inclusões: os eritrócitos podem apresentar inclusões ou corpúsculos em seu citoplasma que apresentam diferentesformas e significados. São restos de organelas, restos nucleares, virais e parasitárias. As principais inclusões intracitoplasmáticas em eritrócitos são: 3.4.1. Corpúsculos de Howell-Jolly: são pontos que se coram fortemente, apresentando a cor roxa ou quase preta e geralmente estão na periferia das células. Esses corpúsculos são formados por resquícios de núcleo no citoplasma, por isso denotam a liberação de células jovens na circulação e estão presentes nas anemias regenerativas. Geralmente o baço acaba recolhendo estas células da corrente sanguínea. 3.4.2. Corpúsculos de Heinz: estes corpúsculos são formados a partir da oxidação da hemoglobina que é vista na forma de projeções pálidas ou refratárias à coloração na periferia dos eritrócitos. Eles surgem após o animal ter recebido algum tipo de sustância oxidante (anemias hemolíticas tóxicas); também podem aparecer em gatos com enteropatias graves causadas por agentes tóxicos e na hemoglobinúria pós-parto das vacas. 3.4.3. Ponteado basófilo: trata-se da precipitação do RNA citoplasmático formando pontos azuis ao longo da hemácia. Seu significado é o mesmo da policromatofilia, pois indica a presença de um eritrócito jovem. No entanto, um ponteado grosseiro, sem que o animal apresente anemia ou esta seja muito discreta, indica intoxicação por chumbo, chamada saturnismo, mais frequente em cães e seres humanos. 3.4.4. Inclusões virais: as inclusões virais geralmente aparecem róseas ou azuladas e são de tamanho variável. Além dos eritrócitos, os leucócitos também podem apresentar estas inclusões. No caso da cinomose, as inclusões são chamadas corpúsculos de Sinegaglia-Lentz. 3.5. Rouleaux eritrocitário ou hemácias em rouleaux: Nos esfregaços sanguíneos, na área apropriada para leitura, as células e distribuem monocamadas. As hemácias apresentam carga elétrica negativa determinada, principalmente, pelo ácido siálico contido em algumas glicoproteínas da membrana. Dessa forma, as hemácias sofrem o fenômeno de repulsão denominado potencial zeta, fazendo com que essas células apareçam separadas uma das outras. Em algumas situações, como exemplo em processos inflamatórios e infecciosos, o aumento das proteínas plasmáticas faz com que esse potencial zeta seja perdido e as hemácias se distribuam uma sobre as outras, sendo esse achado denominado rouleaux eritrocitário. 3.6. Aglutinação: é a presença de agregados de hemácias devido à presença do ponto de anticorpos. É um achado sugestivo de anemia hemolítica imunomediada e ocorre também em transfusões com sangue imcompatíveis. Pode ser visto tanto micro como macroscopicamente. HEMATOLOGIA II 1. Policitemia/Eritrocitose: É considerada contrária da anemia. Significa o aumento do número das células sanguíneas, sejam hemácias, plaquetas ou leucócitos. No hemograma a eritrocitose é caracterizada por elevação da contagem global de hemácias (CGH), do heritócrito (Ht) e da concentração de hemoglobina (Hb). A policitemia pode ser classificada como relativa ou absoluta. 1.1. Policitemia relativa: não ocorre uma verdadeira elevação indices eritrocitários (CGH, Ht e HB), que sim uma hemoconcentração resultante de desidratação ou contração esplênica. OBS: A PRINCIPAL CAUSA DE POSE TEMIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA É A DESIDRATAÇÃO. 1.2. Policitemia absoluta: ocorre o aumento verdadeiro na produção de hemácias, mediada ou não por EPO, se resulta em elevação nos valores de He, Hb e Ht. A posse temer a verdadeira pode ser classificada como primária ou secundária. 1.2.1. Policitemia verdadeira primária: é uma doença raramente descrita em animais. Pode ser uma doença familiar ou neoplásica. A eritrocitose primaria neoplásica é observada em caso de policitemia Vera que é uma desordem mieloproliferativa crônica (leucemia eritroide crônica). OBS: A POLICITEMIA VERA É UMACONDIÇÃO NEOPLÁSICA, EM QUE A PRODUÇÃO DE GLÓBULOS VERMELHOS É AUTÔNOMA, INDEPENDENTE DA CONCENTRAÇÃO DE ERITROPOIETINA (EPO). 1.2.1. Policitemia verdadeira secundária: ocorre geralmente devido ao aumento na produção de eritropoetina, resultante de situações de hipoxia tecidual. Esse tipo de posse temia ocorre em doenças cardiovasculares e respiratórias. Pode ocorrer também associada a neoplasias produtoras de EPO ou doença renal, que estimula a produção de EPO sem hipóxia. 2. Anemias: Reflete uma redução na contagem global de hemácias (CGH), hematócrito (Ht) e na concentração de hemoglobina (HB). Anemia pode ser classificada como absoluta (verdadeira) ou relativa (falsa). Na anemia relativa ocorre uma hemodiluição, causada pelo aumento do volume plasmático, resultando em uma falsa redução na contagem global de hemácias (CGH), no hematócrito (Ht) e na concentração de hemoglobina (Hb). Na anemia absoluta ocorre uma real redução no número de células vermelhas, resultando em alterações do eritrograma caracterizada por diminuição da CGH, do Ht e da Hb. OBS: PODE OCORRER UMA FALSA ANEMIA EM ANIMAIS GESTANTES, LACTANTES, FILHOTES E EM CASOS DE TERAPIAS COM ADMINISTRAÇÃO DE FLUIDOS. OBS: SINTOMAS E SINAIS CLÍNICOS OBSERVADOS EM ANIMAIS ANÊMICOS SÃO BEM ABRANGENTES E PODEM SER CLASSIFICADOS EM TRÊS CAUSAS: 1) REDUÇÃO DA VOLEMIA (VOLUME SANGUÍNEO): - PALIDEZ DAS MUCOSAS; - PALIDEZ DOS ÓRGÃOS E TECIDOS. 2) HIPÓXIA (REDUÇÃO DO FORNECIMENTO DE O2 PARA OS ÓRGÃOS E TECIDOS): - CIANOSE: COLORAÇÃO ARROXEADA DAS MUCOSAS E EXTREMIDADES; - INTOLERÂNCIA AO EXERCÍCIO/APATIA; - DISPNEIA; - DISFUNÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS. 3) MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO DO ORGANISMO: - TAQUICARDIA (ACELERAÇÃO DO PULSO); - DISPNEIA. 2.1. Classificação com base no grau de regeneração medular: As anemias podem ser classificadas, de acordo com a resposta da medula óssea, em dois tipos: regenerativa e arregenerativa. Avaliação da resposta medular é um passo inicial na caracterização de uma anemia. 2.1.1. Anemias regenerativas: as produções de hemácias na medula óssea mantêm-se normal ou pode estar aumentada para tentar restabelecer a redução dessas células no sangue periférico. As anemias regenerativas são causadas por hemorragias ou hemólise. Nessas situações, a redução na quantidade de hemácias no sangue estimula a produção de eritropoetina que vai atuar na medula óssea favorecendo a proliferação e diferenciação das células precursoras. 2.1.2. Anemias arregenerativas: a medula óssea não consegue manter ou aumentar a produção de hemácias em consequência de lesões na medula óssea ou carência de substratos necessários a eritropoiese. 2.2. Classificação morfológica: A avaliação morfológica das anemias é realizada através da interpretação dos resultados dos índices hematimétricos (VGM e CHGM) expressos no hemograma. as hemácias normais são referidas como normocíticas e normocrômicas, ou seja, o VGM e CHGM estão dentro dos intervalos de referência para espécie. Com base na interpretação desses índices as hemácias podem ser classificadas em: 2.2.1. Macrocíticas: vgm acima do intervalo de referência. 2.2.2. Microcíticas: Vgm abaixo do intervalo de referência. 2.2.3. Hipocrômicas: CHGM abaixo do intervalo de referência. 2.2.4. Hipercrômicas: CHGM acima do intervalo de referência. Não existe hipercromia verdadeira, pois a um grau de saturação da hemoglobina dentro da célula. VGM CHGM INTERPRETAÇÃO CLÍNICA Normocíticas Normocrômicas Não regenerativa, anemias das doenças crônicas. Normocíticas Hipocrômicas Início da deficiência de ferro. Macrocíticas Hipocrômicas Anemias regenerativas, hemorragia e hemólise. Macrocíticas Normocrômicas Deficiência de vitamina B12, folatos, cobalto em ruminantes, mielose eritrêmica, macrocitose em poodles. Microcíticas Normocrômicas Deficiência de ferro, cães da raça akita. Microcíticas Hipocrômicas Deficiência de ferro, cobalto e vitamina B6. Perda de sangue crônica. 2.3. Tipos: 2.3.1. Anemia hemorrágica: são comuns em animais. elas ocorrem devidoà perda de sangue de forma aguda ou crônica, podendo ser externa ou interna. Podem ocorrer devido a traumas, perdas excessivas de sangue em procedimentos cirúrgicos, defeitos hemostáticos, intoxicação por anticoagulantes, doenças hepáticas, lesões gastrointestinais e neoplasias com sangramento cavitário. Podem ocorrer também devido a doenças parasitárias. As anemias hemorrágicas são de caráter regenerativo, pois devido à perda sanguínea, ocorre situação de hipoxia tecidual com consequente aumento na síntese de eritropoetina que vai estimular a multiplicação e diferenciação dos percursores eritróides. 2.3.2. Anemias hemolíticas: anemia hemolítica ocorre devido à destruição (lise) anormal e excessiva das hemácias de maneira intravascular ou extravascular. Na lise intravascular, os eritrócitos liberam a hemoglobina no plasma e esta se liga haptoglobina que é uma das proteínas plasmáticas. Em seguida os hepatócitos removem o complexo hemoglobina-haptoglobina, que é degradado e dá origem a bilirrubina. A presença de hemoglobinemia e hemoglobinúria podem ser indicadores de imóveis em intravascular, caso a liberação de hemoglobina supera a quantidade de haptoglobina. A maioria das causas de anemia hemolítica ocorre de maneira extravascular por fagocitose de eritrócitos, de forma parcial ou completa, pelos macrófagos. As anemias hemolíticas têm várias coisas que podem ser classificadas como adquiridas ou hereditárias. As anemias hemolíticas hereditárias são raras e geralmente causadas por defeitos intracelulares que resultam de deficiências enzimáticas e/ou anomalias na síntese do heme, de proteínas do citoesqueleto e da membrana plasmática. As anemias hemolíticas adquiridas são o tipo mais comum e podem ter várias causas como: Infecciosa, microangiopática, autoimune, por agentes oxidantes, por medicamentos, transfusões incompatíveis, etc. 2.3.3. Anemias por deficiência de ferro: ocorre quando o ferro torna-se limitante para a eritropoiese. O ferro é um componente essencial do grupo heme da hemoglobina e, na sua ausência, a hemoglobina não pode ser produzida em quantidades suficientes. A sua deficiência pode resultar em uma anemia microcítica e hipocrômica. A deficiência de ferro em animais adultos é causada, principalmente, pela perda de sangue constante, causadas por problemas crônicos, e não somente por uma dieta pobre em ferro. Em contrapartida, os animais jovens por crescerem e se desenvolve rapidamente, tem tendência a desenvolver deficiência de ferro mais facilmente. Podem causar anemia por deficiência de ferro: pulgas, carrapatos, ancilostomídeos, intoxicação por chumbo. 2.3.4. Anemia de doenças inflamatórias: o câncer, a doença hepática e a doença gastrointestinal são consideradas doenças crônicas inflamatórias que podem comprometer a eritropoese, levando a esse tipo de anemia. Essa é mediada por citocinas inflamatórias mesmo que não haja evidência clínica ou laboratorial de inflamação no animal. É uma das causas mais comuns de anemia arregenerativa. A diminuição da vida útil e na produção das hemácias é o principal mecanismo responsável por essa anemia. 2.3.5. Anemia da doença renal crônica: aí suficiência renal crônica é caracterizada pela incapacidade de funcionamento dos rins devido à perda progressiva dos néfrons, dentro de um período de meses a anos. O fator principal do aparecimento da anemia no IRC é a diminuição da síntese de eritropoetina pelos rins. A doença renal crônica pode resultar em anemia por vários fatores como principalmente pela diminuição da produção e a atividade de eritropoetina ou por meio de citocinas inflamatórias que são induzidas pela doença renal. HEMATOLOGIA III 1. Compartimentos: 1.1. Medular: compartimento de células primordiais sejam elas de proliferação (mieloblasto/progranulócito/mielócito/ responsável pelo aumento do número de células), ou de maturação e estocagem (metamielócito/bastonete/segmentados). Grande em cães e intermédio em felinos. 1.2. Sanguíneo: Compartimento circulante (localizada nos grandes vasos). Compartimento marginal (localizada nos pequenos vasos). OBS: PARA CADA CÉLULA CIRCULANTE TEM UMA MARGINAL OU TRÊS NO CASO DE GATOS. 1:1 (Cães) | 1:3 (Felinos) 1.3. Tecidual: não retornam à circulação. 2. Desvio de neutrófilos à esquerda: a resposta inicial da medula óssea aos processos infecciosos ou inflamatórios é o aumento na produção de leucócitos, principalmente, neutrófilos, pois as células requeridas para depois orgânicas nessas situações. O desvio à esquerda ocorre quando há aumento no número de neutrófilos em bastão (imaturos) no hemograma. O desvio à esquerda reacional ao processo infeccioso ou inflamatório é escalonado, ou seja, a proporção de células maduras é maior que as células jovens, refletindo A hierarquia normal que ocorre na produção dos neutrófilos. No entanto, o desvio à esquerda pode ser classificado como regenerativo ou degenerativo. 2.1. Regenerativo: é caracterizado pela presença de bastonetes e outras células jovens no sangue periférico sem a perda da relação de produção, ou seja, o aumento de neutrófilos vem acompanhado de estímulo e liberação de células jovens. O número de neutrófilos imaturos (bastões) encontra-se abaixo do número de neutrófilos maduros (segmentados) indicando uma boa resposta do organismo, além de mostrar também que a medula óssea tem tempo suficiente para responder a demanda e necessidade tecidual aumentada de neutrófilos. 2.2. Degenerativo: é caracterizado quando o número de células de jovens supera o número de segmentados ou quando ocorre perda da proporção maturativa, indicando que a medula óssea está esgotada na sua reserva de neutrófilos maduros, liberando células imaturas. OBS: NOS BOVINOS NÃO É CONSIDERADO UM PROGNÓSTICO RUIM, A NÃO SER QUE ESTE TENHA PERSISTIDO POR VÁRIOS DIAS. EM OUTRAS ESPÉCIES O PROGNÓSTICO É DESFAVORÁVEL. 3. Desvio de neutrófilos à direita: é caracterizado pela observação de neutrófilos hipersegmentados em quantidade aumentada no sangue periférico. Indica diapedese dos neutrófilos pode estar diminuída e essas células estão envelhecendo na corrente sanguínea. 4. Leucogramas: 4.1. Leucograma inflamatório: geralmente ocorre leucocitose por neutrofilia. Início: mobilização de pool marginal e compartimento de estoque da medula óssea. Pode ser normal ou diminuída (desvio dos neutrófilos para o local da lesão, rápido consumo dos recursos de neutrófilos). 4.2. Leucograma “luta ou fuga”: liberação de epinefrina (maior fluxo sanguíneo da microcirculação, rápida mobilização do pool marginal), medo, susto, exercícios extenuante, coleta de sangue (principalmente em felinos), cães são menos suscetíveis a esta alteração. 4.3. Leucograma de estresse: aumento de cortisol (endógeno-estresse fisiológico crônico, exógeno-administração de glicocorticóides). Leucocitose leve a moderada com neutrofilia, monocitose (apenas em cães), linfopenia, eosinopenia. HEMATOLOGIA IV 1. Hemostasia: Mecanismo de controle de coagulação do sangue, que é acionado quando existe uma hemorragia. Objetiva estancar a hemorragia. O organismo desencadeia vários mecanismos que irão coibir uma hemorragia. Hemostasia é divida em pa anticoagulantertes: Primária, secundária e terciaria. 1.1. Primária: processo de formação do trombo plaquetário nos locais da lesão vascular, que envolve a adesão, ativação e agregação das plaquetas. Ocorrem poucos segundos após a lesão, com a exposição do colágeno. Ocorre vasoconstrição por arco-reflexo e as plaquetas vão até o local da lesão e se ligam ao colágeno. O fator de Von Williebrand age como mediador de adesão das plaquetas, ocorre alterações morfológicas e crescem pseudópodes nas plaquetas que facilitam a agregação. O fibrinogênio age como intermediário e ajuda as plaquetas unirem-se umas as outras e para que ocorra a compactação do agregado. A eficiência dessa hemostasiadepende do calibre do vaso. Lembrando que quando o endotélio está íntegro tem a prostaciclina que é um antigonista da agregação plaquetária, pois ele é um vasodilatador potente. (Formação do tampão plaquetário). 1.1.1. Alterações na hemostasia primária: trombocitopenia e deficiência de fator de Von Willebrand. 1.1.2. Manifestações clínicas: epistaxe, melena, hematúria, equimoses, petéquias, sangramento prolongado (traumas, punção venosa ou arterial, cirurgias, entre outros). RESUMINDO: LESÃO > VASOCONSTRIÇÃO > EXPOSIÇÃO DO COLÁGENO > FAVORECE A AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA > FATOR DE VON WILLEBRAND > PSEUDOPODES > SE LIGAM UMA COM AS OUTRAS (FIBRINOGÊNIO AGE COMO INTERMEDIÁRIO). OBS: AS PLAQUETAS SE AGREGAM APENAS ONDE ESTÁ LESADO POR QUE NA PARTE INTEGRA TEM A PROSTACICLINA. AS PLAQUETAS SE APERTAM PARA ESPERAR A HEMOSTASIA SECUNDÁRIA PARA PÔR O "CIMENTO". 1.2. Secundária: a coagulação é a fase da hemostasia envolvida na formação de fibrina, que vai permitir a estabilização do tampão plaquetário, a qual é caracterizada por uma cascata de coagulação (reações bioquímicas), terminando com a formação do coágulo. (Coagulação). OBS: A FIBRINA QUEM ESTABILIZA O TAMPÃO PLAQUETÁRO, SE NÃO TIVER FIBRINA O TAMPÃO PLAQUETÁRIO IRÁ SE SOLTAR E VOLTAR A SANGRAR. OBS: O FÍGADO ESTÁ LIGADO COM A HEMOSTASIA. 1.2.1. Alterações no fator de coagulação: sinais clínicos como sangramentos mais intensos como hematórax, hemoabdomeb, hemoartrose, hemopericardio (sangramento em cavidades); sangramentos profusos na pele (hematomas). 1.3. Terciária: chamada de fibrinólise (lise da fibrina mediada pela plasmina: o plasminogênio dá origem a plasmina que atua degradando a fibrina em PDF’s que é produtos de degradação de fibrina). Ocorre quando as células endoteliais voltam ao normal e não tem necessidade do tampão plaquetário e nem da fibrina na luz do vaso (pois faz a luz do vaso diminuir), logo ocorre à degradação da fibrina e do tampão plaquetário. Esta tem início simultâneo ao tampão hemostático. 2. Distúrbios da hemostasia primária, secundária, terciária. POSSÍVEIS ALTERAÇÕES SINAIS HEMOSTASIA PRIMÁRIA Defeitos vasculares, alterações quantitativas e qualitativas das plaquetas, defeitos no fator de Von Williebrand (DvW). Petéquias (extremidades), equimoses, sangramento imediato. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Deficiência adquirida ou hereditária na síntese dos fatores de coagulação, consumo excessivo. Equimoses (pele e mucosas), hematomas, hemartrose, sangramento tardio. HEMOSTASIA TERCIÁRIA Estímulos excessivos, liberação de substâncias ativadoras da coagulação. Trombose, infarto renal, infarto cardíaco, etc. RESULTADOS LABORATORIAIS INTERORETAÇÃO TP (ALTO) TTPA (NORMAL) Alterações da via intrínseca (deficiência dos fatores XII, XI, IX, VIII); Hemofilia. TP (NORMAL) TTPA (ALTO) Alterações na via extrínseca (deficiência do fator VII). TTPA (ALTO) TP (ALTO) Alterações da via comum (deficiência dos fatores X, V, II e I) ou de vários fatores concomitantemente (exemplo insuficiência hepática).