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Módulo III 126 CENTRO EDUCACIONAL VALE DO IPANEMA CNPJ: 04769064/0001-02 Autorizado pela Resolução101/2006-CEE e-mail: cursostecnicos.cevi@outlook.com Fones: (82) 99938-3746 SAÚDE DO HOMEM Turma 201_____.____/_____ - Técnico em Enfermagem Professor_________________________________________ mailto:cursostecnicos.cevi@outlook.com Módulo III 127 SAÚDE DO HOMEM – CONCEITOS, CONHECIMENTOS E PREVENÇÕES Você conhece algum homem que vá ao médico por livre e espontânea vontade? Mesmo sem sentir nada, apenas para ver se a saúde vai bem? Conhece? Sorte sua, porque eles são minoria. Isso é o que comprova uma pesquisa sobre hábitos de vida dos brasileiros realizada pelo Ministério da Saúde em 2007. Foram entrevistadas 54 mil pessoas das 26 capitais e do Distrito Federal. Como o papel de provedor ainda é bastante forte na cultura atual, o sexo masculino não pode se fragilizar e comprometer esse papel familiar. O homem, que culturalmente ao longo do tempo sempre foi considerado como o sexo forte, acredita ser mais resistente às doenças. Essas crenças dificultam a incorporação de medidas preventivas e a mudança de estilo de vida. Prevenir é melhor, sempre Por mais batida que esteja essa máxima, ainda faz todo sentido quando o assunto é saúde. E no caso dos homens também deve ser aplicada, mesmo que a agenda esteja lotada. É preciso fazer sobrar tempo para ir ao médico entre um compromisso e outro. No Brasil, os problemas cardiovasculares estão entre as principais causas de morte – e entre os homens a incidência é maior. Isso se reflete diretamente nos consultórios dos cardiologistas. Lá os homens são maioria, ainda que não esmagadora. E assim, as doenças do coração e do sistema circulatório podem ser prevenidas. A prevenção pode ser feita com check-up periódico para controle dos fatores de riscos cardiovasculares, como sobrepeso, obesidade, diabetes, colesterol, hipertensão arterial, entre outros. Mas, quando se fala em prevenção, não basta ir ao médico periodicamente. Se não houver mudança de hábitos, de nada vai adiantar fazer visitas regulares. Evitar o cigarro e o álcool em excesso, alimentar-se de forma saudável, reservar um tempo para o lazer, para o convívio com a família e para desenvolver a espiritualidade também fazem parte de uma atitude preventiva. Vencer preconceitos Os idosos passam a se cuidar mais para previnir doenças crônicas que aparecem como tempo Outro problema entre os homens são os preconceitos com determinados exames. Como o que detecta câncer de próstata, outra das principais causas de morte. O diagnóstico traz boas chances aos pacientes, mas para isso é preciso quebrar o tabu e realizar o exame de toque retal periodicamente. ―No caso dos homens que apresentam história familiar de câncer de próstata em primeiro grau, a prevenção deve começar a partir dos 40 anos‖. Módulo III 128 Assim como os casados, os homens de mais idade passam a se preocupar mais com a saúde. As esposas realizam ―forças-tarefas‖ para que haja visitas periódicas ao urologista, ao cardiologista ou ao clínico geral. Principais exames do check-up masculino: Exames de sangue para verificar os níveis de colesterol total e frações, triglicérides, glicemia e insulina Avaliação de calcificação em coronária Função hepática Ácido úrico Câncer de próstata: dosagem da enzima PSA Câncer de cólon: colonoscopia Função pulmonar, indicada aos fumantes Raio X de tórax para avaliar os órgãos sólidos Problemas mais comuns no homem Algumas doenças são características da condição masculina ou possuem uma incidência maior em homens. Portanto, enumeramos os principais problemas que podem colocar em risco a saúde do homem. Andropausa A Andropausa não é uma doença, mas sim uma fase onde surgem alterações na vida do homem, na faixa etária dos 50 aos 70 anos de idade. Deve-se ao fato de uma redução na produção dos hormônios masculinos, provocando alterações sexuais e físicas, como diminuição do desejo sexual e flacidez muscular. Para atravessar melhor esta fase, o homem deve ter uma boa alimentação, praticar esportes, ter um repouso adequado e, em alguns casos, um apoio psicoterápico. Balanopostite (inflamação da glande e prepúcio) Balanopostite é uma inflamação conjunta da glande e prepúcio, desencadeada por diversos fatores. Os mais comuns são consequências de fenômenos irritativos como hábitos higiênicos inadequados dos genitais, principalmente quando o paciente for portador de fimose, e excesso do prepúcio (a pele que envolve a glande). Portanto, para prevenção desta inflamação, é recomendável uma higiene adequada do pênis e uso do preservativo. Ejaculação Precoce Módulo III 129 A ejaculação precoce é caracterizada pela incapacidade do homem em manter ereção por tempo sufi ciente para satisfazer-se a si e à companheira. Pode ser primária ou secundária. Também pode ser por período longo ou temporária. Esse problema afeta, principalmente, homens na adolescência e na melhor idade. No adolescente, ela é influenciada pela inexperiência, grande ansiedade e hiper excitação. Já no homem acima dos 60 anos, a ejaculação precoce vem associada, muitas vezes, à disfunção erétil. O tratamento baseia-se em medicamentos anti-depressivos, ou psicoterapia, exercícios de controle e relaxamento. Fimose É uma anomalia comum, que impede em maior ou menor grau, a exteriorização da glande (extremidade do pênis), impossibilitando a higiene adequada e, em alguns casos, dificultando o ato sexual. Quando necessário, o tratamento é cirúrgico e simples. Ginecomastia Consiste no desenvolvimento excessivo das mamas nos homens. A ginecomastia pode ter outras causas, além das hormonais e glandulares. Pode ser decorrente do consumo excessivo de álcool, drogas ou certos tipos de medicamentos, como os corticoides. É também um problema comum entre os idosos, devido à diminuição da produção dos hormônios masculinos. Depois de analisadas as causas primárias desta alteração, o médico avalia a necessidade ou não de cirurgia. Em geral, é a opção mais indicada devido aos problemas psicológicos e sociais que a ginecomastia costuma acarretar para o homem. Módulo III 130 Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP) É bastante comum em homens acima dos 50 anos, sendo que sua incidência aumenta progressivamente com a idade. Representa o crescimento nodular da próstata, causando obstrução mecânica ao fluxo da urina, o que leva à dificuldade para urinar. A urina estagnada na bexiga favorece o surgimento de infecção urinária e formação de cálculos. O tratamento da HPB pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da avaliação médica. Disfunção Erétil É a presença do desejo sexual sem a correspondente ereção do pênis. Suas causas são diversas e, em alguns casos, o tratamento é simples. A origem da impotência pode ser hormonal, neurológica ou vascular, mas na maioria dos casos é de ordem psicológica. O alcoolismo, o fumo e o uso de drogas também podem influir neste problema. Ao contrário do que alguns pensam, a infertilidade não tem nada a ver com a impotência. Orquiepididimite É a inflamação do testículo e do epidídimo (conduto ligado ao testículo). Pode ser causado por vários agentes infecciosos ou por traumatismo. Também pode ocorrer como uma complicação da caxumba, pois o vírus causador, além de instalar-se nas glândulas salivares, pode alojar-se nos testículos. É um problema que deve ter acompanhamento médico. Varicocele É o processo de dilatação das veias do testículo, semelhante àquele que ocorre nas pernas (varizes). A varicocele pode ocorrer em qualquer um dos testículos, ou mesmo em ambos. A varicocele, em geral, é indolor, mas dependendodo seu volume, pode causar dor, além de infertilidade. O tratamento da varicocele é cirúrgico. Módulo III 131 Varicocele Varicocele é a dilatação anormal das veias do plexo pampiniforme testicular. Existe uma associação direta entre varicocele e infertilidade masculina, muito embora 2/3 dos portadores de varicocele sejam férteis. A varicocele é a causa tratável mais comum de infertilidade masculina. A incidência de varicocele na população masculina é de aproximadamente 25% nos homens que apresentam qualquer alteração seminal e 11% nos homens com análise seminal normal. Na população de homens com infertilidade primária é de 35 a 40%, enquanto nos homens com infertilidade secundária este número sobe para 70 a 80%, evidenciando o caráter progressivo da lesão. Em adolescentes, este valor é semelhante ao dos adultos, sendo o pico de seu aparecimento entre os 14 e 15 anos de idade. O conhecimento clássico sobre varicocele afirma que sua incidência no lado esquerdo ocorre em 80 a 95%, bilateralmente entre 25 a 45%, e raramente apenas no lado direito. Porém, estes dados devem ser reavaliados e até mesmo questionados quando se trata da população com infertilidade. Existem diferenças nos métodos de avaliação utilizados por diferentes examinadores (ex.: exame físico, método de classificação da varicocele), bem como diferenças nas condições utilizadas nestes estudos, como temperatura ambiente e população estudada. Utilizando-se métodos radiológicos de maior sensibilidade, alguns estudos consideram a varicocele como uma doença bilateral sugerindo que o exame físico é pouco sensível e sujeito a variações de acordo com os examinadores. Evidenciam também que a presença de refluxo contralateral pode ser identificada em aproximadamente 80% dos casos. Câncer de próstata O câncer de próstata ocorre principalmente em homens mais velhos. Cerca de 6 em cada 10 casos são diagnosticados em homens com mais de 65 anos, sendo raro antes dos 40 anos. A média de idade no momento do diagnóstico é de cerca de 66 anos. Desta forma, recomenda-se que a prevenção Módulo III 132 passe a ser feita a partir dos 45 anos se existe risco elevado para o surgimento do câncer, ou seja, casos de câncer de próstata na família. Se não existem, o homem deve visitar o urologista anualmente a partir dos 50 anos e realizar o exame de toque e de PSA, principais meios para detectar a doença precocemente, quando as chances de cura são maiores e os tratamentos, menos invasivos. Converse sempre com seu urologista sobre o tema, tirando dúvidas e quebrando preconceitos. As taxas de PSA total devem ser inferiores a 2,5ng/dl. Valores superiores devem ser analisados pelo médico. O exame físico (de toque) é realizado pelo médico e dura apenas 10 segundos! Tem como objetivo analisar a consistência da próstata, o tamanho e se existem lesões palpáveis através do reto na glândula. Esse exame ainda gera muita polêmica e, talvez por isso, a conscientização sobre a gravidade da doença seja tão necessária. É preciso acabar com o preconceito que ainda existe em muitos homens. O exame de toque, junto com o PSA, deve ser feito anualmente, como rotina. É fundamental que todo homem entenda que a saúde deve ser colocada em primeiro lugar, acima de qualquer construção cultural que possa levar ao preconceito. Módulo III 133 Novembro Azul Novembro Azul (Movember) é uma campanha de conscientização realizada por diversas entidades no mês de novembro dirigida a sociedade e aos homens sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças masculinas. Em vários países, o Movember é mais do que uma simples campanha de conscientização. Há reuniões entre os homens com o cultivo de bigodes (ao estilo Mario Bros), símbolo da campanha, onde são debatidos, além do câncer de próstata, outras doenças como o câncer nos bagos, depressão masculina, cultivo da saúde do homem, entre outros. O movimento surgiu na Austrália, em 2003, aproveitando as comemorações do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, realizado a 17 de novembro. No Brasil, o Novembro Azul foi criado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, com o objetivo de quebrar o preconceito masculino de ir ao médico e, quando necessário, fazer o exame de toque. Desde o início a campanha nacional de combate ao câncer de próstata vem superando todas as expectativas. Em 2014, o Instituto realizou foram 2.200 ações em todo o Brasil, com a iluminação de pontos turísticos (como Cristo Redentor, Congresso Nacional, Teatro Amazonas, Monumento às Bandeiras), adesão de celebridades (Zico, Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello), ativações emestádios de futebol, corridas de rua e autódromos, além de palestras informativas, intervenções em eventos populares e pedágios nas estradas. Até na Times Square a campanha chegou. Toda essa iniciativa fez com que, hoje, a campanha já faça parte do calendário nacional de campanhas de prevenção no Brasil. Na verdade, novembro azul é mais tradicionalmente dedicado ao diabetes mellitus. Em 14 de Novembro, data do nascimento do Dr. Banting, descobridor da insulina, comemora-se o dia mundial do diabetes (a data foi instituída pela Federação Internacional de Diabetes -IDF e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1991, e conta com o reconhecimento e apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), que em dezembro de 2006 assinou uma Resolução reconhecendo o diabetes Módulo III 134 como uma doença crônica e de alto custo mundial), e no mundo inteiro, ações são desenvolvidas para que o diabetes seja mais divulgado, seus modos de prevenção, diagnostico precoce e manejos. Em muitos locais do mundo, instituições são iluminadas de azul, caminhadas são propostas, ações em ruas movimentadas, etc. Há também o agosto azul, mês dedicado à prevenção das causas gerais de mortes masculinas, incluindo a violência urbana com mortes por armas de fogo e armas brancas, mortes no trânsito, câncer de próstata, etc, mas sem menção ao diabetes. Portanto, classicamente, novembro azul é o movimento mundial para o diabetes. A IDF- Federação Internacional de Diabetes estima que haverá 410 milhões de diabéticos em 2025, hoje há mais de 230 milhões de diabéticos, uma doença que traz inúmeras complicações, mortes cardiovasculares, incapacitações e amputações, cegueira, etc. Alcoolismo É a dependência do indivíduo ao álcool, considerada doença pela Organização Mundial da Saúde. O uso constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o bom funcionamento do organismo, levando a consequências irreversíveis. A pessoa dependente do álcool, além de prejudicar a sua própria vida, acaba afetando a sua família, amigos e colegas de trabalho. O abuso de álcool é diferente do alcoolismo porque não inclui uma vontade incontrolável de beber, perda do controle ou dependência física. E ainda o abuso de álcool tem menos chances de incluir tolerância do que o alcoolismo (a necessidade de aumentar as quantias de álcool para ficar "alto"). Complicações possíveis O álcool encontrado nas bebidas é o etanol, uma substância resultante da fermentação de elementos naturais. O álcool da aguardente vem da fermentação da cana-de-açúcar, e o da cerveja, da fermentação da cevada, por exemplo. Quando ingerido, o etanol é digerido no estômago e absorvido no intestino. Pela corrente sanguínea suas moléculas são levadas ao cérebro. Módulo III 135 Principais complicações Gastrite, quando ocorre no estômago Hepatite alcoólica, no fígado Pancreatite, no pâncreas Neurite, nos nervos. A longo prazo, o álcool prejudica todos os órgãos, em especial o fígado, que é responsável pela destruição das substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas pelo corpo durante a digestão. Dessa forma, havendo uma grandedosagem de álcool no sangue, o fígado sofre uma sobrecarga para metabolizá-lo. O alcoolismo, também conhecido como "síndrome da dependência do álcool", é uma doença caracterizada pelos seguintes elementos: a. Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber b. Perda de controle: a inabilidade frequente de parar de beber uma vez que a pessoa já começou c. Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, como náusea, suor, tremores e ansiedade, quando se para de beber após um período bebendo muito. Tais sintomas são aliviados bebendo álcool ou tomando outra droga sedativa d. Tolerância: a necessidade de aumentar as quantias de álcool para sentir-se "alto". O alcoolismo tem pouco a ver com o tipo de álcool bebido por uma pessoa, há quanto tempo a pessoa bebe, ou até mesmo exatamente quanto álcool bebe. Porém, tem muito a ver com a necessidade incontrolável por álcool. Esta descrição do alcoolismo nos ajuda a entender o porquê de a maioria dos dependentes de álcool não conseguir se valer só de "força de vontade" para parar de beber. Estas pessoas estão sob a forte compulsão do álcool, uma necessidade que se mostra tão forte quanto a sede ou a fome. Diabetes 1 e o homem Quando pensamos em diabetes, a primeira coisa que vem à mente é o aumento da quantidade de açúcar no sangue. E é justamente por causa desse aumento de açúcar no sangue que o diabetes é uma doença que nos preocupa tanto. Olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos são afetados pela grande quantidade de açúcar, o que leva ao mal funcionamento de vários órgãos... Causando problemas como infartos, derrames e insuficiência renal. Uma doença que pode ser consequência do diabetes mal controlado é a impotência sexual. Para que se tenha ereção, é importante que os vasos sanguíneos e os nervos de sensibilidade da região genital estejam saudáveis. A grande questão aqui é que no diabetes ocorre um prejuízo no 1 O conteúdo referente ao diabetes está no módulo II, em saúde pública. Nem todos estes problemas precisam estar juntos Módulo III 136 funcionamento dos vasos sanguíneos e nervos. Desde o entupimento dos vasos, chamado de aterosclerose - pelo acúmulo de gordura dentro das suas paredes - até a insensibilidade dos nervos que estimulam a ereção, existe todo um conjunto de fatores que contribui para a impotência. O primeiro passo para o paciente diabético que esteja sofrendo com a impotência é o controle dos níveis de açúcar no sangue de forma rápida e efetiva. Usar os medicamentos corretos e controlar a medicação e alimentação, praticar exercícios e ter acompanhamento médico: estes são os principais pontos do tratamento. Em alguns casos, será necessário o uso de medicamentos para ajudar os vasos sanguíneos da região peniana a funcionarem melhor. Neste caso, a consulta ao endocrinologista e urologista vai ajudar a saber o melhor tratamento. O mais importante é procurar tratamento e controlar seu diabetes! . Impotência sexual Leonardo da Vinci, célebre mestre do Renascimento, baseado no fato de que acontecem ereções noturnas involuntárias, concluiu que o cérebro não controlava a função do pênis que, para ele, tinha mente própria. Ao dissecar cadáveres de pessoas enforcadas, da Vinci observou que o pênis endurecia quando se enchia de sangue e descreveu o mecanismo da ereção. No que se refere à sua autonomia, no entanto, ele estava enganado. O cérebro tem integração fundamental com o mecanismo da ereção. O pênis é enervado por dois grupos de fibras nervosas. Uma carrega sinais inibitórios que impedem a ereção; a outra, sinais excitantes que a facilitam. Esses dois sinais integram-se na medula, localizada no centro da coluna vertebral. Para ser mais preciso, na parte inferior da coluna. Por isso, o pênis pode enrijecer sem a participação direta do cérebro, praticamente por reflexo nessa região da coluna. Entretanto, por comunicação estabelecida através de nervos, esses sinais entram em contato com a região mais central e profunda do cérebro especialmente ligada às emoções e à memória a qual, por sua vez, articula-se com o chamado cérebro pensante, isto é, com o Módulo III 137 lobo frontal localizado na frente e na camada mais superficial do cérebro, onde se processam o arrazoamento e as tomadas de decisão. Esses mecanismos cerebrais totalmente integrados permitem que o cérebro, através de circuitos de neurônios, provoque sinais inibitórios e excitativos a fim de que o sangue conduzido pelas artérias penetre nos corpos cavernosos e, retido dentro deles por compressão, promova a ereção. Quando o sangue reflui, isto é, quando volta para a circulação geral, o pênis fica flácido e a ereção desaparece. Desarranjos nesse mecanismo podem ser a causa das disfunções eréteis. Até 10 ou 20 anos atrás, pouco se conhecia a respeito da fisiologia sexual masculina e da fisiologia da ereção. Nos últimos anos, porém, extensa variedade de estudos provocou uma revolução nessa área, possibilitando melhor entendimento da fisiologia peniana e, consequentemente, a descoberta de novos métodos cirúrgicos e farmacológicos para o tratamento da impotência. Disfunção erétil Para o indivíduo ser considerado impotente, precisa manifestar disfunção erétil permanente. Uma falha ocasional de ereção, que pode acontecer com todos os homens, não enquadra ninguém nessa categoria. Por outro lado, quando se fala em impotência sexual, muitas vezes estamos nos referindo a outras manifestações da sexualidade masculina que nada têm a ver com a ereção, como a falta de desejo ou de orgasmo e a ejaculação precoce ou retardada. Por isso, o termo impotência sexual, na literatura, foi substituído por disfunção erétil quando significa a incapacidade de conseguir ereção satisfatória para o ato sexual. Estima-se que, em âmbito mundial, uma população em torno de 155 milhões de homens apresentem disfunção erétil. Considerando-se a população adulta acima de 18 anos, estima-se, ainda, que 52% dos homens apresentarão algum grau de disfunção erétil: 10% representam os casos graves; 25%, os de disfunção moderada e 17%, os de disfunção mínima. Mesmo assim, o termo disfunção erétil continua impreciso e contraditório. Deveria ser disfunção sexual. Quando se pergunta a um indivíduo sobre sua sexualidade, pergunta-se sobre ereção satisfatória ou não e sobre a qualidade da relação sexual. Para analisar o problema, mistura-se um pouco da epidemiologia com a avaliação emocional emitida pelo paciente. Módulo III 138 Causas as disfunção erétil Há quatro causas principais. A mais importante é a emocional e atinge 70% dos homens. Os 30% restantes apresentam uma disfunção orgânica que pode ser vascular de origem arterial, hormonal e, em pequeno número, resultado de alterações na anatomia do pênis, como ocorre na doença de E o cigarro, que influência tem? O cigarro causa impotência sexual, porque isso está estampado nos maços que os fumantes compram. Vou citar um trabalho bem simples que fizemos aqui em São Paulo mesmo. Foram estudados doze indivíduos com histórico de disfunção erétil, todos fumantes. Para investigar a extensão de cada caso, aplicamos o teste de ereção farmacológica, isto é, injetamos uma droga no pênis e observamos o resultado. Todos responderam positivamente, obtendo um ângulo de ereção maior do que 105 graus em média. Uma semana depois, eles retornaram, mas antes de repetir o exame fumaram dois cigarros. Em 80% deles, o ângulo de ereção caiu para 60 graus o que não deixa dúvidas sobre a ação deletéria do cigarro no mecanismo da ereção. A disfunção erétil não envolve apenas o pênis. Quando se estuda esse órgão, deve-se pensar sempre nele e na pessoa que o comanda, na vagina que está a sua frente e na pessoa que comanda essa vagina. Arelação entre pênis e ereção subentende um envolvimento entre pessoas. Daí, a grande dificuldade para determinar o diagnóstico. Sexualidade não é doença, é disfunção. Se o indivíduo quebra uma perna, o ortopedista avalia a fratura e trata daquela perna independentemente do que o paciente esteja pensando ou sentindo. Na sexualidade, ao contrário, o enfoque tem de ser emocional, porque o pênis faz parte do relacionamento íntimo entre duas pessoas. É de extrema importância estabelecer se ele funciona mal e compromete a relação, ou se funciona mal porque a relação já está comprometida. Como já disse, em 70% dos casos de disfunção erétil, a emoção está envolvida na causa. É impossível, por exemplo, manter a ereção se o casal for surpreendido por ladrões, pois o medo libera substâncias (adrenalina) que bloqueiam o estímulo sexual. Se o indivíduo atravessa um mau momento na vida, não se pode exigir que tenha bom desempenho eretivo. Resistência masculina Módulo III 139 Os homens com dificuldade de ereção hesitam em procurar ajuda. A resistência parte do próprio indivíduo. É muito fácil procurar o médico para queixar-se de falta de ar, tosse ou dores no estômago. Admitir, porém, sua impossibilidade de manter relações sexuais é algo custoso e deprimente. Grosso modo, o envelhecimento não traz consigo a perda da ereção nem da sexualidade. Entretanto, elas variam de acordo com a postura de cada indivíduo perante a vida. Um homem de 90 anos pode ter atividade sexual satisfatória com ereção, se estiver saudável, otimista e bem disposto. Essa capacidade, porém, estará ausente naqueles que, apesar de mais novos, estejam deprimidos ou doentes. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) – instituída pela Portaria nº 1.944/GM, do Ministério da Saúde, de 27 de agosto de 2009, tem como objetivo geral ―promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo, de modo efetivo, para a redução da morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde‖ (BRASIL, 2009a). A etapa inicial da implantação dessa Política foi consolidada com a publicação do Plano de Ação Nacional (PAN), (BRASIL, 2009b), da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) por meio da Área Técnica da Saúde do Homem (ATSH) do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (DAPES) do Ministério da Saúde (MS). ―O processo de construção do Plano foi realizado de forma participativa através de reuniões com representantes de sociedades médicas e da sociedade civil, gestores estaduais e municipais, profissionais de saúde, além das Secretarias do Ministério da Saúde‖ (BRASIL, 2009b). A implantação dessa política, dentre outros aspectos, envolve a mudança de paradigmas para que se promovam, junto a segmentos masculinos, os cuidados com a sua saúde e com a saúde de suas famílias. Isso demanda inúmeras ações que vão desde a organização dos serviços de saúde, passando pela capacitação de profissionais e chegando a ações educativas junto a segmentos masculinos. Essas ações, por sua vez, para que possam ser exitosas, necessitam de mecanismos que lhes deem sustentação. PNAISH por meio da identificação, junto às Equipes da Saúde da Família (ESF), da existência de: a) cadastro atualizado da população masculina do território; b) busca ativa de homens pela equipe de saúde para a realização de ao menos uma consulta/ano; c) oferta de atendimento em horários alternativos adequados para a população masculina; Módulo III 140 d) ações de orientação e sensibilização da população masculina quanto às medidas disponíveis para detecção precoce do câncer de próstata em pacientes sintomáticos e disfunção erétil, entre outros agravos do aparelho geniturinário; e) incorporação dos homens nas ações e atividades educativas voltadas para o planejamento familiar; f) ampliação da participação paterna no pré-natal, parto, puerpério e no crescimento e desenvolvimento da criança; g) oferta de exames previstos para homens que participam do pré-natal masculino; h) ações de identificação, acolhimento e encaminhamento de situações de violência envolvendo homens; e, i) ações educativas para a prevenção de violências e acidentes, e uso de álcool e outras drogas voltadas para a população masculina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://pt.wikipedia.org/wiki/Novembro_Azul http://www.oncoguia.org.br/conteudo/conscientizacao/4404/149/ http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/21/CNSH-DOC-Fortalecimento-da- PNAISH.pdf
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