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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA CURSO DE HISTÓRIA - GRADUAÇÃO FILIPE PINHEIRO GOMES FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS NA AMÉRICA RIO DE JANEIRO - RJ 2020 Duas das especialidades da professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Claudia Wasserman são identidade nacional e historiografia latino-americana. Com tais conhecimentos, a historiadora escreve o artigo “A primeira fase da historiografia latino-americana e a construção da identidade das novas nações”, cujo objetivo, em suma, é analisar a construção da historiografia acerca da identidade nacional na América latina. A pós doutora pela Universidade Federal Fluminense, tem como fontes alguns textos de autores clássicos do século XIX, problematizando três importantes propriedades do pensamento desses intelectuais da época, propriedades pelas quais passaremos nas próximas linhas. Wasserman cita em primeiro lugar o que chama de existência ontológica das nações, ou seja, a nação existe pois o conceito de nação a faz existir. É como se certa região geográfica com determinadas fronteiras tivesse uma essência, uma alma, e não fosse simplesmente uma construção oriunda de cabeças humanas. Afinal, o que são fronteiras senão linhas imaginárias? Tais linhas fundidas a um idioma e outros atributos, foram e são usados para aquilo que batiza nossa disciplina: Formação dos Estados Nacionais na América e os intelectuais do século XIX observando a dificuldade dessas formações no subcontinente, creditavam a desvios e deformações do processo e não aos pré-moldados modelos estrangeiros. Não cabe aqui nenhum julgamento a esses autores, até por serem filhos de seu tempo, mas o que os mesmos não alcançaram é que essa tentativa de utilização de modelos que funcionara, quase que de maneira orgânica, na Europa, dificilmente teria êxito na América Latina, é exigir por exemplo que a formação da nação brasileira seja aos moldes da francesa mesmo os franceses sendo descendentes dos antigos habitantes gauleses, dos colonizadores romanos e dos invasores francos e os brasileiros sendo com raízes nos negros africanos, indígenas americanos, portugueses que por sua vez são originários dos ceutas e iberos. Ou seja, é tentar fazer o mesmo bolo seguindo uma receita completamente diferente. Esse fracasso gerou também uma profunda frustração em muitos autores como o jornalista Euclides da Cunha que ao cobrir a Revolta dos Canudos, dizia que grande culpa do não desenvolvimento da nação se dava a mistura das raças, que o mestiço era um era um desequilibrado, era um decaído e desproporcional aos seus ancestrais intelectualmente superiores. A autora passa também pela temática do processo de emancipação das colônias na América Latina, falando especificamente do Brasil,salienta que alguns intelectuais da época, escreviam de acordo com o que era necessário aos seus anseios, por exemplo, o chamado “patriarca” da independência, José Bonifácio dizia que o Brasil não deveria se tornar uma Inglaterra ou França, isso porque o conselheiro de D. Pedro I e tutor de D. Pedro II já visava o processo de independência brasileiro e para tal se fazia necessário a criação de um imaginário. Dando um salto temporal, podemos aterrissar na proclamação da república e assim exemplificar essa criação de imaginários. Em seu livro, A formação das Almas, José Murilo de Carvalho explica porque os republicanos inventaram mitos e heróis, como Tiradentes que morreu em 1792 e a nossa república que não foi veio a ser proclamada somente em 1889, isso por que os militares precisavam de uma figura teoricamente republicana para servir de herói. Assim podemos observar o quanto a produção historiográfica quase sempre é influenciada por interesses políticos e assim a História(disciplina) acaba sempre sendo usada como ferramenta para manutenção ou conquista de determinadas relações de poder. Referências: 1. BURKE, Peter. “Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro”. In: A escrita da História. Novas perspectivas. São Paulo: Unesp, 1992, p. 7-37. 2. CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995
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