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Exame Psiquiátrico

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(
Julya Pavão
 - 
SEMIOLOGIA
) (
1
)
EXAME PSIQUIÁTRICO
· Seu objeto de estudo é a “doença mental”, que constitui um tipo especial de distúrbio que altera o homem em seu psiquismo, isto é, em sua humanidade, comprometendo sua coexistência com o outro e a construção do seu mundo.
· A psiquiatria clássica, compartilhando com o restante da medicina da mesma concepção de doença, vê-se impotente diante de quadros como a histeria, que, no final do século passado, não era considerada como algo merecedor da atenção médica, por não apresentar nenhum substrato orgânico que a explicasse.
· A aprendizagem da psicologia psiquiátrica passa, necessariamente, por dois níveis: o informativo e o formativo. Em nível informativo, a transmissão do conhecimento psiquiátrico é feita, com frequência, com uma grande quantidade de termos técnicos, definições e conceitos nem sempre claros. 
· Não use nenhum termo técnico na redação de histórias clínicas, até que esteja seguro de seu exato significado.
· O instrumento básico de aprendizagem é a própria experiência pessoal, que implica um trabalho do indivíduo em si mesmo, bastante difícil de realizar na prática.
· O exame clínico em psiquiatria compreende a entrevista psiquiátrica (que inclui a anamnese tradicional e o exame psíquico) e o exame físico.
· ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA: ainda que o médico veja o paciente uma única vez, é possível uma interação verdadeiramente terapêutica.
· Entrevista inicial: o paciente vai reagir inicialmente influenciado pelo que vivenciou naquelas experiências anteriores. O paciente está ansioso acerca de sua enfermidade, da reação do médico e dos problemas práticos do tratamento psiquiátrico. É importante que o médico evite qualquer atitude que pareça de aprovação ou reprovação. O médico, por sua vez, estará ansioso a cada encontro com um novo paciente, trazendo consigo a incerteza se saberá diagnosticar e atuar corretamente.
· O entrevistador principiante: o estudante apresenta o temor de estar agindo de maneira inadequada, e isto é frequentemente deslocado para o paciente.
· Aliança terapêutica: a palavra rapport significa relação harmoniosa e é usada internacionalmente em medicina, com o mesmo significado, ou seja, relação cordial, afetuosa, apreço e respeito mútuo que devem unir o médico e o paciente. Os ingredientes mais importantes para que o médico estabeleça uma aliança terapêutica ou rapport são sua sensibilidade e sua capacidade de empatizar, ou seja, de “sentir com”, de ser solidário com o sofrimento do paciente. É importante que o médico permita breves momentos de silêncio durante a entrevista. O silêncio pode ter uma função terapêutica. Quando este se prolongar, sugestões como “poderia falar alguma coisa sobre sua infância, de seu casamento, de seus pais etc” são preferíveis a perguntas mais dirigidas.
· Transferência e contratransferência: o paciente pode ter uma relação inadequada, não correspondendo à situação atual, mas sim a situações de seu passado remoto, de que ele não se recorda. A este fenômeno de transferir cargas afetivas denomina-se transferência. O médico não está imune à dinâmica do inconsciente. Chama-se contratransferência o grupo de fenômenos de projeção, sobre o paciente, da própria estrutura inconsciente do médico, criando sentimentos de simpatia, hostilidade, aversão, necessidade de receber afeto ou admiração injustificados, inadequados para a relação atual, mas coerentes com situações primitivas presentes no inconsciente. Nesta situação, o médico reage ao paciente como se este fosse figura supostamente de seu passado. As reações reais e adequadas do paciente para com o seu médico não são transferência. Do mesmo modo, o médico pode gostar do paciente e sentir simpatia por ele, ou antagonismo, sem que isto implique contratransferência, desde que estas reações sejam as mesmas que o paciente provocaria na maior parte das pessoas.
· ANAMNESE:
· Os dados da anamnese são obtidos de duas fontes: do próprio paciente ou de seus acompanhantes (geralmente familiares). Nenhuma das duas fontes é sempre fidedigna.
· O paciente pode simular sintomas psiquiátricos, o que é um fato relativamente raro. Dificilmente uma pessoa pode sustentar uma “sintomatologia” coerente com um determinado transtorno psiquiátrico por muito tempo. Já a omissão de sintomas (dissimulação), em contrapartida ocorre com bastante frequência.
· É freqüente a vinda do paciente psiquiátrico à entrevista acompanhado. Quando isto ocorre, deve-se ouvir o paciente em primeiro lugar, para depois, sempre em sua presença, ouvir seu acompanhante.
· Os dados fornecidos por outras pessoas também podem estar distorcidos.
· O local da entrevista deve ser em um ambiente que resguarde a privacidade do paciente. Da mesma forma, é importante que o médico fale ao seu paciente de seu compromisso de guardar sigilo do que lhe for comunicado, quando sentir seu embaraço no decorrer da entrevista.
· A intervenção inicial do médico deve ser cumprimentar o paciente (sem esquecer de dizer o próprio nome e perguntar pelo nome deste). Em seguida, perguntar-lhe o motivo de sua vinda à consulta.
· Na feitura da anamnese é fundamental que se permita ao paciente contar sua história com suas próprias palavras e na ordem que ele escolher.
· As perguntas devem ser abertas, sem induzir respostas positivas ou negativas.
· Próximo ao final da entrevista, o médico deve informar ao paciente que ela está por terminar.
· Geralmente o paciente (ou acompanhante) espera que o médico, ao fim da entrevista, diga alguma coisa sobre o que ele tem, que lhe dê esclarecimentos e orientações sobre o tratamento a ser seguido.
· Os diagnósticos formais – “o senhor tem uma neurose fóbica”, “um quadro depressivo” – devem ser geralmente evitados.
· Às vezes, o paciente nega qualquer razão para vir à entrevista, e a queixa é relatada por uma terceira pessoa.
· Na obtenção da história da doença atual, devem ser considerados fundamentais os seguintes dados: início da doença, como se iniciou a doença, como evoluiu, fatores precipitantes e o impacto da doença sobre o paciente.
· Devem-se registrar, aqui, os dados sobre a vida do paciente, desde as circunstâncias em que foi gerado até o momento atual de sua vida. Deve-se procurar obter lembranças significativas deste período. Se teve um desenvolvimento psicomotor normal, se apresentou alguma enfermidade grave, prolongada ou debilitante.
· Deve-se obter dados a respeito das características da personalidade dos pais, irmãos e outros familiares que tenham tido participação efetiva e significativa na educação e sustentação emocional do paciente. Investigar presença de doença mental e outras doenças na família.
· O EXAME PSÍQUICO:
· Consiste na avaliação do estado mental do paciente no momento da entrevista.
· Um paciente examinado pela manhã, mostrando um estado de consciência, orientação e pensamento normais, pode apresentar-se desorientado e confuso ao final do dia.
· O exame psíquico deve ser parte integrante de todo exame clínico.
· Perguntas específicas e testes simples, feitos oportunamente, complementam o exame psíquico.
· Não existe nenhum sintoma psicopatológico que seja definitivamente patognomônico de uma doença psiquiátrica.
· Pacientes deprimidos ou ansiosos apresentam dificuldades de concentração, levando a uma falsa impressão de diminuição de memória.
· Os seguintes itens devem ser investigados no exame da criança: aparência geral; atitude geral; atividade motora; atenção e concentração; temperamento, afeto e humor; memória, orientação e percepção; pensamento; linguagem e fala; defesas; fantasia, imaginação e devaneio.
· Na entrevista com o paciente deprimido, um aspecto muito importante a ser avaliado é o risco potencial de suicídio.
· Ao entrevistar pacientes potencialmente violentos, o médico deve estar atento a seus próprios sentimentos em relação ao paciente.
· É inadmissível que o médico finja acreditar no relato delirante. Ele deve demonstrar ao paciente que respeita a sua crença, compreende que ele realmente a tenha como verdadeira, mas que não compartilhadela.
· O médico deve evitar fazer anotações durante a entrevista, limitando-se, quando as fizer, a dados essenciais (nomes, datas).
· EXAME FÍSICO:
· Deve ser parte integrante do exame psiquiátrico, mesmo quando o paciente apresenta apenas sintomas psiquiátricos. 
· No exame físico geral tem grande importância para o diagnóstico diferencial psiquiátrico: estado geral do paciente; estado de nutrição; pele; estatura e constituição; caracteres sexuais secundários; postura, atividade psicomotora e marcha; sinais de desconforto, cansaço e dor; odor do corpo e da respiração.
· O DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO:
· Diagnóstico vertical é o que o paciente apresenta no momento do exame.
· No diagnóstico sindrômico, o médico deve pesquisar a evolução do distúrbio.
· No diagnóstico etiológico deve-se procurar investigar uma causa para os distúrbios psiquiátricos.
· O diagnóstico compreensivo é feito a partir de uma compreensão global da personalidade do paciente, seus padrões emocionais habituais de resposta aos estímulos externos e internos, seus mecanismos psíquicos de defesa inconscientes e conscientes.
 
1
 
Julya Pavão
 
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SEMIOLOGIA
 
EXAME 
PSIQUIÁTRICO
 
 
Ø
 
Seu objeto de estudo 
é a “doença mental”, que 
constitui um tipo especial de distúrbio que 
altera o homem em seu psiquismo, isto é, em 
sua humanidade, comprometendo sua 
coexistência com o outro e a construção do seu 
mundo.
 
Ø
 
A psiquiatria clássica, compartilhando com o 
restante da medicina da mesma concepção de 
doença, vê
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se impotente diante de quadros 
como a histeria, que, no final do século 
passado, não era considerada co
mo algo 
merecedor da atenção médica, por não 
apresentar nenhum substrato orgânico que a 
explicasse.
 
Ø
 
A aprendizagem da psicologia psiquiátrica 
passa, necessariamente, por dois níveis: o 
informativo e o formativo. Em nível 
informativo, a transmissão do conhe
cimento 
psiquiátrico é feita, com frequência, com uma 
grande quantidade de termos técnicos, 
definições e conceitos nem sempre claros. 
 
Ø
 
Não use nenhum termo 
técnico na redação de 
histórias clínicas, até que esteja seguro de seu 
exato significado.
 
Ø
 
O instrume
nto básico de aprendizagem é a 
própria experiência pessoal, que implica um 
trabalho do indivíduo em si mesmo, bastante 
difícil de realizar na prática.
 
Ø
 
O exame clínico em psiquiatria compreende a 
entrevista psiquiátrica (que inclui a anamnese 
tradicional e 
o exame psíquico) e o exame 
físico.
 
Ø
 
ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA
:
 
ainda 
que o médico veja o paciente uma única 
vez, é possível uma interação 
verdadeiramente terapêutica.
 
·
 
Entrevista inicial:
 
o paciente vai 
reagir inicialmente influenciado pelo 
que vivenciou naquelas experiências 
anteriores
.
 
O paciente está ansioso 
acerca de sua enfermidade, da reação 
do médico e dos problemas práticos do 
tratamento psiquiátrico. É importante 
que o médico evit
e qualquer atitude 
que pareça de aprovação ou 
reprovação. O médico, por sua vez, 
estará ansioso a cada encontro com um 
novo paciente, trazendo consigo a 
incerteza se saberá diagnosticar e atuar 
corretamente.
 
·
 
O entrevistador principiante: 
o 
estudante aprese
nta o temor de estar 
agindo de maneira inadequada, e isto é 
frequentemente deslocado para o 
paciente.
 
·
 
Aliança terapêutica: 
a palavra rapport 
significa relação harmoniosa e é usada 
internacionalmente em medicina, com 
o mesmo significado, ou seja, relação 
co
rdial, afetuosa, apreço e respeito 
mútuo que devem unir o médico e o 
paciente. Os ingredientes mais 
importantes para que o médico 
estabeleça uma aliança terapêutica ou 
rapport são sua sensibilidade e sua 
capacidade de empatizar, ou seja, de 
“sentir com”, d
e ser solidário com o 
sofrimento do paciente. É importante 
que o médico permita breves 
momentos de silêncio durante a 
entrevista. O silêncio pode ter uma 
função terapêutica. Quando este se 
prolongar, sugestões como “poderia 
falar alguma coisa sobre sua inf
ância, 
de seu casamento, de seus pais etc” são 
preferíveis a perguntas mais dirigidas.
 
·
 
T
ransfe
rência e con
tratransfe
rência: 
o paciente pode ter uma relação 
inadequada, não correspondendo à 
situação atual, mas sim a situações de 
seu passado remoto, de que e
le não se 
recorda
. A este fenômeno de transferir 
cargas afetivas denomina
-
se 
transferência. O médico não está imune 
à dinâmica do inconsciente. Chama
-
se 
contratransferência o grupo de 
fenômenos de projeção, sobre o 
paciente, da própria estrutura 
inconscien
te do médico, criando 
sentimentos de simpatia, hostilidade, 
aversão, necessidade de receber afeto 
ou admiração injustificados, 
inadequados para a relação atual, mas 
coerentes com situações primitivas

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