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Visão Compreenda os mecanismos da visão (anatomia, fisiologia e via sensitiva óptica). O olho é um órgão sensorial que funciona como uma câmera. A visão é um processo pelo qual a luz refletida dos objetos, no meio externo, é trazida em forma de imagem. E os órgãos relacionado com a visão, são: - Pálpebras - Cílios - Supercílios - Aparelho lacrimal (produtor de lágrimas) - Músculos extrínsecos do bulbo do olho As pálpebras, inferior e superior, têm a função de fechar os olhos durante o sono, protegendo de luz excessiva e de objetos estranhos e espalham secreções lubrificantes sobre o bulbo do olho. O músculo responsável por levantar a pálpebra superior é o músculo levantador da pálpebra superior e o espaço que forma entre as pálpebras, expondo o bulbo do olho, é chamado de rima das pálpebras. Os ângulos do olho são conhecidos como, comissura lateral (mais estreita e próxima do osso temporal) e comissural medial (que contêm glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas). Cada pálpebra consiste em epiderme, derme, tela subcutânea, fibras do músculo orbicular do olho, tarso, glândulas tarsais e túnica conjuntiva. Os cílios e supercílios ajudam a proteger os bulbos dos olhos de objetos estranhos, como transpiração e raios diretos do sol. O aparelho lacrimal é responsável por produzir e drenar o líquido lacrimal (lágrimas), que tem a função de limpar, proteger, lubrificar e umedecer. Os músculos extrínsecos do bulbo do olho, são responsáveis pelos movimentos essenciais dos olhos, sendo capazes de mover o olho quase em todas as direções e é composto por 6 músculos, reto medial, reto inferior, reto superior, oblíquo inferior (nervo oculomotor) oblíquo superior (nervo troclear) e reto lateral (nervo abducente) Bulbo do olho, responsável pela visão, mede cerca de 2,5cm de diâmetro, apenas o sexto anterior está exposto, sendo o resto protegido pela órbita (onde se encaixa). Consiste em 3 camadas: a túnica fibrosa do bulbo, a túnica vascular do bulbo e a túnica interna do bulbo (retina). A túnica fibrosa do bulbo (camada mais externa) é uma túnica de tecido conjuntivo colágeno denso e resistente. A maior parte dela forma a esclera (parte branca visível do olho) e a outra parte adquire uma curvatura, formando uma região cupuliforme, denominada córnea, localizada na superfície da íris. A túnica vascular do bulbo (camada média) é composta por corioide, o corpo ciliar e a íris (com a pupila no centro) A túnica interna do bulbo (retina), reveste os três quartos posteriores do bulbo do olho e constitui o início da via visual. Após a pupila e a íris, está localizada a lente, que ajuda a focalizar as imagens na retina para facilitar a visão. Interior do bulbo do olho Consiste em duas cavidades, cavidade anterior e posterior, ambas transparentes para permitir a passagem de luz da córnea para a retina, ocupadas por líquidos e separadas pela lente. Cavidade anterior, contém o humor aquoso (líquido aquoso transparente) e possui duas câmaras. - Câmara anterior, situada entre a córnea e a íris - Câmara posterior, localizada atrás da íris e em frente das fibras zonulares da lente Cavidade posterior (câmara postrema), fica localizada entre a lente e a retina, onde encontra o corpo vítreo que contribui para pressão intraocular, junto com o humor aquoso. NERVO ÓPTICO (II) O nervo óptico (II) é totalmente sensitivo e, tecnicamente, consiste em um trato do encéfalo, e não em um nervo; contém axônios que conduzem impulsos nervosos para a visão. Na retina, os bastonetes e os cones iniciam os sinais visuais e os retransmitem a células bipolares, as quais transmitem os sinais para células ganglionares. Os axônios de todas as células ganglionares na retina de cada olho unem-se para formar um nervo óptico, que atravessa o forame óptico. Cerca de 10 mm posteriormente ao bulbo do olho, os dois nervos ópticos fundem-se para formar o quiasma óptico. No quiasma, os axônios da metade medial de cada olho cruzam para o lado oposto; os axônios da metade lateral permanecem no mesmo lado. Posteriormente ao quiasma, os axônios reagrupados, alguns provenientes de cada olho, formam os tratos ópticos. A maioria dos axônios dos tratos ópticos termina no corpo geniculado lateral do tálamo. Nesse local, fazem sinapse com neurônios cujos axônios se estendem até a área visual primária, no lobo occipital do córtex cerebral. Alguns axônios passam pelo corpo geniculado lateral e, em seguida, estendem-se até os colículos superiores do mesencéfalo e até os núcleos motores do tronco encefálico, onde fazem sinapse com neurônios motores que controlam os músculos extrínsecos e intrínsecos do olho. NERVOS OCULOMOTOR (III), TROCLEAR (IV) E ABDUCENTE (VI) Os nervos oculomotor, troclear e abducente são os nervos cranianos que controlam os músculos que movimentam os bulbos dos olhos. São todos nervos motores que só contém axônios motores quando deixam o tronco encefálico. Os axônios sensitivos provenientes dos músculos extrínsecos do bulbo do olho começam o seu trajeto em direção ao encéfalo em cada um desses nervos, porém esses axônios sensitivos finalmente deixam esses nervos para se unir com o ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Os axônios sensitivos não retornam ao encéfalo nos nervos oculomotor, troclear ou abducente. Os corpos celulares dos neurônios sensitivos unipolares residem no núcleo mesencefálico e entram no mesencéfalo por meio do nervo trigêmeo. Esses axônios conduzem impulsos nervosos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho para propriocepção, isto é, a percepção dos movimentos e da posição do corpo independente da visão. O nervo oculomotor (III) tem o seu núcleo motor localizado na parte anterior do mesencéfalo. O nervo oculomotor estende-se anteriormente e divide-se em ramos superior e inferior, ambos os quais passam pela fissura orbital superior em direção à órbita. Os axônios no ramo superior inervam o músculo reto superior (um músculo extrínseco do bulbo do olho) e o músculo levantador da pálpebra superior. Os axônios no ramo inferior inervam os músculos reto medial, reto inferior e oblíquo inferior – todos eles músculos extrínsecos do bulbo do olho. Esses neurônios motores somáticos controlam os movimentos do bulbo do olho e da pálpebra superior. O ramo inferior do nervo oculomotor também fornece axônios motores parassimpáticos aos músculos intrínsecos do bulbo do olho, que consistem em músculo liso. Esses músculos incluem o músculo ciliar do bulbo do olho e os músculos circulares (músculo esfíncter da pupila) da íris. Os impulsos parassimpáticos propagam-se a partir do núcleo oculomotor acessório no mesencéfalo para o gânglio ciliar, um centro retransmissor sináptico para os dois neurônios motores da parte parassimpática do sistema nervoso. A partir do gânglio ciliar, os axônios motores parassimpáticos estendem-se até o músculo ciliar, que ajusta a lente para a visão de perto (acomodação). Outros axônios motores parassimpáticos estimulam a contração dos músculos circulares da íris quando o olho é estimulado por luz brilhante, produzindo uma redução no tamanho da pupila (miose). O nervo troclear (IV) é o menor dos 12 nervos cranianos e o único que se origina na face posterior do tronco encefálico. Os neurônios motores somáticos originam-se no núcleo troclear no mesencéfalo, e os axônios provenientes do núcleo cruzam para o lado oposto quando saem do encéfalo na face posterior. Em seguida, o nervo enrola-se em torno da ponte e sai por meio da fissura orbital superior para a órbita. Esses axônios motores somáticos inervam o músculo oblíquo superior do bulbo do olho, outro músculo extrínseco do bulbo do olho que controla o seu movimento. Os neurônios do nervo abducente (VI) originam-se do núcleo do nervo abducente na ponte. Os axônios motores somáticos estendem-se do núcleo até o músculo reto lateral do bulbo do olho, um músculo extrínseco do bulbodo olho, passando através da fissura orbital superior para a órbita. O nervo abducente é assim denominado porque os impulsos nervosos provocam abdução (rotação lateral) do bulbo do olho. A VIA VISUAL Após considerável processamento dos sinais visuais nas sinapses entre os diversos tipos de neurônios no estrato nervoso da retina, os axônios das células ganglionares da retina fornecem impulsos a partir da retina para o encéfalo. Deixam o bulbo do olho como nervo óptico (NC II). Processamento do influxo visual na retina No estrato nervoso da retina, determinadas características do influxo visual são intensificadas, enquanto outras podem ser descartadas. O influxo de diversas células pode convergir para um número menor de neurônios pós-sinápticos ou divergir para um número maior. Em seu conjunto, a convergência predominam: 1 milhão de células ganglionares recebem influxo de cerca de 126 milhões de células fotorreceptoras. As substâncias químicas (neurotransmissores) liberadas pelos bastonetes e cones induzem alterações tanto nas células bipolares quanto nas células horizontais, que levam à geração de impulsos nervosos. As células amácrinas fazem sinapse com células ganglionares e também transmitem informações a elas. Quando as células bipolares, horizontais ou amácrinas transmitem sinais para as células ganglionares, estas iniciam impulsos nervosos. Via no encéfalo Os axônios das células ganglionares da retina formam o nervo óptico (NC II) que fornece impulsos da retina para o encéfalo. Os nervos ópticos (NC II) passam pelo quiasma óptico, um ponto de cruzamento dos nervos ópticos. Algumas fibras cruzam para o lado oposto, enquanto outras permanecem não cruzadas. Após passar pelo quiasma óptico, as fibras, que agora constituem parte do trato óptico, entram no encéfalo, e a maioria termina no núcleo do corpo geniculado lateral. Nesse ponto fazem sinapse com neurônios cujos axônios formam as radiações ópticas, que se projetam para as áreas visuais primárias nos lobos occipitais do córtex cerebral. Algumas das fibras nos tratos ópticos terminam nos colículos superiores, que controlam os músculos extrínsecos do bulbo do olho, e nos núcleos pré-tetais, que controlam os reflexos pupilares e de acomodação. O músculo liso do corpo ciliar é denominado músculo ciliar. Com o seu complexo arranjo de fibras musculares lisas de orientação longitudinal, oblíqua e circular, o músculo ciliar produz um estreitamento ou uma ação de esfíncter do corpo ciliar semelhante a um anel. A contração ou o relaxamento do músculo ciliar modifica a constrição das fibras zonulares, o que altera o formato da lente, adaptando-a para a visão de perto ou de longe. A íris, a parte colorida do bulbo do olho, possui o formato semelhante a uma rosca achatada, e a abertura em seu centro é denominada pupila (pessoa pequena; porque este é o local onde vemos o nosso próprio reflexo quando olhamos nos olhos de outra pessoa). A íris está suspensa entre a córnea e a lente como uma projeção anterior do corpo ciliar. Consiste em melanócitos e fibras musculares lisas circulares e radiais. A quantidade de melanina na íris determina a cor dos olhos. Os olhos aparecem castanhos a pretos quando a íris contém uma grande quantidade de melanina, azuis quando a concentração de melanina é muito baixa e verdes quando a concentração de melanina é moderada. Os dois arranjos distintos de fibras de músculo liso formam o músculo esfíncter da pupila, que é uma faixa fina e plana de fibras musculares de orientação circular no limite pupilar da íris, e o músculo dilatador da pupila, que se fixa à circunferência externa do músculo esfíncter da pupila e projeta-se como os raios de uma roda em direção à base da íris. A principal função da íris consiste em regular a quantidade de luz que entra no bulbo do olho através da pupila. A pupila aparece preta, visto que, quando olhamos através da lente, vemos o fundo do olho densamente pigmentado (corioide e retina). Entretanto, quando uma luz intensa é dirigida para a pupila, a luz refletida é vermelha, devido aos vasos sanguíneos existentes na superfície da retina. Esta é a razão pela qual os olhos de uma pessoa aparecem vermelhos em uma fotografia (“reflexo vermelho”) quando o flash atinge a pupila. Os reflexos autônomos regulam o diâmetro da pupila em resposta aos níveis de luz (Figura 7). Quando a luz intensa estimula o olho, as fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (NC III) estimulam a contração do músculo esfíncter da pupila da íris, produzindo diminuição no tamanho da pupila (constrição). Em condições de baixa iluminação, os neurônios simpáticos estimulam a contração do músculo dilatador da pupila da íris, produzindo aumento no tamanho da pupila (dilatação). MORFOLOGIA CONES E BASTONETES Terminais sinápticos: fazem sinapse com as células bipolares e por vezes com as células horizontais. Segmento interno: é onde ocorre a síntese de fotopigmento. Cílio: une o segmento interno com o segmento externo. Uma vez que o fotopigmento foi feito no segmento interno ele vai passar para o segmento externo. Nos cones existem dobras de membranas e nos bastonetes discos de flutuação livre. 1) Como ocorre a interpretação da imagem no sistema nervoso? Quando olhamos na direção de algum objeto, a imagem atravessa a córnea (tecido transparente que cobre a pupila) e chega à íris, que regula a quantidade de luz recebida por meio de uma abertura chamada pupila. Quanto maior a pupila, mais luz entra no olho. Passada a pupila, a imagem chega ao cristalino (espécie de lente natural) e é focada sobre a retina, que fica no fundo do olho. A lente do olho (cristalino) produz uma imagem invertida e o cérebro a converte para a posição correta. Na retina, mais de cem milhões de células fotorreceptoras transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos, que são decodificados pelo cérebro. O cristalino é uma lente biconvexa (com curvatura dos dois lados) formada por dezenas de bilhões de células minúsculas (que se concentram em menos de 1 centímetro quadrado). Por meio de contração e dilatação automáticas, o cristalino adapta sua curvatura a todas as distâncias além de 20 centímetros. Essa lente natural recebe os raios luminosos vindos de fora, reúne-os em um feixe denso e os transmite à retina. A retina é uma película sensível do aparelho fotográfico humano e é formada por três camadas de células. Essas células formam fibras que se prolongam a fim de formarem o nervo ótico. Os cones e bastonetes presentes na retina é que permitem a ela, por diferentes funções, perceber figuras, cores e movimentos em ambientes de distintas intensidades luminosas. Já a íris (parte colorida dos olhos), se abre ou contrai de acordo com a luminosidade do objeto, possibilitando assim, uma visão certeira e sem maiores perigos para o olho. Não podemos esquecer também, que o globo ocular é protegido por duas cortinas chamadas de pálpebras. Elas protegem o cristalino contra agressões externas, tal como a poeira e pequenos insetos. Por isso, quando algo vem contra o olho, a pessoa automaticamente se defende fechando-o. Os cílios e as sobrancelhas também fazem parte do sistema de proteção dos olhos. Já as glândulas lacrimais (reservatórios líquidos sempre cheios), cumprem seu papel irrigando e lubrificando o olho, o que previne alergias e irritação. A retina não apenas repassa os padrões de claro-escuro incididos sobre elas, mas também extrai informações das imagens visuais. Há mais de 100 milhões de fotorreceptores na retina, mas apenas 1 milhão de axônios deixam o olho levando informações para o resto do encéfalo. Dessa maneira, aquilo que percebemos no mundo depende de que informação é extraída pela retina e como é analisada e interpretada pelo resto do sistema nervoso central (SNC). A via que participa da percepção visual consciente inclui o núcleo geniculado lateral(NGL) do tálamo (uma das regiões do diencéfalo) e o córtex visual primário, também chamado de córtex estriado. A informação que converge por meio dessa via geniculocortical é segregada em canais separados (paralelos) de processamento, por neurônios especializados na análise de diferentes atributos do estímulo. Então, o córtex estriado envia essa informação para mais de duas dúzias de diferentes áreas corticais nos lobos temporal e parietal. Apesar do processo da visão ser bem determinado pelo olho (órgão de recepção da luz), pela retina (que faz a transdução dos sinais neurais) e pelas vias periféricas de transmissão (como os nervos ópticos e os tratos ópticos), não é possível dizer que o esquema visual seja simples ou encerre no córtex occipital. A via neural que sai do olho é frequentemente chamada de projeção retinofugal, ou seja, uma projeção que parte da retina. Essa projeção cursa a partir de cada olho rumo ao tronco encefálico de cada lado. Os axônios das células ganglionares que partem da retina passam através de três estruturas antes de estabelecerem suas sinapses no tronco encefálico. Os componentes dessa projeção retinofugal são: o nervo óptico, o quiasma óptico e o trato óptico. Os nervos ópticos saem do olho esquerdo e do olho direito a partir da papila do nervo óptico, através do tecido gorduroso por trás dos olhos em suas cavidades ósseas, as chamadas órbitas, e passam por meio de orifícios na base do crânio. Os nervos ópticos de ambos os olhos se combinam para formar o quiasma óptico, localizado na base do encéfalo. O quiasma é uma estrutura achatada de forma aproximadamente quadrangular. Admite-se que as fibras temporais de cada retina seguem um trajeto direto e que as fibras nasais se cruzam. Por esse cruzamento parcial das fibras retínicas é que se possibilita a visão binocular. Após esse processo no quiasma óptico, os axônios das projeções retinofugais formam os tratos ópticos, que correm logo abaixo da pia-máter (uma das membranas das meninges) ao longo das superfícies laterais do diencéfalo. Os feixes nervosos reorganizados depois do quiasma constituem os tratos ópticos, contendo agora as metades (esquerda e direita) das retinas de cada olho. Por exemplo, o trato óptico direito contém as fibras da retina temporal do olho direito e as da nasal do olho esquerdo. Os tratos ópticos são pequenos e bem protegidos, tornando-se pouco afetados, a não ser por compressões tumorais. O córtex estriado O córtex estriado possui células que codificam os atributos básicos do estímulo visual. Assim, existem células que respondem ao piscar de um estímulo parado. Outros neurônios preferem que o estímulo tenha certa inclinação angular. Alguns respondem melhor a estímulos em movimento, outros são sensíveis à cor e assim a muitas características dos objetos visíveis. A área central da retina, a fóvea, possui alta densidade de fotorreceptores, de modo a conferir alta resolução espacial. A partir da área central ocorrem mudanças anatômicas e fisiológicas que resultam em declínio da acuidade visual. Esse mapa retínico é mantido nas vias ópticas, estabelecendo uma correspondência espacial desde a retina até o córtex cerebral. Essa correspondência é chamada retinotopia, ou seja, é uma organização na qual as células vizinhas na retina fornecem informação a locais também vizinhos em suas estruturas-alvo como o córtex estriado. Dessa forma, a superfície bidimensional da retina é mapeada sobre a superfície bidimensional das estruturas subsequentes. A construção de campos receptivos binoculares é essencial para seres binoculares. Sem neurônios binoculares, provavelmente seríamos incapazes de utilizar os sinais oriundos de ambos os olhos para formar uma imagem única. A retinotopia encontra-se preservada, pois os dois campos receptivos de um neurônio inocular estão situados precisamente sobre a retina, de forma a olhar para o mesmo ponto no espaço. À medida que um microeletrodo avança tangencialmente ao longo do córtex em uma única camada, a orientação preferencial desloca-se progressivamente. Há um padrão semelhante a um mosaico para as orientações no córtex estriado. Se um eletrodo é deslocado em certos ângulos através desse mosaico, a orientação apresenta uma rotação semelhante ao movimento do ponteiro dos minutos de um relógio. Se o eletrodo é movido para outros ângulos, mudanças mais bruscas ocorrem na orientação preferencial. A análise da orientação do estímulo é uma das funções mais importantes do córtex estriado. Acredita-se que neurônios com seletividade de orientação sejam especializados para a análise da forma dos objetos. Já os neurônios que apresentam seletividade de direção são especializados na análise do movimento do objeto. No lobo parietal existem áreas com tipos adicionais de especialização para sensibilidade ao movimento. Como é o caso de uma área conhecida como MST (do inglês medial superior temporal), que conta com células seletivas para movimento lineares, movimentos radicais (em direção a, ou afastando-se de um ponto central) e movimentos circulares (seja horário ou anti-horário). Não é possível precisar a forma como o sistema visual utiliza os neurônios com propriedades de sensibilidade a movimentos complexos na área MST. No entanto, três papéis têm sido propostos: Navegação: à medida em que nos movemos, fluxos de objetos passam por nossos olhos e as direções e velocidades dos objetos em nossa visão periférica fornecem informações que são utilizadas na navegação. Orientação dos movimentos dos olhos: nossa habilidade para sentir e analisar o movimento é utilizada quando movemos nossos olhos para objetos que estão em nossa visão periférica, mas que nos chamaram atenção. Percepção do movimento: temos a capacidade de identificar e interpretar os objetos em movimento. Outros experimentos comprovam, também, que as imagens visuais são produzidas pelo sistema sensorial em conexão com o neocórtex, através de vários órgãos receptores específicos para o tato, a visão, a audição, e estes emitem sinais para o sistema nervoso central à maneira de um código. Essa transmissão nunca é direta, ocorre por intermédio de conexões sinápticas que modificam e distorcem a mensagem, de forma que o cérebro recebe uma "mensagem codificada" do estímulo periférico que será interpretada no córtex cerebral como um mapa. Dito de outra forma, a percepção visual parte da retina para a área visual primária do córtex, dispondo de estruturas organizadas em todas as etapas das vias visuais. O sistema óptico do olho humano produz uma imagem na retina, que é constituída por uma camada de receptores altamente complexos, cuja função inicial é a reconstituição da imagem pelo sistema nervoso da retina. Desse mecanismo sintetizador da retina partem milhões de fibras nervosas de cada nervo ótico que não se limitam à simples transmissão da imagem retiniana e descarregam impulsos nervosos no centro visual primário do cérebro (área 17 de Brodmann). Isso produz uma abstração no sistema nervoso da retina, denominada de traços. Essa abstração continua em muitas etapas sucessivas e é reconhecida nos centros visuais do cérebro. Dessas complexas interações, as células ganglionares retinianas reagem particularmente às mudanças espaciais e temporais de luminosidade da imagem, através de dois subsistemas neuronais que assinalam, respectivamente, a luminosidade e a obscuridade, definindo contrastes que seguem linhas de contorno externo para o processamento de informações. Pode-se dizer que o que o olho informa ao cérebro é uma abstração de luminosidade e contraste de cores. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=s ci_arttext&pid=S0104-53932012000200 002 2) Explique as principais patologias (correlacionar perdas visuais): a) Miopia: Na miopia, objetos distantes, que emitem raios paralelos, são focalizados à frente do plano retiniano,fazendo a imagem perder a http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932012000200002 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932012000200002 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932012000200002 sua nitidez. Ao contrário da hipermetropia, na miopia o eixo longitudinal do globo ocular é grande em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho. Os tipos de miopia são: (1) miopia axial ou estrutural: globo ocular alongado, com diâmetro ântero-posterior maior que o normal; este é o tipo mais comum de miopia! Estes pacientes podem apresentar uma falsa protusão ocular (pseudoproptose), devido ao aumento do globo ocular, (2) miopia de curvatura: aumento da curvatura da córnea ou cristalino, trazendo um poder de refração excessivo para um olho de tamanho normal, (3) miopia secundária: pode estar associada à catarata nuclear, quando a degeneração do cristalino aumenta o seu poder de refração (miopia de índice ou refrativa); pode também ocorrer após trauma ou cirurgia para glaucoma, pelo deslocamento anterior do cristalino ou associada à ceratocônia, (4) miopia congênita: alto grau de miopia ao nascimento. A miopia geralmente desenvolve-se entre 8-14 anos, podendo progredir até os 20-25 anos de idade, geralmente não passando de -5,00D. Cerca de 25-30% dos adultos da raça branca e 15-20% dos negros são míopes, a maioria deles com um leve grau de miopia. A prevalência de miopia em asiáticos é maior, entre 70-90%. Na miopia, esse poder refrativo excessivo poderá ser neutralizado pela colocação, em frente ao olho, de lente esférica côncava, que divergirá os raios. b) Hipermetropia: Na hipermetropia, objetos distantes, que emitem raios paralelos, são focalizados atrás do plano retiniano, quando não há auxílio da acomodação. Portanto, a imagem perde a sua nitidez. Na hipermetropia, o eixo longitudinal do globo ocular é pequeno em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho. Existem vários tipos de hipermetropia, quanto ao seu mecanismo predominante: (1) hipermetropia axial: globo ocular encurtado, com diâmetro ântero-posterior menor que o normal; certamente, este é o tipo mais comum de hipermetropia! (2) hipermetropia de índice ou refrativa: redução do índice de refração da córnea, humor aquoso ou cristalino, (3) hipermetropia de curvatura: diminuição da curvatura da córnea ou cristalino. Pelo menos 80% das crianças nascem hipermétropes leves (geralmente entre +2,00- +3,00D), pois o eixo longitudinal do globo ocular é proporcionalmente curto (hipermetropia fisiológica). À medida que a criança vai crescendo, o globo ocular vai alongando e a maioria torna-se emétrope entre 5-12 anos de idade (emetropinização fisiológica). Entre os adultos, a prevalência de hipermetropia pode ser de até 55%, (10% em negros) na grande maioria das vezes, uma hipermetropia leve. A hipermetropia é o distúrbio de refração mais comum em adultos (considerando os casos leves e os casos de hipermetropia latente). Na hipermetropia, a visão anormal poderá ser corrigida pelo acréscimo de poder refrativo, usando-se lente convexa em frente ao olho. c) Presbiopia: A presbiopia é um defeito do mecanismo de acomodação do cristalino que se inicia após os 40 anos em quase todas as pessoas, progredindo até os 60 anos. Com o avançar da idade, o cristalino sofre mudanças degenerativas, tornando-o menos complacente e, portanto, mais difícil de “acomodar”, ou seja, aumentar a sua dioptria. Um adulto jovem, em torno dos 20 anos de idade, uma vez corrigindo outros distúrbios refrativos (miopia, hipermetropia, astigmatismo), é capaz de focar um objeto próximo a uma distância de aproximadamente 9 cm de seus olhos. Uma distância menor que 9cm tira o objeto de foco. É o denominado ponto próximo (neste caso, de 9 cm). Para manter o objeto focado no ponto próximo, o cristalino precisa acomodar-se, aumentando o seu poder refrativo ao máximo. Para um ponto próximo de 9 cm, o cristalino precisa aumentar o poder refrativo ocular em 11 dioptrias (ou seja, em vez do sistema de lentes ocular ter 60 dioptrias, passa a ter 60 + 11 = 71 dioptrias...). Esta é a amplitude de acomodação do olho humano, que é máxima nos jovens mas começa a se reduzir paulatinamente com a idade. A amplitude de acomodação (AA) pode ser estimada pelo cálculo AA = 15 - 0,25 x Idade. A presbiopia é definida quando o indivíduo começa a ter dificuldade com a visão de perto (como o ato de ler um jornal), que se torna borrada. Este fenômeno começa a ocorrer após os 40-50 anos de idade e pode estar associado à astenopia (fadiga, desconforto ocular e cefaleia desencadeada pela leitura). Os sintomas se agravam pela manhã. O problema de acomodação é bilateral e simétrico (praticamente idêntico em ambos os olhos). Os sintomas relacionados à presbiopia geralmente começam quando o paciente tem a amplitude de acomodação limitada a menos de 5 dioptrias (5,00D). A tendência natural é piorar até os 60 anos, quando então o processo se estabiliza. Como veremos adiante, a presbiopia ocorre precocemente nos indivíduos com hipermetropia e tardiamente (ou não ocorre) nos indivíduos com miopia. d) Astigmatismo: O astigmatismo em geral é um problema da córnea, que não é mais esférica, mas sim elíptica. A córnea normal é uma lente esférica, possuindo a mesma curvatura em todos os seus eixos (meridianos). A córnea astigmata possui curvaturas diferentes em pelo menos dois meridianos, geralmente diametralmente opostos. Assim, quando os raios luminosos incidem sobre a córnea astigmata, são convergidos em pelo menos dois focos diferentes no globo ocular. Uma irregularidade do cristalino também pode contribuir para o astigmatismo (astigmatismo lenticular)... Na maioria dos casos de astigmatismo, os meridianos com curvaturas diferentes são diametralmente opostos. Numa minoria de astigmatas, os meridianos de curvaturas diferentes não são diametralmente opostos ou existem mais de dois diferentes, determinando três ou mais focos na retina (astigmatismo irregular), este último mais associado à ceratocone, trauma ou cirurgia de córnea. A diferença de dioptrias entre os meridiano contrapostos é a medida do grau de astigmatismo. Como veremos adiante, esta diferença pode ser corrigida com uma lente cilíndrica com eixo perpendicular ao meridiano de maior erro refrativo. O astigmatismo pode ser (1) negativo (“astigmatismo míope”), quando o meridiano com o maior erro for mais convexo que o contraposto, necessitando de lentes cilíndricas negativas (côncavas) para a sua correção, ou pode ser (2) positivo (“astigmatismo hipermétrope”), quando o meridiano com o maior erro for mais côncavo que o contraposto, necessitando de lentes cilíndricas positivas (convexas) para ser corrigido. Cerca de 15-20% dos indivíduos possuem astigmatismo. O astigmatismo possui predisposição genética e pode se desenvolver na criança ou no adulto, evoluindo estável ou progredindo posteriormente. É muito comum a associação de astigmatismo com outros erros de refração esféricos, como hipermetropia ou miopia, que terão que ser corrigidos juntamente com a correção do erro astigmata. O astigmatismo extremo (> 5,00D) ou rapidamente progressivo está frequentemente associado a outras doenças da córnea, como a ceratocone (ver adiante). O astigmatismo pode ser secundário a trauma ou cirurgia da córnea, incluindo as cirurgias refrativas. e) Retinopatía diabética: É a terceira causa de cegueira em adultos no Brasil e a complicação crônica mais comum do diabetes mellitus! Sem um controle glicêmico rígido, a retinopatia diabética ocorre em quase 100% dos diabéticos tipo 1 e em 50-80% dos diabéticos tipo 2. Estes percentuais certamente são bem menores naqueles pacientes com terapia antidiabética adequada e manutenção da hemoglobina glicosilada abaixo de 7%. A retinopatia diabéticaé decorrente de distúrbios da microcirculação retiniana, portanto, uma retinopatia vascular. O acúmulo dos AGE (produtos da glicosilação avançada, ou seja aminoácidos ou proteínas que sofreram glicosilação irreversível) e a propensão à trombose microvascular constituem os principais mecanismos patogênicos propostos. Outro dado importante é a grande associação entre retinopatia e nefropatia diabética (quase superficiais, na camada de fibras ganglionares). Todos aqueles que têm nefropatia também apresentam retinopatia)... Por razões desconhecidas, a gestação pode agravar a doença retiniana diabética... A retinopatia diabética geralmente é bilateral, embora assimétrica. Existem três tipos de retinopatia diabética: (1) retinopatia não proliferativa, (2) maculopatia diabética, (3) retinopatia diabética proliferativa. O diabetes mellitus pode causar dois tipos de alterações nos olhos. •Retinopatia diabética não proliferativa: Ocorre primeiro •Retinopatia diabética proliferativa: Ocorre depois da retinopatia diabética não proliferativa e é mais grave Retinopatia diabética não proliferativa Na retinopatia diabética não proliferativa, os vasos sanguíneos pequenos da retina extravasam fluido ou sangue e podem surgir pequenas saliências. Áreas da retina afetadas pelo derrame podem inchar, causando danos a áreas do campo de visão. No início, os efeitos na visão podem ser mínimos, mas a visão pode piorar gradualmente. Podem surgir pontos cegos, embora o paciente não repare neles, sendo descobertos apenas através de exames. Se houver vazamento próximo à mácula, área central da retina, que contém alta densidade de células fotossensíveis, a visão central pode ficar embaçada. O edema da mácula (edema macular), devido a derrame de líquido dos vasos sanguíneos, pode levar a uma perda significativa da visão. No entanto, pode não haver perda de visão mesmo com a retinopatia avançada. Retinopatia diabética proliferativa Na retinopatia diabética proliferativa, a lesão na retina estimula o crescimento de novos vasos sanguíneos. Os vasos sanguíneos crescem de forma anômala, provocando algumas vezes sangramento (hemorragia) ou cicatrizes. Cicatrizes significativas podem causar o descolamento da retina. A retinopatia diabética proliferativa leva a maior perda de visão do que a retinopatia diabética não proliferativa. Pode resultar em cegueira total ou quase total, devido a uma extensa hemorragia no humor vítreo (substância gelatinosa que preenche a parte posterior do globo ocular) ou a um tipo de descolamento da retina, chamado de descolamento da retina por tração. O crescimento de novos vasos sanguíneos também pode levar a um tipo dolorido de glaucoma (glaucoma neovascular). O edema macular pode causar significativa perda de visão. Os sintomas de retinopatia diabética proliferativa podem ser visão embaçada, pontos flutuantes (manchas escuras) ou flashes de luz no campo de visão, e perda de visão repentina, grave e indolor. f) Glaucoma: Ao contrário do que muitos pensam, glaucoma não é simplesmente o aumento da pressão intraocular. Glaucoma é uma doença de causa desconhecida caracterizada pela degeneração dos axônios da papila do nervo óptico, podendo levar à cegueira irreversível. Está na maioria das vezes associado ao aumento da pressão intraocular, mas existe uma minoria de casos de glaucoma (em torno de 15%) com pressão intraocular normal... Ou seja, o glaucoma é uma neuropatia da papila óptica. Apesar da relação causa-efeito não ser precisa, é fato consagrado que o aumento da pressão intraocular pode provocar e frequentemente provoca a neuropatia glaucomatosa, especialmente quando esta pressão encontra-se bastante elevada. Por conta disso, o tratamento do glaucoma se baseia em medidas para baixar a pressão intraocular, uma conduta capaz de controlar a doença, evitando que ela progrida. Anátomo-histologia da Papila Óptica A papila óptica é uma estrutura em forma de disco, com diâmetro de cerca de 1,5 mm, https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-da-retina/descolamento-da-retina facilmente visualizada pelo exame da fundoscopia. Representa a origem do nervo óptico, sendo formada pela convergência de todos os axônios (fibras desmielinizadas) das células ganglionares da retina (cerca de 1 milhão). Ao ganhar a região da papila, os axônios curvam-se para trás a 90o , cruzando a lâmina cribiforme da esclera (uma estrutura fenestrada), quando se tornam fibras mielinizadas para formar os feixes que irão compor o nervo óptico. O glaucoma causa uma degeneração dos axônios das células ganglionares na papila óptica, antes de cruzarem a lâmina cribiforme, provocando a morte desses neurônios. A papila torna-se tipicamente escavada e afilada, deformando a lâmina cribiforme que pode eventualmente aparecer no exame fundoscópico. g) Catarata: Catarata é uma doença bastante comum na população idosa caracterizada pela opacidade progressiva do cristalino, provocando perda parcial ou total da visão. A doença é via de regra bilateral, embora assimétrica. O termo vem do latim catarractes, que significa “cachoeira”, a qual foi comparado o aspecto da névoa observada no cristalino opacificado. O mecanismo causador da catarata não é conhecido, mas certamente tem a ver com o envelhecimento. Como vimos, as células estruturais do cristalino (fibras do cristalino) não são renovadas e possuem praticamente a mesma idade do indivíduo, o que as torna as células do corpo humano mais suscetíveis ao desgaste do envelhecimento. Parece que o estresse oxidativo constante promove a degeneração das proteínas cristalinas, que aumentam de tamanho e perdem as suas propriedades que garantem a transparência da lente. Na fase inicial da catarata, especialmente no tipo nuclear, o cristalino aumenta o seu conteúdo aquoso, a ponto de aumentar a convexidade da lente e, portanto, o seu poder de refração. Isso justifica muitos pacientes iniciarem a doença pelo surgimento de miopia, com borramento para visão de longe e melhora da visão de perto, corrigindo parcialmente a presbiopia relacionada à idade. Nesta fase, o paciente pode voltar a ler sem óculos, ao que se chama “segunda visão”. Com o passar dos anos, a opacificação do cristalino vai progredindo e a lente vai desidratando, tornando a visão cada vez pior, até chegar a uma grave deficiência visual. Do ponto de vista anatômico, existem três tipos de catarata quanto ao local do cristalino onde ocorre ou predomina a opacificação: (1) nuclear: núcleo do cristalino, (2) cortical: região anterior do cristalino, e (3) subcapsular posterior: adjacente à cápsula posterior do cristalino. Pode haver a combinação de mais de um tipo no mesmo paciente... Os tipos mais comuns de catarata são os dois primeiros, que tendem a progredir muito lentamente, enquanto que o tipo subcapsular anterior está mais associado ao diabetes mellitus e aos corticoides (ver adiante) e via de regra progride rapidamente (num período de meses!). A catarata nuclear é o tipo mais associado à miopia nas fases iniciais, pelo mecanismo de hiper hidratação, bem como a um grau de perda da diferenciação das cores. A catarata cortical é o tipo mais brando, que menos compromete a acuidade visual. A catarata subcapsular posterior é o tipo mais grave e progressivo e está associado à sensibilidade a luzes de brilho forte, com ofuscamento da visão (glare). A catarata congênita é uma forma de catarata presente no nascimento, embora possa se formar ou progredir até 6 meses de idade. Segundo dados da OMS, a catarata congênita é uma das causas mais comuns de cegueira ou visão subnormal tratável entre crianças. Cerca de 1/3 das cataratas congênitas é esporádica e muitas delas possuem herança genética, geralmente transmitidas por caráter autossômico dominante. Os 2/3 restantes são associadas a doenças infecciosas do grupo TORCH (causa predominanteno Brasil), especialmente a rubéola congênita, metabólicas (galactosemia, hipoglicemia), trissomias (síndrome de Down, Pateau ou Edward), e outras doenças (hiperplasia persistente primária do vítreo, distrofia miotônica, lenticonus posterior, etc.). A síndrome de Marfan não está associada à catarata congênita, mas sim à ectopia ou deslocamento do cristalino... De uma forma geral, as cataratas esporádicas tendem a ser unilaterais; e as secundárias, bilaterais. 4) Quais as causas das alterações da acuidade visual? Acuidade visual é a capacidade do olho de identificar a forma e o contorno dos objetos, determinando a nitidez com que uma pessoa enxerga e diferencia os detalhes daquilo que ela está enxergando. DESCOLAMENTO DE RETINA: O descolamento de retina é uma doença que atinge cerca de 20 mil pessoas por ano no Brasil e que pode evoluir para perda de visão, principalmente se o paciente demorar a buscar o tratamento adequado. Trata-se de uma doença que ocorre quando uma parte ou toda a retina se desprende da parede do globo ocular devido a rupturas internas. Por isso, o seu tratamento deve ser o mais precoce possível. Existem 3 tipos de descolamento de retina: · exsudativo (secundário a doenças inflamação) ● tracional (comum em pessoas com diabetes); ● regmatogênico (forma mais comum que ocorre devido um rasgo na retina). As características aqui apresentadas referem-se ao tipo regmatogênico. OCLUSÃO DA ARTÉRIA CENTRAL DA RETINA: A oclusão da artéria central da retina pode ser descrita como uma repentina, indolor e grave perda da visão por falta de irrigação vascular na retina, ou seja, o sangue não consegue chegar até as células da retina, que acabam morrendo. O exame de fundo de https://retinapro.com.br/blog/afinal-o-que-e-descolamento-de-retina/ https://retinapro.com.br/blog/doencas-inflamatorias-que-afetam-a-retina/ olho mostra a retina com uma coloração bem esbranquiçada, consequência da falta de sangue, com uma parte central escura, o que chamamos de aspecto de mácula em cereja. A maioria dos casos acontece em pessoas que estão na faixa dos 60 anos, sendo raro o aparecimento em pessoas abaixo de 30 anos. Os homens são afetados com mais frequência que as mulheres. É um caso extremamente grave, pois na grande maioria dos casos há um comprometimento importante da visão. Seu tratamento deve ser feito de forma imediata, dentro de poucas horas após o início do quadro. OCLUSÃO DE VEIA CENTRAL DA RETINA: É o bloqueio ou a obstrução da veia central, ou seja, o sangue não tem como sair do olho e acaba extravasando para a retina. Portanto, o achado do exame de fundo de olho característico é a presença de hemorragias em toda a retina. Pode-se dizer que a OVCR ocorre, mais frequentemente, em pessoas com mais de 65 anos. Também, causa uma perda de visão repentina e indolor. O sintoma mais comum é a visão turva ou desfocada. É uma doença que pode estar associada ao aumento de pressão arterial ou aumento de pressão do olho (glaucoma). Seu tratamento também deve ser feito de forma precoce. Em geral, utilizam-se as injeções intravítreas de antiangiogênico, mas a fotocoagulação a laser também pode ser realizada. DEGENERAÇÃO MACULAR: A degeneração macular apresenta 2 formas: ● seca (ocorre em 90% dos casos); ● úmida (acontece em 10% dos casos). Os pacientes que apresentam a forma úmida podem evoluir com perda repentina da visão. Nesse tipo, ocorre um extravasamento de corante para a região macular (porção central da retina) do paciente. A queixa mais comum nesta doença é o aparecimento de uma mancha escura na visão central. Seu tratamento também deve ser imediato, sendo feito com injeções intravítreas de antiangiogênico. LESÕES NA CÓRNEA: córnea corresponde a parte mais anterior do olho, portanto fica próxima ao ar ambiente, sendo responsável pela maior parte do poder de refração (desvio dos raios luminosos) do olho. Qualquer alteração nesta estrutura, secundária a algum arranhão, pode levar a dificuldade visual. Em geral, esses casos conseguem ser reversíveis assim que se recupera a integridade da córnea. DIABETES: o diabetes também pode causar danos na visão, sejam eles temporários ou permanentes. No caso dessa doença sistêmica, isso acontece porque o diabetes é capaz de afetar a retina e prejudicar a visão.. A consequência mais grave do excesso de glicose no sangue é o desenvolvimento de https://retinapro.com.br/blog/voce-sabe-o-que-e-degeneracao-macular-descubra-aqui/ https://retinapro.com.br/blog/como-funciona-a-injecao-intravitrea-de-antiangiogenico/ uma doença chamada retinopatia diabética: uma grave complicação que acontece secundário ao dano nos vasos sanguíneos da retina. Essas alterações podem causar sangramentos e a perda da visão. Uma outra causa comum de perda visual súbita no paciente diabético é o aumento súbito da glicemia, pois pode causar uma alteração repentina no grau da pessoa, devido a isso não devemos realizar exames de verificação de grau em pacientes com hiperglicemia. ENXAQUECA: A enxaqueca, conhecida por sintomas como intensas dores de cabeça, pode causar uma perda temporária da visão. São as chamadas enxaquecas com auras visuais. Apesar de parecer que problema é na visão, assustando as pessoas que sofrem da doença, ele está no cérebro e em sua área relacionada ao controle da visão. menos frequente, podem causar sintomas momentâneos de desaparecimento súbito da visão chamada amaurose fugaz. Esses sintomas que afetam a visão durante uma crise de enxaqueca podem variar bastante de pessoa para pessoa. Os mais comuns são manchas no campo de visão, pontos brancos ou pretos, linhas em zigue-zague, flashes de luz e distorções, além da perda temporária da visão. Muitos pacientes relatam, inclusive, que as mudanças na visão antecedem as dores de cabeça de uma enxaqueca. HIPERTENSÃO: O aumento súbito da pressão arterial pode causar os derrames da retina. Contudo, casos onde há o aumento da pressão arterial para níveis muito elevados (acima de 200 mmHg de pressão sistólica) pode causar lesão do nervo óptico, chamado de neuropatia óptica hipertensiva, onde há lesão e prejuízo na condução das imagens do olho até o cérebro. Portanto, o controle da hipertensão deve ser feito cuidadosamente com um médico e o acompanhamento da saúde dos olhos com um oftalmologista também é essencial. Um dado interessante sobre a cegueira súbita é que ela acontece mais frequentemente em apenas um dos olhos. Além disso, em muitos casos, os pacientes não percebem de forma clara a baixa da visão. PATOLOGIAS QUE LEVAM À REDUÇÃO DA ACUIDADE VISUAL Existem 5 grandes grupos de patologias que vão cursar com diminuição da acuidade visual: 1. ERRO REFRATIVO NÃO CORRIGIDO (a pessoa não enxerga bem porque ela precisaria usar lentes corretivas – óculos ou lentes-de-contato - mas não o faz); Nessas condições, a imagem se forma anteriormente ou posteriormente à retina e https://retinapro.com.br/blog/distorcao-da-imagem/ não sobre ela. O paciente relata a sensação de que a visão está “embaçada”; A diminuição da acuidade visual pode ser corrigida pela prescrição de lentes ópticas (óculos ou lentes de contato); Normalmente, não estão relacionados a queixas agudas ou sinais inflamatórios; 2. OPACIDADES DE MEIOS (os meios opacos impedem que a luz chegue até a retina ou, quando chega, chega em menor intensidade); Esse grupo de doenças é uma causa importante de cegueira na população mundial; Nesses quadros, a luz não chega adequadamente à retina; Pode, ou não, estar associado com a inflamação ocular; Pode ser causada por processos agudos ou crônicos; Qualquer estrutura anterior à retina (córnea, cristalino, ou vítreo, por exemplo) pode estar opacificada, atrapalhando a chegada da luz à retina. 3. DOENÇAS DA RETINA (MÁCULA) (a luz chega até a retina, mas um problema intrínseco da retina não permite que a pessoa tenha uma acuidade visual adequada).A mácula é a região “nobre” da retina, onde há maior concentração de fotorreceptores. Nesses casos, o uso de lentes corretivas não melhora a diminuição da acuidade visual. A luz chega até a retina, ou seja, não há nenhuma opacidade de meios que atrapalhe, porém, quando a luz chega na retina, a imagem não é formada adequadamente por um distúrbio intrínseco da retina. 4. DOENÇAS DO NERVO ÓPTICO ou VIAS ÓPTICAS 5. CAUSAS CENTRAIS (são as menos frequentes) 5) Quais são os métodos de diagnóstico da perda visual? Teste do olhinho Teste do olhinho pode detectar várias doenças Simples, rápido e indolor, esse exame é feito nas primeiras semanas de vida do bebê. Com o oftalmoscópio, o médico examina o reflexo da retina, que deve ser homogêneo, simétrico e regular. Dessa maneira, o teste serve para detectar vários problemas de visão em recém-nascidos, como catarata, glaucoma congênita, tumores, inflamações e erros de refração – miopia, hipermetropia e astigmatismo. Inclusive, essas doenças, quando não tratadas, podem causar cegueira. Avaliação externa Geralmente, o primeiro exame oftalmológico realizado nas consultas de rotina é a avaliação externa dos olhos, das pálpebras e dos canais lacrimais. O especialista analisará possíveis sintomas como vermelhidão, inchaços e mudanças na lacrimação, como excesso ou falta. A avaliação externa identifica vários sintomas que, com exames complementares, podem indicar problemas ou doenças nos olhos. Exame de refração O mais realizado pelos oftalmologistas, o exame de refração determina a capacidade de enxergar e define o grau dos óculos. Ele verifica os erros de refração no olho e que geram problemas como miopia, hipermetropia, astigmatismo e a presbiopia. O exame de refração é o mais conhecido de todos. O exame pode ser feito com o uso do autorrefrator, equipamento que identifica automaticamente uma prévia próxima do grau real, ou com o refrator, aparelho que é colocado na frente do rosto. Em seguida, o médico solicita ao paciente que fale quais letras vê na parede oposta do ambiente. Ao mesmo tempo, troca as lentes corretivas e analisa o resultado de cada uma. Para diagnósticos mais certeiros, dilata-se a pupila com um colírio, principalmente em exames feitos em crianças e jovens adultos. Exame de fundo de olho Também conhecido como oftalmoscopia e exame de mapeamento de retina, o exame avalia a retina, disco óptico, coroide e vasos sanguíneos para detectar possíveis desdobramentos do glaucoma, diabetes ou hipertensão no globo ocular. O exame é feito por meio de equipamentos como o oftalmoscópio. Ele avalia as condições do fundo do olho por meio de uma lente especial, que aumenta a imagem várias vezes. Para ser mais preciso na avaliação, é necessário dilatar a pupila. O exame também pode ser realizado utilizando retinógrafos digitais, os quais garantem uma maior qualidade de imagem e mapeamento da retina. Além de problemas oftalmológicos, outros podem ser identificados, como tumores, problemas vasculares e de pressão, colesterol, leucemia, tuberculose, inflamações reumáticas, diabetes, toxoplasmose e desequilíbrios da tireoide. O exame de fundo de olho pode diagnosticar várias doenças. Teste Ortóptico Esse exame – também chamado de exame de motilidade ocular – avalia os músculos conectados à movimentação dos olhos e verifica alterações sensoriais. Desse modo, ele é recomendado para analisar o alinhamento dos olhos, a posição do olhar e detectar doenças como estrabismo e ambliopia. O teste ortóptico ajuda a identificar estrabismo. A avaliação da motilidade ocular é feita por meio do oclusor manual ou do reflexo luminoso corneal. Ele precisa que o paciente fixe o olhar em um ponto. Topografia de córnea Esse exame faz o mapeamento topográfico do relevo da córnea e estabelece a curvatura corneana. É indicado para o diagnóstico precoce de problemas de visão e para pacientes em adaptação de lentes de contato. O exame também é feito para detectar erros de refração da córnea. Isso ocorre principalmente antes de cirurgias corretivas de miopia, hipermetropia, astigmatismo e catarata. O paciente fixa o olhar em um ponto e a sonda tira as medidas, que serão processadas pelo computador. O exame é indolor e não precisa dilatar a pupila. Imagem da córnea capturada pelo exame Tonometria: A tonometria a ar é realizada por meio da propulsão de um jato de ar contra o globo ocular, o qual após encontrar a superfície do olho é recaptado e a pressão ocular é automaticamente fornecida. Aqui também o paciente deve repousar o queixo e a testa em suportes próprios do aparelho oftalmológico. Esse método não necessita anestesia e o que o paciente sente é apenas uma leve sensação de contato. Se o paciente, por qualquer motivo, não permite esses tipos de exames, o médico pode realizar a manobra de colocar os dois dedos indicadores sobre a pálpebra superior, com o paciente de olhos fechados e olhando para baixo e pressionar o globo ocular, para ter uma noção da pressão intraocular. Embora pouco preciso, esse método pode ser o único exequível em determinadas circunstâncias. O exame é simples, rápido e indolor, não durando mais do que cinco minutos. O desconforto causado por ele é mínimo, mas é necessária colaboração do paciente em manter fixo o olhar, pelo que pode ser mais difícil de ser executado em crianças pequenas. A pressão normal varia entre 10 e 20 mmHg, sendo a média comum de 15 ou 16 mmHg. Quando fazer os exames – sintomas Além de manter em dia os exames oftalmológicos, é fundamental ficar atento aos sintomas mais frequentes que indicam problemas ou doenças nos olhos. Em seguida, veja quais são os mais comuns: ● Lacrimação excessiva ou falta dela (olho seco); ● Hipersensibilidade à luz; ● Visão embaçada; ● Dor de cabeça constante; ● Dor nos olhos frequente; ● Pupilas de tamanhos diferentes; ● Vermelhidão nos olhos; ● Visão dupla; ● Forçar a vista para enxergar com foco os objetos; ● Perda parcial e progressiva da visão; ● Olhos desviados para o nariz ou para fora; ● Esfregar os olhos várias vezes por dia; ● Manchas na visão; ● Dificuldade em enxergar cores e detalhes; ● Vista cansada. ● Dificuldade de ver de perto ou de longe. PAQUIMETRIA A Paquimetria é um exame que mede a espessura da córnea. É indicado nos casos de suspeita de Glaucoma, edema de córneas e pré-operatórios de cirurgias refrativas. É um exame indolor e de rápida execução. O paciente deve estar sem óculos ou lentes de contato caso faça uso. Para sua realização é necessária apenas a instilação de uma gota de colírio anestésico e que o paciente fixe o olhar no ponto determinado pelo médico, para que com uma sonda ultrassônica sejam feitas as medidas.
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