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NEOLIBERALISMO RELEMBRANDO... • A diferença do Welfare State para os outros Estados não está só na intervenção estatal na economia mas também nas condições sociais com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população. • No século XVIII, países como Áustria, Rússia e Espanha colocaram em prática uma série de políticas assistenciais que eram consideradas como dádivas oferecidas pelos governantes. • Paralelamente à prestação de serviços sociais, passou o Estado a intervir na economia regulando praticamente todas as atividades produtivas, com o objetivo de gerar riquezas juntamente com a diminuição das desigualdades sociais. O grau de intervenção variou de país para país. • A partir dessa intervenção, houve uma crescente tensão e conflitos sociais gerados pela economia capitalista de caráter "liberal", que, por sua vez, pregava a não-intervenção do Estado nas atividades produtivas. • Crises mundiais provaram que a economia capitalista livre de controle e regulamentação gerava profundas desigualdades e provocavam conflitos que ameaçavam a estabilidade política. Surgem então os direitos sociais para assegurar o não comprometimento ao exercício pleno dos direitos civis e políticos. • O modelo que emergiu nos anos 60, entrou em crise em 70, e os primeiros sinais da crise do Welfare State estão relacionados à crise fiscal provocada pela dificuldade cada vez maior de harmonizar os gastos públicos com o crescimento da economia capitalista. Os governos democráticos que se sucederam a partir de 1985 adotaram inúmeras políticas, chamadas de neoliberais, cujos desdobramentos mais evidentes foram as privatizações de inúmeras empresas estatais. E S T Á E S T Á Estratégias do capitalismo para superação da crise: • Reestruturação produtiva • Globalização • Neoliberalismo Redefinem o papel do Estado 5 AO NÍVEL DE TENDÊNCIAS DE REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, ESTAMOS PERANTE… Economia pós-industrial, em que a indústria e os serviços convergem para um sistema produtivo complexo, intensivo em capital; Novas tecnologias com novas potencialidades (maior performance econômica, produzindo produtos diversificados, frequentemente renovados com a melhoria de produtividade e qualidade); Mercados instáveis e diferenciados com novas exigências (qualidade e flexibilidade) e aumento da concorrência; Após o fim da Segunda Guerra Mundial, uma experiência adotada nas fábricas de automóveis da Toyota marca um novo padrão de produção, que ficaria conhecido como Toyotismo. A partir desse padrão de produção, o trabalhador precisava ser capaz de desenvolver mais uma função e a produção já não era mais em massa, mas sim de acordo com a demanda, eliminando-se assim os estoques e tendo como principal a marca o compromisso com a qualidade total. 6 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA A partir do Toyotismo tem-se o desenvolvimento de um padrão de produção conhecido como acumulação flexível e que marca o último século, com empregos cada vez mais escassos, e a necessidade de que o trabalhador seja mão de obra física, mas também sua subjetividade. 7 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA O que devemos chamar de Globalização deve-se, sobretudo, ao aprofundamento dos processos de integração social, como a economia, a política e a cultura, impulsionada pela evolução e pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação, principalmente na segunda metade do século XX e posteriormente no século XXI. O que é Globalização? A imagem ao lado daria a ideia de um mundo integralizado através do processo de globalização. Im ag e m : M ão s se gu ra n d o o m u n d o / A u to r D e sc o n h e ci d o / D is p o n ib ili za d o p o r K im e le a / C re at iv e C o m m o n s A tt ri b u ti o n -S h ar e A lik e 3 .0 U n p o rt e d . Surgido no início da década de 80, o termo Globalização tem como referência a grande oportunidade de negócios gerados a partir do desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente na área de telecomunicações e também pela desregulamentação e liberalização dos mercados, frutos de políticas neoliberais. Telefone no início do século XX. Smarthphone com acesso à internet. Im ag e m : T e le fo n e a n ti go / M as si m ili an o ga la rd i / C re at iv e C o m m o n s A tt ri b u ti o n -S h ar e A lik e 3 .0 U n p o rt e d . Im ag e m : E te n G lo fi is h M 8 0 0 / R e d e e m e r / C re at iv e C o m m o n s A tt ri b u ti o n 3 .0 U n p o rt e d . Quando se fala no termo globalização, refere-se, sobretudo, ao meio de como os países, as empresas e as pessoas realizam negócios; a rapidez com que eles são feitos, gerando a possibilidade de sua expansão, que antes estava limitada ao seu mercado de atuação. Isso seria a interligação do mundo numa nova fase de expansão do Capitalismo. Sala de operação de negócios da Bolsa de Valores de São Paulo. Imagem: A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) / Rafael Matsunaga / Creative Commons Attribution 2.0 Generic A rapidez como uma pessoa pode se comunicar com outra, não importando a distância, é um fenômeno típico da globalização. A importância da comunicação no processo de Globalização Im ag e m : N e tw o rk le ar n e r / M G A 7 3 / C re at iv e C o m m o n s A tt ri b u ti o n -S h ar e A lik e 2 .0 G e n e ri c. O surgimento da INTERNET, rede mundial de computadores, permitiu um fluxo de troca de ideias e informações nunca antes visto na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a trabalhar numa imprensa local, agora ela mesma poderia expandir seus horizontes, tornar-se parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como fator de limitação a barreira do idioma. Imagem: Computador – globo / Disponibilizado por DTR / Creative Commons Attribution-Share Alike 2.5 Generic. Benefícios da Globalização Revolução nos transportes. Revolução nas telecomunicações. A descoberta de novos medicamentos graças ao surgimento de novas tecnologias. O aumento na produção de alimento e a melhora nos procedimentos de tratamento do solo. Desenvolvimento de novas técnicas na área da construção civil. Desvantagens da Globalização Maior rapidez com que as crises financeiras se espalham. Países em desenvolvimento mais sujeitos aos impactos dessas mesmas crises. Aumento de desemprego em escala global. Exclusão de países que não conseguem se adequar ao processo de globalização. NEOLIBERALISMO • É um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do Estado na economia. • Afirma que deve haver total liberdade de comércio porque é através deste princípio que o crescimento econômico e social de um país estará garantido. • Surgiu na década de 1970, através da Escola Monetarista do economista Milton Friedman, como uma solução para a crise que atingiu a economia mundial em 1973. • As suas principais características são a mínima participação estatal na economia de um país, a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, uma política de privatização de empresas estatais, livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização, entre outros. • Os críticos ao sistema afirmam que essa economia só beneficia as grandes potências. Já os defensores acreditam que esse sistema é capaz de proporcionar o desenvolvimento econômico e social de um país. NEOLIBERALISMO • Com a crise capitalista instaurada na década de 1970 com o declínio dos índices de crescimento e o aumento da inflação houve um retrocesso das intervenções do Estado de Bem Estar. • A situação é agravada com a queda dos regimes socialistas do leste europeu, com a crise fiscal e consequentemente da estrutura de financiamento do Estado de Bem Estar acompanhados da estagnaçãoda economia. Esses elementos são suficientes para que os defensores de um Estado Liberal proponha a mínima regulamentação do mercado e maior liberdade econômica. • O discurso neoliberal para restaurar o crescimento apresenta como proposta a reestruturação produtiva, a privatização, o encolhimento do Estado, os ajustes fiscais e monetários seguindo as recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para a teoria neoliberal, não é o capitalismo que está em crise, mas o Estado. A estratégia, portanto, é reformar o Estado ou diminuir sua atuação para superar a crise. Para a teoria neoliberal, o mercado é que deverá superar as falhas do Estado, assim, a lógica do mercado deve prevalecer, inclusive no Estado, para que ele possa ser mais eficiente e produtivo.(quase-mercado) Para a teoria neoliberal, as políticas sociais são um verdadeiro saque à propriedade privada, pois são formas de distribuição de renda, além de também serem um obstáculo ao livre andamento do mercado, pois os impostos oneram a produção. CONSENSO DE WASHINGTON: ÁREAS • Máximo de abertura • Mínimo de intervenção estatal • Priorização dos gastos públicos • Reforma tributária • Privatização • Desregulação • Liberalização financeira e comercial PRIVATIZAÇÃO • Mudança de função, no todo ou em parte, do setor público para o privado • A justificativa para as privatizações sempre é a de que o governo não tem recursos para investir nas empresas estatais, e deve vendê-las para pagar a dívida. GÊNESE DAS PRIVATIZAÇÕES • FMI - 1ª Carta de Intenções em janeiro de 1983 impõe a redução de gastos públicos, a elevação de preços (alinhamento, redução de subsídios) e a redução da intervenção do Estado na economia, ou seja, as privatizações: “Parte substancial do ajuste econômico caberá às empresas do Governo (...) torna-se necessário, durante 1983 e em anos subsequentes um corte substancial no dispêndio global dessas empresas. (...) Deve-se reduzir o número das empresas governamentais e ajustá-las às regras do mercado” (...) Igualmente importante será um endurecimento substancial na política de gastos das empresas estatais”. GÊNESE DAS PRIVATIZAÇÕES • "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas” (Margareth Tatcher, 1983, Primeira-ministra da Inglaterra) • “A solução implicará um sacrifício; eu prefiro que as nações endividadas assegurem suas obrigações externas frente aos credores com a ajuda de ativos reais, via cessão do patrimônio das empresas públicas” (Henry Kissinger, 1985, Ex-Secretário de Estado dos EUA) DESCENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO X Centralização • concentração de poder • Dispersão de poder para unidades subnacionais • Repassar ao setor privado/ não lucrativo/não governamental • Justificativas: Eficiência ⇒ “Accountability” - responsabilidade ⇒ “Responsiveness” - velocidade de resposta • Diversidade -variedade de escolhas para cidadãos/ oportunidade de experiências inovadoras • Democratização -estímulo à participação política e socia FOCALIZAÇÃO FOCALIZAÇÃO X Universalização →seletividade das ações sociais → direção aos mais pobres Justificativas: Não há recursos suficientes Ajuste econômico com “face humana CRISE DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL Problemas: Privatização/ Decentralização/Focalização: • possibilidade de serviços desiguais • baixa capacidade de controle social Direito de cidadania X preferências do consumidor ou contribuinte serviços sociais como bens públicos QUESTÕES CENTRAIS ↓↓↓↓ Qual o arranjo institucional, legal e regulatório? Quem equaliza possíveis diferenças? Quem se responsabiliza? CONFIGURAÇÕES DAS POLÍTICAS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA • A América Latina possui semelhanças na configuração das questões sociais e das formas implantadas das políticas sociais. As semelhanças revelam-se no fato de terem sido colonizadas por países europeus, o grande índice de desigualdades econômicas e sociais, utilização do modo de produção escravista e a herança indígena, esses determinantes caracterizam o multiculturalismo na formação do povo latino americano. • Trazemos também as marcas do analfabetismo, a falta de acesso aos serviços de saúde, falta de acesso água potável, o alto índice de desnutrição em crianças menores de cinco anos, grande índice de pessoas residentes em habitações inadequadas, processo de favelização. Diante dessas questões foram denominadas pelos países centrais e agências internacionais como países subdesenvolvidos. • A denominação de subdesenvolvimento foi utilizada para designar os países que em comparação com outras nações não apresentam índices favoráveis que demonstrem o acesso da população a bens e serviços básicos. Porém é importante retomar que grande parte desses países foram colonizados e vitimados pela exploração de suas riquezas pelos países denominados como desenvolvidos. 29 • Com a independência das colônias latinas americanas, as mesmas configuram sua formação econômica, política e social baseada nas consequências da escravidão, na concentração de terras e na produção de bens primários voltado para atender o mercado externo, não rompendo nesse sentido com a relação de dependência, e de maneira contraditória aprofundando essa relação, principalmente no campo da economia. 30 • A América Latina insere-se no processo de acumulação capitalista dentro desse processo de nações dependentes e subordinadas, principalmente pela Inglaterra durante o período da Revolução Industrial. 31 • Os períodos ditatoriais tiveram o mesmo objetivo e se justificaram como necessário para afastar a ameaça comunista que influenciavam os trabalhadores, tiveram também o caráter repressivo dos movimentos operários que reivindicavam direitos sociais e direitos trabalhistas. 32 • O Estado teve um papel central que contribuiu para a conformação dos países da América latina como nações fadadas ao subdesenvolvimento com medidas de financiamento internacional no processo de aceleração do desenvolvimento e baixo investimento em políticas sociais de acesso universal. 33 • É importante refletir que nos países pobres da América Latina, não vivenciaram a universalização dos direitos e serviços públicos do Estado de Bem Estar, muito menos o Keynesianismo em termos de políticas sociais, as desigualdades de classes não permitiram a universalização dos direitos sociais. As políticas são focalizadas, segmentadas e se caracterizam pelo direcionamento neoliberal. 34 SITUAÇÃO ATUAL • Abrangência: – ampliação dos direitos sociais mas o sistema tem limites por ser, em grande parte, ancorado nos seguros sociais (contribuinte) – ampliação de benefícios em bens e serviços, mas com problemas na qualidade; – Ampliação das transferências de renda, mas de forma não homogênea; – Ampliação de beneficiários, mas ainda não cobrindo parte das população. • Gestão/organização: – descentralização de responsabilidades com pouca sinergia; – não estruturação como sistema em algumas áreas (cultura); – ampliação da privatização em algumas áreas da política social (Previdência; Saúde, Educação); – gestão administrativa de políticas, programas e ações de forma burocrática e sem cultura de metas e avaliação; e – transversalidade em processo de ampliação; • Participação social: – em processo de ampliação, mas ainda interferindo pouco nos processos de implementação e avaliação. • Financiamento e gasto: – Estrutura de financiamento altamente regressiva no que diz respeito a renda e pouco atuante no que diz respeito aos estoques de riqueza. – Gasto social pouco progressivo