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Valeska Barimacker Clínica Médica Neurologia 27 | P á g i n a Tipos de tonturas: Lipotimia – pré-síncope Instabilidade de marcha Vertigem Outras sensações cefálicas o “cabeça leve” o Confusão mental o Borramento visual o Cefaleia Epidemiologia 40% é proveniente de disfunção periférica 10 % é proveniente de lesão vestibular central – a nível de tronco encefálico 15% é proveniente de desordem psiquiátrica – pode estar associado ou não a episódios de hiperventilação ansiedade 25% está relacionado a outras causas desequilíbrio, lipotimia Nos idosos cerca de 20% das causas são por desordens vasculares centrais AVC 25 a 25% dos casos pode estar relacionada à medicação É uma queixa frequente A maioria é do tipo lipotimia – 69% Anamnese e Exame Fisico Necessário caracterizar como vertigem ou não Em que situação e posição ocorre? Com que frequência ocorre? Tem palidez, taquicardia, bradicardia ou sudorese? Tem náuseas, vômitos, cefaleia? Tem zumbidos, alteração na acuidade auditiva? Tem desequilíbrio de marcha? Tem dificuldade visual? Tem outras comorbidades/situações? o Diabetes o Hipertensão arterial sistêmica o Anemia o Hipovolemia o Disfunção tireoideana Usa medicamentos contínuos? Quais? o Antidepressivos o Hipotensores o Benzodiazepínicos o suspensão abrupta desses medicamentos Valeska Barimacker Neurologia Clínica Médica 28 | P á g i n a Lipotimia/Pre-sincope Por hipotensão ortostática o Quando há queda na PA sistólica maior do que 20 mmHg ou maior do que 30 mmHg em hipertensos quando passam da posição supina para ortostática pode levar até 5 min para acontecer o Causas: desidratação, diabetes com disautonomia, Parkinson Síncope reflexa/neurocardiogênica o É a causa mais comum de síncope o Há hipotensão + bradicardia quando em ortostase pode ou não acompanhar vasodilatação o Vasovagal – ocorre no exercício físico, no estresse emocional, na dor o Situacional – ocorre pós-tosse, pós-micção, pós-defecação Cardiogênica o Ocorre em pacientes com arritimias ou insuficiência cardíaca congestiva o Não depende da posição Instabilidade da Marcha Cuidado! Algumas pessoas podem confundir desequilíbrio com tontura Avaliar a marcha para diagnóstico Causas: Parkinson, doenças cerebelares, neuropatia periférica, espondilose cervical Vertigem É a sensação de movimento, que pode ser: 1. Rotatório o Corpo pode estar girando – subjetiva o O ambiente pode estar girando – objetiva o Causas: vertigem paroxística posicional benigna (VPPB), doença de Ménière, lesões centrais unilaterais 2. Oscilatório o Sensação de estar balançando o Há perda do equilíbrio o Causas: lesões cerebelares, vertigem fóbica, vestibulopatias bilaterais Origem 1. Sistema vestibular – é a mais comum 2. Sistema visual 3. Sistema somatossensorial Equilíbrio: o Baseado na recepção, na integração e a efetuação, ou seja, necessita de um sistema de propriocepção + visão + sistema vestibular + nervos efetores Valeska Barimacker Clínica Médica Neurologia 29 | P á g i n a Classificação Fisiológica x patológica o Fisiológica Há discrepância entre os três sistemas sensitivos estabilizadores Vertigem de altura Vertigem visual O sistema vestibular é submetido a movimentos aos quais o encéfalo nunca se adaptou Vertigem marítima o Patológica Pode ser disfunção em qualquer uma das vias Visual – casos de diplopia Paresia da musculatura ocular Somatossensitiva – propriocepção inadequada Polineuropatia periférica Disfunção de labirinto Vertigem rotacional Vertigem linear Periférica x central o Periférica Lesão no labirinto ou nos nervos vestibulares (VIII par) Vertigem posicional paroxística benigna Neurite vestibular Doença de Ménière Labirintopatias metabólicas e hormonais Schawanoma vestibular o Central Lesão ou disfunção em: Núcleos vestibulares Conexões vestibulares no encéfalo Cinetose Migrânea Insuficiência vestebrobasilar AVC de tronco encefálico ou de cerebelo Esclerose múltipla com lesões em tronco ou em cerebelo Valeska Barimacker Neurologia Clínica Médica 30 | P á g i n a Características do nistagmo Periférico Central Direção Horizonto-rotatório Qualquer direção Componente rápido Contrária à lesão Na direção da lesão Efeito de fixar o olhar Suprime o nistagmo Não suprime o nistagmo Anatomia da lesão Labirinto – VIII par Tronco cerebral ou cerebelo Característica da vertigem Periférica Central Intensidade Muito intensa Pouco intensa Duração de sintomas Finita e recorrente Pode ser crônica Hipoacusia/zumbido Comum Raro Alterações neurológicas Nervos vestibulococleares Outros nervos, cerebelar Alteração do equilíbrio Moderada Desvio para o lado da lesão Importante Desvio para o lado da lesão ou não Coordenação Normal Alterada nas lesões cerebelares Motricidade ocular extrínseca Normal Diplopia ou desalinhamento Vertigem Posicional Paroxística Benigna – VPPB Clínica o São episódios recorrentes de vertigem o Duração de segundos a minutos o Determinada por posição da cabeça o Possui nistagmo transitório misto vertical-torcional o Pode ter sintomas neurovegetativos Vômitos Náuseas Palidez Sudorese Taquicardia Fisiopatologia o Há o desprendimento das otocônias da mácula do utrículo – os otólitos ficam flutuando nos ductos dos canais semicirculares, causando ductolitíase e alteração da densidade da endolinfa gera informação neurossensorial errônea Epidemiologia o Causa mais comum de vertigem o Prevalência de 2,4% da população mundial o A incidência aumenta com a idade o Mais comum em mulheres – 2 a 3x mais do que em homens o 85% do canal semicircular acometido é o posterior Etiologia o 50% idiopático o TCE o Quadros disfuncionais pós labirintite ou pós doença de Ménière o Vestibulotoxicidade o Distúrbios metabólicos o Associação com sedentarismo o Associação com migrânea o Pós-isquemia de orelha interna o Sífilis o Pós-herpes zoster auricular Valeska Barimacker Clínica Médica Neurologia 31 | P á g i n a Diagnóstico o Manobra de Dix-Hallpike – possui sensibilidade de 50 a 88% Objetivo: mover a cabeça do paciente para promover o deslocamento da endolinfa e, em consequência, da cúpula do canal semicircular posterior Avalia o canal semicircular horizontal o paciente está inicialmente em posição sentada, com a cabeça rodada lateralmente (direita ou esquerda, conforme o lado a ser testado), em aproximadamente 45 graus. Com o examinador segurando a cabeça do paciente, promove-se um brusco e rápido movimento de deitar-se, em decúbito dorsal horizontal. Ao ser deitado, por não haver uma fixação horizontal da cabeça, esta fica pendente para trás, em aproximadamente 30 graus. O paciente fica imobilizado nessa posição, com os olhos abertos e olhar fixo. Nos portadores de VPPB, ocorreum evidente nistagmo, alguns segundos após o estímulo (com latência), que dura menos de 45 segundos (esgotável). Tratamento o Exercícios de habituação vestibular – exercícios realizados pelo paciente várias vezes ao dia por 2 a 3 semanas. De difícil adesão, pois desencadeia a sensação vertiginosa. o Medicamentos sedativos labirínticos – apenas sintomáticos o Ablação cirúrgica do canal semicircular posterior – o objetivo é bloquear o fluxo da endolinfa no canal, mas pode haver perda auditiva o Manobras de reposicionamento – é o que mais tem sido utilizado, pois é prático, fácil de ser realizado e com altos índices de sucesso. Objetivo: mover as otocônias voltem para o utrículo pela ação gravitacional. Manobra de Semont – é mais agressiva e causa mais tonturas Manobra de Epley – reposiciona o canal semicircular posterior. É a mais utilizada Importante que o paciente evite, por 48h, deitar-se com a cabeça baixa (na mesma altura do corpo). Prognóstico o 90% melhoram com as manobras o 15 a 23% têm melhora espontânea o 32% tem recidiva em 1 ano Neurite Vestibular É a 2º causa mais comum de doença vestibular Clínica: o Vertigem súbita o Dura dias o Acompanha sintomas neurovegetativos Valeska Barimacker Neurologia Clínica Médica 32 | P á g i n a o Presença de nistagmo o Sinal de romberg positivo o Ataxia de marcha com queda para o lado da lesão o Alteração da acuidade auditiva unilateral – labirintite Etiologia da labirintite o Inflamação do nervo vestibular – VIII par o Infecções virais do nervo vestibular – HSV-1 Exames complementares o Vectoeletronistagmografia o Audiometria é normal Tratamento de crise – utilizar supressores vestibulares de 24 a 48h o Anti-histamínicos Dimenidrato 50-100 mg 8/8h Meclizina 25-50 mg 8/8h o Benzodiazepínicos Diazepam 2,5 mg 1 a 3x ao dia Clonazepam 0,25mg 1 a 3x ao dia o Antagonista seletivo dos receptores de serotonina Ondansetrona 4-8mg 8/8h para náuseas e vômitos intensos o Corticoide Prednisona por 10 dias – 60mg por 5 dias, 40 mg por 1 dia, 30 mg por 1 dia, 20 mg por 1 dia, 10 mg por 1 dia, 5 mg por 1 dia possui indicação 2C na fase aguda Tratamento após a crise – exercício físico Doença de Ménière Clínica o Crises de vertigem recorrentes o As crises duram de 20 min a 12h o Pode ou não haver nistagmo espontâneo o Há alterações neurovegetativas o Presença de sintomas auditivos Perda auditiva Zumbidos Nos estágios iniciais, os sintomas auditivos desaparecem entre as crises Com a evolução da doença, a hipoacusia é progressiva e irreversível o Sinal de romberg positivo e queda para o lado da lesão o 50% é bilateral Fisiopatologia o Hidropsia endolinfática Causas o Sífilis o Hipotireoidismo o Alterações vasculares o Insuficiência estrogênica o Trauma o Alergias o Diabetes Valeska Barimacker Clínica Médica Neurologia 33 | P á g i n a Exames complementares para solicitar o Audiometrias seriadas o Laboratoriais Glicemia Lipidograma TSH VDRL o RM de orelha interna – o espaço retrolabiríntico estará reduzido Orientações o Evitar açúcares de rápida absorção o Evitar cafeína o Evitar chocolate o Abolir álcool e fumo o Evitar jejum maior do que 3h o Reduzir ingesta de sal para, no máximo, 3g/dia Tratamento de crise – supressores vestibulares o Dimenidrato 50-100 mg 8/8h o Meclizina 25-50mg 8/8h o Diazepam/clonazepam em casos selecionados o Ondansetrona 4-8 mg 8/8h para náuseas e vômitos intensos Tratamento de intercrise o Betaistina 16-24 mg 12/12h ou 8-16 mg 8/8h o Mudança de hábitos de vida o Casos refratários – cirurgia, corticoide Labirintopatias Metabólicas e Hormonais Vertigem ou tontura Do tipo flutuação do corpo Não há manifestações neurovegetativas Pode ou não haver zumbidos Causas – levam a alterações endolinfáticas, culminando em manifestações cocleovestibulares o Alterações metabólicas – hipo ou hiperglicemia o Alterações hormonais – TSH, estrogênio, cortisol o Comprometimento das estrias vasculares Schwannoma Vestibular É um tumor benigno de origem na bainha de Schwann do VIII par De crescimento lento No ângulo pontocerebelar Clínica o Zumbido o Hipoacusia o Tontura com desequilíbrio Valeska Barimacker Neurologia Clínica Médica 34 | P á g i n a Cinetose É desencadeada por movimentos Apresenta-se como tontura ou vertigem A remissão se dá em horas Presença de sintomas neurovegetativos É mais comum em mulheres e crianças com mais de 2 anos e em migranosos Fisiopatologia o Há conflito entre as informações visuais e vestibulares Tratamento o Dimenidrato 50-100 mg 8/8h o Meclizina 25-50mg 8/8h o Diazepam/clonazepam em casos selecionados o Ondansetrona 4-8 mg 8/8h para náuseas e vômitos intensos o Reabilitação vestibular Migrânea Vestibular Sintomas vestibulares de intensidade moderada ou grave, durante de 5 min a 72h Acompanha crise de migrânea Tratamento preventivo – flunarizina Insuficiência Vertebrobasilar Presença de redução do fluxo sanguíneo para o tronco encefálico Causas o Hipotensão arterial o Compressão mecânica das artérias vertebrais – o mais comum é ser decorrente de artrose da coluna cervical, na altura dos forames vertebrais o Estenose de artérias vertebrais ou basilar Prevalência é maior em indivíduos com mais de 50 anos Está associada a fatores de risco cardiovascular Exames complementares de diagnósticos o Edodoppler de artérias vertebrais o Doppler transcraniano o RM de encéfalo o Angioressonância Tratamento o Controle dos fatores de risco HAS DM Dislipidemia Cessar tabagismo o AAS como prevenção primária de AVE o Reabilitação vestibular AVE de tronco encefálico ou cerebelar Esclerose Múltipla com lesões em tronco encefálico ou em cerebelo Valeska Barimacker Clínica Médica Neurologia 35 | P á g i n a Referências Maia, Roberto A., Diniz, Flávia L. e Carlesse, AgnaldoManobras de reposicionamento no tratamento da vertigem paroxística posicional benigna. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia [online]. 2001, v. 67, n. 5 [Acessado 7 Junho 2021], pp. 612-616. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-72992001000500003>. Epub 10 Out 2002. ISSN 0034-7299. https://doi.org/10.1590/S0034-72992001000500003. Aulas da professora Draº Ana Luísa Casado Brasil Dozza, Médica Neurologista
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