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FACULDADE FUTURA TRANSTORNO, DIFICULDADES E DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM VOTUPORANGA – SP SUMÁRIO AUTISMO ........................................................................................................... 4 ETIOLOGIA ........................................................................................................ 4 INCIDÊNCIA ...................................................................................................... 5 QUADRO CLÍNICO ............................................................................................ 6 DEFINIÇÃO ........................................................................................................ 7 FISIOTERAPIA ................................................................................................ 13 TERAPIAS ....................................................................................................... 13 Método de Doman ....................................................................................... 13 Holding Terapy ............................................................................................... 16 HIPOTERAPIA ................................................................................................. 19 MUSICOTERAPIA ........................................................................................... 20 TRANSTRONOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO ................................. 22 TRANSTORNO AUTISTA ............................................................................... 23 PREVALÊNCIA ................................................................................................ 23 DISTRIBUIÇÃO POR SEXO ............................................................................ 24 ETIOLOGIA E PATOGÊNESE ........................................................................ 24 FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES ................................................. 24 FATORES BIOLÓGICOS ................................................................................ 25 FATORES GENÉTICOS .................................................................................. 25 FATORES IMUNOLÓGICOS ........................................................................... 26 FATORES PERINATAIS.................................................................................. 26 FATORES NEUROANATÔMICOS .................................................................. 26 FATORES BIOQUÍMICOS ............................................................................... 27 CARACTERISTICAS FISICAS ........................................................................ 27 CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS ................................................. 27 TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM ........................... 28 COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO ....................................................... 28 SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS ....................................... 29 DOENÇA FISICA ASSOCIADA ....................................................................... 30 FUNCIONAMENTO INTELECTUAL ................................................................ 30 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ....................................................................... 31 RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ..................... 31 AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO ...................................................... 31 SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE ........................... 31 CURSO E PROGNÓSTICO ............................................................................. 33 TRATAMENTO ................................................................................................ 34 HISTÓRICO DA EXCLUSÃO .......................................................................... 35 CONCEITO DE EXCLUSÃO ............................................................................ 40 INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA ............................................................... 44 ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA ALUNOS COM AUTISMO .................... 52 ADEQUAÇÃO CURRICULAR NOS CASOS DE AUTISMO ........................... 67 ADAPTAÇÃO CURRICULAR: UMA VISÃO PSICOPEDAGÓGICA ............... 86 A ESCOLA ....................................................................................................... 92 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICO .......................................................... 97 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO ................................................................ 100 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 103 AUTISMO Fonte: www.boaformaesaude.com.br A palavra autismo se origina do grego "auto” que significa "próprio". A criança autista parece em si mesma, pouco reagindo ou respondendo ao mundo que a rodeia. O autismo significa que o mundo não faz sentido. O mundo não forma os padrões necessários de símbolos interligados que torna a vida compreendida para essas crianças. As experiências sensoriais chegam à sua mente a toda hora como uma língua estranha que ela nunca ouviu. ETIOLOGIA A etiologia é desconhecida, mas acredita-se em alteração orgânica metabólica. Fonte: wwwportalpedagogico.blogspot.com.br INCIDÊNCIA De 10.000 crianças há de 4 a 5 casos com menos de 12 ou 15 anos. Com retardo mental severo, a taxa pode subir para 20 casos em 10.000 crianças. E é 4 vezes mais comum em meninos do que em meninas; porém as meninas são mais seriamente acometidas. QUADRO CLÍNICO Fonte: biolugando.blogspot.com.br DEFINIÇÃO O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual existem, presentemente, três definições que podemos considerar como adequadas: A da ASA - American Society for Autism (Associação Americana de Autismo) A da Organização Mundial de Saúde, contida na CID-10 (10a. Classificação Internacional de Doenças) de 19991; A do DSM-V - diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders (Manual Diagnóstico e estatístico dos distúrbios Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria. Fonte: www.boaformaesaude.com.br A definição da ASA desenvolvida e aprovada em 1997, por uma equipe de profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus trabalhos, estudos, pesquisas na área do autismo é resumidamente, a seguinte: 1 - “O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que em meninas. Não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, no meio ambiente destas crianças, que possa causar a doença”. Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo. Incluem: 1o - Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas. 2o - Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo. 3o - Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de ideias. Uso de palavras sem associação com o significado. 4o - Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos ou crianças. Uso inadequado de objeto e brinquedos. " Fonte: www.craeditgdincluso.com.br 2 - Segundo a CID-10, é classificado como F84-0, como "Um transtorno invasivo de desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo característicode funcionamento anormal em todas as três áreas: de interação social, comunicação e comportamento restrito e receptivo. O transtorno ocorre três a quatro vezes mais frequentemente em garotos do que em meninas. " Fonte: www.craeditgdincluso.com.br 3 - O DSM-V apresenta o seguinte critério de diagnóstico: A. Se enquadrar em um total de seis (ou mais) dos seguintes itens: Comprometimento qualitativo em interação social, com pelo menos duas das seguintes características: a) Acentuado comprometimento no uso de múltiplos comportamentos não verbais que regulam a interação social, tais como contato olho a olho, expressões faciais, posturas corporais e gestos; b) Falha no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas à idade; c) Ausência da busca espontânea em compartilhar de divertimentos, interesses e empreendimentos com outras pessoas Fonte: www.oficinadalinguagem.com Comprometimento qualitativo na comunicação, em pelo menos um dos seguintes itens: a) Atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala (sem a tentativa de compensá-la por meio de comunicação por gestos ou mímicas); b) Acentuado comprometimento na habilidade de iniciar e manter uma conversação, naqueles que conseguem falar; c) Linguagem estereotipada, repetitiva ou idiossincrática; d) Ausência de capacidade, adequada à idade, de realizar jogos de faz-de-conta ou imitativos. Padrões de comportamento, interesse ou atividades repetitivas ou estereotipados, em pelo menos um dos seguintes aspectos: a) Preocupação circunscrita a um ou mais padrões de interesse estereotipados e restritos, anormalmente, tanto em intensidade quanto no foco; b) Fixação aparentemente inflexível em rotinas ou rituais não funcionais; c) Movimentos repetitivos e estereotipados d) Preocupação persistente com partes de objetos. B. Atraso ou funcionamento anormal, antes dos três anos, em pelo menos uma das seguintes áreas: interação social, linguagem de comunicação social e jogos simbólicos ou imaginativos. C. O distúrbio não se enquadra na síndrome de Rett ou no Distúrbio Desintegrativo da Criança. O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. O Q.I de crianças autistas, em aproximadamente 60% dos casos, mostram resultados abaixo dos 50,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem inteligência maior do que 70 pontos. Fonte: www.ipappi.com.br O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida normal. Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, autoagressão e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças. O Autismo jamais ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como insistiam os psicanalistas. As causas são múltiplas. Algumas já têm sido relacionadas, como: fenilcetonúria não tratada, viroses durante a gestação, principalmente durante os três primeiros meses (inclusive citomegalovirus), toxoplasmose, rubéola, anoxia e traumatismos no parto, patrimônio genético, etc. FISIOTERAPIA Fonte: www.boaformaesaude.com.br A atuação fisioterápica só é dada as crianças autistas com atraso motor, onde são trabalhadas todas as fazes motoras até a marcha livre, estimulando as etapas do desenvolvimento normal, prevenindo deformidades e dando orientação familiar. Caso contrário existe algumas terapias na qual a criança deve se identificar. TERAPIAS Método de Doman A forma de trabalhar uma criança pode seguir muitos métodos distintos. O método adequado depende muito do terapeuta e também das condições e capacitações da criança. Fonte: www.innovaeducativa.com.br Uma observação inicial que pode ser feita é que assim como a flor nasce, o peixe nada e os pássaros cantam, a criança deve engatinhar andar e falar, nesta sequência. São seus impulsos naturais. Quando ela falha no seu desenvolvimento está também deve ser a sequência a ser seguida no seu trabalho terapêutico, segundo apreciação do Dr. Doman, notável especialista americano, que depois de trabalhar, durante anos, com crianças deficientes, segundo os métodos então tradicionais, chegou a uma conclusão absolutamente espantosa: "As crianças que tinham permanecido sem tratamento estavam incomparavelmente melhores do que as tratadas por nós". Buscando razões deste fracasso, através da observação, que as mães que não lhe deram ensejo de imobilizar os filhos pelo tratamento, levaram-nos para casa, puseram-nos no chão e permitirá que eles fizessem o que lhes aprouvesse. Estas crianças, por instinto, passaram a rastejar, engatinhar, obtendo melhoras consideráveis. Fonte: www.guarderiatxanogorritxu.com O seu método nasceu daí e visa estimular a evolução natural da criança. Este método tem muito seguidores no Brasil, prevê um programa de exercícios que chega a ser extenuante, mas que tem se revelado eficaz. Holding Terapy Fonte: www.silviareginasimoes.wordpress.com A terapia do abraço vem sendo empregada e defendida com crescente entusiasmo por um grupo bastante numeroso. A revista Communication da National Autistic Society de junho de 89 apresentou um artigo de Michele Zappella (Psiquiatra) e John Richer (Pediatra) que resumimos a seguir. O holding é uma forma de intervenção intrusiva cujo objetivo é reduzir o isolamento social, aumentar a comunicabilidade e desenvolver laços de união. O holding deve ser sempre parte de um pacote maior de terapias, mas parece ser uma eficiente terapia para desenvolver as condições da maioria das crianças autistas e de remover comportamentos indesejáveis. Welch desenvolveu esta forma de terapia como parte de uma ampla abordagem. Ainda não está claro como o Holding atua, porque a eficácia depende de quem a aplica e qual a inter-relação com as demais terapias aplicadas simultaneamente. O fato é que se obtêm resultados, independente de gravidade do autismo. Vamos dar um exemplo: "Uma criança com 1 ano e meio foi diagnosticada como autista e colocado em um programa de um hospital escola, onde ficava a maior parte do dia com outras crianças autistas. Depois de dois anos ela se apresentava seriamente retardada e com comportamento fortemente autístico, com péssimo prognóstico. Foi submetida então a tratamento envolvendo interações físicas acentuadas, com Michele Zappella. Depois de 6 meses o comportamento social da criança estava dentro da faixa normal da idade. Este exemplo é uma ilustração e não pode, evidentemente, ser apresentado como evidência." Deve ser lembrado. Inicialmente, que existem muitas variações de terapia do abraço. De um modo geral, porém são elementos comuns: O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute para se livrar, até que ela se acalme e relaxe. O adulto deve manter o controle da criança Uma seção atípica apresenta os seguintes passos: Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas a seguir começa a se debater. Os pais continuam a abraçá-la. A criança se debate mais e mais e ocasionalmente começa a gritar. O pai mantém o abraço. Os ciclos de luta, gritos e aquietamentos podem de estender até por mais de uma hora. Fonte: www.monsanto.interdinamica.com.br Durante, em especial, as seções iniciais, a criança se enraivece mais, então soluça, depois relaxa e se amolda ao corpo dos pais. A partir de então a criança se torna mais comunicativa, aconchegante e aberta. A insistência em confrontar a criança é uma importante característica do HOLDING. A intervenção é realizada mantendo a criança em contato estreito, fixando-lhe o olhar, beijando-a e falando com ela (Alguns usam um fundo musical). Zappella aplicou a terapia a 50 crianças autistas,com idade de 3 a 15 anos, envolvendo a família e tendo como base a terapia do abraço. Ela registra que 12% se normalizaram após dois anos, 18% perderam o comportamento autístico e 44% apresentaram progressos moderados e 26% não demonstraram resultados. J. Prekop, na Alemanha reportou resultados similares. Ela também comparou o desenvolvimento destas crianças com outras que não tinham sido submetidas ao HOLDING, concluindo que, relativamente, fizeram maior progresso. HIPOTERAPIA Fonte: www.ominho.com.br Essa atividade ajuda a fornecer balanço e força e requer o uso de suas mãos, portanto minimiza os movimentos estereotipados das mãos e aumenta o uso das mesmas. O autista ganha controle, trazendo confiança e satisfação. MUSICOTERAPIA Fonte: www.ehow.com.br A musicoterapia é um método muito eficaz. A música promove o relacionamento entre o paciente e o terapeuta, que aproveita, na terapia tudo que possa provocar algum ruído, som ou mesmo movimento. A musicoterapia também utiliza o próprio corpo do paciente. No início, o terapeuta espera que o autista se expresse de algum modo, um piscar de olhos, um som, um gesto qualquer. O terapeuta, então, repete o gesto ou emite o mesmo som, tentando estabelecer uma comunicação com o paciente. Ao mesmo tempo, procura mostrar ao autista que ele será aceito, não importa a maneira como aja. Fonte: www.indianopolis.com.br Se o autista retribui a mensagem, a primeira comunicação está feita. Ele começa a se comunicar com os outros. Ele, agora, vê o mundo e o compreende. Crescimento da independência escolhendo músicas e atividades Comunicação (atividades musicais através de símbolos). Desenvolvimento da autoimagem e da autoestima. Estimulação pelo contato expressivo dos olhos. Desenvolvimento da vocalização através da música. Aumento do uso proposital das mãos enquanto toca os instrumentos Aumento da socialização através da participação A musicalidade induz ao relaxamento que facilita na liberdade de movimentos e expressão. Nem todo autista tem um atraso motor, mas o que tiver deve-se trabalha esse atraso até a marcha livre. TRANSTRONOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO Os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de condições nas quais há atraso ou desvio no desenvolvimento de habilidades sociais, linguagem, comunicação e repertório comportamental. Fonte: www.slideplayer.com.br Crianças afetadas exibem interesse intenso idiossincrático em uma estreita gama de atividades, resistem à mudança e não respondem de maneira adequada ao ambiente social. Esses fatores se manifestam cedo na vida e causam disfunção pertinente. TRANSTORNO AUTISTA O transtorno Autista (historicamente chamado de autismo infantil precoce/ autismo da infância ou autismo de Kanner) é caracterizado por interação social recíproca anormal, habilidades de comunicação atrasadas e disfuncionais e um repertório limitado de atividades e interesses. Fonte: www.jusro.com.br PREVALÊNCIA A taxa é de cinco casos por 10 mil crianças. O início do transtorno ocorre antes dos 3 anos de idade, ainda que possa não ser reconhecido até a criança ser muito mais velha. DISTRIBUIÇÃO POR SEXO É 4 a 5 vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Meninas com transtorno autista têm maior probabilidade de apresentar um retardo mental grave. ETIOLOGIA E PATOGÊNESE Segundo Kanner poderia ser consequência de mães muito “geladeiras”, porém não há validade de tal hipótese. Fonte: www.conhecendo-o-transtorno-do-espectro-autsticocom.br FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES Essas crianças podem responder com sintomas exacerbados a estressores psicossociais, incluindo discórdia familiar, nascimento de um novo irmão ou mudança familiar. FATORES BIOLÓGICOS Cerca de 75% das crianças afetadas apresentam um retardo mental. Um terço tem retardo mental leve a moderado e perto da metade tem retardo mental grave ou profundo (essas crianças apresentam déficits mais importantes no raciocínio abstrato no entendimento social e em tarefas verbais do que em tarefas de desempenho). Podem apresentar também: Convulsões; Aumento ventricular; Anormalidades eletroencefalográficas. FATORES GENÉTICOS Entre 2 e 4% dos irmãos de crianças autistas também tinham transtorno autista, uma taxa 50 vezes maior do que na população geral. Fonte: www.clinipam.com.br FATORES IMUNOLÓGICOS Incompatibilidades imunológicas (anticorpos maternos transferidos ao feto) podem contribuir para o transtorno autista. Os linfócitos de algumas crianças autistas reagem com anticorpos maternos, o que levanta a possibilidade de que tecidos neurais embrionários ou extraembrionários possam ser danificados durante a gestação. FATORES PERINATAIS Uma incidência de complicações perinatais mais alta que o esperado parece ocorrer em bebês mais tarde diagnosticados como autistas. Sangramento materno após o primeiro trimestre. No período neonatal, estas têm uma alta incidência de síndrome de sofrimento respiratório e anemia neonatal. FATORES NEUROANATÔMICOS Fonte: www.socialspirit.com.br Estudos de RM comparando indivíduos autistas e controles normais demonstraram que o volume cerebral total era maior entre os primeiros, embora crianças com um retardo mental grave em geral tenham cabeças menores. O volume pode sugerir: neurogenese aumentada, morte neuronal diminuída e produção aumentada de tecido cerebral não neuronal, como células gliais ou vasos sanguíneos. Acredita-se que o lobo temporal seja uma área crítica de anormalidade cerebral no transtorno autista. FATORES BIOQUÍMICOS Em algumas crianças autistas, altas concentrações de ácido homovanílico (principal metabólito da dopamina) no liquido cerebrospinal (LCS) estão associados a aumento do retraimento e estereotipias. CARACTERISTICAS FISICAS Crianças com transtorno autista costumam ser descritas como atraente e à primeira vista, não apresentam nenhum sinal indicando o problema. Podem apresentar malformações das orelhas, uma vez que a formação das orelhas se dá quase ao mesmo tempo em que a formação de porções do cérebro. Também apresentam uma incidência mais alta de demartoglifia anormal (impressões digitais) do que a população em geral. CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS Apresentam prejuízos qualitativos na interação social: não apresentam sinais sutis com os pais e outras pessoas. Não apresentam contato visual ou o mesmo é muito pobre. Não reconhecem ou não diferenciam as pessoas mais importantes em sua vida. Podem apresentar ansiedade extrema quando ocorre alguma mudança em sua rotina. Há um déficit notável no brincar, seu comportamento social pode ser desajeitado ou inadequado. Incapazes de interpretar a intenção do outro (não desenvolvem a empatia). TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM Fonte: www.WagnerdaMatta/psicolingustica.com.br Os autistas têm dificuldade marcante em formar frases significativas mesmo quando dispõem de vocabulários amplos. COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO Em seus primeiros anos de vida não explora o ambiente (ou pouco). Os brinquedos são manuseados de formas ritualísticas, com poucos aspectos simbólicos. Suas atividades tendem a ser rígidas, repetitivas e monótonas, muitas com retardo mental grave, exibem anormalidades no movimento. Costumam ser resistentes a transição e mudança. SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS Hipercinesia é um problema de comportamento comum entre crianças autistas. Agressão e acessos de raiva são observados, em geral induzidos por mudanças e exigências. Comportamento automutilador(inclui bater a cabeça, morder, arranhar e puxar o cabelo). Período de atenção curto. Baixa capacidade de focalizar-se em uma tarefa. Insônia. Enurese. Problemas de alimentação. Fonte: www.inspiradospeloautismo.com.br DOENÇA FISICA ASSOCIADA Tem uma incidência mais alta do que o esperado de infecções do trato respiratório superior e de outras infecções menores. Constipação e aumento do transito intestinal. Convulsões febris. FUNCIONAMENTO INTELECTUAL Capacidades cognitivas ou Visio motoras incomuns ou precoces ocorrem em algumas crianças autistas. São chamadas de funções fragmentadas ou ilhas de precocidade. Memórias de hábitos ou capacidades de cálculos muitas vezes superiores aos seus pares normais. Hiperlexia e boa leitura (embora não possam entender o que leem.) Memorização e recitação, bem como capacidades musicais (cantar ou tocar melodias e reconhecer notas musicais). Fonte: www.veja-as-noticias-que-marcaram-o-ano-de-2013.com.br DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os principais diagnósticos diferenciais são esquizofrenia com início na infância, retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de linguagem receptivo-expressiva, surdez congênita ou transtorno auditivo grave, privação psicossocial e psicose desintegrativa (regressivas). RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS Crianças com retardo mental tendem a relacionar-se com adultos e outras crianças de acordo com sua idade mental, usam a linguagem que tem para comunicar se e exibem um perfil de prejuízos relativamente uniforme, sem funções fragmentadas. AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO Afasia adquirida com convulsão é uma condição rara, às vezes difíceis de diferenciar de um transtorno autista e transtorno desintegrativo na infância. SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE Visto que crianças autistas com frequência são mudas ou apresentam um desinteresse seletivo na linguagem falada, costumam ser julgada surda. Fonte: www.vivamelhoronline.com Os fatores de diferenciação incluem o seguinte: bebês autistas podem balbuciar com pouca frequência, enquanto bebês surdos têm história de balbucio relativamente normal, que vai diminuindo e pode parar entre 6 meses e 1 ano de idade. Crianças surdas respondem a apenas sons altos, enquanto autistas podem ignorar sons altos ou normais e responder a sons suaves ou baixos. As crianças mesmo surdas gostam de se relacionar com seus pais, buscam sua afeição e gostam de ser seguradas enquanto bebês, diferentemente do autista. Fonte: www.casadedavid.net.br CURSO E PROGNÓSTICO O transtorno autista costuma se uma condição para toda a vida com um prognóstico cauteloso. Crianças autistas com um QI acima de 70 e aquelas que usam linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 anos tendem a ter melhores prognósticos. As áreas de sintoma que não parecem melhorar com o tempo foram àquelas relacionadas a comportamentos ritualísticos e repetitivos. Em geral, estudos do resultado em adultos indicam que cerca de dois trecos dos adultos permanecem gravemente incapacitados e vivem em dependência completa ou semidependência com seus parentes ou em instituições de longo prazo. O prognóstico melhora quando o ambiente ou lar é sustentador e capaz de satisfazer as necessidades extensivas dessas crianças. Embora os sintomas diminuam em muitos casos, automutilação grave ou agressividade e regressão podem desenvolver em outros. TRATAMENTO Os objetivos do tratamento de criança com transtorno autista são aumentar o comportamento socialmente aceitável e pró-social, diminuir sintomas comportamentais bizarros e melhorar a comunicação verbal e não verbal. Fonte: www.autismoinfantil.com.br Além disso, os pais muitas vezes confusos necessitam de apoio e aconselhamento. No momento intervenções educacionais e comportamentais são mais indicadas. Treinamento em sala de aula estruturada em combinação com métodos comportamentais é o mais efetivo para muitas crianças autistas. Não há medicamentos específicos para tratar os sintomas centrais do autista, entretanto, a psicofarmacoterapia é um tratamento adjunto valioso para melhorar sintomas comportamentais associados. Foi relatado que ela atenua sintomas como agressividade, acesso de raiva grave, comportamentos automutiladores, hiperatividade, comportamento obsessivo compulsivo e esteriotipias. A administração de medicamentos antipsicoticos pode reduzir o comportamento agressivo e automutilador. HISTÓRICO DA EXCLUSÃO Fonte: www.apape.com.br Nos anos 60 e 70, a marginalidade era vista como pobreza, uma consequência das migrações internas que esvaziavam o campo da região nordeste, do norte e “incharam” as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Entendia-se na época, que os problemas urbanos de moradia (favelas), mendicância, delinquência etc., poderiam ter suas raízes nesses processos migratórios. Inicia-se aí a exclusão, onde competidores teriam a mesma chance na luta pelo espaço, sendo que os mais aptos ganhariam melhores posições nesse ambiente construído e disso resultariam zonas segregadas, onde os mais pobres excluíam-se dos anéis urbanos e imediatamente passariam para o próximo e gradativamente, os melhores lugares estariam ocupados pelos “vencedores”. Nos anos 70, existia o dualismo: atrasado x moderno, não integrado x integrado, rural x urbanos e os estudiosos passaram a ver as relações econômicas e sociológicas inerentes ao capitalismo como constitutivas do sistema produtivo. As populações marginais aparecem, nesse contexto, como consequência da acumulação capitalista, um exercício industrial de reserva singular. Nos anos 80, na chamada “década perdida”, ao contrário dos anos 60 e 70, quando se chamava a atenção para os favelados e para a migração como figura emblemática dos excluídos na cidade, pelo aumento da pobreza e da recessão econômica, ao mesmo tempo em que se vivia a chamada “transição democrática”, chama-se a atenção para a questão da democracia, da segregação urbana (efeitos perversos da legislação urbanística), a importância do território para a cidadania, a falência das ditas políticas sociais, os movimentos sociais, as lutas sociais. Fonte: www.saude.umcomo.com.br O componente territorial implica não só que seus habitantes devem ter acesso aos bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando tais benefícios à coletividade. Aponta que o terceiro mundo tem “não cidadãos” (contraste entre massa de pobres e a concentração de riqueza), porque se funda na sociedade do consumo, da mercantilização e na monetarização. Em lugar do cidadão, surge o consumidor insatisfeito, em alienação, em cidadania mutilada. A cidadania é também o direito de permanecer no lugar, no seu território, o direito a espaço de memória. O capitalismo predatório e as políticas urbanas que privilegiam interesses privados e o sistema de circulação acabaram por descaracterizar bairros, expulsar moradores como favelados (remoção por obra pública, reintegração de posse), encortiçados (despejos, remoção, demolições), moradores de loteamento irregulares, sem teto, num nomadismo sem direito às raízes. Fonte: www.fiocruz.br Pedro Jacobi desenvolve seus trabalhos sobre a questão dos movimentos sociais urbanos e as carências de habitação, equipamentos de saúde, escolas, lazer, enfim, dos serviços urbanos. Assim a exclusão aparece como não acesso aos benefícios da urbanização. Nos anos 90 reeditam o conceito de exclusão como não cidadania, principalmente a ideia de processo abrangente dinâmico e multidimensional. O rótulo que parece empurrar as pessoas, os pobres,os fracos, para fora da sociedade, para fora de suas melhores e mais justas corretas relações sociais, privando-os dos direitos que dão sentido a essas relações. Quando, de fato, esse movimento as está empurrando para dentro, para condição subalterna de reprodutores mecânicos do sistema econômico, reprodutores que não reivindicam nem protestam em face das privações, injustiças e carências. Fonte: www.deficenter.blog.br Neste caso o termo exclusão é concebido como expressão das contradições do sistema capitalista e não como estado de fatalidade. Através do consumismo dirigido, gera-se uma sociedade dupla, de duas partes que se excluem reciprocamente, mas parecidas por conterem as mesmas mercadorias e as mesmas ideias individualistas e competitivas, só que as oportunidades não são iguais, o valor dos bens é diferente, a ascensão social é bloqueada. Apesar disso, um bloco de ideias falso, enganador e mercantilizado acena para o homem “moderno colonizado”, que passa a imitar, mimetizar os ricos e a pensar que nisso reside à igualdade. “É a sociedade da imitação, da reprodutividade e da vulgarização, no lugar da criação e do sonho”. SAWAIA (2009) Atribui-se a René Lenoir, em 1974, a concepção da exclusão como um fenômeno de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios mesmos do funcionamento das sociedades modernas. Dentre suas caudas destacava o rápido e desordenado processo de urbanização, a inadaptação e uniformização do sistema escolar, o desenraizamento causado pela mobilidade profissional, as desigualdades de renda e de acesso aos serviços. Não se trata apenas de um fenômeno marginal, mas de um processo em curso que atinge cada vez mais todas as camadas sociais. “E os pobres passam a desconfiar de si próprios, numa culpabilidade popular: caminhando sobre o chão pavimentado pelo preconceito dos pobres contra os pobres, as classes dominantes no Brasil começam a extravasar uma subjetividade antipública que segrega, elabora pela comunicação imediática uma ideologiantiestatal, fundada no grande desenvolvimento capitalista, na desindustrialização, na terceirização superior, da dilapidação financeira do estado e da imagem de um Estado devedor”. SAWAIA (2009) CONCEITO DE EXCLUSÃO Fonte: www.clubematerno.net O tema exclusão está presente na mídia, no discurso político e nos planos e programas governamentais, a noção de exclusão social tornou-se familiar no cotidiano das mais diferentes sociedades. Não é apenas um fenômeno que atinge os países pobres. A concepção de exclusão continua ainda fluida como categoria analítica, difusa, apesar dos estudos existentes, e provocadora de intensos debates. Muitas situações são descritas como exclusão, que representam as mais variadas formas e sentidos advindos da relação inclusão/ exclusão. Sob esse rótulo estão contidos inúmeros processos e categorias, uma série de manifestações que aparecem como fraturas e rupturas do vínculo social (pessoas idosas, deficientes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou de cor, desempregados de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao mercado de trabalho, etc.). Assim os estudiosos da questão concluem que do ponto de vista epistemológico, o fenômeno da exclusão é tão vasto que é quase impossível delimitá-lo. ... “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados materiais ou simbólicos, de nossos valores” SAWAIA (2009). Fonte: www.tuasaude.com A ruptura de carência, de precariedade, pode-se afirmar que toda situação de pobreza leva a formas de ruptura do vínculo social e representa, na maioria das vezes, um acúmulo de déficit e precariedade. A pobreza não significa necessariamente exclusão, ainda que possa ela conduzir. A pobreza e a exclusão no Brasil são faces de uma mesma moeda. As altas taxas de concentração de renda e desigualdade persistentes em nosso país convivem como os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural. Se, de um lado cresce cada vez mais a distância entre os excluídos e os incluídos, de outro, essa distância nunca foi tão pequena, uma vez que os incluídos estão ameaçados de perder direitos adquiridos. Fonte: www.lagartavirapupa.com.br A consolidação do processo de democratização, em nosso país, terá que passar necessariamente pela desnaturalização das formas com que são encaradas as práticas discriminatórias, portanto, geradoras de processo de exclusão. De acordo com SAWAIA (2009), no livro as Artimanhas da Exclusão, a inclusão é contraditória, onde a qualidade de conter em si a sua negação e não existir sem ela, isto é, ser idêntico à inclusão (inserção social perversa). A sociedade exclui para incluir e está transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum modo, nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através da insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do econômico. Portanto, em lugar da exclusão, o que se tem é a “dialética exclusão/ inclusão”. Fonte: www.enfrentandooautismo.com A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividade especificas que vão desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado. Essas subjetividades não podem ser explicadas unicamente pela discriminação econômica, elas determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade, sociabilidade, afetividade, consciência e inconsciência. “Em síntese, a exclusão é processo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela. Não é uma coisa ou um estado, é processo que envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros. Não tem uma única forma e não é uma falha do sistema, devendo ser combatida como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele é produto do funcionamento do sistema” (SAWAIA, 2009) SAWAIA (2009) aponta vários estudos acerca da exclusão e todos eles reforçam a tese de que o excluído não está à margem da sociedade, mas repõe e sustenta a ordem social, sofrendo muito neste processo de inclusão social, pois a sociedade opera sobre o homem (social e o psicológico), de forma que o papel de excluído engole o homem. INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA Muito se tem falado sobre o processo de inclusão, e quase sempre com a conotação de que inclusão e integração escolar seriam sinônimas. Na verdade, a integração insere o sujeito na escola esperando uma adaptação deste ao ambiente escolar já estruturado, enquanto que a inclusão escolar implica em redimensionamento de estruturas físicas da escola, de atitudes e percepções dos educadores, adaptações curriculares, dentre outros. A inclusão num sentido mais amplo significa o direito ao exercício da cidadania, sendo a inclusão escolar apenas uma pequena parcela do processo que precisamos percorrer. Fonte: www.revistavivasaude.uol.com.br Um processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece somente no âmbito escolar e deve seguir alguns critérios. A família do indivíduo portador de autismo possui um papel decisivo no sucesso da inclusão. Sabemos que se trata de famílias que experimentam dores psíquicas em diversas fases da vida, desde o momento da notícia da deficiência e durante as fases do desenvolvimento, quando a comparação com demais crianças é frequente. O ambiente para o desenvolvimento da criança, tanto "normal" quanto "deficiente", no que tange à organização de suas atividades de vida diária e ao processo de estimulação, torna-se fundamental compreender comoo ambiente influencia o desenvolvimento das crianças, principalmente daquelas que apresentam algum tipo de deficiência. Vygotsky (1994) afirma “que a influência do ambiente sobre o desenvolvimento infantil, ao lado de outros tipos de influências, também deve ser avaliada levando em consideração o grau de entendimento, a consciência e o insight do que está acontecendo no ambiente em questão”. O microssistema da família não é o único que precisa ser estudado. Há também o ambiente da escola, que constitui mais um espaço de socialização para a criança com autismo. Em relação a isso, muito se tem discutido a respeito da inclusão da criança autista em ambiente coletivo, mostrando a sua importância e necessidade. Fonte: www.tempodecreche.com.br É importante ressaltar a necessidade de mais orientação para as famílias de crianças autistas, as quais devem ser mais bem informadas sobre este tipo transtorno e suas consequências para o desenvolvimento da criança, bem como dos recursos necessários para favorecê-lo. Nesse contexto, as políticas públicas têm um papel muito importante, especialmente para as famílias de baixa renda, uma vez que o gasto com profissionais e com atendimento especializado se torna necessário. O nascimento de um filho com algum tipo de deficiência ou doença, ou o aparecimento de alguma condição excepcional, significa uma destruição de todos os sonhos e expectativas que haviam sido gerados em função dele. Durante a gravidez, e mesmo antes, os pais sonham com aquele “filho ideal” que será bonito, saudável, inteligente, forte e superará todos os limites; aquele filho que realizará tudo que eles não conseguiram alcançar em suas próprias vidas. Além da decepção, o nascimento de um filho portador de deficiência implica em reajustamento de expectativas, planos para o futuro e a vivência de situações críticas e sentimentos difíceis de enfrentar. Fonte: www.todo-dia-aprendo-uma-licao-com-ele-diz-mae-de-crianca-autista.com Passado o período de luto simbólico, a forma como a família se posiciona frente à deficiência pode ser determinante para o desenvolvimento do filho. Muitos pais, porque não acreditam que seus filhos possuam potencialidades, deixam de ensinar coisas elementares para o autocuidado e para o desenvolvimento da independência. Alguns optam pelo isolamento e outros por infantilizarem seus filhos por toda a vida, esquecendo que eles não são eternos e que o portador de necessidades especiais deve se tornar o mais autônomo possível. Quando se propõe a inclusão de crianças autistas devem-se respeitar as características de sua natureza, visando à aquisição de comportamentos sociais aceitáveis, porém, respeitando as necessidades especiais de cada educando, e, sobretudo, trazendo os pais para um comportamento mais realístico possível, evitando a fantasia da cura, tão presente em pais de crianças especiais. Fonte: www.ensinoinfantilnumclique.com.br A escola também pode colaborar dando sugestões aos familiares de como estes podem agir em casa, de maneira que se tornem coautores do processo de inclusão de seus filhos. Sendo assim, quando uma criança portadora de autismo é incluída na escola regular, sua família também o é. Com efeito, é provável que antes da inclusão escolar a convivência com os pais de outras crianças, o planejamento de visitas de coleguinhas na casa da criança e a frequência a festinhas de aniversário dos colegas de sala eram possibilidades muito distantes para essas famílias. O objetivo da educação especial é o de reduzir os obstáculos que impedem o indivíduo de desempenhar completas atividades e participação plena na sociedade. Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e de olhar acerca do transtorno. Implica em quebra de paradigmas, em reformulação do nosso sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade, na qual, o acesso, o atendimento adequado e a permanência sejam garantidos a todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades. A concepção da Educação Especial como serviço segrega e cria dois sistemas separados de educação: o regular e o especial, eliminando todas as vantagens que a convivência com a diversidade pode nos oferecer. Fonte: www.comportese.com.br É preciso ter claro que para a conquista do processo de inclusão de qualidade, algumas reformulações no sistema educacional se fazem necessário. Seriam elas: adaptações curriculares, metodológicas e dos recursos tecnológicos, a racionalização da terminalidade do ensino para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude das necessidades especiais, a especialização dos professores e a preparação para o trabalho, visando à efetivação da cidadania do portador de necessidades especiais. Fonte: www.autismoediversidade.blogspot.com A escola, por sua vez, para promover a inclusão deve eliminar barreiras que vão além das arquitetônicas, mas principalmente as atitudinais. São necessárias algumas adaptações de grandes e pequenos portes, tais como a adaptação curricular, a adaptação do sistema de avaliação da aprendizagem, de materiais e equipamentos, a preparação dos recursos humanos e a preparação dos alunos e pais de alunos que receberão o portador de necessidades especiais. Sem as devidas adaptações, um processo de inclusão pode ser mais segregador que a exclusão declarada, pois entendemos que a inclusão não pode se restringir à convivência social, mas deve zelar pela aprendizagem da criança com necessidades especiais. O atendimento educacional a crianças e jovens portadoras de autismo tem sido realizado, em nosso país, em escolas especiais ou ainda em clínicas-escolas, provavelmente porque educar uma criança autista ainda se constitui em um grande desafio em função das características desta população. Uma desordem aguda do desenvolvimento requer tratamento especializado para o autista por toda a sua vida. É fato que a inclusão deve ser avaliada em seu custo-benefício para o aluno em questão. Não podemos perder de vista que “a inclusão é um processo permanente e contínuo, pois a inclusão sempre deve visar a aprendizagem dos alunos com necessidades especiais e não simplesmente o convívio social, habilidade que a criança pode adquirir em muitos espaços e não necessariamente na escola. Fonte: www.aliexpress.com O desenvolvimento fantástico das novas tecnologias, a maneira de se produzir as coisas e a maneira de se executar os serviços sofreram uma transformação profunda. Surge o fenômeno da automação, isto é, as novas tecnologias criam instrumentos que substituem a mão-de-obra humana. Com isso multidões de pessoas foram dispensadas de seus empregos, e as novas gerações nem chegam a conseguir um local de trabalho. As relações centrais que definem nossa sociedade não são mais apenas a dominação e a exploração, como no modo de produção capitalista, pois são bem menos agora os que podem ser dominados ou explorados. A consequência do capitalismo é a competitividade, a qual exige a exclusão. É o confronto, o choque entre interesses diferentes ou contrários, que vai fazer com que as pessoas lutem, trabalhem, se esforcem para conseguir melhorar seu bem-estar, sua qualidade de vida, sua ascensão. Podemos tomar como exemplo o filme exibido em sala de aula - “Como as estrelas na terra, toda criança é especial”, onde Ishaan era rotulado de burro, preguiçoso e desinteressado, pois não conseguia acompanhar as exigências do pai, que era muito rígido. Ishaan não conseguia acompanhar os demais porque era disléxico e por isso era excluído pela sociedade e pela própria família. Assim também acontece com a criança autista. Fonte: www.sitiodaeducacao.blogspot.com.br Mas essa competitividadevai além da disputa de mercado, trata-se de uma competitividade que se estabelece entre os seres humanos. O ser humano, como ser isolado e egoísta, tem de competir para sobreviver, de um lado e de outro lado, para trazer progresso. “Mas essa competitividade entre os desiguais acaba por excluir os mais fracos e manter a dominação dos mais fortes” (SAWAIA, 2009). A educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida, um desafio para todos os profissionais da Educação. A singularidade e a insuficiência de conhecimento sobre a síndrome nos fazem percorrer caminhos ainda desconhecidos e incertos sobre a melhor forma de ajudar essas crianças e sobre o que podemos esperar de nossas intervenções. É necessário ter humildade e cautela diante do tema, pois para compreender o autismo, é preciso uma constante aprendizagem, uma contínua revisão sobre nossas crenças, valores e conhecimento sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós mesmos. ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA ALUNOS COM AUTISMO Fonte: www.inspiradospeloautismo.com.br À medida que vamos estudando e compreendendo o mundo dessas crianças percebemos o quanto devemos nos preparar para ajudá-las a atingir seus potenciais. Para isso algumas modificações no currículo devem ser realizadas, como também adaptações em áreas específicas que as crianças apresentem maior dificuldade. Isto é bastante desafiador, principalmente para os professores que não possuem experiência com alunos autistas. A modificação implica alterar o conteúdo ensinado, mesmo que isso signifique omitir nem acrescentar ao currículo ou alterar os padrões de avaliação e de avaliação com base nas necessidades e limitações do aluno. Adaptação mantém a integridade do conteúdo no currículo, mas pode apresentá-lo em um formato diferente ou alterar o ambiente no qual o aluno aprende com base nas necessidades e limitações. Ele também usa a mesma escala de avaliação como o currículo padrão. Em outras palavras, modificação altera o que é ensinado e como o progresso é medido, enquanto a adaptação muda a forma como o conteúdo é apresentado e /ou acessado, mas não como o progresso é avaliado. Há alunos com autismo que conseguem obter bom desempenho em um ambiente de ensino tradicional com poucas adaptações ou nenhuma. Já outros de acordo com suas necessidades específicas e gatilhos de aprendizagem mais difíceis podem exigir uma modificação quase por completo do currículo adotado. É importante destacar que as necessidades de modificações a adaptações dependem de fatores como: a idade, nível de aprendizagem e assunto abordado em classe. Fonte: www.ludovica.opopular.com.br Seguem algumas dicas essenciais para modificações e adaptações curriculares para alunos autistas: É importante conhecer o nível de funcionamento do seu aluno e principalmente não realizar adaptações baseadas no rótulo de autismo, ou seja, não buscar no diagnóstico uma justificativa para não aprendizagem. Ao invés disso busque o apoio dos profissionais que acompanham a criança e juntamente com o pais proporcionem o apoio necessário para que ela possa progredir junto com seus colegas, alcançando seu pleno potencial. Baseie-se nas necessidades do seu aluno e depois de observar quais áreas ele necessita de apoio busque se concentrar nelas. Adaptações curriculares podem incluir: modificação na instrução das atividades, alteração no formato da aula, planejamento com objetivos individualizados, utilização de materiais específicos, exploração de ambientes e uso de estratégias de ensino diferenciadas. Fonte: www.slideplayer.com.br A idade e o nível de aprendizagem desempenham um papel importante na identificação da necessidade de apoio nas atividades em classe. Lembrando que, é comum utilizar estratégias diversas até encontrar uma que se adeque as necessidades do aluno, ou até mesmo ajustá-las antes de elaborar um plano individual. O único jeito de saber se as estratégias estão funcionando é observar o avanço do seu aluno e identificar quais as áreas as modificações e/ou adaptações curriculares estão surtindo efeito e aquelas nas quais as dificuldades persistem. Outra dica importante é a necessidade constante de feedback com outros profissionais que acompanham a criança para que todos estejam cientes das dificuldades do aluno, como também saber o que ele consegue com o mínimo ou nenhum apoio. Isto facilita os profissionais da equipe educacional como também os terapeutas a compreenderem quais áreas devem ser melhor trabalhadas, além de destacar os pontos fortes para serem canalizados para superar as dificuldades em outras áreas de ensino. Diante disso é imprescindível que os professores saibam diferenciar modificações de adaptações curriculares, assim como compreender as necessidades específicas dos seus alunos e poder realizar rapidamente as modificações e/ou adaptações necessárias para atingirem um bom desempenho. A escola, instituição social configurada como espaço por excelência da educação e da mediação social sujeito-sociedade, detém a função social irrevogável e fundamental de oferecer condições potenciais para que os conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade sejam devidamente democratizados, apropriados e objetivados pelos alunos, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, socioeconômicas e culturais. Fonte: www.images.slideplayer.com.br Nessa perspectiva, a educação é concebida como um conjunto de recursos, estratégias, metodologias, conteúdos e recursos humanos que, ao estarem organizados e dispostos nas diversas instâncias do universo escolar, devem produzir valores, condutas e processos que visem à valorização e ao respeito à diversidade humana, à apropriação de conhecimentos, à formação cidadã, aos novos olhares, práticas sobre o ensinar e o aprender. Com fundamento nessa concepção, declara-se uma finalidade clara e única da educação: oferecer as condições necessárias e suficientes para o acesso, a permanência e o êxito acadêmico de todos os alunos, sem distinção, nas múltiplas dimensões (domínio de conhecimentos, socialização, dentre outras competências humanas) que o envolvem. Garantir o processo de aprendizagem dos conhecimentos produzidos historicamente e construir as habilidades necessárias para o exercício pleno da cidadania do indivíduo são os objetivos primários de toda ação educacional. Dessa forma, faz-se necessário refletir sobre o como, o porquê e o para que/quem os conhecimentos científicos elaborados pela humanidade são oferecidos (e garantidos) pelo atual sistema educacional, bem como de que maneira esses saberes são sistematizados nos currículos do ensino formal. Fonte: www. images.slideplayer.com.br Do ponto de vista etimológico, a palavra currículo (do latim curriculum) remete à ideia de percurso a ser realizado. Esse termo evoluiu no decorrer do tempo, sendo atualmente definido pelo dicionário Michaelis, como um conjunto de disciplinas de um curso escolar, ou seja, documento que estabelece seleção, sequência, maneira e tempo de apresentação dos conteúdos e as respectivas avaliações da aprendizagem. A abordagem curricular é objeto de atenção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), em cumprimento ao art. 210 da Constituição Federal de 1988, que determina como dever do Estado para com a educação estabelecer conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, visando à formação básica comum e respeito aos valores culturais, artísticos, nacionais e regionais. Assim sendo, foram elaborados e distribuídos pelo MEC, a partir de 1995, os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental e os Referenciais Curriculares para o Ensino Médio (RCNEM). Fonte: www.gazetadopovo.com.brSomente a posteriori, o Conselho Nacional de Educação definiu as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica por meio da Resolução CNE/CEB n° 04/2010. Considerando as disposições instituídas pelos documentos oficiais do MEC, o currículo passa a ser compreendido como um processo integrado que deve ser cuidadosamente sistematizado, levando-se em conta conteúdos científicos previamente definidos, estratégias pedagógicas, as situações de ensino e formas de avaliação da aprendizagem. Portanto, para além de um conjunto de atividades nucleares, o currículo é a própria expressão das intenções da escola. Muito mais que um projeto de escola, essas intenções refletem ou deveriam refletir um projeto de sociedade. O currículo, na perspectiva da instituição escolar, constitui-se no documento que norteia todas as ações pedagógicas da escola e tem a responsabilidade planificada de atenção às necessidades educacionais de todos os alunos. Desse modo, não deve ser assimilado enquanto um documento imutável, ao contrário, este deve admitir modalidades de ajustes que se justifiquem como necessárias para garantir que os alunos tenham acesso aos objetivos preconizados pelo plano de ensino. Fonte: www.gazetadopovo.com.br Cabe à escola organizar o currículo e prever modificações, empregando os ajustes curriculares necessários, quer seja nas práticas educativas, nas estratégias de ensino, nos recursos ou mesmo nos procedimentos, desse modo, procura-se garantir que todos os alunos tenham uma aprendizagem significativa dos conteúdos estabelecidos para o ano e/ou para o ciclo escolar. Os ajustes curriculares — preconizados com a LDB 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e os Parâmetros Curriculares Nacionais de adaptações curriculares — têm sido evidenciados na literatura como elementos importantes de acesso e garantia de aprendizagem dos conhecimentos formulados pelo currículo comum, todavia ainda requerem uma adequada delimitação conceitual das modalidades que os integram. Nessa direção, salientou as diferenças nas modalidades dos ajustes curriculares que poderiam (e deveriam) ser aplicadas a alunos com ou sem deficiência, classificando-as em flexibilização, adequação e adaptação, as quais objetivam oferecer condições favoráveis de ensino de determinados conteúdos curriculares, bem como atender às peculiaridades do alunado. A flexibilização consiste na programação das atividades elaboradas para sala de aula e diz respeito às mudanças nas estratégias pedagógicas, sem que sejam necessárias alterações dos conteúdos curriculares previstos. A adequação curricular, por sua vez, compreende atividades individualizadas que permitem o acesso ao currículo, no qual o professor atende, especificamente, às necessidades educacionais de cada aluno, prevendo, assim, adequações no planejamento curricular de ensino, tais como mudanças nos objetivos, conteúdos, recursos e práticas pedagógicas. Fonte: www.comportamentoinfantil.com Assim, o currículo adaptado decorre diretamente das ações de flexibilização e adequação curricular, nas quais a matriz curricular é mantida e são modificadas as condições de ensino, as estratégias pedagógicas, os materiais didáticos, os recursos de ensino, a forma de apresentação dos conteúdos e a temporalidade dos objetivos, dentre outros elementos educacionais que permitam aos alunos (com ou sem deficiência) que não se beneficiam do modelo convencional de ensino as devidas oportunidades de acessar e aprender os conteúdos organizados no currículo. Fonte: www.ceducaprofissional.com.br Desenvolver trabalhos por meio de grupos produtivos, dar mais tempo ao aluno para concluir a atividade, modificar a organização didática, fornecendo exemplos concretos, expor os alunos a vivências e experiências para formulação de conceitos são claros exemplos de ações de flexibilização e adequação curricular. Diferentemente, a adaptação curricular focaliza a organização escolar e os serviços de apoio, os quais proporcionam condições estruturais que possam favorecer o planejamento curricular da sala de aula, implicando mudança significativa no próprio plano curricular e na proposta de currículo, pautado em planejamento educacional diferenciado dos demais alunos. Essa modalidade de ajuste curricular é implementada quando as ações de flexibilização e adequação não atendem às necessidades educacionais de pessoas com graves comprometimentos e/ou com severas limitações decorrentes da condição da deficiência e/ou do transtorno (as quais inviabilizam, por sua vez, o acesso ao currículo), exigindo a proposição de um currículo especialmente planejado para esse aluno. As formulações de currículos específicos para quadros de deficiência intelectual grave e de autismo típico podem ser consideradas adaptações, na medida em que toda a estruturação curricular produzida se dá em função das especificidades do aluno. Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br Nesse contexto, observa-se que poucas investigações retrataram de fato as dimensões curriculares e o processo de escolarização formal de pessoas com autismo, as quais se configuraram majoritariamente como estudos de casos, apresentando apontamentos gerais dos ajustes curriculares implementados e que não poderiam ser tomados como parâmetro para avaliação das estratégias e políticas educacionais adotadas em larga escala (para essa população). Apesar da escassez de literatura sobre a temática, defende-se aqui uma perspectiva de educação inclusiva que preconiza a inclusão desse alunado no contexto escolar comum e o respectivo acesso ao currículo, na medida em que se ofereçam respostas educacionais diferenciadas e efetivas frente às limitações impostas pelo autismo, as quais devem incidir nas diversas esferas do contexto escolar, desde aspectos estruturais da sala de aula até mudanças no currículo. Ainda, em alguns casos de autismo, advoga-se pela adaptação curricular, que deve apontar para reformulações substanciais nos conteúdos dos currículos, com vistas a favorecer as máximas condições educacionais para a aprendizagem acadêmica do aluno, a autonomia e o exercício da cidadania. Devido ao fato de as políticas de inclusão educacional garantirem, democraticamente, o acesso de alunos com diferentes características e demandas educacionais aos espaços e conteúdos escolares ditos comuns, a questão dos ajustes curriculares torna-se elemento crucial para o aluno, independentemente de suas características. Fonte: www.lagartavirapupa.com.br Nessa condição, a apropriação dos conhecimentos científicos pode ocorrer por meio de ajustes de acesso ao currículo (no qual são providos/modificados recursos espaciais, materiais, pessoais ou de comunicação, para que o aluno entre em contato com o currículo formal), ou de adaptações individualizadas de currículo (abarcam quaisquer ajustes nos diferentes elementos da proposta educativa, almejando atender satisfatoriamente às necessidades educativas). Essa proposta educacional sobre as dimensões curriculares tem garantido o acesso e o sucesso acadêmico a diversos alunos, especialmente àqueles que apresentam limitações sensoriais, motoras, intelectuais, comunicacionais, transtornos globais do desenvolvimento e problemas de comportamento, considerados, em sua maioria, incapazes de aprender e dominar conteúdos escolares. Assim sendo, o currículo destitui-se de uma condição de barreira educacional, constituindo-se, nesse processo, como elemento facilitador da aprendizagem. Fonte: www.image.isu.pub Contudo, a escolarização formal (bem como a aprendizagem dos conteúdos acadêmicos) de alguns alunos com transtornos globais do desenvolvimento, especificamente com autismo típico, tem sido um desafio atual e recorrente para a área da educação.A inserção desse público no contexto escolar regular, preconizada em diversas políticas públicas e decretos — com ênfase na Lei nº 12.764 de 27 de dezembro de 2012, que definiu as políticas nacionais para proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista e abrangeu diversos segmentos sociais (inclusive a educação) — suscitou problematizações importantes sobre o fazer docente e a implementação de um currículo frente aos prejuízos globais do desenvolvimento que decorrem do autismo, os quais comprometem diversas áreas (tais como linguagem, comunicação e cognição), logo, dificultando que esse aluno fique atento, comunique-se, abstraia e aprenda muitos dos conteúdos previstos no currículo formal. Investigado inicialmente por Kanner (1943), o autismo típico sofreu reformulações terminológicas e de critérios diagnósticos ao longo dos anos, sendo definido como Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) pela quarta versão revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) (Associação Americana de Psiquiatria, 2002) e recentemente reformulado pela Associação Americana de Psiquiatria como Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo típico é caracterizado por manifestações comportamentais que incluem déficits qualitativos na interação social e na comunicação, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e repertório restrito de interesses e atividades, sendo identificados tais comprometimentos antes dos três anos de idade. Fonte: www.mirandalibrassemfronteiras.weebly.com No domínio social, as dificuldades na interação interpessoal podem manifestar-se como isolamento, comportamento social impróprio, pobre contato visual, dificuldade em participar de atividades em grupo, indiferença afetiva, ou demonstrações inapropriadas de afeto e falta de empatia. Na área da linguagem e comunicação, observa-se que os padrões de comunicação (tanto verbal como não verbal) diferem significativamente dos padrões habituais, com predomínio de desvios semânticos e pragmáticos (tais como ecolalia e afasia nominal). No que tange à cognição e ao comportamento, pessoas com autismo podem apresentar as seguintes características: rigidez de pensamento e de comportamento, reduzida abstração, comportamentos ritualísticos e obsessivos, dependência de rotinas, déficits intelectuais, ausência de jogo imaginativo, inflexibilidade à mudança no ambiente habitual e comportamentos agressivos e auto lesivos. Dado que as políticas de inclusão educacional implicaram grandes desafios à educação, nas diversas dimensões (inclusive no currículo), múltiplas produções acadêmicas em teses e dissertações foram fomentadas nessa direção, as quais possibilitaram articulação — em âmbito teórico, reflexivo e pragmático — sobre os processos que abarcam a escolarização formal de diferentes tipos de aluno, com foco especial em alunos com deficiência e TGD (como no caso do autismo). Fonte: www.atividadeparaeducacaoespecial.com A produção científica sobre os processos educacionais inclusivos envolveu a organização de grandes grupos de pesquisadores entre universidades, o incentive financeiro e político às pesquisas que explorassem aspectos educacionais para os alunos ditos "especiais", a criação de periódicos nacionais voltados à Educação Especial e a abertura de programas de pós- graduação na área da Educação Especial, sendo, em 1978, aberto o primeiro programa de pós-graduação, sediado na Universidade Federal de São Carlos, em resposta a implementação de um sistema de educação especial pelo governo do Estado de São Paulo, o qual requeria a capacitação de recursos humanos e agentes multiplicadores nos cursos de Pedagogia habilitados para Educação Especial. Fonte: wwww.nova-escola-producao.s3.amazonaws.com Uma parte do resultado desses esforços acadêmicos encontra-se nos 3.834 estudos (aproximadamente) do banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (BTD-CAPES), os quais discorrem sobre múltiplas temáticas da inclusão educacional com diferentes populações de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, dentre outros. Considerando as peculiaridades do aluno com autismo típico, a proposta de inclusão educacional no contexto escolar comum e o currículo, este estudo teve como objetivo mapear a produção acadêmica nacional, disponível no BTD- CAPES, sobre o processo de escolarização formal do aluno com autismo, especialmente no que se refere às suas dimensões curriculares. Pretende-se, assim, oferecer visão panorâmica das investigações sobre tal temática e sinalizar os caminhos possíveis para a produção do conhecimento científico nessa área tão desafiadora, que é a educação formal, e do acesso ao currículo para alunos com autismo. ADEQUAÇÃO CURRICULAR NOS CASOS DE AUTISMO Fonte: www.i1.wp.com Falar em Autismo é algo muito difícil, pois o Autismo é um espectro muito diversificado de comportamentos e sintomas, portanto com diferentes quadros de potencialidades e dificuldades. Todos os dias nos surpreendemos com avanços e conquistas de Meninos e Meninas Autistas. Então não podemos pensar em receitas, mas sim em Acreditar nas Possibilidades Pedagógicas de Ações que venham nortear o Plano Educacional Individualizado de Alunos e Alunas Autistas. O primeiro passo do processo de inclusão consiste na avaliação, que tem como objetivo avaliar e medir comportamentos-alvos na escola, identificando os antecedentes e consequentes que evocam e mantêm cada um deles, o que é feito por meio da Análise Funcional (descrita no artigo “Autismo: Lidando com comportamentos socialmente inadequados” desta coluna). Nesta avaliação também visamos avaliar o desempenho da criança nas atividades rotineiras e acadêmicas. A avaliação consiste na observação (ao vivo ou em vídeo) e registro de comportamentos em diferentes aulas, com diferentes professores, em diferentes contextos. Também é importante analisar os materiais acadêmicos do aluno de inclusão e o currículo pedagógico proposto pela escola. Durante este primeiro passo, o analista do comportamento também faz reuniões com a equipe da escola e os familiares para levantamento de queixas, exposição dos dados analisados e definição das modificações ambientais necessárias. Fonte: www.cdn.slidesharecdn.com Como resultado da avaliação no ambiente escolar, o analista do comportamento deve ter definidos os comportamentos e habilidades que estão deficitários ou ausentes no repertório e, portanto, devem ser maximizados ou instalados, bem como os comportamentos e habilidades que estão em excesso e estão prejudicando o desenvolvimento e aproveitamento escolar e, portanto, devem ser minimizados ou extintos. O segundo passo da inclusão deve começar antes mesmo de se pensar em inclusão ou, pelo menos, paralelamente ao processo de inserção da criança na escola. Este passo consiste na intervenção individualizada, ou seja, intervenção em um ambiente de ensino planejado, com controle total de variáveis ambientais, onde podemos apresentar um estímulo por vez e garantir o aprendizado de cada habilidade. Para esta intervenção o analista do comportamento treina um profissional ou estudante de psicologia, pedagogia ou áreas afins, para aplicar os procedimentos de ensino de habilidades pré-requisitos e novos repertórios e, também, procedimentos para minimização de comportamentos destrutivos. Fonte: www.image.isu.pub Dentre os comportamentos a serem maximizados ou instalados no contexto individual estão: o comportamento de aluno, ou seja, sentar, esperar, manter contato visual, seguir comandos, etc. A comunicação funcional vocal ou por pistas visuais, as habilidades sociais, como brincar, interagir, comunicar-se. As habilidadespré-acadêmicas, dentre elas estão contato visual, imitação, seguir instruções, discriminações visuais e auditivas, etc., as habilidades acadêmicas como alfabetização, noções matemáticas, etc. O repertório de brincar, isto é, o uso do brinquedo com a função correta, compartilhar a vez, brincar junto, etc. e a independência nas atividades de vida diária (banho, vestir-se, alimentar-se, escovar os dentes, uso do banheiro, etc.). Os comportamentos a serem minimizados ou extintos na intervenção individualizada consistem nas estereotipias, ou seja, respostas repetitivas com função auto-estimulatória e os comportamentos de difícil manejo como: Birras (choros, gritos, se jogar no chão, etc.); Autolesão (machucar a si mesmo); Agressão (machucar outras pessoas). Fonte: www.image.slidesharecdn.com Os detalhes dos procedimentos utilizados pela análise do comportamento no ensino de novas habilidades e controle de comportamentos inadequados estão descritos em outros artigos desta coluna. O terceiro passo da inclusão consiste em levar toda esta tecnologia comportamental para dentro dos muros da escola. Para isso, precisamos de um Acompanhante Terapêutico (AT), isto é, um profissional ou estudante da área da saúde (psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, enfermagem, etc.) ou educação (pedagogia), ou ainda um para profissional (cuidadores, pais, parentes, etc.). O objetivo da inserção de um AT para acompanhar a criança na escola é maximizar o número de horas de estimulação específica no ambiente natural, com valores mais acessíveis para a família, isto é, não precisa ter um analista do comportamento, com mestrado e doutorado, executando este serviço. Podemos ter outro profissional ou estudante, com menos formação, mas bem treinado e orientado pelo analista do comportamento. Fonte: www.atenacursos.com.br O analista do comportamento indica a presença deste aplicador porque a criança com autismo apresenta dificuldades na generalização dos comportamentos aprendidos no contexto individualizado para o contexto natural (escola). Por isso, a criança precisa de um ensino mais individualizado dentro de sala de aula e nós não podemos exigir que o professor ou o auxiliar de classe exerçam estas funções, pois isto significaria a retirada destes profissionais da posição de referência para a turma. O treinamento teórico do AT consiste na apresentação dos conceitos básicos da Análise do Comportamento aplicados à educação em supervisões individualizadas ou em workshops. O treinamento prático envolve a observação de um terapeuta experiente atuando na escola; atuação direta com a criança com supervisão ao vivo do terapeuta experiente; e auto avaliação, ou seja, o AT deve assistir a vídeos de sua própria atuação para identificar falhas e mudanças necessárias. Este treinamento é contínuo e mantido em consultorias sucessivas feitas pela equipe de analistas do comportamento que coordenam a intervenção. Paralelamente, a escola também deve fazer um treinamento específico com o AT, focado nas regras e princípios educacionais da escola, afinal o AT atuará neste espaço. Uma das funções do acompanhante terapêutico é aplicar, na escola, procedimentos de ensino individualizado e de controle de comportamentos- problema orientados pelo analista do comportamento. O AT também deve estimular a interação da criança com seus pares, usando procedimentos planejados junto com o analista do comportamento. Quando necessário, o AT adapta os materiais acadêmicos e apresenta estes materiais adaptados em sala de aula. Fonte: www.i2.wp.com Desta forma, o AT acompanha a criança em todos os contextos escolares, nas diferentes atividades, disciplinas e ambientes, garantindo a máxima participação dela nas atividades propostas utilizando, se necessário, técnicas de motivação e facilitação da tarefa orientadas pelo analista do comportamento. A função do AT não é criar e nem propor atividades, mas sim garantir que a criança participe das atividades criadas e propostas pelos professores com as adaptações necessárias. A equipe de analistas do comportamento acompanha a evolução do caso por meio de registros e gráficos correspondentes a cada procedimento aplicado. Estes registros são feitos pelo AT com orientação do analista do comportamento. Também se espera que o AT faça a troca de informações entre os profissionais da escola (professores, coordenadores, etc.) e os familiares e membros da equipe que atuam em outros contextos, garantindo a coesão da intervenção. Com o desenvolvimento da criança e maior adaptação desta ao contexto escolar, o analista do comportamento pode decidir começar o processo de retirada do AT do ambiente escolar. Para isso, começamos afastando o AT dos momentos em que a criança já se comporta de forma correta e independente. Então, designamos outras tarefas para o AT executar durante o período de aula que não sejam diretamente com a criança (Ex: registros, análises, adaptação de material, etc.). Fonte: www.3.bp.blogspot.com Em um determinado momento realizamos um delineamento de intervenções específicas, isto é, orientamos que o AT atue somente nas situações em que a criança ainda não consegue se comportar de forma correta e independente. Em um estágio mais avançado, podemos inserir um AT camuflado na função de auxiliar de classe sem que a criança saiba que essa pessoa é sua AT, visando gerar mais autonomia. O quarto passo do processo de inclusão escolar refere-se às adaptações necessárias para que a criança consiga acompanhar as aulas e atividades. Estas adaptações são preparadas antecipadamente e aplicadas pelo acompanhante terapêutico (AT), sob orientação do analista do comportamento. As adaptações consistem em alterações de contingências delineadas para a escola (relações específicas aluno-ambiente) em todos os contextos (diferentes espaços e disciplinas). Estas adaptações devem envolver tanto os eventos antecedentes (que evocam as respostas do aluno) quanto os eventos consequentes (que fortalecem e mantêm as respostas do aluno). Dentre as modificações de eventos antecedentes necessários para a inclusão de uma criança com autismo na escola regular, está a adaptação do material que será utilizado (livros, apostilas, provas, etc.). Neste material deve- se, por exemplo: reduzir enunciados, deixando somente 1 instrução em cada enunciado; usar frases objetivas e apenas com palavras-chave; manter menos exercícios por página; usar letras maiores e, preferência, letras de forma (bastão); deixar mais espaço para escrever, desenhar ou colar; substituir as questões dissertativas (que exigem só a escrita) por atividades para ligar, recortar, colar, pintar, circular, etc.; e incluir temas do interesse da criança e de situações de seu cotidiano em todas as atividades. Fonte: www.4.bp.blogspot.com Fora está preparação antecipada do material, durante as aulas o AT também deverá usar dicas verbais, visuais ou motoras para que o aluno realize as atividades propostas ou atividades adaptadas e obedeça aos comandos individuais e coletivos dos professores. Outra modificação antecedente importante é a fragmentação de tarefas. Deve-se apresentar menos demandas por vez, quebrar as atividades longas em partes menores e intercalar a resposta a cada demanda com reforçadores e pequenos intervalos. Algumas manipulações de variáveis antecedentes envolvem modificar o próprio ambiente físico de sala de aula, por exemplo, acomodar a criança próximo a um colega que possa dar apoio (este colega deve variar, para que não fique custoso demais para as crianças). Alterar a disposição física da criança na sala de aula (sentar mais na frente para se concentrar melhor, ou sentar mais atrás se precisar sair de sala muitas
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