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AULA 3 PEDIATRIA 2 – SEMIOLOGIA DO ABDOMEN - REGRAS GERAIS: · Criança deverá sem examinada completamente despida e sob boa iluminação. · Mesmo que a queixa recaia sobre o abdome, uma inspeção geral e exame dos outros aparelhos devem ser efetuados → Os médico tem que examinar a criança e o adulto como um todo, por exemplo, crianças vítimas de traumas e quedas de bicicleta (fraturas expostas ou traumatismo), não pode só observar a fratura tem que olhar todos os aparelhos, examinar a criança como um todo, pois muitas vezes priorizar a fratura e não da valor para os outros aparelhos e consequentemente muitas vezes a criança volta no dia seguinte com quadro de choque ou vai a óbito. Outro exemplo, não é porque a criança está com uma queixa de cefaleia que não vai analisar o abdome. Logo, deves-e realizar uma anamnese e exame físico bem feito para não errar o diagnóstico. · Variáveis influenciam o estado geral da criança: temperatura ambiente, da mão do examinador, manipulação desnecessária, fome. Deve-se acalmar a criança para realizar um bom exame físico, deve-se então ter um ambiente adequado e deve ter paciência. · Ter paciência para usar o tempo que for necessário para obtenção dos dados objetivado pelo exame, pois a presa faz errar o diagnóstico. OBS: Uma criança chega ao pronto atendimento vítima de politrauma, onde visualizamos fraturas expostas. Esse fato nos chama a atenção, logo nós não devemos nos prender só a fatos que são traumatizantes, pois esses que estão aparecendo dificilmente matam. Não direcionar o atendimento só para as fraturas que estão no nosso campo visual e as vezes esquecemos de fazer uma semiologia abdominal para ver se tem complicação, não faz exame físico corretamente, pois a criança parece estar bem, mas no dia seguinte ela vai a óbito, pois as vezes ela tem uma hemorragia interna por fratura de baco, pois isso não foi avaliado. Não direcionar só na queixa da criança, nem na queixa da família, deve-se fazer o exame completo para ver a real causa. - LIMITES DO ABDOME: · As paredes anterior e posterior em conjunto com as laterais configuram o abdome em externo e interno, superior e inferior. · Externo: · Superior: delimitado pelo apêndice xifoide e arcos costais até a coluna vertebral. · Inferior: delimitado pela crista ilíaca e região púbica. · Interno: · Superior: delimitado pela cúpula diafragmática. · Inferior: delimitado pelo estreito superior da bacia. OBS: É muito desagradável verificar termos errados em relatórios médicos, logo devemos usar técnica se não algum dia o outros vão ler e vão criticar ou até não entender. Temos que ter um vocabulário diferenciado, ou seja, os termos técnicos. EX: Criança apresentando lesões em flanco direito, incisão cirúrgica de aproximadamente 4 cm localizada fossa ilíaca direita devido realização de uma apendicectomia. - DIVISÃO DO ABDOME · Temos que saber as regiões para poder descrever os achados que estão no abdome. São importantes quando o médico solicita um atestado e um relatório. Com a prática médica fica muito mais fácil apresentar, descrever os casos clínicos. EXAME FÍSICO - INSPEÇÃO · Porta de entrada → assim que o paciente entra no consultório deve-se observar o abdome. Ver a forma e o aspecto do abdome. · Normal: · RN apresenta abdome globoso com relação ao tórax. E na maioria das vezes um abdome distendido (lembra um sapo = cabeça pequena e abdome distendido). · Pré-escolar e escolar apresentam conformações próxima do adulto. · Anormal: · Agenesia dos músculos abdominais: associada a malformações do trato urinário. Na imagem se observar um abdome globoso com flacidez e enrugado devido a ausência dos músculos reto abdominais. · Diáteses dos músculos retos abdominais. Há um afastamento ou frouxidão dos músculos retos abdominais. O abdome é globoso e distendido (comum no RN), porém com irregularidade no abdome. É uma criança sindrômica, logo terá malformações. · Exposição dos órgãos (ausência da parede abdominal): Extrofia de bexiga. Malformação congênita onde eu tenho a exposição da bexiga, não há pele cobrindo a região da bexiga. Nas primeiras 24/48 horas ele tem que ser internada e fazer cirurgia, pois a complicação é grave e o risco de septicemia é grande. · Na região lombar presença de massas: teratoma sacrococcígeo e Meningomiolocele. Aparecimento de massa tumoral em abdome posterior em região pélvica ou sacro pélvica devido a deficiência de ácido fólico na gestação. Ambos podem ser vistos no ultrassom, preparando a equipe médica ao bebê que eles vão receber. A meningoencefalite deve ser submetida a cirurgia nas 48 - 72 horas de vida, sendo essa uma cirurgia muito demorada pois tem um plexo que não pode ser lesado, caso lesionar a criança ela pode ter incontinência urinária ou fecal e ainda se lesionar outro plexo importante pode deixar a criança paraplégica. Imagem: Teratoma sacrococcígeo (grave). Imagem: Meningomielocele fechada, mas pode ter aberta. Malformação do SNC devido falta de ácido fólico. OBS: Se estiver aberta tem que fechar nas primeiras 24 – 48 horas dependendo da clínica, pois com o LCR exposto a criança pode fazer um quadro de meningite. - Abaulamentos: · Modo de instalação: · Súbito: · Perfuração intestinal. Formação de pneumoperitônio. · Enterocolite necrotizante (complicação frequente e grave de neonatos, difícil encontrar externamente, mais comum na UTI de neonatos). É uma infecção grave (uma sepse) onde tem necrose intestinal e a criança tem que ir para cirurgia para fazer a ressecção desse segmento. · Progressivo: · Megacólon aganglionar: são crianças que tem obstipação intestinal crônica. São patologias em que a criança nasce sem a inervação do cólon, não tem peristaltismo para eliminar as fezes e elas vão se acumular no intestino porque não há peristaltismo para eliminá-las devido a falta de inervação. OBS: Obstipação em pediatria: DOR para evacuar, fezes EXTREMAMENTE endurecidas e VOLUMOSAS. Se a criança faz as necessidades a cada dois, três dias, mas com a consistência normal, sem esforço e sem dor não é obstipação. Normalmente a criança não faz (passam 15 a 20 dias sem evacuar), pois tem medo de doer, segurando essas fezes. 90% dos encontrados são de origem emocional ou psicológica, geralmente conflitos familiares e 10% é megacólon. · Área dos abaulamentos: · Abaulamento localizado: · Pode ser tumores (normalmente se acha pela palpação, pois a criança não tem sintomatologia nenhuma, raros são os casos que a mãe percebe a massa). · Pode ser visceromegalias – hepatoesplenomegalia. · Abscesso da parede. · Distensão abdominal devido a distensão da bexiga: bexigoma. Se fez palpação e encontrou uma massa na região do hipogástrico e ainda estiver com dúvida, pergunta para criança se ela quer fazer xixi, pois 99% a criança está segurando xixi e se mandar ela ir ao banheiro urinar, vai desaparecer. · Abaulamento global: · Processo obstrutivo baixo: imperfuração anal → no nascimento deve ver todos os orifícios da criança. As vezes abrimos as nádegas e vimos os círculos, mas ele pode ter uma membrana e estar imperfurado (na maioria das vezes não tem prega e nem perfuração anal). Essa criança tomará leite e isso vai ser ruim, pois não tem por onde sair, vamos ter complicações, pois alimentou essa criança. · Há abaulamentos mais comum em cada idade: · Invaginação intestinal: uma alça entra dentro da outra. Nisso vai ter distensão abdominal e um quadro de abdome obstrutivo. · Pré-escolares: oclusão intestinal por áscaris em uma criança que não tem uma higiene adequada. Sendo então a maior causa a vermonose. Conteúdos do abdome: 1. Líquido: geralmente é um processo infeccioso. Ascite, peritonite com derrame seroso ou purulento 2. Gasoso: geralmente é devido um trauma. Pneumoperitônio, meteorismo. 3. Maciço: esplenomegalia, hepatomegalia, tumores. - Depressões/escavado: · Hérnia diafragmática (comum): Criança tem um orifício maior na região do diafragma e tem uma passagem dos órgãos do abdome por esse hiato, indo para a região torácica. Vai apresentar umabdome escavado, sendo que o normal do RN é globoso. Imagem: É uma criança menos de um ano e no raio X não é possível observar a área cardíaca, mas percebe a presença de alças intestinais levando quadro de hérnia diafragmática. · Aderências entre peritônio parietal e visceral. Tuberculose peritoneal (rara). - Respiração: OBS: Qualquer distúrbio metabólico altera a respiração. · Respiração Paradoxal: ocorre em situações críticas como a poliomielite ou Guillain-Barré. Em distúrbios metabólicos ou em qualquer criança grave. · Diminuição dos movimentos respiratórios na peritonite. · Respiração predominantemente abdominal. - Ondas peristálticas: · Normalmente não são visíveis. · Visíveis: estenose hipertrófica de piloro (comum em lactentes nos primeiros 6 meses de vida): normalmente a queixa da mãe é de ver que a bebê mama e logo em seguida vomita e direto observa movimentação do abdome e de barulhos que parece que o bebê está com fome, só que logo após o vômito ele logo quer mamar novamente e não fica deprimido (vômitos recorrentes com bom estado geral). Ocorre principalmente no período neonatal para lactentes. Tem que realizar cirurgia para diminuir essa hipertensão do piloro. Não pode atrasar o diagnóstico, pois essa criança pode ficar desnutrida devido aos vômitos recorrentes. - Circulação colateral: criança tem uma hipertensão vascular ou problema vascular. · Veia cava inferior: · Veias dilatadas na parte inferolateral da parede abdominal. · Trombose, ascite abundante, massas. · Veia cava superior: · Veias dilatadas na parte superior do tórax. · Veia Porta: · Desenvolvem na parte superior do abdome entre o umbigo e o apêndice xifoide, e a parte inferior do tórax. · Trombose, tumores, mecanismos extra-hepáticos. Imagem: Criança tem uma hepatopatia, que tem abdômen distendido, tem circulação colateral, se for palpar tem hepatoesplenomegalia importante. - Malformações da parede abdominal: ausência de parede abdominal. · Onfaloncele: · Malformação de fechamento abdominal a partir do umbigo. · O cordão sai da lesão e as viscerais são cobertas com liquido amniótico e peritônio. · Associa-se cardiopatias, malformações renais e de coluna vertebral. · Gastroquise: · É uma evisceração (vísceras estão para fora) paramediana direita, lateral ao cordão. · As vísceras não apresentam cobertura. · Associa-se ao íleo paralítico, atresia de delgado, intestino curto e criptorquidia. Imagem: Onfalocele envolta pelo cordão e líquido amniótico e a gastroquise está exposta, sem estar recoberta. - Umbigo: · Analisar a artéria umbilical única: um terço dos casos apresenta malformações do trato urinário e gastrointestinal. Tem que ter duas artérias e uma veia para estar normal. · Hérnia umbilical (umbigo estufado): As moedas não funcionam e ainda dará uma dermatite enorme, pois reage o metal com a transpiração. Não pode enfaixar, pois não é isso que melhora a hérnia. As hérnias umbilicais melhoram com a idade cerca de 90% (fecham naturalmente), sendo que até 10% deverá ser submetida a cirurgia. Tem que realizar palpação para ver quantas polpas digitais tem essa hérnia. Há hérnias que quando a criança chora ela fica maior que uma bola de tênis. OBS: Deve orientar a mãe que se a criança começar a chorar, aumentar a hérnia, começar a doer e a criança vomitar, tem que procurar um pronto atendimento pois pode ser uma hérnia encarcerada. · Umbigo cutâneo ou amniótico. Resolve com cirurgia estética, porque é um tipo de umbigo que a criança nasceu, não foi nem na maternidade e nem em casa que formou o umbigo dessa maneira. · Granuloma umbilical. Se a mãe reclamar que caiu o umbigo e está direto úmido, que ela passa álcool 70% e não melhora, já faz uns 15 dias que caiu, examine, pois pode ser um granuloma. Não melhora com álcool 70%, tem que passar nitrato de prata, porque ele vai secar e vai cair. - PALPAÇÃO - Superficial: · Sensibilidade. · Espessura da parede. · Tumoração da parede. · Continuidade. · Tensão. · Piparote ou sinal de onda líquida. Observa se tem aparecimento de ondas, que é sinal de líquido na cavidade. - Profunda: Regras: · A técnica é você ir conversando com a criança para ela desligar mentalmente a palpação e relaxar, se não ela fica tensa e tem rigidez abdominal e retração. · Paciente em decúbito dorsal e examinador a direita. · Mãos aquecidas do examinador. · Nunca pressionar a ponta dos dedos sobre o abdome. · Criança deve estar calma e respirar ritmadamente. · Deixar por último as regiões dolorosas. · Nos derrames líquidos – manobras intermitentes. · Inicialmente não direcionar a palpação para órgãos específicos. · Na evidência de qualquer anormalidade procurar descrever a sensibilidade, a forma, a consistência, o volume, a mobilidade, a localização e a relação com os planos. - Palpação específicas: · Fígado: observa se tem hepatomegalia, a consistência do fígado, o rebordo desse fígado, por isso tem que manter a calma e distrair a criança para que tenha um bom resultado. · Palpação simples. · Palpação bimanual de Flecknell. · Palpação em Garra de Mathie. · Baço: Mesmo procedimento que o do fígado. · Palpação. · Percussão. Analisar se tem timpanismo exagerado (em casos mais evidentes de patologias abdominais graves). - PERCUSSÃO - AUSCULTA 1. Único ponto de observação → quadrante inferior direito. 1. Ruídos exagerados → peristaltismo. 1. Observação evolutiva pós-operatório. 1. Sopros por estenose ou aneurismas arteriais. Se tiver suspeita de algo arterial solicita um doppler, o qual o diagnóstico é mais preciso e mais rápido. · Em muitos serviços de saúde não tem radiologista 24 horas, por isso deve-se ter conhecimentos básicos de Raio X. Na imagem à direita mostra os pontos importantes da normalidade de um Raio X abdominal: 1. Costelas. 1. Colo transverso. 1. Músculo psoas. 1. Cólon ascendente. 1. Cólon descendente. 1. Bexiga. OBS: Tem patologias que tem o borramento do músculo psoas, a presença de grande quantidade ar ou de líquido na cavidade abdominal. Imagem 1: É encontrado muito em pediatria onde a criança engoliu um prego (presença de corpo estranho). Imagem 2: Observa um dado importante que são alças intestinais dilatadas com grande quantidade de gases (por isso escuro), e algumas com líquido, tendo uma hepatomegalia também. Imagem: uma alteração importante do flanco direito (Seta), provavelmente um processo inflamatório porque tem um borramento do músculo psoas.
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