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Saúde do lactente

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1 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 
Saúde do lactente 
 
Puericultura 
 
Esse conteúdo tem por si o foco na criança como um 
todo, não é só pesar e medir a criança, mas sim avaliar 
hábitos, desenvolvimento em todos os âmbitos. 
Tem como principal objetivo criar adultos saldáveis, 
tomar medidas que faça com que ao crescer patologias 
comuns não venham trazer problemas maiores. EX: 
infecção urinaria. 
No século XIX os primeiros estudos levantaram a 
hipótese de que a saúde do adulto era influenciada 
pelas condições de saúde da infância. 
Em 1987 Barker divulgou um famoso estudo que 
destaca a origem na vida fetal e na infância das doenças 
dos adultos. 
O pediatra tem por missão a promoção da saúde da 
criança em toda sua plenitude. A meta é a saúde, um 
processo de preservação com qualidade. Ajudar a 
criança e sua família em todas as fases de seu 
desenvolvimento de modo a atingir a fase adulta apta 
a exercer plenamente seu potencial. 
Faixas etárias: 
 
• Lactente (referindo-se ao uso do leite): do 
nascimento aos 2 anos. 
• Pré-escolar: 2 a 6 anos. 
• Escolar: 7 a 10 anos. 
• Adolescente: 11 a 20 anos. 
 
Rotinas nas consultas: 
 
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. 
 
No entanto, mesmo que isso seja prescrito, na pratica 
existem tempos, entre 6 e 9 meses por exemplo, que 
pela introdução dos alimentos, vacinas importantes, 
hábitos, acaba sendo muita informação no tempo e por 
consequência fatos acabam deixando ser passados 
para trás. Logo, cabe ao pediatra analisar isso e muitas 
vezes aumentar ou reduzir o número de consultas. 
As consultas de puericulturas acabam sendo descritas 
por uma tríade: PEDIATRA – CRIANÇA – MÃE (ou 
substituta – em casos de baba ou outro parente 
próximo). 
Saber escutar: 
 
• Não é só um ato mecânico de ouvir. 
• Cabe ao médico dirigir o diálogo: tempo curto 
com dados objetivos. 
• É a valorização do discurso da mãe e da 
criança. 
• Compreender a dinâmica da mãe em relação à 
doença. Como a paciente e a mãe ou o pai 
lidam com as situações, com os hábitos, como 
é a rotina e a dinâmica da casa/família. 
• Fazer a leitura de suas necessidades, 
inseguranças, medos, fantasias e expectativas 
em relação a criança. 
• Detectar situações estressantes pelas quais a 
família pode estar passando. 
O puericultor atua na prevenção, age mais para evitar, 
afastar ou controlar os fatores de risco do que 
propriamente nas doenças. 
Listar os problemas detectados: alimentação, estado 
nutricional, imunização (carteira de vacinação em dia, 
em que rede está fazendo as vacinas – pública ou 
privada), crescimento (usar tabelas demonstrativas), 
desenvolvimento neuropsicomotor e pubertario 
(nesse último usar a tabela de Tanner e pedir em que 
estado que a criança diria que está) e comportamento. 
 
Consultas: 
 
• Condições econômicas e sociais da família, se 
possui alguma espécie de risco social. 
• Condições de moradia, risco de insalubridade. 
• Creche/escola: se vai, como é a relação com os 
colegas. 
• Alimentação detalhada, ênfase no aleitamento 
materno. 
 
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• Funcionamento intestinal. 
• Habilidades conforme a etapa de 
desenvolvimento. 
• Temperamento e personalidade. 
• Linguagem. 
• Acuidade visual e auditiva. 
• Sono – a partir dos 6 meses não tem mais 
necessidade de a criança acordar para mamar, 
essa deve dormir à noite toda – ver aonde a 
criança dorme. 
• Disciplina/atividades lúdicas e sociais. 
• Escolaridade. 
• Vacinação. 
A partir das respostas ir “pescando” como é o 
ambiente em que a criança vive, como é a relação com 
os pais e como esses se comportam com as situações 
do dia a dia, como se fazem presentes com a criança, 
se observam e convivem. 
 
Diagnóstico: 
 
Deve ser comunicado sem jargão medico: informar a 
evolução da doença e explicar os sinais de alerta que 
indicam uma evolução não satisfatória da doença. 
Deve colocar à disposição da família algum meio de 
comunicação pessoal ou de serviço. 
Instruções para casos de emergências – ir para 
hospitais e procurar ajuda além do pediatra muitas 
vezes, dar dicas de quando ir viajar sempre saber o 
hospital e onde é referência para qualquer imprevisto. 
Ter sempre um plano B para situações inesperadas. 
 
A perigosa cultura do pronto socorro: 
 
Há muito tempo não existia pronto socorro pediátricos, 
eram consultas em domicilio em algumas situações. 
Com o surgimento do pronto socorro os pais acabam 
fazendo uma perigosa distorção do seu uso. O que é 
para atender apenas consultas de emergências está 
sendo utilizado como recurso para consultas 
pediátricas comuns. 
Exemplos: plantonista de PA atender quadro de tosse 
há 2 semanas, resfriados, faringites. Se não melhora 
retorna ao PA e é atendido por outro plantonista. 
Qual o problema dessas consultas em pronto 
atendimento? 
• Mesmo sendo um excelente medico 
plantonista, ele nunca viu esse paciente, não 
tem seu histórico e nem sabe suas 
características. 
• Vai receitar a medicação e possivelmente não 
fará o acompanhamento da evolução da 
doença. 
 
Puericultura – dúvidas!! 
 
• Doutor o peso do meu filho está bom? E a 
altura? Ele não é muito pequeno? 
• Posso dar chá de camomila? Posso pintar meu 
cabelo? 
• Ele tá fazendo cocô toda hora.... posso mandar 
a foto das fezes? 
• É melhor dormir de qual lado? 
• Por que ele dorme tanto? 
• Nossa!!!! Acho que meu leite tá fraco.... posso 
dar leite de vaca? 
 
Crescimento: 
 
Não é constate, pode evoluir em pequenos surtos, 
alterando fases de aceleração e desaceleração. 
Canal de crescimento ➔ Criança mantém o a mesma 
curvatura 
Peso: No período neonatal a criança tende a perder 
cerca de 10% do peso. A partir do primeiro trimestre a 
criança deve começar a ganhar peso. Normalmente a 
criança duplica o peso do nascimento, ao final do 
quarto mês e triplica o peso ao final de um ano. 
 
Altura: aumento de 15 cm no primeiro semestre e mais 
10cm no segundo. Durante todo o segundo ano de vida 
este ganho deverá ser de 10cm-15cm. 
Perímetro cefálico: até um ano e meio é importante 
medir o perímetro cefálico e comparar com as curvas 
das tabelas, ate um ano de vida é o período que mais 
 
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ocorre crescimento. Sinal de alerta para um 
crescimento maior e menor que o esperado. 
 
Nutrição até 2 anos: 
 
Dar somente leite materno ate os seis meses, sem 
oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos. 
A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e 
gradual outros alimentos, mantendo o leite materno, 
ate os dois anos de idade ou mais. 
Após os 6 meses, dar alimentos complementares 
(cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e 
legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite 
materno e cinco vezes se estiver desmamada. 
A alimentação complementar devera ser oferecida sem 
rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade 
da criança. 
A alimentação complementar deverá ser espessa 
desde o inicio e ser oferecida om colher: começar com 
consistência pastosa (papas e purês) e gradativamente, 
aumentar a consistência ate chegar à alimentação da 
família por volta de um ano. 
Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. uma 
alimentação variada é também uma alimentação 
colorida. 
Estimular o consumo diário de frutas, verduras e 
legumes nas refeições. 
Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, balas, 
salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de 
vida. Usar sal com moderação. 
Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos 
alimentos, garantir o seu armazenamento e 
conservação adequados. 
Estimular a criança doente ou convalescente a se 
alimentar a se alimentar, oferecendo sua alimentação 
habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua 
aceitação. 
São esses os 10 passos do ministério da saúde. 
 
OBS: não se preconiza atualmente usar muito o suco 
de frutas por sermuito calórico. 
 
Papel do pediatra: 
 
• Orientação alimentar para cada faixa etária. 
• Conhecer as necessidades nutricionais 
especificas por período. 
• Individualizar a prescrição. 
• Recém-nascido necessita cerca de 
125cal/kg/dia, essa quantidade decresce para 
100cal/kg/dia por volta do sexto mês de vida. 
• Até 2 anos necessidade mantém-se 95-
100cal/kg/dia. 
Frutas: 
 
• Horário da tarde ou da manhã. 
• As frutas mais usadas são: banana, maçã, pera, 
mamão e abacate oferecidos amassadas e 
raspadas. 
• Inicia-se com pequenas porções ao dia na 
primeira semana e depois aumenta-se 
gradativamente até atingir 100g/refeição. 
• Potencialmente alergênicas: morango, abacaxi 
e tomate. 
Papa salgada: 
 
A papa deve conter um tubérculo ou cereal, uma 
leguminosa, uma proteína e uma hortaliça (verduras e 
lumes). 
A papa deve ser amassada, sem peneirar ou liquefazer. 
A alimentação complementar deve ser espessa, com 
consistência de papas ou purês, gradativamente 
aumentar a consistência até chegar à consistência da 
alimentação da família. 
 
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Usar apenas uma “pequena “pitada de sal”. A carne 
não deve ser retirada, mas sim picada e oferecida a 
criança. 
A criança amamentada deverá receber 2 papas 
salgadas e 1 papa de frutas. 
❖ Leguminosas: feijão, lentilha, ervilha, soja. 
❖ Cereal: milho, arroz, aveia, centeio 
❖ Raízes e tubérculos: mandioca, mandioquinha, 
batata doce e inglesa. 
❖ Hortaliças: Verduras e Legumes ➔ alface, couve-
flor, cenoura, beterraba, espinafre, chuchu, abóbora, 
brócolis, berinjela. 
❖ Carne: Alimento com grande quantidade de 
proteína de alto valor biológico, é também fonte de 
gordura, ferro, fósforo e vitaminas ➔ frango ou gado. 
❖ Ovos: fonte de fosfolipídios e lipoproteínas que são 
fundamentais para a constituição do sistema nervoso. 
 
OBS: a carne é muito mais rica do que o feijão, então 
sempre preconizar a carne. Além disso cuidar o uso de 
muita beterraba, cenoura, porque a criança pode ficar 
com hipercarotenismo. 
 
IMPORTANTE: No primeiro ano de vida não usar mel, 
devido aos esporos do Clostridium botulinum: capazes 
de produzir toxinas na luz intestinal e 
consequentemente causar botulismo (é uma doença 
rara e potencialmente fatal. A doença começa com 
fraqueza, visão turva, sensação de cansaço e 
dificuldade para falar). 
 
Vitamina D e ferro: 
 
A recomendação vigente da Sociedade Brasileira de 
Pediatria orienta a suplementação profilática com dose 
de 1mg de ferro elementar/kg ao dia dos 3 aos 24 
meses de idade, independentemente do regime de 
aleitamento. 
O Departamento Científico de Nutrologia da SBP 
recomenda a suplementação profilática de 400 UI/dia 
a partir da primeira semana de vida até os 12 meses, e 
de 600 UI/dia dos 12 aos 24 meses, inclusive para as 
crianças em aleitamento materno exclusivo, 
independentemente da região do país. 
Vacinas: 
 
OBS: Quando a família dispõe de recursos, o pediatra 
deve orientá-la quanto as vacinas úteis, porém ainda 
não disponíveis na rede pública. 
OBS: Estimular a participação em todas campanhas da 
rede pública, para que todos recebam a vacinação no 
mesmo dia e com isso a imunização se dá em uma linha 
horizontal, todos desenvolvem juntos e irradia muito 
mais a doença, a imunidade é feita na “mesma hora”. 
 
OBS: a meningocócica B e a meningocócica conjugada 
não estão presentes na rede pública. 
 
Higiene: 
 
Alertar os pais sobre os higienes mais básicos e que 
esses devem sim ser muito cuidados, entre eles estão: 
banho adequado, escovação dos dentes, a limpeza da 
chupeta e das mamadeiras, a maneira correta de trocar 
as fraldas, como limpar toda região e analisar como 
esta o estado do peito da mãe (relação com o sapinho). 
Inteligência emocional: 
 
• AMOR é essencial, mas não é suficiente! É 
necessário sentar, conversar, os pais devem ter 
autoridade, mas não devem ser autoritários. 
• Empatia; 
• Ajudar os filhos a verbalizar seus sentimentos; 
• Ouvir e compreender; 
• Dar e repetir explicações; 
• Estabelecer limites ➔ fundamental; 
• Forma e qualidade da relação: modelo para a 
criança; 
• Tentam manipular e colocar os pais em 
contradição. 
Puericultura – consultas de seguimento: 
 
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A assistência global à criança deve ser feita de maneira 
evolutiva para acompanhar o crescimento e o 
desenvolvimento do paciente. 
Cada consulta: anamnese (dados do desenvolvimento, 
possíveis queixas ou dificuldades), exame físico 
(comprovar os progressos do desenvolvimento e 
registrar os parâmetros de crescimento) e toda 
consulta pediátrica, independente da queixa, deve 
incluir puericultura. 
Consulta do 1 mês: 
• 1ª consulta: 3 a 7 dias da alta da 
maternidade; 
• Detectar crianças com risco físico / famílias 
em risco social; 
• Avaliar icterícia; 
• Controlar peso; 
• Revisar técnica de amamentação (assistir a 
uma mamada): boa pega, corrigir falhas; 
• Advertir quanto ao uso de chupetas; 
• Orientar quanto a posição da criança 
dormir: decúbito dorsal; 
• Estabelecer empatia; 
• Proporcionar apoio e estímulo; 
• Garantir disponibilidade as dúvidas e os 
problemas, fumo, cólicas. 
 
Desenvolvimento: 
 
Desenvolvimento normal não é garantia contra uma 
deterioração mental no futuro. Pelo desenvolvimento 
não é possível predizer a futura inteligência ou sucesso. 
Desenvolvimento motor acelerado não indica 
superioridade mental. 
A idade gestacional deve estar sempre corrigida, caso 
ele tenha nascido de maneira prematura o 
desenvolvimento na maioria das vezes não acompanha 
a idade de vida, porque ele possui essa prematuridade. 
1 mês: 
• Quando de bruços é capaz de erguer a cabeça, 
permanece com as mãos fechadas perto do 
rosto; 
• Fixa o rosto da mãe quando ela fala; 
• Sorri para os pais; 
• Reflexos primitivos: preensão palmar e 
plantar, reflexo cutâneo plantar, reflexo de 
moro, reflexo tônico-cervical, marcha reflexa, 
procura ou voracidade; 
• Contato visual 20-30 cm; 
• Reação ao som: chocalho ➔ observar 
expressão facial e corporal; 
• Reflexos primitivos. 
2 meses: 
• Sorriso social (recíproco); 
• Vocaliza sons semelhantes a vogais; 
• Já identifica objeto (contrastado) e segue com 
o olhar ➔ reposta visual presente, mas isso 
dentro da área do campo visual da criança; 
• Mãos abertas 50% do tempo. 
3 meses: 
• Acompanha o olhar com um objeto em 
movimento; 
• Mantém as mãos abertas. 
4 meses: 
• Segura objetos e brinca com as mãos; 
• Quando em decúbito ventral, levanta a cabeça 
de forma firme apoiando-se nos antebraços; 
• Postura simétrica; 
• Reflexo palmar praticamente ausente: mãos 
abertas, arranha e agarra; 
• Ao puxar a criança pelas 2 mãos, ela 
acompanha o movimento sem ficar com a 
cabeça pendente; 
• Sorri e vocaliza socialmente ➔ conversa 
durante a consulta e ela responde com 
sons/sorriso. 
6 meses: 
• Senta-se projetando para frente e apoiando as 
mãos; 
• Agarra cubos com as mãos, tenta alcançar o 
objeto com a mão; 
• Coloca as mãos na mamadeira; 
• Reconhece o cuidador visualmente; 
• Brinca com os pés; 
• Já reconhece quando chamada pelo seu nome; 
• Vocaliza para brinquedos (chame a atenção na 
hora da consulta), expressa raiva! 
 
 
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Avaliação dos reflexos primitivos 4-6 meses: 
Preensão palmar: a partir dos 4 meses desaparece e 
os movimentos tornam-se voluntários; 
Reflexo de Moro: desaparece até os 6 meses; 
Reflexo tônico-cervical: se persistente nessa fase ➔ 
possível lesão cerebral grave; 
Reflexo da busca ou voracidade: desaparece por volta 
dos 4 meses. 
 
7 meses: 
• Senta sem apoio; 
• Transfere objetos de uma mão para outra; 
• Balbucia. 
8 meses: 
• Estranha pessoas; 
• Participa do jogo (esconde-achou). 
9 meses: 
• Avaliar com muita atenção o desenvolvimento 
atingido até essa fase; 
• Mantém-se de pé ou apoiado nosmóveis; 
• Engatinha: não obrigatório; 
• Pega em pinça polegar-indicador; 
• Fala sílabas: ma-ma, da-da; 
• Ansiedade de separação dos pais; 
• Recupera um objeto escondido por uma 
pessoa. 
11 – 12 meses: 
• Anda apoiado pelas duas mãos ou em móveis 
ou segura por uma das mãos; 
• Localiza sons produzidos abaixo ou acima da 
cabeça; 
• Obedece a comando dado junto com um gesto 
➔ “me dá”; 
• Olha para um objeto que cai ou foi jogado. 
15 meses: 
• É capaz de andar sozinha; 
• Consegue comunicar seus desejos apontando 
e emitindo sons; 
• É capaz de construir uma torre de 3 blocos; 
• Fala 3 palavras. 
24 meses: 
• É capaz de correr; 
• Consegue abrir e descer escadas segurando-se 
no corrimão; 
• Frase de 2 palavras. 
 
Sinais de alerta no fim do 1ᵒ trimestre: ausência de 
sorriso social, olhar vago, pouco interesse, o menor 
ruído causa muito susto, nenhuma reação a ruídos 
fortes (surdez?), mãos persistentemente fechadas. 
 
Sinais de alarme no fim do 2ᵒ trimestre: não vira a 
cabeça para localizar sons (4 meses), hipertonia 
(rigidez) dos membros inferiores, hipotonia do eixo do 
corpo: controle deficiente da cabeça, criança 
exageradamente lenta e sem interesse, movimentos 
bruscos, não dá risada, falta de reação aos sons 
(surdez?). 
 
Sinais de alarme aos 9 meses (OBRIGATÓRIO TOMAR 
PROVIDÊNCIA!!): não senta com apoio ➔ hipotonia do 
tronco, pernas duras, em tesoura ➔ espasticidade, 
pernas moles em posição de rã ➔ hipotonia, mãos 
persistentemente fechadas, não tem preensão em 
pinça, incapacidade de localizar um som, ausência de 
balbucio, sorriso social pobre, não tem interesse em 
jogar: esconde-achou. 
 
Sinais de alarme no 1ᵒ aniversário: ausência de 
sinergia pés-mãos, criança parada ou mumificada, 
movimentos anormais, psiquicamente inerte ou 
irritada, sorriso social pobre, não fala sílabas e nem 
balbucio. 
 
Orientações aos pais: estímulos auditivos e visuais ➔ 
conversar!!!, banhos de sol e passeios ao ar livre, 
transporte no carro/ carrinho de bebê em assento 
adequado e com cinto de segurança. 
 
Orientações aos pais: 
 
• Estimular o uso do copo e reduzir a 
mamadeira; 
• Deixar a criança comer com as próprias mãos e 
estimular o uso da colher; 
• Estimular o desenvolvimento da linguagem ➔ 
conversar e ler; 
• Brincar ao ar livre; 
• Pés aparentemente chatos, membros 
inferiores em arco. 
 
 
 
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Saúde do Pré-escolar e Escolar: 
 
Pré-escolar: 
 
• Idade: 3 a 5 anos. 
• Crescimento: fase de crescimento em 
desaceleração ➔ estatura predomina sobre o 
peso ➔ criança espigada. 
• Apetite diminui ➔ anorexia fisiológica. 
• Interações sociais mais complexas. 
• Ganho de peso: 1,5 – 2,5 kg/ano 
• Observar a curva. 
 
Desenvolvimento: 
 
30 meses: 
Consegue pular erguendo os 2 pés do chão e aponta as 
partes do corpo quando solicitada. 
3 anos: 
A criança consegue pedalar com rodinha, sabe seu 
primeiro nome, tem uma linguagem inteligível, 
controla evacuação e controla a micção diurna. Logo, 
nessa fase seria o ideal de se tirar as fraldas. 
Testar acuidade visual com os cartões de Teller: 
Vários cartões com listras cinzas e pretas são 
mostradas a criança. O examinador irá observar o 
movimento da fixação dos olhos em direção as listras. 
Isso se repetirá, até a criança não conseguir fixar mais 
nas listras, então a acuidade visual é determinada pela 
menor listra vista. Estes cartões são feitos com rigor 
técnico onde o contraste é sempre o mesmo. As listras 
brancas e pretas obedecem a um cálculo matemático 
denominado “ciclo por centímetro”. O teste baseia-se 
na observação das crianças que tendem a olhar mais 
para uma tela com listras pretas e brancas do que para 
uma superfície homogênea. O exame é realizado, 
ocluindo um olho de cada vez. 
 
Para quem é indicado? Bebês, crianças que ainda não 
desenvolveram a fala e pacientes que apresentaram 
limitações na realização de outros testes que estudam 
a quantificação da acuidade visual. 
 
 
 
4 anos: 
Consegue se manter sobre um pé só, sabe seu nome 
inteiro e consegue controlar a micção noturna (isso 
tem que se desenvolver até os 5 anos de idade). 
Testar acuidade visual com o Quadro dos E: fazer para 
ver se apresentou melhora, sempre acompanhar e 
revisar e ver se tem necessidade da interferência de 
um oftalmologista. 
 
 
5 anos: 
São capazes de executar 3 ordens, três tarefas que 
devem ser feitas em sequência. Desenham uma pessoa 
 
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com cabeça, corpo, braços e pernas, conseguem saltar 
e controlam oficialmente a micção noturna. 
O desenho é capaz de mostrar muitas coisas sobre a 
criança, o lar que ela vive e como está seu 
desenvolvimento. 
Orientações aos pais do pré-escolar: 
 
• Estimular a independência; 
• Economizar os “não pode”; 
• Estabelecer limites; 
• Brincar com outras crianças; 
• Retirada da chupeta: até os 4 anos seria o 
limite de uso da chupeta; 
• Parque infantil, escolinha, educação infantil; 
• Limite de telas; 
• Prevenção de acidentes: uso de capacetes, 
travas nas portas; 
• Ensinar a nadar. 
Teste de Denver: 
 
Histórico: foi desenvolvido em 1967 e em 1992 passou 
por uma revisão. Ele está amplamente utilizado e 
padronizado em dezenas de países. 
Apresentação: é um teste designado para o uso em 
crianças aparentemente saudáveis do nascimento aos 
seis anos. 
Objetivo: avaliar a performance com testes próprios da 
faixa etária. 
É composto de 125 itens, distribuídos na avaliação de 
quatro áreas distintas do desenvolvimento 
neuropsicomotor: motricidade ampla, motricidade 
fina-adaptativa, comportamento pessoal-social e 
linguagem. 
 
OBS: ele está presente na caderneta da criança. 
Ordem de aplicação: 
1. Pessoal-Social, Habilidades Finas, Linguagem, 
habilidades grossas; 
2. Tarefas que a criança possa executar 
facilmente devem ser administradas primeiro; 
3. Tarefas que usem os mesmos materiais como 
blocos, devem ser administrados 
consecutivamente; 
4. Recomenda-se que apenas os materiais para 
uso específico na tarefa sejam deixados sobre 
a mesa; 
5. Independentemente da idade, cada setor deve 
ser testado iniciando-se pelos itens a esquerda 
da linha; 
6. Comportamento: o quadro inferior deve ser 
preenchido ao fim do teste 
Ao ir fazendo se estabelece uma pontuação: P 
(passou), F (falhou), NO (não teve oportunidade) e R 
(recusa) para cada tarefa. 
 
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O teste de Denver é de fácil treinamento e rápida 
administração, porém apresenta algumas limitações, 
como: não tem validação no Brasil, oferece resultados 
com pouco valor prognóstico, parece insuficiente para 
avaliar mudanças qualitativas ao longo do tempo e 
detectar precocemente alterações psicomotoras sutis. 
Muitas são as variáveis para uma boa avaliação através 
de instrumentos, sendo que o tempo da aplicação de 
um questionário pode ser variável dependendo da 
idade da criança e competência do avaliador. 
É indicado aplicar o instrumento em ambiente 
tranquilo, iluminado, ventilado e com espaço 
suficiente para a criança poder mostrar suas 
habilidades. 
O teste de DENVER não é um teste de avaliação dos 
coeficientes de inteligência e de desenvolvimento, 
mas permite avaliar a condição atual do 
desenvolvimento maturacional da criança, não 
devendo ser utilizado como um instrumento 
diagnóstico. Devido a sua praticidade, o teste pode ser 
utilizado em unidades básicas de Saúde, ambulatórios, 
consultórios, clínicas, unidades pediátricas em 
hospitais, creches, pré-escolas e serviços 
especializados em distúrbios do desenvolvimento 
infantil. 
 
Escolar: 
 
• Idade: 6 a 10 anos. 
Caracteriza-se por ser um período de crescimento 
estável, quando o sistema nervoso central está se 
completando e pronto para receber alfabetização e 
realizar operações concretas. Nesta fase, a criança 
sofre muitas influencias externas e é insuficiente e 
inadequadamente vigiadapelos adultos. 
• Problemas familiares e sociais; 
• Problemas escolares e de comportamento; 
• Violência e maus-tratos; 
• Injúrias físicas; 
• Risco de suicídio; 
• Obesidade; 
• Influências da mídia; 
• Abuso de drogas; 
• Riscos da atividade sexual; 
• Crescimento físico lento e de preparo para 
puberdade; 
• Alimentação: maior consumo calórico, dieta 
semelhante ao adulto, riscos de obesidade e 
lanches escolares. 
• Avaliar o desenvolvimento escolar. 
 
Teste de acuidade visual – Teste do Quadro dos E: 
Devem ser encaminhadas ao oftalmologista as 
crianças de 3 a 5 anos que tenham acuidade inferior a 
20/40 ou diferença de duas linhas entre os olhos e as 
crianças de 6 anos ou mais que tenham acuidade 
inferior a 20/30 ou diferença de duas linhas entre os 
olhos. 
 
Orientações aos pais: 
 
• Dieta prudente para evitar obesidade; 
• Estimular atividade física; 
• Estimular a leitura; 
• Mostrar interesse pelas atividades das 
crianças; 
• Reforçar a independência e auto 
responsabilidade; 
• Estabelecer regras quanto a dormir e ver TV; 
• Ensinar a atravessar a rua, regras de trânsito, 
uso de capacete, nadar.

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