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Estudo das Relações Étnicos Raciais no Brasil

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Prévia do material em texto

Nome do professor 
 
Sobre o autor 
Vinicius Couzzi Mérida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Graduado em História pelo Centro Universitário São José de Itaperuna (RJ). 
Especialista em Política Brasileira pelo Centro Universitário São José de Itaperuna, 
Ética e Filosofia Política pelo Instituto Coimbra e Gestão Educacional pela Faculdade 
Redentor de Itaperuna. Mestre em Ciências da Religião pela Faculdade Unida de 
Vitória, ES e Doutorando em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais. Atualmente, leciona as disciplinas de Estudos Sócio-
Antropológicos, Metodologia Científica, Sociologia do Direito Jurídica no curso de 
Direito; Introdução às Ciências Sociais e Antropologia Social no curso de Psicologia; 
Filosofia no curso de Administração e Estados Classes e Movimentos Sociais no curso 
de Serviço Social da UniRedentor de Itaperuna e Campos dos Goytacazes (RJ). 
Docente de Filosofia e História da Educação no curso de pós-graduação, lato sensu, 
em Docência do Ensino Superior da UniRedentor de Itaperuna. De igual maneira, 
ministra aulas de História na Secretaria Estadual de Educação do estado do Rio de 
Janeiro (SEEDUC). Pesquisador em Ciências da Religião à luz da história, de acordo 
com a graduação concluída. No Mestrado, fez uma abordagem histórico-social do 
Concílio Vaticano II relacionando os movimentos de resistência à recepção desse 
Concílio pelos movimentos conservadores do catolicismo, e no Doutorado dá 
sequência à pesquisa iniciada no Mestrado. 
 
 
Apresentação 
 
 
 
 
Olá, querido (a) aluno (a), seja muito bem-vindo (a)! 
 
A sociedade brasileira é constituída por diferentes grupos étnico-raciais que a 
caracterizam, em termos culturais, como uma das mais ricas do mundo. Entretanto, 
sua história é marcada por desigualdades e discriminações, especificamente contra 
negros e indígenas, impedindo, desta forma, seu pleno desenvolvimento econômico, 
político e social. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura (UNESCO), desde sua fundação, declara que elucidar a contribuição dos 
diversos povos para a construção da civilização, seria um meio de favorecer a 
compreensão sobre a origem dos conflitos, do preconceito, da discriminação e da 
segregação raciais que assolam o mundo. Com essa concepção, a UNESCO, no 
Brasil, vem contribuindo com as diversas instâncias do governo, da sociedade civil 
organizada e da academia, na elaboração e no desenvolvimento de ações que 
possam respeitar as diferenças e promover a luta contra as distintas formas de 
discriminação, entre elas, a étnico-racial. 
 
. 
. 
. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivos 
 
 
 
 
A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e 
produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem 
cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de 
negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e 
valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. 
 Os alunos deverão, a partir de suas experiências de aprendizes, entender a 
pluralidade cultural e étnica do Brasil, diante da história de diferentes povos e etnias 
que constituem a nossa nação; 
 Capacidade de dialogar com diferentes culturas e realidades; 
 Capacidade para analisar criticamente as diferenças culturais e sociais do 
Brasil, com vistas a combater a discriminação e o preconceito racial. 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
 
AULA 1 - CIDADANIA PARA TODOS: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DO 
CONCEITO DE CIDADANIA AO LONGO DA TRAJETÓRIA 
HUMANA 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12 
 
AULA 2 - A RELAÇÃO ENTRE CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS 
2 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 27 
 
AULA 3 - A RELAÇÃO ENTRE ÍNDIOS E PORTUGUESES NO BRASIL COLONIAL 
3 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 40 
 
AULA 4 - CONFLITOS ENTRE ÍNDIOS E COLONIZADORES 
4 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 55 
 
AULA 5 - A ESCRAVIDÃO INDÍGENA NO BRASIL 
5 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 69 
5.1 Mão de obra indígena nas colônias europeias ....................................... 69 
5.2 A catequese dos indígenas ....................................................................... 71 
5.3 Alterando as regras .................................................................................... 73 
 
AULA 6 - NARRATIVAS, MEMÓRIAS E ENSINO DE HISTÓRIA INDÍGENA NO 
BRASIL: O RESGATE DAS DIFERENTES IDENTIDADES 
6 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 83 
6.1 A importância da memória coletiva ........................................................ 83 
6.2 A memória dos índios precisa ser resgatada .......................................... 85 
 
 
AULA 7 - PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO MOVIMENTO 
INDÍGENA E A QUESTÃO NA CONTEMPORANEIDADE BRASILEIRA 
7 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 95 
 
AULA 8 - OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS ÍNDIOS NA HISTÓRIA E 
ATUALIDADE 
8 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 106 
8.1 A cidadania do índio brasileiro ............................................................... 107 
 
AULA 9 - A EDUCAÇÃO DE INDÍGENAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 
9 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 119 
9.1 Povos indígenas no Brasil ......................................................................... 122 
 
AULA 10 - LEI 11.645/2008: O ENSINO DA HISTÓRIA INDÍGENA 
10 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 129 
10.1 O presidente da república ...................................................................... 129 
10.2 Luiz Inácio Lula Da Silva ........................................................................... 129 
10.2.1 Fernando Haddad .................................................................................... 129 
 
AULA 11 - O PROCESSO DE INCLUSÃO E DISCUSSÕES RELACIONADAS À 
TEMÁTICA ÉTNICO RACIAL NO BRASIL 
11 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 137 
11.1 Problematizações pertinentes ................................................................. 137 
11.2 O racismo e a importância das origens ................................................. 138 
11.3 A história tem consequências ................................................................. 141 
 
AULA 12 - DESIGUALDADES SOCIAIS E QUESTÃO RACIAL: REFLETINDO 
SOBRE AS CONDIÇÕES DE VIDA DOS DESCENDENTES DOS 
PRIMEIROS POVOADORES DA COLÔNIA PORTUGUESA 
12 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 147 
12.1 A questão social no Brasil ........................................................................ 147 
 
AULA 13 - A HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL COLONIAL 
13 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 156 
 
 
 
AULA 14 - A RELIGIOSIDADE AFRICANA NO BRASIL 
14 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 165 
 
AULA 15 - HISTÓRIA DO MOVIMENTO NEGRO 
15 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 175 
15.1 O que o movimento negro busca hoje ..................................................177 
15.2 O que diz a lei em relação à igualdade racial? ................................... 178 
15.3 Polêmicas .................................................................................................. 178 
 
AULA 16 - A LEI 10639/03 E A CULTURA NEGRA NO BRASIL 
16 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 188 
16.1 Implementação da lei ............................................................................. 191 
16.2 História e cultura afro-brasileira .............................................................. 192 
16.2.1 Diversidade negra .................................................................................... 192 
16.2.2 Consciência negra ................................................................................... 192 
16.3 Lei 9.394/96 e a Obrigatoriedade no Ensino da História e Cultura Afro-
Brasileira .................................................................................................... 193 
16.3.1 Currículo escolar ....................................................................................... 193 
16.3.2 Conteúdos programáticos ...................................................................... 194 
16.3.3 Calendário escolar ................................................................................... 194 
16.3.4 Formação de professores ........................................................................ 194 
16.3.5 Vetos .......................................................................................................... 194 
 
 
 
 
 
Iconografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidadania para todos: uma 
abordagem histórica do conceito de 
cidadania ao longo da trajetória 
humana 
Aula 1 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA AULA 
 
Nesta aula, estudaremos cidadania para todos. 
 
OBJETIVOS DA AULA 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
 Abordar historicamente o conceito de cidadania, de modo que 
entendamos a relação entre cidadania e inclusão social, e 
compreendamos que só se pode ter uma sociedade desenvolvida 
quando as pessoas de diferentes grupos puderem ter voz e vez, e essa 
inclusão parte primeiramente pelo conceito de cidadania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P á g i n a | 12 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
A história da humanidade é marcada por muitas lutas de 
inclusão social e busca pela cidadania, dessa forma, a proposta desse 
capítulo é promover uma abordagem histórica das diferentes 
sociedades, que visaram contemplar a inclusão social, pois, muitos 
direitos que hoje estão no nosso cotidiano, na verdade tiveram sua gênese e suas 
conquistas através de lutas, e muitas dessas lutas foram banhadas por sangue e até 
mesmo, em casos extremos, em muitos casos houve a morte de milhares de seres 
humanos. Por isso, enquanto cidadãos de uma sociedade democrática que somos, 
precisamos sempre ter a consciência do valor da cidadania e da representatividade 
que ela tem na vida das pessoas, pois somente no exercício da cidadania, podemos 
reivindicar uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva. 
De igual maneira, é fundamental que ter em mente que o conceito de 
cidadania iniciado na Antiguidade Clássica não é mais o mesmo que temos na 
contemporaneidade. Após alguns milénios de história, o termo cidadania tomou 
significados e práticas diferentes, por isso, concluímos que cidadania é um termo 
dinâmico, por mudar de acordo com os anseios sociais de cada época e cada grupo 
social. Mulheres, negros, índios, crianças, estrangeiros, casais e indivíduos 
homoafetivos, portadores de necessidades especiais, sejam elas físicas ou 
psicológicas, “os descamisados” etc. Reivindicam seus direitos de ir de vir, 
propriedade, liberdade de expressão, inclusão social e até mesmo de terem suas 
memórias e culturas registradas, de modo a se inserirem enquanto sujeitos históricos 
que marcam e influenciam a história de uma nação. No caso do Brasil, são muitos e 
diferentes agentes históricos que nos constituem enquanto nação miscigenada e 
heterogênea. 
A proposta desse material é fazer uma reflexão histórico-cultural das 
populações negras e indígenas, de forma a inseri-las no contexto cultural e 
educacional do Brasil. Historicamente, conhecemos os fatos e descrições do ponto de 
vista do homem branco, europeu e colonizador que inseriu seus valores culturais. 
Entretanto, outros olhares também fizeram a história e precisam ser analisados e 
conhecidos. 
Uma simples volta pelas cidades, escolas, universidades, campos etc., e 
poderemos constatar que a história do Brasil é marcada pelos contrastes sociais. E 
P á g i n a | 13 
 
 
tal constatação se dá de forma fácil: basta olhar e perceberemos quem ocupa as 
melhores condições sociais nesse país rico em recursos naturais e com tantas 
possibilidades, mas, que historicamente só beneficiou alguns em detrimento de tantos. 
Assim sendo, a discussão histórica sobre o conceito de cidadania é de fundamental 
valor, afinal, o povo brasileiro ainda padece e carece de ter consciência de si mesmo 
enquanto nação e agente social coletivo. Enquanto nação, precisamos aprimorar a 
consciência de que é um cidadão dotado de Direitos e Deveres, e que somente 
quando tivermos senso de coletividade é que nos acertaremos enquanto nação 
próspera que esse país pode vir a ser. E diante desse anseio explicitado, iremos 
observar as origens e os diferentes sentidos desse conceito tão amplo, e ao mesmo 
tempo tão libertador que é a cidadania. 
O conceito de cidadania teve início na Grécia Antiga, para ser mais preciso, 
essa concepção surgiu nas cidades-estado que começaram a surgir 
aproximadamente no século X a.C. Na Grécia continental, na Ásia Menor, atual 
Turquia, e Fenícia, atual Líbano. O intenso comércio marítimo, praticado no 
Mediterrâneo, trouxe o intercâmbio entre diferentes povos do oriente médio, norte da 
África e Europa, e dessa forma, as rotas comerciais tiveram relação direta com os 
pontos comerciais fixos, e em torno desses pontos de comércio surgiram um processo 
de urbanização, e naturalmente, cada cidade adotou suas formas de administração, e 
uma das formas de administração adotadas foi o modelo de cidades-estados, nas 
quais surgiram o modelo de democracia participativa. O termo cidadania foi usado 
para evidenciar os direitos relativos aos cidadãos, que eram os indivíduos que viviam 
na cidade e nesse lugar, participava das decisões políticas, participando diretamente 
assim da vida pública. Dessa forma, o termo cidadania designava todas as 
implicações da vida em sociedade (coletividade), e esse temo está diretamente 
relacionado ao habitante da Polis. Na Grécia antiga, os indivíduos que viviam nas 
cidades exerciam a democracia participativa, diferente do atual modelo que indica a 
democracia representativa, daí haver as eleições, nas quais escolhemos nossos 
representantes. No modelo de democracia participativa, os cidadãos discutiam e 
decidiam questões tocantes à vida pública, e assim, a cidadania era exercida na 
participação coletiva. Naturalmente, crianças, mulheres, estrangeiros e escravos não 
eram considerados cidadãos e somente os homens livres podiam exercer plenamente 
a cidadania nos moldes da Grécia Antiga. Tendo em vista que escravos, crianças, 
mulheres e estrangeiros eram excluídos da democracia, portanto, da vida pública, é 
P á g i n a | 14 
 
 
bem fácil presumir que a sociedade grega era marcada pelas diferenças sociais, haja 
vista o fato de que os principais beneficiados eram os proprietários de terras e os 
homens livres. 
A oratória era o foco principal da Ágora, lugar de espaço público onde eram 
realizadas as discussões relacionadas à vida pública. Para garantir seus benefícios e 
os benefícios dos seus pares, os homens gregos discutiam, fazendo uso da palavra, 
para expor suas ideias, tendo em vista os diferentesinteresses discutidos. Um lugar 
de especial atenção na Ágora eram as escolas, pois nelas eram formados os futuros 
cidadãos, por isso, nas escolas já era estudada e desenvolvida a prática da oratória, 
pois através dela, os cidadãos reivindicariam e conseguiriam seus objetivos. A 
discussão de bens públicos e a participação integral na política eram de valores 
imensuráveis para os gregos. 
A contribuição grega para a formação ocidental é imensa, e cabe destaque 
nesse livro a dimensão da cidadania, pois foram os gregos que criaram o espaço 
público para discussão de ideias, das quais derivam a democracia e da democracia 
deriva a cidadania, por isso, a Grécia é considerada um dos pilares do Ocidente. 
Diretamente influenciado pelos gregos, os romanos criaram o termo 
cidadania, que deriva do latim civitatem, e a partir daí, gerou civitas, que na língua 
portuguesa tornou-se cidadania. A Cidadania é um pensamento oriundo da união dos 
cidadãos e, para os romanos o conceito de cidadania é equivalente à polis grega. A 
cidadania romana estava ligada exclusivamente para os homens livres, uma vez que 
havia diferenciação entre homens livres e escravos, e por ser uma sociedade 
estratificada, portanto, marcada por diferenças sociais. Os homens livres tinham o 
direito do exercício do cargo público e da magistratura, participação das assembleias 
políticas e ser sujeito de direito privado, e somente os cidadãos ativos poderiam 
exercer plenamente a cidadania. 
No início, a cidadania romana era exclusivamente para os cidadãos que 
viviam em Roma. Somente com o passar do tempo é que outras áreas foram 
contempladas com a cidadania romana, e em 212 o Imperador Caracala estendeu a 
cidadania romana a todos os habitantes do Império, representando assim uma 
conquista significativa, pois até então os habitantes que moravam distante da cidade 
de Roma não tinham direito ao voto, portanto, seu exercício de era cidadania mais 
restrito. Com a queda do Império Romano em 476 d.C. a questão da cidadania entrou 
em um novo estágio histórico e novas concepções surgiram, pois, nesse momento da 
P á g i n a | 15 
 
 
história, as sociedades promotoras primeiras da cidadania já não existiam mais. E com 
o advento o catolicismo romano, enquanto instituição de maior influência social, as 
prioridades sociais mudaram, até mesmo influenciadas pela geografia, pois as cidades 
passaram a ter menos espaço geográfico, pois o campo ganhou mais importância 
econômica, uma vez que a maior parte da população foi viver nos feudos, sob a égide 
dos senhores feudais, em regime de servidão. Sendo o regime feudal um sistema 
constituído por sociedades estamentárias, a questão religiosa ganhou maior destaque 
e as questões tocantes à cidadania tiveram menor relevância do que durante a 
antiguidade clássica. Entretanto, seria um equívoco acreditar que as questões sociais 
não foram pensadas na Idade Média. São Tomás de Aquino (1225-1274) chegou a 
discorrer sobre modos de governo e o pensamento do bem comum. Em um dos seus 
textos, ele escreveu: 
 
É o regime misto o regime perfeito, bem combinado de monarquia pela 
preferência de um só, de aristocracia pela multiplicidade de chefes 
virtuosamente qualificados, de democracia ou poder popular pelo fato de que 
cidadãos simples podem ser escolhidos como chefes e que a escolha dos 
chefes pertence ao povo. 
 
Assim sendo, as desigualdades sociais inerentes ao regime feudal foram 
abordadas por alguns clérigos da Igreja Católica, embora, a Idade Média não tenha 
sido o período de maior apogeu do pensamento social. Entretanto, a estrutura social 
montada nesse período histórico viria a ser questionada de forma contundente nos 
séculos que se seguiriam. 
Na chamada baixa idade média, reaparece a idade de Estado centralizado e 
com ela a visão clássica ligada aos direitos políticos, e com os direitos políticos surge 
a ideia de igualdade. E sobre as discussões em torno da igualdade, é com o 
Iluminismo que discussões ganham espaço com reflexo direto na política e na 
economia. A partir do século XVIII, os anseios pela igualdade ganham um outro 
elemento: a liberdade. E estimulados pela igualdade e liberdade, Locke e Rousseau 
defendem a democracia liberal, em oposição ao discurso de direito divino dos reis. 
Assim, a monarquia absolutista é questionada e a partir daí, ideias se intensificam de 
forma a originar a Revolução Francesa (1789), que pôs fim ao absolutismo na França 
e em outros países europeus. A fraternidade seria o terceiro elemento a ganhar o 
pensamento social na Europa. Assim sendo, o pensamento sobre igualdade, liberdade 
e fraternidade foi de encontro aos privilégios da realeza, dos nobres e do alto clero 
P á g i n a | 16 
 
 
católico, e novos atores sociais surgiram na política, na economia, nas artes etc. 
tornando a sociedade europeia mais complexa e menos estratificada. Muito bem. 
Você completou metade da unidade. Aproveite um merecido descanso. Beba uma 
xícara de chá, e então você estará descansado e pronto para começar. 
No mundo, os ares Iluministas ganharam espaço, e foi na independência dos 
Estados Unidos da América, na crise do sistema colonial na América Latina e na 
libertação dos escravos africanos e indígenas na América que o Iluminismo ganhou 
dimensões práticas. 
Na Europa, a Revolução Industrial traz a burguesia como personagem de 
destaque, uma vez que eram donos dos meios de produção. Entretanto, o proletariado 
é outro elemento fundamental nessa página da história, e serão eles a protagonizar 
revoluções sociais em busca de direitos. Assim, o século XIX foi um período histórico 
importante no contexto de lutas sociais, pois foi nesse período da história que se 
originaram ideologias que se consolidariam no século XX e influenciariam outras 
minorias na luta dos seus direitos. De forma mais particular no Brasil, ainda há muito 
o que se conquistar, de forma mais particular, as populações negras e indígenas 
precisam e maior espaço e reconhecimento, pois ainda são ignoradas por grande 
parte da população brasileira, embora, os africanos e indígenas tenham constituído 
grande parte da nossa identidade, e é justamente pensamento na importância desses 
grupos étnicos é que esse material busca trazer à tona a discussões sobre a 
diversidade étnica brasileira. 
No século XX, o conceito de cidadania passou a ser vinculado não somente à 
participação política, mas, também aos deveres que o Estado tem com seus cidadãos: 
educação, segurança, saúde, liberdade de expressão, ir e vir, votar e ser votado, 
estrutura urbana etc. Portanto, o que se conclui é que a humanidade, historicamente 
estratificada, vem caminhando na luta dos direitos e inclusão, e hoje ainda no século 
XXI, percebemos que ainda há muito para se conquistar, pois a todo momento, 
percebemos que em diferentes lugares do mundo direitos conquistados sofrem 
ameaças, e em outros lugares, muitos direitos triviais em países desenvolvidos estão 
longe de serem conquistados, daí a necessidade perene de discussões sobre esses 
temas. 
 
 
Fica a dica! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Assista aos vídeos da disciplina, são fundamentais para a sua 
aprendizagem! 
 
 Fique atento aos horários de atendimento disponíveis na 
Secretaria Virtual da Blackboard! 
 
 Não acumule dúvidas! 
 
 Procure o professor da disciplina ou o tutor para esclarecer 
suas dúvidas. 
 
 
 
Referências 
 
Básica: 
BOBBIO, N. A Era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus. 1992. 
 
BONAVIDES, P. Do estado liberal ao estado social. 5. ed. rev. e ampl. Belo 
Horizonte: Del Rey.1993. 
 
COUVRE, M. M. M. O que é cidadania. 3 ed. São Paulo: Brasiliense.2001. DALARI, 
Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: 1999. 
 
DIMENSTEIN, G. Aprendiz do futuro; cidadania hoje e amanhã. 2 ed. São Paulo: 
Ática. 1998. 
 
MEDEIROS, A. J. Ideias e práticas da cidadania. União: Cermo. 2002.Bibliografia Complementar: 
CHICARINO, T. (org.). Educação nas relações étnico-raciais. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2016. (Biblioteca Virtual) 
 
DIWAN, P. Raça pura: uma história da eugenia no Brasil e no mundo. São Paulo: 
Contexto, 2007. (Biblioteca Virtual) 
 
LUCIANO, G. S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos 
indígenas no Brasil de hoje. Brasília (DF): UNESCO, 2006. 
 
OLIVEIRA FILHO, J. P. de.; FREIRE, C. A. da R. A presença indígena na formação 
do Brasil. Brasília: UNESCO, 2006. 
 
RAMOS, F. P.; MORAIS, M. V. de. Eles formaram o Brasil. São Paulo: Contexto, 
2010. (Biblioteca Virtual) 
 
SILVA, A. M. P. História e cultura afro-brasileiras. 2. ed. Curitiba: Expoente, 2008. 
 
WITTMANN, L. T. (org.). Ensino de história indígena. Belo Horizonte: Autêntica, 
2015. 
 
 
 
AULA 1 
Exercícios 
 
 
 
 
 
 
1) Os gregos sentiram paixão pelo humano, por suas 
capacidades, por sua energia construtiva. Por isso, inventaram a 
polis: a comunidade cidadã em cujo espaço artificial, 
antropocêntrico, não governa a necessidade da natureza, nem a vontade dos deuses, 
mas a liberdade dos homens, isto é, sua capacidade de raciocinar, de discutir, de 
escolher e de destituir dirigentes, de criar problemas e propor soluções. O nome pelo 
qual hoje conhecemos essa invenção grega, a mais revolucionária, politicamente 
falando, que já se produziu na história humana, é democracia. 
(Adaptado de Fernando Savater, Política para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 
77.) 
Assinale a alternativa correta, considerando o texto acima e seus 
conhecimentos sobre a Grécia Antiga. 
a) Para os gregos, a cidade era o espaço do exercício da liberdade dos homens 
e da tirania dos deuses. 
b) Os gregos inventaram a democracia, que tinha então o mesmo 
funcionamento do sistema político vigente atualmente no Brasil. 
c) Para os gregos, a liberdade dos homens era exercida na polis e estava 
relacionada à capacidade de invenção da política. 
d) A democracia foi uma invenção grega que criou problemas em função do 
excesso de liberdade dos homens. 
 
Texto para a próxima questão: Leia o texto para responder à(s) questão(ões). 
O Ocidente havia conhecido somente três modos de acesso ao poder: o 
nascimento, o mais importante, a riqueza, muito secundário até o século XIII salvo na 
Roma Antiga, o sorteio, de alcance limitado entre os cidadãos das cidades gregas da 
Antiguidade. 
(Jacques Le Goff. Os intelectuais na Idade Média, 1985. Adaptado.) 
 
P á g i n a | 20 
 
 
2) Na democracia ateniense da Antiguidade, havia um modo de exercício do 
poder político, que consistia no sorteio 
a) de cidadãos para o exercício de funções administrativas por um curto período 
de tempo. 
b) de indivíduos da população da cidade para participarem da assembleia dos 
cidadãos na ágora. 
c) de habitantes mais hábeis militarmente e mais cultos para comporem o 
conselho político da polis. 
d) de homens e mulheres descendentes de gregos para governarem a cidade 
nos tempos de paz. 
e) de estrangeiros aliados da cidade para auxiliarem os cidadãos nas decisões 
concernentes às relações entre as polis. 
 
3) Considere o texto abaixo. 
“Do ponto de vista territorial, uma pólis se divide em duas partes: a acrópole [...] 
e a ágora [...]. No entanto, se perguntássemos a um grego da época clássica o que 
era a pólis, provavelmente esta não seria sua definição: para ele a pólis não designava 
um lugar geográfico, mas uma prática política exercida pela comunidade de seus 
cidadãos. [...]. Se no caso da pólis o conceito de cidade não se referia à dimensão 
espacial da cidade e sim à sua dimensão política, o conceito de cidadão não se refere 
ao morador da cidade, mas ao indivíduo que, pode participar da vida política. ” 
(ROLNIK, R. O que é cidade. In: PETTA, N. L.; OJEDA, A. B. História, uma abordagem 
integrada. São Paulo: Moderna, s\d, p. 17) 
 
O conhecimento histórico e o texto permitem afirmar que na Grécia Antiga: 
a) a cidadania, direito de participar da vida pública, atingia todos os habitantes 
da maioria das cidades-estado. 
b) o equilíbrio de poderes presente nas cidades-estado evitou a ocorrência de 
conflitos sociais. 
c) a lei era o resultado de discussões entre os representantes da cidade-estado 
e definia o direito dos cidadãos. 
d) a soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos era fundamental para 
a existência da cidade-estado. 
P á g i n a | 21 
 
 
e) o direito à cidadania e a organização política possibilitaram a criação da 
democracia em todo o país. 
 
4) Leia o excerto a seguir: 
“A Grécia se reconhece numa certa forma de vida social, num tipo de reflexão 
que define a seus próprios olhos sua originalidade, sua superioridade sobre o mundo 
bárbaro. No lugar do Rei cuja onipotência se exerce sem controle, sem limite, no 
recesso de seu palácio, a vida política grega pretende ser o objeto de um debate 
público em plena luz do sol, na ágora, da parte de cidadãos definidos como iguais e 
de quem o Estado é a questão comum [...]”. 
(VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: DIFEL, 2013.) 
 
Tendo como base as afirmações expostas por Vernant, identifique os traços 
principais da polis grega, o sistema político que ela substituiu e os principais 
problemas que ela apresenta. 
 
5) O aparecimento da pólis constitui, na história do pensamento grego, um 
acontecimento decisivo (...). O que implica o sistema da pólis é primeiramente uma 
extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. 
Torna-se o instrumento político por excelência, a chave de toda a autoridade no 
Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem (...). Uma segunda 
característica da pólis é o cunho de plena publicidade dada às manifestações mais 
importantes da vida social. Pode-se mesmo dizer que a pólis existe apenas na medida 
em que se distinguiu um domínio público, nos dois sentidos diferentes, mas solidários 
do termo: um setor de interesse comum, opondo-se aos assuntos privados; práticas 
abertas, estabelecidas em pleno dia, opondo-se a processos secretos. Essa exigência 
de publicidade leva a apreender progressivamente em proveito do grupo e a colocar 
sob o olhar de todos o conjunto de condutas, dos processos, dos conhecimentos que 
constituíam na origem o privilégio exclusivo. 
(VERNANT, J. P, As origens do pensamento grego, 1984.) 
 
 
a) No contexto apresentado, explique o que se entende por pólis. 
 
P á g i n a | 22 
 
 
b) Identifique, no texto, duas semelhanças entre os procedimentos descritos 
para a pólis grega e os procedimentos vigentes nos regimes democráticos 
contemporâneos. 
 
 
 
 
AULA 1 
Gabarito 
 
 
 
 
 
Resposta da questão 1: [C] 
A liberdade dos homens, garantida, principalmente, pelo pleno exercício da 
cidadania, na Grécia Antiga estava atrelada ao fazer política, uma vez que só podia 
participar da democracia escravista ateniense aqueles que eram considerados 
cidadãos. 
 
Resposta da questão 2: [A] 
O exercício da cidadania era bem restrito na Grécia Antiga. Apenas homens, 
maiores de 21 anos e atenienses natos eram considerados cidadãos e podiam exercer 
a democracia direta. Sendo assim, ocorria, apenas dentro desse seleto grupo, um 
sorteio para o preenchimento de cargos administrativos na cidade-Estado. 
 
Resposta da questão 3: [D] 
Segundo o texto, o cidadão ateniense – os homens, maiores de 21 anos e 
atenienses natos – enxergava a pólis como o lugar da prática do exercício político. 
 
Resposta da questão 4: Durante o período Arcaico da Grécia, VIII-VI a.C, 
predominava um governo aristocrático monopolizado pela elite agrária que possuía o 
domínio político e econômico. No período Clássico, V-IV a.C, foi implantada a 
democracia e o poder foi transferido para os cidadãos. A ágora, praça pública, passoua ser o cenário do debate político dos cidadãos visando criar leis para a polis. Vale 
lembrar que polis era uma cidade estado que possuía autonomia política, a 
democracia era direta e participativa e a cidadania era muito restrita, apenas 10% da 
população exercia seus direitos políticos. Mulheres, escravos e estrangeiros estavam 
excluídos. 
 
Resposta da questão 5: 
a) O pensador francês associa a polis a palavra considerando a importância 
dos debates que ocorriam na ágora ou praça pública. A democracia grega na 
P á g i n a | 24 
 
 
antiguidade era direta ou participativa e a oratória e persuasão eram fundamentais. 
Daí que os filósofos denominados de sofistas davam curso ensinando técnicas de 
persuasão e oratória. A palavra é o instrumento político, o meio de domínio sobre o 
outro. 
b) A democracia grega era direta ou participativa e a democracia 
contemporânea é representativa. Apesar desta diferença, há algumas semelhanças 
segundo Vernant. A publicidade da vida social é um elemento em comum entre os 
dois modelos de democracia bem como a oposição entre a esfera pública e a privada. 
 
 
 
 
A relação entre cidadania e direitos 
humanos 
Aula 2 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA AULA 
 
Nesta aula, iremos discutir a relação entre cidadania e direitos humanos. 
É preciso ter em mente como é importante essa discussão, afinal, ao 
observarmos historicamente a trajetória humana, vemos que as conquistas em torno 
dos direitos humanos garantem a implementação do Estado Democrático de Direito, 
conforme já estudamos na aula anterior. 
Partindo do princípio que a nossa disciplina aborda as relações étnico-raciais 
no Brasil, antes de mais nada, é fundamental perceber que esse conteúdo não está 
isolado de um contexto histórico-global, mas, sim inserido em uma realidade de 
afirmação sociocultural de diferentes povos e etnias historicamente exploradas. 
Por isso, no atual momento da humanidade, esses povos merecem sim que 
nos aprofundemos em suas realidades. 
Na verdade, os direitos humanos visam promover a dignidade humana em 
todas as suas esferas, visando eliminar qualquer tipo de segregação e preconceito 
contra qualquer grupo humano, e para ter representatividade junto aos direitos 
humanos, basta ser humano que cada indivíduo deverá ser contemplado com esses 
direitos. 
 
OBJETIVOS DA AULA 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
 Relacionar os conceitos de cidadania e direitos humanos. Muito mais 
do que supostamente defender “marginais”, os direitos humanos 
trouxeram uma nova expectativa para a humanidade no pós-guerra 
mundial, pois, foi no século XX que se entendeu que o ser humano tem 
P á g i n a | 26 
 
 
direitos e deveres para a vida social. Países desenvolvidos só são 
desenvolvidos porque garantiam direitos aos seus cidadãos, e já é 
tempo desse país repensar o seu tratamento com as pessoas, pois, 
somente quando houver respeito aos direitos humanos é que 
exerceremos plenamente nossa noção de cidadania. 
 
P á g i n a | 27 
 
 
2 INTRODUÇÃO 
A noção de cidadania sempre esteve voltada para uma ação positiva. Por sua 
vez, os direitos humanos, entendidos como direitos básicos do homem, embora 
tenham sido uma grande conquista, ainda hoje são interpretados negativamente por 
muitos grupos. Por isso, é necessário discuti-los. A partir do momento em que a 
cidadania se tornou mais abrangente e menos restrita, ela passou a garantir ao 
cidadão o direito de reivindicar junto ao Estado a implementação de direitos sociais e 
individuais. Esses direitos estão diretamente relacionados aos direitos humanos. 
A Constituição Federal de 1988 representou uma importante conquista na 
transição democrática e na institucionalização dos direitos humanos no Brasil. Como 
marco de uma nova fase da realidade jurídica e política da República brasileira, assim, 
a Constituição de 1988 realizou um importante marco em relação aos direitos 
humanos, conectado diretamente ao contexto da ordem internacional, como 
verdadeiro modelo de referência ao ordenamento jurídico nacional e, por 
consequência, orientador das relações de trabalho. Com base nesse conjunto 
princípio-lógico, necessário foi que se abrisse a ordem jurídica brasileira ao sistema 
internacional de proteção aos direitos humanos, o que causou uma nova interpretação 
dos tradicionais princípios que permearam a história brasileira, tanto na dimensão 
política, quanto na dimensão das relações sociais. 
Figura 1: Ilustração. 
 
Fonte: IVAN CABRAL (2008) 
P á g i n a | 28 
 
 
(PARA LER MAIS) Direitos Humanos (Direitos Fundamentais) Conjunto de 
regras para salvaguardar as necessidades essenciais da pessoa humana e os 
benefícios que a vida em sociedade proporciona, a fim de que a pessoa, ao mesmo 
tempo em que se torne útil à mesma sociedade, viva em harmonia e goze de paz. É 
justamente a lei, à qual se submetem o Estado e a sociedade, que vem coordenar o 
exercício dos direitos fundamentais. O artigo 4° da Declaração de 1789 exprime, em 
sua segunda parte: "O exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por 
limites senão os que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos 
mesmos direitos. Esses limites não podem ser determinados senão por lei". Tais leis 
decorrem, geralmente, de uma carta de princípios, intitulada Declaração de Direitos, 
que precedem as constituições. Isso aconteceu na América do Norte e na França. 
Neste país, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão apareceu em 1789, e, 
a Constituição, somente em 1791. Em nossa Constituição de 1988, os Direitos 
Fundamentais dizem respeito aos Direitos Individuais e Coletivos (art. 5°: direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade), aos Direitos Sociais (art. 
6° ao art. 11º – direito à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à segurança, à 
previdência social, à proteção, à maternidade e à infância, e à assistência aos 
desamparados), e aos Direitos Políticos (art. 14º ao 16º). Esses três conjuntos de 
direitos, que compõem os direitos do cidadão, não podem estar desvinculados entre 
si, pois sua efetiva realização depende da relação recíproca e, sobretudo, de forças 
econômicas e políticas, que, a propósito, deverão estar a serviço da cidadania e não 
do capital. O núcleo do conceito de direitos humanos se encontra no reconhecimento 
da dignidade da pessoa humana. Essa dignidade, expressa num sistema de valores, 
exerce uma função orientadora sobre a ordem jurídica porquanto estabelece "o bom 
e o justo" para o homem. A expressão "direitos humanos" é uma forma abreviada de 
mencionar os direitos fundamentais da pessoa humana. Esses direitos são 
considerados fundamentais porque sem eles a pessoa humana não consegue existir 
ou não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida. Todos os seres 
humanos devem ter assegurado, desde o nascimento, as mínimas condições 
necessárias, para se tornarem úteis à humanidade, como também devem ter a 
possibilidade de receber os benefícios que a vida em sociedade pode proporcionar, 
para viver em harmonia e gozar de paz. Esse conjunto de condições e de 
possibilidades associa as características naturais dos seres humanos à sua 
P á g i n a | 29 
 
 
capacidade natural (como um dever) de atuar como cidadão na organização social, e 
dela usufruir seus direitos. É a esse conjunto que se dá o nome de direitos humanos. 
Pacto Social e Constituição: O pacto social, para estabelecer a vida em 
sociedade de seres humanos livres, dotados de faculdades, prerrogativas, interesses 
e necessidades protegidos – dotados de direitos, enfim – impõe a definição de limites 
que os membros da sociedade aceitam para esses direitos, sob pena de se 
estabelecer o conflito, a balbúrdia. Com a Revolução Francesa tem-se a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), que estabelece emseu art. 16º: "A 
sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos fundamentais nem 
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição". A divisão do exercício 
do poder seguiu fórmula preconizada por Montesquieu (em "O Espírito das Leis"), e 
consistia no estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos (Constituição 
Brasileira, 1988, art. 2° – "São Poderes da União, independentes e harmônicos entre 
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário"). 1.6 Estado de Direito A submissão do 
Estado às regras do direito objetivo é construção do final do século VIII, decorrente 
dos movimentos sociais registrados na França e na América do Norte. É a 
consagração do poder do direito (lei) em substituição ao poder despótico, 
concretizando antiga lição de Aristóteles (séc. 4 a.C.), segundo a qual o governo das 
leis é melhor do que o governo dos homens, porque aquelas não têm paixões. 
Os Direitos dos Povos ou os Direitos da Solidariedade (A Terceira Geração dos 
Direitos Humanos) depois da Segunda Guerra Mundial desenvolvem-se os direitos 
dos povos, também chamados de "direitos da solidariedade", a partir de uma 
classificação que distingue entre os "direitos da liberdade" (os direitos individuais da 
Primeira Geração), os "direitos da igualdade" (os direitos sociais, econômicos e 
culturais da Segunda Geração) e os "direitos da solidariedade" (novos direitos, ou 
direitos da "Terceira Geração"). Assim, os direitos dos povos são ao mesmo tempo 
"direitos individuais" e "direitos coletivos", e interessam a toda a humanidade. Uma 
nova e complexa realidade colocou na ordem do dia uma série de novos anseios e 
interesses reivindicados por novos movimentos sociais. São direitos a serem 
garantidos com o esforço conjunto do Estado, dos indivíduos, dos diferentes setores 
da sociedade e das diferentes nações. Entre eles estão o direito à paz, ao 
desenvolvimento, à autodeterminação e soberania dos povos, a um meio ambiente 
saudável e ecologicamente equilibrado e à utilização do patrimônio comum da 
humanidade. 
P á g i n a | 30 
 
 
Direito à Liberdade Real Quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
diz que todas as pessoas nascem livres, significa que a liberdade faz parte da natureza 
humana. Sem liberdade a pessoa humana não está completa. Montesquieu, no seu 
livro “O Espírito das Leis”, diz que num Estado, isto é, numa sociedade onde há leis, 
“a liberdade consiste no direito de se fazer tudo que as leis permitem”. A liberdade, 
como outro direito, deve ser exercitada de forma livre, até que não venha a invadir, 
privar, obstaculizar direito de outrem quando então deverá sofrer limitações ou 
punições. Quando uma pessoa escolhe algo contra sua vontade, por medo dos 
poderosos, ou porque sua pobreza a obriga a fazer o que outros querem, ou, ainda, 
porque o “chefe político” lhe retribuirá algum favor, não há verdadeira escolha e não 
existe liberdade. O Estado Democrático de Direito é um berço para o desenvolvimento 
das liberdades públicas. É na democracia que o homem encontra os meios 
necessários para desenvolver suas liberdades e buscar, incansavelmente, sua 
satisfação pessoal. É por isso que José Afonso da Silva afirma com razão que “Quanto 
mais o processo de democratização avança, mais o homem se vai libertando dos 
obstáculos que o constrangem, e mais liberdade conquista” (Extraído do “Curso de 
Direito Constitucional”, José Afonso Silva. São Paulo, Malheiros, 1992). 
Extraído de http://www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/Cidadania_e_Direitos_Humanos.pdf. 
 
Veja a charge abaixo, e reflita sobre o modelo em que estamos construindo 
nossas relações sociais. Vamos pensar um pouco, a quem interessa as desigualdades 
sociais abismais que marcam as relações históricas desse país? É sabido que as 
desigualdades sociais estão ligadas diretamente à violência, portanto, toda a 
sociedade acaba sendo refém dessas desigualdades, e consequentemente ninguém 
ganha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/Cidadania_e_Direitos_Humanos.pdf
P á g i n a | 31 
 
 
Figura 2: Programa Nacional de Direitos Humanos. 
 
 
 
 
Fica a dica! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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suas dúvidas. 
 
 
 
Referências 
 
Básica: 
ANDREWS, G. R. Negros e brancos em São Paulo. São Paulo: Edusc, 1998. 
 
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. 
 
AZEVEDO, C. M. M. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites, 
século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 
 
COSTA, E. V. Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 1998. 
 
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS 
SÓCIOECONÔMICOS (DIEESE). A situação do trabalho no Brasil. São Paulo: DIEESE, 
2001. 
 
GEBARA, A. O mercado de trabalho livre no Brasil. São Paulo: Brasilense, 1986. 
HALIMI, Gisèsele. La cause des femmes. Paris: Bernard Grasset, 1978. 
 
HASENBALG, C.; SILVA, N. V. Estrutura social, mobilidade e raça. Rio de Janeiro: 
Iuperj, 1988. 
 
Bibliografia Complementar: 
CHICARINO, T. (org.). Educação nas relações étnico-raciais. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2016. (Biblioteca Virtual) 
 
DIWAN, P. Raça pura: uma história da eugenia no Brasil e no mundo. São Paulo: 
Contexto, 2007. (Biblioteca Virtual) 
 
LUCIANO, G. S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos 
indígenas no Brasil de hoje. Brasília (DF): UNESCO, 2006. 
 
OLIVEIRA FILHO, J. P.; FREIRE, C. A. R. A presença indígena na formação do 
Brasil. Brasília: UNESCO, 2006. 
 
RAMOS, F. P.; MORAIS, M. V. Eles formaram o Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. 
(Biblioteca Virtual) 
 
SILVA, A. M. P. História e cultura afro-brasileiras. 2 ed. Curitiba: Expoente, 2008. 
 
WITTMANN, L. T. (org.) Ensino de história indígena. Belo Horizonte: Autêntica, 
2015. 
 
 
AULA 2 
Exercícios 
 
 
 
 
 
 
1) O Brasil, por sua vez, é um país fortemente 
estratificado: a desigualdade sempre foi a marca da nossa 
sociedade. Somos um misto de sociedade de “castas” com 
meritocracia. O indivíduo pode, por esforço e talento próprios, mudar de casta sem 
reencarnar – mas a posição relativa das “castas” há de ser mantida. 
Durante o governo Lula, essa estrutura começou a se alterar e, aparentemente, 
gerou grande mal-estar: os ricos estavam se tornando mais ricos e os pobres, menos 
pobres. Por seu turno, as camadas médias tradicionais olhavam para a frente e viam 
os ricos se distanciarem; olhavam para trás e viam os pobres se aproximarem. Sua 
posição relativa se alterou desfavoravelmente. Se os rendimentos dessas camadas 
médias não perderam poder de compra medido em bens materiais, perderam-no 
quando medido em serviços. 
HADDAD, F. Vivi na pele o que aprendi nos livros. Um encontro com o patrimonialismo 
brasileiro. Piauí. Edição 129. Jun 2017. Disponível em: http://piaui.folha.uol.com.br/materia/vivi-na-
pele-o-que-aprendi-nos-livros/. Acesso em: 07 jun. 2018. 
 
A partir do trecho acima, responda: 
a) O que diferencia a estratificação por classe social da estratificação por 
castas? 
b) Por que o autor considera que o modelo de castas explica melhor a 
sociedade brasileira que o modelo de classes sociais? 
 
 
2) Considere os seguintes dados da Retrospectiva da Pesquisa Mensal de 
Emprego do IBGE, referente ao período de 2003 a 2013: 
A taxa de desocupação de 2013 (média de janeiro a dezembro) foi estimada 
em 5,4%. Esta taxa era de 12,4% em 2003. [...] A pesquisa apontou disparidade entre 
os rendimentos de homens e mulheres e, também, entre brancos e pretos ou pardos. 
P á g i n a | 35 
 
 
Em 2013, em média, as mulheres ganhavam em torno de 73,6% do rendimento 
recebido peloshomens. A menor proporção foi a registrada em 2003, 70,8%. O 
rendimento dos trabalhadores de cor preta ou parda, entre 2003 e 2013, teve um 
acréscimo de 51,4%, enquanto o rendimento dos trabalhadores de cor branca cresceu 
27,8%. A pesquisa registrou, também, que os trabalhadores de cor preta ou parda 
ganhavam, em média, em 2013, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento 
recebido pelos trabalhadores de cor branca. [...] Destaca-se que, em 2003, não 
chegava à metade (48,4%). 
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Retrospectiva da Pesquisa Mensal 
de Emprego 2003 a 2013. Disponível em: 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/retrospectiva200
3_2013.pdf. Acesso em: 20 ago. 2018. Texto adaptado. 
 
Escreva um texto apontando as conclusões a que se pode chegar com a 
interpretação dos dados apresentados. 
 
3) Enquanto persistirem as grandes diferenças sociais e os níveis de exclusão 
que conhecemos hoje no Brasil, as políticas sociais compensatórias serão 
indispensáveis. 
SACHS, I. Inclusão social pelo trabalho decente. Revista de Estudos Avançados, n. 51, 
ago. 2004. 
 
As ações referidas são legitimadas por uma concepção de política pública 
a) focada no vínculo clientelista. 
b) pautada na liberdade de iniciativa. 
c) baseada em relações de parentesco. 
d) orientada por organizações religiosas. 
e) centrada na regulação de oportunidades. 
 
4) Você sabe que lá fora você pode abrir seu laptop na praça, pode deixar a 
porta aberta, a bicicleta sem cadeado. Mas lá fora, não esqueça, é você quem limpa 
a sua privada. Você já relacionou as duas coisas? Nos países em que você lava a 
própria privada, ninguém mata por uma bicicleta. Nos países em que uma parte da 
P á g i n a | 36 
 
 
população vive para lavar a privada de outra parte da população, a parte que tem sua 
privada lavada por outrem não pode abrir o laptop no metrô. 
DUCLOS, D. apud DUVIVIER, G. A privada e a bicicleta. Disponível em: 
www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 6 jul. 2018 (adaptado). 
 
O texto, apresentado como uma carta às elites brasileiras, sucedeu a notícia 
sobre um assassinato por causa de uma bicicleta. Nele contrapõem-se dois padrões 
de sociabilidade, diferenciados pelo(a) 
a) desenvolvimento tecnológico. 
b) índice de impunidade. 
c) laicização do Estado. 
d) desigualdade social. 
e) valor dos impostos. 
 
5) Observe a imagem a seguir: 
Figura 3: Exercício. 
 
 
Valendo-se do conteúdo sociológico contido nessa imagem, é INCORRETO 
afirmar que, no Brasil: 
a) a dificuldade de acesso aos serviços básicos provoca uma grande distância 
social entre os habitantes ricos e pobres. 
P á g i n a | 37 
 
 
b) o Plano “Brasil Sem Miséria”, criado em 2011 pelo governo federal, propõe 
identificar e direcionar as pessoas, que não possuem nenhum benefício social, para 
algum tipo de auxílio, cujo objetivo é diminuir a desigualdade no país. 
c) a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio é um índice econômico, que 
aponta as diferenças entre os indivíduos, abandonando o conceito de classe social e 
a exploração, pois seu objetivo é quantificar e descrever a realidade de pobres e ricos. 
d) as diferenças entre as pessoas estão presentes não apenas nas classes 
sociais, mas também nas relações de gênero, nas relações étnico-raciais e no grau 
de instrução da população. 
e) o desenvolvimento do capitalismo criou as desigualdades evidenciadas na 
miséria e na pobreza em todo o país, mas a superação foi resolvida com as políticas 
de divisão de riquezas implantadas nos últimos anos pelo governo federal. 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 2 
Gabarito 
 
 
 
 
Resposta da questão 1: 
a) O modelo de classes sociais é aquele em que há mobilidade social: o 
indivíduo pode sair de uma classe social e adentrar a outra. Em contrapartida, o 
modelo de castas não permite tal mobilidade. 
b) Ainda que haja mobilidade social (através da meritocracia), na sociedade 
brasileira o que se espera é que a posição relativa dos indivíduos seja mantida, da 
mesma forma como o modelo de castas é organizado. 
 
Resposta da questão 2: Fatores como cor de pele, gênero e renda são 
importantes diagnósticos da desigualdade social no Brasil. Os dados de diminuição 
da taxa de desocupação, bem como de diminuição das diferenças de renda entre 
homens e mulheres e entre brancos e negros demonstram que entre 2003 e 2013 a 
desigualdade social diminuiu no Brasil. Isso se deu por alguns motivos, dentre eles o 
desenvolvimento econômico do período e a criação de políticas afirmativas como 
cotas. 
 
Resposta da questão 3: [E] 
As políticas compensatórias buscam, entre outras coisas, tentar equivaler uma 
desigualdade de oportunidades já existente no país historicamente. 
 
Resposta da questão 4: [D] 
O texto apresenta o argumento de que furtos, roubos e assaltos estão 
diretamente relacionados com a desigualdade social. Em locais onde há mais 
desigualdade, há mais violência desse tipo, exatamente como ocorre em muitas 
cidades do Brasil. 
 
Resposta da questão 5: [E] 
A miséria e a pobreza não deixaram de existir no Brasil. Ainda que as políticas 
de redistribuição de renda tenham surtido um efeito positivo, elas não foram capazes 
de acabar com essa desigualdade social. 
 
 
A relação entre índios e 
portugueses no Brasil colonial 
Aula 3 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA AULA 
 
Vamos refletir sobre a atual situação dos indígenas brasileiros. 
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles estabeleceram um sistema 
colonial muito excludente: os donatários portugueses se apropriaram das terras, 
trouxeram os africanos para trabalharem como escravos e marginalizaram os índios 
para o interior do país. Anos depois, vemos nossas cidades com uma estrutura urbana 
mal situada, pois os mais pobres moram nas periferias ou nas favelas, com pouca 
infraestrutura básica; atualmente, a população indígena está reduzida a alguns 
milhares e a população negra não goza dos mesmos privilégios e acessos a que a 
população branca tem acesso. Outro ponto para pensarmos é que a natureza, tão 
limpa e bonita, achada pelos portugueses está deteriorada e os recursos naturais 
precisam ser preservados pelo Estado e pela sociedade, e infelizmente, os planos de 
governo negligenciam a natureza. 
 
OBJETIVOS DA AULA 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
 Analisar um pouco da relação entre os índios e portugueses no Brasil 
colonial. Hoje, vivemos as consequências, ainda, dos modelos de 
relações estabelecidas no período colonial, e para tal, conhecer a 
gênese do modelo das nossas relações sociais é fundamental para que 
entendamos o Brasil atual. 
 
P á g i n a | 40 
 
 
3 INTRODUÇÃO 
Nesta aula, iremos abordar um pouco sobre a história dos índios e dos 
portugueses no início do período colonial brasileiro. Imagine que você estivesse na 
caravela de Cabral, e após meses no mar, chegasse a uma terra desconhecida, e ao 
desembarcar da caravela, encontrasse pessoas com pouca roupa, de pele vermelha 
e pinturas típicas extraídas da flora local. Naturalmente, isso representaria um choque 
de cultura significativo, ainda mais se você analisar que os portugueses eram católicos 
escrupulosos, e se escandalizaram com alguns hábitos indígenas. Por outro lado, a 
chegada dos portugueses em suas caravelas com roupas e idioma próprios também 
causaram estranhamento por parte dos índios. É sobre essa relação que falaremos 
nessa unidade. Vamos pensar e aprender juntos? Será uma ótima viagem no tempo! 
Partiu? 
Figura 4: Ó de casa? Tem gente. 
 
 
(LEIA MAIS) A história do Brasil anterior à chegada dos portugueses é pouco 
conhecida. Os povos que viviam aqui não conheciam a escrita e seus objetos e 
construções eram feitos de material perecível, quase nãosobreviveriam à ação do 
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tempo e dos conquistadores. O Brasil é habitado por seres humanos há pelo menos 
12 mil anos e foi ocupado por numerosos povos indígenas. A diversidade deles era 
enorme: tinham línguas, religiões, valores, costumes, lendas, expressões artísticas, 
tipos de aldeia e até aspectos físicos diferentes. Em geral, eram sociedades 
igualitárias, sem divisões sociais e sem distinção de ricos e pobres. Em todas, havia 
uma divisão de trabalho por sexo e por idade. Os conhecimentos, a posse e o uso da 
terra e os recursos existentes eram compartilhados por todos. Bens e serviços eram 
distribuídos por regras ou compromissos estabelecidos pelas relações de parentesco 
e amizade ou pelos rituais de acordos políticos. O chefe apaziguava as disputas 
políticas, buscando o consenso e a união entre as pessoas e só tomava uma decisão 
depois de consultar os mais velhos da tribo. Os povos indígenas que estabeleceram 
maior contato com o colonizador foram os de língua tupi, como os tupinambás que 
habitavam a faixa litorânea. Por isso, as informações que chegaram até nós sobre os 
indígenas se referem a esses povos. Quando os portugueses chegaram ao território 
que mais tarde seria o Brasil, aqui viviam mais de 2 milhões de nativos. Eles não 
tinham a noção de país e nenhum povo se considerava o dono de todas as terras; 
diferente dos portugueses, que tomaram o território como propriedade do rei de 
Portugal. Em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral e sua esquadra aqui 
permaneceram por 15 dias. Primeiramente, chamaram as terras encontradas de Ilha 
de Vera Cruz, mas quando viram que não se tratava de uma simples ilha, chamaram 
de Terra de Santa Cruz. Mas, a grande quantidade de pau-brasil das matas litorâneas, 
inspirou o apelido de Terra do Brasil, que permaneceu. O pau-brasil já era conhecido 
pelos portugueses. Eles utilizavam os índios para extraírem a madeira, dando em 
troca alguns objetos. Nas primeiras décadas, o contato entre indígenas e europeus 
era pacífico. Como queriam obter muitos objetos, os nativos esperavam os 
“brasileiros” (comerciantes de pau-brasil) abatendo centenas de árvores. Inicialmente, 
as relações entre os nativos e os colonizadores se davam através do escambo. Essa 
prática consistia na troca de objetos e presentes aos índios que, em troca, 
trabalhavam para os portugueses na extração e transporte do pau-brasil. 
Portugal lançou-se na aventura das grandes navegações com alguns 
propósitos ligados ao mercantilismo e ao absolutismo, dentre eles: o enriquecimento 
por meio do comércio marítimo e especiarias, o fortalecimento do poder real, o 
desenvolvimento da burguesia e da nobreza fiel ao rei... O Brasil estava inserido nesse 
contexto. Após a chegada dos portugueses oficialmente ao Brasil, um longo período 
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se passou sem que houvesse ocupação efetiva do território. As novas terras não 
despertavam interesse na Coroa portuguesa; aparentemente não existiam riquezas 
para explorar e os nativos não constituíam um mercado consumidor para os produtos 
trazidos de Portugal. O governo português preferiu investir seus recursos no comércio 
de especiarias com o Oriente, no qual obtinham enormes lucros. Esse período que vai 
de 1500 a 1530 é conhecido como período Pré-colonial. Temendo que as novas terras 
fossem dominadas por outros reinos, enviaram expedições de exploração, de guarda-
costas e finalmente, de ocupação. Exploração: tinham como função pesquisar os 
recursos da região (minérios, fontes de água, características dos nativos, vegetação 
e animais). Guarda-costas: patrulhavam o litoral, perseguindo piratas e navios não 
autorizados e impediam a fixação de estrangeiros. A partir da habitação e ocupação 
de terras no Brasil, começa o período colonial (1530-1808). 
A ocupação permanente do território exigia que os portugueses se instalassem 
no Brasil e iniciassem a colonização. A primeira tentativa de ocupação se fez por meio 
das capitanias hereditárias. Elas eram grandes porções de terras, doadas a nobres da 
metrópole, de forma vitalícia e hereditária, que somente poderiam ser vendidas à 
própria Coroa. O donatário, nobre que recebia a terra, tinha apenas a posse da terra, 
a propriedade continuava a ser da Coroa portuguesa. Ele possuía o direito total sobre 
sua capitania, mas também atribuições: - Defender a capitania com os próprios 
recursos; - Promover o desenvolvimento da capitania, dividindo-as em lotes menores 
(sesmarias), doados aos colonos; - Promover o povoamento e instalar atividades 
lucrativas; - Aplicar a justiça; - Cobrar impostos e enviar uma parte da arrecadação à 
Coroa portuguesa. As relações entre donatários e Coroa eram definidas por dois 
documentos: Carta foral: direitos e deveres do donatário; Carta de doação: direito de 
posse, de administração e às rendas e poder legal para interpretar e ministrar leis. 
A maioria das capitanias hereditárias fracassaram, pois não era possível 
administrar partes tão grandes de terra. O sistema de capitanias hereditárias foi 
complementado então, pelo governo geral. O governo geral foi a centralização 
administrativa através da substituição dos forais por um único regulamento. Foi 
escolhida como sede do Governo-geral, no Brasil, a Bahia, que era capitania de bom 
clima, terras férteis, possuía muitos rios navegáveis e ótima região para construir-se 
um excelente porto. A escravidão e o comércio de escravos africanos eram praticados 
pelos portugueses desde o começo da expansão marítima, no século XV. A partir do 
século XVI, os indígenas foram sendo substituídos pelos africanos por vários motivos: 
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- extermínio de muitos povos indígenas do litoral e a fuga dos sobreviventes para o 
interior dificultavam a captura; - interesse da Coroa e dos comerciantes no tráfico de 
escravos africanos; - os negros africanos tinham menos chances de fugir, pois 
desconheciam a língua e os lugares; - os portugueses podiam estabelecer relações 
pacíficas com os indígenas e de livrar dos ataques. Os escravos africanos sempre 
recebiam um nome cristão. Ao chegarem aos armazéns, ficavam à espera de um 
comprador. Eram examinados, como se fossem bichos e contados por “peça” e 
identificados como “macho”, “fêmea”, “filhote” ou “cria”. Os jovens alcançavam maior 
preço. Os recém-chegados, que não conheciam a língua, eram chamados “boçais”. 
Quando se adaptavam aos costumes dos colonos e aprendiam a língua, eram 
chamados “ladinos” e custavam mais caro. Os nascidos no Brasil eram chamados 
“crioulos”. Havia escravos de engenho e das cidades, mas todos recebiam castigos 
cruéis de seus senhores: açoite, amputações, palmatória, tronco, máscara e coleira 
de ferro, correntes com peso. Alguns, depois de décadas de trabalho, conseguiam 
comprar a liberdade. Outros, que se revoltavam com a situação fugiam e formavam 
quilombos. 
Extraído de 
http://www.lasalle.edu.br/public/uploads/publications/esteio/4f6f6461634a06facb0ae92b7c86e793.pdf 
 
(REFLEXÃO) 
Figura 5: Dia do índio. 
 
 
Vamos refletir sobre a atual situação dos indígenas brasileiros. Quando os 
portugueses chegaram ao Brasil, eles estabeleceram um sistema colonial muito 
excludente: os donatários portugueses se apropriaram das terras, trouxeram os 
http://www.lasalle.edu.br/public/uploads/publications/esteio/4f6f6461634a06facb0ae92b7c86e793.pdf
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africanos para trabalharem como escravos e marginalizaram os índios para o interior 
do país. Anos depois, vemos nossas cidades com uma estrutura urbana mal situada, 
pois os mais pobres moram nas periferias ou nas favelas, com pouca infraestrutura 
básica; atualmente, a população indígena está reduzida a alguns milhares e a 
população negra não goza dos mesmos privilégios e acessos que a população branca 
tem. Outro ponto para pensarmos é que a natureza, tão limpa e bonita, achada pelos 
portuguesesestá deteriorada e os recursos naturais precisam ser preservados pelo 
Estado e pela sociedade, e infelizmente, os planos de governo negligenciam a 
natureza. 
 
 
Fica a dica! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências 
 
Básica: 
ANDREWS, G. R. Negros e brancos em São Paulo. São Paulo: Edusc, 1998. 
 
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. 
 
AZEVEDO, C. M. M. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites, 
século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 
 
COSTA, E. V. Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 1998. 
 
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS 
SÓCIOECONÔMICOS (DIEESE). A situação do trabalho no Brasil. São Paulo: DIEESE, 
2001. 
 
GEBARA, A. O mercado de trabalho livre no Brasil. São Paulo: Brasilense, 1986. 
HALIMI, Gisèsele. La cause des femmes. Paris: Bernard Grasset, 1978. 
 
HASENBALG, C.; SILVA, N. V. Estrutura social, mobilidade e raça. Rio de Janeiro: 
Iuperj, 1988. 
 
Bibliografia Complementar: 
CHICARINO, T. (org.). Educação nas relações étnico-raciais. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2016. (Biblioteca Virtual) 
 
DIWAN, P. Raça pura: uma história da eugenia no Brasil e no mundo. São Paulo: 
Contexto, 2007. (Biblioteca Virtual) 
 
LUCIANO, G. S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos 
indígenas no Brasil de hoje. Brasília (DF): UNESCO, 2006. 
 
OLIVEIRA FILHO, J. P.; FREIRE, C. A. R. A presença indígena na formação do 
Brasil. Brasília: UNESCO, 2006. 264 p. 
 
RAMOS, F. P.; MORAIS, M. V. Eles formaram o Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. 
(Biblioteca Virtual) 
 
SILVA, A. M. P. História e cultura afro-brasileiras. 2 ed. Curitiba: Expoente, 2008. 
 
WITTMANN, L. T. (org.) Ensino de história indígena. Belo Horizonte: Autêntica, 
2015. 
 
 
 
AULA 3 
Exercícios 
 
 
 
 
 
 
 
1) A região metropolitana do litoral sul paulista é constituída 
pelos municípios representados no mapa: 
Figura 6: Atlas Nacional do Brasil. 
 
Fonte: IBGE (2010) 
Ao longo do tempo, essa região conheceu diferentes formas de ocupação 
territorial e de desenvolvimento. 
Identifique o tipo de ocupação territorial e a forma de desenvolvimento que 
ocorreram, nessa região, tendo como referência os anos de 1530, 1920, 1950 e 2010. 
 
 
 
 
2) 
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Figura 7: Mapa: imagens da formação territorial brasileira. 
 
Fonte: ADONIAS, I. FURRER, B (1993) 
Podem-se observar nos mapas maneiras distintas de representar o território 
que viria a ser designado como Brasil, no contexto da conquista e colonização 
portuguesa na América entre os séculos XVI e XVII, respectivamente. 
Identifique um aspecto de cada um dos mapas que os diferencie quanto à 
representação do território. Em seguida, apresente duas ações políticas ou 
econômicas da colonização portuguesa no Brasil, uma para o século XVI e outra para 
o século XVII. 
 
3) “Desde o alvorecer de São Paulo, as águas amarelas e quietas do Tietê 
despertaram sonhos de aventura e de riqueza. ” 
(NÓBREGA, M. História do Rio Tietê. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da 
Universidade de São Paulo, 1981, pág. 61) 
 
Sobre esse rio, pode-se afirmar corretamente que: 
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a) foi utilizado pelos bandeirantes, como meio de transporte, na procura de ouro 
e na captura de indígenas. 
b) possibilitou o acesso de nordestinos para São Paulo, por ser o mais 
importante afluente do rio São Francisco. 
c) se tornou poluído a partir do século XIX, em decorrência da intensa 
mineração desenvolvida ao longo de seu leito. 
d) facilitou a intensa urbanização da capital paulista pelo fato de suas águas 
correrem no sentido interior-litoral e de ter sua foz no litoral. 
e) exerceu importante papel no século XVIII, uma vez que possibilitou o 
escoamento da produção cafeeira do oeste paulista até o porto de Santos. 
 
4) Leia o segmento abaixo, do escritor indígena Ailton Krenak. 
Os fatos e a história recente dos últimos 500 anos têm indicado que o tempo 
desse encontro entre as nossas culturas é um tempo que acontece e se repete todo 
dia. Não houve um encontro entre as culturas dos povos do Ocidente e a cultura do 
continente americano numa data e num tempo demarcado que pudéssemos chamar 
de 1500 ou de 1800. Estamos convivendo com esse contato desde sempre. 
KRENAK, A. O eterno retorno do encontro. In: NOVAES, A. (org.). A outra margem do 
Ocidente. São Paulo: Funarte, Companhia das Letras, 1999. p. 25. 
 
Considerando a história indígena no Brasil, a principal ideia contida no 
segmento é: 
a) negação da conquista europeia na América, em 1500. 
b) ausência de transformação social nas sociedades ameríndias. 
c) exclusão dos povos americanos da história ocidental. 
d) estagnação social do continente sul-americano após a chegada dos 
europeus. 
e) continuidade histórica do contato cultural entre ocidentais e indígenas. 
 
5) A Bahia é cidade d’El-Rei, e a corte do Brasil; nela residem os Srs. Bispo, 
Governador, Ouvidor-Geral, com outros oficiais e justiça de Sua Majestade; [...]. É 
terra farta de mantimentos, carnes de vaca, porco, galinha, ovelhas, e outras criações; 
tem 36 engenhos, neles se faz o melhor açúcar de toda a costa; [...] terá a cidade com 
seu termo passante de três mil vizinhos Portugueses, oito mil Índios cristãos, e três ou 
P á g i n a | 50 
 
 
quatro mil escravos da Guiné. 
(Fernão Cardim. Tratados da terra e gente do Brasil, 1997.) 
 
O padre Fernão Cardim foi testemunha da colonização portuguesa do Brasil de 
1583 a 1601. O excerto faz uma descrição de Salvador, sede do Governo-Geral, 
referindo-se, entre outros aspectos, à: 
a) incorporação pelos colonizadores dos padrões culturais indígenas. 
b) ligação da atividade produtiva local com o comércio internacional. 
c) miscigenação crescente dos grupos étnicos presentes na cidade. 
d) existência luxuosa da nobreza portuguesa na capital da colônia. 
e) dependência da população em relação à importação de produtos de 
sobrevivência. 
 
 
 
 
AULA 3 
Gabarito 
 
 
 
 
 
Resposta da questão 1: 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Geografia] 
O mapa representa a Região Metropolitana da Baixada Santista na atualidade. 
Em 1530, a ocupação territorial se dava basicamente por etnias indígenas, 
começando a ter a primeira forma de ocupação portuguesa com as primeiras 
iniciativas de produção de cana de açúcar na região, concentradas em São Vicente. 
Embora já houvesse a presença de portugueses na região para a extração de pau-
brasil em um sistema de feitorias, antes de 1530, é apenas a partir desta data que de 
fato passa a haver uma ocupação europeia na região. Em 1920, no contexto de 
intensa imigração europeia para o Brasil, a ocupação se dá principalmente pelo 
estabelecimento do porto de Santos e consequente escoamento da produção cafeeira 
do Oeste Paulista para exportação. Neste momento, ocorre uma urbanização mais 
intensa de Santos e São Vicente e também surgem novos núcleos urbanos ao longo 
do litoral. Em 1950, devido ao crescimento industrial do país, a ocupação urbana da 
região se torna mais efetiva com a criação do polo industrial de Cubatão, com indústria 
siderúrgica (Cosipa) e indústrias petroquímicas. A urbanização e a industrialização 
avançaram sobre espaços ocupados por populações indígenas, como os guaranis, 
restringindo cada vez mais os seus territórios. Também avançou o processo de 
desmatamento dos biomas de Mata Atlântica e Formações Litorâneas (Mangue e 
Restinga). Em 2010, consolida-se a Região Metropolitana da BaixadaSantista a partir 
da interação socioeconômica entre as cidades e do fenômeno da conturbação. A 
região constitui um importante polo industrial, terciário (serviços, comércio e turismo) 
e portuário, que tende a ser dinamizado com a perspectiva de exploração do petróleo 
da camada pré-sal. Um dos fenômenos mais recentes é o avanço da especulação 
imobiliária e o agravamento de problemas de mobilidade urbana, além dos problemas 
socioambientais. 
 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
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O mapa retrata a Região Metropolitana da Baixada Santista. Em 1530, havia 
diversas etnias indígenas na região. Porém, neste contexto, o comércio das 
especiarias entrou em declínio e Portugal enviou para o Brasil Martim Afonso de 
Souza para viabilizar o processo de colonização portuguesa. Daí surgiu as Capitanias 
hereditárias que dividiram o Brasil em lotes de terras. Nesta região, se estabeleceu a 
Capitania de São Vicente que se destacou na produção da cana de açúcar. Em 1920, 
no contexto da República Velha, 1889-1930, havia uma política de incentivo à 
imigração europeia para o Brasil intensificando a ocupação na região. O Porto de 
Santos se destacou para escoar a produção de café do “Oeste Paulista”. Na década 
de 1950, no segundo governo de Vargas, 1950-1954, e no governo de JK, 1956-1960, 
ocorreu um forte crescimento industrial gerando forte ocupação da região. Surgiu um 
polo industrial através de siderúrgica e petroquímica. Esta modernização contribui 
para dizimar culturas e povos nativos. Em 2010, consolidou-se a Região Metropolitana 
da Baixada Santista como grande polo industrial, do setor terciário e com uma 
tendência a se intensificar devido à exploração da camada pré-sal. 
 
Resposta da questão 2: O primeiro mapa aponta elementos da paisagem 
natural da costa brasileira como a fauna e a flora enquanto o segundo mapa apresenta 
o brasão da coroa portuguesa e menciona os nomes de localidades e acidentes. No 
século XVI ocorreu o início da Conquista, criação das Capitanias Hereditárias, 
Governo Geral, início da plantação da cana-de-açúcar, surgimento de vilas e cidades, 
entre outras medidas. No século XVII, podemos destacar a expansão da lavoura 
canavieira, ampliação do uso de africanos na condição de escravos, a expansão para 
o interior, as invasões holandesas no Nordeste brasileiro, etc. 
 
Resposta da questão 3: [A] 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Geografia] 
Como mencionado corretamente na alternativa [A], o Rio Tietê foi curso 
desbravador para o interior utilizado pelas bandeiras. Estão incorretas as alternativas: 
[B], porque o Tietê não é afluente do rio São Francisco e não tem relação com a 
migração de nordestinos; [C], porque sua poluição é caracterizada pela concentração 
urbano-industrial no século XX; [D], porque seu sentido é litoral-interior e sua foz, no 
rio Paraná; [E], porque o escoamento do café foi feito por ferrovias e sua nascente 
não chega ao Porto de Santos. 
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[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
Somente a proposição [A] está correta. Desde o período colonial, sobretudo 
nos séculos XVII e XVIII o rio Tietê foi muito importante na perspectiva econômica. 
Através deste rio, os bandeirantes paulistas foram em busca de metais preciosos na 
região das Minas Gerais. Foi utilizado também para capturar nativos. Também foi útil 
nas bandeiras chamadas “Monções” que visavam abastecer as áreas mineratórias. 
 
Resposta da questão 4: [E] 
A explanação do escritor indígena é bastante clara: desde o primeiro momento 
de contato, nunca mais a relação cultural entre indígenas e brancos deixou de 
acontecer no Brasil, sempre trazendo consequências para os dois lados. 
 
Resposta da questão 5: [B] 
Ao citar os mantimentos, os engenhos e a produção do açúcar, o padre deixa 
claro que a Bahia cumpria bem o papel de centro da colônia: inserir-se no comércio 
internacional, enriquecendo a metrópole através da venda de seus produtos. 
 
 
 
 
Conflitos entre índios e colonizadores 
Aula 4 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA AULA 
 
Neste capítulo, iremos abordar alguns elementos que evidenciam a difícil 
relação entre os portugueses e os indígenas no início do período colonial. 
Diferentemente do que alguns pensam, essa relação foi marcada por entendimentos 
e conflitos, pois, a guerra era sim uma prática indígena. Nas novas terras descobertas, 
havia diferentes etnias indígenas que guerreavam entre si, e vindos do além-mar, 
portugueses, franceses e holandeses rondavam o território colonial em busca de 
terras a serem colonizadas. Dessa forma, conflitos e alianças marcaram essa delicada 
relação nos primeiros anos da colônia, e é um pouco dessa história que abordaremos 
nessa aula. 
 
OBJETIVOS DA AULA 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
 Abordar a relação conflituosa entre portugueses e índios no período 
colonial. 
 
 
 
 
 
P á g i n a | 55 
 
 
4 INTRODUÇÃO 
O primeiro contato entre os colonizadores portugueses e os índios foi 
considerado pacífico. Pero Lopes, irmão de Martim Afonso, descreveu que os índios 
se apresentavam amistosos e tinham interesse nos objetos ofertado pelos 
portugueses. Nas trocas de presentes, manifestavam a calorosamente com alegria 
com abraços e sorrisos, enquanto os portugueses recebiam essas manifestações 
afetuosas com certa reserva. Esse entendimento durou um certo tempo, mesmo com 
a chegada de outros colonizadores portugueses. Aos poucos, a colônia foi sendo 
conquistada, e a monarquia portuguesa foi estendendo mais e mais seus mecanismos 
de dominação e conquista. 
Com o tempo, as hostilidades começaram a aparecer. Os Potiguaras, aliados 
dos franceses, atacaram Itamaracá e Pernambuco. Os Aimorés organizaram ataques 
severos aos estabelecimentos portugueses em Ilhéus e Bahia. No Espírito Santo e 
norte fluminense, os portugueses padeceram com ataques dos Goitacás. Assim, os 
conflitos e alianças começaram tendo em vista a dominação das novas terras. Sobre 
a relação conflituosa entre índios e portugueses, três cidades podem ser 
exemplificadas: São Vicente, Bahia e Pernambuco. Em cada uma dessas regiões, a 
relação ocorreu de diferente maneira: em São Vicente, segundo o Padre Anchieta, 
nunca houve guerra entre brancos e índios, a não ser em 1562. Outro personagem 
histórico, Pero de Magalhães Gandavo, chamou a atenção para a generalizada união 
das raças. Os portugueses revestiram boa parte da cultura material indígena ao ponto 
de adotarem sua língua, um dos únicos meios de comunicação entre eles até o século 
XVIII. Nesse aspecto, os jesuítas merecem destaque, pois se dedicaram arduamente 
a formular uma gramática do tupi. A junção entre portugueses e indígenas na região 
fez surgir uma população miscigenada. 
Na Bahia, com a instalação do governo-geral, foi implantada uma política 
baseada na guerra declarada aos Tupinambás e, ao mesmo tempo, em uma forte 
parceria com os Tupiniquins. Com esse pensamento de diferenciar indígenas aliados 
e indígenas inimigos, foi criada na Bahia uma organização que se arregimentou para 
proteger os portugueses. E nesse sentido, o litoral baiano foi sendo ocupado pela 
coroa portuguesa com construções que buscavam demarcar território. 
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Em Pernambuco, os indígenas foram militarmente derrotados pelos 
portugueses. Ao contrário do que ocorreu na Bahia, os colonizadores não 
estabeleceram alianças e dessa forma, ficaram mais expostos aos ataques indígenas. 
O controle da Bahia pelos portugueses teve um papel estratégico na luta contra 
os indígenas. Quando Tomé de Sousa se estabeleceu no litoral baiano, em 1549, os 
Tupinambás já guerreavam contra os colonizadores de Portugal. Entretanto, os 
Tupiniquins permaneciam em paz com os povoadores europeus. 
Figura 8: Tomé de Sousa.

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