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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM ENGENHARIA E SEGURANÇA DO TRABALHO Resenha Crítica de Caso Irisneide Alves de Lima Trabalho da disciplina de Ergonomia Tutor: Prof. Ronaldo Augusto Granha Fortaleza 2021 http://portal.estacio.br/ 2 ADMINISTRANDO A SI MESMO: CONQUISTANDO A DISTRAÇÃO DIGITAL - DOIS ESPECIALISTAS EM ADMINISTRAR A SOBRECARGA Referências: Larry Rosen - professor de psicologia na Universidade do Estado da Califórnia Dominguez Hills, e co-editor do livro The Wiley Handbook of Psychology, Technology and Society (Wiley, 2015). Alexandra Samuel - especialista em envolvimento online e autora de Work Smarter with Social Media (Harvard Business Review Press, 2015). Ela liderou a rede social R&D para o líder de inteligência do consumidor Vision Critical (que trabalhou com algumas das empresas mencionadas neste artigo). O texto acima citado pode ser dividido em três partes distintas, mas entrelaçadas pelo seu mote comum que é o reconhecimento do excesso de sobrecarga digital ao qual as pessoas se submetem diária e, muitas vezes, ininterruptamente, que são: a constatação e análise da sobrecarga digital; a impotência diante da necessidade de estar conectado o tempo todo (caso “Marco”); e a dificuldade em lidar/dosar/conciliar o investimento na produção e leitura de conteúdos nas redes sociais da empresa, responder a e-mails e se dedicar às outras tarefas que uma empresa demanda (caso Tiffany). O texto escrito por um psicólogo, Larry Rosen, e uma tecnóloga da informação, Alexandra Samuel, traz, através da análise dos casos de Marco e Tiffany, um apanhado de ações e estratégias interessantes capazes de dar uma melhor qualidade de vida e trabalho a esses dois personagens, cada um com suas respectivas especificidades. O tema abordado nada mais é que o reconhecimento do excesso de tempo que as pessoas investem no mundo digital, tanto para ler e-mails, mensagens e outras notificações quanto em jogos disponíveis na web. Essa realidade diz respeito às pessoas que “não conseguem viver” sem estar conectados e a par de todas as novidades, e àquelas que, por motivos profissionais, têm que passar muito tempo lendo comunicados/e-mails ou produzindo conteúdos para a web; contexto com impactos negativos importantes tanto na vida profissional quanto familiar e pessoal. Rosen e Samuel, os autores, são de áreas distintas e, portanto, possuem pensamentos diferentes sobre o tema, mas com uma preocupação em comum: a diminuição do uso excessivo e não recomendável das ferramentas disponíveis no mundo digital, nem 3 que para tanto, paradoxalmente tenhamos que recorrer a outras ferramentas digitais. Essa passagem chama a atenção para as diversas formas de enfrentar determinado problema, dependendo da afinidade que os examinadores tenham com determinada área do conhecimento; isso faz pensar que não há uma forma melhor que a outra de solucionar determinado problema, talvez apenas uma mais apropriada ou factível. Os autores citam algumas razões para vivermos constantemente conectados: o medo de ser o último a saber de algo, ou seja, parecer desinformado ou alienado em relação ao que se passa no mundo e ao nosso próprio redor, pois receber informações por último é inimaginável, assim como demorar a responder às mensagens recebidas, ou demorar para comentar sobre determinada postagem, contexto que nos é completamente familiar; se há algum impedimento à essas atividades, a ansiedade chega para ficar; medo de não estar conectado, que podemos considerar como o medo de se tornar invisíveis ou insignificantes diante do gigante mundo virtual; e medo de ficar sem celular, coisa que dispensa maiores comentários e que ressalta o grau de dependência desse aparelho. Essa realidade é perfeitamente percebida nos resultados de um estudo mencionado pelos autores, no qual estudantes foram solicitados a passar uma hora sem se comunicar entre si, usar os seus telefones ou fazer qualquer outra atividade que não fosse a simples contemplação do “nada fazer”. Esse tipo de experimento demonstra que, em maior ou menor grau, todos manifestam ansiedade; quanto mais dependente do telefone mais ansiosos. Em relação aos problemas do primeiro personagem citado, Marco, o texto propõe três estratégias distintas: a primeira, com a orientação de que a pessoa faça a checagem de todas comunicações recebidas e depois desligue o aparelho por 15 minutos, e aí faça nova checagem em e-mails, comunicados diversos, etc., cujo processo se repetiria, mas com intervalos de tempo cada vez maiores até chegar ao tempo de uma hora ou mais de interrupção total. A proposta é, resguardadas as devidas proporções, correspondente à algumas estratégias utilizadas para livrar uma pessoa de qualquer outro vício ou compulsão: o afastamento paulatino do objeto de desejo. A segunda proposta, bem mais simples e “fácil” de realizar, se resumia a pequenas pausas para caminhar, ler um livro, assistir um programa qualquer, a cada período de uma hora e meia de trabalho, ou seja, se afastar do objeto da compulsão. A terceira estratégia, mais simples ainda, consistia em não levar para o quarto de descanso nenhum aparelho com acesso à web; medidas fáceis de tomar e que não demandam nenhum tipo de intervenção especializada. Segundo os autores, a vida de Marco 4 tomou outro rumo e ele já conseguia se desligar das informações/comunicações, sentindo-se mais produtivo e feliz. Paradoxalmente, segundo os autores, também se usa a tecnologia para combater a ansiedade por ter de ficar longe da mesma, o que é muito interessante e nos faz refletir que, como já dizia Paracelso, médico e físico do século XVI: “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. Na verdade, as tecnologias têm sua razão de ser tornar nossas vidas mais fáceis; desde que usadas corretamente e dentro da perspectiva de as dominarmos, não o contrário. Depender das redes sociais para alavancar o negócio e, ao mesmo tempo ter que, exaustivamente, responder e visualizar uma avalanche de e-mails institucionais se deve ao sentimento de não suportar ficar desatualizado ou à margem dos acontecimentos. Aqui, novamente o texto nos leva à temática da impossibilidade de realizar, de forma satisfatória, duas atividades ao mesmo tempo, pois além de contraproducente produz impactos negativos consideráveis para a saúde do trabalhador. Explorar, contra esse estado de coisas, uma série de ferramentas simples que permitem organizar essas tarefas, filtrando as informações mais relevantes, se trata de um cuidado que nos torna mais ágeis e produtivos, sem contar, repete-se, os ganhos para as saúdes física e mental. É necessário remir o tempo no mundo digital, com matérias e comunicações inexpressivas, para as quais podemos nos dedicar em outro momento. Pode-se, inclusive usar ferramentas de filtragem de mensagens para vê-las posteriormente, que foi a atitude tomada pela empreendedora, ao voltar seu tempo e esforço para si mesma e seu negócio. Os autores, muito lucidamente no texto resenhado, explicam que, talvez, as estratégias propostas não resolvam o problema do excesso de carga de informações/comunicações a que as pessoas se submetem, realidade com a qual concordamos, mas que é possível valorizar e se concentrar naquilo que é mais importante tanto na vida profissional, pessoal, quanto familiar; e esse, entende-se e concorda-se, é o desafio e a esperança propostas pelos autores no texto, ou seja, de sermos capazes de dominarmos o mundo digital, e não ser dominados por ele, mantendo nossa saúde física e mental dentro de níveis normais.