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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU MBA EXECUTIVO EM HOTELARIA HOSPITALAR LUIZA MARA COUTINHO NASCIMENTO LEAL A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA HOTELARIA HOSPITALAR: Comprometimento da qualidade nos serviços oferecidos pela instituição ao cliente de saúde. Brasília Abril/2019 LUIZA MARA COUTINHO NASCIMENTO LEAL IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA HOTELARIA HOSPITALAR: Comprometimento da qualidade nos serviços oferecidos pela instituição ao cliente de saúde. Monografia apresentada à Faculdade UnYLeYa como exigência parcial à obtenção do título de Especialista em MBA Executivo em Hotelaria Hospitalar. Orientadora: Profa Dra Chennyfer Dobbins Abi Rached Brasília Abril/2019 Dedico esse trabalho ao meu esposo amado Airton, pelo companheirismo, paciência e amor; Também a todos aqueles que estão se preparando para serem gestores em instituições de saúde. AGRADECIMENTOS Quero agradecer primeiramente à Deus, por seu amor e misericórdia, por ter me cercado de pessoas tão maravilhosas. À meu esposo Airton, pela ajuda, parceria e tolerância. Às sobrinhas Juju e Mel, pelo incentivo e apoio constante, impossível sem vocês! À minha irmã Ana Paula, pelo amparo e força, que afagou meu ego, enchendo-me de confiança. Ao filho Arthur Zanony, por me ter feito mãe, coisa que ninguém poderia, pela ajuda pontual e fundamental com as tecnologias. A minha equipe de Supervisores de Hotelaria do Hospital CEMERU de Santa Cruz, pela tolerância nesse aprendizado continuo e recíproco: Ana Beatriz Vieira, Cristiane Antunes, Marli Nogueira e o querido William Costa. A equipe que lidero: Auxiliares de Serviços Gerais - ASG, em especial: Varlete Serafim dos Santos, Jocelia Marcelo da Silva Oliveira, Patrícia Rodrigues Pinheiro, Rosemeri da Conceição Fonseca Racca e Rogério Dias Mendes – aprendi e aprendo tanto com vocês, sei que nem imaginam!! Auxiliares de Governança – camareiras, em especial: Lilia Cristiane de Medeiros Limeira – autentica e sábia, sempre! e Elane Gomes Rodrigues pela mansidão incomparável! Auxiliares de Rouparia: Arilson Santana e Alexandre Caetano – Vocês são guerreiros! A Auxiliar Administrativa – meu eterno HD externo – Carla Valeria Ferreira da Silva Ventura; Por último, mas não finalizando, a Drª Cintia Valente, pelo reconhecimento e contribuição para meu crescimento pessoal e profissional, pelo exemplo de organização, foco e doçura, a quem tenho imensa admiração, apesar de tão pouco tempo de convívio. “É relativamente comum ouvir o comentário: ‘Aquela pessoa tem uma sorte danada. Olha como as coisas dão certo para ela’. Não necessariamente. Em muitos casos, o que a pessoa tem é coragem de buscar, de fazer, de estudar, de se organizar, de se preparar." ... “A sorte segue a coragem, desde que a coragem seja competente. É recomendável alertar que coragem não é impulsividade. A força da coragem está na audácia. Ser impulsivo, impetuoso, leva ao insucesso muito mais vezes do que quando há planejamento e preparação. Por essa mesma perspectiva, uma pessoa cautelosa não é covarde, mas aquela que prepara a coragem e a ação. Uma pessoa covarde é a que não tem ânimo sequer para tentar porque o primeiro passo já a assusta imensamente. Quando falo que a sorte segue a coragem, não se trata de uma sorte esvaziada de perícia, de habilidade, de competência. É uma sorte impregnada de capacidades. E essa expressão parte do pressuposto de que a pessoa teve humildade para busca-las.” Mário Sergio Cortella Resumo Este trabalho de conclusão de curso aborda a comunicação como de fundamental importância no ambiente hospitalar. O tema foi escolhido a partir da problemática que se percebe junto ao cliente, ao receber o serviço diferente do esperado, e que poderia facilmente ser evitado se houvesse uma boa comunicação da equipe de hotelaria do hospital e demais profissionais. A comunicação é entendida como transferência de informações através de canais e assim forma um fluxo com origem e destino. Os hospitais possuem um alto grau de complexibilidade pela especialização do contingente, pelo volume de materiais e medicamentos envolvidos, pelo alto fluxo de processos, como também pela cultura, e, acima de tudo o aspecto emocional que envolve o atendimento. O setor de Hotelaria sustenta a operação do hospital, associando serviços de apoio com os da assistência, permeado toda a cadeia de atendimento ao cliente, seja ele interno ou externo. Assim, a interação e integração da equipe de Hotelaria com as demais equipes que compõem o quadro da instituição é essencial para o objetivo final que é a satisfação do paciente. Dessa forma, o serviço será facilmente comprometido em sua qualidade se a ferramenta base para a propagação das informações -a comunicação- não for entendida como fundamental e essencial nas diversas relações necessárias entre a Hotelaria e demais equipes. Com o objetivo de investigar nos diversos canais a ocorrência da falta de qualidade no serviço hospitalar ligado a falha ou falta de comunicação da equipe de hotelaria, o presente trabalho será produzido através de pesquisa bibliográfica. A produção terá caráter teórico, seguindo as etapas de seleção preliminar de material, busca de literatura de referência, conhecimento e entendimento das opiniões. Após a análise dos dados, pretende-se verificar a existência dessa relação entre a comunicação do setor de Hotelaria Hospitalar e o comprometimento da qualidade do serviço oferecido pela instituição. Como conclusão, intenta-se apresentar caminhos viáveis para a melhoria da comunicação no setor de Hotelaria Hospitalar e a efetiva qualidade no serviço ao cliente de saúde. Palavras-chave: Comunicação; hotelaria hospitalar; qualidade; cliente. ABSTRACT This work of course completion addresses communication as of fundamental importance in the hospital environment. The theme was chosen from the problem that is perceived with the client, when receiving the service different from what was expected, and that could easily be avoided if there was a good communication of the hotel staff of the hospital and other professionals. Communication is understood as transfer of information through channels and thus forms a flow with origin and destination. Hospitals have a high degree of complexity because of the specialization of the contingent, the volume of materials and drugs involved, the high flow of processes, as well as culture, and, above all, the emotional aspect involved in care. The Hospitality sector sustains the operation of the hospital, associating support services with those of care, permeating the entire customer service chain, be it internal or external. Thus, the interaction and integration of the Hospitality team with the other teams that make up the institution's framework is essential for the ultimate goal of patient satisfaction. In this way, the service will be easily compromised in its quality if the basic tool for the propagation of the information - the communication- is not understood as fundamental and essential in the necessary relations between the Hospitality and other teams. With the objective of investigating in the various channels the occurrence of the lack of quality in the hospital service linked to the failure or lack of communication of the hotel staff, the present work will be produced through bibliographical research. The production will be theoretical, following the preliminary selection of material, search for reference literature, knowledge and understanding of opinions. After analyzing the data, we intend to verify the existence of this relationship between the communication of Hospitality Hospitality sector and the compromise of the quality of the service offered by the institution. As a conclusion, we intend to present feasible ways to improve communication in the Hospital Hospitality sector and the effective quality in the healthcare customer service. Keywords: Communication; Hospitality Hospitality; quality; client. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 1.1 Problema de Pesquisa ........................................................................................ 11 1.2 Justificativa .........................................................................................................11 1.3 Objetivos..............................................................................................................12 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 12 1.3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 12 1.4 Metodologia........................................................................................................ 12 1.4.1 Tipo de Estudo ................................................................................................ 12 1.4.2 Contexto .......................................................................................................... 13 1.4.3 Coleta de Dados .............................................................................................. 13 1.4.4 Análise de Dados .............................................................................................13 2. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................14 2.1. CAPÍTULO 1 – A COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR .........14 2.1.1 – Conceitos da comunicação ........................................................................... 14 2.1.2 – Ambiente hospitalar ...................................................................................... 18 2.1.3 – Comunicação corporativa ............................................................................. 19 2.1.4 – Relação interdisciplinar hospitalar ................................................................ 20 2.2. CAPÍTULO 2 – A HOTELARIA NO CONTEXTO DA ACREDITAÇÃO HOSPITALAR .......................................................................................................... 21 2.2.1 - Descrição da hotelaria hospitalar ................................................................... 21 2.2.2 – A contribuição da hotelaria hospitalar para a acreditação hospitalar ............ 24 2.2.3 – Serviços da hotelaria hospitalar ..................................................................... 26 2.2.4 - Perfil dos profissionais da hotelaria hospitalar ............................................. 28 2.3. CAPÍTULO 3 – BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO .................................... 31 2.3.1 – A falta e a falha na comunicação – motivos e consequências – no setor de hotelaria hospitalar ................................................................................................................... 31 2.3.2 – Ações de prevenção contra a comunicação ineficaz ..................................... 38 3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................................... 40 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11 1. INTRODUÇÃO Na área hospitalar vem aumentando nos últimos anos a busca por certificações que garantam a segurança e qualidade dos serviços oferecidos ao cliente de saúde. O que alavanca esse crescimento é a exigência dos clientes que estão cada vez mais informados quanto aos seus diretos e buscam o conforto e bem-estar além da assistência médica, a mídia que traz a tempo e a hora a possibilidade de comparação e escolha, obrigando as instituições a se adequarem como também a fiscalização mais intensa e transparente dos órgãos oficiais de saúde. Assim, as instituições para se adequarem buscam por programas de qualidade que promovam a melhoria em seus processos e assim encontrar novas formas de gerenciar. Nesse contexto encontramos a Acreditação Hospitalar, através de metodologias comprovadas, em linhas gerais promove e garante a excelência nos serviços. Um selo de Acreditação visa gerar no cliente confiança nos procedimentos e processos oferecidos pelo hospital. Dentro desse conceito de qualidade a Hotelaria Hospitalar encontra espaço para o desenvolvimento do setor, com serviços de apoio, gerando valor a assistência prestada pelos profissionais de saúde. Assim o setor de Hotelaria Hospitalar vem tomando vulto entre as diversas categorias que atuam numa instituição hospitalar. Nesse cenário de interação constante e continua com as várias camadas de profissionais é importante a comunicação eficaz para que os processos possam fluir continua e perfeitamente, entregando ao cliente o serviço prometido e esperado. No, entretanto, a comunicação é algo complexo, onde não basta uma pessoa para gerar uma comunicação eficaz. É uma via de mão dupla, onde a mensagem clara e objetiva é entendida tal qual foi elaborada e devolvida. Se adicionarmos a esse conceito várias pessoas com várias mensagens de vários níveis com diversos objetivos no mesmo momento e no mesmo local, teremos um cenário com grandes possibilidades de falha na transmissão. Essas barreiras podem comprometer a eficácia do serviço prestado ao cliente. 12 1.1 Problema da Pesquisa A falta ou falha na comunicação acarretam erros nas atividades da equipe de hotelaria comprometendo a qualidade do serviço hospitalar ofertado ao cliente enquanto internado em uma instituição? 1.2 Justificativa O estudo é motivado pela observação da pesquisadora durante os vinte e três anos de atuação na área de saúde, das falhas na execução do serviço de atendimento ou assistência que provavelmente seriam evitados se a comunicação fosse eficaz. Percebe-se a falta do entendimento que essa atitude otimiza e acentua a qualidade dos serviços prestados ao cliente e também ao profissional. Ainda que uma instituição de saúde tenha seus processos bem desenhados, baseados nas normativas de qualidade – com selos de acreditação, os serviços são falhos em razão de palavras mal colocadas, frases formuladas sem coerência, conhecimento insuficiente, falta de clareza e objetivo, omissão de informações, insegurança que põe a perder todo o esforço operacional e financeiro pelo qual a instituição luta. Entender o processo de comunicação em suasmuitas vertentes, conhecer o perfil dos profissionais desse novo tipo de gestão – a hotelaria hospitalar e propor opções para a melhoria desse processo é o caminho para a entrega do serviço ao cliente com qualidade, garantindo também a satisfação e produtividade do profissional. Esse estudo busca levantar a problemáticas que ocorrem nas instituições hospitalares, focando o setor de hotelaria hospitalar e levar seus gestores a refletirem sobre o tema, reconhecendo a necessidade de investir e propagar neste conhecimento como também buscar novas alternativas de vencer as barreiras da comunicação. 13 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo geral: O objetivo desse trabalho é buscar levantar informações sobre o comprometimento da qualidade do serviço de saúde relacionado a falta ou falha de comunicação entre a hotelaria hospitalar e os diversos profissionais de uma instituição. 1.3.2 Objetivos específicos: Registrar os conceitos de comunicação nas organizações, observando a hotelaria hospitalar dentro do âmbito da Acreditação Hospitalar; Elencar os principais serviços prestados pelo serviço de Hotelaria Hospitalar em uma instituição de saúde e o perfil desses profissionais; Levantar algumas razões que levam a falha ou falta de comunicação na área hospitalar entre as pessoas que atuam na Hotelaria Hospitalar com exemplos de comprometimento da qualidade gerado pela falta ou falha de comunicação Apontar caminhos e alternativas para evitar a falha ou falta de comunicação 1.4 Metodologia 1.4.1 Tipo de Estudo Para o desenvolvimento da proposta denominada “A importância da comunicação na Hotelaria Hospitalar- comprometimento da qualidade nos serviços oferecidos pelas instituições ao cliente de saúde” utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica que referencia a ocorrência da falta da qualidade ao aspecto da comunicação. Baseada nas informações 14 adquiridas para a elaboração desta monografia e na vivencia na área percebemos a importância de levantar o tema e apontar caminhos para solução. Antigamente pensava-se que para se comunicar com alguém bastava lhe falar ou escrever ou ainda dar uma ordem para que esta fosse entendida, compreendida e executada; estudos da psicologia social mais recentes têm demonstrado que, na realidade, as comunicações são sujeitas a distorções, deformações que fazem com que raramente uma mensagem seja recebida tal qual foi emitida. (WEIL e TOMPAKOW 2005, p.93) 1.4.2 Contexto Para a elaboração do trabalho foram utilizados os métodos: a) Pesquisa bibliográfica – artigos e livros; b) Consulta a internet (rede mundial de computadores); c) Consulta a monografias de ingresso; d) Consulta a biblioteca virtual da Faculdade Unyleya; 1.4.3 Coleta de dados Foram coletados dados pela pesquisadora que tangem as diversas facetas do tema, elencando o resultado a causa, buscando dar base ao questionamento. Para tanto a consulta permeia a abordagem da comunicação, do setor de hotelaria hospitalar, da qualidade e acreditação, da gestão de pessoas e da administração hospitalar. Através da análise dos conceitos se fará uma busca das ocorrências do problema, elencando as evidencias que apontam para esta conexão. Na etapa seguinte, se intenta levantar exemplos de caminhos e alternativas para a solução do problema levantado. 1.4.4 Análise de dados A avaliação da pesquisa se dará através de pesquisa exploratória com o objetivo de analisar e verificar a relação entre os fatos. Como pesquisa qualitativa a análise dos conteúdos buscou 15 compreender o significado e a relevância do assunto no meio hospitalar. Através dessas leituras e com a interpretação destas, foram realizados apontamentos, listados e organizados de forma coerente para as considerações. 16 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 CAPÍTULO 1 - A COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR 2.1.1 Conceitos de comunicação Vários conceitos textualizam o tema comunicação. O tema é vastamente encontrado, em seus mais variados aspectos. Em meados do século XX a comunicação começou a ser discutida como ciência nos meios acadêmicos, alguns nomes se destacaram nesse período como Theodor Adorno, Marshall McLuhan e Paul Lazarsfeld. Ao longo do tempo surgiram várias Teorias da Comunicação, que buscaram o estudo do tema, com foco em filosofia, sociologia ou psicologia, conforme a abordagem ou área. De acordo com Fermino e Carvalho (2007), a comunicação pode ser entendida como prática social que advém da interação entre seres humanos, expressa por meio da fala (aspecto verbal), escrita, comportamentos gestuais, distância entre os participantes, toque (aspectos não verbais). Representa um dos fenômenos mais importantes da espécie humana. De acordo com Stefanelli (1993), o homem utiliza a comunicação nas ações do cotidiano, partilhando com os demais suas ideias. Nessa partilha, ele está sujeito a receber aprovação e desaprovação das outras pessoas, determinando sua sensação de segurança e satisfação. Comunicar-se é uma necessidade natural do homem realizado através da linguagem. Hjelmslev (2006) escreve sobre o papel da linguagem: A linguagem [...] é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. A linguagem é inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base última e mais profunda da sociedade humana. 17 Os dicionários classificam a comunicação como ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente, receber outra mensagem como resposta; ato de comunicar, informação, aviso; passagem, caminho, ligação. Porém, autores como João Batista Perles entendem essa classificação insuficiente para descrever o fenômeno, simplificando um dos fatores mais importantes para a socialização. O termo comunicação, em sua etimologia vem do latim “communis”, comum. Marques de Melo (1975, p. 14). Pode ser traduzido também em “tornar comum”. Contudo, essencialmente a comunicação é um processo, que por outros dicionários é definido por “qualquer fenômeno que apresente continua mudança no tempo” ou “qualquer operação ou tratamento contínuo.” (Berlo 1991). Assim pode-se concluir que, basicamente, comunicação é um acontecimento dinâmico, em evolução, continuo, que atua e sofre atuação. Como processo, é descrito sendo a transmissão e a recepção de mensagem entre uma fonte emissora e um destinatário receptor, no qual as informações, transmitidas por intermédio de recursos físicos ou aparelhos e dispositivos técnicos, são codificadas na fonte e decodificadas no destino, com o uso de sistemas convencionados de signos ou símbolos sonoros, escritos, gestuais e etc.”. Os elementos básicos que compõem a comunicação são: o comunicador, a mensagem e o receptor. Traduzindo: aquele que transmite, o conjunto de símbolos ou ações que formatam a mensagem e o que recebe esta mensagem, (ANDRADE, 2001). 18 Figura 1 Assim, apesar do esquema aparentemente simples, pode-se evidenciar o quanto complexoé o processo de comunicação. A ideia percorre um caminho até a linguagem, onde busca uma forma de expressão e o canal para a transmissão; o canal é sucessível a interferências; ao receptor depende conhecer o canal, o código, para o entendimento. A mesma mensagem pode ser entendida de várias formas, visto que o receptor tem sua própria esfera de influência, interferindo diretamente no entendimento da mensagem. A palavra comunicação pode ser compreendida também como menciona Andrade (2001, p. 103): A Palavra comunicação provém do latim “communicationem”, que significa “ação de partilhar”, “que pertence a muitos”. Em outros termos, a comunicação tem por finalidade fazer participar muitos de uma só coisa. A comunicação é o resultado e a causa do diálogo, a única forma natural do viver. Ninguém vive em monologo, mas os seres humanos não dialogam somente por meio da linguagem escrita ou oral. Os gestos, a entonação da voz, a simples presença física, as ilustrações gráficas e qualquer outro meio suscetível de ser captado pelos órgãos dos sentidos podem servir de comunicação. Enfim, tudo o que se vê, se ouve, se sente e se prova é comunicação. 19 Como descrito acima, existem vários tipos de comunicação, e nas relações humanas estamos sempre falando, gesticulando, usando de mimica para um interlocutor; em resumo, estamos estabelecendo comunicações. Well e Tompakow (2005) pontuam: 1. Comunicações verbais: constituída pela palavra a. Orais: Palavra falada. Como conversas, pedidos, ordens, feitas pessoalmente ou por aparelhos. b. Escritas: Palavra escrita. Cartas, e-mail, cartazes, livros, etc. 2. Comunicações não verbais: Gestos, expressões, etc. a. Mimica – Gestos das mãos, corpo, face, etc. b. Olhar – Abertura ou fechamento das pálpebras, desvio, fixação, etc. c. Postural – Atitude física do corpo, como curvatura, enrijecimento, tremor, etc. d. Conscientes e inconscientes – Quando a postura não condiz com o discurso. Além dos tipos de comunicação acima podemos pontuar também a Comunicação Assertiva: É a comunicação adequada, de maneira direta, aberta, sincera, objetiva. Manifestação dos pensamentos, defendendo os direitos, sem, no entanto, desrespeitar o direito do outro. Assertividade é uma postura comportamental diante das pessoas e de situações cotidianas. Não está relacionada ao certo ou errado, e sim a maneira de expor e defender a posição. É uma postura decidida, porém, não agressiva. É a fala com uso de palavras suaves e argumentos fortes. Também vista como uma virtude que demonstra maturidade e segurança. É necessário o desenvolvimento de competências comunicacionais através do entendimento do processo, contudo, o emprego da assertividade revela o caminho mais rápido e seguro para uma comunicação eficaz. Comparação entre três estilos de comunicação (adaptado de Alberti & Emmons, 2008 e Jakubowski & Lange, 1978). 20 Figura 2 2.1.2 O ambiente hospitalar O ambiente hospitalar reflete os anseios, angústias, dificuldades, desejos e alegrias da sociedade, como um espelho. Podemos constatar a busca incessante de meios e recursos para a luta contra os males que acometem ao homem. (SANDRA BERTELLI 2004). O hospital tem a obrigação da fidelidade ao propósito de restaurar e promover a saúde, de acordo com padrões técnicos, conceitos de qualidade, nível de humanização conforme políticas internas e externas, em toda a cadeia de suas atividades operacionais. Neste cenário, relacionam-se diversas categorias profissionais, colaborando com o funcionamento do hospital, no objetivo de assegurar o cuidado e a prestação do serviço à 21 comunidade. Tais profissionais formam equipes de trabalho, que interagem continuamente, atuando em setores, de acordo com ordens e a hierarquia do organograma. As equipes podem ser de administradores, enfermagem, hotelaria, nutrição, fisioterapia, manutenção, segurança, atendimento entre outras, dependendo do porte e especificidade da instituição hospitalar. O trabalho nessa área possui características distintas, considerando a multiprofissionalidade e a interdisciplinaridade, pois depende de saberes distintos, técnicos, científicos, sociais, oriundos das mais diversas fontes. Marcado também pela complexibilidade e diversidade profissional, como descrito acima. O elevado número de profissionais de saúde que comunicam de forma ineficaz constitui hoje um motivo de grande preocupação (DAVIS & FALLOWFIELD, 1991). As relações sociais e interpessoais na organização do espaço e na dinâmica do serviço, a variedade de processos de trabalho, tornam esse ambiente marcado por diferenças, construindo um ambiente heterogêneo, fragmentado e não propicio. Torres, (1993, p. 39) comenta: O ambiente é visto como todas as condições e influencias externas que influenciam a vida e o desenvolvimento de um organismo, sendo capaz de prevenir, suprimir ou contribuir para a doença ou morte. (...). Auxiliar os pacientes para que mantenham suas capacidades vitais, satisfazendo suas necessidades é tudo como uma meta na enfermagem.” Ao longo do tempo percebeu-se a necessidade de um ambiente mais harmonioso, através de conhecimentos científicos, demostra a melhoria da saúde do doente, e ainda: Sandra Bertelli ( p.6 - 2004) ressalta: Precisamos, então, aprender a lidar com a natureza holística da saúde, se quisermos entender o fenômeno da cura de “forma universal”, isto é, quer da parte do doente, como também daquele que trata este doente, oferecendo um ambiente agradável, de excelente relacionamento interpessoal, de responsabilidade, cooperação e comunicação. 2.1.3 Comunicação corporativa 22 Segundo o dicionário on line Educalingo Corporação, é um grupo de pessoas que agem como se fosse um só corpo, uma só pessoa, buscando a consecução de objetivos em comum. Pessoas que se submetem a regras e estatutos para alcançarem um resultado determinado. Nesse sentido a comunicação é fundamental, pois é necessário a compreensão clara dos diversos passos entre os indivíduos para conseguirem metas que vão se somando ao longo da cadeia de processos e ao longo da linha do tempo e assim chegarem ao resultado como um todo. Será necessário considerar alguns fatores para que se chegue no objetivo da comunicação eficiente e garantir o resultado, como: Conhecer exatamente seu cliente interno de relacionamento e qual sua expectativa; planejar a mensagem e usar de estratégia na forma em que será recebida, minimizando ao máximo o ruído; escolher o melhor canal conforme a situação. Todos esses passos de uma forma dinâmica Dessa forma é possível garantir o bom relacionamento entre os profissionais e as equipes, com agilidade, confiança e transparência facilitando a compreensão do receptor, evitando equívocos e desgastes seja qual for o canal, se e-mail, telefone ou pessoalmente. É necessário frisar que as atitudes e comportamentos que levam a uma comunicação eficiente no mundo corporativo não depende de uma pessoa, não é responsabilidade de um só profissional, mas de todos, o que nos apresenta a necessidade do desenvolvimento corporativo.O foco na nova geração de sucesso está fundamentado no Desenvolvimento das Pessoas para obtenção do Desenvolvimento Organizacional, treinando, desafiando e estimulando colaboradores a desenvolverem seus potencias no trabalho e na vida pessoal. (BERTELLI 2004, p). 2.1.4 Relação interdisciplinar hospitalar Em uma instituição hospitalar atuam dezenas de médicos, que exercem cada um suas especialidades, em diversos setores. Complementando esse quadro também atuam neste 23 ambiente enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, administrativos e operacionais, onde se inclui a equipe de hotelaria. Todos têm a mesma missão que é o atendimento e cura do doente. Contudo, cada um tem sua própria linguagem e conhecimento. Assim também a equipe possui suas próprias rotinas e sua própria identidade. Apresentam níveis diferentes nos mais amplos aspectos: cultural, emocional, intelectual e etc. A comunicação é fundamental para um bom desenvolvimento do trabalho, pois é o elo de interação que fortalece o vínculo entre a equipe interdisciplinar e o cliente (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2015). Segundo Flávio Azenha e Ricardo Luiz de Freitas (2004) relacionamento entre os colaboradores deve ocorrer através de coordenação. Por conceito, a coordenação é a capacidade de juntar diversos elementos aparentemente diferentes para atingir um determinado objetivo. Todos dependem de todos, e interagem com todos, desde o plantonista com os especialistas, da enfermagem com o médico, da enfermagem com as equipes de apoio, onde se inclui a hotelaria. Tudo em um caráter sistêmico, tal como um ser vivo. Todos devem verificar suas necessidades de informação e de informar para executar o seu trabalho e contribuir para o trabalho do outro. Hoje fala-se em fragmentação do cuidado, que se torna mais comprometedora quando associada a falta de coordenação, considerada por muitos especialistas em segurança do paciente como um dos grandes desafios ou problemas da atualidade. Em um hospital, a relação de parceria, interdisciplinar, é importante para que o objetivo final, que é o atendimento ao doente, com respeito, suprindo suas necessidades e anseios, cumprindo as tantas recomendações, normas e diretrizes exigidas por esse tipo de empresa, dessa forma é necessário que o relacionamento interpessoal entre todos os membros das diversas equipes seja de compromisso e responsabilidade, e mais ainda, entre membros da equipe, formando células forte de sustentação para o sistema. É fundamental que as equipes conheçam fortemente suas próprias rotinas e colegas, e mais ainda, que conheçam as funções das outras equipes, suas necessidades e dificuldades para que se mantenha uma relação recíproca de respeito, ajuda e solidariedade. 24 Conforme Azenha e Freitas (2004) colocam, a tensão no ambiente hospitalar que trabalha com a perspectiva de “zero erro”, pois se trata de vidas humanas, o bem maior da humanidade, poderá ser minimizada com a cooperação entre os colaboradores. A importância da comunicação e do trabalho da equipe interdisciplinar de saúde é visto como determinante da qualidade e da segurança na prestação de cuidados aos indivíduos (SANTOS et al ,2010). Dr. Antônio Capone Neto, Gerente Médico da Qualidade e Segurança do Paciente do Hospital Israelita Albert Einstein e Fellow do IHI., acredita: “O desafio é fazer com que todas as comunicações, principalmente entre as equipes, sejam feitas de modo padronizado e estruturado, evitando-se perda de informações, especialmente aquelas que têm impacto nos cuidados do paciente.” 2.2 CAPÍTULO 2 – A HOTELARIA NO CONTEXTO DA ACREDITAÇÃO HOSPITALAR 2.2.1 Descrição da Hotelaria Hospitalar A Hotelaria no cenário hospitalar é um conceito relativamente novo, que encontrou terreno fértil para o crescimento principalmente por causa do anseio da clientela hospitalar que mudou drasticamente seu perfil nos últimos anos. Também facilitou muito a origem comum dos dois segmentos - hotéis e hospitais - tanto pela morfologia da palavra, quanto da própria história. Tanto um quanto outro seguimento nascem de hospedarias que, na evolução da história se ramificaram, um para o serviço à viajantes e outro para o serviço à doentes, ambos os clientes trazem em comum a hospedagem, estão fora de seu ambiente, de sua casa. A história demonstra que “hotéis e hospitais originam-se do mesmo tipo de empreendimento: albergues que abrigavam viajantes e peregrinos que viajavam de povoado a povoado e recebiam também enfermos” (BOERGER, 2005, p.19). A palavra hospitalidade que, da mesma forma é advinda do latim, ainda hoje designa o ato de bem receber e hospedar deu origem, também, ao termo hospital cujo significado remetia ao bom recebimento dos doentes para tratamentos e curas (CAMPOS & GONÇALVES, 1998) 25 A percepção de serviços hospitalares com perfil hoteleiro, seja pelo mercado, seja pelos clientes, tem início em fins dos anos noventa. Conforme Watanabe (2013): O Estado de São Paulo se destaca no cenário nacional, pela sua produção industrial, pelo grande fluxo de informações e por disponibilizar uma gama completa de serviços. Neste contexto, nasceu aqui, em 1997, o primeiro modelo de gestão em hotelaria hospitalar, como parte de uma estratégia empresarial de um hospital privado, onde foi fundamental a contratação de um executivo experiente na operação de hotel de luxo. Desde então isto vem se consolidando fortemente nos hospitais de grande porte. Nosso último levantamento, realizado em 2011, constatou que cerca de 64% de nossos hospitais já estabeleceram um setor de hotelaria hospitalar. Maria Antônia A. Dias, mestre em hospitalidade pela Anhembi Morumbi também comenta sobre o início da hotelaria hospitalar e afirma que este serviço não fazia parte do contexto dos hospitais Brasileiros até menos de 10 anos. O que importava para o paciente era que o médico fosse competente, com a aparência física da instituição limpa. Ao entrar neste ambiente o paciente assumia uma passividade, (daí o termo paciente), deixava de ser cidadão, perdendo a propriedade de si, passando a “pertencer” aos médicos e enfermeiras com suas ordens e procedimentos. O crescimento da Hotelaria nos serviços de saúde vem acontecendo gradativamente. Apesar de inicialmente passar a percepção de ser um modismo, demonstrando investimento em luxo e riqueza, aos poucos, essa visão foi se modificando e evoluindo para uma inovação na gestão hospitalar. A proposta da Hotelaria Hospitalar nesses tempos é de uma administração calcada em padronização e segurança do paciente, com oferecimento de conforto e bem-estar, colocando a instituição em posição de concorrência no mercado. Parte dos hospitais de grande porte já consolidaram o conceito de Hotelaria em suas diretrizes estabelecendo este setor ao lados dos tradicionais, contribuindo assim para o crescimento interno e externo da instituição, elevando os padrões de segurança e conforto do paciente. Prova do crescimento também é a crescente procura por consultorias especializadas emtreinamentos com foco em hospitalidade, umas das matrizes da Hotelaria Hospitalar, por parte de hospitais e clinicas de pequeno porte ou de administração familiar, como comenta Watanabe, (2013): 26 Consequência desse crescente movimento da Hotelaria Hospitalar é a consolidação das diretrizes em humanização traduzida em conforto, segurança e bem-estar deixando para traz a ideia de que a Hotelaria serve somente para a elitização dos serviços. A Hotelaria Hospitalar traz como ação inicial a melhoria do aspecto físico. Mudanças como cor, saindo de um branco estéril para o uso das cores, trazendo o mundo colorido da “vida” para dentro do hospital. E a vida passa a ter continuidade dentro do ambiente hospitalar com a introdução da música e da televisão. Embora o foco principal seja o tratamento e a assistência médica, o hospital passa a investir em serviços que envolvem a hospedagem, e o paciente torna-se um cliente, assim como seu acompanhante, familiar ou visitante. O novo cliente da saúde, que não é só o paciente, mas os familiares, amigos, visitantes e a organização como um todo, é aquele que tem seu próprio motivo ou interesse, tem opção de escolher entre um produto/serviço ou outro, conforme Dall’agnol, (2002): O Portal da Saúde, em seu Programa Humaniza SUS (Sistema Único de Saúde) faz menção ao porquê da substituição do conceito paciente por cliente - e muito bem o fundamenta: [...] se, nos serviços de saúde, paciente é aquele que sofre - conceito reformulado historicamente para aquele que se submete -, passivamente, sem criticar o tratamento recomendado, prefere-se usar o termo cliente, pois implica em capacidade contratual, poder de decisão e equilíbrio de direitos. Usuário, isto é, aquele que usa, indica significado mais abrangente, capaz de envolver tanto o cliente como o acompanhante do cliente, o familiar do cliente, o trabalhador da instituição, o gerente da instituição e o gestor do sistema. [...] Para solidificar o conceito da Hotelaria Hospitalar com serviços que fartamente cresceram ao longo dos anos nesse nicho de negócio da Hotelaria Convencional, a própria história se incumbiu de aproximar, se consideramos que, na antiguidade não haviam nem hotéis nem hospitais, mas “A palavra hospital é de raiz latina (Hospitalis) e de origem relativamente recente. Vem de hospes – hóspedes, porque antigamente nessas casas de assistência eram recebidos peregrinos, pobres e enfermos. EVOLUÇÃO DOS HOSPITAIS - MS (1965). Este setor reúne todos os serviços de apoio a assistência e oferecem conforto, segurança e bem-estar. Não só ao cliente de saúde que engloba o paciente, familiares e visitantes, como 27 também aos funcionários durante a jornada de trabalho. Mantém o foco na satisfação das necessidades dos pacientes, além das que estão ligadas à sua doença. Prima por vários aspectos acompanhando a cadeia do atendimento desde a entrada até a saída, na alta, como: integridade física, privacidade, individualidade e a qualidade no atendimento. Com isso, a administração da hotelaria hospitalar busca reunir ciência, tecnologia e humanização durante a hospitalização – sempre com foco na satisfação e segurança desse cliente. Pode-se ressaltar que, assim como a hotelaria não é sinônimo de luxo, também não pode ser encarada como uma simples troca de conceitos, o objetivo de suas diretrizes (em especial a humanização) é implantar novos valores à cultura institucional dos hospitais. Conceitos que apesar da subjetividade possa influenciar na postura de cada profissional, causando modificações e melhorias no clima organizacional, como no atendimento médico, no trato pessoal, nos serviços de apoio, no aspecto físico, etc. 2.2.2- A contribuição da Hotelaria para a Acreditação Hospitalar Conforme Falconi (2004 p. 13), descrevendo sobre qualidade que faz ponte com a proposta da acreditação hospitalar, descreve: O objetivo principal de uma empresa (sua sobrevivência por meio da satisfação das necessidades das pessoas) pode ser atingido pela prática do Controle da Qualidade Total). [...] atende aos objetivos da empresa [...] por ter as seguintes características básicas: a- [...]reconhecimento das necessidades [...] estabelece padrões para o atendimento dessas necessidades. b- [...] visa manter os padrões [...] c- [...] visa melhorar (continuamente) [...] A Acreditação é um processo que visa a qualidade, através de revisão que permitem que as instituições de saúde demonstrem sua capacidade de atender aos padrões regulamentares que uma organização de acreditação reconhecida estabelece. A entidade acreditadora busca demonstrar através de seu selo o maior padrão e nível de desenvolvimento no atendimento ao cliente de saúde que a instituição pode alcançar. 28 Quando uma instituição de saúde recebe a Certificação Hospitalar, significa que nela existem padrões de qualidade a que ela se propôs voluntariamente a seguir. A certificação não garante por si só essa qualidade, trata-se na verdade de um processo contínuo de produção e melhoria se atendimento médico-hospitalar. (GODOI, p.94 2004) A Hotelaria Hospitalar contribui efetivamente para acreditação de uma instituição hospitalar quando verificamos em seus conceitos básicos, princípios que norteiam também as diretrizes da acreditação. Os princípios da acreditação basicamente são a melhoria continua através de processos padronizados, promoção de boas práticas, qualidade como conceito de forma integrada a cultura da instituição com foco no cliente e sua segurança. Falando em prestação de serviço propriamente é necessário considerar que hoje, o consumidor é mais exigente por causa de uma transformação gradual do mercado [...] As ações da qualidade voltadas para esse segmento motivaram revoluções sociocomportametais no próprio consumidor. (BOEGER, p.2, 2011) A Hotelaria Hospitalar tem como fundamentos a abordagem humanizada, voltada plenamente para o cliente, com práticas de serviços que promovam o bem-estar, o conforto e a segurança. Assim, para a obtenção de um selo de qualidade, em uma das entidades acreditadoras, o hospital terá maior chance se tiver um serviço de Hotelaria Hospitalar. [...] o cliente de saúde está, cada vez, mais ciente de que a tecnologia e o conhecimento técnico e cientifico estão praticamente ao alcance de todos [...] não mais procura somente pelos benefícios dos serviços de saúde, ele prima também, e muito, pelas vantagens que lhes são oferecidas e que são caracterizadas pelo respeito e solidariedade a seu estado físico e emocional. (TARABOULSI, p.2, 2009) Quando se trata de investir em qualidade na saúde, investe-se na verdade na vida. A qualidade nos serviços de saúde envolve uma correta adequação de todos os serviços prestados às necessidades que o paciente apresenta, superando suas expectativas. Envolve basicamente a satisfação das necessidades do paciente, sendo algo intangível de difícil percepção por outrem. (GODOI, p.85 , 2008) As ações da Hotelaria não têm cunho curativo nem terapêutico, contudo, proporcionam ao pacienteconforto, bem-estar e segurança levando a aceleração de sua recuperação, objetivo de 29 todos: instituição, corpo assistencial, pacientes e familiares. Com essas ações busca-se minimizar a sensação de mal-estar normalmente vivida pelos pacientes dentro das instituições hospitalares. Uma equipe composta apor profissionais capacitados, processos bem estruturados e padronizados, gestão da satisfação do cliente, produtos de qualidade, atenção humanizada e comunicação efetiva é fundamental para alcançar os padrões de qualidade que os selos de certificação de acreditação como a ONA (Organização Nacional de Acreditação), Joint Commission Internacional, NIAHO – Acreditação Nacional Integrada para Organizações de Saúde, Accreditation Canada, entre outras, propõem. Uma outra forma de contribuir para a certificação da instituição hospitalar é a avaliação dos serviços por meio de um SLA (Service Level Agreement) ou Acordos de Níveis de Serviço. Essa medida mede e avalia a qualidade de serviços executados. É um tipo de contrato, nesse estilo formado entre o Setor de Hotelaria e os setores clientes, definindo o padrão da entrega. Acompanha, dentro de um período os resultados para cada item acordado, analisando com o esperado e atuando nas melhorias necessárias conforme anomalias que possam apresentar, elaborando planos de ações e medidas de barreira e contenção da falha. A partir dos indicadores instituídos, a verificação periódica dará a gestão o poder da melhor decisão, da adequação rápida e da visibilidade da produção, conforme o tipo ferramenta. 2.2.3 Serviços da Hotelaria Hospitalar As duas atividades, de hotelaria e hospitalar, tem muitas coisas em comum; portanto, por causa dessa semelhança, vários serviços de hotelaria, já existente no ambiente hospitalar, podem ser perfeitamente adaptados à atividade hospitalar – recepção, lavanderia, limpeza -, assim como implantados outros que possam melhorar e dinamizar o atendimento – serviço de mensageiro, governança, camareiras- e, dependendo do porte da instituição, serviços mais sofisticados como room service e departamento de eventos[...] (TARABOULSI, p.32, 2009) A hotelaria hospitalar abrange toda a parte operacional de suporte ao corpo assistencial que atende ao cliente. Como suporte, um dos serviços mais importantes, permeia toda a cadeia do 30 profissional da hotelaria, é a hospitalidade. Seja no conhecimento holístico da instituição, para responder ao cliente de forma assertiva quanto as rotinas da organização, seja com um SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) para acolhimento as dúvidas e insatisfações, sem dúvida é um, se não o principal serviço prestado por essa equipe. Higiene do ambiente é outro serviço fundamental, que infelizmente em algumas instituições passam a percepção de ser este o único serviço, resumindo a hotelaria em “serviço de limpeza”. Certamente é de fundamental importância a equipe de higienização visto que é considerada como a “primeira barreira contra a infecção”. O serviço de higienização caminha em parceria cadenciada com o serviço de CIH (Controle de Infecção Hospitalar), não só praticam a higienização como a desinfecção de superfícies, com técnicas validadas, produtos específicos e aprovados pelos órgãos competentes como também com equipamentos especializados. Na atualidade, os funcionários que compõem este grupo já não são mais apenas faxineiros. São pessoas que precisam de um certo conhecimento técnico para a práticas das tarefas técnicas, para obtenção de resultado satisfatório, não só quanto a limpeza, propriamente dita, mas como na desinfecção dos ambientes e conservação. Dessa forma o setor pode garantir um ambiente limpo e seguro, contribuindo para a segurança do paciente, além da satisfação, bem-estar e conforto. Nota-se um certo crescimento nos cursos de capacitação técnica na área de limpeza hospitalar mais ainda tímido. Um outro aspecto é que nem sempre o perfil desses candidatos possui recurso financeiro para custearem esse tipo de investimento, ou visão de crescimento na área. Paisagismo é outro serviço ligado a hotelaria, tanto quanto a ambientação. Trata-se da preocupação com a estética do ambiente, cuidando das plantas e jardins, proporcionando não só para o cliente externo – pacientes, familiares e visitantes-, mas para os colaboradores que se sentem confortáveis em ambiente agradável, tratado, organizado e acolhedor. O controle do enxoval também é um serviço de responsabilidade da hotelaria, seja através de lavanderia própria, que demanda todo um treinamento especifico, com técnicas e legislações especificas, seja com a terceirização do serviço, onde deverá existir o gerenciamento continuo do contrato. É uma área extremamente complexa, de alto custo e de difícil coordenação, mas 31 que, com lideranças capacitadas, acompanhamento e padronização é possível controlar os custos e oferecer qualidade ao cliente. Esse item impacta fortemente na percepção do cliente, não só por suas peças, mas pelo serviço de abastecimento. Incluído no enxoval estão também os uniformes que demanda esforço, atenção e conhecimento desde a escolha e aquisição, passando pelo controle de entrega e recolhimento, como também pelo cuidado e fiscalização. A manutenção é outro setor que compõe ou agrega a hotelaria. Os profissionais da manutenção com perfil generalista, ou em alguns casos, especialistas, como eletricistas, bombeiros hidráulicos, marceneiros entre outros, trabalham diretamente com as camareiras nas resoluções dos mais diversos problemas de estrutura que possa surgir, oferecendo ao cliente rápida resolução de um problema ou nas ações preventivas, fora da vista dos clientes. O Serviço de Governança ou de Camareiras é a ponte entre o paciente e a instituição. Com perfil de gentileza, mansidão e assertividade esse grupo está diariamente ligados ao paciente, seja no gerenciamento da limpeza concorrente (diária), seja no controle da limpeza terminal (na alta do paciente) e liberação do aposento, seja no abastecimento de enxoval, essa profissional está 12 horas por plantão ao dispor do cliente para servi-lo em suas necessidades, promovendo o bem-estar, conforto, segurança e satisfação. O departamento de governança tem sido um dos grandes desafios dos administradores da área hoteleira, não só pela dificuldade de encontrar profissionais competentes no mercado, mas também pela difícil missão de imprimir à empresa hoteleira uma cara peculiar que a distingue das demais e que somente a atuação correta e inteligente desse departamento é capaz de concretiza-la (TARABOULSI, p.108, 2009). Basicamente esses são os serviços que todo o setor de hotelaria oferece em um hospital. Porém, outros mais agregam o setor, como: recepções, engenharia clínica e segurança, SND (Serviço de Nutrição e Dietética), sendo alguns poucos hospitais que entendem e reúnem na gestão da hotelaria essas áreas, apesar da literatura defender esse formato. “Os serviços de hotelaria que devemos implantar e adaptar ao ambiente hospitalar precisam ser identificados;para isso, há a necessidade de lhes dar identidade própria, para que possam ser distinguidos dos demais serviços hospitalares, ocupando seu espaço no organograma 32 geral e, consequentemente, serem percebidos pelos clientes de saúde. (TARABOULSI, p.37, 2009).” 2.2.4 Perfil dos profissionais de Hotelaria Hotelaria Hospitalar é uma proposta que busca um novo perfil do profissional de saúde. Portanto, não há mão de obra especializada para atuar nos serviços de hotelaria a serem introduzidos no ambiente hospitalar. (TARABOULSI, p.37, 2009). Os profissionais que atuam nesta área ainda não possuem o perfil esperado, considerando o grau de qualidade que se pretende alcançar quando descrevemos os objetivos desse setor. Isso por que culturalmente a atividade de limpeza, era de responsabilidade da enfermagem. Quando a enfermagem gradualmente deixa essa tarefa quem começa a executa-las são faxineiras, chamadas de “tias”, sem treinamento ou conhecimento algum. Ainda hoje é comum ouvirmos um colaborador se referirem ao ASG chamando-a de “tia da limpeza”. Assim foi desenhado o estereótipo das pessoas que atuam na limpeza. Mesmo hoje o nível intelectual e cultural desse grupo é muito limitado, e ocupam os cargos de ASG, Camareiras, Aux. Manutenção, normalmente são pessoas que não tiveram chance de se escolarizarem, e se encontram em idade madura, sem perspectiva de futuro, enxergam nessa área a única possibilidade de inclusão no mercado de trabalho. Compõem-se de donas de casa, mães solteiras, homens sem profissão. A remuneração é baixa, contribuindo para o perfil do cargo inferior. Fica sob responsabilidade da instituição desenvolver essas pessoas se quiserem que a equipe faça uma entrega de qualidade ao cliente, elevando o valor da marca em suas muitas tarefas diárias. Infelizmente a realidade cotidiana mostra que, tendo se especializado, com conhecimento básico nas técnicas e com um tempo de experiência, esse colaborador migra para outra instituição hospitalar por pequena diferença financeira, o que eleva e muito o custo desses treinamentos. Conforme Taraboulsi (2009) é mister o investimento em treinamento para a adequada adaptação à atividade hospitalar quando da contratação de profissionais de hotelaria. 33 Uma política de treinamentos movida pelo RH pode ajudar a desenvolver e reter esses talentos, como diz Peter Druck “o ser humano não é trabalhado, mas sim desenvolvido”, contribuindo para a retenção da prática, aperfeiçoamento e dinamismo, trazendo confiança e eficiência para a liderança nas ações estratégicas, releitura dos processos, acompanhamento de indicadores e segurança. Mas é um trabalho árduo, que necessita de muita visão da alta gestão, investimento e comprometimento das lideranças. Ainda assim, não é garantido cem por cento de retorno, pois o mercado atrai o profissional, e quanto melhor treinado e preparado esse profissional da operação, mais interessante pode se tornar para uma instituição de alto nível. Vale retomar o quanto a área de limpeza, governança, conservação se torna importante na ótica da Hotelaria Hospitalar considerando o quanto esse profissional está próximo do cliente e por tanto tempo. Se não estiverem desempenhando suas tarefas dentro das técnicas, com seu comportamento adequado, suas atitudes pró ativas e polidas, dentro da visão da humanização e segurança do paciente pode-se calcular quão grandes são a possibilidade de falha na entrega do serviço. Com a baixa oferta no mercado de formação de cursos especializados, resta as instituições hospitalares buscar profissionais “prontos”, forjados pelo experiência do aprendizado da pratica, em outras organizações de saúde, na maioria das vezes de porte menor. No ambiente hospitalar o profissional precisa ter a sensibilidade de perceber a diferença desse cliente de saúde, em seu estado, em sua debilidade, deve saber se colocar, nos seus movimentos, no silencio das ações, que se comporte com elegância, educação, demonstre sentimentos. Atitudes como cumprimentar os clientes, os pacientes acamados, seus familiares e visitantes, pedindo licença para executar seu trabalho. Saber o valor do respeito, em relação ao momento do cliente, condições e privacidade, assim como os demais clientes internos. Em meio a tanta preocupação, um dos mais importantes atores deste cenário foi esquecido: o cliente de saúde (o doente, seus familiares, visitantes) como um ser circunstancialmente fragilizado, um ser constituído de sentimentos, emoções, vontades e desejos, com perspectivas confusas, necessitando de respeito, atenção e carinho. (TARABOULSI, p.37, 2009) Especificamente a equipe de serviço de higiene e limpeza apresenta uma acentuada dificuldade para gestão, apresentando alta complexibilidade, tendo como principal fator o alto 34 índice de turnover. Silvana Torres (2008) ressalta que, embora sabido que o salário não é o único fator motivacional, em muitos casos é o que determina a rotatividade neste serviço. Com foco no futuro, o setor de hotelaria hospitalar é o caminho para as instituições evoluam fazendo frente à concorrência e mostrando diferencial. Contudo é preciso cautela, tendo cuidado quanto aos recursos humanos para que todo investimento na modernização da infraestrutura, destacando a arquitetura, aparelhos e tecnologias não seja desperdiçado com a atuação desnivelada do atendimento ao cliente. 35 2.3 CAPITULO 3- BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO 2.3.1 A falta e a falha na comunicação – motivos e consequências – no setor de hotelaria hospitalar Segundo Shermerhorn (1991, p. 251), a comunicação organizacional é o processo específico pelo qual a informação se movimenta dentro de uma organização, e entre a organização e seu ambiente. Falhas de comunicação tem sido um dos principais fatores que contribuem para a ocorrência de eventos adversos e, consequentemente, diminuição da qualidade dos cuidados (ARAUJO et al., 2017; DUARTE; BOECK, 2015). Importante lembrar que as falhas na comunicação incluem a falta da comunicação, a comunicação errônea ou incompleta ou ainda o não entendimento do que se quer comunicar. A comunicação efetiva não somente reduz os erros, como também aumenta a satisfação dos pacientes e sua aderência às recomendações dadas. A comunicação trata-se da troca de informações entre um indivíduo e outro, essa informação deve ser passada de forma que o outro entenda o que se quer dizer. Caso isso não ocorra, se trata de uma comunicação com ruídos, mal feita ou sem o devido cuidado. (ANDRADE, 2001) Devido ao alto grau de complexibilidade do fenômeno da comunicação, conforme exposto nos capítulos acima, muitas podem ser as interferências, ou barreiras que impedem a emissão ou o entendimento da mensagem. Nesse processo dinâmico que é a comunicação, as barreiras podem estar no emissor, no canal, na própria mensagem ou mesmo no receptor. Ainda podem estar na ausência da mensagem, interrompendo o fluxo de um processo que irá gerar falha no final. Segundo Goldhaber apud Kunsch (1997, p.68): 36 Acomunicação organizacional é considerada como um processo dinâmico por meio do qual as organizações se relacionam com o meio ambiente e por meio do qual as subpartes da organização se conectam entre si. Por conseguinte, a comunicação organizacional pode ser vista como fluxo de mensagens dentro de uma rede de relações interdependentes. Robbins (1998) defende que a mensagem decodificada pelo receptor muito dificilmente é a mensagem exata que o emissor enviou. Se consideramos que, dentro do ambiente hospitalar interagem diversas categorias, com alto grau de complexibilidade e de diversidade técnica, cultural e social, sendo o setor de hotelaria hospitalar o serviço base operacional, pode-se verificar a facilidade de ocorrer falha no processo de comunicação. Falhas essas que comprometem a qualidade do serviço oferecido ao cliente de saúde. Tais falhas de comunicação podem ocorrer nos serviços oferecidos pelo setor de hotelaria hospitalar ao cliente de saúde em várias situações , como: na limpeza concorrente no quarto do paciente, feita diariamente, em vários períodos do dia, realizado normalmente pelo Auxiliar de Serviços Gerais; na arrumação do aposento hospitalar, quarto ou enfermaria, executado pela camareira, que também assiste o cliente em suas dúvidas quanto as rotinas básicas da instituição, bem como no funcionamento do aposento, seja no manejo do leito, controle da tv, mecanismos do chuveiro, acionamento das cortinas, abastecimento de insumos, e etc.; na manutenção emergencial de algum equipamento ou mobiliário do quarto do cliente; na liberação do leito quando da internação do paciente; na transferência interna, de setores críticos como o CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e CTIIN (Centro de Tratamento Intensivo Infantil) para Unidades de Internação (acomodações de quarto ou enfermaria), ou ainda semi-intensivas; na guarda e devolução de objetos perdidos ou esquecidos, operação das camareiras, e em muito mais situações cotidianas desse ambiente. Para Robbins, Judge e Sobral (2010) quanto maior o número de níveis verticais na hierarquia da organização, que é o cenário da instituição hospitalar, mais oportunidades existem para a ocorrência da “filtragem”, que é a manipulação da informação pelo emissor, com o objetivo de fazer com que a informação alcance o receptor de forma mais favorável. Igualmente como descrito com o cliente de saúde, as mesmas falhas de comunicação podem acontecer no relacionamento intersetorial: do setor de hotelaria com, principalmente, os 37 setores de enfermagem e internação, seus clientes internos e externos mas também setores administrativos, médicos e demais. As diferenças hierárquicas, e conflitos diante dos muitos fluxos que se cruzam, influenciam no modo como a comunicação acontece, levando as equipes atuarem em paralelo, ao invés da ação em sincronia, com foco no cliente. O desnível das categorias implicam em dificuldade de vocabulário, expressão e conhecimento. O poder decisório concentrado no topo do organograma e os diversos níveis hierárquicos dificultam, muitas vezes, o fluxo da comunicação e informação. Também o clima de angustia e dor, gerado pela própria natureza da instituição, que atingem aos colaboradores, certamente, somam as barreiras da comunicação. Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 343), afirmam que: “Você pode interpretar a mesma mensagem de uma forma, caso esteja aborrecido ou distraído, e de outra, caso esteja feliz. Os estados emocionais mais extremos, como a euforia ou depressão, oferecem maior probabilidade de impedir a comunicação eficaz. Nessas situações, tendemos a deixar de lado a racionalidade e objetividade para dar lugar apenas às emoções.” Cohen e Fink (2003) ressaltam que as palavras muitas vezes imprecisas, adquirem diversos significados e ainda podem ser carregadas de emoção que influencia a comunicação, por despertar associações e respostas emocionais. Ainda sobre as falhas dentro da equipe de hotelaria elas podem ocorrer: da rouparia satélite com a rouparia central, da governança com a equipe de ASGs, da manutenção com a equipe de camareiras, da supervisão/gestão com a equipe. Dessa forma, verifica-se intenso cruzamento de processos de comunicação com muitas possibilidades de falhas, que só podem ser minimizadas com o conhecimento sobre o assunto e reconhecimento da importância e complexibilidade do fenômeno. Uma outra barreira se identifica quando consideramos que o ato de se comunicar não está encerrado apenas em palavras, mas também no tom da voz, gestos, expressões faciais, que carregam em si o estado mental das pessoas, que pode levar a alteração da mensagem. 38 Autores como Robbins, Judge e Sobral (2010), consideram o contexto cultural e referem-se ao alto contexto, onde a comunicação depende do contexto em que está inserida, utilizando-se de indícios não verbais e sinais sutis. Em alguns países, principalmente os da América Latina, como é o caso do Brasil, onde as pessoas utilizam amplamente os indícios não verbais e sinais em sua comunicação. O status oficial de uma pessoa, seu lugar na sociedade (ou no organograma) tem peso considerável. O que não é dito pode ser mais significativo do que aquilo que é dito. Falam ainda de cultura de baixo contexto, aquelas em que a comunicação depende pouco ou muito pouco do contexto, onde o conteúdo da mensagem transmitida é objetivo e explícito: A Europa e a América do Norte, por sua vez, refletem suas culturas de baixo contexto. Contam essencialmente com as palavras orais e escritas para transmitir suas mensagens. A linguagem corporal e o status social são secundários. Assim, o que claramente se observa é que o contexto possui muito significado, e sendo a cultura de alto contexto (como a nossa) é necessário muita confiança entre os interlocutores. A segurança do paciente depende do trabalho em equipe e é melhorada apenas quando a informação é compartilhada (SALAS et al 2003). Seja intra ou intersetorial, a comunicação necessita fluir entre os indivíduos de forma a compartilhar da forma mais ampla, gerando segurança nos serviços oferecidos, sejam eles assistenciais ou de apoio. Apesar da importância da hotelaria hospitalar na contribuição da atividade curativa do paciente, há poucas publicações sobre o tema, demandando mais estudos sobre a influência da qualidade da hotelaria hospitalar no processo de cura do paciente ou do serviço prestado porém, diante do exposto, exemplifica-se abaixo algumas falhas comuns, conforme a função, em que a qualidade do serviço da hotelaria ao cliente fica comprometida: ASG- Auxiliares de Serviço Gerais – Atuantes na limpeza (higienização e desinfecção) ● O aposento não foi devidamente higienizado por falta de entendimento do funcionário quanto a ordem recebida; 39 ● O funcionário da higienização que não compreende bem o treinamento e mantem contato da luva com superfícies no aposento do cliente; ● Falha no processo de limpeza por não compreensão da importância das técnicas ensinadas; ● Limpeza ineficaz de matéria orgânica gerando possibilidade de contaminação,com comprometimento da imagem da instituição pelo cliente, além da sua insatisfação; ● Falha no processo de finalização da limpeza, por falta de treinamento ou de entendimento, ou ainda de importância, deixando o piso úmido, podendo acarretar na queda do paciente, gerando dano a ele, aumento de custo para instituição, percepção da falta de qualidade e desacreditando os processos; ● Entrega de informação sigilosa da empresa ao paciente, podendo causar escândalo, transferência, e até mesmo ação jurídica; ● Limpeza terminal em leito fora da prioridade da internação gerando demora desnecessária na liberação do leito e consequente atraso da admissão do paciente no leito; Quando um paciente está internado, ele tem maior contato com a equipe de higienização que realiza todo o procedimento de limpeza nos quartos e com a equipe de enfermagem que realiza as trocas de roupas de cama de pacientes e acompanhantes, pois muitas vezes o paciente não pode se retirar do quarto onde está para que as limpezas de rotina sejam realizadas, por isso é fundamental que o profissional conduza suas atividades de forma que não venha atrapalhar o descanso do paciente e trate-o da melhor maneira possível CAMAREIRAS ● Liberação do número errado do quarto para o setor de internação, causando constrangimento e atraso; ● Entrega de enxoval na acomodação errada, por não entender a mensagem da colega; ● Falta de abastecimento de enxoval em determinado setor por não ler o livro de ocorrência, perdendo a informação do plantão anterior; 40 O setor de governança, com as camareiras, assim como no hotel, abrange a maior área física do empreendimento: apartamentos, corredores, área social e algumas áreas operacionais de andares, lavanderia, higiene e limpeza. A camareira, assim como no hotel, é responsável pela arrumação e higienização das unidades de internação e das áreas físicas hospitalares, sendo que no hospital a camareira exerce suas funções em contato direto com o paciente, pois o paciente permanece na cama a maior parte do tempo. MANUTENÇÃO ● Entrada em acomodação errada por não entendimento da ordem; ● Conversa particular e/ou em tom alto, causando desconforto ao cliente que necessita de silencio para sua recuperação; AUX ROUPARIA ● Estocagem de roupa inadequada, impedindo a rápida visualização do estoque, causando erro no abastecimento para o paciente, com falta ou limitação de enxoval; ● Atraso no abastecimento por falha no rádio de comunicação, não buscando confirmar por outros meios a informação, atrasando todo o processo de abastecimento do dia; ● Atraso em cirurgia pela não identificação dos tamanhos de pijamas cirúrgicos, levando a equipe médica a aguardar reabastecimento para iniciar seus processos; Também alguns exemplos comum de falhas na comunicação intersetorial: ● Enfermagem não comunica a hotelaria que determinado paciente em acomodação será transferido para CTI após cirurgia, permanecendo o aposento do paciente fechado, sem higienização, ou ainda, pode aparecer livre para o setor de internação, que direcionará novo cliente, causando confusão, constrangimento, atraso e notificação; ● Camareira não sinaliza para enfermagem que haverá atraso de abastecimento causando transtorno, confusão e atraso de banhos, com insatisfação do cliente; ● Internação não informa a idade do paciente levando a camareira a liberar acomodação inadequada, atrasando a admissão do paciente no leito, espera desnecessária, insatisfação do cliente; 41 ● Camareira não sinaliza para a internação a liberação do leito já higienizado causando atraso na admissão do paciente; ● Administração não comunica corretamente o início de obra em setor do hospital, levando a reclamação dos pacientes sem que a camareira tenha informações precisas para justificar; ● Manutenção esquece de avisar a finalização do serviço, ficando o quarto interditados em necessidade por tempo indeterminado, gerando diminuição da oferta de leito naquele dia; Esses poucos exemplos são vividos diariamente em muitas instituições hospitalares. No círculo familiar ou de amigos pode-se facilmente encontrar exemplos de ocorrências semelhantes. Nos casos citados, e certamente nos muitos mais semelhantes, se não houvesse a barreira na comunicação, certamente o fluxo do serviço seguiria corretamente, sendo o cliente atendido correta e completamente e, sua necessidade. Em outras palavras o serviço seria entregue com eficiência e eficácia. Comprova-se que a hotelaria do hospital estava desempenhando seus serviços priorizando o paciente e acompanhante, pois são eles, juntamente com os clientes internos (demais servidores) que irão receber pelos serviços de rouparia, alimentação e limpeza das áreas do hospital. Por ser as barreiras na comunicação mais comuns que se podem pensar, prejudiciais, tão preocupantes em se tratando de área da saúde, que a comunicação é uma das 6 metas internacionais de segurança do paciente: MELHORAR A COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE. A comunicação entre os profissionais de saúde envolvidos no cuidado deve ser clara e efetiva, para que não comprometa nenhuma etapa da assistência. Falhas na comunicação podem causar sérios danos ao paciente. Ao fazer um relato verbal, escrito ou por telefone, o profissional precisa se certificar de que o outro o compreendeu e registrou a informação da forma certa. Os registros e a passagem de plantão devem ser de fácil leitura e compreensíveis (PNSP – Programa Nacional de Segurança do Paciente). 42 43 Não é possível falar sobre segurança em saúde sem se referir à qualidade da interação e da comunicação entre os responsáveis pelo cuidado (Santos et al. 2010), e aqui integra-se ao cuidado o bem estar e o conforto As barreiras no processo comunicacional são obstáculos que geram grande perda na qualidade dos serviços como um todo. Cabe as lideranças conhecer bem esse fenômeno para ser um facilitador dentro da instituição e minimizar assim os efeitos das barreiras da comunicação para que flua entre a equipe da melhor maneira possível. A boa circulação comunicacional é fator fundamental e determinante para o sucesso de qualquer serviço ou setor, e em se tratando da hotelaria hospitalar mais ainda, por ser formada de pessoas muito diferentes entre si, com limitações ainda muito presentes, que interagem dentro da própria equipe, e entre as demais que compõem o corpo funcional do hospital. Relacionam-se constante e initerruptamente, em prol do cliente que tem o seu bem maior afetado, isto é, o cliente que vem em busca da restauração de sua saúde. 2.3.2 Ações de prevenção contra a comunicação ineficaz A comunicação ineficaz e as falhas relacionadas à comunicação entre diferentes níveis hierárquicos se apresentam como oportunidades de melhoria em qualquer hospital, seja público ou privado. Trabalhar a comunicação nessas relações implica em rompimento de barreiras de poder, compartilhar conhecimento e decisões, transferir o foco do profissional ao paciente e transformar o saber individual em coletivo (CASTELLS, 2009).