Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CLINICA MÉDICA INTEGRADA – DOENÇAS BOLHOSAS – DR. HERON – 01/03/2021 · Sobre o caso: - mulher de 55 anos - hipertensa - passou por estresses emocionais - tem manchas vermelhas pela pele - muita coceira - queimação intensa - lesões elevadas - bolhas superficiais - tomava antidepressivos - bolhas e vesículas flácidas no tórax e braço esquerdo - eritema - descamação - sem lesão na mucosa - sinal de Nikolsky positivo · Quando se trata de doenças dermatológicas, devem ser classificadas por etapas: 1. Grupo de lesões elementares 2. Lesões elementares 3. Lesão elementar predominante 4. Grupo sindrômico · Inicialmente, analisa-se o grupo de lesões elementares: - coleções liquidas - formações solidas - alteração da cor - alteração da espessura - perda tecidual - elevações edematosas · Se paciente possui coleções liquidas, por exemplo, podem ser: - vesículas - bolhas - pústulas - hematomas · Segundamente, analisar quais as lesões que o paciente apresenta · Terceiramente, ver qual a lesão que predomina – o que leva à quarta etapa: ver qual o grupo sindrômico: - eritema + escamação – síndrome eritema-descamoso - vesícula + bolhas – doenças vesico-bolhosas - pápulas + prurido – erupções papulo-pruriginosas · A partir do grupo sindrômico, chega-se em quais as doenças que o compõe – ver semelhanças e diferenças com a paciente – chega ao diagnostico ou prováveis diagnósticos · Às vezes, chega-se ao diagnostico com recursos auxiliares, como exames complementares. Outras vezes, o diagnostico clinico já é o suficiente · Paciente apresenta: - vesículas e bolhas flácidas – coleções liquidas - eritema – alteração da cor - descamação e exulceração – perda tecidual · Deve-se analisar quais as lesões primarias e quais as secundarias · Exemplo: se uma bolha ou vesícula se rompe, pode se ter uma exulceração – exulceração é uma lesão secundaria – ocorre decorrente de uma lesão primaria · No caso da paciente, eritema, descamação e exulceração são lesões secundarias – bolhas e vesículas são lesões primarias · No caso: - grupo de lesões elementares – coleções liquidas - lesões elementares – vesículas, bolhas, eritema, descamação, exulceração - lesões elementares predominantes – vesículas e bolhas - grupo sindrômico – doenças vesico-bolhosas · Doenças vesico-bolhosas: - pênfigo foliáceo - pênfigo vulgar - penfigoide bolhoso - dermatite herpetiforme - pênfigo vegetante PÊNFIGO FOLIÁCEO ENDÊMICO · Também chamado de fogo selvagem · Prevalência grande em países periféricos ao Brasil: Bolívia, Peru, Paraguai · No Brasil, a prevalência são nos estados do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, São Paulo · Acomete pacientes jovens e tem estudos que mostram casos familiares (fator genético) · Não acomete as mucosas · Apresenta vesículas e bolhas flácidas – se rompem facilmente – evoluem para exulceração · Presença de eritema e descamação · Apresenta uma forma frusta que lembra uma dermatite seborreica, que compromete principalmente a face, o tronco, principalmente na região esternal, formando um triangulo na região anterior e um na região posterior do tronco · Sinal de Nikolsky positivo – desliza o dedo indicador próximo a uma lesão e a pele vai junto com o movimento do dedo – não é sinal patognômico, pois não tem apenas nos pênfigos – ajuda no diagnóstico e no segmento do paciente – frequente no pênfigo foliáceo e no pênfigo vulgar · No tratamento, ocorre uma regressão do medicamento até que o sinal se torne negativo · Doença de Cazenave – não endêmico – acomete indivíduos mais velhos · Não se faz diagnostico sem a biopsia · Histopatologia: - apresenta células inflamatórias e células soltas (acantoliticas) - bolhas encontradas abaixo da camada córnea – intraepitelial e subcornea – faz o diagnostico - no teto da bolha, só há a camada córnea – espessura fina – se enche de liquido e estoura – forma exulceração - a mucosa de revestimento é não queratinizada – gengiva e palato duro – a bolha é subcornea, logo, como não há camada córnea, não tem comprometimento da mucosa oral PÊNFIGO VULGAR · Há bolhas e vesículas flácidas e tensas – se rompem formando grandes exulcerações, que podem ser semelhantes a um grande queimado · Gravidade maior do que o pênfigo foliáceo · Possui sinal de Nikolsky positivo · Comprometimento de pele e mucosas · Paciente começa com comprometimento de mucosas (quadro inespecífico) de longa data – pode ter outros diagnósticos, como estomatite aftosa recorrente (afta) · É extremamente raro de se encontrar bolhas intactas na mucosa oral – atrito que o alimento causa · Histopatologia – bolhas suprabasal – acima da camada basal · Imunofluorescência direta – faz quando o diagnostico não sai com o exame histopatológico – feito para identificar os anticorpos – é observado IgG, C3 em 80-95% dos casos · O exame histopatológico, quando feito na mucosa oral, acaba não dando diagnostico PÊNFIGO VEGETANTE · É uma variante benigna do pênfigo vulgar – tem uma evolução melhor · Se inicia nas mucosas, geralmente na bucal, e em dobras como axilas, inguinal e na região genital · As vesículas/ bolhas se rompem e assumem um aspecto vegetante, de couve-flor, e verrugosidades · Apresenta superfície queratózica – branco-amarelada e áspera · Diagnostico feito com biopsia – histopatologia exatamente igual ao do pênfigo vulgar PENFIGÓIDE BOLHOSO · Possui vesículas e bolhas tensas · Bolhas também se rompem e formam exulcerações · Bolhas podem ser mais profundas e formar ulcerações · Qualquer parte do corpo pode ser acometida · Acomete pacientes mais velhos – geralmente acima de 60 anos · Lembrar da possibilidade de síndromes para-neoplásicas – paralelo a uma neoplasia – junto ao quadro de penfigoide bolhoso pode vir acompanhado de uma neoplasia sistêmica · Pode anteceder a expressão de uma neoplasia até 10 anos – paciente deve manter um acompanhamento por longa data · Histopatologia: - teto da bolha é todo o tecido epitelial - bolha subepitelial - não acantolítica - acumulo de neutrófilos · Imunofluorescencia direta – presença de IgG e C3 na zona da membrana basal em 100% dos casos · Acantólise – quebra das pontes intercelulares que levam as células da camada espinhosa a ficarem soltas DERMATITE HERPETIFORME · Doença na pele que lembra Herpes · Vesículas e bolhas tensas – apresentação de buque de flores – são agrupadas · Não é curada com prednisona – se trata com sulfona – corticoides não têm efeito · Frequente em indivíduos adultos – 30 a 40 anos · Locais mais comuns são nas coxas, região escapular e região sacral – pode ter em qualquer região do corpo · Excepcionalmente afeta mucosa genital e mucosa bucal · Histopatologia: - o teto da bolha é formado pelo tecido epitelial – é subepitelial - não acantolitica - possui micro-abcessos de neutrófilos nas papilas · Imunofluorescencia – IgA na derme papilar e zona da membrana basal em 100% dos casos · Existe uma associação com a doença celíaca – uma intolerância a glúten · Tem que ser feito uma dieta com restrição ao glúten ERITEMA MULTIFORME OU POLIMORFO · Condição que se manifesta com vesículas e bolhas, entre outras lesões · Nos pênfigos verdadeiros, no penfigoide e na dermatite herpetiforme a etiologia é desconhecida · Possui etiologia conhecida – infecções urinaras, de garganta, respiratória, carie dentaria, sinusite, drogas ou medicamentos que o paciente possa ter ingerido até 28 dias antecedentes – se tiver maior número de eosinófilos, pode ser sugestivo de causa as drogas · Sempre que perguntar de remédio, deve-se perguntar a quantidade e quanto tempo toma · Lesões em alvo (eritema) e lesões palmo-plantares são muito frequentes · Menor gravidade da Síndrome de Stevens Johnson SOLUÇÃO DO CASO · Diagnostico – pênfigo foliáceo – doença de Cazenave · Tratamento – prednisona – 1mg por kg de peso · Quando o paciente entra em diminuição dos sintomas, deve-se contar mais um mês dessa data e regredir a quantidade de medicamento · Regressão: 60mg – 50mg – 40 mg – 30 mg · Apartir de 30 mg, a regressão fica mais devagar: 30 mg – 25 mg – 22,5 mg – 20 mg - ...
Compartilhar