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Patologia oral Prof. Giovanni Cerrone 1 Bibliografia: 2 NEVILLE, B.W.;ALLEN,C.M.; DAMM,D.D.;et al. Patologia Oral & Maxilofacial. 4ª Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 2 3 Variações da normalidade e defeitos do desenvolvimento da região oral e maxilofacial Fendas orofaciais Fenda Labial: -A fusão defeituosa do processo nasal mediano com o processo maxilar. 25% das Fendas orofaciais Fenda labial ou lábio leporino 5 Fendas orofaciais Fenda Palatina: - Falha na fusão das cristas palatinas 30% das Fendas orofaciais Fendas orofaciais Fenda Palatina associada a fenda labial - Falha na fusão das cristas palatinas e fusão defeituosa do processo nasal mediano com o processo maxilar. 45% das Fendas orofaciais Fendas orofaciais Etiologia desconhecida. 400 síndromes estão associadas. Vários genes estão relacionados Consumo de álcool materno aumenta o risco e tabagismo dobra a chance de fendas. Anticonvulsionantes (fenitoína) x 10. Suplementação com ácido fólico pode prevenir o desenvolvimento POR QUE OCORRE? Não há apenas uma causa para a ocorrência da fissura Interação de diversos genes associados a fatores ambientais Modelo conhecido como herança multifatorial Os fatores ambientais mais conhecidos que são de risco para as fissuras são: bebida alcoólica, cigarros e alguns medicamentos (como corticóides e anticonvulsivantes), principalmente quando utilizados no primeiro trimestre da gestação A ação destes fatores ambientais depende de uma predisposição genética do embrião (interação gene versus ambiente). Fendas orofaciais Prevalência 1/700 ou 1000 nascimentos FP + FL: 1,5x mais homem FL: 2x mais mulheres Fendas orofaciais A FP pode incluir palato duro e mole, só palato mole, ou somente a úvula bífida ( 1/80 nascimentos em brancos) Fendas orofaciais Tratamento: Multidisciplinar, cirúrgico com correção do lábio nos primeiros meses de vida Aconselhamento genético De 10 a 20% caso haja outros parentes de primeiro grau envolvidos Hoje, com o avanço das tecnologias de imaginologia, é possível identificar a ocorrência de fissura por exames de imagens no período pré-natal Fendas orofaciais 14 https://www.youtube.com/watch?v=xLjp1C_iiOg Grânulos de Fordyce Grânulos de Fordyce Variação anatômica assintomática São glândulas sebáceas ectópicas encontradas em mucosa oral ou genital -Pápulas branco amareladas -Afetam 80% da população -Não é necessário tratamento 17 18 Grânulos de Fordyce Principalmente: vermelhão do lábio e mucosa jugal Ocasionalmente: palato, gengiva e língua Aspecto clínico: pápulas amareladas de 1 a 2 mm, pode haver formação de grupos de grânulos Não removíveis Diagnóstico: aspecto clínico (característica marcante) Tratamento: desnecessário Quando há grupos de grânulos no lábio, pode-se realizar a remoção cirúrgica por questões estéticas Lábio duplo Crescimento de tecido na mucosa labial Acomete principalmente o lábio superior Pode ser congênita ou adquirida ( sucção do lábio ou trauma) Tratamento: não necessário ou excisão cirúrgica em casos mais graves Lábio duplo Clinicamente, quando os lábios estão em repouso, nenhuma alteração é observada, no entanto, durante a fala ou quando o paciente sorri, percebe-se uma massa de tecido Essa anomalia apresenta-se assintomática e pode causar problemas funcionais como dificuldades na dicção e mastigação, além de ser esteticamente desagradável Lábio duplo 29 Leucoedema Condição hereditária Área esbranquiçada difusa na mucosa jugal bilateralmente Diagnóstico – manobra clínica: ao se distender a mucosa, desaparece quase totalmente, retomando sua coloração após o relaxamento. Fato que não ocorre com outras lesões brancas Não é patológico, não precisa de tratamento Mas pode ser confundido com outras lesões Diagnóstico diferencial: líquen plano e leucoplasia Leucoedema Leucoedema: manobra diagnóstica Mucosa relaxada: lesão branca difusa Mucosa distendida: alteração desaparece 34 35 Leucoedema Mais uma variação de normalidade do que uma doença. É comum na mucosa oral e de etiologia desconhecida. Pode aparecer na laringe e mucosa vaginal. Mais frequente em afro-descendentes ( 70 a 90% dos adultos e 50% em crianças) Em brancos 10 %. Mais prevalente em tabagistas. Anquiloglossia ( língua presa) Ocorre de 1,7 a 10,7% dos recém nascidos. Mais comum nos homens. Podem apresentar variações clínicas (casos leves sem significado clínico e casos de anquiloglossia completa. Pode contribuir para o desenvolvimento da mordida aberta anterior devido a incapacidade da língua chegar ao palato e formação de um padrão de deglutição anormal. Alteração do desenvolvimento da língua, caracterizada pelo freio lingual curto. Anquiloglossia ( língua presa) Frenectomia Remoção completa do freio Frenotomia Remoção parcial do freio 40 microglossia 41 microglossia A microglossia é uma alteração do desenvolvimento incomum, de etiologia desconhecida, caracterizada por uma língua anormalmente pequena Em casos raros, praticamente a língua inteira pode estar ausente (aglossia) Maioria dos casos relatados tem sido associada a um grupo de condições sobrepostas conhecidas como síndromes da hipogênese oro-mandibular-membros 42 43 Repercussão nas arcadas 44 Macroglossia 45 Macroglossia A macroglossia é uma condição incomum caracterizada pelo aumento da língua Esse aumento pode ser causado por diversas condições Malformações congênitas e doenças adquiridas As causas mais frequentes são as malformações vasculares e a hipertrofia muscular Apresentação pode variar de leve a grave A pressão da língua contra a mandíbula e os dentes pode produzir endentações na margem lateral da língua 46 47 48 49 Macroglossia Síndrome de Down Hipotireoidismo Amiloidose Tireoide lingual 50 Tireoide lingual Durante a terceira e quarta semanas de vida intrauterina, a tireoide começa a se desenvolver através da proliferação epitelial no assoalho do cordão faringiano Por volta da sétima semana de vida embrionária, o botão tireoidiano migra inferiormente para o pescoço Quando a glândula primitiva não migra normalmente, um tecido tireoidiano ectópico pode ser encontrado associado à língua 51 52 53 Lingua fissurada Hereditariedade e fatores ambientais podem contribuir. Profundidade de 2 a 6 mm das fissuras. Normalmente assintomática, mas pode haver discreta sensação de ardência. 2 a 5 % da população. Prevalência aumenta com a idade, maior no gênero masculino. Condição comum caracterizada pela presença de fissuras ou sulcos na superfície dorsal da língua Lingua fissurada Uma forte associação entre a língua fissurada e a língua geográfica tem sido encontrada, com vários pacientes apresentando ambas as condições A base hereditária também tem sido sugerida para a língua geográfica, e o(s) mesmo(s) gene(s) pode(m) estar relacionado(s) com as duas condições 55 56 57 Língua fissurada Hiperplasia das projeções epiteliais Perda dos “pelos de queratina” Presença de neutrófilos migrando para o epitélio. Características histopatológicas Língua pilosa Afeta 0,5% dos adultos. Tabagismo Deficiência de higienização Medicamentos que causam xerostomia Radioterapia na região de cabeça e pescoço. É mais comum na linha média anterior as papilas circunvaladas. Pode causar halitose É caracterizada pelo acúmulo acentuado de queratina mas papilas filiformes do dorso da língua. Resultando em uma aparência semelhante a pelos. Língua pilosa 61 Histologia Língua Saburrosa Acúmulo de células epiteliais e bactérias sem projeções filiformes semelhantes a pelos. Não confunda língua pilosa com leucoplasia pilosa Varicosidades ou varizes Veias anormalmente dilatadas e tortuosas. Não é necessário tratamento. Cuidado durante procedimentos cirúrgicos! 66 67 68 Exostoses ( Tórus) Exostoses (tórus palatino) São protuberâncias ósseas localizadas que surgemna cortical óssea. Podem atrapalhar a inserção de próteses e nestes casos está indicado a sua remoção cirúrgica. Afetam de 8 a 12 % dos pacientes adultos. 2 mulheres / 1 homem Altas chances de osteoradionecrose Exostoses ( tórus palatino e mandibular) Histologia: - Massa óssea cortical densa com pequena quantidade de osso medular. 72 73 74 75 76 77 78 Aspecto histológico : densa massa lamelar de osso cortical 79 PROGNATISMO Deformidade dento-esquelética, na qual a mandíbula encontra-se “projetada para frente” de forma inadequada, fato este que acarreta prejuízos do ponto de vista tanto estético quanto funcional para o portador. 81 Mordida aberta anterior 82 Crescimento vertical da maxila 83 84 Crescimento vertical da maxila 85 Topo a topo B Normal C Mordida cruzada A 86 Apinhamento Protrusão Mordida profunda Mordida Cruzada posterior Mordida Aberta anterior Mordida Cruzada anterior Assimetria Topo a topo 87 Mordida cruzada anterior 88 Mordida cruzada posterior https://www.youtube.com/watch?v=xKJDijshtqk 89 90 OUTRAS RARAS ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO SÍNDROME DE CROUZON (DISOSTOSE CRANIOFACIAL) A síndrome de Crouzon é uma condição de um grupo raro de síndromes, caracterizadas pela craniossinostose, ou fechamento prematuro de suturas cranianas Acredita-se que ela seja causada por uma variedade de mutações do gene receptor 2 do fator de crescimento fibroblástico (FGFR2) no cromossomo 10q26 Essa condição ocorre em aproximadamente 1 a cada 65.000 nascimentos, sendo de herança autossômica dominante Contudo, um número significativo de casos representa novas mutações, muitas vezes, aparentemente relacionadas à idade avançada do pai 91 Características clínicas A síndrome de Crouzon apresenta expressão muito variável O fechamento prematuro das suturas leva às malformações cranianas, como a braquicefalia (cabeça curta), escafocefalia (cabeça em forma de navio) ou trigonocefalia (cabeça de forma triangular). As órbitas são rasas, resultando na proptose ocular característica 92 93 Tratamento e prognóstico Os defeitos clínicos da síndrome de Crouzon podem ser tratados cirurgicamente, porém podem ser necessários múltiplos procedimentos A craniectomia precoce costuma ser necessária para aliviar o aumento da pressão intracraniana O avanço frontoorbital pode ser realizado para corrigir os defeitos oculares, e o avanço do terço médio da face para corrigir a hipoplasia de maxila 94 SÍNDROME DE APERT (ACROCEFALOSSINDACTILIA) Assim como a síndrome de Crouzon, a síndrome de Apert é uma condição rara caracterizada pela craniossinostose Ocorre em cerca de 1 a cada 65.000 nascimentos e é causada por um dos dois pontos de mutação no gene receptor 2 do fator de crescimento fibroblástico (FGFR2), localizado no cromossomo 10q26 Embora esta condição seja herdada de forma autossômica dominante, a maioria dos casos representa novas mutações esporádicas, as quais se acreditam que ocorram exclusivamente por origem paterna e, muitas vezes, associada à idade avançada do pai 95 Características Clínicas e Radiográficas Caracteristicamente, a craniossinostose produz acrobraquicefalia (crânio em forma de torre) O osso occipital é achatado, e a fronte apresenta uma aparência alta. A proptose ocular é um achado característico, associado a hipertelorismo e inclinação para baixo das fissuras palpebrais laterais Defeitos nos membros auxiliam a diferenciar a síndrome de Apert de outras síndromes com Craniossinostose A sindactilia do segundo, terceiro e quarto dedos das mãos e dos pés é sempre observada 96 97 98 99 Tratamento e Prognóstico Os defeitos estéticos e funcionais da síndrome de Apert podem ser tratados por uma abordagem interdisciplinar, utilizando-se múltiplos procedimentos cirúrgicos Embora essa condição tenha sido associada historicamente a retardo mental, intervenção cirúrgica precoce que permita o crescimento do crânio pode contribuir para um melhor desenvolvimento intelectual e social (evita o aumento da pressão intra-craniana) Muitas vezes, a craniectomia é realizada durante o primeiro ano de vida O tratamento ortodôntico costuma ser necessário para trazer os dentes inclusos ao seu local e melhorar a oclusão A cirurgia também pode ser utilizada para separar os dedos fusionados 100 DISOSTOSE MANDIBULOFACIAL (SÍNDROME DE TREACHER-COLLINS) A disostose mandibulofacial é uma síndrome rara, que se caracteriza principalmente por defeitos nas estruturas derivadas do primeiro e segundo arcos branquiais Condição hereditária, autossômica dominante e ocorre em aproximadamente 1 a cada 50.000 nascimentos A condição tem expressividade variável, e a gravidade dos seus achados clínicos tende a ser maior nas gerações subsequentes de uma mesma família Aproximadamente 60% dos casos representam novas mutações, e estas muitas vezes estão associadas à idade avançada do pai O gene para a disostose mandibulofacial (TCOF1) foi mapeado no cromossoma 5q32-q33.1 101 Características Clínicas e Radiográficas Os pacientes com disostose mandibulofacial exibem fácies característico (Fig. 1-86), embora os achados eventualmente sejam tão sutis que passem despercebidos Os ossos zigomáticos são hipoplásicos, resultando em uma face estreita com depressão das bochechas e inclinação oblíqua das fissuras palpebrais Em 75% dos pacientes, um coloboma, ou uma depressão, ocorre na parte externa da pálpebra inferior Aproximadamente metade dos pacientes não tem cílios próximos ao coloboma Muitas vezes, o cabelo mostra uma extensão em forma de língua na direção geniana 102 103 Características Clínicas e Radiográficas A mandíbula é hipoplásica, resultando em um queixo retraído. Muitas vezes, as radiografias demonstram hipoplasia dos côndilos e dos processos coronoides, com acentuada chanfradura antegonial A boca é voltada para baixo A fenda palatina é observada em aproximadamente um terço dos casos 104 Tratamento e Prognóstico Os pacientes com formas leves de disostose mandibulofacial não precisam de tratamento Nos casos mais graves, a aparência clínica pode ser melhorada pela cirurgia plástica Devido à extensão da reconstrução facial, em geral são indicados múltiplos procedimentos cirúrgicos Podem ser necessárias cirurgias individualizadas para os olhos, zigomas, maxilares, orelhas e nariz É necessário o tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognática 105
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