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A medicina tem como objetivo preservar e restaurar a saúde, bem como aliviar o sofrimento, e o conhecimento sobre a dor é essencial para tal. A dor é considerada um sinal de doença, é o sintoma que mais leva o paciente a procurar um médico. O sistema sensorial relacionado a dor tem por objetivo proteger o corpo e manter a homeostase, e suas tarefas consistem em: detectar, localizar e identificar a lesão tecidual. É muito importante que o médico saiba identificar o caráter, evolução cronológica e localização da dor, pois são indícios diagnósticos importantes para proporcionar o alívio rápido e eficaz da dor. O SISTEMA SENSORIAL PARA A DOR Dor: sensação desagradável localizada em alguma parte do corpo Descrita com termos relacionados com processor penetrantes ou destrutivos dos tecidos e/ou com uma reação corporal ou emocional Uma dor de intensidade moderada ou intensa é acompanhada de ansiedade e desejo se escapar ou interromper a sensação Isso demonstra a dualidade da dor: é tanto uma sensação quanto uma emoção Quando aguda, relaciona-se com uma reatividade comportamental e resposta de estresse, com elevação da PA, FC, diâmetro da pupila, níveis plasmáticos de cortisol e contração de músculos locais MECANISMOS PERIFÉRICOS Nociceptor aferente primário Nervos periféricos são constituídos por 3 tipos de axônios: aferentes sensoriais primários, neurônios motores e neurônios pós-ganglionares simpáticos Os corpos celulares dos aferentes sensoriais primários estão nos gânglios das raízes dorsais O axônio aferente primário possui 2 ramos: um que se projeta para a medula espinal e outro para inervar os tecidos Os aferentes primários são classificados de acordo com diâmetro, grau de mielinização e velocidade de condução: 1. fibras A – maior diâmetro, são encontradas principalmente nos nervos que suprem a pele e não provocam dor normalmente 2. fibras A e fibras C não mielinizadas – estão nos nervos que suprem a pele e em estruturas somáticas e viscerais. Geralmente respondem somente estímulos intensos (dolorosos), são caracterizadas como nociceptores Os nociceptores aferentes primários individuais são capazes de responder diferentes tipos de estímulos nocivos, como: calor, frio intenso, estímulos mecânicos intensos, alterações do pH e aplicação de substâncias químicas irritantes Sensibilização Ao se aplicar estímulos intensos, repetidos ou prolongados a tecidos lesados ou inflamados, o limiar de ativação dos nociceptores aferentes primários é reduzido, e a frequência de descarga aumenta para estímulos de todas as intensidades, assim temos a sensibilização. A sensibilização ocorre em nível periférico, nas terminações nervosas, e em nível central, no corno posterior da medula espinal. Sensibilização periférica: Ocorre em tecidos lesados ou inflamados Mediadores inflamatórios ativam a transdução de sinais nos nociceptores intracelulares, que aumenta o a produção, transporte e inserção na membrana de canais iônicos ativados quimicamente ou por voltagem Essas alterações aumentam a excitabilidade dos terminais nociceptores e reduzem seu limiar de ativação por estímulos mecânicos, térmicos ou químicos Sensibilização central: A atividade gerada por nociceptores durante a inflamação aumenta a excitabilidade das células do corno posterior da medula espinal Pode ocorrer alodínea após uma lesão com sensibilização, e esse processo é muito importante clinicamente, pois contribui para hipersensibilidade à palpação, sensibilidade dolorosa e hiperalgesia. A sensibilização explica a dor e a sensibilidade nos tecidos profundos, já que em situações normais, as vísceras são insensíveis a estímulos mecânicos e térmicos nocivos. Porém, quando afetadas por um processo mórbido com inflamação, as estruturas profundas adquirem grande sensibilidade aos estímulos mecânicos. Uma grande porção de fibras aferentes A e C que inervam as vísceras são totalmente insensíveis no tecido normal livre de inflamação. Porém, na presença de mediadores inflamatórios, esses aferentes se tornam sensíveis a estímulos mecânicos, denominando-se nociceptores silenciosos. Inflamação induzida por nociceptores Os nociceptores aferentes primários também desempenham função neuroefetora. Quando ativados, liberam mediadores polipeptídicos, como a substância P, que é um vasodilatador potente capaz de desgranular mastócitos e atuar na quimiotaxia para leucócitos, além de aumentar a produção e liberação de mediadores inflamatório. Assim, os nociceptores aferentes primários possuem papel ativo na proteção dos tecidos por meio de suas ações neuroefetoras. MECANISMOS CENTRAIS A medula espinal e dor referida Os axônios dos nociceptores aferentes primários penetram na medula espinal através da raiz dorsal e chegam ao corno dorsal da substância cinzenta espinal. As terminações dos axônios aferentes primários fazem contato com neurônios medulares, que transmitem o sinal às áreas do cérebro envolvidas com a percepção da dor. Quando os aferentes primários são ativados por estímulos nocivos, liberam neurotransmissores em suas terminações que excitam os neurônios da medula espinal, principalmente o glutamato, e também liberam peptídeos, como a substância P e o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, os quais estimulam os neurônios do corno dorsal de forma mais lenta e prolongada. O axônio de cada aferente primário tem contato com muitos neurônios medulares, e cada um deles recebe impulsos convergentes de vários aferentes primários. Essa convergência dos impulsos sensoriais é muito importante, pois é a base do fenômeno da dor referida. Por conta da convergência e do fato de que os neurônios medulares são frequentemente ativados por impulsos oriundos da pele, a atividade despertada nos neurônios medulares por impulsos provenientes de estruturas profundas é equivocadamente localizada pelo paciente em uma região aproximadamente correspondente à área de pele inervada pelo mesmo segmento medular. Vias ascendentes para a dor A maioria dos neurônios medulares com os quais nociceptores aferentes primários fazem contato emite seus axônios para o tálamo contralateral. Esses axônios foram o trato espinotalâmico contralateral, localizado na substância branca anterolateral da medula, na borda lateral do bulbo, na ponte e no mesencéfalo laterais. A via espinotalâmica é muito importante para sensação de dor nos humanos, e a sua interrupção causa déficits permanentes na discriminação da dor e da temperatura. Os axônios do trato espinotalâmico ascendem para várias regiões do tálamo. Existe muita divergência do sinal de dor dos locais talâmicos para as grandes áreas do córtex cerebral que participam de diferentes aspectos da dor. Uma das projeções talâmicas é o córtex somatossensorial, que medeia os aspectos puramente sensoriais da dor: localização, intensidade e caráter Outros neurônios se projetam para regiões corticais ligadas a respostas emocionais, como o giro do cíngulo, áreas dos lobos frontais e córtex da ínsula. Essas vias atuam na dimensão afetiva ou emocional da dor, que provoca sofrimento e tem potente controle sobre o comportamento Lesões traumáticas ou cirúrgicas em áreas do córtex frontal ativadas por estímulos dolorosos reduzem o impacto emocional e preservam a capacidade do indivíduo de reconhecer estímulos nocivos como dolorosos MODULAÇÃO DA DOR A dor provocada por lesões semelhantes pode variar muito de acordo com a situação e com os indivíduos afetados. Efeito placebo – a sugestão de um tratamento que irá aliviar a dor por exercer um efeito analgésico significativo Efeito nocebo – a expectativa de dor é capaz de provocá-la mesmo na ausência de estímulo nocivo, a sugestão de que a dor irá piorar coma administração de uma substância inerte pode aumentar a percepção de intensidade O efeito da expectativa e outras variáveis psicológicas sobre a dor são explicadas pela existência de circuitos cerebrais que modulam a atividade das suas vias de transmissão. Um deles possui conexões hipotalâmicas, mesencefálicas e bulbares, controlando seletivamente os neurônios medulares transmissores da dor por uma via descendente. O circuito modulador está relacionado com o efeito de alívio da dor produzido pela atenção e sugestão de medicamentos analgésicos opioides. Além disso, cada uma das estruturas que compõem a via possui receptores de opioides e é sensível à aplicação direta de tais agentes. Lesões produzidas nesse sistema modulador reduzem o efeito analgésico de opioides administrados por via sistêmica, como a morfina. Junto com o receptor opioide, os núcleos componentes desse circuito de modulação possuem peptídeos opioides endógenos, como encefalinas e betaendorfinas. A maneira mais confiável de ativar esse sistema endógeno é a sugestão de alívio da dor ou por emoção intensa, que desloca a atenção para longe da lesão causadora de dor. Os opioides endógenos são liberados depois de procedimentos cirúrgicos e em pacientes que receberam placebo. Os circuitos de modulação da dor também podem a intensificar. Tanto neurônios inibidores quanto facilitadores da dor estão localizados no bulbo e se projetam para os neurônios transmissores da dor medular e os controlam. Como os neurônios transmissores da dor podem ser ativados por neurônios modulares, é possível gerar um sinal de dor sem estímulo nocivo periférico. DOR NEUROPÁTICA Lesões nas vias nociceptivas periféricas ou centrais resultam em perda ou redução da sensação dolorosa, mas, paradoxalmente, também podem causar dor, como na neuropatia diabética. Herpes-zóster pode causar dor referida para a região suprida pelos nervos afetados. A dor também pode ser produzida por lesão no SNC, como em alguns pacientes que sofreram traumatismo ou lesão vascular na medula, tronco encefálico ou tálamo. Geralmente essas dores neuropáticas são graves e resistentes aos tratamentos convencionais. A dor neuropática geralmente é descrita como: queimação, formigamento ou choque elétrico, e pode ser desencadeada por toques muito leves. No exame físico é possível notar a presença de déficit sensorial na área da dor, hiperpatia e alodinia. Vários mecanismos contribuem para a dor neuropática, por exemplo: nociceptores aferentes primários sensibilizados, aferentes primários lesados se tornam altamente sensíveis a estimulação mecânica e podem gerar impulsos na ausência de estímulo. O aumento da sensibilidade e da atividade espontânea ocorre por conta da maior concentração dos canais de sódio e desenvolvimento de sensibilidade a norepinefrina. Dor mantida simpaticamente Os pacientes com lesão nervosa periférica manifestam dor espontânea (causalgia) na região suprida pelo nervo. A dor é descrita como uma queimação e se inicia num intervalo de horas a dias ou semanas e é acompanhada de tumefação do membro, perda óssea periarticular e alterações inflamatórias nas articulações distais. A dor pode ser aliviada com bloqueio anestésico local da inervação simpática do membro afetado. Os nociceptores aferentes primários adquirem sensibilidade adrenérgica, podendo ser ativados por estimulação dos eferentes simpáticos. Esse grupo de dores espontâneas e sinais de disfunção simpática após uma lesão é denominada síndrome dolorosa complexa regional (SDCR). SCDR tipo I – distrofia simpática reflexa. Ocorre sem qualquer lesão nervosa evidente, se resolve com tratamento sintomático geralmente SDCR tipo II – nevralgia pós-traumática. Ocorre depois de uma lesão A SDCR pode ser causada por diversas lesões como fraturas ósseas, traumatismo de tecidos moles, infarto do miocárdio e AVE. TRATAMENTO DA DOR AGUDA Ácido acetilsalicílico, paracetamol e AINEs São fármacos prescritos para problemas semelhantes e por terem um mecanismo de ação análogo, pois todos eles inibem a enzima COX, e exceto o paracetamol, têm ação anti-inflamatória quando usados em doses mais altas. São muito efetivos para cefaleias leves e moderadas e dores de origem musculoesquelética. Os inibidores da COX são os analgésicos mais comumente usados, são bem absorvidos pelo TGI, e quando usados ocasionalmente, apresentam efeitos colaterais mínimos. Já com o uso crônico, a irritação gástrica se torna um efeito adverso comum tanto para o AAS quanto para os AINEs, sendo esse o principal fator limitante da dose. A irritação gástrica é mais grave com o AAS, pois pode causar erosão e úlceras na mucosa gástrica, levando ao sangramento ou perfuração. Como o AAS acetila irreversivelmente a COX plaquetária, interfere na coagulação sanguínea e a hemorragia digestiva passa a ser um risco específico. Idade avançada e história de doença no TGI aumentam os riscos relacionados ao AAS e AINEs, além da nefrotoxicidade ser grande em pacientes em uso crônico. Os AINEs podem elevar a PA em algumas pessoas, o que exige monitoramento em casos de tratamentos a longo prazo. O paracetamol é hepatotóxico em doses muito altas, mas raramente apresenta provoca irritação gástrica. A introdução de AINEs (cetorolaco) na forma parenteral ampliou a utilização desses medicamentos no tratamento da dor aguda intensa, suplantando os opioides por sua ação potente e rápida. Existem duas classes principais de COX: COX 1 (constitutiva) e COX 2 (ocorre em estados inflamatórios). Os fármacos seletivos para COX 2 possuem ação analgésica semelhante e provocam menos irritação gástrica que os inibidores não seletivos. Porém, o uso de inibidores seletivos da COX 2 não reduz o risco de nefrotoxicidade. Os inibidores da COX 2 são muito eficientes para tratar dor pós-operatória aguda, já que não afetam a coagulação sanguínea. Contudo, esses fármacos estão associados com o aumento do risco cardiovascular, então deve ter cuidado ao receitar para pacientes com doenças pré-existentes ou fatores de risco, além de ser contraindicado para pacientes no pós-operatório imediato da instalação de bypass coronariano. Analgésicos opioides São os agentes mais poderosos para aliviar a dor, e exibem maior amplitude de eficácia, sendo o método mais confiável e eficaz para o alívio rápido da dor. Os efeitos colaterais são comuns, porém reversíveis: náuseas, vômitos, prurido e constipação. A depressão respiratória é incomum com as doses analgésicas padrões, mas pode representar risco à vida. Para reverter os efeitos adversos rapidamente, usa-se um antagonista dos narcóticos naloxona. Os opioides causam analgesia atuam no SNC, ativando neurônios inibidores da dor e inibindo neurônios transmissores. A maioria dos opioides atua no mesmo receptor, diferindo na potência, velocidade de início, duração da ação e via ideal de administração. Alguéns efeitos adversos culminam no acúmulo de metabólitos não opioides exclusivos de determinados fármacos, como a normeperidina, que é um metabólito da merperidina, que provoca hiperexcitabilidade e convulsões, que não para com o uso da naloxona. O resultado mais rápido se alcança com a administração parenteral (intravenosa). Os efeitos adversos estão relacionados com a dose, observando-se grande variabilidade entre os pacientes. Por conta disso, é preciso determinar se o fármaco foi capaz de aliviar adequadamente a dor com reavaliações frequentes para determinar o intervalo ideal entre as doses. Uma abordagem inovadora é o uso da analgesia controlada pelo paciente (ACP), que utiliza um dispositivo de infusão controlado por microprocessador capaz de fornecer uma dose contínua basal de um opioide e doses adicionais pré- programadas quando o paciente aperta um botão. Issoé usado principalmente em dores pós-operatórias. Para começar o ACP, é preciso fazer uma dose de ataque para controlar a dor, e depois se usa doses pequenas e repetidas para manter o alívio da dor. Para impedir a superdosagem, o ACP deve ser programado para bloquear a administração depois de um período de cerca de 5 a 10 minutos após cada injeção e limitar a dose total infundida a cada hora. A disponibilidade de novas vias de administração ampliou as possibilidades de utilização dos analgésicos opioides: Administração espinal – os opioides são infundidos por um cateter medular intratecal ou extradural, obtendo-se analgesia local com uma dose baixa, minimizando os efeitos colaterais. É usada em procedimentos obstétricos e alívio da dor pós-operatória em membros inferiores Administração intratecal – usada continuamente via implante de sistemas de infusão espinal, muito usada nas dores relacionadas ao câncer Administração intranasal – butorfanol Administração retal Administração via transdérmica – fentanila, proporciona níveis plasmáticos uniformes com o máximo de conforto para o paciente Outra possibilidade para tratar efeitos adversos dos opioides são os antagonistas periféricos dos receptores opioides (alvimopan, via oral, e metilnaltrexona, via subcutânea). Ambos atuam se ligando aos receptores de opioides periféricos, inibindo ou revertendo os efeitos dos opioides nesses sítios periféricos, ou seja, suas ações são restritas aos receptores fora do SNC, desse modo, não revertem os efeitos analgésicos dos opioides. Eles são efetivos para o íleo paralítico persistente após cirurgia abdominal, do mesmo modo que os opioides contribuem para esse problema grave. Esses fármacos também são eficientes para tratar disfunção intestinal induzida por opioides. Combinações de opioides e inibidores da ciclo-oxigenase Quando usados em combinação, os opioides e inibidores da COX apresentam efeitos aditivos, sendo possível utilizar uma dose menor de cada um para alcançar o mesmo alívio da dor, além disso, reduz-se a gravidade dos efeitos colaterais relacionados com a dose. Algumas combinações são perigosas, como de paracetamol + opioide, pois pode gerar hepatotoxicidade. DOR CRÔNICA O tratamento de pacientes com dor crônica é um desafio intelectual e emocional, pois é muito difícil ter um diagnóstico de certeza sobre a causa e os paciente frequentemente estão emocionalmente perturbados. É preciso fazer uma avaliação psicológica e se basear num modelo de tratamento com base comportamental, numa abordagem multidisciplinar. Existem diversos fatores que perpetuam, causam ou exacerbam a dor crônica: O paciente pode ser portador de uma doença dolorosa sem possibilidade de cura, como câncer, artrite, enxaqueca, cefaleia crônica diária, fibromialgia e neuropatia diabética É possível que existam fatores perpetuadores secundários, que tenham sido desencadeados por alguma doença e tenham persistido depois da sua resolução, como a lesão de nervos sensoriais, atividade eferente simpática e contração muscular reflexa dolorosa Diversos estados emocionais podem agravar ou causar a dor Deve-se dar atenção a alguns aspectos da anamnese: Perguntar sobre humor, sono, apetite e atividades diárias Pode-se usar o inventário de depressão de Beck para detectar a depressão, já que é o transtorno emocional mais comum em pessoas com dor crônica Outros sinais – ocorrência de dor em múltiplos locais não relacionados, padrão de episódios dolorosos recorrentes, porém distintos, com início na infância, adolescência ou época de algum trauma emocional, história de abuso sexual, maus-tratos físicos e uso abusivo passado ou presente de drogas O exame físico também é muito importante para o diagnóstico de dor crônica, deve-se dar atenção especial: O paciente protege a área dolorosa Evita alguns movimentos e posições Identificar se há componente mecânico pode ser útil para o diagnóstico e tratamento Examinar as áreas dolorosas – presença de hipersensibilidade profunda à palpação, observar se a dor está localizada nos músculos, ligamentos ou articulações Componente neuropático – indicado por evidências de lesão nervosa, como deficiência sensorial, pele hipersensível, fraqueza e atrofia muscular e perda dos reflexos tendíneos profundos Evidências que sugerem comprometimento do SN simpático – presença de edema difuso, alterações na cor e temperatura da pele, hipersensibilidade cutânea e articular comparadas ao lado normal O tratamento ideal exige que os fatores orgânicos e emocionais sejam devidamente investigados. TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA Uma parte importante do tratamento é identificar objetivos funcionais específicos e realistas para o tratamento. Pode ser necessária uma abordagem multidisciplinar, a qual utilize medicamentos, orientação psicológica, fisioterapia, bloqueio nervoso e até mesmo cirurgia. Também existem outros tratamentos relativamente invasivos que podem ser úteis para alguns pacientes com dor refratária: Injeção epidural de glicocorticoides para tratar dor radicular aguda Tratamento por radiofrequência das articulações facetarias para a dor crônica ligada ao desgaste das articulações Tratamentos intradiscais por via percutânea para dor radicular axial Instalação de eletrodos intraespinhais e sistemas intratecais para administração dos fármacos para casos de dor intensa Medicamentos antidepressivos Os antidepressivos tricíclicos (ATC), particularmente a amitriptilina, imipramina, nortriptilina e desipramina, possuem um espectro de atividade biológica relacionadas com a dose que inclui analgesia em uma variedade de distúrbios clínicos crônicos. O efeito analgésico dos ATC tem início mais rápido com doses mais baixas, e potencializam a analgesia dos opioides, podendo ser úteis adjuvantes no tratamento da dor intensa e persistente, como ocorre nos tumores malignos. São muito úteis no tratamento das dores neuropáticas, como na neuropatia diabética e neuralgia pós-herpética. Os ATC apresentem efeitos adversos significativos: Hipotensão ortostática Sonolência Retardo da condução cardíaca Perda de memória Constipação intestinal Retenção urinária Vários desses efeitos são aditivos aos efeitos colaterais dos opioides. Os inibidores seletivos da receptação de serotonina, como a fluoxetina, apresentem efeitos colaterais menos numerosos e menos graves que os ATC, mas são muito menos eficazes no alívio da dor. A venlafaxina e a duloxetina, que também inibem a receptação de norepinefrina, mantém a maior parte dos efeitos analgésicos do ATC com menos efeitos colaterais que eles. São muito úteis para pacientes que não tolerem os efeitos colaterais do ATC. Anticonvulsivantes e antiarrítmicos São usados primariamente em pacientes com dor neuropática. A fenitoína e carbamazepina foram os primeiros a aliviar a dor da neuralgia do trigêmeo. Eles são muito úteis para alívio de dor de caráter lancinante. Os novos anticonvulsivantes como o gabapentina e pregabalina, são efetivos com perfil favorável de efeitos colaterais, sendo usados com frequência como primeira linha de tratamento. Medicação opioide crônica O uso de opioides a longo prazo é aceito para pacientes com dor causada por crônica, mas para alguns outros pacientes também, pois eles são os mais potentes fármacos e têm maior faixa de eficácia entre os analgésicos. A adição é rara na primeira vez que a pessoa usa o opioide para tratamento de dor, mas pode ocorrer um grau de tolerância e dependência física com o uso prolongado. Assim, antes de recorrer aos opioides, é importante analisar todas as opções disponíveis. Alguns analgésicos opioides têm propriedades mistas agonistas-antagonistas, o que significa quepodem agravar a dor ao induzir a síndrome de abstinência em pacientes com dependência física de outros analgésicos opioides. Para o uso ambulatorial prolongado de opioides administrados por via oral, é melhor prescrever um composto de ação longa, como o levorfanol, metadona ou morfina de liberação lenta, além da fentalina transdérmica. O perfil farmacocinético desses medicamentos permite o alívio da dor prolongadamente, minimiza os efeitos colaterais, e diminui a probabilidade de dor rebote, causada pela rápida queda na concentração plasmática dos opioides. As preparações de opioides de efeito prolongado são eficientes para pacientes com dor crônica contínua, mas pacientes com dor crônica intermitente e intensa, obtêm melhor controle da dor e menos efeitos colaterais nos analgésicos opioides de ação breve. Tratamento da dor neuropática o tratamento do paciente com dor neuropática precisa ser individualizado. O médico deve agir rapidamente para aliviar a dor e minimizar os possíveis efeitos colaterais. Os anticonvulsivantes ou antidepressivos podem ser usados como medicamentos de primeira linha nos pacientes com dor neuropática. Os agentes antiarrítmicos de administração sistêmica, como lidocaína e mexitileno, têm menor probabilidade de serem efetivos, embora a infusão venosa de lidocaína proporcione analgesia, previsível em pacientes com diversas formas de dor neuropática, gerando alívio transitório, que dura apenas algumas horas após a infusão. Para pacientes idosos ou que fazem atividades diárias que requerem muita atenção, os opioides devem ser deixados como segunda ou terceira linha, dando-se preferência os ATC ou os anticonvulsivantes.