Buscar

GABARITO DA AD2 2021 1


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

GABARITO DA AD2- 2021.1 
QUESTAO 1 (3 PONTOS) 
Texto I 
A RAPOSA E O CACHO DE UVAS, de Esopo 
Uma raposa faminta, ao ver cachos de uva suspensos em uma parreira, quis 
pegá-los, mas não conseguiu. Então, afastou-se dela, dizendo: “Estão verdes.” 
Moral: Assim também, alguns homens, não conseguindo realizar seus negócios 
por incapacidade, acusam as circunstâncias. 
Texto II 
A RAPOSA E AS UVAS, de MillôrFernandes 
De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos 
os tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que 
descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura 
de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o 
salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, 
tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo o 
que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, 
dizendo entre dentes, com raiva: “Ah, também, não tem importância. Estão 
muito verdes.” E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma 
pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os 
cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e 
havia risco de despencar, esticou a pata e... Conseguiu! Com avidez colocou 
na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito 
verdes! 
Moral: A frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra. 
1.1 O que se pode dizer da relação entre as duas fabulas? 
Com relação às configurações contextuais dos fabulistas em questão, Esopo e 
Millôr ocorrem em momentos históricos diferentes. As fábulas apresentam 
acontecimentos, situações e ações do dia a dia protagonizados, na maioria das 
vezes, por animais e que aludem a eventos e valores humanos. Fazem 
referência à injustiça, à dominação, à falsidade, à esperteza, à inteligência, à 
ganância, enfim, às fraquezas, aos vícios e às virtudes do ser humano nas 
sociedades clássica, moderna e globalizada. 
Ambas pertencem ao mesmo gênero discursivo, sendo que o segundo é uma 
releitura do primeiro. A interdiscursividade se evidencia: alguns elementos se 
mantêm; outros são acrescentados e outros, completamente distorcidos. 
Apesar de serem de épocas diferentes, as duas fábulas apresentam essências 
iguais, pois os autores tentam explicar de alguma forma o comportamento 
humano, já que os valores não mudam. 
1.2 Millôr Fernandes, sobre fazer humor, diz: “Fazer humor é adotar uma 
forma completamente desinibida e descondicionada de ver as coisas.” 
Relendo a fabula clássica, recontada por ele, sobretudo considerando a 
Moral da historia, diga como se pode interpretar o que Millôr diz sobre 
fazer humor. (Fonte http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/caderno03-07.html) 
A moral da história é que Millôr Fernandes usa a fábula como recurso de 
crítica e denúncia social para dizer o que muitos gostariam, sem, 
propriamente, tê-lo dito. Metaforicamente, com o uso de alegorias, por meio de 
situações e palavras, a fábula revela nas entrelinhas o que o autor deseja dizer. 
Com isso esquiva-se de possíveis censuras e punições ou, ao menos, as 
ameniza. 
Assim utiliza o humor para levar ao leitor a diversão junto com as questões do 
dia a dia daquela época, sem, no entanto, ser direto como em um discurso 
jornalístico. 
Millôr transforma uma crítica à dissimulação da frustração, acrescentando ao 
texto elementos de uma nova ideologia, que, fugindo do caráter didático-
pedagógico, parte para uma formação discursiva fisiológica, em busca do 
humor. 
Fazer humor para Millôr é uma forma de abordar os conflitos que surgem na 
vida para ensinar valores, ética e lição de moral por meio de uma escrita 
lúdica. 
 
1.3 Que elemento da fábula de Esopo é mantido na versão de Millôr 
Fernandes e qual a sua importância? 
A moral da história é o elemento presente nos dois textos. 
http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/caderno03-07.html
“A frustração” por nem sempre termos o que queremos. 
O elemento essencial para uma fábula é a moral da história, pois justamente 
essa peculiaridade é o que classifica as obras nesse gênero. 
QUESTAO 2 (7 PONTOS) 
2.1 Perguntas em relação ao conto abaixo, O enfermeiro, de Machado de 
Assis. 
OBS.:Para todas as respostas use o texto como base para exemplificar. A 
exemplificação vale 50% da resposta. 
Descreva o narrador, pensando em: 
a) que tipo de narrador se tem neste conto de Machado de Assis? 
Narrador personagem, em primeira pessoa, protagonista, que organiza a 
referência espaço-temporal e apresenta ao leitor o universo narrativo. 
Ex. :“Chegando à vila, tive más notícias do coronel. Era homem insuportável, 
estúrdio, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos. Gastava mais 
enfermeiros que remédios.” 
No conto “O enfermeiro” de Machado de Assis o tipo de narrador apresentado é 
o narrador personagem, sendo que o conto é apresentado na primeira pessoa 
e o narrador é o protagonista. O enfermeiro Procópio, além de narrar também 
participa dos acontecimentos narrados como se observa no exemplo abaixo: 
 
“Acordei aos gritos do coronel, e levantei-me estremunhado. Ele, que parecia 
delirar, continuou nos mesmos gritos, e acabou por lançar mão da moringa e 
arremessá-la contra mim. Não tive tempo de desviar-me; a moringa bateu-me 
na face esquerda, e tal foi a dor que não vi mais nada; atirei-me ao doente, 
pus-lhe as mãos ao pescoço, lutamos, e esganei-o”. 
b) Quem ele era como pessoa, antes e depois da experiência de 
emprego como Enfermeiro? 
Antes da experiência como Enfermeiro, Procópio, narrador-personagem, 
trabalhava como copista de documentos latinos e fórmulas eclesiásticas em 
uma paróquia de sua região. Era um homem calmo e tranquilo. 
Depois do emprego tornou-se o cínico herdeiro da fortuna do Coronel. 
Distribuiu parte do dinheiro entre os pobres e mandou construir um mausoléu 
para o morto. 
Ex.: No ano anterior, ali pelo mês de agosto, tendo eu quarenta e dois anos, fiz-
me teólogo — quero dizer, copiava os estudos de teologia de um padre de 
Niterói, antigo companheiro de colégio, que assim me dava, delicadamente, 
casa, cama e mesa. 
Ex.: Já por esse tempo tinha eu perdido a escassa dose de piedade que me 
fazia esquecer os excessos do doente; trazia dentro de mim um fermento de 
ódio e aversão. 
 
Ex. : “Entrando na posse da herança, converti-a em títulos e dinheiro. Eram 
então passados muitos meses, e a ideia de distribuí-la toda em esmolas e 
donativos pios não me dominou como da primeira vez; achei mesmo que era 
afetação.” 
Antes de se tornar enfermeiro Procópio José Gomes Valongo ajudava a copiar 
registros teológicos para um padre em troca de moradia e comida. Aos 
quarenta e dois anos aceitou ir trabalhar como enfermeiro de um Coronel que 
estava doente em troca de um bom pagamento. No inicio, Valongo mostrava-se 
antencioso, cuidadoso e calmo. Mas após algumas semanas como enfermeiro 
começou a ficar impaciente e insatifeito com o trabalho. Após a morte do 
Coronel Procópio, se tornou egoista, mentiroso e preocupado com a reação 
das pessoas em relação ao crime, como pode ser observado no trecho abaixo. 
Ex.:“As obrigações do inventário distraíram-me; e por outro lado a opinião da 
vila era tão contrária ao coronel, que a vista dos lugares foi perdendo para mim 
a feição tenebrosa que a princípio achei neles. Entrando na posse da herança, 
converti-a em títulos e dinheiro. Eram então passados muitos meses, e a ideia 
de distribuí-la toda em esmolas e donativos pios não me dominou como da 
primeira vez; achei mesmo que era afetação. Restringi o plano primitivo; 
distribuí alguma coisa aos pobres, dei à matriz da vila uns paramentos novos, 
fiz uma esmola à Santa Casa da Misericórdia, etc.: ao todo trinta e dois 
contos”. 
 
c) Como ele vai se percebendo, em suas mudanças internas, depois 
que conheceo Coronel? 
Deixa de ser um homem piedoso e passa a ser dominado pelo ódio e aversão. 
Ex.: “Eu, com o tempo, fui calejando, e não dava mais por nada; era burro, 
camelo, pedaço d’asno, idiota, moleirão, era tudo. Nem, ao menos, havia mais 
gente que recolhesse uma parte desses nomes.” 
Procópio relata que depois que o tratamento dado a ele pelo coronel ficou mais 
duro, passou a mudar o seu comportamento, tornando-se uma pessoa mais 
insensível e impiedosa, como observado nesse trecho: 
Ex.: “O trato era mais duro, os breves lapsos de sossego e brandura faziam-se 
raros. Já por esse tempo tinha eu perdido a escassa dose de piedade que me 
fazia esquecer os excessos do doente; trazia dentro de mim um fermento de 
ódio e aversão”. 
d) Na parte final do conto, depois de já estar no Rio de Janeiro e de ter 
recebido a herança, confessa o personagem-narrador: “E o prazer 
íntimo, calado, insidioso, crescia dentro de mim, espécie de tênia moral, 
que por mais que a arrancasse aos pedaços recompunha-se logo e ia 
ficando.” A que ele se refere? Explique com suas palavras. 
O sentimento de culpa vai dando lugar ao cinismo e à acomodação. 
Com o tempo convence-se de que a morte foi uma fatalidade e passa a gozar a 
herança inesperada. 
Com esse pensamento, Procópio buscava polir, mas ao mesmo tempo, travava 
uma batalha, pelo sentimento de vingança alcançada por der dado fim ao 
homem que tanto fazia mal às mentes das pessoas do povoado. 
Ex.: “Eu, a princípio, ia ouvindo cheio de curiosidade; depois, entrou-me no 
coração um singular prazer, que eu sinceramente buscava expelir.” 
 O personagem está se referindo a uma metáfora que é uma figura de 
linguagem. A expressão “Tênia Moral” é como um verme que se desenvolve 
dentro do organismo humano: é o sentimento ruim que vai se desnvolvendo no 
interior do personagem do qual é difícil se libertar. 
 
e) Pode-se dizer que o elemento tempo, no sentido de duração, no 
conto, se comporta de duas maneiras: às vezes lento, arrastado, às 
vezes rápido. Busque no texto um exemplo de cada modo de se 
apresentar o tempo pelo narrador, nas descrições ou no diálogo, e 
diga por que ele usa esta variação. 
No conto O Enfermeiro, a narrativa é rápida quando o narrador protagonista 
omite todos os fatos ocorridos antes dos seus 42 anos, ao período anterior a 
agosto de 1859. Já no período de convívio com o patrão, desde a noite do 
assassinato até o amanhecer e o dia do enterro a narrativa é lenta e detalhada. 
Exemplos: de tempo rápido – “Olhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida 
inteira,...eu só tenho papel; o ânimo é frouxo, e o tempo assemelha-se à 
lamparina de madrugada....” 
Exemplo de tempo lento – “...entrei na vida dos meus predecessores, uma vida 
de cão, não dormir,não pensar em mais nada, recolher injúrias...” 
Lentidão no tempo – Procópio relata todo o martírio íntimo que sentiu, 
quando deu fim ao Coronel, mesmo que tenha sido sem intenção; narra com 
exatidão todos os detalhes do crime e como isso o perturbou. O tempo 
cronológico é quase sentido, pelo leitor, de acordo com a riqueza detalhada 
pelo narrador. 
Ex.:“Recuei duas vezes, mas era preciso e entrei; ainda assim, não cheguei 
logo à cama. Tremiam-me as pernas, o coração batia-me; cheguei a pensar na 
fuga; mas era confessar o crime, e, ao contrário, urgia fazer desaparecer os 
vestígios dele. Fui até a cama; vi o cadáver, com os olhos arregalados e a boca 
aberta, como deixando passar a eterna palavra dos séculos: "Caim, que fizeste 
de teu irmão?" Vi no pescoço o sinal das minhas unhas; abotoei alto a camisa e 
cheguei ao queixo a ponta do lençol. Em seguida, chamei um escravo, disse-
lhe que o coronel amanhecera morto; mandei recado ao vigário e ao médico.” 
Outro exemplo em que a narrativa é acelerada. No fim de três meses estava 
farto de o aturar; determinei vir embora; só esperei ocasião. 
 
2.2 Perguntas relacionadas ao filme O enfermeiro. 
f) Fale como leitor e como espectador: descreva suas impressões ao ver 
o filme e compare-as com as que teve ao ler o conto. Leve em 
consideração o que agradou e o que desagradou, quando e por quê. 
Resposta: ao ler o conto 
Em relação aos personagens, nota-se que no conto O Enfermeiro, Procópio e 
Felisberto são personagens que se estabelecem por um evidente antagonismo 
psicológico e social. O personagem principal Procópio é um homem livre, e, ao 
mesmo tempo dependente, pois recebia casa e comida em troca de uma 
função de copista, sem criatividade. As características que resumiriam 
Procópio seriam discrição, paciência, resignação, servilismo, pois sempre 
estivera em posição subalterna, quase à margem social. Essas condições são 
adequadas para submeter-se aos desmandos e às humilhações do antagonista 
da história, o coronel Felisberto, homem mimado e caprichoso, oriundo de 
família aristocrática. 
Eu preferi a leitura do texto ao filme; acho que o texto foi mais bem detalhado e 
no filme houve alguns cortes que foram notados por eu ter feito primeiro a 
leitura do texto. 
Ao ler o conto percebe-se que é bastante expressivo e traz uma reflexão que 
ninguém é tão bom ou ruim quanto parece. Essa percepção faz do texto algo 
confessional, estabelecendo um pacto com o leitor, enquanto o filme fantasia 
mais, pois precisa de imagem para prender o espectador. 
O filme me remete a um caso de fatalidade em que os personagens vivem em 
conformidade à enfermidade de um homem que contrata um enfermeiro e o 
trata como um capacho; que busca alívio de suas dores e transtornos ao 
explorá-lo e o injuriar de todas as maneiras. Esse enfermeiro, por compaixão e 
conformismo acaba acatando tantas humilhações, até que o fim chega em 
forma de desabafo e ímpeto por liberdade. 
Os conteúdos das narrativas são iguais, mas o que as diferencia é a 
linguagem. Os atores dão um realismo visual, com sua encenação, figurino, 
cenário, proporcionando um vislumbre completo do que o autor nos tem a 
dizer. Já o drama escrito, requer maior entendimento e imaginação do leitor 
para interpretar de acordo com suas concepções e entendimento do que está 
sendo lido. 
A interpretação dos atores me agrada, principalmente nas cenas em que a 
cólera os absorve, e até chegar ao ponto de fazer o enfermeiro perder o juízo e 
atentar contra a vida do coronel. No filme, essa passagem foi completamente 
inesperada e a surpresa foi mais intensa do que no conto. 
O conto O enfermeiro, de Machado de Assis, aborda sentimentos comuns a 
todos os seres humanos: crueldade (por parte do coronel que se deleitava com 
a dor e a humilhação dos outros), prestividade e ao mesmo tempo angústia do 
enfermeiro. O conto de Machado de Assis apresenta uma linguagem mais 
simples. 
Durante o filme percebem-se outros personagens falando sobre o Coronel, 
enquanto no conto somente o narrador fala, os espaços são poucos detalhados 
ficando por conta do leitor imaginá-los. No filme os elementos tempo e espaço 
aparecem com mais detalhes e a presença de objetos e cenários antigos 
caracterizam o tempo em que ocorreu a história. 
No filme o narrador fica em segundo plano o que dá sentido à história são as 
falas e ações dos personagens, algumas cenas que aparecem no filme não são 
retratadas no conto com detalhes, como a cena que fala da relação de 
Procópio com o Coronel Feliberto, a cena em que o Coronel aponta a arma 
para Procópio também é mais detalhada no filme. 
No conto, o momento em que Procópio esgana o Coronel fica por conta da 
imaginação do leitor, enquanto no filme a intensidade , os gestos e expressões 
transmitem o sentimento de terror passado por Procópio, dando mais emoção 
a história. 
g) Que diferenças são mais perceptíveis no narrador, quando este passa 
do texto escrito para o filme? 
O filme é baseado no conto, mas sabemos que nenhuma adaptação será 
totalmente fiel à obra original. 
 Uma diferença perceptível é que no conto o enredo quase perde a importância 
paraa forma de descrever de Machado de Assis, ocorrendo uma ênfase na 
forma e na análise psicológica das personagens. Como exemplo podemos 
destacar a personagem de Procópio, o enfermeiro, que desde o começo da 
narrativa literária mantém-se como narrador-personagem, mantendo-se como 
organizador das ações, ao passo que no filme não há como deixar à vista 
somente a perspectiva de Procópio, pois outros personagens são inseridos na 
trama para dar vida ao enredo, como o vigário, o médico, o tabelião, que no 
conto apenas são citados. 
E como sabemos, enquanto o escritor ao descrever e narrar, trabalha com 
signos verbais, suscitando no leitor a criação de imagens, ao diretor cabe 
trabalhar com elementos concretos de mundo, criando e recriando signos 
verbais e construindo imagens, destacando outros personagens, imagens, 
trilha sonora, enfim precisa utilizando outros recursos audiovisuais para 
prender a atenção do espectador. 
O filme, apesar do ótimo cenário, apresentou cortes que ficaram muito visíveis, 
como, por exemplo, no momento em que Procópio conversa com o Padre e o 
Médico no princípio de agosto e convence-os a deixá-lo partir e tendo o 
consentimento deles após concordar ficar por mais um mês para que pudesse 
providenciar substituto. 
A diferença está em não precisar descrever as sensações do narrador- 
protagonista, pois sua expressão facial, seu olhar e seus gestos explicam o que 
as palavras não conseguem refletir.

Mais conteúdos dessa disciplina