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Abdome Agudo

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Abdome Agudo 
 
Abdome agudo não traumático x traumático 
Não traumático é aquela que não sofreu nenhuma pancada, nenhum tipo de trauma ou 
perfuração no abdome. É causado por uma apendicite, ulcera que perfurou, isquemia 
mesentérica, obstrução intestinal. 
Abdome agudo traumático é aquele que o paciente sofre algum trauma, paciente que sofre um 
acidente, que sofre uma facada (trauma por arma branca), um tiro com arma de fogo. 
 
Avaliem os casos... 
1) Mulher 30 anos, sem comorbidades. Evolui com quadro de diarreia, náuseas e vômitos seguido 
de dor abdominal em baixo ventre há 2 dias. Refere ter sentido outras vezes o mesmo quadro e 
sempre alivia com analgésicos. 
2) Mulher 30 anos, sem comorbidades. Refere dor abdominal em baixo ventre de início súbito há 
12 horas, seguido de vômitos, associado a sudorese e diarreia. Refere está com muita sede e dor 
não melhorou com analgésico. 
 
 
 
 
Paciente vai relatar dor abdominal. Vai ser abdominal associada à alguma coisa. Paciente que 
tem dor abdominal e depois vomita é pior do que o contrário. Paciente que vomita, vomita, 
diarreia, vomita, diarreia, pode ser uma gastroenterite (não é um quadro de abdome agudo). 
Nem toda dor abdominal é abdome agudo. Uma dor abdominal comum e a dor abdominal de 
um abdome agudo, tudo é dor abdominal, mas eles têm desfechos completamente diferentes. 
 
Conceito de abdome agudo 
“Constitui um quadro de início recente que vai se agravando em tempo curto, comprometendo 
progressivamente o estado geral a ponto de pôr em risco a vida do paciente” (Chaib, 1988) 
Abdome agudo é uma dor que vai se agravando, que não melhora, que compromete o estado 
geral. Abdome agudo é aquele que não melhora, que vai piorando, que tem início nas últimas 6 
horas, que só vai se agravando. 
(não traumático) 
✓ Dor abdominal + ..... ? Qual a sequência dos “fatos”? 
✓ Nem toda dor abdominal é abdome agudo 
✓ Histórias parecidas → desfechos diferentes 
 
 
 
 
Abdome agudo é preciso agir e nem sempre significa cirurgia. Por exemplo, pancreatite aguda 
quase nunca se opera, geralmente resolve sozinho, só deixar em jejum, dar uma analgesia que 
resolve só. Na dúvida, pondere sempre internar o paciente. Se necessário deixe em observação 
até o fim do plantão. 
 
História do paciente 
▪ Dor abdominal + “algo”... 
– Idade? 
– Início de dor (Súbita? Cólica? Progressiva?) 
– Tempo de dor? 
– Irradia? 
– Já sentiu outras vezes? 
– Associada a dor... 
o Febre? 
o Dor → Vômitos 
o Anorexia 
o Flatos? Fezes? 
o Histórico menstrual? Corrimento? 
 
Dor em cólica (dor que aperta, aperta e dá uma aliviada) lembra quadro obstrutivo. Dores de 
início súbito lembra uma hemorragia, lembra uma víscera que perfurou, sangramento abdominal. 
Dor progressiva lembra quadro inflamatório como apendicite. Tempo de dor é fundamental, 
paciente que tem um quadro de dor há 20 dias isso é um quadro crônico. Saber se a dor irradia 
é importante também, nos casos de apendicite aguda a dor começa no epigástrio, depois irradia 
para a região da fossa ilíaca direita, a dor da coleciste geralmente irradia para o dorso, a dor da 
pancreatite tem a ver com a inervação local com os plexos nervosos. Se o paciente já sentiu dor 
outras vezes já deixa menos preocupado, pois nos leva a pensar que não se trata de um quadro 
agudo. É importante buscar outros sintomas associados à dor abdominal como febre, vômito, 
anorexia... lembrando que é sempre pior ter a dor seguida de vômito do que primeiro vômito e 
depois dor abdominal. Anorexia lembra quadros inflamatórios (pancreatite, coleciste, apendicite). 
Histórico menstrual e corrimento em meninas em idade fértil é importante, DIP é um quando de 
abdome em mulher, mas não precisa operar, só ATB. Mulher com histórico de corrimento, dor 
no baixo ventre, febre, toque vaginal doloroso, mau cheiro, deve pensar em DIP. Mulher que não 
menstrua, que está á 2 meses sem menstruar, dor abdominal súbita, abdome em tábua e rígido, 
pálida, hipotensa, nesse caso pode ser uma gravidez tubária que rompeu. Doenças previas é 
fundamental. Uso de medicação, atentar para paciente idoso que usa corticoide, que usa anti-
inflamatório (exemplo, paciente fez cirurgia ortopédica e está usando nimesulida há 15 dias, corre 
✓ Abdome agudo → Precisa agir 
✓ Nem sempre é cirúrgico! 
✓ Pondere internar o paciente 
o Doenças prévias 
o Uso de medicação 
o Cirurgias prévias 
 
o risco de perfurar o estômago). Histórico de cirurgia prévia é fundamental, pois o paciente pode 
vir a ter bridas e aderências, paciente tem a chance de ter um quadro de abdome agudo 
obstrutivo. 
 
Exame Físico 
▪ Estado geral: 
– Fáscies do paciente (Está em posição antálgica?) 
– Desidratado? 
– “Cor” do paciente (Pálido? Normocorado? Ictérico?) 
 
▪ Sinais vitais: 
– Febre? Hipotensão? 
– Taquicárdico? Taquipnéia? (DOR) 
 
Paciente com hipotensão, taquicardico, tem que agir. Cuidado que paciente com dor 
abdominal pode ter taquicardia, dor abdominal dá taquicardia, taquipneia, mas é 
necessário avaliar o paciente e não somente pensar que pode ser por causa da dor. 
 
▪ O exame: 
– Inspeção (Cicatriz? Abaulamentos? Plano? Hérnias?) 
– Ausculta (RHA aumentados? Ausentes?) 
Deve auscultar primeiro do que palpar para não correr o risco de alterar o ruído. Abdome 
quando tem sangramento, inflamação, pus, ele fica com o ruído praticamente ausente, as 
alças do intestino ficam paradas, já quando tem um quadro obstrutivo fica com ruídos 
aumentados 
– Percussão (Maciço? Timpânico?) 
Paciente com abdome timpânico, dor, distensão, não faz cocô e não solta flatos há 3 dias, 
abdome com ruído hipertimpânico. Paciente com sangramento e peritonite não vai fazer 
isso 
– Palpação (Massa? Irritação peritoneal? Sinais semiológicos...) 
Irritação peritoneal ou DB (descompressão brusca positiva) você aperta a barriga do 
paciente e quando solta o paciente pula de dor. Isso é descompressão positiva, peritonite. 
Não esquecer de fazer toque retal. Paciente com dor abdominal, distendido, com parada 
de eliminação de flatos e fezes. Ao fazer o toque retal pode ser encontrado um fecaloma, 
por isso é importante sempre fazer o toque retal. Tratamento de fecaloma com lavagem 
(soro + solução glicerinada). 
 
 
✓ Não esqueça do toque retal!!! 
 
 
Cetoacidose diabética 
Uremia 
 
 
 
É virose 
 
É apendicite 
É diverticulite 
É úlcera perfurada 
É pancreatite 
É virose? 
..... 
 
É virose 
 
 
 
História + Exame Físico 
▪ Raciocine de forma sindrômica! 
▪ É ABDOME AGUDO OU NÃO? 
 SIM → existem 5 tipos 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Abdome agudo inflamatório: tem pus, febre, quadro arrastado. 
❖ Abdome agudo obstrutivo: vômito, distensão abdominal. 
❖ Abdome agudo perfurativo: dor abdominal súbita, vai cair conteúdo gástrico na barriga, 
abdome rígido em tábua, paciente vai saber a hora precisa da dor. 
❖ Abdome agudo hemorrágico: dor súbita, peritonite, hipotensão, taquicardia. 
❖ Abdome agudo vascular: DM, HAS, paciente que já teve AVC, do jeito que um trombo obstrui 
um vaso cerebral e coronariano, ele pode obstruir um vaso mesentérico, ele pode ter um 
quadro de isquemia mesentérica que é gravíssimo, é uma dor muito forte, quase sempre 
esses pacientes vêm a óbito. 
→ CUIDADO com o “pseudoabdome agudo”! 
“Coisas” clínicas simulando abdome agudo... NÃO SE OPERA! 
 
 
 
 
▪ INFLAMATÓRIO (Ex: apendicite) 
▪ OBSTRUTIVO (Ex: obstrução intestinal por tumor) 
▪ PERFURATIVO (Ex: úlcera gástrica perfurada) 
▪ HEMORRÁGICO (Ex: Gravidez tubária rota) 
▪ VASCULAR (Ex: isquemia mesentérica) 
 
É fundamental, mesmo quando se suspeita de abdome agudo, lembrar do pseudoabdome 
agudo. Exemplo: Garotinho com cetoacidose diabética, desidratado, seco, descompensado, 
glicemia de 600 mg/dL e o cara nada mais tina do que desidratação severa, e o peritônio que é 
a membranaque reveste as vísceras desidrata e o peritônio visceral e parietal meio que ficam 
sem o líquido que lubrifica entre eles e o paciente começa a sentir dor. O paciente começa a ter 
uma dor forte, como se fosse um abdome agudo, onde pega dói. Para tratar isso é só hidratar, 
só dar soro e corrigir a glicemia. Paciente urêmico, que vai fazer diálise, paciente grave de UTI. 
É fundamental saber que nem tudo que parece abdome agudo é realmente um abdome agudo. 
É raro, mas é importante falar. 
 
Os tipos de abdome agudo 
 
 
Em geral, paciente com abdome agudo inflamatório ele vai ter uma dor abdominal difusa que 
vai piorando, anorexia, pode ter febre, e geralmente depois essa dor localiza. Exemplo: 
diverticulite no idoso é aquela dorzinha bem geral no abdome e que depois ela vem para a fossa 
ilíaca esquerda que é o lugar do sigmoide (local onde mais tem divertículo). Em casos de 
apendicite, a dor é geral e depois irradia para a fossa ilíaca direita, ocorre mais no jovem. É a 
chamada dor visceral, que é quando a dor no início é bem inespecífica, a inervação é bem ruim, 
mas depois quando começa a inflamar mesmo que toca no peritônio aí localiza, é uma dor de 
fibras grossas e mielinizadas. Abdome agudo inflamatório é um quadro mais arrastado, 2 dias, 
moleza, anorexia. Pancreatite é aquele paciente que já teve colecistite, é uma dor no mesogastro 
que irradia para o dorso. A PRINCIPAL CAUSA DE ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO É 
APENDICITE. 
Já o abdome agudo obstrutivo é dor abdominal do tipo cólica, que só vai piorando, provoca 
distensão abdominal, vômitos, náuseas, para de eliminar flatos e fezes, desidratação. É um dos 
mais fáceis de identificar, pois o paciente vai estar com o abdome notadamente distendido, 
globoso, com vômitos, vai relatar que não elimina flatos e fezes há vários dias, tem histórico de 
uma cirurgia prévias, pode ser uma aderência, pode ser uma hérnia obstruindo, e no idoso pode 
ser um tumor. A PRINCIPAL CAUSA DE ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO SÃO AS BRIDAS E 
ADERÊNCIAS. A PRINCIPAL CAUSA NO IDOSO É NEOPLASIA. 
Abdome agudo perfurativo geralmente é uma dor súbita, aguda, intensa, difusa, o paciente diz 
a hora precisa que dói, com sudorese. Paciente está “ferrado”, com líquido (suco gástrico) no 
abdome, abdome fica em tábua, bem duro. A PRINCIPAL CAUSA DE ABDOME AGUDO 
PERFURATIVO É ÚLCERA PÉPTICA PERFURADA. 
O abdome agudo hemorrágico ele também diz a hora, também é uma dor abdominal súbita, 
talvez menos difusa porque sangra na pelve, pode sangrar em uma parte mais superior, mas 
nesse caso o paciente vai apresentar sinais e sintomas de quadro hemorrágico como palidez, 
taquicardia e hipotensão. As causas podem ser gravidez tubária rota, pós-operatório que está 
sangrando... A PRINCIPAL CAUSA DE ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO É GRAVIDEZ TUBÁRIA 
ROTA. 
O abdome agudo vascular é o mais difícil de dar diagnóstico, mas ainda bem que é um dos mais 
raros. Uma dica é que sempre esse paciente está inserido em um contexto de paciente 
vasculopata. É um paciente diabético, hipertenso, que toma AAS, que tem arritmia, que já 
enfartou, que já teve AVC, é aquele paciente que teve uma vida toda desregrada. A segunda dica 
é que o paciente morre de dor, mas quando vai palpar o abdome dele parece que não está 
doendo tanto, é como se a víscera estivesse morta. Ocorre o que chamamos de dissociação 
clínico/sintoma, ou seja, é o caso daquele paciente que tem muito sintoma, mas quando eu pego 
no abdome dele não tem esse sintoma todo. A PRINCIPAL CAUSA DE ABDOME AGUDO 
VASCULAR É ISQUÊMIA MESENTÉRICA. 
 
Diagnóstico e tratamento 
✓ HISTÓRIA + EXAME FÍSICO → CONDUTA DE IMEDIATO → SÓ DEPOIS O CIRURGIÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
USG ou TC →CIRURGIA 
 
TC, amilase, lipase → 
CLÍNICO 
Adulto jovem. DB em 
FID → Apendicite 
Dor irradiada para 
dorso, vômitos, etilismo 
e/ou “pedra” na vesícula 
→ Pancreatite 
✓ Dor irradiada 
para dorso, 
vômitos, 
etilismo e/ou 
“pedra” 
 na vesícula → 
Pancreatite 
 
Qualquer idade, 
histórico de cirurgia, 
quadro repetido → 
Bridas / Aderências 
Idoso, anemia, perda 
de peso → Tumor 
colorretal 
RX ou TC →CIRURGIA 
 
RX ou TC → SNG + 
Jejum + Hidratação. 
 
CIRURGIA? Último 
caso! 
 
 
Idoso, uso de AINE 
→ Úlcera péptica 
perfurada 
Mulher jovem, 
histórico de atraso 
menstrual → 
Gravidez tubária rota 
 
Idoso, vasculopatia 
arritmia, Marevan → 
Isquemia mesentérica 
 
RX ou TC →CIRURGIA 
US + beta HCG → 
CIRURGIA 
TC → CIRURGIA. 
Lactato alto!! 
 
 
 
Casos clínicos 
❖ Caso clínico 1 
 
✓ História: Região epigástrica há 2 dias, hoje está mais no “pé da barriga” a direita (FID). Está 
com náuseas. Sem vômitos. Anorexia. Sente-se “quente”. Nunca sentiu isso antes. 
✓ Comorbidades: nega. Não fuma. Bebe esporadicamente. 
✓ Cirurgias: nega 
✓ EF: BEG, consc, orientado, eupnéico, desidratado +, normocorado. 
 SSVV: normotenso, pulso cheio, levemente taquicárdico. Sat 99%. 
 AP: normal 
 Abdome: Um pouco globoso (sobrepeso), RHA reduzidos, flácido a palpação, dor a 
 palpação superficial em FID. DB - 
 
 
 
❖ Caso clínico 2 
 
✓ História: dor abdominal difusa em cólica há 2 dias, só melhora com buscopam, mas logo 
a dor retorna. Há 24 h com vômitos intensos, escuro, com cheiro de fezes. Não evacua 
há 5 dias. Eliminou flatos ontem apenas. Já sentiu isso outras vezes, mas logo melhorou. 
✓ Comorbidades: HAS. DM. DPOC (ex tabagista). 
✓ Cirurgias: já operou de úlcera gástrica há 50 anos. 
✓ EF: EGR, sonolento, taquipnéico, usando musculatura acessória, desidratado +++ , 
hipocorado 
 SSVV: PA 80.40 mmHg, FC 115 bpm. FR 26 ipm. Sat 88 %. 
 AP: crepitação difusa 
 Abdome: bastante difuso, RHA aumentados, hipertimpanico difusamente, há sinais de 
 irritação peritoneal difusamente. TR sem fezes. Sem massas. 
 
 
Resumo do resumo...

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