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ABDOME AGUDO Quadro de dor abdominal súbita progressiva e potencialmente cirúrgica. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O AVALIAÇÃO INICIAL DO ABDOME AGUDO DEFINIÇÃO → PRINCIPAIS TIPOS • Inflamatório: Dor abdominal de etiologia inflamatória. (Apendicite e Diverticulite) • Obstrutivo: Dor abdominal por obstrução do TGI. (Bridas, CCR, intussuscepção) • Perfurativo: Dor abdominal por perfuração de vísceras. (Úlcera perfurada) • Vascular (Isquêmico): Dor abdominal por isquemia das artérias. (Trombose, infarto mesentérico) • Hemorrágico: Dor abdominal por rompimento de uma artéria e irritação peritoneal pelo sangue. (PAF, facadas, trauma abdominal, dissecção) PONTOS-CHAVE NA ANAMNESE • Sexo / Idade: Logo no início da identificação, em mulheres temos que sempre descartar prenhez ectópica, idades avançadas nos faz pensar em neoplasias, quanto maior a idade e maior as comorbidades, maior o risco. • Queixa principal: Associar a dor sempre a duração, a um quadro periódico, procure pelos “selos” (características-chave de cada patologia). • Características da dor: Decálogo da dor! Os principais pontos que não pode faltar: Início, duração, migração e o caráter da dor. • Sintomas associados: Febre, náusea, vômito. • Hábito intestinal: Se ele está evacuando ou não, eliminando flatos. • Antecedentes pessoais: Comorbidades, vícios, cirurgias prévias (qual e quando foi realizada), uso de medicamentos. EXAME FÍSICO DO ABDOME INSPEÇÃO → ESTÁTICA E DINÂMICA • Massas/Abaulações • Cicatrizes • Hematomas • Herniações: Observada quando o paciente faz a inspeção dinâmica (Valsalva). AUSCULTA → Auscultar os 4 quadrantes! • Alterações: Sons metálicos (luta), abolido, aumentado (trânsito aumentado), sopros. PERCUSSÃO → Percutir os 9 quadrantes + o espaço de Traube (EIC esquerdo). • Se abdome ascítico: Fazer a manobra de piparote ou semicírculo de Skoda ou macicez móvel. PALPAÇÃO → Palpar os 9 quadrantes de maneira superficial e profunda, lembre-se de NÃO INICIAR ONDE A DOR ESTÁ LOCALIZADA! • Busque os selos: Manobras específicas como Blumberg, Rovsing, Murphy, Giordano. TOQUE RETAL: Importante, se o paciente tem um abdome agudo, deve sempre ser realizado. • O que buscar? Doenças anorretais, continência fecal, presença de massas e presença de melena. *Para um resumo mais completo, consultar o resumo da semiologia do abdome! EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma: Avaliar anemia, leucocitose. • Eletrólitos: Afastar distúrbios hidroeletrolíticos. • Amilase e Lipase: Pancreatite aguda/crônica. • Urina I: Diagnóstico diferencial de pielonefrite, ITU. • B-HCG: Se for uma mulher, SEMPRE PEDIR! • ECG: Um IAM pode começar c/ uma epigastralgia! • Exames conforme a queixa! EXAMES DE IMAGEM • Radiografia: Primeiro exame de imagem a ser pedido, exceto em abdome agudo hemorrágico. Pedir a rotina de abdome agudo = RX de tórax + RX de abdome em decúbito + RX de abdome ortostase • Ultrassonografia: Caso o RX não seja conclusivo! Muito bom para abdome agudo inflamatório e hemorrágico e ruim para obstrutivo e perfurativo. • Tomografia: Padrão-ouro para a grande maioria dos abdomes agudos, depende só a questão do contraste, local de inserção, etc. NÃO PODE SER REALIZADA COM O PACIENTE INSTÁVEL! FLUXOGRAMA DE EXAMES POR TIPO • ABD Inflamatório: RX → USG → TC → LAPARO • ABD Perfurativo: RX → TC (Não faz USG!) • ABD Obstrutivo: RX → TC (Não faz USG!) • ABD Isquêmico: RX → ÂngioTC ou Angiografia • ABD Hemorrágico: USG/FAST → TC se estável *Abdome agudo hemorrágico é o único que o RX não ajuda em nada e é melhor não fazer! V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO INTRODUÇÃO • Principal etiologia de abdome agudo no PS • Início lento e progressivo • Diagnóstico tardio associado a piora na morbimortalidade PRINCIPAIS CAUSAS 1. Apendicite Aguda 2. Colecistite Aguda 3. Pancreatite Aguda 4. Diverticulite Aguda APENDICITE AGUDA DEFINIÇÃO: Doença inflamatória do apêndice. • Principal causa de abdome agudo inflamatório • Doença de crianças, adolescentes e adultos jovens • O diagnóstico é eminentemente clínico! QUADRO CLÍNICO • Dor periumbilical que migra para FID: Caráter progressivo, começa com um incômodo e depois fica muito forte. • Anorexia/hiporexia: O paciente não consegue comer, fica sem fome. • Febre: Sintoma bem comum • Náuseas e/ou vômitos ACHADOS DO EXAME FÍSICO • Posição antálgica: Perna direita fletida na maca! • Ausculta normal ou RHA diminuídos • Palpação: Inocente ou plastrão palável em abdome nos quadros mais característicos. • Principais manobras presentes na apendicite: o Blumberg: Dor à descompressão brusca na FID. o Rovsing: Palpação da FIE e o paciente refere dor à FID. o Lenander: Diferença da temperatura axilar para a temperatura retal (> 1ºC). o Lapinski: Palpação do ponto de McBurney enquanto ergue a perna direita do paciente, se referir muita dor, o teste é positivo. o Obturador: Ergue a perna do paciente e faz rotação interna do joelho, se o paciente referir muita dor, o teste é positivo. PECULIARIDADES • No idoso e diabético: Dor pode não ser tão característica, DB nem sempre está presente. • Apêndice retrocecal: O paciente pode referir dor lombar! • Dor epigástrica x IAM: Descartar sempre cardiopatia com o ECG! • Gestantes: O apêndice se desloca pra cima e a paciente faz diag. diferencial com colecistite. • > 48h de evolução: Pensar em apendicite complicada! Se a clínica é franca, solicitar um exame de imagem para se preparar para o que está por vir. ESCALA MODIFICADA DE ALVORADO • SOLICITAR TC → Score entre 4-6! • CIRURGIA DIRETO → Maior ou igual a 7! EXAMES COMPLEMENTARES → IGUAIS! • Hemograma: Avaliar anemia, leucocitose. • Eletrólitos: Afastar distúrbios hidroeletrolíticos. • Amilase e Lipase: Pancreatite aguda/crônica. • Urina I: Diagnóstico diferencial de pielonefrite, ITU. • B-HCG: Se for uma mulher, SEMPRE PEDIR! • ECG: Um IAM pode começar c/ uma epigastralgia! EXAMES DE IMAGEM • RX → Rotina de abdome agudo: Sem achados muito característicos, pode apresentar um apendicolito ou um apagamento do psoas. • USG DO ABDOME: Vai revelar aumento do diâmetro (> 6mm). • TC DE ABDOME: Padrão-ouro, mostra borramento da gordura, pode mostrar um apendicolito e também espessamento da parede. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O MEDIDAS INICIAIS • Jejum e hidratação • Analgesia: Sempre! Não esperar o cirurgião avaliar • Antieméticos e antitérmicos se necessário • Antibioticoterapia: Cobrir gram negativo e anaeró- bio → Cipro + Metro ou Ceftriaxone + Metro! • Solicitar os exames complementares TRATAMENTO DEFINITIVO • Cirúrgico! Apendicectomia videolaparoscópica ou videolaparotômica. COLECISTITE AGUDA DEFINIÇÃO: Processo inflamatório na vesícula biliar decorrente de um cálculo impactado no colo ou infundíbulo (95% - Colecistite Litiásica, 3-5% Alitiásica). QUADRO CLÍNICO • Dor em hipocôndrio direito: Em cólica, pode irradiar para o ombro direito e piora com a alimentação, principalmente se gordurosa. • Febre: Típico de doença inflamatória. • Hiporexia: Dói quando come, ele não quer comer. • Náuseas e vômitos • Cuidado nos imunossuprimidos: Podem fazer um quadro de colecistite enfisematosa (mais grave, pode deteriorar mais rápido). EXAME FÍSICO • Dor à palpação superficial e profunda do QSD • Sinal de Murphy positivo: Sensibilidade de 97% dos casos, palpa o HD e pede pro paciente inspirar, se houver pausa na inspiração é positivo.• Plastrão palpável: 33% dos casos! • Icterícia não é comum: Pensar em complicações ou outras colecistopatias se presente. EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma: Avaliar presença de leucocitose. • Eletrólitos: Paciente vomitando, descartar algum distúrbio hidroeletrolítico. • Amilase / Lipase: Não espera que esteja alterado! • Enzimas hepáticas e biliares: TGO, TGP, GG, FA, BT e frações para descartar diferenciais. • ECG: Descartar sempre IAM! DESCARTAR COLANGITE → PRINCIPAIS SINAIS: • Tríade de Charcot: Dor abdominal + Febre com calafrios + Icterícia. • Pêntade de Reynolds: Charcot + Hipotensão + Confusão mental. EXAMES DE IMAGEM • RX → Rotina de ABD agudo: Não fornece grandes informações, avalia complicações, perfuração. • USG de abdome: Exame de escolha! Encontra espessamento da parede (>4-5 mm), edema da parede vesicular e cálculo impactado no infundíbulo. • TC de abdome: Pode também ser boa para diagnóstico, mas sua utilidade maior é ver as complicações. CLASSIFICAÇÃO DE TOKYO • Coleciscite Leve (Grau I): Paciente hígido, sem falência orgânica ou complicações. • Coleciscite Moderada (Grau II): Peritonite biliar, inflamação intensa, abscesso, complicações à nível local. • Coleciscite Grave (Grau III): Complicações sistêmicas, sepse, hipotenso com drogas vasoat. MEDIDAS INICIAIS • Jejum e hidratação • Analgesia: Sempre! Não esperar o cirurgião avaliar • Antieméticos e antitérmicos, IBP se necessário • Antiespasmódicos: Escopolamina, buscopam costumam auxiliar na dor do paciente. • Antibioticoterapia: Ceftriaxona ou Cefuroxima nos quadros não complicados ou Cef + metro ou Cipro + metro nos complicados ou imunossuprimidos. TRATAMENTO DEFINITIVO • Cirúrgico! Colelap: Colecistectomia videolaparos- cópica ou laparotômica. o Grau I e II: Colecistectomia precoce! o Grau III: Estabilizar antes, se possível fazer uma drenagem percutânea da vesícula. *Tratamento Clínico: Se pacientes de alto risco e sem condições clínicas para a cirúrgica, fazer o ATB e uma drenagem percutânea da área (EXCEÇÃO!). PANCREATITE AGUDA DEFINIÇÃO: Processo inflamatório agudo do pâncreas, de acometimento variável que vai de leve a grave, com acometimento de outros órgãos. ETIOLOGIA • Lítiase Biliar (1º) e Álcool (2º): 80% dos casos, no caso do álcool não é por etilista crônico e sim por libação, bebeu muito álcool previamente. A litíase biliar corresponde a 35-45% dos casos e a alcoólica cerca de 30%. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Dislipidemia: Hipercolesterolemia familiar, trigicérides bem alto (quase mil). • Trauma: Síndrome do tanque (que cai na barriga da criança), principal causa pediátrica! • Drogas: Imunossupressores, anti-retrovirais, • Infecções virais: • Parasitoses: Um áscaris, raro. • Autoimune: IgG4, considerar em paciente com história de doença autoimune. • CPRE: Pode causar, por isso o exame tem que ser feito de modo TERAPÊUTICO apenas. • Idiopática: Quando não se sabe a causa. CLASSIFICAÇÃO DE ATLANTA • Pancreatite Leve: Ausência de falência orgânica e complicações. • Pancreatite Moderada: Falência transitória ou complicações não persistentes. • Pancreatite Grave: Necrosante ou necro-hemorrá- gica, com falências orgânicas persistentes (>4h). QUADRO CLÍNICO • Dor forte no abdome superior que irradia para o dorso: Dor em faixa! • Vômitos incoercíveis • Questionar diagnóstico prévio: Colelitíase, abuso de álcool e uso crônico de medicações. EXAME FÍSICO • Dor à palpação de abdome superior: Com descompressão brusca geralmente negativa. • RHA diminuídos • Casos graves: Hipotensão, taquicardia, taquidisp- neia. • Sinal de Cullen e Grey Turner: Sinal de gravidade! Equimose periumbilical (Cu) ou em flancos (Grey). EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma: Avaliar presença de leucocitose. • Eletrólitos: Paciente vomitando, descartar algum distúrbio hidroeletrolítico. • Amilase / Lipase: Aumento > 3x da amilase! • Glicemia, TGO, LDH • Lactato • Triglicerídeos: Se > 1000, sugere causa da doença. • PCR: Se > 150 mg/dL, é indicativo de gravidade! CRITÉRIOS DE RANSON → GRAVIDADE! EXAMES DE IMAGEM • RX → Rotina de abdome agudo: Tem função de descartar complicações como derrame pleural à esquerda, calcificação do pâncreas. • USG de Abdome: Solicitado principalmente para diagnosticar causa litiásica! • TC de Abdome: Melhor exame para avaliar o pâncreas (c/contraste)! Solicitar se suspeita de complicações (após 48h sem melhora). GRAVE ≥ 3 V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O TRATAMENTO INICIAL • Jejum e hidratação: Muito importante, um dos pilares do tratamento! • Analgesia: Evitar morfina pela contração da papila. • Antieméticos e IBP TRATAMENTO PANCREATITE GRAVE • Hidratação venosa vigorosa: É a medida mais importante, pois o paciente com PA grave perde muito líquido para o retroperitônio, a indicação geral é que sejam reposto pelo menos 6L de solução cristalóide (Ringer Lactato como principal escolha) em 24h. • Suporte Nutricional: Os pacientes devem ficar sem comer por cerca de 4 semanas, então é necessário realizar uma sonda nasojejunal preferencialmente nas primeiras 48h para realizar a nutrição enteral rica em proteínas e pobre em lipídeos. A NPT só é recomendada em casos de intolerância à sonda ou se as necessidades nutricionais não forem contempladas pós-48h. • Aminas Vasopressoras: Noradrenalina se o paciente estiver em choque (geralmente sirético ou séptico). • Sonda nasogástrica em sanfonagem: Em casos de vômitos coercitivos, é necessário limpar a cavidade gástrica para evitar esses problemas. • UTI → Se score de Marshall > 2 *ATB Profilático? Drogas Antiprotease? Essa medidas CAÍRAM POR TERRA e NÃO devem ser realizadas no paciente com necrose pancreática estéril, o tratamento deve ser imposto apenas se infecção. • Se infecção (necrose infectada): Imipenem 10-14 dias. DIVERTICULITE AGUDA DEFINIÇÃO: Quadro inflamatório ocasionado nos divertículos intestinais, acomete mais o sigmóide. • É a “apendicite do lado esquerdo” ou a “apendici- te do idoso”: Só 16% dos pacientes estão abaixo de 45 anos de idade. • Divertículo à direita sangra e à esquerda inflama QUADRO CLÍNICO • Dor abdominal que migra para a FIE • Febre, anorexia, náuseas e vômitos • Diarreia ou constipação associada EXAME FÍSICO • Ausculta inocente ou com diminuição de RHA • Dor à palpação da FIE: Pode ter DB positiva se a doença já estiver complicada. • Plastrão pode ser palpado: Se doença complicada! • Toque retal: Pode ter abaulamento no fundo de saco de Douglas, que indica abscesso. EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma: Leucocitose (pode ser franca, pacientes idosos na maioria dos casos). • Eletrólitos • Amilase/Lipase: Pode vir um pouco alterada, mas não muito como na pancreatite. EXAMES DE IMAGEM • RX → Rotina de abdome agudo: Não elucida diagnóstico mas é bom para ver complicações como pneumoperitônio, obstruções. • TC de Abdome: Exame de escolha! Avalia a doença em si (borramento da gordura peri-colônica) e complicações (abscesso, peritonite, perfuração). • CONTRAINDICAÇÕES: Colonoscopia e enema opaco! Injetar ar pode perfurar e complicar o divertículo inflamado. MEDIDAS INICIAIS • Jejum e Hidratação • Analgésicos, antieméticos, IBP • Antibioticoterapia: Cipro + Metro ou Cef + Metro ou Tazocim em doenças avançadas. TRATAMENTO CIRÚRGICO DIVERTICULITE COMPLICADA → Usa a Clasificação de Hindrey para escolher qual a abordagem. • Estágios I e II: Drenagem se o abscesso for > 2cm + Antibioticoterapia (Cef + Metro) + NPT. • Estágios III e IV: Laparotomia→ Sigmoidectomia à Hartmann (colostomia proximal) + Irrigação intensa da cavidade + Antibioticoterapia. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O INDICAÇÕES PARA A ABORDAGEM CIRÚRGICA ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO TIPOS DE OBSTRUÇÃO • Alta: Obstrução de delgado. • Baixa: Obstrução colorretal. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS • NO DELGADO: Aderências/Bridas (60%), Neoplasias e Hérnias. *CRIANÇAS: Intussucepção, hérnias externas e bolo de ascaris. • NO GROSSO: Neoplasias/CCR (50%), Volvos e doença diverticular. QUADRO CLÍNICO OBSTRUÇÃO DE DELGADO • Vômitos biliosos: Em consequência do retorno para o TGI alto, principal sintoma diferencial! Eles aparecem antes da parada de flatos e fezes. • Dor abdominal: Em cólica, na região média do abdome. • Desidratação → Choque hipovolêmico: A água não está sendo corretamente absorvida. • Alcalose metabólica: Os eletrólitos não estão sendo corretamente excretados/absorvidos. OBSTRUÇÃO NO GROSSO • Constipação: Principal sintoma, o paciente está a muito tempo sem fazer cocô ou peidar. • Distensão abdominal: Como dá uma síndrome de alça fechada, as fezes não tem como voltar e o paciente vomitar. • Dor contínua • Vômitos fecalóides: Podem ocorrer, se valva ileocecal competente, surgem depois da parada de eliminação de flatos e fezes. EXAME FÍSICO • Distensão abdominal: Mais comum na distensão baixa, na alta pode ter uma distensão leve. • RHA hiperativos, som metálico, peristaltismo de luta • Dor abdominal difusa: Com DB positivo se há complicações. • Toque retal: Não esquecer de examinar regiões inguinais e escrotais, procurar massas! Presença de fezes em dedo de luva não descarta o diagnóstico (principalmente na obstrução alta). EXAMES DE IMAGEM • Rotina de Abdome Agudo: Melhor escolha, resolve 60% dos casos! Pedir 3 radiografias, uma de tórax (PA), uma de abdome simples e outra de abdome ortostática (em pé). o Achados comuns: Sinal do empilha-mento de moedas (obstrução alta), haustrações incompletas (grosso), níveis em degraus (íleo paralítico), sinal do grão de café (volvulo de sigmóide), sinal da maçã mordida (CA colorretal). Ver aula de radiologia do abdome! • TC de Abdome: Ajuda a definir conduta e etiologia, apenas para obstrução completa! Define local e causa da obstrução. • Endoscópicos: Retossigmoidoscopia rígida, observa obstrução de boa parte do cólon, nunca pedir colonoscopia! RATAMENTO → RESPONDER 3 PERGUNTAS! 1. CÓLON OU DELGADO? Observar grau de vômitos + distensão e o padrão dos gases no RX, se forem centrais é delgado. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O 2. PARCIAL OU TOTAL? Consideramos obstrução total quando há constipação e ausência de flatos por + de 24 horas! Outro ponto é o toque retal sem fezes ou gases. 3. OBSTRUÇÃO SIMPLES OU ESTRANGULADA? Sinais de comprometimento isquêmico! Taquicardia, taquipneia, nível de consciência e febre. TRATAMENTO CLÍNICO • Jejum e hidratação • SNG aberta em drenagem: Alívio da pressão, reduzir náusea e sintomas de distensão (alta), na obstrução baixa só passar se tiver vômitos. • Analgesia, antieméticos, IBP • Antibioticoterapia: Se doença complicada. FECALOMA → CAUSA FUNCIONAL • Paciente típico: Vô, com história de constipação, acamado. • Toque retal: Revela massa endurecida e móvel. • Radiografia: Sinal do miolo de pão. • Tratamento: Quebra manual do fecaloma com o toque retal, calçar duas luvas por precaução! Após a quebra, fazer um Clister glicerinado! ABDOME AGUDO PERFURATIVO DEFINIÇÃO: Dor abdominal secundária à perfuração de alguma víscera oca do TGI. ETIOLOGIA • Úlcera péptica • Tumor gastrointestinal • Ingestão de corpo estranho QUADRO CLÍNICO • Dor abdominal súbita e de alta intensidade: O paciente não vai deixar você examinar ele direito! • Anorexia: Sem fome nenhuma desde que começou a dor. • Posição antálgica: Defesa do abdome. EXAME FÍSICO • Abdome em tábua: Posição antálgica e inflamação peritoneal que mantém a musculatura contraída. • Hipertimpanismo em alça → Sinal de Jobert: Percussão do HD (onde deveria ser maciço) e eu escuto hipertimpânico. • Blumberg positivo: Descompressão brusca +. EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma • Eletrólitos • Amilase / Lipase • Urina I • β-HCG EXAMES DE IMAGEM • RX → Rotina de abdome agudo: Vai ver gás fora de alça, identifica pneumoperitônio. Muitas vezes só a radiografia é necessária! Se quiser aumentar a sensibilidade, pede pro paciente tirar a radiografia em decúbito lateral esquerda. • TC de Abdome: Padrão-ouro! Mas só indicar se a RX for duvidosa, não precisa fazer nada antes. MEDIDAS INICIAIS • Jejum e hidratação • Analgesia, antieméticos e IBP: Evitar AINEs! Dor intensa, pode dar opioide. • Antibioticoterapia: Cipro + Metro ou Cef + Metro. • Sonda Vesical de Demora • Solicitar exames complementares TRATAMENTO DEFINITIVO • Cirúrgico! Ulcerorrafia, retirada do corpo estranho, dentro os inúmeros outros. ABDOME AGUDO VASCULAR DEFINIÇÃO: Dor abdominal por comprometimento de um vaso, seja por um trombo, um êmbolo ou até uma isquemia não oclusiva. ETIOLOGIA • Embolia arterial: 50% dos casos! • Trombose arterial: 15-25% dos casos • Trombose venosa: 5% dos casos • Isquemia não oclusiva: 20-30% dos casos. EMBOLIA ARTERIAL • Origem: Cardíaca em sua maioria (FA), mas pode ser por aneurismas, valvas cardíacas, endocardite. • Acometimento: Mesentérica Superior é a mais! V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O *Por que a mesentérica superior é mais acometida? Pelo seu calibre e obliquidade, a mesentérica tem um calibre menor que a aorta e está quase que em um ângulo igual, o que facilita o trânsito para ela. QUADRO CLÍNICO • Dor abdominal em região mesentérica: Forte, do tipo cólica, desproporcional ao exame físico. • Cardiopatia prévia: História de alguma doença cardíaca, muito sugestivo de embolia. • Acidose metabólica: Todo abdome agudo com acidose é isquemia intestinal até que se prove o contrário! DIAGNÓSTICO • Rotina de abdome agudo: Sempre pedir, afasta outras causas. • Ângio-TC: Principal exame para diagnosticar o paciente, pouco invasivo e com alta sensibilidade. TRATAMENTO: • Embolectomia + ressecção dos segmentos infartados • Pacientes sem alça necrosada + Evolução < 8h = Tratamento conservador: Infusão arterial de trombolíticos + papaverina. TROMBOSE ARTERIAL • Pacientes mais velhos • Origem: Principalmente aterosclerótica (formação de placas nos vasos mesentéricos e oclusão). • Angina mesentérica prévia: Paciente já tinha a tríade de dor abdominal, emagrecimento e recusa alimentar. (A dor é principalmente pós-prandial!) QUADRO CLÍNICO • Dor abdominal intensa desproporcional ao exame físico: Principal sintoma de abdome agudo isquêmico, o paciente sente dor demais e o abdome encontra-se normal, pouco rígido. • Acidose metabólica: A junção abdome agudo + acidose é MUITO sugestivo de isquemia. Como já diria a máxima: “Qualquer abdome agudo que evolui com acidose é isquemia intestinal, até que se prove o contrário!” • Taquicardia e hipotensão: Sinais de alarme e piora clínica. • Febre e leucocitose: Com o resto dos sintomas, sugere muito ser isquemia. DIAGNÓSTICO → Diagnóstico de exclusão! • Rotina de abdome agudo: Ajuda a excluir outras causas, pode mostrar calcificações arteriais. • Angiografia mesentérica: Exame de escolha, identifica o infarto e a localização. Em pacientes estáveis, deve ser sempre feita antes da cirurgia! • TC de Abdome: Exame não invasivo, auxiliano diagnóstico, pode revelar pneumatose intestinal, falhas de enchimento de vasculatura, gás no sistema-porta, todos indícios de isquemia intestinal. TRATAMENTO • Pré-cirúrgico: Sonda nasogástrica + Reposição hidroeletrolítica + ATB de amplo espectro. • Cirúrgico: Realizar a ressecção de todo segmento intestinal necrosado e se o paciente se mantém estável, revascularização da área. • Pós-cirúrgico: Infusão contínua de papaverina + Antiagregantes plaquetários. ISQUEMIA DE CAUSA NÃO OCLUSIVA • Geralmente secundária à outra patologia • Origem: Drogas vasoativas (nora e vasopressina), ergotamina, choque séptico, hipovolêmico ou cardiogênico. QUADRO CLÍNICO • Hematoquezia/Melena: Sintoma inicial do paciente, o que confunde com uma HD. • Dor abdominal: Geralmente ela aparece depois, ou pode até não aparecer, mas segue o padrão de dor desproporcional ao exame. DIAGNÓSTICO-TERAPÊUTICA → Angiografia mesen- térica: Identifica a ausência de êmbolos ou trombos e a alternância de áreas dilatadas e espasmódicas, o tratamento é feito localmente com uma infusão intraarterial de papaverina. QUANDO REALIZAR A LAPARTOMIA? EXCEÇÃO! 1. Peritonite 2. Infarto completo com isquemia 3. Dúvida diagnóstica TROMBOSE VENOSA • A mais rara, pode acometer VMS, VMI, esplênica • Origem: Trombofilias, neoplasias, inflamatória, gastrectomia prévia. QUADRO CLÍNICO • Desconforto abdominal: Progressivo em semanas! • Hipotensão + Hipovolemia V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Ascite sanguinolenta: Achado muito típico. DIAGNÓSTICO → TC c/ contraste! Angiografia só serve para artérias, nunca para veias. TRATAMENTO • Heparinização sistêmica: Responsável por descomprimir a veia. • Lapatomia: Trata a causa-base da doença, realizada em casos de urgência. ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO DEFINIÇÃO: Dor abdominal por hemorragia na cavida- de abdominal, por etiologia NÃO TRAUMÁTICA. ETIOLOGIA • Aneurisma de aorta roto • Gravidez ectópica rota • Aneurismas viscerais rotos (a. esplênica) • Cistos ovarianos rotos • Hematoma de psoas ANEURISMA DE AORTA ROTO QUADRO CLÍNICO • Dor em hipogástrio + irradiação para flanco esquerdo • Sudorese, palidez, náusea, hipotensão: Sinais de perda sanguínea e choque. • Agitação, confusão, rebaixamento • Questionar na anamnese: História prévia de aneurisma de aorta abdominal, tabagismo. EXAME FÍSICO • REG, hipotensão, taquicardia, palidez • Massa pulsátil palpável em mesogástrio • Dor abdominal moderada • DB geralmente negativo • Sinal de Cullen e Grey Turner DIAGNÓSTICO • Ultrassonografia de abdome total: Pode ajudar a identificar o quadro, se não tem TC. • TC de abdome com contraste: Padrão ouro! Porém de difícil realização em pacientes instáveis e nem todo serviço tem, se não tiver corre pra mesa. TRATAMENTO • Cirúrgico! Fechar a torneira! Colocar uma prótese aórtica, que pode ser de maneira aberta ou endovascular. GRAVIDEZ ECTÓPICA ROTA QUADRO CLÍNICO o Dor súbita em baixo ventre: Geralmente unilateral, na fossa ilíaca do lado acometido. o História de relações sexuais desprotegidas ou história de uso de DIU o Atraso menstrual *Até que se prova o contrário (com o B-HCG), toda dor súbita em baixo ventre em mulheres pode ser ectópica! EXAME FÍSICO o REG, hipotensão, taquicardia, sudorese: Sinais de perda sanguínea. o Agitação, confusão, letargia o Massa palpável em fossa ilíaca o DB pode ser positivo o Sangramento vaginal o Dor à mobilização do colo uterino e fundo de saco EXAMES COMPLEMENTARES o B-HCG: Exame mais importante, mas pode dar negativo em alguns casos! o Rotina de abdome agudo: Hemograma, eletrólitos o Fibrinogênio o TP/TTPA o Tipagem sanguínea DIAGNÓSTICO o Ultrassom de abdome total: Exame muito bom, é suficiente! Rápido, barato e com boa sensibilidade. TRATAMENTO DEFINITIVO o Cirúrgico! Salpingectomia na maioria dos casos, em casos muito pontuais é possível fazer a salpingostomia. MANEJO DO ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO o Monitorização: SSVV + CCGG o Transfusão: Evitar fazer muito cristaloide pois há risco de hemodiluição ou aumento de pressão. o Hipotensão permissiva: O aumento repentino da pressão pode romper o coágulo que mantém o paciente vivo. ▪ META: Se o paciente está torporoso, aumentar até ele cobrar a consciência. o NÃO GALINHAR! Transferir o doente rápido ou chamar o cirurgião rápido para avaliar.
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