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Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 1 JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (JECRIM) PRINCÍPIOS O art. 62 da Lei nº 9.099/95 apresenta os princípios que orientam o processo no JECRIM. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar- se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. IMPORTANTE Da leitura do mencionado dispositivo legal, percebe-se que todos os princípios elencados são voltados a desburocratizar o procedimento do JECRIM, priorizando a simplicidade dos procedimentos e celeridade do andamento processual. Nesse sentido, o aluno não precisa decorar cada um dos princípios apresentados no dispositivo legal, basta associar ao binômio SIMPLICIDADE/CELERIDADE. FINALIDADE É no art. 62 da Lei nº 9.099/95 que constam, também, as finalidades do JECRIM: Sem dúvidas, a Lei do JECRIM priorizou a proteção da vítima, buscando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos como principal meio de solução do conflito. Por outro lado, é bem nítido que a intenção do legislador foi encontrar uma solução diversa do encarceramento do agente infrator, com medidas diversas da prisão como forma de reprimenda do ilícito praticado. Não é por outro motivo que a Lei nº 9.099/95 trouxe diversos institutos inéditos para, de todas as formas, evitar a pena privativa de liberdade, inclusive, algumas vezes, até mesmo o processo criminal. OBS: Ao estudar o JECRIM, tenha sempre em mente sua finalidade, lembre-se de que a intenção do legislador foi a reparação dos danos sofridos pela vítima e evitar a pena privativa de liberdade. INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO CONCEITO O rito processual do JECRIM é aplicável às infrações de menor potencial ofensivo. PRINCÍPIOS ORALIDADE SIMPLICIDADE INFORMALIDADE ECONOMIA PROCESSUAL CELERIDADE FINALIDADE Reparação dos danos Pena não privativa de liberdade Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 2 Por isso, o art. 61 da Lei nº 9.099/95 apresenta seu conceito: Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. É importante registrar que o conceito de infração de menor potencial ofensivo tem grande incidência nos concursos públicos. DÚVIDA: O art. 28 da Lei de Drogas pode ser considerado infração de menor potencial ofensivo? A resposta é SIM. O art. 28 da Lei de Drogas tem a seguinte redação: Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, é possível a aplicação dos institutos previstos na Lei nº 9.099/95 para o crime de posse para consumo. CONCURSO DE CRIMES O concurso de crimes ocorre quando o agente pratica uma ou mais condutas, resultando em mais de um crime. São as modalidades de concurso de crimes: concurso material, concurso formal, e crime continuado. DÚVIDA: No caso de concurso de crimes, é possível aplicar a Lei nº 9.099/95 se a soma dos crimes (em qualquer de suas modalidades) for superior a 02 anos de prisão? A resposta é NÃO. MUITO IMPORTANTE Segundo o STJ, não se aplica os institutos da Lei nº 9.099/95 (transação penal e suspensão condicional do processo) quando o cálculo das penas, em qualquer modalidade de concurso de crimes, supere 02 anos de prisão. FASE PRELIMINAR TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA MUITO IMPORTANTE Por se tratar de um processo simplificado, não se exige a instauração de inquérito policial na fase investigatória, bastando lavrar o termo circunstanciado de ocorrência (TCO). Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. DÚVIDA: O inquérito policial é proibido no JECRIM? A resposta é NÃO. INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO Crime com pena máxima não superior a 02 anos Contravenções penais Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 3 É importante ressaltar que a desnecessidade do inquérito policial não impede sua instauração no âmbito do JECRIM. Por exemplo, se a investigação de uma infração de menor potencial ofensivo for complexa, a autoridade policial pode optar pela instauração do inquérito policial. PRISÃO EM FLAGRANTE E FIANÇA No âmbito do JECRIM, não se impõe prisão em flagrante e, por consequência, não se arbitra fiança. Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. COMPOSIÇÃO CÍVEL CONCEITO Após lavrado o TCO, será designada uma audiência preliminar para que as partes envolvidas busquem uma composição cível, ou seja, reparação de danos à vítima da infração de menor potencial ofensivo. Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. Caso as partes cheguem em um acordo, o juiz homologará por meio de uma sentença irrecorrível, que terá eficácia de título executivo cível. Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. TRANSAÇÃO PENAL CONCEITO Não sendo possível a composição cível e feita a representação pelo ofendido, o Ministério Público poderá apresentar proposta de transação penal. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. JECRIM Sem prisão em flagrante Sem arbitramento de fiança COMPOSIÇÃO CÍVEL Com a Vítima Reparação dos danos TRANSAÇÃO PENAL Com o Ministério Público Pena restritiva de direitos ou multa Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 4 DÚVIDA: Caso o agente aceite a composição cível ou a transação penal, haverá consequências (efeitos) penais em seu desfavor? A resposta é NÃO. É importante salientar que a transação penal aceita pelo infrator não gera efeitos penais ou extrapenais, ou seja, não se trata de reconhecimento de culpa ou qualquer tipo de confissão por parte do acusado. Na verdade, é exatamenteessa característica que torna os dois institutos tão interessantes para quem opta por sua adesão. Por exemplo, imagine, você, concurseiro, respondendo por uma infração penal de menor potencial ofensivo, caso seja condenado, tal informação vai constar de seus assentos pessoais e, certamente, vai dificultar seu acesso ao cargo público, principalmente, se for na área de segurança pública. Contudo, caso adira à composição cível ou transação penal, para todos os efeitos, você será considerado primário. REQUISITOS A transação penal exige o preenchimento de requisitos previstos no art. 76, §2º, da Lei nº 9.099/95. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. DÚVIDA: O Ministério Público é obrigado a apresentar proposta de transação penal? A resposta é NÃO. A transação penal não é um direito subjetivo do acusado, ou seja, cabe ao Ministério Público, num juízo de conveniência e oportunidade, apresentar a proposta de transação penal. DÚVIDA: O juiz é obrigado a homologar a proposta de transação penal para o agente primário e que não tenha utilizado a transação penal nos últimos 05 anos (incisos I e II do, §2º, do art. 76)? A resposta é NÃO. De fato, os requisitos dos incisos I e II são objetivos, contudo, o inciso III afirma que o juiz deverá verificar a personalidade e conduta social do agente, dentre outros parâmetros, que possuem nítido caráter subjetivo. Dessa forma, caso o juiz entenda que não seja o caso de aplicação da transação penal, a autoridade judicial pode deixar de homologar o acordo de transação penal. TRANSAÇÃO PENAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA DÚVIDA: É possível a transação penal nos crimes de ação penal privada? A resposta é SIM. A Lei nº 9.099/95 não restringiu o instituto da transação penal apenas para os crimes de ação penal pública. REQUISITOS NÃO pode ser reincidente NÃO pode ter usado o benefício nos últimos 05 anos Circunstâncias pessoais favoráveis Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 5 Dessa forma, nada impede que a transação penal ocorra no âmbito dos crimes de ação penal privada. DÚVIDA: No caso de ação penal privada, quem é competente para propor a transação penal? O tema é muito polêmico. Parte da doutrina e jurisprudência entende que a competência continua sendo do Ministério Público, já que não há ressalva legal quanto aos crimes da ação penal privada. Por outro lado, outra parte, incluindo, no caso, a banca CESPE, entende que a competência seria do ofendido/vítima. O fundamento desta corrente é que, na ação penal privada, cabe ao ofendido ajuizar a queixa-crime, sendo, portanto, sua prerrogativa encerrar, antecipadamente, a lide penal. TRANSAÇÃO PENAL E COISA JULGADA MATERIAL MUITO IMPORTANTE A decisão judicial que homologa a transação penal não gera coisa julgada material. Assim, caso o agente descumpra as condições impostas na transação penal, retorna-se à situação anterior, permitindo que o Ministério Público dê prosseguimento à persecução penal. Aliás, tal entendimento é, inclusive, objeto de súmula vinculante. Súmula vinculante 35-STF: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (SURSIS PROCESSUAL) CONCEITO Trata-se de instituto previsto na Lei nº 9.099/95, que permite a suspensão do processo, por um período de 02 a 04 anos, que visa apurar crimes cuja pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano. Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena TRANSAÇÃO PENAL NÃO gera coisa julgada material SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO SURSIS PROCESSUAL Crimes com pena mínima igual ou inferior a um ano Período de prova de 02 a 04 anos Agente não processado ou condenado por outro crime Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 6 DÚVIDA: O requisito consistente em não ser processado criminalmente não ofende o princípio da presunção de inocência? A reposta é NÃO. Segundo os Tribunais Superiores, o requisito trazido pela Lei nº 9.099/95 para concessão da suspensão condicional do processo não viola o princípio da presunção de inocência. Trata-se apenas da impossibilidade do agente se valer de um instituto criado para aquele que, isoladamente, praticou um fato delituoso. Para todos os efeitos, a inocência do agente só será afastada após a sentença condenatória com trânsito em julgado. TRANSAÇÃO PENAL X SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (ESPÉCIES DE CRIMES) MUITO IMPORTANTE Os crimes que admitem a suspensão condicional do processo não são, necessariamente, infrações de menor potencial ofensivo. Nesse sentido, a sursis processual é aplicável aos crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a 01 (um) ano. Dessa forma, é possível que até mesmo um crime de médio potencial ofensivo admita a incidência da suspensão condicional do processo, como exemplo, o tipo penal do art. 288 do Código Penal (associação criminosa). Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. DÚVIDA: É possível aplicar os institutos da Lei nº 9.099/95 (transação penal e sursis processual) para os crimes que possuem penas acima do limite, mas preveja a pena de multa de forma alternativa? O tema é bastante polêmico. Uma corrente, minoritária, entende que os requisitos para aplicação dos institutos são taxativos, Dessa forma, não seria possível aplicar a transação penal e a sursis processual para os crimes que ultrapassem os limites fixados. Por outro lado, corrente majoritária entende que, se o tipo penal prevê a possibilidade de aplicação somente de multa (alternativamente), seria possível a aplicação dos institutos benéficos da Lei nº 9.099/95. Por exemplo, o art. 7º da Lei nº 8.137/90 prevê: Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: (...) Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. Apesar do preceito secundário prever pena superior aos limites fixados, tanto para a transação penal, quanto para a sursis processual, em tese, seria possível aplicá-las, pois o tipo penal admite a multa ao invés da pena de detenção (“ou”). O problema é que a banca CESPE já adotou os dois entendimentos em suas questões de concurso. Contudo, se fosse optar, o. professor assinalaria como correta a segunda corrente. PERÍODO DE PROVA O período de prova consiste num estágio,de observação (02 a 04 anos), de modo a verificar se o agente irá cumprir as condições previstas no art. 89, §1º, da Lei nº 9.099/95. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de frequentar determinados lugares; III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; INFRAÇÃO DE MENO POTENCIAL OFENSIVO Crimes com pena superior igual ou inferior a 02 anos SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Crimes com pena mínima igual ou inferior a um ano Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 7 IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. DÚVIDA: Caso o agente descumpra as condições impostas na sursis processual, é possível revogá-la? Ou tal instituto faz coisa julgada material? A reposta é SIM. Segundo o STJ, caso o agente descumpra as condições impostas durante o período de prova da suspensão condicional do processo, o benefício poderá ser revogado. DÚVIDA: E se o descumprimento se deu durante o período de prova, mas a autoridade judicial só teve conhecimento após o decurso do prazo, é possível revogar? Nessa situação, vai depender. Se o descumprimento se deu durante o período de prova, é possível a revogação mesmo após o decurso do prazo, desde que ainda não tenha sido declarada a extinção de punibilidade. Dessa forma, caso a autoridade judicial já tenha proferido a decisão em favor do réu, não é possível revogar a sursis processual, mesmo que o agente tenha descumprido as medidas impostas. DÚVIDA: O juiz pode fixar outras medidas, além daquelas previstas no art. 89, §1º, da Lei nº 9.099/95? A resposta é SIM. Segundo o entendimento do Tribunais Superiores, a autoridade judicial pode, a depender do caso concreto, decretar medidas cautelares não previstas no art. 89, §1º, da Lei nº 9.099/95, inclusive, de cunho patrimonial, como imposição de multa. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E O CONCURSO DE CRIMES Da mesma forma que ocorre com a transação penal, não é possível a aplicação da suspensão condicional do processo, caso a cálculo da pena, sob qualquer modalidade de concurso de crimes, supere o limite legal. Nesse sentido, as seguintes súmulas dos Tribunais Superiores: Súmula 723-STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. Súmula 243-STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. RECUSA DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM OFERECER A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO MUITO IMPORTANTE Nos tópicos anteriores, foram abordadas as principais características da suspensão condicional do processo. Não há dúvidas de que o instituto é um excelente benefício para o réu, já que, uma vez cumprido o período de prova, terá extinta sua punibilidade. Diante disso, indaga-se: qual seria a consequência jurídica caso o Ministério Público deixasse de ofertar a suspensão condicional do processo? DÚVIDA: O juiz pode suprir, ou seja, pode ofertar a suspensão condicional do processo, caso o Ministério Público se recuse a oferta-la? A resposta é NÃO. A principal consequência de tal conclusão é que a suspensão condicional do processo não é um direito subjetivo do réu. Na verdade, trata-se de um poder-dever do Ministério Público e, assim, caso o juiz discorde da recusa ministerial, deve remeter a questão ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se por analogia o art. 28 do CPP. Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 8 Súmula 696-STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Segundo o entendimento sumulado do STJ, não é possível aplicar a suspensão condicional do processo para os crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher. Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. PROCEDIMENTO NO JECRIM Ao apreciar todos os institutos benéficos ao infrator que constam na Lei nº 9.099/95, percebe-se que a intenção do legislador foi evitar o processo criminal e a aplicação da pena, prestigiando a rápida solução do conflito com a reparação dos danos à vítima, sempre que possível. Para facilitar a memorização do procedimento adotado no âmbito do JECRIM, apresenta-se o seguinte esquema. EXERCÍCIOS 1. CESPE – TJ-DFT – Titular de Serviços de Notas - À luz dos dispositivos da Lei n.º 9.099/1995 bem como da doutrina e jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta. Compete exclusivamente ao seu titular, na ação penal privada, propor a transação penal ao querelado, não cabendo ao Ministério Público a prerrogativa de ofertá- la, mesmo diante da inércia do titular. COMENTÁRIO: A questão adotou o entendimento da corrente que entende ser competência do ofendido a propositura de transação penal nos crimes de ação penal privada. 2. CESPE – PC-SE – Delegado de Polícia - A polícia civil de determinado município deflagrou operação a fim de investigar a exploração ilícita de jogo do bicho, promovida pelos denominados banqueiros. Constatou-se que os chamados recolhedores usavam motocicletas para coletar apostas em municípios vizinhos. Identificadas as motocicletas usadas, o Ministério Público estadual requereu a busca e apreensão dos veículos, o que foi deferido pelo juízo competente. Intimado, Antônio, dono de uma das motocicletas e recolhedor de apostas, compareceu à delegacia, ocasião em que firmou compromisso de posterior comparecimento ao juízo criminal e entregou o veículo, após lavratura do competente termo circunstanciado. Na audiência preliminar, o representante do Ministério Público apresentou proposta de transação penal a Antônio: pagamento de dez cestas básicas a uma instituição de caridade. A proposta foi aceita e devidamente homologada pelo juízo. Comprovado o cumprimento da proposta, foi proferida sentença extintiva da punibilidade de Antônio. Na mesma sentença, o magistrado acolheu manifestação do Ministério Público e decretou o confisco da motocicleta de Antônio. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item a seguir, considerando os institutos inerentes à Lei n.º 9.099/1995 e o entendimento dos tribunais superiores acerca da matéria. A análise negativa das circunstâncias da prática do delito praticado poderia impedir o oferecimento do benefício da transação penal, ainda que preenchidos os requisitos objetivos para a sua concessão. TERMO CIRCUNSTANCIADO AUDIÊNCIA PRELIMINAR COMPOSIÇÃO CÍVEL TRANSAÇÃO PENALSURSIS PROCESSUAL PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO SENTENÇA CONDENATÓRIA Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDESUA VIDA! 9 COMENTÁRIO: De fato, os requisitos da aplicação da transação penal estão dispostos no art. 76, §2º, da Lei nº 9.099/95. No inciso III, consta como requisito a existências de circunstâncias judicias positivas, razão pela qual a análise negativa poderia impedir a incidência do benefício. 3. CESPE – PC-SE – Delegado de Polícia - A polícia civil de determinado município deflagrou operação a fim de investigar a exploração ilícita de jogo do bicho, promovida pelos denominados banqueiros. Constatou-se que os chamados recolhedores usavam motocicletas para coletar apostas em municípios vizinhos. Identificadas as motocicletas usadas, o Ministério Público estadual requereu a busca e apreensão dos veículos, o que foi deferido pelo juízo competente. Intimado, Antônio, dono de uma das motocicletas e recolhedor de apostas, compareceu à delegacia, ocasião em que firmou compromisso de posterior comparecimento ao juízo criminal e entregou o veículo, após lavratura do competente termo circunstanciado. Na audiência preliminar, o representante do Ministério Público apresentou proposta de transação penal a Antônio: pagamento de dez cestas básicas a uma instituição de caridade. A proposta foi aceita e devidamente homologada pelo juízo. Comprovado o cumprimento da proposta, foi proferida sentença extintiva da punibilidade de Antônio. Na mesma sentença, o magistrado acolheu manifestação do Ministério Público e decretou o confisco da motocicleta de Antônio. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item a seguir, considerando os institutos inerentes à Lei n.º 9.099/1995 e o entendimento dos tribunais superiores acerca da matéria. A homologação de transação penal faz coisa julgada material e, dessa forma, mesmo que cláusulas acordadas sejam descumpridas, inviabiliza a ocorrência de posterior requisição de inquérito policial. COMENTÁRIO: Ao contrário do alegado, a homologação da transação penal não faz coisa julgada material, dessa forma, caso o beneficiado descumpra os termos do acordo, é possível sua revogação e retorno ao status quo ante (situação anterior). 4. CESPE – Polícia Federal – Delegado de Polícia - Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada acerca de procedimentos dos juizados especiais criminais e de apuração de ato infracional. Em fiscalização de rotina, policiais militares constataram que Rebeca conduzia em seu veículo dois papagaios capturados em floresta próxima, sem licença ou autorização de autoridade competente. Rebeca e os animais foram conduzidos à delegacia de polícia mais próxima. Nessa situação, o delegado deverá apreender os animais e, caso Rebeca se comprometa a comparecer, em dia e horário marcados, perante o juizado especial criminal, ele deverá lavrar termo circunstanciado da ocorrência e conceder liberdade a Rebeca, independentemente de fiança. COMENTÁRIO: A questão está correta. Em regra, nas infrações de menor potencial ofensivo, é lavrado o termo circunstanciado de ocorrência (TCO). Além disso, no âmbito do JECRIM, não se impõe prisão em flagrante e arbitramento de fiança. A única dificuldade da questão era identificar a conduta de Rebeca como uma infração de menor potencial ofensivo. 5. CESPE – TJ-SC – Juiz Substituto - Acerca do benefício do sursis processual previsto na Lei n.º 9.099/1995, é correto afirmar que o juiz poderá oferecer diretamente o benefício ao acusado, caso o promotor de justiça se recuse a oferecê-lo; isso porque o benefício é um direito subjetivo do réu, desde que preenchidos requisitos objetivos e subjetivos. COMENTÁRIO: No caso do Ministério Público se recusar a ofertar a suspensão condicional do processo, cabe ao juiz aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP e não ofertar, diretamente, o benefício. 6. CESPE – TJ-SC – Juiz Substituto - Acerca do benefício do sursis processual previsto na Lei n.º 9.099/1995, é correto afirmar que é aplicável o benefício no caso de crimes cuja pena mínima não seja superior a um ano, ainda que, em razão da continuidade delitiva, a soma das penas mínimas cominadas aos delitos supere um ano. Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 10 COMENTÁRIO: A questão está equivocada, conforme entendimento sumulado dos Tribunais Superiores. Súmula 723-STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. Súmula 243-STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. 7. CESPE – TJ-BA – Juiz Substituto - Tendo como referência a Lei n.º 9.099/1995 — Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais —, assinale a opção correta, acerca da suspensão condicional do processo. A existência de ações penais em curso contra o denunciado não impede a concessão da suspensão condicional do processo. COMENTÁRIO: Ao contrário do alegado, não é necessário condenação para impedir a aplicação da suspensão condicional do processo. Nesse sentido, basta que o réu tenha sido processado criminalmente. Vale registrar que tal requisito nã configura violação ao princípio da presunção de inocência. 8. CESPE – TJ-BA – Juiz Substituto - Tendo como referência a Lei n.º 9.099/1995 — Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais —, assinale a opção correta, acerca da suspensão condicional do processo. A causa de aumento de pena decorrente de crime continuado será desconsiderada para fins de concessão da suspensão condicional do processo. COMENTÁRIO: A questão está equivocada, conforme entendimento sumulado dos Tribunais Superiores. Súmula 723-STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. Súmula 243-STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. 9. CESPE – TJ-BA – Juiz Substituto - Tendo como referência a Lei n.º 9.099/1995 — Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais —, assinale a opção correta, acerca da suspensão condicional do processo. Presentes os pressupostos legais para a suspensão condicional do processo, havendo recusa do promotor natural em propor o benefício, este poderá ser oferecido pelo juiz, de ofício. COMENTÁRIO: No caso do Ministério Público se recusar a ofertar a suspensão condicional do processo, cabe ao juiz aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP e não ofertar, diretamente, o benefício. 10. CESPE – TJ-BA – Juiz Substituto - Tendo como referência a Lei n.º 9.099/1995 — Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais —, assinale a opção correta, acerca da suspensão condicional do processo. Para a suspensão condicional do processo, além das condições legalmente obrigatórias, o juiz não poderá fixar quaisquer outras condições, pois todas estas serão consideradas ilegítimas. COMENTÁRIO: O rol do art. 89, §1º, da Lei nº 9.099/95 não é taxativo, podendo a autoridade judicial adequar e fixar as medidas impostas no curso do período de prova. GABARITO 1 – CERTO 2 – CERTO 3 – ERRADO 4 – CERTO Professor: JULIANO YAMAKAWA PC/DF – PROCESSO PENAL MUDE SUA VIDA! 11 5 – ERRADO 6 – ERRADO 7 – ERRADO 8 – ERRADO 9 – ERRADO 10 - ERRADO
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