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olhar sociologico

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Processo de construção do olhar sociológico
Qual é esse olhar? Apalavra “estranhamento”está relacionada com esse olhar. Para a construção do olhar sociológico, é preciso lançar um olhar de estranhamento sobre a realidade. Dito de outro modo é preciso“desnaturalizar” o olhar. O treino do olhar é o primeiro passo para a construção de um olhar sociológico para a realidade, e este se faz com base no estranhamento do cotidiano.
Estamos acostumados a encarar tudo como natural, como se o mundo e as coisas que nos cercam fossem “naturais” e sempre tivessem sido assim. Para desenvolver um olhar sociológico é preciso quebrar tal forma de encarar a realidade. O olhar de estranhamento tem a ver com observar a realidade e compreender que o nosso olhar nunca é neutro. O ser humano não olha simplesmente. Toda vez que observa algo, o faz a partir de uma perspectiva, de um ponto de vista. Esse olhar é repleto de prenoções que podem ser positivas ou negativas. 
Entretanto, ao olhar alguma coisa e nomeá-la, é preciso ter antes uma ideia do que ela seja; as pessoas têm alguma ideia do que é um carro, e, por isso, quando veem diferentes carros, podem dizer que viram um. O olhar humano sempre está repleto de prenoções sobre a realidade que nos ajudam a compreendê-la. E elas estão repletas de conhecimento do senso comum. O conhecimento do senso comum é uma forma válida de pensamento, mas não é a única possível. Há, por exemplo, oconhecimento científico. 
O conhecimento científico parte do senso comum para olhar a realidade, mas ele sempre precisa ir além do senso comum.
Nosso olhar nunca é um olhar neutro, ele está sempre repleto dessas prenoções que vêm do senso comum. Para lançar um olhar sociológico sobre a realidade é necessário afastar-se dessa forma de observá-la. E é necessário um método. Método é a forma pela qual um cientista observa e analisa seu objeto de estudo. Ou seja, é o modo como estuda a realidade. Os métodos variam de uma ciência para outra, dependendo do seu objeto de estudo. Toda construção científica é um lento processo de afastamento do senso comum.
Não se pensa sociologicamente quando imerso no senso comum. O problema é que
Estamos imersos nele. Nossa maneira de pensar, de agir e de sentir está repleta desse tipo de conhecimento. Apesar de ser uma forma válida de conhecimento, não é ciência. A ciência se constrói a partir de um cuidado metodológico ao olhar a realidade que procura se afastar dos juízos de valor típicos do senso comum. E para construir um olhar sociológico sobre a realidade, o primeiro recurso metodológico é o olhar de estranhamento.
Vale a pena inserir nesse contexto o papel mais fundamental que o pensamento sociológico realiza na formação do jovem: a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais.
Desnaturalizar os fenômenos sociais significa não perder de vista a sua historicidade. É considerar que eles nem sempre foram assim. 
Chamamos de senso comum o conhecimento que resulta de opiniões geralmente aceitas de modo acrítico, irrefletido como verdades, comumente compartilhadas por indivíduos de uma determinada época, local ou grupo.
É uma forma de conhecimento baseada muitas vezes no pensamento mais imediato, resultante da experiência da vida cotidiana que, por exemplo, associa os comportamentos dos indivíduos à natureza humana, ao invés de relacioná- los à cultura.
O conhecimento sociológico, por sua vez, visa refletir criticamente sobre os fatos, fenômenos e acontecimentos sociais a partir de ferramentas sociológicas, na tentativa de extrapolar os sentidos do senso comum. Muitas vezes o conhecimento sociológico nos desloca daquilo que já conhecemos e nos lança em caminhos que estão a ser descobertos.
Pensar sociologicamente pode nos tornar mais abertos em relação ao que é diferente ou o que não conhecemos, nos ajudar a estranhar o que é natural. 
Não é a proposta julgar o senso comum como uma forma totalmente equivocada de enxergar os fenômenos sociais, mas como uma forma limitada. A proposta é a de dizer que esse modo de compreender as relações humanas não é suficiente, uma vez que o senso comum não vai à raiz dos problemas, não apresenta uma explicação racionalizada da realidade social.
A Sociologia desde a sua formação vive uma relação de amor e ódio com o senso comum. Pois se por um lado há uma relação de proximidade por ambas poderem ter a mesma temática, na maioria das vezes existe um confronto entre esses dois tipos de conhecimento.
Confronto esse que não acontece nas ciências exatas. Dificilmente ouvimos alguém falar sobre Física Quântica em um boteco ou sobre Astronomia em um jantar de família; mas sobre assuntos relacionados às ciências sociais sim, estamos sempre a discutir sobre criminalidade, redução da maioria penal, identidade de gênero, discussões em torno de política, diversos assuntos pertinentes às relações humanas.
Mas para uma análise responsável é necessário que o cientista social se afaste o máximo das compreensões meramente empíricas, ou seja, pela experiência. É certo que não é possível um distanciamento e desligamento completo daquilo que aprendemos pelo senso comum- até mesmo porque em alguns momentos o pertencimento a esse senso comum ao mesmo tempo que traz falsas impressões também colabora com a compreensão do fenômeno estudado.
Para melhor entendermos as relações humanas devemos ir para além das explicações do senso comum para pensar sociologicamente.

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