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VITORIA LETICIA MOURA DO NASCIMENTO- 2B- TIA 32076037 PARTE 2- P1 1. CONCEITO E ELEMENTOS DE ATO ILÍCITO Conceitua-se ato ilícito como aquele que é praticado em desacordo com a ordem jurídica vigente causando violação do direito subjetivo individual, aquele que causa dano à terceiro, criando o dever de reparar tal prejuízo, podendo este ser de cunho moral ou patrimonial. Em outras palavras, ato ilícito é o comportamento humano realizado em desacordo com o mundo jurídico, gerando consequências jurídicas. Vale ressaltar que em princípio o ilícito civil e penal possuem as mesmas característica, entretanto, o ato ilícito civil diz respeito à um atentado contra o interesse privado de alguém, enquanto o ilícito penal se refere à uma ofensa à sociedade decorrente da violação de uma norma imprescindível à sua existência. Para a configuração de ato ilícito destacamos os seguintes elementos: A. Fato lesivo voluntário, ou imputável causado por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência do agente. É necessário que o agente tenha conhecimento da ilicitude do ato, agindo com dolo (intenção de lesar outrem), ou culpa (consciência dos prejuízos que podem ser decorrentes do seu ato admitindo o risco de provocar danos). Logo, a ação que vá em contramão ao direito sem consciência da ilicitude não é caracterizada como ato ilícito, embora seja antijurídico. A culpa em sentido amplo diz respeito à violação de um dever jurídico em decorrência de fato intencional ou omissão de cautela que pode compreender o dolo, caracterizado como a violação intencional do dever jurídico , e a culpa em sentido estrito, que é aquela decorrente da negligência, sem a intenção de violar um dever. A culpa pode ser classificada em: • Em função da natureza do dever violado Se o dever é proveniente de um contrato a chamamos de culpa contratual, mas, se decorrente um preceito geral do direito é chamada de culpa extracontratual. Aquele que renuncia indenização pela culpa contratual não precisa prová-la, bastando constituir o devedor em mora. Já aquele que pretende indenização decorrente de culpa extracontratual precisa prová-la, sem constituir o devedor em mora. • Quanto à sua graduação Será considerada culpa grave quando, dolosamente, houver negligência extrema, não prevendo aquilo que é previsível ao comum dos homens. Por outro lado, será considerada culpa leve aquela que seria evitável apenas com atenção ordinária. E considerar-se a culpa levíssima quando a falta for evitável por uma atenção extraordinária, ou conhecimento singular. • Em relação aos modos de sua apreciação Considera-se a culpa in concreto quando se atém a negligência do agente e in abstrato quando se realiza uma comparação da conduta do agente com a conduta do “homem normal”. Em nosso direito, segundo Agostinho Alvim, a culpa é, em regra, analisada abstratamente uma vez que apesar dos artigos 582 e 629 abordarem a apreciação in concreto este não objetiva apropriá-la concretamente, mas sim encarecer a responsabilidade do agente. • Quanto ao conteúdo da conduta culposa Se o agente praticar um ato imprudente sua culpa é caracterizada com in commitendo, se cometer negligência caracteriza-se como culpa in omitendo. Já a culpa in eligendo é decorrente da má escolha ou da ausência de obrigação. A culpa in vigilando é decorrente da falta de atenção com o procedimento, o qual deve o responsável pagar pelo ato ilícito praticado. Já a culpa in custodiendo é a falta de cautela ou atenção com animal ou objeto que tenha ficado sob responsabilidade do agente. B. Ocorrência de um dano Para haver pagamento da indenização é necessário que se comprove dolo ou culpa do agente, e também a ocorrência de dano patrimonial ou moral fundado nos efeitos da lesão jurídica. Sendo assim, quando a vítima reclama reparação pecuniária decorrente de dano moral esta objetiva atenuar as consequências do prejuízo. No campo do dano moral a indenização monetária atua com função satisfatória e de pena. O dano patrimonial abrange dano emergente e lucro cessante, que incluem o que foi subtraído do patrimônio e o que ela deixou de ganhar com essa subtração. C. Nexo de causalidade A responsabilidade civil só é efetivada quando comprovada relação entre o dano e a conduta ilícita do agente. Não há nexo de causalidade se este evento se deu por culpa exclusiva da vítima e por força maior ou caso fortuito, uma vez que estes fatos eliminam a culpabilidade ante sua inevitabilidade. O nexo de causalidade pode ser caracterizado como a relação de causa e efeito. 1. CONSEQUÊNCIA DO ATO ILÍCITO O ato ilícito na esfera civil tem por consequência jurídica o dever de indenizar. O Código Civil, ao abordar casos de responsabilidade civil por atos ilícitos adota a teoria objetiva em vários momentos, substituindo a culpa pela ideia de risco proveito. A responsabilidade, quando determinada sem culpa não permite que o ato seja considerado ilícito. Apesar dos progressos da teoria objetiva, a necessidade de culpa para configuração da responsabilidade, preconizada pela teoria subjetiva, ainda é regra geral. Apesar de ser um princípio de ordem pública a obrigação do autor do ato ilícito a se responsabilizar pelo prejuízo causado se dá através de indenização, existem casos em que há a responsabilidade por ato de terceiro. Esta responsabilidade indireta se caracteriza mesmo que não haja prova tanto da culpa do responsável quanto do agente causador do ato danoso. 2. ATOS LESIVOS QUE NÃO SÃO ILÍCITOS Há alguns casos, ainda que excepcionais, que não constituem atos ilícitos apesar de causarem lesões aos direitos de outrem. Para caracterização de ato ilícito são considerados 3 fatores: o dano, a relação de causalidade e o prejuízo causado ao direito alheio. Entretanto, alguns casos, apesar de apresentarem estes 3 fatores, não são considerados atos ilícitos, sendo eles, legítima defesa, exercício regular de um direito e estado de necessidade. A legítima defesa é considerada um excludente de ilicitude, ou excludente de responsabilidade civil e criminal, se com o uso moderado dos meios possíveis a pessoa livre-se de agressão injusta, atual ou iminente podendo ser a seu direito ou a de outrem. Já o exercício regular de um direito, desde que não haja abuso dele, que lesar direitos alheios exclui qualquer responsabilidade pelo prejuízo, por não se tratar de um procedimento prejudicial ao direito. Por fim, o estado de necessidade consiste na defesa de direito alheio a fim de remover perigo iminente, não exigindo que o direito sacrificado seja inferior ao direito salvaguardado, nem mesmo há a necessidade de absoluta ausência de outro meio menos prejudicial. FONTE: Diniz, Maria Helena Curso de direito civil brasileiro, volume 1, teoria geral do direito civil/ Maria Helena Diniz – 29 ed.- São Paulo- Saraiva 2012
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