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APOSTILA DIREITO CIVIL V

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Prévia do material em texto

Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
DIREITO CIVIL V 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Conceito - O principal objetivo da ordem jurídica é proteger o lícito e reprimir o ilícito 
 
Para atingir esse desiderato a ordem jurídica estabelece deveres, que podem ser 
positivos, de dar ou fazer, como negativos, de não fazer ou tolerar alguma coisa 
 
Fala-se também em um dever geral de não prejudicar a ninguém, expresso pelo Direito 
Romano na máxima: neminem laedere 
 
A violação de um dever jurídico configura o ilícito, que quase sempre acarreta dano 
para outrem, gerando um novo dever jurídico, qual seja, de reparar o dano 
 
Há assim, um dever jurídico originário (primário), cuja violação gera um dever jurídico 
sucessivo (secundário), que é o de indenizar o prejuízo. É aí que se insere a noção de 
responsabilidade civil. Em seu sentido etimológico, responsabilidade exprime a ideia de 
obrigação, encargo, contraprestação. Em seu sentido jurídico, responsabilidade designa o 
dever que alguém tem de reparar o prejuízo decorrente da violação de um outro 
dever jurídico. 
 
 Assim, responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o 
dano decorrente da violação de um dever jurídico originário 
 
Logo, toda conduta humana que, violando dever jurídico originário, causa prejuízo a 
outrem é fonte geradora de responsabilidade civil 
 
Distingue-se obrigação e responsabilidade, na medida em que, obrigação é sempre um 
dever jurídico originário e responsabilidade um dever jurídico sucessivo, 
consequente à violação do primeiro. 
 
Sempre que quisermos saber quem é o responsável teremos que identificar aquele a 
quem a LEI imputou a obrigação, porque ninguém poderá ser responsabilizado sem 
ter violado dever jurídico preexistente. 
 
O Código Civil faz essa distinção entre obrigação e responsabilidade 
 
OBRIGAÇÃO - Art. 389 - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas 
e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, e honorários de advogado. 
 
OBS. Esse dispositivo é aplicável tanto à responsabilidade contratual como à 
extracontratual. 
 
RESPONSABILIDADE - Obrigação de Indenizar - Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
 
Assim entre as modalidades de obrigações existentes (dar, fazer, não fazer) incluiu 
mais uma: a obrigação de indenizar. 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 O ato ilícito é fonte de obrigação: de indenizar, que tem por finalidade tornar indene o 
lesado, colocar a vítima na situação em que estaria sem a ocorrência do fato danoso. A 
obrigação de indenizar é a própria lei que determina (obrigação legal), que independe da 
vontade do agente e pode até atuar contra a sua intenção 
 
 
As causas jurídica que podem gerar a obrigação de indenizar são múltipla, sendo as mais 
importantes: 
 
 Ato ilícito (lesão antijurídica e culposa dos comandos que devem ser 
observados por todos). 
 
 Ilícito contratual (descumprimento de obrigação assumida por vontade das 
partes). 
 
 Violação de deveres especiais de segurança, incolumidade ou garantia 
impostos pela lei àqueles que exercem atividade de risco. 
 
 Obrigação contratualmente assumida de reparar o dano, como nos casos dos 
contratos de seguro e de fiança. 
 
 Violação de deveres especiais impostos pela lei àqueles que se encontram 
numa relação jurídica com outra pessoa (responsabilidade indireta). 
 
 Ato que embora lícito, enseja a obrigação de indenizar nos termos 
estabelecidos na própria lei (como o ato praticado em estado de 
necessidade). 
 
O anseio de obrigar o agente, causador do dano, a repará-lo inspira-se no mais elementar 
sentimento de justiça. O dano causado pelo ato ilícito rompe o equilíbrio jurídico-
econômico anteriormente existente entre o agente e a vítima. Há uma necessidade 
fundamental de se restabelecer este equilíbrio, o que se procura fazer recolocando o 
prejudicado no statu quo ante. 
 
Logo, tanto quanto possível, repõe-se a vítima à situação anterior à lesão que se faz 
através de uma indenização fixada em proporção ao dano. 
 
Alguns doutrinadores indicam que a função da responsabilidade civil é dupla: 
 
Garantir o direito do lesado; A função-garantia decorre da necessidade de segurança 
jurídica que a vítima possui, para o ressarcimento dos danos por ela sofridos. 
 
Servir como sanção civil; A função-sanção decorre da ofensa à norma jurídica imputável 
ao agente causador do dano, e importa em compensação em favor da vítima lesada. 
 
 
 
A responsabilidade tem como elemento nuclear uma conduta voluntária violadora de um 
dever jurídico. 
 
É possível dividi-la em diferentes espécies dependendo de onde provém esse dever e 
qual o elemento subjetivo dessa conduta: 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 
 
Responsabilidade Penal Responsabilidade Civil 
 
Pressupõe uma turbação social, 
determinado pela violação de norma penal 
do ilícito penal decorre a pena. 
 
Predomínio do dano privado embora 
também haja perturbação de ordem social 
do início civil decorre o dever de indenizar 
 
A sanção tem, por fim, predominante 
restabelecer a ordem social. 
A reparação tem, por fim, predominante 
reintegrar o prejudicado na situação 
patrimonial anterior tanto quanto possível. 
 
Ilícito penal acarreta coação pessoal. O ilícito civil acarreta da coação patrimonial. 
O ilícito penal deve estar tipificado para que 
seja apto a gerar responsabilidade do 
agente. 
O ilícito civil é aberto a depender do caso 
concreto. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL 
 
A ilicitude, ou seja, a contrariedade entre a conduta e a norma jurídica, pode ter lugar 
em qualquer ramo do direito. Será chamada de ilicitude penal ou civil tendo em vista a 
norma jurídica que impõe o dever violado pelo agente. As condutas humanas mais 
graves, que atingem bens sociais de maior relevância, são sancionados pela lei penal, 
ficando para a lei civil a repressão das condutas menos graves. 
 
Art. 935 CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo 
questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando 
estas questões se acharem decididas no juízo criminal. 
 
Ora, uma mesma conduta pode incidir, ao mesmo tempo, em violação à lei civil e à penal, 
caracterizando dupla ilicitude. A sentença penal condenatória faz coisa julgada no 
cível quanto ao dever de indenizar (an debeatur) o dano decorrente do crime, 
consoante aos artigos abaixo: 
 
Art. 91 CP - São efeitos da condenação: 
 
 I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
 
Art. 63 CPP -Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe 
a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros. 
 
Art. 515 CPC - São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de 
acordo com os artigos previstos neste Título: 
 
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Sendo o ilícito e a culpa penal mais graves, caracterizado o ilícito mais grave, está 
também caracterizado o menos grave (cível). Também, a absolvição criminal por 
inexistência do fato ou autoria vinculará o juízo civil, nos termos do art. 935 CC . 
 
Quando a ação de responsabilidade civil se originar de fato que deva ser apurado no juízo 
criminal, não correrá a prescrição antes da sentença penal definitiva (art. 200 CC). 
 
Art. 200 CC - Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo 
criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. 
 
Se proposta a ação civil paralelamente à penal, o juiz pode determinar a sua suspensão 
até que se pronuncie a justiça criminal (art. 315 CPC). 
 
Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato 
delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a 
justiça criminal. ◦ 
 
§ 1º Se aação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da 
intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível 
examinar incidentemente a questão prévia. 
 
§ 2º Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 
(um) ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto na parte final do § 1º 
 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL 
 
Como visto, quem infringe um dever jurídico de que resulte dano a outrem fica obrigado a 
indenizar. 
 
Esse dever, passível de violação, pode ter como fonte uma relação jurídica obrigacional 
preexistente, isto é, um dever oriundo de contrato, ou, por outro lado, pode ter por causa 
geradora uma obrigação imposta por preceito geral de Direito, ou pela própria lei. 
 
Assim, o dever jurídico pode surgir da lei ou da vontade dos indivíduos, quando estes 
criam para si obrigações em negócios jurídicos (contratos ou manifestações unilaterais de 
vontade) 
 
É com base nessa dicotomia que se divide a responsabilidade civil em contratual ou 
extracontratual. Se preexiste um vínculo obrigacional e o dever de indenizar é 
consequência do inadimplemento, temos a responsabilidade contratual. 
 
Se este dever surge em virtude de lesão a direito subjetivo, sem que entre o ofensor 
e a vítima preexista qualquer relação jurídica, temos a responsabilidade 
extracontratual, também chamada de aquiliana 
 
 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA 
 
A ideia de culpa esta visceralmente ligada à responsabilidade, por isso que, em regra, 
ninguém pode merecer censura ou juízo de reprovação sem que tenha faltado com 
o dever de cautela em seu agir. 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Daí, segunda a teoria clássica, a culpa é o principal pressuposto da responsabilidade 
subjetiva – Art. 186 do Código Civil. A responsabilidade subjetiva era a regra no Código 
Civil de 1916, pois o sistema de responsabilidade civil estava apoiado na culpa provada e 
apenas topicamente admitia a culpa presumida e a responsabilidade objetiva. 
 
Por essa concepção de responsabilidade subjetiva, a vítima somente obterá a reparação 
do dano se provar a culpa do agente, o que nem sempre é possível na sociedade 
moderna. O desenvolvimento industrial e o crescimento populacional geraram novas 
situações que não podiam ser amparadas pelo conceito tradicional de culpa. 
 
 Assim, importantes estudos surgiram sustentando uma responsabilidade objetiva, sem 
culpa, baseada na chamada teoria do risco 
 
O Código Civil de 2002 fez profunda modificação na disciplina da responsabilidade civil, 
prestigiando a responsabilidade objetiva. No art. 927, parágrafo único, previu uma 
cláusula geral de responsabilidade objetiva 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida 
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
Ademais, diversas leis especiais regulam a responsabilidade civil objetiva, ou seja, aquela 
que independe de culpa na conduta do agente. Assim temos um sistema dual que admite 
as duas responsabilidades: subjetiva e objetiva. 
 
 
RESPONSABILIDADE DIRETA E INDIRETA 
 
Em regra a lei imputa responsabilidade àquele que causou diretamente o dano. 
 
No entanto, excepcionalmente, existem algumas situações em que o indivíduo responde 
pelo fato de terceiro. Em outras palavras, é possível a imputação da responsabilidade 
sem que aquele que foi obrigado a indenizar tenha praticado a conduta causadora do 
dano. Essas situações são: 
 
1. Responsabilidade por fato de outrem; 
Exemplo - 
 
2. Responsabilidade por fato dos animais 
Exemplo - 
 
3. Responsabilidade por fato da coisa. 
Exemplo - 
 
 
RESPONSABILIDADE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO 
 
Em cumprimento ao art. 5°, XXXII, da CF em março de 1991 entrou em vigor o Código de 
Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) cuja disciplina provocou uma verdadeira revolução 
em nossa responsabilidade civil. As normas do CDC são de ordem pública - positivam os 
valores básicos da sociedade, por isso imperativas, aplicáveis a todas as relações de 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
consumo, onde quer que vieram a ocorrer. Como tudo ou quase tudo em nossos dias têm 
a ver com o consumo, pode-se dizer que o CDC trouxe uma nova área da 
responsabilidade civil. A responsabilidade civil nas relações de consumo. 
 
A responsabilidade estabelecida no CDC é em regra objetiva, fundada no dever de 
segurança do fornecer em relação aos produtos ou serviços lançados no mercado de 
consumo. 
 
 
 
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Quais os pressupostos da responsabilidade civil subjetiva? 
 
◦ Há primeiro um elemento formal: a violação de um dever jurídico 
 
Mediante uma conduta voluntário, elemento subjetivo, que pode ser o dolo ou a 
culpa 
 
Por fim, um elemento causal material, que é o dano e a respectiva relação de causalidade 
 
Esses 3 elementos podem ser claramente identificados no art. 186 e 927 do CC: 
 
Art. 186 CC “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito”. 
 
Então destacam-se como pressupostos da responsabilidade civil subjetiva: 
 
◦ Conduta culposa do agente 
 
◦ Nexo causal 
 
◦ Dano 
 
A partir do momento em que alguém, mediante conduta culposa, viola direito de outrem e 
causa-lhe dano, está diante de um ato ilícito, e deste ato deflui o dever de indenizar, 
consoante art.. 927 CC 
 
 
 
EXCLUSÃO DE ILICITUDE 
 
Registre-se, porém, que nem sempre haverá coincidência entre dano e ilicitude 
 
Nem todo ato danoso é ilícito, assim como, nem todo ato ilícito é danoso 
 
Sendo assim, a obrigação de indenizar só ocorre quando alguém pratica ato ilícito e 
causa dano a outrem (art. 927 c/c 186 CC) 
 
O art. 188 do CC prevê hipóteses em que a conduta do agente, embora cause dano a 
outrem, não viola dever jurídico (não está sobre a censura da lei) 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 
São causas de exclusão da ilicitude 
 
 
Em legítima defesa – definida no art. 25 CP, quando o agente usando moderadamente 
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem. A legítima defesa em face do próprio agressor é ato lícito que não gera o dever de 
indenizar, desde que seja realizada sem excesso, ou seja, apenas o suficiente para fazer 
cessar o injusto. 
 
Assim, na análise do caso concreto, se verificado que a legítima defesa excedeu os 
limites necessários para fazer cessar a ameaça ou a lesão, haverá o dever de 
indenizar, pois a conduta será considerada ilícita. 
 
De igual forma, a legítima defesa putativa também não terá o condão de afastar a 
responsabilidade civil do agente. 
 
Por fim, quanto a legítima defesa de terceiro será considerada ato lícito, que, porém, 
segundo muitos doutrinadores, gera o dever de indenizar, cabendo ao agente a 
possibilidade de ação de regresso em face do terceiro causador do dano ou em defesa de 
quem se causou o dano. 
 
Exercício regular de um direito – direito exercido regularmente, normalmente, 
razoavelmente, de acordo com seu fim econômico, social, a boa-fé e os bons costumes, 
contudo se exceder manifestamente os limites estabelecidos na lei, tendo-se o abuso de 
direito, transforma-se em ilícito (art. 187 CC) 
 
Não constitui ato ilícito o praticado no exercício regular de um direito reconhecido, porém 
tal hipótese encontra diversas controvérsias na jurisprudência, notadamente por não 
haver um parâmetro legal objetivo sobre os limites de atuação no exercício regular de 
direito. 
 
Exemplos frequentes dizem respeito à cobrança de dívida. Não se discute que o credor 
tem o direito de cobrar do devedor o cumprimento de uma obrigação. 
 
Mas quais os meios admitidos pelo direito e quais excedem o parâmetro da legalidade 
muitasvezes só a análise do caso concreto é que vai demonstrar. 
 
Em estado de necessidade – ocorre quando alguém deteriora ou destrói coisa alheia, ou 
causa lesão em pessoa, a fim de remover perigo iminente, lembrando que o ato somente 
será legítimo quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não 
excedendo os limites do indispensável para remoção do perigo. 
 
Consiste na agressão a interesse jurídico alheio, visando a resguardar direito próprio ou 
de terceiros, em virtude de perigo atual ou iminente, não causado pelo seu agente. 
 
O que há de peculiar é a previsão do art. 929 do CC 
 
Impõem-se o dever de indenizar o dono da coisa, pelo prejuízo que sofreu, se não for 
culpado do perigo, assegurando ao autor do dano o direito de regresso contra o terceiro 
que culposamente causou o perigo (art. 930 CC) 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Caberá ainda direito de regresso contra aquele em defesa de quem se danificou a coisa, 
(parágrafo único do art. 930 do CC) 
 
São hipóteses de indenização por ato lícito, que tem por fundamento a equidade 
 
1º Pressuposto: a conduta humana culposa 
 
Trata-se do comportamento humano voluntário, contrário ao Direito, que se exterioriza 
através de uma ação ou omissão, produzindo consequências jurídicas 
 
Ação: consiste em um movimento corpóreo comissivo, um comportamento positivo 
 
Omissão: caracteriza-se pela inatividade, abstenção de alguma conduta devida 
 
A omissão a rigor não gera o dano sofrido pelo lesado, porém, adquire relevância jurídica 
e torna o omitente responsável quando este tem dever jurídico de agir, de praticar um ato 
para impedir o resultado 
 
Nesses casos, o omitente está numa situação jurídica que o obrigue a impedir a 
ocorrência do resultado. 
 
A conduta culposa pode ser própria, de outrem e da coisa 
 
Em regra só responde pelo fato aquele que lhe dá causa, por conduta própria - a 
responsabilidade direta, por fato próprio 
 
A lei, todavia, algumas vezes faz emergir a responsabilidade do fato de outrem ou de 
terceiro, a quem o responsável está ligado, de algum modo, por um dever de guarda, 
vigilância e cuidado (art. 932 CC) 
 
Pode, ainda, alguém ser responsabilizado por dano causado por animal ou coisa que 
estava sob sua guarda (fato da coisa, art. 936, 937 e 938 do CC) 
 
A conduta na responsabilidade subjetiva deve ser culposa, reprovável, passível de 
um juízo de censura 
 
Essa censura depende da capacidade psíquica de entendimento e autodeterminação do 
agente, o que nos leva a imputabilidade 
 
Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade por alguma coisa. Imputabilidade é o 
conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para responder pelas 
consequências de uma conduta contrária ao dever imputável 
 
Logo, a imputabilidade é pressuposto não só da culpa, mas da própria responsabilidade 
 
Dois são os elementos da imputabilidade: 
 
Maturidade – importa no desenvolvimento mental 
 
Sanidade mental – importa na higidez 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Assim, imputável é o agente mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o 
caráter reprovável de sua conduta 
 
Menoridade os menores de 16 anos não são responsáveis porque são incapazes (art. 3º, 
I, CC), por eles respondem os pais (art. 932, I, CC), se estiverem sobre sua autoridade e 
companhia 
 
Quanto aos relativamente incapazes (entre 16 e 18 anos) nada dispôs em específico do 
CC de 2002 
 
O art. 928 do CC no que diz respeito a responsabilidade do incapaz adotou um critério 
mitigado e subsidiário, impondo-lhe responsabilidade pelos prejuízos que causar se as 
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de 
meios suficientes 
 
Inclusive o parágrafo único deste mesmo artigo prevê que a indenização não terá lugar se 
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem 
 
Assim, a inimputabilidade do incapaz não exclui o dever de reparar o dano se ocorrerem 
duas condições: 
 
◦ Configurar a violação de um dever (se praticado por um imputável geraria 
responsabilidade); 
 
◦ Ter o incapaz bens ou valor superior ao necessário para lhe assegurar os alimentos 
adequados ao seu estado e condição ou que deva a outrem 
 
 
Enunciado 40 do CEJ aclarando a aplicação do art. 116 da Lei 8069/90 (ECA) diz que o 
incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou 
excepcionalmente, como devedor principal, na hipóteses de ressarcimento devido pelos 
adolescentes (entre 12 e 18 anos) que praticam atos infracionais 
 
◦ Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade 
poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o 
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. 
 
Insanidade são igualmente irresponsáveis os que por enfermidade ou deficiência mental 
não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil (art. 3º, II, 
CC), respondendo por eles os curadores (art. 932, II, CC), nas mesmas condições dos 
pais em relação aos filhos. 
 
Por fim, não basta a imputabilidade do agente para que o ato lhe possa ser imputado 
 
A responsabilidade subjetiva é assim chamada porque exige o elemento culpa 
 
A vítima de um dano só poderá pleitear ressarcimento de alguém se conseguir provar que 
esse alguém agiu com culpa; caso contrário, terá que conformar-se com a sua má sorte e 
sozinha suportar o prejuízo 
 
Vem daí a observação de Page “a irresponsabilidade é a regra, a responsabilidade a 
exceção” 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 
A noção de culpa tem sentido amplo (lato sensu) abrangendo toda a espécie de 
comportamento contrário ao Direito, seja intencional, como no caso do dolo, ou tencional, 
como na culpa 
 
Alguns autores sustentam não haver utilidade prática na distinção entre dolo e culpa, pois 
todos levam à responsabilidade civil 
 
Porém, importante observar que na fixação do valor a indenizar, apesar de dever ser 
proporcional ao dano sofrido pela vítima (art. 403 do CC) pode o juiz reduzir 
equitativamente a indenização se houver excessiva desproporção entre a gravidade da 
culpa e o dano (art. 944, § único, CC) 
 
Dolo e Culpa – distinção 
 
Tanto no dolo quanto na culpa há conduta voluntária do agente, porém: 
 
◦ No dolo a conduta já nasce ilícita 
 
◦ Na culpa a conduta nasce lícita, tornando-se ilícita na medida que se desvia dos 
padrões socialmente aceitos 
 
Dolo tem conduta intencional dirigida a um resultado ilícito; é a vontade consciente 
dirigida à produção de um resultado ilícito 
 
Culpa é a violação do dever objetivo de cuidado, que o agente podia conhecer e 
observar, ou, a omissão de diligência exigível 
 
 
 
O homem deve pautar a sua conduta de modo a não causar dano a ninguém e ao 
praticar os atos da vida civil, mesmo lícitos, deve observar a cautela necessária para 
que de seu atuar não resulte lesão a bens jurídicos alheios 
 
Essa cautela, atenção ou diligência convencionou-se chamar de dever de cuidado 
objetivo, incluindo-se não só a diligência da vontade, como também a falta de capacidade 
ou conhecimento exigíveis do agente 
 
Há na culpa, então, uma conduta mal dirigida a um fim lícito, mas inadequada aos 
padrões sociais, que uma pessoa prudente e cautelosa não teria praticado 
 
Extraem-se desse conceito os seguintes elementos para a culpa: 
 
◦ Conduta voluntária com resultado involuntário; 
◦ Previsão ou previsibilidade; 
◦ Falta de cuidado, cautela, diligência ou atenção 
 
A falta de cautela exterioriza-se através da: 
 
◦ Imprudência – falta de cuidado por conduta comissiva (ação) 
 
◦ Negligência – falta de cuidado por conduta omissiva 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 
◦ Imperícia – decorre da falta de habilidade no exercício de atividade técnica 
 
 
 
Espécies de culpa: embora a culpa em sua essência seja sempre a mesma: violação de 
um dever de cuidado, pode-se dar de maneiras diversas 
 
Assim, diz-se que a culpa se divide em modalidades: ◦ Quanto a gravidade:Grave – agente atua com grosseira falta de cautela, com descuido injustificável, sendo a 
culpa com previsão do resultado, ou chamada, culpa consciente, que se avizinha ao dolo 
eventual do direito penal; 
 
Leve – a falta pode ser evitada com atenção ordinária, com o cuidado próprio do homem 
comum 
 
Levíssima – falta de atenção extraordinária, ausência de habilidade especial ou 
conhecimento singular 
 
Quanto a natureza do dever violado: 
 
Contratual – dever tem por fonte uma relação jurídica obrigacional preexistente (oriundo 
de contrato) 
 
Extracontratual – dever tem por causa geradora a lei ou um preceito geral de Direito 
 
Art. 944 CC. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. 
 
Na vigência do Código Civil de 1916 falava-se em: 
 
Culpa in eligendo: caracteriza-se pela má escolha do preposto (culpa do patrão ou 
comitente era presumida pelo ato culposo do empregado ou preposto – Súmula 341 do 
STF) 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Culpa in vigilando: decorre da falta de atenção ou cuidado com o procedimento de 
outrem que estava sob a guarda ou responsabilidade do agente (pais respondiam pelos 
atos dos filhos menores pela falta de vigilância) 
 
Culpa in custodiando: caracteriza-se pela falta de atenção em relação a animal ou coisa 
que estavam sob os cuidados do agente 
 
Essas espécies de culpa foram extintas pelo Código Civil de 2002 que em seu art. 933, 
estabeleceu responsabilidade objetiva para estes casos, antes tratados como culpa 
presumida 
 
A culpa presumida foi um dos estágios na longa evolução do sistema da responsabilidade 
subjetiva ao da responsabilidade objetiva, face a dificuldade de se provar a culpa em 
determinadas situações 
 
A culpa presumida foi o mecanismo encontrado para favorecer a posição da vítima 
 
O fundamento da responsabilidade continuou na culpa, porém refletiu na distribuição do 
ônus da prova (aspecto processual) – No sistema clássico cabe à vítima provar a culpa do 
causador do dano, no da inversão do ônus probatório atribui-se ao demandado o ônus de 
provar que não agiu com culpa 
 
Assim, sem abandonar a teoria da culpa, consegue-se, por via de presunção, um efeito 
prático próximo ao da teoria objetiva – O causador do dano, até prova em contrário, 
presume-se culpado 
 
Como a prova da culpa, em muitos casos, coloca-se como uma barreira intransponível 
para o lesado, os tribunais tem examinado a prova da culpa com tolerância, extraindo-a 
muitas vezes das próprias circunstâncias em que se dá o evento 
 
Por exemplo, se o motorista sobe com o veículo na calçada e atropela o transeunte, a 
culpa decorre do próprio fato, está in re ipsa, cabendo ao agente afastá-la provando caso 
fortuito ou força maior 
 
Nesse caso a culpa deriva inexoravelmente das circunstâncias em que ocorreu o fato 
danoso, de tal modo que basta a prova desse fato para que fique demonstrada a culpa, 
sob uma presunção natural. 
 
Fala-se também em culpa contra a legalidade quando o dever violado resulta de violação 
a texto de lei ou regulamento, como ocorre, por ex., com o dever de obediência aos 
regulamento de trânsito de veículos motorizados, ou com o dever de obediência a certas 
regras técnicas no desempenho de profissões ou atividade regulamentadas 
 
A mera infração da norma regulamentar é fator determinante da responsabilidade civil, 
criando em desfavor do agente uma presunção de ter agido culpavelmente, incumbindo-
lhe o difícil ônus da prova em contrário 
 
Destaca-se que em matéria de trânsito a legislação fixa ordens imperativas para 
circulação de veículos, aplicandose, com frequência essa culpa contra a legalidade 
 
Outro aspecto relevante quanto a culpa é a concorrência de culpa da vítima 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
A culpa concorrente ocorre quando paralelamente à conduta do agente causador do dano 
há a conduta culposa da vítima, de modo que o evento danoso decorre do 
comportamento culposo de ambos 
 
Alguns autores preferem falar em concorrência de causas ou concorrência de 
responsabilidades 
 
Na culpa concorrente as duas condutas - do agente e da vítima – concorrem para o 
resultado em grau de importância e intensidade, de sorte que o agente não produziria 
o resultado sozinho, contando, para tanto, com o efetivo auxílio da vítima 
 
Havendo culpa concorrente a doutrina e a jurisprudência recomendam dividir a 
indenização, não necessariamente pela metade (como defende alguns), mas 
proporcionalmente ao grau de culpabilidade de cada um dos envolvidos 
 
O Código Civil de 2002 dispôs de forma expressa sobre a matéria no art. 945 
determinando que se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso a 
indenização será fixada tendo em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do 
autor do dano 
 
 
 
 
 
NEXO CAUSAL 
 
O nexo causal a rigor é a primeira questão a ser enfrentada na solução de qualquer caso 
envolvendo responsabilidade civil. 
 
Antes mesmo de verificar se o agente agiu ou não com culpa teremos que apurar se ele 
deu causa ao resultado 
 
Em síntese, é necessário que o ato ilícito seja a causa do dano , que o prejuízo sofrido 
pela vítima seja resultado desse ato, sem o que a responsabilidade não ocorrerá. 
 
Daí a relevância do nexo causal: saber quando um determinado resultado é imputável ao 
agente, que relação deve existir entre o dano e o fato para que este, sob a ótica do 
Direito, possa ser considerado causa daquele 
 
Trata-se de matéria tormentosa, em especial quando aborda a existência de causas 
concorrente para o dano 
 
O nexo causal é o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o 
resultado permitindo determinar se o resultado surge como consequência natural da 
voluntária conduta do agente 
 
A avaliação do nexo causal exige verificar, com precisão, a relação entre certo fato e 
determinado resultado – um processo técnico de probabilidade. 
 
Deve-se, no caso concreto, eliminar os fatos que foram irrelevantes para a efetivação do 
dano e causa será aquela que, após este processo de expurgo, se revelar a mais idônea 
para produzir o resultado 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 
Pode-se também afirmar que o nexo de causalidade é elemento indispensável em 
qualquer espécie de responsabilidade civil 
 
 
TEORIAS DO NEXO CAUSAL 
 
Várias teorias foram construídas para solucionar o problema do nexo causal podendo 
serem destacadas três: 
 
Teoria da equivalência dos antecedentes 
Teoria da causalidade adequada 
Teoria do dano direito e imediato 
 
A primeira generaliza as condições e as demais individualizam ou qualificam as condições 
 
Alerta-se que nenhuma teoria oferece solução pronta e acabada para os problemas 
envolvendo o nexo causal, apenas nos oferecem um raciocínio lógico a seguir, porém, 
dando espaço a criatividade do julgador, desde que atento aos princípios da 
probabilidade, razoabilidade, bom-senso e equidade 
 
Enfim, o nexo causal terá que ser determinado caso a caso 
 
 
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTE 
 
Também chamada de conditio sine qua non, ou da equivalência das condições, não faz 
distinção entre causa (aquilo de que uma coisa depende quanto à existência) e condição 
(o que permite à causa produzir seus efeitos positivos ou negativos) 
 
Se várias condições concorreram para o mesmo resultado, todas tem o mesmo valor, a 
mesma relevância, se equivalem. 
 
Não se indaga se um deles foi mais ou menos eficaz, causa, será qualquer ação ou 
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, sem distinção da maior ou menor 
relevância que cada uma teve. 
 
Essa teoria tem ampla aplicação no Direito Penal (art. 13 CP), porém afastada no Cível 
por conduzir a uma regressão infinita do nexo causal 
 
 
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA 
 
Causa para esta teoria de destaque é o antecedente não só necessário mas, também, 
adequado à produção do resultado 
 
Logo, sevárias condições concorreram para determinado resultado, nem todas serão 
causas, mas somente aquela que for a mais adequada à produção do evento, ou seja, a 
mais determinante, desconsiderando-se as demais 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
O problema reside em estabelecer, entre várias condições, qual foi a mais adequada? 
Não há uma regra ou uma fórmula para resolver o problema, a solução terá que ser 
encontrada caso a caso, atentando-se para a realizada fática, bom-senso e ponderação 
 
Causa adequada será aquela que, de acordo com o curso normal das coisas e a 
experiência comum da vida, se revelar a mais idônea para gerar o evento 
 
 
 
TEORIA DA CAUSALIDADE DIRETA OU IMEDIATA 
 
Também denominada teoria da interrupção do nexo causal ou teoria da causalidade 
necessária foi desenvolvida no Brasil por AGOSTINHO ALVIM 
 
Causa para esta teoria seria apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de 
necessariedade ao resultado danoso, determinasse esse último, como consequência sua, 
direta e imediata 
 
Nesse caso a existência de uma causa superveniente, ainda que relativamente 
independente da cadeia dos acontecimentos, impede que se estabeleça o elo entre o 
resultado e a conduta anterior 
 
Não indica necessariamente a causa temporal mais próxima, mas aquela que foi a mais 
direta, a mais determinante 
 
TEORIAS DO NEXO CAUSAL 
 
Muitos autores, como Aguiar Dias a Cavalieri Filho sustentam ser esta (Teoria da 
causalidade adequada) a adotada na órbita civil em nosso ordenamento 
 
No lugar de se apurar quem teve a última chance de evitar o dano, deve-se apurar quem 
teve a melhor ou mais eficiente chance de evitá-lo 
 
A jurisprudência em sua maioria também afirma que devese fazer um juízo de 
probabilidade ou previsibilidade, dentre os antecedentes do dano e acaba, muitas vezes, 
por afirmar que adotamos a teoria da causalidade adequada 
 
Não há no Código Civil regra expressa sobre o nexo causal, apenas o art. 403 que leva 
outra parte da doutrina a afirmar que adotou-se a teoria da causalidade direta ou 
imediata 
 
 
 
TEORIAS DO NEXO CAUSAL 
 
Esta última corrente tem ganhado expressão, em especial nas vozes de Carlos Roberto 
Gonçalves e Gustavo Tempedino 
 
Eles afirmam que a doutrina e jurisprudência acabam por confundir as Teorias 
(Causalidade adequada e Causalidade Direta ou Imediata) mas não dispensa, em 
nenhuma hipótese a investigação da necessariedade da causa 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Há que se destacar aquela causa que está em condição de necessariamente produzir o 
dano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCAUSAS 
 
Concausa é outra causa que, juntando-se á principal, concorre para o resultado 
 
Ela não inicia e nem interrompe o processo causal, apenas o reforça, tal como um rio 
menor que deságua em outro maior, aumentando-lhe o caudal 
 
São então circunstâncias que concorrem para o agravamento do dano, mas que não tem 
a virtude de excluir o nexo causal desencadeado pela conduta principal, nem de, por si 
só, produzir o dano 
 
Entende-se majoritariamente que concausas preexistentes não eliminam a relação 
causal 
 
(ex, condições pessoais de saúde da vítima e predisposições patológicas que 
embora agravantes do resultado, em nada diminuem a responsabilidade do agente) 
 
 
A Concausa superveniente ou concomitante é idêntica à da causa preexistente, ou 
seja, embora concorra para o agravamento do resultado, em nada favorece o agente 
 
De toda forma, se a causa superveniente ou concomitante romper o nexo causal anterior, 
erige-se em causa direta e imediata do novo dano, dá origem a novo nexo causal, e exclui 
a responsabilidade do anterior 
 
Assim, causas absolutamente independentes em relação à conduta do agente rompem o 
nexo causal (não haverá responsabilidade) 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Porém se a causa é relativamente independente, ou seja, incide no curso do processo 
naturalístico causal, em geral quando preexistentes não interrompem a cadeia causal e se 
superveniente pode romper o nexo 
 
 
COPARTICIPAÇÃO 
 
Também pode ter lugar o concurso de agentes ou coparticipação, que se verifica 
quando as condutas de duas ou mais pessoas concorrem efetivamente para o evento. 
 
Trata-se de causalidade comum que ocorre quando várias pessoas participam ou 
cooperam, de alguma maneira, na produção de um dano. 
 
Cada partícipe atua em relação causal em prol do efeito conjunto, ainda que não tenha 
realizado, pessoalmente, aquela parte do ato determinante do resultado. Nesse caso 
todos devem ser responsabilizados pelo evento danoso. 
 
 
 
 
 
 
 
CAUSALIDADE ALTERNATIVA 
 
Outra grande de dificuldade de definir o nexo causal é quando o dano é causado por 
vários agentes, como em manifestação, passeatas, etc. e não se consegue descobrir 
quem, dentre os vários participantes, com o seu ato causou o dano 
 
Típico exemplo desse problema é o caso de coisas caídas ou lançadas de prédio. 
 
O art. 938 do CC responsabiliza aquele que habitar o prédio, mas se a coisa caiu ou 
foi lançada e não é possível identificar de onde veio, que responderá? 
 
Doutrina e jurisprudência para solucionar esses e outros casos tem se valido da chamada 
causalidade alternativa 
 
Ela permite a responsabilização de todos os moradores solidariamente 
 
Há quem se oponha a essa responsabilização do grupo sem que exista prova da 
participação de todos os seus integrantes, porém, na sociedade moderna, de 
massificação das relações não é justo deixar a vítima no prejuízo por não ser possível 
apurar quem, no grupo, deu causa direta e imediata ao evento 
 
Evidenciado o vínculo comunitário entre os membros do grupo, todos os possíveis autores 
devem ser considerados responsáveis solidariamente 
 
Nesse sentido tem-se jurisprudência do STJ: “Responsabilidade Civil. Objetos lançadas 
da janela de edifícios. A reparação dos danos é responsabilidade do condomínio” 
 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Haverá a responsabilidade solidária de que trata o art. 942 do CC. Assim, nas relações 
externas o credor tem o direito de exigir toda a prestação de qualquer dos devedores e 
nas relações internas a obrigação divide-se entre os vários sujeitos. 
 
Logo, o devedor que satisfaz por inteiro terá direito de exigir de cada um dos coobrigados 
a sua quota se não houver, para o rateio, estipulação legal ou contratual em sentido 
contrário Art. 934 CC (Não cabe direito de regresso se o dano for causado por 
descendente absoluta ou relativamente incapaz) As cotas dos codevedores podem ser 
desiguais, por inteiro ou inexistir 
 
OMISSÃO 
 
Causalidade da omissão. A omissão é a ausência de um comportamento, um não 
fazer, que em si não teria relevância causal. Porém, juridicamente, pode ser 
considerada causa por não impedir o resultado, quando havia o dever de agir. Não 
impedir significa permitir que a causa opere, logo, o omitente coopera na realização do 
evento com uma condição negativa. Responde então pelo resultado, não porque o 
causou, mas porque deixou de impedir. O Código penal tem norma expressa a 
respeito – art. 13, § 2º 
 
 
EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE 
 
Excludentes da responsabilidade civil - São hipóteses em que deixa de haver o dever 
de indenizar, que pode ocorrer por exclusão da ilicitude do ato, rompimento do nexo 
causal ou ainda por expressa disposição de vontade (cláusula de não indenizar), podendo 
ser assim elencadas: 
 
 
Excludentes de ilicitude: Legítima defesa estado de necessidade ou remoção de perigo 
iminente, exercício regular do direito ou próprias funções. 
 
Excludente de nexo causal; Culpa exclusiva da vítima ou de terceiro, Caso Fortuito ou Força 
Maior, Fato exclusivo da vítima ou de terceiro. 
 
Cláusula de não indenizar. 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As 
excludentes de ilicitude estudamos anteriormente quando discutimos a conduta 
humana 
 
 
A cláusula de não indenizar somente poderáincidir nas hipóteses de responsabilidade 
decorrente de contrato, sendo inaplicável nas hipóteses de responsabilidade civil 
extracontratual ou aquiliana. 
 
Não será admitida nas seguintes hipóteses: 
 
1. CDC 
 
2. Contrato de adesão (art. 424 CC) 
 
3. Quando retirar o núcleo da obrigação do proponente (ex. contrato de guarda) 
 
4. Contrato de transporte 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
5. Quando viola a boa-fé, equilíbrio contratual ou função social do contrato 
 
 
Quanto a exclusão do nexo causal ganha especial importância. Como visto, ninguém 
pode responder por um resultado que não tenha dada causa 
 
Muitas vezes pessoas são chamadas a responder por eventos que apenas 
aparentemente deram causa, pois quando examinado tecnicamente a relação de 
causalidade, constata-se que o dano decorreu efetivamente de outra causa, ou de 
circunstância que as impedia de cumprir a obrigação 
 
De acordo com a doutrina tradicional, ocorre nas hipóteses de caso fortuito, força maior, 
fato exclusivo da vítima ou de terceiro 
 
Estão previstas no Código Civil na parte relativa ao inadimplemento das obrigações – art. 
393 
 
Muito se discuti sobre a diferença entre caso fortuito e força maior e não há uniformidade 
de entendimento. Indiscutível é que ambos excluem a responsabilidade civil 
 
Predomina a conceituação: ◦ Caso fortuito é evento imprevisível e por isso inevitável 
(ou evento do homem) 
 
Força maior é evento previsível, mas ainda assim inevitável, por tratar-se de fato 
superior às forças do agente, como normalmente são os eventos da natureza, também 
chamado de act of God 
 
Assim a imprevisibilidade é elemento indispensável do caso fortuito e a 
inevitabilidade da força maior 
 
 
 
 
 
 
O caso fortuito e a força maior excluem o nexo causal por constituírem causas estranhas 
à conduta do aparente agente, ensejadora direta do evento danoso. 
 
Convém salientar, desde já, que no caso de responsabilidade objetiva (fundado no risco 
da atividade), a jurisprudência tem entendido que o chamado fortuito interno não afasta 
a responsabilidade. 
 
O fortuito interno seria aquele que apesar de imprevisível e inevitável, se liga aos riscos 
do empreendimento, integrando a atividade empresarial de tal modo que não é possível 
exercê-la sem assumir o fortuito. Assim, nesses casos, como ex. transportador; ato do 
Estado; fornecedor de produtos, etc. 
 
só o fortuito externo – causa desconexa com a atividade desenvolvida – exclui a 
responsabilidade. 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O fato exclusivo da vítima é causa de exclusão do nexo causal porque o agente, aparente 
causador direto do dano, é mero instrumento do acidente 
 
Nesses casos a conduta da vítima é a causa única e adequada do evento 
 
Lembrando que a culpa concorrente da vítima não exclui a responsabilidade, colocando-
se apenas como causa minorante do valor da indenização – art. 945 CC 
 
O terceiro é qualquer pessoa além da vítima e o responsável, alguém que não tem 
nenhuma ligação com o aparente causador do dano e o lesado 
 
Quando um ato de terceiro é causa exclusiva do evento, afasta qualquer relação de 
causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima 
 
O fato de terceiro somente exclui a responsabilidade quando rompe o nexo causal entre o 
agente e o dano sofrido pela vítima, equiparando-se ao caso fortuito e força maior, por ser 
uma causa estranha a conduta do agente aparente, imprevisível e inevitável 
 
Art. 735 CC. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o 
passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. 
 
Súmula 187 STF: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o 
passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. 
 
Parte da doutrina entende que só se pode alegar fato de terceiro, ou seja, sua 
ilegitimidade, quando puder indicar (singularizar) quem é o terceiro causador do dano. Do 
contrário seria fortuito externo 
 
Vale lembrar as regras do CPC para indicação do verdadeiro responsável: 
 
Por. Victor Moura Sobrinho - @direitovm 
Art. 338 CPC. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o 
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a 
alteração da petição inicial para substituição do réu. 
 
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e 
pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e 
cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85 
§8º. 
 
Art. 339 CPC. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito 
passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de 
arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos 
decorrentes da falta de indicação. 
 
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à 
alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o 
parágrafo único do art. 338. 
 
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial 
para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

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