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ALUNA: VITORIA LETICIA MOURA DO NASCIMENTO TIA:32076037 
 
1ª AVALIAÇÃO FILOSOFIA DO DIREITO 
 
1) No livro I da República de Platão o sofista Trasímaco defende a tese de que 
a justiça é o “interesse do mais forte” (República, 338c). Leia o livro I e 
apresente um argumento utilizado por Trasímaco para fundamentar essa 
tese e um argumento utilizado por Sócrates para refutar essa tese. Por 
último, dê a sua opinião: a tese de Trasímaco é consistente? 
Justifique. (5,0) 
Para defender sua tese Trasímaco certamente tende a um posicionamento pragmático 
o qual não se vincula a ética. A grande questão para a sustentação da tese de 
Trasímaco gira ao redor do que é justiça. Para ele, o que chamamos de justiça é na 
verdade o que os indivíduos mais fortes socialmente impõem, não importando o que 
idealizamos a respeito. Para exemplificar sua teoria de que “a justiça é a conveniência 
do mais forte” ele aborda a noção que temos de governo, tratando-o como o 
setor mais forte da sociedade, uma vez que estabelece as leis de acordo com 
sua conveniência. Em outras palavras é justo aos governos o que a eles convém 
pois eles quem determinam as leis e esta linha de pensamento é válida a todos 
os regimes. 
Trasímaco afirma que a única sociedade em que não existem injustiças é a sociedade 
onde também não há justiça, ou seja, uma sociedade em que não exista um homem a 
exercer poder sobre o outro, através de tal afirmação Trasímaco recai sobre o paradoxo 
de que se a ética é abolida, a justiça é injustiça e vice-versa. Para sustentar sua tese, 
Trasímaco nega com todas as forças que a ética determine a política ao defender que 
“o justo não é outra coisa que o útil do mais forte” e baseia seus argumentos entre 2 
princípios, o do positivismo jurídico e o do desmascaramento da natureza do poder. 
Em outras palavras, Trasímaco não quer dizer que o poder que promulga a lei determina 
a natureza do justo e do injusto, mas afirma que a lei tem a função de tornar conhecido 
o princípio, podendo esse ser válido independentemente de qualquer lei ou poder. 
Sendo assim, o justo é o útil daquele que detém o poder. Além disso, a lei exerce função 
coercitiva e sancionadora, sendo utilizada para imposição de punições. Portanto, fica 
claro que o principal objetivo de Trasímaco é comprovar que não compete as leis a 
definição teórica do que é a justiça. 
Trasímaco defende que a única coisa que diferencia a justiça são as diferenças 
presentes entre os regimes, promulgando os governos leis em vantagem própria, 
estabelecendo assim a justiça e consequentemente o povo em posição inferior aos 
governantes tende a obedecê-las com finalidade de agirem de maneira justa. 
Para refutar a tese de Trasímaco, Sócrates, através do emprego da ironia e da maiêutica 
e com um discurso extremamente persuasivo, expande o campo da discussão alegando 
que justiça não se limita ao utilitarismo proposto por Trasímaco. Desta maneira Sócrates 
prova que todos os argumentos por Trasímaco trazidos à discussão não eram nada 
além de opiniões individuais que não possuíam caráter universal. 
Sócrates, em contra argumentação à fala de Trasímaco que dizia que os governantes 
não se enganam e promulgam a lei que é melhor para si, alega que os governantes 
também dão ordens que acabam por lhes serem prejudiciais e que eles têm por objetivo 
governar em favor dos súditos. Sócrates dá a entender que o governo faz o que é 
vantajoso ao mais fraco uma vez que este o pertence, ou seja, o governo não existe 
para si mesmo, mas sim para aqueles os quais ele exerce sua função. 
Por fim, considerando a via trasimaquiana de argumentação e analisando seu potencial 
de desenvolvimento, a fácil desistência de Trasímaco ante os argumentos socráticos 
causa incertezas quanto à consistência de suas teses. Enquanto o problema da areté 
ficar em aberto e a justiça não assumir para si uma posição virtuosa a consistência das 
teses trasimaquianas serão incertas. 
 
2) Discorra sobre a concepção de justiça apresentada por Platão 
na República e sua relação com os projetos totalitários de Estado ao longo 
da história. (5,0) 
A obra de Platão muito embora tenha sido redigida entre 387 e 370 a.C apresenta 
grande relevância contemporânea ao abordar a busca racional de uma cidade ideal, ou 
justa por assim dizer. O principal ponto atribuído à discussão presente na obra 
República paira justamente ao redor do conceito de justiça. 
A justiça platônica pode ser descrita como a harmonia e ordem das partes a fim de 
conquistar objetivos comunitários condicionantes da felicidade dos membros da 
comunidade. Dentro de um Estado como o almejado em A República os interesses da 
coletividade estão acima de todos os outros e os governantes devem agir em busca do 
bem estar geral. 
De acordo com Platão, uma sociedade justa deve fornecer ao cidadão a possibilidade 
de desenvolvimento de talentos, interesses e em especial virtudes. Nesta linha de 
pensamento podemos afirmar que à medida que o governante desenvolve de maneira 
virtuosa sua vida moral, a sociedade tende a tornar-se cada vez mais justa. A motivação 
moral para atuar de maneira justa é a condução de uma vida virtuosa e moralmente 
qualificada. 
Portanto, a justiça platônica nada mais é que a expressão da moralidade estatal 
assegurando que o Estado seja bom e deve ser praticada por todos os cidadãos. A ideia 
de justiça é a racionalização na ordem do político a fim de gerar uma sociedade 
organizada findando o bem social. 
Quanto à relação da obra com modelos totalitaristas, podemos dizer que esta flerta com 
as noções de totalitarismo em sua busca que pode ser considerada uma ilusão de 
justiça. A composição “modelo de sociedade’’ e “modelo educacional” acaba por ser a 
fórmula base do totalitarismo ao notarmos a adoção de práticas eugênicas e que tratam 
da manipulação dos cidadãos pelo Estado. 
Na obra propõe-se que haja a seleção dos indivíduos que reproduzirão e gerarão filhos 
para a Cidade e a manipulação dos relacionamentos sexuais e casamentos, tudo isso 
associado às mentiras empregadas pelo Estado para a manipulação popular. Vale citar 
também uma proposição feita por Sócrates durante a obra acerca do que é sociedade. 
Para ele sociedade é caracterizada pela completa dominação dos cidadãos pelo Estado, 
não existindo qualquer traço de privacidade ou decisão pessoal. 
Portanto, estes são alguns dos fatores presentes na obra de Platão que podem nos 
levar à reflexão sobre a relação de justiça e sociedade presentes no texto e a ascensão 
dos governos totalitários.

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