Iluminismo e a Razão na Europa

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A atual Constituição brasileira, em vigor desde 1988, estabelece a divisão do poder do Estado em três Poderes autônomos: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
 Além disso, nossa Carta Magna afirma que o Estado brasileiro é laico e assegura as liberdades religiosa, de pensamento e de opinião. 
No século XVIII sugiram essas novas ideias sobre formas de governar. 
Por essa época, difundiu-se pela Europa um movimento que defendia o uso da razão em oposição à tradição e ao pensamento religioso, acreditava no progresso da ciência, condenava o absolutismo e pregava a liberdade e a tolerância. 
Esse movimento ficou conhecido como iluminismo, e o século XVIII, como Século das luzes.
Uma filosofia da liberdade Na Europa do século XVIII, vários pensadores defenderam que o uso da razão permitiria construir um mundo fundamentado na verdade, no progresso e na liberdade.
 Como eles construíram a imagem de um combate às “trevas” da ignorância por meio das “luzes” da razão, esse movimento ficou conhecido como Iluminismo, Ilustração ou Filosofia das Luzes.
Embora o Iluminismo tenha se difundido a partir da França, suas primeiras manifestações ocorreram no século XVII, nos Países Baixos (Holanda). 
A Holanda garantia liberdade religiosa e direitos políticos para a população, o que atraiu pessoas perseguidas em outros países. 
Ali, publicavam livremente jornais, panfletos e livros críticos à Igreja católica e aos regimes absolutistas.
Poetas, intelectuais, músicos, filósofos e pintores que viviam na Holanda formavam associações para propagar suas obras e defender seus interesses.
Baruch Spinoza
Baruch Spinoza (também chamado de Espinosa ou Espinoza) foi um filósofo racionalista holandês, um dos mais importantes da filosofia moderna.
Além de seu racionalismo religioso radical, Spinoza defendeu o liberalismo político.
Nascido em Amsterdã, na Holanda, em 24 de novembro de 1632, Baruch Spinoza descendente de judeus de origem português.
“Os homens enganam-se quando se acreditam livres; essa opinião consiste apenas em que eles estão conscientes das suas ações e ignorantes relativamente às causas pelas quais são determinadas.”
“O homem livre não pensa em nada a não ser na morte; e a sua sabedoria é uma meditação não sobre a morte, mas sobre a vida.”
“A paixão sem a razão é cega, a razão sem a paixão é inativa.”
Baruch Spinoza 
Bases do Iluminismo 
Viveram na Holanda dois dos filósofos cujas ideias permitiram o desenvolvimento do Iluminismo: 
o inglês John Locke (1632-1704) e o francês René Descartes (1596-1650). 
Descartes permaneceu por mais de duas décadas na Holanda e lá escreveu importantes livros, como o Discurso sobre o método, publicado em 1637. 
Na obra, Descartes argumenta que, para comprovar a veracidade de qualquer afirmação, seria preciso submetê-la a um rigoroso exame investigativo.
 Somente as que resistissem ao exame seriam aceitas como verdadeiras
John Locke foi à Holanda em 1683, fugindo de perseguições políticas, e só retornou à Inglaterra após a Revolução Gloriosa de 1688-1689. 
O filósofo foi um dos criadores do liberalismo político, doutrina que defende a limitação dos poderes do Estado, de modo a garantir a liberdade individual e o respeito ao direito de propriedade.
Locke também contestava a ideia de que os reis tinham direitos divinos, pois a política era uma invenção humana.
 Para ele, caso o governo se transformasse em tirania, caberia ao povo exercer seu direito de rebelião para depor o poder tirânico e substituí-lo por um novo governo.
No campo da ciência, a descoberta das forças naturais que atuam sobre os corpos pelo físico inglês Isaac Newton (1642-1727) mostrou que os mistérios da natureza poderiam ser desvendados pelo conhecimento racional. Lei da gravidade.
Desenvolveu pesquisas que identificaram leis gerais do universo, conseguiu desenvolver cálculos matemáticos relativos aos movimentos celestes e atestou a existência de forças a que submetidos tanto o astros quanto os seres que viviam na terra.
O universo deixa de ser um mistério só acessível ás leis e ao pensamento e místicos ou religiosos.
As ideias de Locke, Descartes e Newton que se espalharam pela Europa do século XVII afirmavam que a razão poderia questionar a tradição. 
Por isso, foram fundamentais para a eclosão do Iluminismo no século seguinte.
IMMANUEL KANT
Todos trazemos repertórios informativos e conceituais, historicamente construídos, que se originam da nossa percepção da natureza e dos homens. 
Comparou o movimento iluminista á chegada dos homens á vida adulta : “ Iluminismo é a saída do homem a sua maioridade de que ele próprio é culpado.
A maioridade é a capacidade de se servir do atendimento sem orientação de outrem”.
Enfatizava desta maneira a importância da consciência e da autonomia do pensamento e a necessidade de rejeitar qualquer submissão passiva a ideias políticas , estéticas ou religiosas. 
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A circulação das ideias iluministas 
Os ideais iluministas se disseminaram principalmente em Paris, nas academias de ensino, escolas alternativas às universidades, mas também em salões, cafés e clubes literários. 
Nesses ambientes, eram debatidas as descobertas científicas, as notícias de jornais dos mais variados locais e temas ligados a arte e política.
Em sua obra O espírito das leis (1748), o francês Charles Louis de Secondat, barão de Montesquieu (1698-1755), analisou e comparou diferentes formas de governo.
 Vivendo sob o absolutismo, defendeu o modelo da monarquia constitucional inglesa, no qual o poder era controlado pelo Parlamento. 
Montesquieu se opunha à concentração de poder do Estado nas mãos do monarca. 
Para ele, o poder estatal deveria ser distribuído em três poderes autônomos, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
Legislativo;composto por assembleias representativas, cabia a confecção das leis.
Executivo; a aplicação da lei
Judiciário; avaliação e eventual punição aqueles que desrespeitassem as regras.
Para os iluministas , o Estado não podia ser a expressão de um direito divino ou do poder de um monarca isolado.
O Estado devia representar a vontade coletiva, sua legitimidade derivava da capacidade de exigir de todos os indivíduos os mesmos deveres e de assegurar os mesmos direitos.
O comando deste Estado poderia ser exercito por um conjunto ou mesmo por uma pessoa.
Muitos pensadores consideravam aceitável Rei absoluto, desDE que que ele não fosse fundado nos princípios religiosos, que estes seguisse o uso da RAZÃO.
EM RESUMO: A POLITICA ERA SECUNDÁRIO EM RELAÇÃO A PREOCUPAÇÃO RACIONALISTA DOS PENSADORES ILUSTRADOS. 
O influente pensador francês François-Marie Arouet, conhecido como Voltaire (1694-1778), condenava o fanatismo religioso e a superstição, que, para ele, fomentavam guerras e impediam a clareza de pensamento do ser humano.
Passou a admirar a Tolerância Religiosa e de Expressão que havia na Inglaterra, de volta a França, desenvolveu uma espécie de cruzada anticristã: criticava duramente a Igreja Católica , que ele chamava de “Infame”.
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Mais duradoura repercussão teve o pensamento do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que criticava as fontes das desigualdades sociais: 
a sociedade burguesa e a propriedade privada.
Segundo ele, o governante era apenas um funcionário do povo, que é o verdadeiro soberano.
Os rumos da sociedade deveriam ser definidos, portanto, pela vontade geral, que se manifestaria pelo voto da população em assembleias.( democracia) 
Ele acreditava que a liberdade estava nas origens do homem estes nasciam livres , mas eram corrompidos pela sociedade e submetidos ao jugo alheio.
Deviam portanto, lutar, pela reconquista da liberdade, sendo a EDUCAÇÃO UM DOS PRINCIPAIS CAMINHOSPARA ISSO. 
Obra Contrato Social: as sociedades deveriam escolher seus governantes que, durante um determinado período de tempo, teriam a incumbência de representar o povo, e de garantir que a vontade coletiva se impusesse ao individual.
Em nenhum momento o governo poderia se considerar soberano, a SOBERANIA ESTAVANO POVO, REUNIDO COMO UM CORPO POLITICO DE CIDADÃOS.
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Na França, as novas ideias nos mais variados campos do saber foram reunidas em uma importante obra, a Enciclopédia
 Para que as novas ideias se popularizassem, era necessário produzir uma releitura dos saberes herdados do passado e difundi-los pela sociedade com os novos conhecimentos provenientes da ciência moderna.
 Assim, os iluministas escreveram diversos livros, entre os quais se destacaram as enciclopédias, que procuravam reunir a totalidade dos saberes existentes na época, classificando-os e ordenando-os para a melhor compreensão do público leig
A partir de 1772, Jean d’Alembert (1717-1783) e Denis Diderot (1713-1784) coordenaram a publicação da Enciclopédia francesa, que se tornou um marco fundamental do Século das Luzes.
 Uma ampla gama de intelectuais e artesãos contribuiu na escrita da Enciclopédia, cuja autoria foi dada à Sociedade de Homens de Letras. 
Assim, o conjunto de 28 volumes se transformou num retrato do pensamento da época, mostrando até visões divergentes sobre um mesmo tema.
A Ilustração contestou a hegemonia do cristianismo e rompeu o sentido coletivo da religiosidade.
Os pensadores ilustrados distanciavam-se dos conhecimentos de base religiosa, temiam os dogmas e as superstições que eles incluíam e defendiam a superstição dos limites que o cristianismo impunha a seus seguidores.
Criticavam, também, os juramentos de fidelidade que os governantes deviam prestar à igreja e sua sibmissão formal ou real a ela.
Alguns nomes ligados ao iluminismo chegarama pregar a rejeição a todas as igrejas como Kant, que defendia o Deísmo; a possibilidade de acreditar em deus sem seguir qualquer tipo de instituição ou regra religiosa coletiva.
Embora a Ilustração seja realmente associada à França, as novas ideias circularam por diversas partes da Europa e atravessaram o Oceano Atlântico.
Os principais teóricos e lideres da Independência dos Estados Unidos, Thomas Paine, Thomas Jafferson, Benjamin Franklin, eram leitores dos iluministas europeus e construíram seus projetos políticos a partir dos princípios da Luzes.
Evidentemente , a ampla divulgação das ideias ilustradas provocou reação rápida e forte dos reis absolutistas e do clero. 
Livros foram censurados, autores foram presos , perseguidos e em diversos casos, tiveram que fugir de seus países de origem e buscar abrigo em Estado mais tolerantes.
Censurados e recolhidos , eles acabavam por circular clandestinamente, misturados em relatos e livros que criticavam o absolutismo. 
As mulheres e o Iluminismo
Muitas mulheres participavam das conversas nos cafés e salões em que as ideias iluministas eram debatidas.
Os filósofos David Hume (1711-1776) e Jeremy Bentham ( 1748-1832), afirmavam que a igreja e os homens incutiam nas mulheres valores ( castidade, abstinência sexual). 
Esses valores buscavam manter a ordem patriarcal, mas não eram naturais, e nem contribuíam para a melhoria da sociedade ou para a felicidade. 
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Betham, defendia a igualdade de direitos entre homens e mulheres. 
Para ele, as mulheres deveriam ter direito à plena participação política , exercida tanto através do voto quanto no exercito de cargos públicos e governamentais. 
Mary Wollstonecraft, ( uma reivindicação aos direitos da mulher), reagiu aos educadores do século VXIII, que recomendava uma educação simplificada e limitada para as mulheres.
Criticava a ideia de que as mulheres devessem prepara-se apenas para o casamento e a vida conjugal, considerava o patriarca corrupto e defendia o amplo acesso das mulheres ao ensino e ao trabalho, 
Marie Gouze , conhecida Olympe de Gouges, publicou a DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER E DA CIDADÃ.
O texto era uma versão feminista da Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão.
Defendia a participação da mulher na vida política e civil em condição de igualdade com os homens. 
Por seus escritos foi condenada pelo tribunal revolucionário e guilhotinada .
Dois anos após, A Assembleia Nacional francesa promulgou um decreto , confinando as mulheres no espaço doméstico e proibindo-as redigir manifestos, protestos e participar de clubes politicos.
Escocês Adam Smith (1723-1790), iluminista do liberalismo econômico. 
Em contraposição aos defensores do mercantilismo, os liberais tinham (e têm) como princípio a liberdade de mercado. 
Em sua obra A riqueza das nações (1776), Smith apregoa que a força motriz da riqueza está no trabalho livre, sem interferências do Estado. 
Com isso, combate os valores ligados à agricultura e ao comércio. 
Para ele, as relações entre produtores e consumidores devem ser reguladas pela lei da oferta e procura.
A lógica e a racionalidade deviam guiar o funcionamento do aparato produtivo e todas as etapas precisavam ser minuciosamente calculadas e executadas.
capacidade de planejamento e calculo, lucidez, individualismo, disposição para o trabalho, agilidade, uso contínuo da razão, crítica aos gastos desnecessários.
O Estafo por sua vez, devia assegurar o empreendedor uma total liberdade de ação. Eliminando os mecanismos protecionistas defendidos pelos governos mercantilistas.
As bases hegemônicas da economia desde o século XV, quando iniciaram as GRANDES NAVEGAÇÕES, começavam a ruir. 
No lugar , surge uma nova lógica que privilegiava as Forças do mercado, que os pensadores liberais consideravam naturais.
Elas representavam a “ mão invisível” que guiaria os rumos financeiros e sustentaria a economia internacional.
Smith acompanhava a Revolução Industrial e tudo que o mundo das fábricas implicava de aumento e produtividade , redução de preços e mudanças nas relações de trabalho.
Para ele o mundo avançava e o PROGRESSO traduzia-se nessa nova organização da produção. 
Déspotas esclarecidos
 Sem renunciar ao poder absoluto, alguns monarcas adotaram certas ideias iluministas.
 Conhecidos como “déspotas esclarecidos”, eles incentivaram a produção artística e científica, racionalizaram a cobrança de impostos, eliminaram parte dos privilégios da nobreza e modernizaram algumas instituições, como as educacionais e as Forças Armadas. 
Destacaram-se como déspotas esclarecidos: Frederico II (1712-1786), da Prússia, que atraiu filósofos e artistas para seu reino; e o marquês de Pombal (1699- -1782), primeiro-ministro português entre 1750 e 1777, que teve papel mais significativo no despotismo esclarecido que o próprio rei de Portugal, dom José I.
Mercantilismo: ideias e práticas econômicas vigentes entre os séculos XVI e XVII, segundo as quais a riqueza de um país seria determinada pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) por ele acumulados e por sua balança comercial favorável. 
Assim, um país seria tanto mais rico quanto maior fosse o seu superavit comercial, com o valor das exportações superando o das importações.
As reformas pombalinas
Com amplos poderes, o Marques de Pombal empreendeu em Portugal uma série de reformas, combinado com os princípios mercantilistas com orientações de caráter iluminista.
 Pombal procurou estimular e fortalecer as atividades econômicas de setores da burguesia manufatureira e mercantil, eliminando o Maximo a importação da Inglaterra.
Novas companhias de comércio foram criadas:
Grão –Pará e Maranhão; Pernambuco e Paraíba.
No norte, a cultura de algodão foi estimulada para atender ás manufatoras têxteis inglesas que começavam a se desenvolver.
No Brasil, os mineradores da capitania de Minas tinham que pagar uma cota mínima de 100 arrobas de ouro anualmente a coroa.
Se a quinta parte da produção não atingisse tal volume, os demais moradores deveriam arcar com a DERRAMA , ou seja, uma outra taxação que deveria completar as 100 arrobas fixadas pela metrópole, que seria cobrado de acordo com as posses de cada habitante.
Impopulares na colônia, as novas orientações político –econômicas provocam reações também na Metrópole.
Para enfrentar a ideologia aristocrática, apegada aos privilégios em relação ás atividades mercantis e industriais.
Pombal realizou uma reforma no ensino, combateua influencia dos jesuítas na sociedade portuguesa.
Novos letrados, denominados pejorativamente pelos grupos conservadores de “ estrangeirados”, porque estariam influenciados pelas ideias francesas que cercavam a nova administração.