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======> A próstata ⇒ Uma glândula do sistema genital masculino de consistência fibroelástica, com peso de +- 20-30 g. Localizado inferiormente à bexiga, sendo atravessada pela primeira porção da uretra, fica posterior a sínfise púbica e anterior ao reto. ⇒ A próstata envolve a uretra, a parte da uretra que passa por ela é chamada de uretra prostática, que se une aos dois ductos ejaculatórios. ⇒ É dividida em três “partes” com diferença anátomo-histológicas com a morfologia da glândula: -Zona central ou periuretral⇒ Composta por glândulas curtas. Possui forma piramidal, com seu ápice na extremidade distal da uretra prostática e sua base sob o colo vesical. É atravessada pelos dutos ejaculadores e abrange 20% do tecido prostático. -Zona de transição⇒ Composta por glândulas de tamanho intermediário. Está na face anterior da uretra prostática,a envolvendo, abrangendo 5% do volume da próstata normal. ### É nesta zona que se origina a HPB. -Zona periférica⇒ Constituída por glândulas longas, ramificadas e tortuosas. Encontra-se posterolateralmente, é a porção mais volumosa da próstata normal com cerca de 75%do tecido glandular. ### Local onde origina-se a maior parte dos adenocarcinomas de próstata. ###Estroma fibromuscular anterior ⇒ Forma a parede anterior da próstata, é constituído por tecido conjuntivo e muscular compacto, sem qualquer estrutura glandular. A região periférica é separada das demais por uma fina camada de tecido fibroelástico: a cápsula cirúrgica. E por fora é coberta por uma superfície chamada cápsula prostática ou fáscia prostática. Hiperplasia prostática benigna ⇒ Patologia causada por proliferação “demasiada” das células do epitélio prostático (forma um tecido nodular adenomatoso). Geralmente ocorre aumento do volume glandular ⇒ que causa os sintomas. . ⇒ A HPB tem sua prevalência aumentada conforme avanço da idade. Presente em 8% de homens entre 31-40 anos, em 50% de indivíduos entre 51-60 anos e em mais de 80% dos homens com 90 anos ou +. ### Nem todo homem com HPB irá apresentar os sintomas. ⇒ A etiologia da HPB não é totalmente compreendida. Sabe-se que está ligada a idade avançada e história familiar. Também existe influência endócrina, uma vez que a supressão dos androgênios evita seu surgimento e é capaz de reverter uma HPB previamente estabelecida. # A testosterona livre penetra na célula epitelial prostática e, por ação da enzima 5-alfa-redutase, é transformada em DHT ⇒ A DHT se liga a receptores androgênicos nucleares, formando um complexo que atua sobre genes específicos e inicia um processo de síntese proteica que modula a proliferação das células epiteliais da glândula. + estimula as células do estroma, fazendo-as secretar fatores de crescimento, que por mecanismos parácrinos, estimula ainda mais a proliferação glandular. ⇒ HPB acomete a zona de transição situada em torno da uretra ⇒ Proliferam-se nódulos formados por tecido glandular. ⇒ Fisiopatologia : O processo de obstrução da uretra pode acontecer de 2 formas: ⇒ Efeito mecânico secundário ao crescimento prostático exagerado. ⇒ Efeito funcional relacionado à contração das fibras musculares do estroma prostático ⇒ fibras ricas em receptores alfa-1-adrenérgicos ⇒ se contraem por ação do sistema nervoso simpático # Também ocorrem alterações vesicais ⇒ Músculo detrusor hipertrofia (formação de trabéculas na mucosa vesical) na tentativa de manter o fluxo urinário normal ⇒ Resulta em redução da complacência e capacidade vesical ⇒ Sintomas miccionais como urgência, polaciúria, incontinência de urgência e redução do volume miccional. # Alterações neurogênicas (em fases avançadas) ⇒ Ativação dos receptores de tensão presentes na mucosa vesical + redução do número de terminações colinérgicas + aumento de receptores alfa-adrenérgicos ⇒ hiperatividade espontânea do detrusor, Manifestações clínicas ⇒ Os sintomas da HPB podem ser divididos em 3 grupos: 1- Sintomas de Armazenamento ⇒ Polaciúria (aumento da frequência urinária), urgência urinária, incontinência urinária, noctúria (necessidade de urinar que obriga uma pessoa a se levantar após ter se deitado para dormir), enurese noturna (vazamento involuntário de urina que ocorre durante o sono). #Sintomas presentes em 50-70% dos indivíduos. 2- Sintomas de esvaziamento (Obstrutivo)⇒ Hesitação (dificuldade de iniciar a micção) , esforço miccional, jato fraco ou intermitente, gotejamento terminal. 3- Sintomas Pós-miccionais (Obstrutivo)⇒ Gotejamento pós-miccional (perda involuntária de urina imediatamente depois de ter terminado de urinar) e tenesmo vesical ( vontade frequente de urinar e sensação de não esvaziamento completo da bexiga). #Os sintomas obstrutivos de esvaziamento ou pós-miccionais estão presentes em 70-80% dos casos e são resultado do efeito mecânico ou muscular (dinâmico) da glândula sobre a luz uretral. #Os sintomas não necessariamente são proporcionais ao volume da próstata. Podem ser oscilantes ( períodos de melhora intercalados com piora). ⇒ Exame físico ⇒ Avaliar tonus do esfincter anal (funçao neurologica) + palapçao da prostata, avaliando tamanho ( normal de 7 - 16 gramas), consistencia, presença de nodulaçoes, assimetria e presença de endurecimento (possibilidade de neoplasia). # No exame abdominal avaliar presença de “bexigoma”. ⇒ Fazer uso do I-PSS (Escore Internacional de Sintomas Prostáticos), escore amplamente utilizado e validado para uso no Brasil. Composto por 7 perguntas feitas ao paciente para avaliar a gravidade dos sintomas prostáticos. A avaliação pode ser auxiliada com o paciente fazendo um diário miccional (registrar os sintomas, horário e volume das micções durante três dias e noites). ⇒ 0 a 7 pontos = sintomas leves. ⇒ 8 a 19 = Sintomas moderados. ⇒ 20 a 35 = Sintomas graves. Diagnóstico ⇒ Diagnóstico é feito com presença de sintomas do trato urinário inferior + exame digital da próstata (avalia tamanho da próstata mesmo podendo não ter aumento e procura sinais de neoplasia ⇒ nódulo endurecido ou assimétrico) + Exames complementares. ⇒ Na história clínica é necessário investigar: história de infecção urinária recorrente, disfunção sexual, hematúria, doenças neurológicas, antecedentes cirúrgicos, cálculo vesical e história familiar de câncer de próstata. ● Febre caracteriza a prostatite infecciosa. ● Sintomas neurológicos associados sugerem bexiga neurogênica. ● Hematúria traz a possibilidade de neoplasia urotelial ou urolitíase. ● História de trauma ou instrumentação cirúrgica indica estenose uretral. ● Uso de drogas anticolinérgicas ou simpaticomiméticas faz pensar em uma disfunção vesical medicamentosa. # Prostatismo antes dos 50 anos⇒ investigação com atenção especial para a possibilidade de diagnósticos alternativos. ⇒ O toque retal geralmente apresenta próstata simétrica com tamanho aumentado, consistência fibroelástica e com o sulco interlobular preservado. ### O toque retal avalia apenas cerca de 60% do volume glandular. #Presença de nódulos endurecidos⇒ Sugere adenocarcinoma⇒ nestes casos é indicado a realização de uma biópsia transretal da próstata guiada por USG. Nesta etapa também avaliamos a tonus do esfincter anal ⇒ Caso reduzido devemos considerar um disturbio neurologico causando bexiga neurogenica ⇒ Avaliar neuroparia periferica, avaliar sesnsibilidade da regiao perineal + reflexo bulbocavernoso (avalia segmento S2-S4 da medula , mesmos que inervam a bexiga). ⇒ Exames complementares ⇒ Rotineiramente pede-se: # Exame de urina tipo I: Pode identificar piúria ( indicando ITU ou prostatite), hematúria (Litíase ou CA urogenital). # Ureia e creatinina: Investiga presença de complicação da HPB (nefropatia obstrutiva). # Antígeno Prostático Específico (PSA) : É uma glicoproteína da próstata. Pode ter seus valores aumentados em qualquer patologia prostática inflamatória ou neoplásica. ⇒ Nível de PSA normal para a idade: ● Até aos 50 anos: até 2,5 ng/ml. ● Entre os 50 e os 60 anos: até 3,5 ng/ml. ● Entre os 60 e os 70 anos: até 4,5 ng/ml. ● Acima de 70anos: até 6,5 ng/ml. # O teste de triagem para o CA de próstata em homens com HPB é indicado para homens de 50 - 69 anos, com expectativa de vida de ao menos 10 anos, nos quais a presença do CA possa mudar a conduta e melhore as queixas miccionais. # Na HPB a densidade próstatica ( PSA/volume prostático) < 0,15 e PSA livre/PSA total > 22% # Quando acima de 1,6 ng/ml está relacionada à maior risco de progressão da HPB. Outros exames que podem ser solicitados: #Ultrassonografia: permite avaliar trato urinário, ver espessura da parede vesical, ver e mensurar volume e peso da próstata. # Cistoscopia⇒ indicada quando a próstata não está muito aumentada junto a presença de importantes sintomas obstrutivos ⇒ vai avaliar presença de estenose de uretra. *É obrigatória quando há presença de hematúria macroscópica ⇒ Procura de CA de bexiga. # Estudo urodinâmico ⇒ Indicado quando se suspeita de distúrbio neurológico ou quando sintomas persistem mesmo após o tratamento intervencionista (RTU de próstata, cirurgia). Esse exame “mede” fluxo urinário, volume vesical residual e as “relações pressão-volume”. Diagnóstico Diferencial ⇒ Hiper/Hipoatividade do detrusor ⇒ Bexiga neurogênica. ⇒ ITU ⇒ Prostatite bacteriana/ não bacteriana ⇒ Corpo estranho ⇒ Calculo ureteral distal ⇒ Estenose de uretra ⇒ Neoplasia ⇒ DM descompensada ⇒ Uso de medicamentos: Diuréticos, antidepressivos tricíclicos, drogas anticolinérgicas e anti-histamínicos de 1° geração. Complicações da HPB ⇒ Prostatite / Infecção urinária ⇒ Acomete +- 5% dos pacientes com HPB. Infecções ocorrem por colonização prostática ou da urina residual da bexiga. Podem piorar sintomas urinário e/ou levar a retenção urinária. ⇒ Cálculo vesical ⇒ Resultam da impossibilidade de expulsar cálculos migrados dos rins ou surgem por estase local. Podem ocasionar bloqueios abruptos do jato urinário e hematúria macroscópica. ⇒ Hematúria microscópica ⇒ Ruptura de vasos submucosos locais. Tendem a “sumir”, porém na sua presença é necessário investigação com cistoscopia e USG renal ⇒ Procurar, principalmente, neoplasias urogenitais, litíase renal/ureteral e carcinoma de células renais. ⇒ Falência do detrusor ⇒ hipertrofia acentuada do detrusor ⇒ depósito local de colágeno ⇒ falência vesical progressiva ⇒ aumento do volume e dilatação da bexiga. # O grande volume residual pode causar dilatação do trato urinário superior ⇒ causando cálculos vesicais. ⇒ Retenção urinária aguda ⇒ Ocorre em 2-10% dos pacientes. Ocorre Incapacidade de esvaziamento vesical (ocorre independente do volume da próstata). Alguns fatores estão ligados ao aparecimento: ● Uso de simpaticomiméticos ou anticolinérgicos. ● Distensão aguda da bexiga, como nos casos de diurese forçada. ● Prostatite infecciosa aguda. ● Cálculo vesical. ● Infarto prostático. # Prognóstico desfavorável, 60-70% voltam a apresentar retenção após 1-3 meses da retirada do cateter de Foley. # Uma crise de retenção urinária aguda da HPB é uma das principais causas de insuficiência renal aguda pós-renal ⇒ deve ser rapidamente revertida com o cateter de Foley ou a cistostomia. ⇒ Insuficiência renal (aguda ou crônica) ⇒ 3% dos pacientes com HPB têm lesão renal causada pela própria obstrução prostática (em pacientes com HAS, DM chega a 15 %) ⇒ a insuficiência renal na HPB geralmente está ligada a hidronefrose que se instala de forma silenciosa/ aos poucos ⇒ caso sua identificação deve ser feito cateterismo vesical contínuo seguido de cirurgia. Tratamento ⇒ o escore de sintomas IPSS deve ser calculado para todos os pacientes com HPB, sendo levado em conta para escolha da abordagem adequada. ⇒ Existem 3 opções terapêuticas ⇒ acompanhamento, terapia farmacológica e tratamento intervencionista. ⇒ Pacientes com IPSS entre 0 e 7 ou aqueles que não querem iniciar tratamento medicamentoso⇒ acompanhamento anual. #Medidas comportamentais podem auxiliar na qualidade de vida⇒ Micção em posição sentada, evitar ingestão de líquidos antes de ir deitar, redução do consumo de cafeína e álcool (diuréticos leves). ⇒ Pacientes com IPSS entre 8 a 19⇒ Tratamento medicamentoso: # A primeira escolha é o uso de monoterapia com alfa-1 adrenérgicos (relaxam o músculo liso do trígono vesical e estroma prostático ⇒ promovendo melhora nos sintomas e aumentando o fluxo miccional). *Preferir a Tansulosina (modernos bloqueadores alfa-adrenérgicos de meia-vida longa e seletivos para o receptor alfa-1-a). #Contra Indicação dos Alfabloqueadores. # Possíveis efeitos adversos: Hipotensão, tontura e astenia, cefaleia e rinite. # Segunda opção é monoterapia com inibidor da 5-alfa-redutase (Antiandrogênicos) ⇒ Tentativa de reduzir volume glandular ⇒ Por reduzir a sensibilidade do epitélio glandular a ação da DHT *Uso de anti andrógenos reduz nível sérico de PSA. ⇒ Indicado em intolerância ao uso de alfa-1 adrenérgico, próstata grande (> 40 ml) com sintomas moderados e sem complicações, recusa ao TTO cirúrgico. ⇒ Melhora dos sintomas demoram uns 12 meses. ======> Finasterida (5mg 1x/dia) ⇒ Inibe a enzima 5-alfa-redutase do tipo 1, impedindo a formação local de DHT no tecido prostático ⇒ Na dose usual pode reduzir o volume glandular em até 30% após 6 meses. * Devido a possível associação com CA de próstata recomenda-se acompanhamento com PSA e toque retal anual quando em uso. =======>Dutasterida (0,5 mg 1x/dia) ⇒Inibe as isoenzimas tipo 1 e 2 da 5-alfa-redutase ⇒ Possui discreta superioridade a Finasterida. #Efeitos adversos: Redução da libido e alterações na ejaculação. # Terapia combinada (Bloqueadores alfa-1-adrenérgicos + Inibidores da 5-alfa-redutase) ⇒ Indicado para pacientes com sintomas obstrutivos importantes e próstatas de grande volume (IPSS = ou > 20 ou quando não se atinge resposta adequada em monoterapia). Geralmente os inibidores da 5-alfa-redutase são acrescentados a terapia quando próstata > 40 g. ⇒ Pacientes com IPSS de 20 a 35 ⇒ Inicialmente tenta-se terapia medicamentosa ⇒ caso não obtenham resposta ao tratamento (maioria dos casos) ⇒ Tratamento cirúrgico. # Para considerar um paciente como não responsivo ao TTO medicamentoso é necessário um período inicial de seis meses a um ano de acompanhamento com um IPSS que se manteve grave ou que se reduziu apenas para moderado. ⇒ A Ressecção Transuretral da Próstata (RTUP) é considerada o tratamento padrão-ouro entre as terapias cirúrgicas. #Principais complicações da RTUP: ejaculação retrógrada (50%), disfunção erétil em 13,6% dos casos (secundária à lesão térmica dos nervos cavernosos que passam lateralmente à cápsula prostática) , incontinência em até 1,9% dos casos (secundária à lesão do esfíncter urinário externo ou à hiperatividade do detrusor não diagnosticada), sintomas miccionais irritativos, contractura do colo vesical (fibrose pós-operatória,), infecção urinária e hematúria recorrente. ⇒ Ocorre o desaparecimento dos sintomas é referido em 85% dos pacientes após um ano de intervenção. ⇒ A morbidade da RTUP é de aproximadamente 18%, e a taxa de mortalidade varia em torno de 0,2%, diretamente relacionadas ao aumento da idade. ⇒ Cirurgia Aberta pode ser realizada via suprapúbica ou retropúbica. Geralmente realizadas em pacientes com próstatas muito volumosas (≥ 80 g) ou quando a via endoscópica é impossível (estenose uretral) ou na presença de afecções vesicais associadas (cálculos e divertículos).
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