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Educação Quilombola: A Falta da Temática Quilombo nos livros didáticos

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(
26
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ
FACULDADE DE HISTÓRIA DO TOCANTINS – FACHTO
ROBSON SOARES LOPES
A FALTA DA TEMÁTICA QUILOMBO NOS LIVROS DIDÁTICOS
Cametá / Pará
2019 
ROBSON SOARES LOPES
EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: A FALTA DA TEMÁTICA QUILOMBO NOS LIVROS DIDÁTICOS
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado a Faculdade de História do Campus Universitário do Tocantins-Cametá como um dos requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura Plena em História, sob a orientação do Professor José do Espirito Santo Dias Júnior. 
Cametá / Pará
2019
ROBSON SOARES LOPES
EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA:
A FALTA DA TEMÁTICA QUILOMBO NOS LIVROS DIDÁTICOS
Data da Aprovação: ____/____/______
Conceito: __________________________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. José do Espirito Santo Dias Júnior.
Orientador
_____________________________________
Prof.ª. Dra. Rosemeire de Oliveira Souza
Membro da Banca
Cametá/Pará
2019
Dedico este trabalho a minha mãe, Maria de Fátima Baia Soares, ao meu pai, Jeremias da Silva Lopes e aos meus irmãos е a toda minha família que, com muito carinho е apoio, não mediram esforços para que еu chegasse até esta etapa de minha vida. ”
Ao Curso de Historiada UFPA Campus Cametá, е às pessoas com quem convivi nesses espaços ао longo desses anos. А experiência de uma produção compartilhada na comunhão com amigos nesses espaços foram а melhor experiência da minha formação acadêmica.
AGRADECIMENTOS
É com imensa satisfação que ressalto meus sinceros agradecimentos a essa instituição maravilhosa que é a Universidade Federal do Pará Campus Cametá por me conceber essa oportunidade de estudar e conceber a oportunidade de troca de conhecimentos que eu tive com meus professores e colegas de turma. Sou muito grato também a Superintendência de Assistência Estudantil (SAEST) por me conceber a bolsa permanência durante quase que quatro anos, sem essa bolsa eu não conseguiria terminar esse curso, disso eu não tenho dúvidas. 
Agradeço a minha Mãe Maria de Fátima que sempre me ajuda me dar forças em todos os momentos e me deixa feliz todas as vezes que estamos juntos. Mulher que me inspira e me mostra que a humildade é tudo. Agradeço meu pai Jeremias Lopes que mesmo longe em nenhum momento se recusou a me ajudar e várias maneiras passiveis.
Sou bastante grato aos meus irmãos: Rodrigo Soares, Raquel Soares, Rafael Soares, Roane Soares, Raissa Soares, Ricardo Soares e Rian Soares que de forma direta ou indireta contribuíram muito para a minha formação. 
Meus sinceros agradecimentos vão também para a escola da comunidade quilombola de porto alegre, aos professores e a direção que me cederam a fonte principal desse trabalho que os livros didáticos. Sou grato também aos lideres da comunidade que me permitiram acesso ao acervo de materiais que a comunidade oferece.
Sou muito feliz em ter e poder contar com pessoas quem nem vocês: Cássio Victor, Rodrigo Meireles, Rogélio Viana, Ronald Nunes e Rómulo César meus amigos / irmãos que me deram muita força para eu poder continuar no curso.
Sou muito grato pelas amizades que fiz no decorrer dos anos nesse curso, meu agradecimento especial vai para um amigo / irmão William Bonner, um jovem de coração maravilhoso que me ajudou bastante ao decorrer desse curso. 
Não poderia de deixar de agradecer a pessoas como: Emanuel Tenório, Andson Santos, Guilherme Fernandes, Narlon Costa, Herison Pimentel, Alan Cantão, Renato Diniz, Renato Pantoja, João Jeferson, Marlon Xavier, Daelem Rodrigues, Lucimare Miranda, André Salges, Isadora Cristina e a Williani Ribeiro, saibam que todos vocês de alguma forma me ajudaram ao longo dessa graduação.
Sou grato aos professores dessa instituição que eu tive a maravilhosa honra de participar das aulas: meu orientador Prof. Dr. José Dias Junior, Prof. Dr. Rosemeire Sousa e Prof. Dr. Celeste Pinto, que muito me ajudaram ao longo dessa trajetória. Vocês mostraram que podemos sim construir uma educação de qualidade que abrangem todas as pessoas. 
´´A educação é a arma mais poderosa que 
Você pode usar para mudar o mundo``
Nelson Mandela
RESUMO
O primeiro capitulo presente trabalho vem trazendo uma análise das conquistas do movimento negro entre os anos de 1964 a 2003, mostrando o quanto foi importante à participação negra em relação a várias conquistas que presenciamos nos dias atuais e como foi e é importante as políticas de ações afirmativas para muitas pessoas em nossa sociedade. Para ser construído o primeiro capitulo desse trabalho, foram feitas várias buscas em documentos que tratam da participação negra em prol de uma sociedade que podemos dizer mais igualitária, com a leitura da lista que ressalta sobre as várias conquistas do movimento negro você percebe o quanto foi importante e vitoriosa as reivindicações do movimento em nossa sociedade. Na segunda parte do trabalho é feita uma análise sobre a lei 10.639/03 mostrando sua importância e objetividade para com a educação de todos, além da lei, a segunda parte do presente trabalho vem ressaltando sobre o MEC e suas intenções para com a educação quilombola, mostrando desde o que o MEC ressalta sobre os livros didáticos até o momento que o Órgão diz sobre recursos para professores e formação continuada para os mesmos. O presente trabalho traz também críticas sobre vários aspectos que perpassam pela educação escolar quilombola, da estrutura que a escola da comunidade quilombola de Porto Alegre oferece para seus alunos até o momento que é abordado o ponto fundamental do trabalho que é sobre a falta da temática quilombo nos livros didáticos, e é aqui nesse momento que serão feitas analises sobrem livros que fazem parte da series que vão do quarto ao nono ano do ensino fundamental. 
Palavras-chave: Educação quilombola - Formação continuada. O livro didático.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO – ....................................................................................................8
2. PRIMEIRO CAPITULO.........................................................................................10
2.1. POLITICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS ....................................................................10
2.2. AS REIVINDICAÇÕES E CONQUISTAS PÓS 1964...................................................13
3. SEGUNDO CAPITLO......................................................................................................20
3.1. LEI 10.639/2003 E O MEC.........................................................................................................................................20
3.2. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ESTRUTURA ESCOLAR QUILOMBOLA......................................................................................................................24
3.3. PPP....................................................................................................................................26
3.4. OS LIVROS DIDATCOS E AS LACUNAS EXISTENTE NO MESMO.....................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................37
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................38
INTRODUÇÃO
O presente trabalho traz consigo uma análise sobre os materiais didáticos trabalhados na escola da comunidade de remanescente de quilombolas de Porto Alegre no município de Cametá. Nele tentei mostrar o tamanho da importância de trabalhar com essa temática no ensino e o porquê dessa importância e principalmente por estar se mostrando a realidade de uma escola que fica dentro de uma comunidade quilombola. A minha grande inquietação com esse assunto veio à tona quando eu participei do meu primeiro estágio supervisionado em História. Foi nesse estágio que eu parei para observar nos livros que eu tinha como material disponível para a aula, livro este do sétimoano do ensino fundamental que não se encontra a temática sobre quilombo nos capítulos que deveriam falar sobre essa temática. Outro ponto foi quando eu parei para observar outro livro, do oitavo ano do ensino fundamental que se faz referência à temática quilombo nos capítulos que falam sobre África, negritude e líderes negros, mas fala de uma maneira superficial e mostra em apenas quatro páginas a temática quilombo em todo o livro, que, diga-se de passagem, tem em torno de trezentas e dez páginas. 
Foi a partir dessas inquietações que eu parei para pensar o seguinte; se nesses livros que são dessas escolas que ficam dentro da cidade não se encontra a temática e são esses mesmos livros que vão para a comunidade de Porto Alegre, como é que está sendo trabalhada à temática dentro da comunidade sendo que esses livros são os componentes curriculares do ano letivo das escolas e é obrigatório cumpri-lo com essa demanda que vem nele?! Foi com essas inquietações que eu me interessei pelo assunto e buscarei mostrar como a escola da comunidade de Porto Alegre lida com o assunto e como eles buscam o preenchimento dessas lacunas que é sobre a falta da temática “Quilombo” nos livros didáticos que chegam para a escola da comunidade.
As fontes usadas para a elaboração desse trabalho foram leis que visam à obrigatoriedade dos ensinamentos quilombolas nas redes públicas e privadas, exemplo disso têm a lei 10.639/2003 e o parecer CNE/CEB Nº: 16/2012. A lei e o parecer citados acima estão intrinsecamente ligados à educação escolar quilombola.
Foram usados também para a elaboração desse trabalho como forma de auxilio de pesquisa vária livros didáticos usados na escola da comunidade de Porto Alegre, livros que perpassam das series do quarto ao nono ano. É valido ressaltar que várias obras me serviram como auxilio para a pesquisa e elaboração desse trabalho, Alexsandro Conceição; O racismo no Brasil, o Movimento Negro e a Lei 10.639/03: Revista África e Africanidades. Lourdes de Fátima Bezerra; Os desafios da educação quilombola no Brasil: o território como contexto e texto, Delton Aparecido Felipe, Teresa Kazuko Teruya. Ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos da educação básica no Brasil. Vanessa Lana / Danilo Araújo Moreira, A lei 10.639/2003 e o ensino de histórica: reflexão a partir dos espaços de formação de professores. Esses trabalhos e autores citados acima são exemplos de trabalhos que me auxiliaram na construção desse trabalho.
PRIMEIRO CAPITULO
POLITICA DE AÇÕES AFIRMATIVAS
No Brasil quando citamos algo que esteja relacionado a quilombo existe e sempre existiram muitas controvérsias, ou seja, no Brasil a questão quilombola sempre foi um tabu e foi pouco discutida. É de suma importância lembrar como e onde começa as lutas por uma educação quilombola de qualidade. Será que foi o Estado que comprou essa luta? Será que houve algum tipo de organização para a garantia de uma educação quilombola de qualidade? Será que para se ter uma educação que se mostrasse próxima da realidade quilombola foi preciso muita luta ou foi uma situação fácil de ser resolvida?
Esses são alguns questionamentos que eu faço para podermos refletir um pouco sobre a educação quilombola nos dias atuais. Para entendermos o processo precisamos ser conscientes do real significado do termo Políticas de ações afirmativas, que são segundo Fonseca:
As ações afirmativas, segundo Fonseca, (2009 pág. 11), são políticas públicas destinadas a atender grupos sociais que encontraram se em condições de desvantagem ou vulnerabilidade social em decorrência de fatores históricos, culturais e econômicos.Conforme indica Silva (2009) as ações afirmativas tem um carátercompensatório, (que visa compensar as injustiças do passado), distributivo (a fim de distribuir igualmente as oportunidades) e preventivo (a fim de evitar futuros conflitos sociais), os beneficiários das atuais ações afirmativas, no futuro estarão em uma condição social melhor, e seus filhos nãonecessitarão mais de ações afirmativas. [footnoteRef:1] [1: Conceição, Alexsandro. O racismo no Brasil, o Movimento Negro e a Lei 10.639/03 : Revista África e Africanidades – Ano XII – n. 31, ago. 2019 – ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com.brPg: 9] 
Fonseca deixa claro que as ações afirmativas vieram para reparar diferenças históricas que o nosso país sofre desde o início da ocupação europeia no continente americano. Após percebemos o que são políticas de ações afirmativas iremos averiguar como a mesma se desenvolve e também se concretiza. Compreender primeiro o que são essas políticas se torna essencial para depois entendermos seu real significado nas vidas das pessoas. Porém, antes de ser ressaltado esse real significado dessas políticas, precisamos fundamentar como essas políticas chegam ao Brasil e qual é a reação da sociedade para fundamentar essas ações.
As políticas de ações afirmativas chegam ao Brasil através de lutas organizadas por movimentos negros. O principal objetivo do movimento negro é combater o racismo na sociedade brasileira e isso fica claro nas expressões de Flávio Jorge Rodrigues da Silva que diz:
Entende-se por movimento negro contemporâneo grupos e organizações que, no país, desenvolvem a luta e o combate ao racismo desde os primórdios da década de 1970. Tomou-se esse período como ponto de partida por ele determinar o marco da reinserção do Movimento Negro no cenário político ao apontar as relações raciais como um dos principais aspectos das contradições existentes entre a sociedade e o Estado no Brasil. Tal movimento tem como uma de suas estratégias a denúncia da discriminação, do preconceito e do racismo existente no país e o desmascaramento da farsa da democracia racial alardeada pela ditadura militar – no Brasil não existia racismo![footnoteRef:2]Se entendermos o propósito de políticas de ações afirmativas fica muito mais compreensível de perceber seu real significado nas vidas das pessoas. Essas políticas que como dizem os autores nas citações anteriores são para reparar algum tipo de erro histórico e não para favorecer umas pessoas e desfavorecer outras como muitas pessoas pensam. Apesar de que no Brasil as tentativas de implantar as políticas de ações afirmativas levaram alguns anos e muitas reivindicações de pessoas, e aqui é válido ressaltar a importância do movimento negro para essas reivindicações, o processo de luta para que essas políticas fossem implantadas passou desde a luta de pequenos coletivos de pessoas formadas nos estados brasileiros até a luta ganhar um âmbito nacional com a unificação desses pequenos coletivos formando uma espécie de movimento negro nacional. Porém, antes dessa unificação dos coletivos, temos que deixa claro que as tentativas de implantação das reivindicações que o movimento negro buscava chegou a ter por muitos anos perseguições no Brasil, perseguições essas que foram sofridas principalmente no período militar brasileiro: [2: Fernandes, Florestan. Significado do protesto negro. / Florestan Fernandes. – 1.ed. – São Paulo : expressão popular co-edição Editora da Fundação Perseu Abramo., 2017 ] 
 Os movimentos negros sofre uma baixa significativa no período que denominamos de período militar no Brasil, essa baixa é pelo motivo de perseguições em todos os aspctos, assim o movimento negro sobre muitas denuncias.
 É claro que mesmo sofrendo perseguições por tentar buscar uma sociedade igualitária no país os coletivos negros após se juntarem não deixaram de reivindicar por seus direitos, no ano de 1978 se tem a dita unificação do movimento negro na sociedade brasileira:
Em 1978, a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) representou a retomada do ativismo pela igualdade racial. (THEODORO, 2014, pág. 210). No final desta década com a unificação dos movimentos, aconteceu a valorização do termo “negro”, que foi adotado oficialmente para tratar dos afrodescendentes. Também foram incorporadas, no campo educacional, propostas de revisões dos conteúdosna escola sobre os negros e a entrada da história da África no currículo de formação dos professores, visando a uma pedagogia interétnica. Paralelamente, houve a presença marcante do movimento nos âmbitos da beleza, da indumentária e da culinária de origem africana. O movimento negro trouxe à baila um posicionamento sobre os nomes de origem africana para crianças negras brasileiras, como outra forma de referência de identidade. No tocante à religiosidade, houve valorização das religiões de matriz africana. (DOMINGUES, 2007, pág. 115).[footnoteRef:3] [3: Conceição, Alexsandro O racismo no Brasil, o Movimento Negro e a Lei 10.639/03 : Revista África e Africanidades – Ano XII – n. 31, ago. 2019 – ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com.brPg: 9] 
Percebe-se que mesmo passando por perseguições durante anos, o movimento negro não se entrega para os perseguidores e mesmo assim o movimento continua se fortalecendo e continua buscando seus direitos através de políticas de ações afirmativas. Isso tudo é graças ao movimento negro já mencionado acima e também sua militância que se articula pós 1964:
O movimento negro e sua militância, que atuaram neste período lutando contra o racismo e engajando-se, enquanto movimento social, na luta pela redemocratização do pais. Esses militantes, alguns oriundos de uma pequena classe média negra, em boa parte eram jovens universitários, ligados aos movimentos estudantis, aos movimentos culturais e aos partidos de esquerda.[footnoteRef:4] [4: Jesus, MarizeConceição de. O legado da militância negra pós-64 para a democratização das relaçõesétnico-raciais / MarizeConceição de Jesus. – 2015.] 
Os anos que predominam pós 1964 são anos que se tem uma grande mobilização da sociedade em busca de melhorias e direitos para o país. Um grande exemplo disso são as “Diretas Já” que foi um movimento histórico no cenário político brasileiro, os movimentos lutou pela volta das eleições diretas no Brasil e essas lutas vieram através de grandes comícios por todo o país. As “Dietas Já” também contribuiu para a busca de um país que podemos dizer mais democrático, a luta por eleições diretas foram engajada por varias pessoas influentes na sociedade brasileira, os exemplos são os artistas e intelectuais. Além dos grandes comícios o movimento também fez grandes passeatas e manifestações em busca de uma redemocratização no Brasil.
As “diretas já” foi um grande avanço na luta por um país democrático e por novas políticas no Brasil nos anos posteriores a 1964. Outro fator que é válido ser ressaltado é sobre outras bandeiras que foram levantados pós 64. Exemplo: estudantes, mulheres, trabalhadores rurais também entram na luta por uma sociedade melhor, principalmente no âmbito econômico e educacional.
1.1: AS REIVINDICAÇÕES E CONQUISTAS PÓS 1964.
Antes de ressaltar as conquistas pós 1964 é de suma importância dá destaque a sessenta e cinco anos antes. Em 1899 a denúncias contra o racismo era divulgada pela impressa, a mesma fazia denúncias através de revistas e jornais que era meio de comunicação mais acessível para os momentos e o ponto de destaque desse ano é a imprensa negra:
De acordo com Domingues no período Republicano e na primeira metade do século XIX, as demandas políticas de ativistas negros foram realizadas e levadas a publico de diferentes maneiras, em varias entidades negras. Domingues ressalta a contribuição dos meios de comunicação. É o caso da denominada imprensa negra formada por jornais publicados com o propósito de tratar dos assuntos[footnoteRef:5]. [5: DOMINGUES, Petrônio. O Movimento Negro Brasileiro: Alguns Apontamentos Históricos: Revista do Departamento de História da UFF, 2007.] 
Percebe-se que já no período que denominamos de republicano a resistência negra já era presente na sociedade brasileira, mesmo que com dificuldades para a época, e essas dificuldades vinham através de falta de apoio para as edições dos jornais e a repressões por parte de muitos da sociedade mesmo assim a impressa negra ganha destaque em meio ao conturbado momentos.
 Já os anos pós 1964 são propícios para o movimento negro que ganha cada vez mais força e visibilidade na sociedade brasileira. O movimento negro após o período militar começa um embate contra o racismo na sociedade brasileira. Além de outras demandas que o movimento reivindicava o combate contra o racismo era e é o mais importante nos anos posteriores a 1964. Abaixo serão listadas várias conquistas do movimento negro na sociedade brasileira pós 1964[footnoteRef:6] [6: As informações dos anos de 1964 ao ano de 2003 são encontradas no trabalho de Iraneide da Silva Soares que tem como titulo: Caminhos, pegadas e memórias: uma história social do Movimento Negro Brasileiro.] 
O primeiro grande avanço em nossa sociedade foi à busca de uma igualdade partindo do trabalho, a busca de empregos e é claro a permanência e firmação no mercado de trabalho de pessoas que constantemente eram descriminadas e não podemos de exaltar, é claro, que ainda seja um grande empecilho para muitas pessoas, ano de 1965 é o ano que se tem a convenção 111 da OIT sobre descriminação no emprego e ocupações. Essa convenção tem como grande objetivo a busca de um mercado de trabalho que podemos dizer que seja para todos, ou seja, buscar a inclusão no mercado de trabalho para todas as pessoas, não tendo como ponto de exclusão cor, raça, opção política, sexo e religião, permite a partir desses pontos um mercado de trabalho que seja aberto e flexível para todos. Dois anos depois, no ano de 1968 o Brasil assina a convenção internacional sobre a eliminação de todas as de descriminação racial acolhida pela ONU[footnoteRef:7] à importância dessa assinatura é pelo fato do país buscar mostrar que todos nascem iguais e todo tem os mesmos direitos perante a lei e todo tem direito e proteção contra toda forma de descriminação. O país assume a responsabilidade de luta e prevenção por qualquer ato discriminatório e previne doutrina e práticas racistas. Pós 1968 se tem outro grande marco em nossa sociedade, o ano de 1971 é um ano crucial para ser analisados o quão foi importante a lutas contra as formas de discriminação e a luta por uma inclusão para os negros, lembrando que em 1970 as escolas não debatiam sobre o racismo e assim a escolas se tornavam espaços que excluía a presença e participação negra[footnoteRef:8], o ano de 1971 é um marco para a história do movimento negro por ser o momento que é criado à fundação do grupo Palmares em Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul, esse grupo tem como grande finalidade a busca de uma sociedade que se inclui cada vez mais o negro em todos os aspectos sociais, o grupo foi e é o grande responsável pela construção de uma nova identidade negra. O Grupo Palmares, foi responsável pela realização do primeiro ato de repúdio à história do Brasil em homenagem a Zumbi. O coletivo propôs que o dia 13 de maio fosse considerado a data da falsa abolição – e que em seu lugar o dia 20 de novembro, data do assassinato de Zumbi dos Palmares, deveria ser celebrado em homenagem a luta e resistência dos/as escravizados/as. [7: Organização das Nações Unidas, ou simplesmente Nações Unidas, é uma organização intergovernamental criada para promover a cooperação internacional.] [8: A escola como espaço excludente, descriminatorio e apregoador de uma ideologia racista e que invisibilizava a experiência histórica de africanos no Brasil e de seus descendentes. (ROCHA E SILVA, 2013 pág. 58).] 
Os anos de 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978 e 1979 são anos que cresce ainda mais o quadro de conquistas do movimento negro. Nesses anos é visível a criação de jornais, revistas, criação de movimentos que buscavam apoiar o movimento negro nas lutas impostas pela sociedade. Em 1972 foi organizada no estado do Rio de Janeiro a primeira semana de cultura negra, esse encontro foi um marco para o movimento negro pelo motivo se ser a primeira vez que pessoas negras se reuniam para denunciarem as práticas racistas da época, essemovimento foi organizado pela professora Beatriz Nascimento (1942-1995). 
Em 1973 nos mesmo estado se tem a criação do CEAA[footnoteRef:9] que foi um grande acervo sobre história da Ásia e da África e suas relações com o Brasil nas áreas políticas, econômicas e culturais. O acervo foi um grande exemplo para pesquisadores nacionais e estrangeiros. Em 1974 foi fundado o bloco afro Ilê Aiyê em Salvador. Em São Paulo, aconteceu a Semana do Negro na Arte e na Cultura, que articulou apoio às lutas de libertação travadas na África. Surgiram várias entidades de combate ao racismo. Em São Paulo, foi criado o Centro de Estudos da Cultura e da Arte Negra (CECAN); o Movimento Teatral Cultural Negro; o Instituto Brasileiro de Estudos Africanistas (IBEA) e a Federação das Entidades Afro-Brasileiras do Estado de São Paulo. No Rio de Janeiro, surgiram o Instituto de Pesquisas da Cultura Negra (IPCN); a Escola de Samba Gran Quilombo e a Sociedade de IntercambioBrasil-África.[footnoteRef:10] 1975 Fundações da Federação das Entidades Afro-Brasileiras do Estado de São Paulo e a fundação do Teatro Popular Solano Trindade com sede na cidade de Embu das Artes, São Paulo. O ano de 1976 foi uma que marca a criação da revista Tição em Porto Alegre no Rio Grande do Sul, a revista circulou entre 1976 a 1982 e seu foco era fazer alusão às questões racistas em toda a sociedade brasileira, a revista Tição tinha como responsável a editora Vera Daisy Barcellos. 1977 formações do Núcleo Negro Socialista. Organização negra de esquerda, em São Paulo, reuniu jornalistas e universitários negros ligados a Convergência Socialista que atuavam para a libertação e organização do negro no Brasil. O ano de 1978 demarcou a passagem dos 90 anos da Abolição com inúmeras manifestações de protesto na conjuntura repressiva do Regime Militar. O Movimento Negro contemporâneo ressurgiu com raízes na esquerda brasileira. O Núcleo Negro Socialista participou ativamente na formação do Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial e inaugurou os protestos nas ruas contra a Ditadura Militar, o mito da democracia racial e a violência policial esse foi o ano que acontece de fato a valorização do designamos ´´negros[footnoteRef:11]``. O ano de 1979 foi um marco para as mulheres negras na sociedade brasileira, no presente ano se tem a fundação do grupo de mulheres negras Aqualtune no estado do Rio de janeiro, o grupo buscou lutar pelos espaços para as mulheres na sociedade buscando também combater o racismo e ao sexíssimo. [9: Centro de Estudos Afro-Asiáticos] [10: Iraneide da Silva Soares que tem como titulo: Caminhos, pegadas e memórias: uma história social do Movimento Negro Brasileir.PG:78.
] [11: Também foram incorporados, no campo educacional, propostas de revisões dos conteúdos na escola sobre o negro e a entrada da história da África no currículo de formação dos professores, visando a uma pedagogia interétnica. Paralelamente, houve a presença marcante do movimento nos âmbitos da beleza, da indumentária e da culinária de origem africana. O movimento trouxe a baila um posicionamento sobre os nomes de origem africana para crianças negras brasileiras, como outra forma de referencia de identidade. No tocante a religiosidade, houve valorização das religiões de matriz africana. (DOMINGUES, 2007, pág. 115).] 
Em 1980 após protestos dos ativistas contra a política de branqueamento da população é realizado o Censo Demográfico Brasileiro. O Censo Demográfico Brasileiro voltou a coletar informações sobre cor e raça: branco (54,77%), preto (5,87%), pardo (38,45%) e amarela (0,63%). O ano de 1981 é criado no estado do Rio de Janeiro a fundação do grupo união e consciência negra no Brasil, esse grupo buscava discutir como era que estava se dando a participação negra no país e como a sociedade em si envergava os negros e sua forma de viver, o grupo fazia questionamentos sobre religiosidade, cultura, orixá, candomblé e fazia questionamentos também sobre como está se dando a presença negra dentro das igrejas. 1982 III Congresso de Cultura Negra das Américas realizado na PUC/SP, sob a presidência de Abdias Nascimento e coordenação de Dulce Pereira. No ano de 1983 aconteceu o primeiro Encontro de Mulheres de Favelas e Periferia – RJ que reuniu mulheres negras do Movimento de Favelas Movimento de Mulheres e do Movimento Negro o que estimulou a presença da mulher negra na direção das organizações mistas do movimento negro, e a criação de organizações especificas de mulheres negras de caráter popular. Criação do Nzinga, Coletivo de Mulheres Negras – Rio Janeiro no dia 16 de junho na sede da Associação de Moradores do Morro dos Cabritos por um grupo de mulheres originárias do Movimento de Favelas e do Movimento Negro.
O ano de 1984 é marcado pela criação da Fundação do núcleo cultural Níger Okán e da fundação do grupo homossexuais Adê Dudu na Baia, pela fundação do centro brasileiro de informação e documentação artista negro no Rio de Janeiro e pela criação do conselho de participação e desenvolvimento da comunidade negra em São Paulo, nesse mesmo ano e nesse mesmo estado ainda se tem o lançamento do livro O que é o Racismo de Joel Rufino, o livro foi um grande ganho para o movimento negro na sociedade brasileira por ser um livro simples e que tratasse de muitos assuntos relacionados ao racismo. Em 1985 é promulgada a lei 7437/85 que inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei no 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso Arinos:
Em 5 de julho de 1951, o jornal O Globo publicou uma matéria sobre a recém-aprovada Lei no 1.390, A lei Afonso Arinos foi aprovada pelo Congresso Nacional em 3 de julho de 1951, que tornava contravenção penal a discriminação racial e que ficou conhecida pelo nome de seu autor, o deputado federal pela UDN, Afonso Arinos de Melo Franco.[footnoteRef:12] [12: Monica Grin/Marcos Chor Maio: O antirracismo da ordem no pensamento de Afonso Arinos de Melo Franco. Pág. 34.] 
Em 1986 e 1987 se tem a fundação da Sociedade Afra Sergipana de Estudos e Cidadania (SACI) em Aracaju-Sergipe a Fundação do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andreza – MA, Fundação do Coletivo de Mulheres Negras de Minas Gerais, Fundação do Maria Mulher – Rio Grande do Sul, fundação do Coletivo de Mulheres Negras de Minas Gerais, Fundação do Núcleo de Estudos do Negro NEN – SC, Fundação da Casa de Cultura Afro-Sergipana em Aracaju - SE, Fundação do Instituto do Negro Padre Batista – SP, Fundação do Núcleo de Consciência Negra na USP – SP, Fundação do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileiro (INTECAB). Os anos de 1986 e 1987 são fundamentais para averiguar o quanto foi importante à participação do movimento negro, os dois anos nota-se um numero elevado de fundações em diversos estados brasileiro e é valido destacar que nesses anos se tem um grande número de fundações de mulheres. O ano de 1988 é um ano que merece uma atenção redobrada. Os anos de 1988 e 1989 merecem destaques, em 1988 é comemorado o centenário da abolição, esse ano é um marco para a população negra no Brasil, o presente ano trouxe varias comemorações que tiveram temas como: a lei áurea, a participação negra na sociedade, as chegadas dos negros no país e no ano de 1988 o movimento negro propôs que o dia 20 de novembro fosse lembrado como uma data histórica para a sociedade, histórica por fazer menção a Zumbi dos Palmares. Em 1989 se tem a promulgação da Lei 7.716/1989 (Lei Caó), que define os crimes resultantes de preconceito de arca ou de cor. De acordo com esta lei, Art. 1º.Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor. Art. 2 (Vetado). Art. 3o Impedir ou obstar o acesso de alguém devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviço público. Pena: reclusão de dois a cinco anos.
 De 1990 a 1994 as conquistas do movimento negro continuam e consigo trazem novas fundações e criaçãode movimentos liderados e formados por mulheres negras têm de exemplos; fundação do Grupo Afro-Cultural Coisa de Nêgo em Teresina/PI. Fundação do Coletivo de Mulheres Negras de Salvador – Bahia. Fundação do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) - SP. Fundação da Casa de Cultura da Mulher Negra de Santos – SP. III Encontro de negros do Sul/ Sudeste realizado na cidade de Vitoria, no Espirito Santo. Fundação da União dos Negros de Aracaju – SE. Fundação do Centro Nacional de Religiosidade e Africanidade Afro-Brasileiro, CENARAB/MG. Fundação da Soweto Organização Negra – SP. 1991. Fundação NEAB – UFSCar – SP. Fundação da Sociedade Comunitária Ecológica Cultural e Escola de Samba Fala Negão – SP. Fundação do Grupo Criola–RJ. Fundação do Instituto Cultural Steve Biko– BA. Criação da Coordenadoria dos Assuntos da População Negra CONE – SP. Fundação do Educafro - Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes. Criação do Movimento dos pré-vestibulares para negros e carentes – RJ. Fundação do Grupo Cultural Afro Reggae – RJ. Fundação da Comissão Nacional de Combate à Discriminação Racial da CUT. Fundação da Malungus - Organização Negra da Paraíba - PB. Fundação do Coletivo de Mulheres Negras Esperança Garcia – PI. Fundação do grupo cultural Questão Ideológica/QI. Teresina – PI.
O ano de 1995 é o ano que dá início na sociedade brasileira a fase de luta contra o racismo isso pelo fato de no presente ano ser celebrada o Tricentenário da morte de Zumbi dos Palmares. O estado brasileiro é denunciado como indutor das desigualdades. Somente em 2002 com a vitória do partido dos trabalhadores (PT) e do projeto de um governo popular e democrático abriu-se caminho para a democratização do Estado, a efetivação da igualdade e a cidadania dos negros. No decorrer do ano também aconteceu a Marcha Zumbi Contra o Racismo pela Cidadania e a Vida em Brasília/DF. Um ano depois, em 1996, é fundada a CONAQ[footnoteRef:13] é nesse momento que a luta por direitos a titulação de terras é vista como uma forma atenciosa por parte de líderes políticos, a criação da CONAQ foi essencial para vários processos de lutas do movimento negros. Nesse mesmo ano Zumbi dos Palmares foi reconhecido oficialmente como herói nacional. [13: Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ ] 
Os anos de 1997, 1998 e 1999 trazem consigo novas associações, novas organizações e novos coletivos para a sociedade brasileira, em 1997 é criada a associação das Comunidades Negras Rurais quilombolas do Maranhão - ACONERUQ-MA. Fundação da Fala Preta! Organização de Mulheres Negras – SP e a Fundação do Coletivo Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros (CEABRA) – SP. Em 1998 se tem outro grande avanço na sociedade que é a criação do sistema de cotas na Universidade de Brasília (UnB), a partir do Caso Ari. O estudante de Engenharia Civil Arivaldo Lima Alves, negro, foi o único aluno reprovado em um projeto, apesar de ter as melhores notas. Em 1999 novos coletivos são formados como; Centro de Referência da Cultura Negra de Minas Gerais, Grupo de Mulheres Negras Malungas – GO, Associação Nacional do Coletivo de Empresário e Empreendedor Afro-Brasileiro (ANCEABRA). Fórum Nacional de Mulheres Negras.
Em 2000 foi feito um novo censo demográfico para absolver dados sobre o branqueamento da população brasileira, lembra-se que o último censo tinha sido feito há vinte anos, em 1980, o atual censo evidenciou uma baixa na política de branqueamento da população brasileira e registra dados significativos da desigualdade sócio racial fortalecendo proposta de ação governamental das políticas de ações afirmativas. Em 2001 aconteceu o terceiro encontro nacional de mulheres negras, o encontro aconteceu em julho do referido ano e a cidade que recebeu o encontro foi à cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. O ano de 2002 foi o ano que ocorreu a reserva de vagas através de ações afirmativas e das leis 3.524/2000 e 3.708/2001 UERJ institui reserva de vagas: 50% para candidatos oriundos da rede pública de ensino e 40% para candidatos que se declaram pretos (as) ou pardos (as) – RJ. No ano seguinte, em 2003 foi sancionada a Lei 10639/2003, que alterou a LDB 9394/1996 e incluiu no currículo oficial da rede de ensino pública e privada a disciplina de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Esse foi primeiro ato do Presidente Lula honrando seus compromissos eleitorais com a comunidade negra.·······.
Essas são só alguns dos resultados positivos que o movimento negro conquistou durante anos de lutas e prol de uma sociedade mais igualitária. É claro que não estão listadas todas as conquistas do movimento negro. Porém, até aqui já tem como perceber que as conquistas vieram ano após ano. E é claro que essas conquistas vierem graças à articulação de homens negros e mulheres negras na sociedade brasileira. Tem-se uma percepção que as conquistas não ficaram restritas em apenas uma região do país e sim que as conquistas foram reais em todas as regiões do país e que essas conquistas vieram em forma de criação de movimentos, de leis, de eventos e de encontros nacionais.
A conquista do movimento negro é citada só até o ano de 2003. E como se percebe na lista acima, foi o ano que é a lei 10.639 foi sancionado. É intencional parar de ressaltar as conquistas do movimento negro no ano de 2003, pois, no próximo capítulo desse presente trabalho vamos nos aprofundamos no que de fato foi a lei 10.639 e qual foi a reação da mesma na sociedade.
SEGUNDO CAPITULO
LEI: 10.639/2003 E O MEC
 
Com a leitura do capítulo anterior, tivemos a oportunidade de entender um pouco do processo de luta do movimento negro no Brasil e também as diversas conquistas que o movimento foi ganhando entre os anos de 1964 até o ano de 2003, ano esse que é sancionado a lei 10.639 no governo de Luís Inácio Lula da Silva[footnoteRef:14]. Nessa segunda parte do trabalho vamos entender por quais motivos não posso deixar de ressaltar as conquistas do movimento negro no ano de 2003. No decorrer desse trabalho vamos entender pontos fundamentais para depois chegarmos ao real significado do trabalho que é ressaltar sobre a falta da temática “quilombo” nos livros didáticos. [14: O Governo Lula correspondeu ao período que se iniciou em 1º de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência do Brasil, e encerrou-se no dia 1º de janeiro de 2011, quando a presidência foi transmitida para Dilma Rousseff. 
Disponível em: ^https://brasilescola.uol.com.br/historiab/governo-luis-inacio-lula-da-silva.htm: Acesso em: 26 de setembro de 2019] 
 Uma das grandes conquistas do movimento negro foi à aprovação da lei 10.639 no dia 9 de janeiro do ano de 2003. A lei visa: 
O Parecer CNE/CP nº 03/2004, que instituiu as “Diretrizes curriculares para a educação das relações étnicoraciais e para o ensino de História e cultura afro-brasileira e africana”, detalhava que a implementação do disposto na Lei Federal 10.639/2003 deveria ir além da simples inclusão de conteúdos ou disciplinas específicas no currículo dos estabelecimentos de ensino, oficial e particulares. Neste sentido, o discurso que justificava a implementação da lei apontava para a necessidade de organização de políticas que revertessem o quadro de desigualdades entre brancos e negros na educação. Essas políticas deveriam buscar, por medidas educativas, combater a desigualdade e valorizar o afrodescendente, sua cultura e ancestralidade. Para tal, eram necessárias a compreensão e valorização de suas características históricas, discutindo questões de africanismo e elementos da cultura afro na formação do povo e sociedade brasileira (Brasil, 2004). A Lei 11.645, de 10 de março de 2008, retificou a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluindo como obrigatório nos estabelecimentos de educação básica do país, além do ensino sobre história e cultura afrobrasileira, o indígena. A inclusão da temática indígena não alterava as áreas de prioridade no ensino, destacando que a discussãoem sala de aula estaria pautada nos aspectos da história e cultura da formação da população brasileira, tendo como base os dois grupos étnicos em questão. O objetivo seria o resgate das contribuições de ambos nas áreas social, econômica e política, principalmente, mas não exclusivamente, na história do Brasil. As temáticas abordadas versariam sobre a história da África e dos africanos, a luta dos negros e povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena e suas participações na formação da sociedade nacional (Brasil, 2008).[footnoteRef:15] [15: Lana. Vanessa / Moreira. Danilo Araújo. A LEI 10.639/2003 E O ENSINO DE HISTÓRIA: REFLEXÕES A PARTIR DOS ESPAÇOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES] 
A lei 10.639/2003 foi fruto de muito trabalho dos movimentos negros no país, a grande mudança que ela trás é sobre a intenção de buscar proporcionar a alteração no currículo escolar em especial nas áreas que são frequentes assuntos relacionados à história e cultura afro-brasileira, buscando com essa mudança curricular mostrar a importância e valorização desses estudos para que os alunos afro-descendentes reconheçam suas origens e assim busquem valorizar os estudos afro-brasileiros e acima de tudo que os alunos afrodescendentes fortaleçam sua autoestima.
Percebe-se que depois de anos de lutas o movimento negro consegue uma grande conquista em relação à educação que é a lei 10.639. Como consta na citação acima, a lei visa reverter o quadro de desigualdades que se tem entre negros e brancas no Brasil através da inclusão no currículo didático de escolas públicas e privadas assuntos referente à participação dos negros na construção da nossa sociedade. E a partir dessa inclusão mostrar para os alunos como foi importante a participação negra em vários aspectos em nossa sociedade. A lei 10.639 torna obrigatória a inclusão do ensino sobre História e cultura afro-brasileira (Viviane Grigolo 2012.Pag 05).
Para melhor compreendermos a temática abordada nesse trabalho, é valido ressaltar o quão é importante analisarmos como está sendo usados os livros didáticos dentro das salas de aula e qual a importância que os diretores e professores demonstram para os alunos sobre o capítulo do livro que fala sobre quilombo e também sobre questões étnicas raciais. Uma das grandes dificuldades que encontramos nos livros didáticos que estão sendo usados na escola da comunidade de Porto Alegre é que ainda encontramos muitas lacunas sobre quilombo e também sobre a lei 10.639/2003[footnoteRef:16] e isso faz com o que os alunos não se sintam ou se situem ou mesmo se vejam presente naquela história. Melhor dizendo; os alunos não conseguem se ver presente nas histórias que estão nos livros didáticos que estão sendo trabalhados na escola da comunidade. [16: A Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressalta a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira.] 
Em relação ao MEC[footnoteRef:17] é válido ressaltar que o mesmo fala em livros específicos para comunidades quilombolas, livros estes que tragam em seu conteúdo assuntos de dentro da comunidade, ou seja, assuntos locais para serem trabalhados em sala de aula. Em uma pesquisa conseguir encontrar um desses ditos livros que o governo ressalta ser para as comunidades quilombolas, o livro encontrado foi: [17: Ministério da Educação (MEC)] 
[footnoteRef:18]. [18: Vasconcelos, Águida. O fio d´água do quilombo: uma narrativa do zambeze no Amazonas?/ Águida Maria Araújo de Vasconcelos, Heloisa Pires Lima, Willivane Ferreira de Melo.-São Paulo: prumo, 2012.] 
Esse pequeno livro resgata a historia negra desde a chegada até as narrativas que se tem sobre a presença negra na atualidade, o livro é do ano de 2012 e tinham que serem distribuídos nas escolas por todo o país no ensino médio e também no ensino médio para serem material de apoio dos professores, porém, ao procurar pelo mesmo livro na comunidade de Porto Alegre a reposta que eu tive foi que nunca chegou se quer um exemplar do livro para a comunidade.
 O grande problema é que esses livros não chegam para a comunidade de porto alegre a exemplo do livro acima e os professores tem que trabalhar com os que chegam à comunidade. Os livros que chegam para a comunidade são os que trabalham história nacional e não local, e isso acaba influenciando muito na formação dos alunos.
Uma proposta de educação quilombola necessita fazer parte da construção de um currículo escolar aberto, flexível e de caráter interdisciplinar, elaborado de modo a articular o conhecimento escolar e os conhecimentos construídos pelas comunidades quilombolas. Isso significa que o próprio projeto político- -pedagógico da instituição escolar ou das organizações educacionais deve considerar as especificidades históricas, culturais, sociais, políticas, econômicas e indenitárias das comunidades quilombolas, o que implica numa gestão democrática da escola que envolve a participação das comunidades escolares, sociais e quilombolas e suas lideranças. Por sua vez, a permanência deve ser garantida por meio da alimentação escolar e a inserção da realidade quilombola em todo o material didático e de apoio pedagógico produzido em articulação com a comunidade, sistemas de ensino e instituições de Educação Superior. (Brasil, 2012, p. 26)[footnoteRef:19] [19: LOURDES DE FÁTIMA BEZERRA CARRIL; Os desafios da educação quilombola no Brasil: o território como contexto e texto. Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, SP, Brasil, pag; 552] 
Pensar em uma proposta para a educação escolar quilombola se torna´fácil´´ quando não se tem de fato conhecimento da realidade das comunidades quilombolas, pensar em currículo aberto, flexível e que traga a realidade da comunidade, os pontos históricos, sociais, econômicos e também religiosos até parecem fáceis, porém, a realidade da comunidade quilombola de Porto Alegre e de muitas outras comunidades remanescentes de quilombo é que quando a escola consegue elaborar um currículo adaptado para a comunidade e que atenda a demanda escolar esse mesmo acaba enfrentando barreiras e sendo assim nunca esses currículos são de fato trabalhados com os alunos: 
Os desafios postos para a educação escolar destinada aos estudantes quilombolas são amplos e antagônicos, pois o reconhecimento da especificidade é franco a partir da própria criação das DCN, da atenção que tem sido levada às escolas quilombolas (Conforme artigo 1º, inciso IV, da resolução n. 8/2012 do CNE: “As escolas quilombolas são reconhecidas pelos órgãos públicos e se localizam nas comunidades devidamente certificadas pela FCP” e às que não se encontram nesses territórios, mas que buscam atender as crianças das comunidades. Recursos financeiros, material didático específico e o incentivo do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) (A resolução n. 26, de 17 de junho de 2013, dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), revelam avanços. Contudo são muitas as inseguranças presentes na educação quilombola, envolvendo as condições dos estabelecimentos escolares, o uso de recursos didáticos apropriados e a formação docente.[footnoteRef:20] [20: LOURDES DE FÁTIMA BEZERRA CARRIL; Os desafios da educação quilombola no Brasil: o território como contexto e texto. Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, SP, Brasil, pag; 552] 
Seria muito interessante se o MEC pesquisasse, pensasse e articulasse formas para buscar conhecer como de fato é a realidade da comunidade quilombolas. A forma que o órgão utiliza satisfaz umas comunidades e acaba deixando a desejar outras.
 Parece muito bem elaborado o plano que o MEC ressalta sobre materiais, formação de professores e até mesmo sobre alimentação escolar diferenciada para as escolas que ficam dentro de um quilombo ou escolas que atendem uma demanda significante em termo de alunos quilombolas, porém, a realidade não é a mesma que está nos planos, ou melhor, dizendo, nas diretrizes do MEC. A realidade dascomunidades quilombolas variam muito, hoje se tem comunidades que oferecem até o ensino superior dentro do quilombo e se tem também muitas comunidades que conseguem oferecer mal o ensino fundamental, esse último caso deixo de exemplo à comunidade quilombola de Porto Alegre.
2.2: FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ESTRUTURA ESCOLAR QUILOMBOLA
Não só pesarmos como e quais livros estão chegando para a comunidade, é bom pensarmos como está se dando a formação de professores que chegam para a comunidade, como se dá a estrutura escolar que recebem os alunos, quais os projetos que a escola da comunidade está articulando para preencher as lacunas visíveis na educação da comunidade.
Quando cito formação de professores é importante destacar que a comunidade Quilombola de Porto Alegre, não diferente de muitas comunidades, recebe muitos professores contratados, ou seja, por ser contratado se tem um período para o mesmo ficar na comunidade, assim que termina o contrato ou quando se passa de um governo para outro esse professor na maioria das vezes sai da comunidade e com essa troca de governo vai outro para assumir o cargo. Com essa mudança faz com o que não se tenha uma continuidade de trabalho e a cada troca se tem um novo início de trabalho e não uma continuação e isso prejudicam muito os alunos.
 Outro ponto a ser ressaltado é sobre a formação desses professores contratados que chegam para a comunidade. É lamentável ressaltar que não se tem uma formação continuada para esses professores e os mesmos acabam não tendo um conhecimento prévio da história da comunidade. E aqui como no item anterior é valido ressaltar o MEC novamente que deixa claro o seguinte: 
Para elevar a qualidade da educação oferecida às comunidades quilombolas, o Ministério da Educação oferece, anualmente, apoio financeiro aos sistemas de ensino. Os recursos são destinados para a formação continuada de professores para áreas remanescentes de quilombos, ampliação e melhoria da rede física escolar e produção e aquisição de material didático.[footnoteRef:21] [21: DISPONIVEL EM: http://portal.mec.gov.br/educacao-quilombola-] 
Será mesmo que os recursos que o MEC ressalta acima estão chegando para as comunidades? Pensar nessa formação continuada de professores é fundamental para podermos refletir sobre o descaso que ainda temos em relação a nossa educação, infelizmente se não se tem uma preocupação por parte de lideranças políticas muito difíceis de ter uma preocupação por parte de muitos professores que atuam em comunidades quilombolas. E aqui podemos pensar que se de alguma forma tivesse uma preocupação em relação à formação continuada de professores que iram atuar em um quilombo, isso tudo desde 2003, ano que entra em vigor a lei 10.639, não teríamos hoje uma preocupação tão grande em relação à educação escolar quilombola, porém, infelizmente a realidade não é favorável como pretendíamos que fossem. Se de fato os órgãos responsáveis cumprissem com suas obrigações e mostrasse interesse na formação continuada dos professores o cenário hoje era totalmente diferente ate por que a valorização do educando é importante pelo motivo de serem eles os que estão com trabalho de buscar a atenção dos alunos quando são trabalhados assuntos relacionados às questões étnico-racial e buscar enriquecer esse assuntos com os seus alunos, ou seja, o professor é responsável por uma papel fundamental dentro de sala de aula que é buscar moldar o sentido da construção social de seus alunos. 
A escola da comunidade não tem uma estrutura adequada para receber os alunos. A escola da comunidade conta com apenas duas salas e as outras são improvisadas no barracão de festa da comunidade e por não ser ter uma estrutura adequada acaba atrapalhando na formação dos alunos que ali estudam. Essa é outra preocupação que escolas que ficam dentro de comunidades quilombolas passam, o real descaso para com as comunidades quilombolas são visíveis nos dias atuais, à escola de Porto Alegre como citei acima conta com apenas duas salas de aula e outras salas são improvisadas no barracão da comunidade. Aqui é valido ressaltar, é claro, que lideres da comunidade vem lutando há vários anos em busca de uma escola digna de receber professores e alunos e os mesmos se sintam confortáveis para exercerem seus trabalhos. 
2.3: PPP [footnoteRef:22] [22: O Projeto Político Pedagógico (PPP), também conhecido apenas como projeto pedagógico, é um documento que deve ser produzido por todas as escolas, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O Projeto Político Pedagógico nasceu após a Constituição de 88, para dar autonomia às escolas na elaboração da própria identidade. Esse projeto é o referencial de quaisquer instituições de ensino. Regido pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) 9394-96, sancionada em dezembro do mesmo ano possui 92 artigos voltados para a educação. Ou seja, o marco do Projeto Político Pedagógico é a LDB, que intensifica a elaboração e autonomia da construção de projetos diferenciados de acordo com as necessidades de cada instituição. DISPONIVEL EM: BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Nº 9394/96.DEMO, Pedro. A Nova LDB ? Ranços e Avanços. 14ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 1997. ? (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
] 
A importância de a escola ter seu próprio ppp não esta apenas ligado à escola da comunidade esta interessada em só mostrar a sua história e deixar as outras de lado, a construção de um ppp próprio se diferencia muito disso. Ter seu ppp pronto e aceito para uso é buscar mostrar como os alunos chegaram naquela comunidade e é claro sempre mostrando o processo de luta que os seus antepassados passaram para que chegasse até ali, ter seu próprio ppp é ressaltar que desde o modo de verti-se até a dança que a comunidade pratica estão relacionados à forma de resistência que seus antepassados passaram ter seu próprio ppp é buscar a valorização do que é praticado na comunidade remanescente de quilombo.
Outro problema que merece ser mencionado é sobre se a escola da comunidade tem ou não um projeto político pedagógico que tenha como objetivo mostrar para os alunos e membros da comunidade a importância e valor da comunidade para os mesmos, e a resposta é que a escola não tem um projeto político pedagógico. Aqui se tem outro grande problema que perpassa na educação escolas quilombola, vimos anteriormente que o MEC afirma a necessidade de se ter um currículo escolar aberto, flexível e de caráter interdisciplinar, elaborado de modo a articular o conhecimento escolar, porém essa não é a realidade do quilombo de Porto Alegre. Já se teve várias tentativas da comunidade de construir e trabalhar na escola o seu próprio projeto político pedagógico só que por questões políticas as tentativas de se ter o próprio ppp acabaram não tendo êxito. Todos esses problemas e questionamentos que eu trouxe anteriormente são para ajudar a refletir sobre como está se dando a educação dentro da comunidade de Porto Alegre. Meu trabalho em si está voltando para a falta da temática quilombo nos livros didáticos que chegam para a comunidade, porém, é importante ser mencionado os problemas que rodeiam a educação quilombola por completo isso dentro e também fora de uma comunidade quilombola.
A importância de se ter um ppp próprio da comunidade é que sendo dessa forma professores e alunos se sentiriam valorizados através de assuntos que estariam próximos de suas realidades. Com o ppp elaborado pela escola da comunidade a praticidade de trabalho dos professores seria acessível e a facilidade de compreensão dos alunos seria positiva não só para a construção e formação deles como também para seus futuros filhos. 
2.4: OS LIVROS DIDATCOS E AS LACUNAS EXISTENTE NO MESMO
 No momento que eu pensei na ideia de trabalhar essas lacunas que são deixadas nos livros didáticos sobre a educação quilombola foi pelo inquietamente que me causou quando eu parei para analisar nos livros didáticos os assuntos que estavam ou estãosendo abordados sobre quilombo. Eu tive uma percepção do que ainda faltam muitos assuntos a serem trabalhados nos livros, sabemos que existe uma história sobre nossos antepassados, porém, essa história na maioria das vezes não é ressaltada ou mesmo quando são ressaltados muitos não conseguem ter a compreensão devida que a mesma deveria ter. É claro que desde que foi sancionada a lei 10.639/ 03 muitas coisas foram alteradas em relação ao currículo nacional dos livros didáticos, foram incluídos assuntos referente ao negro, sobre racismo, sobre igualdade, ou seja, foram incluídos bastantes assuntos sobre as relações étnico-raciais e isso foi um ganho para o país. Porém, o grande questionamento que eu faço é em relação a como está sendo trabalhados esses assuntos dentro de uma comunidade e sucessivamente fora dela. É valido ressaltar que a questão do racismo, desigualdade e discriminação passam pela escola e esses assuntos precisam ser trabalhados com todo cuidado e atenção e aqui entra a importância de se ter um conteúdo adequado nos livros didáticos para ser trabalhada com os alunos a importância do que são esses assuntos para que os mesmos cresçam como cidadãos conscientes de seus atos. A escola em si tem um papel essencial quando são trabalhadas as relações étnico-raciais com seus alunos, para melhor entendermos é valido citar Frantz Fanon que diz;
Os descendentes dos mercadores de escravos, dos senhores de ontem, não têm, hoje, de assumir culpa pelas desumanidades provocadas por seus antepassados. No entanto, têm eles a responsabilidade moral e política de combater o racismo, as discriminações e, juntamente com os que vêm sendo mantidos à margem, os negros, construir relações raciais e sociais sadias, em que todos cresçam e se realizem enquanto seres humanos e cidadãos. Não fossem por estas razões, eles a teriam de assumir, pelo fato de usufruírem do muito que o trabalho escravo possibilitou ao país. Assim sendo, a educação das relações étnico-raciais impõe aprendizagens entre brancos e negros, trocas de conhecimentos, quebra de desconfianças, projeto conjunto para construção de uma sociedade justa, igual, equânime.
Assim como a escola, os professores são agentes fundamentais nessa luta contra o racismo, o professor é um agente dentro da instituição escolar que presencia varias formas de preconceitos, seja essa através de brincadeiras entres os alunos ressaltando, cabelo, modo de verti-se, opção religiosa e outros revacinados ao seu colega.[footnoteRef:23] [23: FRANTZ, Fanon. Os condenados da terra. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979] 
Combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial, empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas exclusivas da escola. As formas de discriminação de qualquer natureza não têm o seu nascedouro na escola, porém o racismo, as desigualdades e discriminações correntes na sociedade perpassam por ali. Para que as instituições de ensino desempenhem a contento o papel de educar, é necessário que se constituam em espaço democrático de produção e divulgação de conhecimentos e de posturas que visam a uma sociedade justa. A escola tem papel preponderante para eliminação das discriminações e para emancipação dos grupos discriminados, ao proporcionar acesso aos conhecimentos científicos, a registros culturais diferenciados, à conquista de racionalidade que rege as relações sociais e raciais, a conhecimentos avançados, indispensáveis para consolidação e concerto das nações como espaços democráticos e igualitários.[footnoteRef:24] [24: FRANTZ, Fanon. Os condenados da terra. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979
] 
É claro que a partir da sanção da lei 10.639 de 2003 as escolas passaram a abordar os assuntos como; racismo, discriminação, igualdade racial, valorização, identidade e outros assuntos que visam mostrar as histórias de negros e suas contribuições para formação da sociedade. Porém, de uns anos para cá esses assuntos passam por transformações e acabaram não sendo trabalhados de uma forma cuidadosa e não tendo a atenção devida que deveria ter, e a escola acaba influenciando muito nesse contexto pelo simples fato de a maioria das vezes a mesma não demonstrar interesse pelo assunto e isso acaba de certa forma influenciando na formação dos alunos. É valido ressaltar que para que essa lei fosse aprovada foi preciso muitas lutas em busca dessa aprovação, lutas que fez com o que pessoas se articulassem e lutassem pelos seus direitos e lutassem na busca de uma sociedade mais igualitária como vimos no primeiro capítulo desse trabalho. 
Percebe-se que os estudos sobre racismo, igualdade, identidade e entre outros assuntos não estão presentes em outras disciplinas que não seja a disciplina de história e isso faz com o que esses assuntos fiquem restritos a apenas uma disciplina na grade curricular, e isso se torna preocupante por não se ter certo dialogo sobre os assuntos com outras disciplinas. E aqui é bom ressaltar que se a escola não mostrar interesse em trabalhar esses assuntos fora das salas de aulas, exemplo, fazendo eventos sobre os assuntos e mostrando o seu real significado, esses assuntos acabam passando despercebidos durante a carreira escolar de diversos alunos e eles continuam com uma história eurocêntrica sobre esses assuntos. E aqui eu ressalto a influência do livro didático na formação desses alunos.
A história do Brasil ensinada nas escolas foi elaborada a partir da visão europeia, portanto, ela é eurocêntrica porque as outras matrizes de conhecimento e outras experiências históricas e culturais que compõem a formação do povo brasileiro não são contempladas no currículo escolar. Os livros didáticos e outras produções bibliográficas ignoram a participação de africanos e afrodescendentes na construção intelectual e material do país. Este descuido tem o propósito de levar a uma sub-representação de uma parte da população na história do Brasil, para reproduzir o processo de dominação e opressão. A história não é coisa do passado para ser memorizada e repetida, ela informa e revela quem somos nós no presente e quais os papéis que devemos desempenhar na sociedade atual.[footnoteRef:25] [25: FELIPE, Delton Aparecido, TERUYA, Teresa Kazuko. ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NOS CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 21 de outubro de 2011. (Pg. 1).] 
Os capítulos dos livros didáticos que ressaltam sobre a questão étnica racial ainda são repletos de lacunas e são poucas as passagens que falam sobre a participação do negro na sociedade brasileira, não só brasileira como também sua participação em um contexto mundial. Uma coisa é certa, mesmo depois que entrou em vigor a lei 10.639/2003 e também mesmo depois de várias lutas sociais em prol de um ensino que podemos dizer mais igualitário, a questão étnica racial na atualidade tem que ser revista de uma maneira sucinta e crítica, isso não só no meio acadêmico como também de modo geral por toda a sociedade, seja esse no âmbito político, social, e porque não em um âmbito também religioso. Ainda são visíveis os preconceitos encontrados quando trabalhamos questões que determinados grupos socais aderem, exemplos, religiosidade, igualitarismo, cultura entre outros que ainda são vistos com certa parcela de preconceito por determinados grupos socais, ou seja, ainda há muita coisa a ser revista em relação aos estudos étnicos raciais. De certa forma, a lei 10.639/2003 vem com a intenção de que faça serem recontadas as histórias de grupos que são desfavorecidos ou menosprezados por diversos anos de nossa história, porém, percebemos que de início deu certo e de uns anos para cá esses assuntos acabaram meio que ficando de lado.
Da para fazer uma reflexão e tentar pensar como fazer para trabalhar a questão étnica racial dentro de uma sala de aula. Não vamos pensar em uma sala de aula que fica dentro de um quilombo ou mesmo em uma escola que fica um bairro periférico de uma cidade e sim vamos pensar em ummodo geral, modo este que possa incluir escolas de bairros considerados de classe média - alta e colégios particulares. Um grande questionamento que eu faço é sobre professores capacitados. Será que é só o professor negro que tem que abordar os estudos étnicos raciais? Será que é só o professor que é de uma comunidade quilombola que tem que falar sobre racismo? Será que é só o professor que é indígena que vai trabalhar os preconceitos que eles sofrem diariamente? 
 Precisamos com urgência ter professores capacitados que possam trabalhar essas temáticas em suas aulas. Professores que sejam capacitados e que possam mostrar que entender a lei 10.639/2003 é fundamental para todas as pessoas. Precisamos com urgência de formação continuada não só para professores que irão trabalhar em um quilombo ou em uma comunidade indígena como também de um modo geral, precisamos de formação continuada para todos os professores.
Uma coisa que pretendo deixar claro é que não estou colocando a culpa dessa falta de debate sobre os assuntos aqui expostos nos professores e sim estou querendo deixar claro que ainda existe um descaso muito grande do poder público para com a formação continuada de professores e de modo geral com a nossa educação:
Dessa forma, tratar a temática do negro no currículo escolar não depende do professor ser negro ou não, de saber ou não. A lei é de caráter obrigatório para todo o magistério e tem a função estratégica para a formação do cidadão brasileiro. Para atender a esta lei é fundamental que os conhecimentos e os saberes relativos a esta temática, de que alguns de nós somos possuidores, sejam socializados entre os demais educadores e ampliados para toda comunidade escolar, com isso os professores não serão mais acusados de serem mediadores - mesmo que inconscientes - da formação de estereótipos que geram preconceitos que se constituem de um juízo prévio, por ausência de um real conhecimento do outro[footnoteRef:26]. [26: SILVA, Ana Célia da. Desconstruindo a Discriminação do Negro no Livro Didático. Salvador, BA: EDUFBA, 2001.] 
O que importa de fato é que se for trabalhado os estudos referente ao negro e a sua participação em nossa sociedade muita coisa a de se mudar, é fundamental pensarmos que identidade é construção, ou seja, sempre que assuntos que mostrem o quão importante foram e são a participação negra em nossa sociedade e o quanto antes assuntos com esse viés serem trabalhados é melhor para a formação de nossas crianças e adolescentes. Um dos grandes problemas que temos hoje, principalmente em comunidades Quilombolas são pessoas não conseguindo se identificar e se autodeclarar Quilombola, isso é pelo fato dessas pessoas nunca terem se quer estudado sobre o que de fato é ser quilombola. A escola da comunidade Quilombola de Porto Alegre dispõe para seus alunos apenas o ensino fundamental, para concluir o ensino médio os alunos da comunidade e de comunidades vizinhas precisam se deslocar para o que chamamos de cidade, nesse caso, Cametá[footnoteRef:27], que fica a 47 km do Quilombo de Porto Alegre. [27: Cametá é um município do estado do Pará, no Brasil. Localiza-se a uma latitude 02º14'40" sul e a uma longitude 49º29'45" oeste, estando a uma altitude de 10 metros. Sua população estimada em 2017 era de 134.100 habitantes. Possui uma área de 3 081,367 quilômetros quadrados.
DISPONIVEL EM: https://pt.wikipedia.org/wiki/Camet%C3%A1] 
Para serem feitas as análises sobre as lacunas deixadas nos livros didáticos analisei os livros de todas as series que a escola da comunidade trabalha, ou seja, pesquisei em todos os livros do primeiro ao nono ano. É claro que em algumas series, por exemplo, as series iniciais, como primeiro, segundo e terceiro ano a escola passa por dificuldades de ausência de livros para essas séries, porém, as series que se têm os livros eu trouxe para serem feitas as análises.
Os dois primeiros livros que foram feitas as análises foram os livros do quarto e quinto ano:
 [footnoteRef:28] [28: Vem voar interdisciplinar : Ciências, geografia e história,4 ano : ensino fundamental, anos iniciais / obra coletiva ; editores responsáveis Isabel Rabelo Roque, Wagner Nicaretta. -- 1 ed. -- São Paulo : Scipione, 2017
DISPONIVEL EM: https://cdn.convergetecnologia.com.br/wp-pnld2019-aticascipione/static/files/colecoes/vemVoar/interdisciplinar/4ano/40/] 
Nesses dois livros foram encontrados assuntos referentes a quilombo em apenas um, nesse caso, o livro do quarto ano que traz na unidade dois do presente livros assuntos que dizem sobre: Os africanos longe do continente africano, o trabalho na produção do açúcar, a produção de açúcar nos engenhos, o trabalho na produção do café, a busca pela liberdade etc.
Se juntarmos os dois livros, apenas na unidade dois do livro do quarto ano que vamos encontrar a palavra quilombo presente na parte que diz o seguinte: 
A escravidão durou mais de trezentos anos no Brasil. Ao longo desse tempo, os africanos e seus descendentes nascidos aqui (chamados de afrodescendentes) resistiram e lutaram de várias maneiras.
A resistência acontecia de várias formas, desde o boicote ao trabalho, negociação, rebelião, etc. Mas, o modo mais comum de luta contra a escravidão era a fuga. Ao fugir, os escravizados se escondiam em lugares de difícil acesso. Em muitos desses locais os ex-escravizados formaram comunidades chamadas quilombo, onde mantinham vivas as tradições africanas: as línguas de origem, as tradições, os costumes e a religião de cada povo.··.
Vale ressaltar que nos dois livros que estão sendo analisados são livros interdisciplinares, ou seja, os livros não são de apenas uma disciplina, os dois livros, além da disciplina de história também tem as disciplina de ciências e geografia. Só pela análise desses dois livros percebe-se que a temática quilombo esta sendo ressaltada de uma forma bem sucinta e de maneira bem breve. Porém, vamos continuar as análises em livros de autores e séries diferentes. Livros.
Os dois próximos livros que serão feitas as analise são os livros do sexto e do sétimo ano: 
[footnoteRef:29][footnoteRef:30] [29: História (ensino fundamental) I. Apolinário, Maria Raquel Projeto Araribá: história / organizadora Editora Moderna; Obra coletiva, concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna ; editora responsável Maria Raquel Apolinário. -- 4. ed. -- São Paulo: Moderna, 2014] [30: Boulos júnior, Alfredo Historia sociedade e cidadania, 7 ano / Alfredo Boulos Júnior. - ed. - São Paulo:FTP, 2015] 
No livro do sexto o ano como é exigido por órgãos governamentais os assuntos tratados nessa serie são assuntos como: As origens do ser humano. O povoamento da América. Mesopotâmia, China e Índia. O Egito e os reinos da Núbia. Hebreus, fenícios e persas. A civilização grega. As origens e a expansão de Roma. A Roma imperial e o mundo bizantino.
Esses temas acima são os temas tratados no livro analisado do sexto ano. No momento que você faz a análise do sumario desses livros percebe-se, com visão, é claro nos temas que estão em destaque no sumario, que não se tem nada sobre quilombo nesses livros e assim passamos para a análise do próximo livro.
O livro do sétimo ano está dividido em quatro unidades. A primeira unidade vai trazer assuntos como: Diversidade e descriminação religiosa, Na unidade dois sobre arte e religião. Na terceira A formação do estado moderno e na quarta e última unidade sobre Nós e os outros. 
Na primeira unidade desse livro como esta sendo trabalhados assuntos que estão intrinsecamente ligados à religião caberia com excelência ressaltar sobre as religiões de matriz africanas, ate por que as mesmas estão na cultura brasileira desde que os primeiros escravizados (a) desembarcaram nos pais. A única palavra que esta relacionada à religiosidade africana é a palavra Banto, porém, essa denominação não se refere à religião e sim ao deslocamento de seu povo[footnoteRef:31]. Além da religião banto as religiões que poderiam serdestacadas na unidade seriam o camdoblé[footnoteRef:32], a umbanda[footnoteRef:33] e o batuque[footnoteRef:34] que são religiões fundamentais para a desconstrução de imaginários estereotipados. [31: Boulos júnior, Alfredo Historia sociedade e cidadania, 7 ano / Alfredo Boulos Júnior. - ed. - São Paulo:FTP, 2015. pág. 69.] [32: Do Calundu colonial da Bahia surgem os primeiros terreiros de candomblé e com eles a organização politico-social-religiosa. Neste ponto, as irmandades não podem ser esquecidas. Elas têm como origem a mistura proveniente da cultura dos escravizados com o catolicismo. A mais antiga é a Irmandade da Boa Morte, que no terreiro da Casa Branca fundou os alicerces para que as demais casas de candomblé pudessem ser criadas.] [33: é uma religião brasileira que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo, as religiões afro-brasileiras e a religiosidade indígena. A palavra umbanda deriva de m’banda, que em quimbundo (idioma banto) significa “sacerdote” ou “curandeiro”] [34:  É fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, como as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.] 
Nesse livro não encontramos a temática quilombo novamente, porém, o ponto de destaque desses livros é a primeira unidade. No capitulo quatro dessa unidade encontramos assuntos referente à África, assunto esse de suma importância para serem trabalhados. Nesse presente capitulo os assuntos trabalhados são: povos e culturas africanas: Malineses, Bantos e Iourubás. Mesmo não se encontrando especificamente a palavra quilombo em destaque nesse livro, temos que ter a dimensão que só pelo fato do livro trazer assuntos referentes à África se tem uma dimensão de assuntos a serem trabalhados nesse livro. 
[footnoteRef:35][footnoteRef:36] [35: Boulos júnior, Alfredo Historia sociedade e cidadania, 8 ano /Alfredo Boulos Júnior. - 3. ed. - São Paulo: FTP, 2015] [36: Boulos júnior, Alfredo Historia sociedade e cidadania, 9 ano / Alfredo Boulos Júnior. - 3. ed. - São Paulo: FTP, 2015
] 
Esses dois livros são os dois último a serem feitas as análises. No livro do oitavo ano os temas das unidades são: Unidade 1, dominação e resistência. Unidade 2, a luta pela cidadania. Unidade 3, terra e liberdade. Nesse livro o destaque se encontra na unidade 1 que traz em algumas linhas a palavra quilombo, com destaque para o quilombo de Palmares. A unidade traz também como os povos africanos resistiam. No livro do nono ano os assuntos pautados são: Unidade 1, eleições: passado e presente. Unidade 2, políticas e propaganda de massas. Unidade 3 movimentos sociais: passado e presente. Unidade 4 ética e política. Nesse livro, percebe-se pelos temas das unidades que assuntos referentes à temática quilombo são inexistentes. Nos dois últimos livros analisados se tem a percepção que no livro do oitavo ano de trabalha, mesmo que de uma forma rápida a temática quilombo. 
Feita as análises dos seis livros podemos notar que a temática quilombo se encontra em poucos espaços dos livros didáticos. Dos seis livros analisados em apenas dois, no livro do quinto ano e no livro do oitavo ano, encontramos de fato a palavra quilombo. É claro que não vamos encontrara a temática quilombo em todos os livros e em todas as series, porém, temos que dar destaques e ressaltar um pouco mais sobre esses dois livros presentes nessa pesquisa. 
O primeiro livro que devemos dar destaque é o livro do quarto ano, livros esse que é interdisciplinar. Esse livro traz uma abordagem breve sobre quilombo, porém, fundamental. E se formos cuidadosos e pararmos para pensar, é aqui que temos que começar a ressaltar sobre a importância de se estudar as temáticas que se relacionam as comunidades quilombolas, até porque estamos ressaltando sobre o quarto ano e a grande realidade dos dessa série é trabalhar com crianças e adolescentes, ou seja, por serem crianças nada melhor que um momento oportuno para começar a ser moldado o processo de identidade dessas crianças, já que identidade é construção nada melhor que começar a construção dessa identidade nas crianças e adolescentes.
O segundo livro que deve ter um destaque é o livro do oitavo ano que vem trazendo uma abordagem mais firme sobre a temática quilombo. Um dos pontos que chama a atenção nesse livro é que ele vem fazendo vários questionamentos sobre diversos assuntos relacionados à participação nessa em nossa sociedade, porém, isso tudo de maneira breve e sucinta. Esse livro e serie tem que haver destaque pelo fato de ser o último livro que os alunos da comunidade de Porto Alegre terão acesso no ensino fundamental sobre a temática quilombo, e a aqui é válida ressaltara a importância e cuidado de serem trabalhados esses assuntos com os alunos da comunidade. Tirando esses dois livros, apenas o livro do sétimo ano vem abordando assuntos referentes ou que interligam a comunidades quilombolas. Fora esse os outros livros não abordam assuntos referente à temática quilombo. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com as análises do primeiro e segundo capitulo desse presente trabalho podemos perceber que a luta por uma educação que podemos dizer, mais igualitária, vem se reconfigurando há vários anos isso mesmo no período que denominamos de período republicano brasileiro. No primeiro capitulo tivemos uma visão do que foi e como lutou o movimento negro em prol de uma educação melhor para todos. Vale lembrar que o movimento negro vem tendo desde 1964 várias conquistas, não só na educação como também em outros meios que o movimento negro viu necessidade de luta. É claro que no decorrer dos anos muitas conquistas que o movimento negro conquistou acabaram se reconfigurando, seja essa para um ponto positivo ou para um ponto negativo.
No segundo capitulo desse trabalho foi ressaltado um pouco sobre a lei 10.639/03 e sua importância em nossa sociedade no decorrer do segundo capitulo podemos perceber que a educação escolar quilombola precisa ser revista de uma maneira delicada e critica. E que mesmo o MEC ressaltando que exista a necessidade de se ter nas comunidades quilombolas materiais que consigam mostrar a realidade e importância de se reconhecer como quilombola esses manteria dificilmente chega para a comunidade de Porto Alegre. Outro ponto de destaque é sobre formação continuada de professores e a escola terem o seu próprio ppp, esses dois pontos ainda estão distantes da realidade que se tem na comunidade. 
Em relação aos livros didáticos percebemos através de analises dos livros que ainda há a necessidade de incluir vários assuntos e que mesmo havendo livros que trazem a temática quilombola esses mesmos trabalham a temática de maneira superficial e não tão crítica como deveria ser. Um dos pontos que os livros deixam muitos a desejar é sobre a participação da mulher negra em vários aspectos da sociedade brasileira. Além da participação da mulher percebe-se que existem muitas lacunas em relação à religiosidade de matriz africana e que sobre a mesma é deixada muita coisa a desejar.
Os livros em si deixam muito a desejar, e isso faz com o que os professores, mesmo sem nenhum apoio governamental, e aqui é valido deixar claro o descaso do poder público para com a educação escolar quilombola, busquem alternativas de ensino para a construção da identidade de crianças, adolescentes e jovens da comunidade. 
REFERÊNCIAS
BAZAGA, Rochelle Gutierrez. As “diretas já”: Uma análise sobre o impacto da campanha no processo de transição política Brasileira.XXVII Simpósio Nacional de História. ANPUH
BOULOS, júnior Alfredo Historia sociedade e cidadania, 7 ano / Alfredo Boulos Júnior. - ed. - São Paulo: FTP, 2015
CARRIL, Lourdesde Fátima Bezerra; Os desafios da educação quilombola no Brasil: o território como contexto e texto. Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, SP, Brasil
CONCEIÇÃO, Alexsandro. O racismo no Brasil, o Movimento Negro e a Lei 10.639/03 : Revista África e Africanidades – Ano XII – n. 31, ago. 2019 – ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com.br
CARDOSO, Paulino

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