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IDENTIFICAÇÃO HUMANA, A PAPILOSCOPIA COMO INSTRUMENTO DE 
CIDADANIA E JUSTIÇA 
 
 
Eudaldo Francisco dos Santos Filho 
Doutor em Construção do Conhecimento (UFBA), Professor da Universidade do Estado da 
Bahia e Perito Técnico de Polícia do Instituto de Identificação Pedro Mello. 
eudaldofilho@gmail.com 
Alexandro dos Santos Barreto 
Perito Técnico de Polícia do Instituto de Identificação Pedro Mello, Professor da rede pública 
do estado, caatinga1@yahoo.com.br 
Marcelo Eduardo Andrade Almeida 
Perito Técnico de Polícia do Instituto de Identificação Pedro Mello, almeidame@hotmail.com 
 
 
 
RESUMO 
Importância: Atualmente, as discussões em torno de parâmetros e métodos de aplicação e 
construção da Justiça e restauração da cidadania são preponderantes quando se trata de 
segurança pública. A busca do fortalecimento das garantias dos direitos fundamentais do 
cidadão pelo Estado é um desasfio constante. Em paralelo a esta obrigação do poder público, a 
responsabilização civil do cidadão e identificação de autoria de crime não devem ser ações de 
menor relevância dentro da sociedade, não podem ser excludentes porque estão 
processsualmente ligadas. A construção de um sistema de identificação humana é ferramenta 
imprescindivel neste sentido, responsabilizando com os rigores da lei o cidadão infrator e 
garantindo ao indivíduo idôneo a devida inocência. Diante do exposto, a papiloscopia é uma 
ferramenta poderosa na construção de tal sistema, garantindo técnicas de identificação 
individual gerando algumas atividades privativas de Estado e de peritos em Papiloscopia, como: 
identificação cadavérica, busca de desaparecidos, identificação de latentes em local de crime, 
identificação civil e criminal. 
 
Palavras-chave: Cidadania; Identificação humana; Justiça; Sistema papiloscópico. 
 
Identificação e história 
 
A identificação humana é e sempre foi uma busca dentro do processo civilizatório. O 
intento pela individualização de cada indivíduo sempre foi uma necessidade dos grupamentos 
sociais. A identificação humana é uma das ações mais primárias nas relações humanas em seu 
processo de socialização, podemos encontrar registros pré-históricos na Nova Escócia de 
desenhos de espirais em dedos da mão humana (Figura 1), o que demonstra que, desde cedo, a 
humanidade considera alguns fatores biométricos como possíveis elementos de identificação do 
indivíduo. 
 
 
 
 
Figura 1: Desenho Pré-histórico. 
 
 
 Fonte: www.morpho.com,12/12/01 
 
Placas cerâmicas, identificadas como fruto de escavações arqueológicas, também são 
valiosos registros da identificação humana e de sua história. Por exemplo, foram encontradas no 
Turquistão placas com textos de acordos firmados entre indivíduos, que eram identificados 
pelas impressões dos dáctilos na massa fresca. Na China do século VII foram verificados 
divórcios em que os acordos eram firmados por meio de documentos identificados com 
impressões digitais. Na Índia, também constatamos tal procedimento ainda no século IX. Todas 
essas ações de caráter identificatório se mostravam eficazes, entretanto, careciam de 
sistematização e formalização científica. 
 
Modernamente, podemos identificar Marcello Malphighi, em 1686, professor 
de anatomia na Universidade de Bolonha – Itália, como autor da primeira 
observação, em ambiente acadêmico, das cristas papilares, através de um 
rudimentar microscópio. Assim, identificamos tal procedimento como a 
primeira descrição biométrica formal. (SANTOS FILHO; PEREIRA, 2013) 
 
 Métodos de identificação pela biometria foram incessantemente investigados pela 
humanidade, no sentido de se fazer a identificação humana, principalmente a de caráter 
criminal. Antes do século XVIII, a mutilação era uma tônica na identificação criminal no Velho 
Mundo. Esse processo, juntamente com a marcação com ferrete, o ferro em brasa, fazia parte da 
rotina da sociedade europeia. Depois do desenvolvimento dos códigos e sistemas de leis 
criminais, esses procedimentos foram perdendo a força, com a valorização do indivíduo dentro 
do tecido social, notadamente na França. Podemos identificar no Gráfico 1, com detalhes, a 
sequência histórica dos fatos na identificação humana. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Cronologia da identificação humana 
http://www.google.com.br/imgres?q=historia+da+identifica%C3%A7%C3%A3o+e+seus+personagens&um=1&hl=pt-BR&sa=N&biw=1907&bih=892&tbm=isch&tbnid=Ph7l7IcX262GSM:&imgrefurl=http://www.papiloscopia.com.br/historia.html&docid=Stdos_8Kxt4asM&imgurl=http://www.papiloscopia.com.br/Historia_arquivos/Image1.jpg&w=209&h=234&ei=MpCyT72fAoSBgwebo_inCQ&zoom=1&iact=hc&vpx=200&vpy=156&dur=431&hovh=128&hovw=114&tx=88&ty=95&sig=103457765776484458503&page=1&tbnh=124&tbnw=111&start=0&ndsp=48&ved=1t:429,r:0,s:0,i:71
http://www.google.com.br/imgres?q=historia+da+identifica%C3%A7%C3%A3o+e+seus+personagens&um=1&hl=pt-BR&sa=N&biw=1907&bih=892&tbm=isch&tbnid=Ph7l7IcX262GSM:&imgrefurl=http://www.papiloscopia.com.br/historia.html&docid=Stdos_8Kxt4asM&imgurl=http://www.papiloscopia.com.br/Historia_arquivos/Image1.jpg&w=209&h=234&ei=MpCyT72fAoSBgwebo_inCQ&zoom=1&iact=hc&vpx=200&vpy=156&dur=431&hovh=128&hovw=114&tx=88&ty=95&sig=103457765776484458503&page=1&tbnh=124&tbnw=111&start=0&ndsp=48&ved=1t:429,r:0,s:0,i:71
http://www.morpho.com,12/12/01
http://www.google.com.br/imgres?q=historia+da+identifica%C3%A7%C3%A3o+e+seus+personagens&um=1&hl=pt-BR&sa=N&biw=1907&bih=892&tbm=isch&tbnid=Ph7l7IcX262GSM:&imgrefurl=http://www.papiloscopia.com.br/historia.html&docid=Stdos_8Kxt4asM&imgurl=http://www.papiloscopia.com.br/Historia_arquivos/Image1.jpg&w=209&h=234&ei=MpCyT72fAoSBgwebo_inCQ&zoom=1&iact=hc&vpx=200&vpy=156&dur=431&hovh=128&hovw=114&tx=88&ty=95&sig=103457765776484458503&page=1&tbnh=124&tbnw=111&start=0&ndsp=48&ved=1t:429,r:0,s:0,i:71�
 
Fonte: Santos Filho (2014, p. 10). 
 
Em 1823, o professor tcheco Johannes Evangelista Purkinji, também professor de 
anatomia, que lecionava na Universidade de Breslau, tentou dar um caráter classificatório às 
impressões digitais sem, no entanto, conseguir sistematizá-lo, a ponto de servir como 
instrumento de identificação humana. 
Certamente, as tentativas incipientes citadas anteriormente foram os primeiros passos do 
que hoje podemos chamar de sistema dactiloscópico de impressão digital, usado em todo o 
mundo como ferramenta de identificação humana. Mas, no sentido de sermos fiéis à História, a 
sociedade ainda demoraria um tempo antes de reconhecer a datiloscopia como sistema universal 
de identificação. Antes disso, Alphonse Bertillon foi o autor do primeiro sistema biométrico de 
identificação humana, em 1879, que se propunha ser universal denominado Bertillonage. Este 
método era uma coletânea complexa de parâmetros biométricos que identificavam os 
indivíduos. 
O sistema era composto de anotações antropométricas e de sinais particulares, com 
auxílio da fotografia. O autor fotografava o indivíduo de frente e de perfil; mais tarde, em 1894, 
é que a coleta das impressões digitais foi introduzida. Esse procedimento foi adotado pela 
polícia parisiense em 1882 e, logo após, em toda a Europa e em todo o mundo, inclusive no 
Brasil. O sistema de Bertillonage logo apresentaria ao mundo suas falhas. 
A coincidência de dados poderia ser a primeira, mas não a mais séria falência do 
sistema proposto por Bertillon. Mais adiante, o problema maior se revelaria no número de 
identificação, que exigia uma quantidade absurda de procedimentos e dados, constituindo aí a 
fragilidade do procedimento. As coincidências se apresentavam por inúmeros motivos, desde a 
forma de coleta até a imprecisão nos instrumentos, fazendo com que todo o sistema ruísse. Um 
exemplo emblemático para revelar a ineficiência do método foi o caso Will e William West. 
(ARAÚJO, 2006). 
Em 1903, na Penitenciária Federal de Leavenworth, nos EUA, o sentenciado Will West, 
ao chegar à instituição, negava que teria estado lá anteriormente, cumprindo outra sentença. Maso sistema de identificação do Instituto correcional apontava o contrário, com fichas e notas 
antropométricas, foto e nome semelhantes aos dele (Figura 2). 
 
Figura 3: O caso de Will e William West. 
 
 
Fonte: Araújo (2006) 
 
Após o confronto dactiloscópico foi concluído que ele não era quem se pensava, e o 
sistema de Bertillonage sofreu um sério golpe. Ficou claro que o sistema foi muito longe, em se 
tratando de uma época de procedimentos e ferramentas analógicas, mas, inegavelmente, apontou 
um caminho muito frutífero para trabalhos de identificação humana. Demonstrou o quanto seria 
necessário e útil para uma sociedade justa, um sistema de identificação competente e confiável. 
Mas a primeira tentativa de um sistema classificatório foi mesmo de Henry Faulds, 
físico, missionário e cientista, com a publicação do artigo intitulado “On the Skin-furrows of the 
hand”, no periódico Nature, em 1880, no qual propõe o método de coleta papiloscópica com 
tinta. Faulds ainda tentou recorrer a Darwin para ajudá-lo na intenção de estabelecer, 
definitivamente, um sistema de representação e classificação dos desenhos das cristas papilares. 
Darwin, em idade avançada, não se dispôs a ajudar, mas repassou as informações a seu primo 
Francis Galton. 
Francis Galton, antropólogo britânico, foi o primeiro a batizar os pontos característicos 
das impressões como laçada, arco e verticilo (Figura 4) e representá-los com letras do alfabeto, 
método que ainda é usado em todo o mundo, mesmo com avanços pontuais e variações. 
 
 
Figura 4: Desenho dos pontos característicos 
 
Fonte: http://www.papiloscopia.com.br/estudo_das_papilas.html 
 
O argentino Juan Vucetich Kovacevch pode ser considerado o primeiro a fazer um uso 
pragmático da identificação dactiloscópica, porque realizou a primeira identificação criminal da 
história, descobrindo a autoria de um crime de homicídio por meio da identificação 
papiloscópica. 
A identificação biométrica se dá por muitos meios. Entre os mais conhecidos e 
aplicados na atualidade ressaltamos a identificação dactiloscópica, conhecida como impressão 
digital, que é a mais acessível e mais utilizada no mundo. Alguns processos, como a 
identificação iridológica e o DNA, também estão ganhando espaço, mas ainda esbarram no alto 
custo de sua tecnologia e aplicação. Tomando sempre por base características físicas e imutáveis 
do corpo humano, a maioria dos meios de identificação humana disponível é de utilização quase 
total do Estado, na identificação civil e criminal. Os referidos métodos usam tecnologias que 
prescindem de padrões para realizar comparações que, se não coletados, impossibilitam a 
identificação. Ainda registramos que no mundo da identificação humana temos a identificação 
facial humana, que oferece resultados úteis e precisos na busca de pessoas apenas pelo registro 
mnemônico de depoentes que tiveram contato visual com o indivíduo em questão. 
A identificação facial humana, através da elaboração do retrato falado, é uma 
ferramenta de baixo nível de precisão; por outro lado, é uma ação de 
potencial possibilidade investigativa, pois a experiência visual individual é 
um caminho rico na identificação do indivíduo. (SANTOS FILHO; 
PEREIRA, 2013) 
Atualmente, o que se convencionou como retrato falado, está sendo objeto de nossa 
investigação cientifica no âmbito acadêmico, e parte destas atividades de pesquisas se dá dentro 
do LBI - Laboratório da Biometria e Imagem da Universidade do Estado da Bahia do 
Departamento de Ciências Exatas e da Terra. Os institutos de identificação e os peritos, 
especialistas em Identificação Facial Humana, reconhecem a prosopografia como o processo de 
descrição e comparação para fins de reconhecimento da face humana. As perícias que envolvem 
a comparação de imagens, na tentativa de reconhecimento e identificação humana, tomam o 
nome de prosopografia. 
 
http://www.papiloscopia.com.br/estudo_das_papilas.html
Ocorre que existe uma ambiguidade no uso do termo para a Língua Portuguesa. O fato é 
uma constante, nos dicionários consultados, pois o conceito faz também menção à “biografia 
coletiva”. Um método de investigação cientifica da área da História. 
Em função desse panorama, tomamos uma posição propositiva e oferecemos em Santos 
Filho e Pereira (2013) uma nova configuração do termo, a prosoporrecognografia. Esta seria, 
então, o ramo da identificação humana, mais propriamente da representação facial humana, que 
se ocuparia da descrição, comparação e do confronto da face humana, para fins de 
reconhecimento e identificação. 
 
Sistema Papiloscópico de identificação 
 
Verificamos contemporaneamente que as discussões em relação itens como segurança, 
justiça e cidadania são prementes, impondo ao tecido social a assunção firme de posturas com 
relação de como o Estado vai se portar em relação e estes conceitos básicos de civilidade. Pouco 
se conhece e se discute a identificação humana como fator de desdobramentos qualitativos na 
segurança pública e na justiça brasileira, entretanto, é muito comum o noticiamento de casos em 
que envolve o tema e não há uma vinculação evidente entre, e disso nos ocuparemos neste 
artigo. Desenvolveremos uma narrativa que afirme que a identificação do indivíduo é um 
instrumento de justiça e cidadania, e ainda mais precisamente que a papiloscopia é o caminho 
para a consecução de tal afirmativa, como afirma Raws. 
 
Cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o 
bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar. Por essa razão, a justiça 
nega que a perda da liberdade de alguns se justifique por um em maior 
partilhado por todos. Não se permite que os sacrifícios impostos a uns poucos 
tenham menos valor que o total maior das vantagens desfrutadas por muitos. 
(RAWLS, 1997, p 4) 
 
A justiça como elemento constitutivo da plena cidadania não é uma construção nova ou 
moderna, é um pressuposto que remonta aos primórdios da ideia de civilização. A construção de 
sistemas que contemplem sociedades mais justas e equânimes no tratamento do indivíduo, sem 
considerar procedência, credo, raça ou outro fator individualizador é um avanço social 
considerável e paradigma de uma sociedade justa. A afirmação pode ser considerada um 
paradoxo, quando consideramos que um sistema de identificação competente é mais uma 
ferramenta da justiça social, partindo da premissa de que a identificação individual é garantia de 
minimização de erros pela devida qualificação de cada indivíduo. 
A identificação humana dispõe de várias técnicas e formatos. Com o desenvolvimento 
tecnológico, surgem mais sistemas que prometem sempre melhor eficiência e efetividade, 
entretanto podemos afirmar que o sistema papiloscopico ainda oferece garantias de 
confiabilidade e eficiência com baixíssimo custo, fatores que a deixam em posição de destaque 
em relação aos outros sistemas. É importante destacar que dentre as técnicas que possuímos 
hoje, com conhecimento aprofundado, como DNA, iridologia, entre outras, a papiloscopia ainda 
é a mais viável, como já tratado. 
Atualmente temos a identificação civil – Carteira de Identidade emitida pelos Institutos 
de Identificação – e a identificação criminal. Não menos importante, porém, menos conhecida, 
existe também a identificação de cadáveres, neonatal e a identificação realizada em locais de 
atos criminosos. Esta última feita através de fragmentos de impressões papiloscópicos deixados 
pelo indivíduo ao tocar nos objetos presentes no local do fato, esclarece a autoria de crimes e 
facilita a investigação criminal, poupando tempo e gastos para a administração pública. 
A identificação civil, mais conhecida entre todos, é realizada nos institutos de 
identificação do país e tem como consequência principal a emissão da Carteira de Identidade – 
Registro Geral – documento que identifica as pessoas para quaisquer atos da vida civil. Na 
maioria dos estados brasileirosé emitida pelas secretarias estaduais de segurança pública, não 
sendo unificada nacionalmente. No Brasil existem outros documentos de identificação civil, 
entretanto, poucos destes levam consigo uma das principais características individualizadoras 
utilizadas atualmente, a impressão digital. A Carteira de Identidade traz também um conjunto de 
características que identificam facilmente um indivíduo e faz referência a informações 
importantes como o registro público de nascimento ou casamento, foto da face, uma assinatura e 
uma impressão digital. 
Com o ato primordial do registro de nascimento e posterior documento de identificação, 
surgem as primeiras consequências da vida civil do indivíduo. A partir de então, o mesmo se 
torna apto legalmente a gozar de todos os seus direitos e garantias e a responder pelos seus atos, 
sendo identificado por um nome, uma filiação e com um registro de todos os seus dados de 
nascimento em um respectivo livro público. 
A identificação civil vem passando por diversos problemas. Hoje existem alguns 
documentos com poder legal de identificação, mas que comprometem o sistema e expõem 
fragilidades. Temos como exemplo as carteiras de trabalho, documentos de habilitação, carteiras 
de conselhos de classes e outros que surgiram como o RIC e logo desapareceram, e agora o DNI 
– Documento Nacional de Identificação, que será emitido pelo Tribunal Superior Eleitoral. 
Urge a sistematização de uma identificação civil única no país, com base ainda nos 
Institutos de Identificação estaduais. Dentro das fragilidades do atual sistema de identificação 
pública, a Identificação Civil não é o maior problema. A identificação criminal, a identificação 
necropapiloscópica e as identificações em locais de crimes, estas sim não vêm sendo tratadas 
com a devida importância e cuidados que merecem para contemplar o sistema judiciário e 
policial com efetividade. 
A identificação criminal, fundamental na fase de persecução criminal, inquérito e 
processo penal, poderia ter sua utilização incrementada por possuir uma importância grande 
para a garantia de toda a ação que se desenvolverá no poder Judiciário, posto que não há 
processo penal sem autoria e materialidade. É fundamental saber quem cometeu o ato criminoso 
e quem dele foi vítima, do contrário todo processo perde o sentido. Fazer isto com segurança e 
efetividade não é uma tarefa fácil, porém, é uma busca do cotidiano dos Institutos de 
Identificação do país. A identificação criminal deveria ser uma forma cada vez mais utilizada, 
pois muito comumente vê-se que pessoas que não cometeram atos criminosos tenham em seus 
nomes processos criminais em andamento, dificultando toda a ação penal e retirando da Justiça 
a sua credibilidade. Atos de investigação e ações criminais não podem jamais possuírem um 
mínimo de fragilidade, visto que condenar inocentes ou absolver culpados não é justiça, e sim 
arbitrariedade, o que não pode ser aceito em nosso sistema de segurança e no poder Judiciário. 
Esta forma de identificação é responsável hoje por garantir que o indivíduo que está 
sendo recolhido pelo poder do Estado é a pessoa envolvida no ato criminoso. Não é a foto, a 
assinatura ou qualquer outra característica que definirá quem é este indivíduo, e sim a sua 
impressão digital, imutável, perene e única, que assegurará a individualização e vinculará este 
ao fato que lhe está sendo imputado. 
A identificação criminal realizada nos institutos de identificação possui um 
procedimento próprio e é regulado em lei em sua forma. A legislação atual fala em quando e 
como deverá ser feita esta identificação, evitando assim que seja uma forma de constrangimento 
e arbitrariedade desnecessária. Em regra geral, faz-se necessária quando não houver documentos 
que atestem a identificação do indiciado ou quando estes não forem suficientes para identificá-
lo com segurança. 
Por último e não menos importante, existe a identificação necropapiloscópica realizada 
nos Institutos Médicos Legais, porém feitas por profissionais dos Institutos de Identificação, os 
papiloscopistas. A identificação de cadáver existe com o objetivo de dar segurança ao processo 
de conclusão da morte do indivíduo, posto que após o falecimento surgem diversos direitos e 
diferentes interesses. Como a identificação comum por reconhecimento por meio de foto não é 
mais suficiente para identificação de cadáveres com segurança, cada vez mais cresce a 
necessidade de identificar todos os cadáveres que estejam envolvidos com uma morte sob 
suspeita pelas suas impressões digitais. Hoje é possível e frequente a identificação de corpos em 
diferentes estados de preservação como corpos carbonizados, putrefeitos e até mesmo 
mumificados. Técnicas estudadas e procedimentos realizados permitem recuperar os tecidos das 
papilas dérmicas e identificar corpos em diferentes estados de conservação. É comum que os 
Institutos de Identificação identifiquem um grande número de corpos diariamente, assegurando, 
assim, a fidelidade das informações que estarão nos documentos de óbitos dos “de cujus”. 
È importante ressaltar que um grande empecilho que se encontra atualmente nos 
processos de identificação é a inexistência de um sistema nacional unificado de identificação 
por impressão digital. Foi-se tentado há alguns anos com a criação do RIC – Registro de 
Identidade Civil – um sistema integrado entre os estados com o objetivo de criar só uma 
identificação civil no país, e ele se comunicaria com todos os entes da federação. Este sistema, 
entretanto, não foi implementado em sua completude, ficando este espaço que se faz 
extremamente necessário para a eficiência total das identificações em todo o país. Uma ligação 
entre os sistemas de identificação seria importante, pois evitaria que pessoas possam ser 
identificadas em qualquer estado do Brasil sem a necessidade de bancos de dados 
individualizados. 
O sistema AFIS – “Automated Fingerprint Identification System” – sistema de 
identificação automatizado de busca por impressões digitais é a grande ferramenta utilizada 
pelos profissionais de papiloscopia. Este consegue fazer uma busca em seu banco de dados e 
trazer candidatos apenas com a impressão digital, sem serem necessários quaisquer dados 
alfanuméricos como nome ou filiação. Isto é fundamental para a identificação, pois a busca por 
qualquer outro critério nos arquivos físicos dos Institutos de Identificação se torna difícil, 
trabalhosa e pouco eficiente. Apenas com uma impressão digital questionada você consegue 
encontrar seu indivíduo portador e identificá-lo rapidamente, facilitando, assim, a identificação 
de criminosos que não fornecem seus dados reais, cadáveres de identidade ignorada e não 
reclamados nos Institutos de Medicina Legal, ajudando no encontro de pessoas desaparecidas. 
A integração de todos os “AFIS” em uma comunicação entre eles facilitaria demais o 
trabalho de identificação e conectaria toda a segurança pública em um só sistema, fazendo com 
que uma pessoa que cometesse um crime ou falecesse no estado do Acre fosse facilmente 
encontrado no estado do Rio Grande do Sul, por exemplo. Falar em integrar estes sistemas é 
falar em trazer uma nova perspectiva para a segurança pública e para a cidadania do brasileiro. 
Não se trata apenas de facilitar o trabalho da perícia papiloscópica, mas, sim, dar mais 
celeridade e eficiência a um trabalho fundamental para a segurança de todo o processo judicial e 
policial no país. Fazer com que os sistemas se comuniquem entre si é facilitar a vida do cidadão 
e dificultar o cotidiano do criminoso. Assim será mais fácil encontrar autores e vítimas de 
crimes que ficam impunes diuturnamente nesse processo já enfraquecido de persecução 
criminal. 
Não só de crime e criminosos se alimentam os sistemas de identificação. A área social e 
cível que este trabalho apresenta é também muito grande. Para exemplificar, pode-se citar o 
casode alguém que viajou e não retornou porque sofreu um acidente em outro estado, ficou sem 
identificação e foi sepultado como cadáver de identidade ignorada, posto que os sistemas não 
conseguem trocar informações de outros bancos de dados. É possível também dar respostas a 
familiares de um parente que desapareceu há tempos e que com isso gerou diversas privações 
afetivas, sociais ou econômicas. 
Enfim, dar dignidade para que as pessoas possam desfrutar dos seus direitos é também 
um dever do Estado de bem-estar social. O serviço público tem a obrigação de prestar um 
atendimento eficiente e com fundamento na dignidade e nas garantias fundamentais das pessoas. 
A identificação humana pela papiloscopia é um grande instrumento de cidadania e justiça do 
povo brasileiro e deve ser observado com mais importância na realidade da segurança pública e 
do poder Judiciário. 
 
Considerações finais 
 
O sistema papiloscópico de identificação humana consolida um processo que, por meio 
de uma observação científica, estabeleça um arcabouço teórico que possibilite a sistematização 
e classificação da identificação, para fins de reconhecimento e identificação. Este sistema é um 
avanço considerável para a sociedade em função de aplicações possíveis (como reflexos na 
seguridade social, segurança pública e privada, justiça e cidadania). 
Diante do exposto encontramos alguns entraves para a viabilização de um sistema 
público, único e eficiente de identificação papiloscópica que promova a cidadania e justiça. 
Podemos constatar que existem fatores de ordem política e de gestão pública que impedem 
significativamente a construção deste sistema. Há uma guerra silenciosa, mas intensa dentro dos 
estados, onde categorias hegemônicas da segurança pública tentam a todo custo a invisibilização 
e a inviabilização dos peritos especializados em identificação dactiloscópica em exercer o seu 
papel autonomamente, dirigindo os destinos da papiloscopia nos seus estados. Neste contexto, o 
prejuízo para a sociedade é crescente na busca de desaparecidos, na coleta de material 
papiloscópico em local de crime, no auxílio autônomo ao poder Judiciário, fiel quesitador e 
solicitante dos serviços de identificação humana. Acreditamos que um sistema único confiável e 
robusto no auxílio as autoridades requisitantes, identificando competentemente o cidadão seja 
um avanço determinante para uma sociedade que preza pela justiça social e cidadania. Neste 
sentido, a participação autônoma e integral do perito em papiloscopia é peça fundamental. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAÚJO, M. Dactiloscopia: a determinação dos dedos. Brasília: L. Pasquali, 2006, 450p. 
DESCARTE, R. Discurso Sobre o Método. Lieden, Holanda, 1637. 
FADUL, H. On the Skin-furrows of the hand. Nature, 22, 1880, 605p. 
RAWLS, J. Uma teoria da justiça. Martins Fontes, São Paulo, 1997. 
SANTOS FILHO, E. Prosoporrecognografia do reconhecimento e identificação da face 
humana: uma aproximação para o envelhecimento crânio facial. Tese de Doutorado – 
Universidade Federal da Bahia. DMMDC – Doutorado Multidisciplinar em Difusão do 
Conhecimento, 2014. 
	Eudaldo Francisco dos Santos Filho
	Alexandro dos Santos Barreto
	Marcelo Eduardo Andrade Almeida
	Perito Técnico de Polícia do Instituto de Identificação Pedro Mello, almeidame@hotmail.com

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