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Lais Nascimento Feitosa MEDICINA Fome e saciedade BALANÇO ENERGÉTICO » É o equilíbrio da energia consumida através dos alimentos (carboidratos, proteínas e gorduras) e a energia consumida, o gasto energético envolve o metabolismo basal dos tecidos, atividades físicas espontâneas (estilo de vida) e gasto energético durante a alimentação. » Se ocorre um aumento de energia consumida e não equilibrado com o gasto energético, haverá um aumento de peso. Para perder peso, é preciso gastar mais energia do que consumir. » Relação balanço energético e gordura corporal: Ingestão = gasto ----- normal Ingestão > gasto ----- obesidade Ingestão < gasto ----- inanição » Fatores que contribuem para a manutenção da massa corporal: Aspectos genéticos- fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF)e o receptor de melanocortina 4 (MCR4). Aspectos culturais. Circuito neural da fome e saciedade/gasto energético (hipotálamo). Disponibilidade do alimento. Qualidade e palatabilidade do alimento. » Conceitos básicos: Fome: necessidade de ingestão de alimentos para suprir as reservas energéticas. Apetite: desejo de ingerir um alimento associado ao prazer que ele promove. Saciedade: desaparecimento da fome ou apetite como resultado do restabelecimento ou aumento das reservas energéticas. REGIÕES NEURAIS RESPONSÁVEIS PELA FOME E SACIEDADE » Núcleo arqueado: faz um arco embaixo do terceiro ventrículo, está em uma região onde não existe barreira hematoencefálica, então substâncias da circulação chegam sem serem filtradas, esse núcleo serve como um sensor para detectar a quantidade de energia e substratos energéticos no corpo e envia comandos para o núcleo paraventricular e a área hipotalâmica lateral. » Núcleo paraventricular: está relacionada com respostas endócrinas e autonômicas, ou seja, tem relação com o sistema nervoso simpático e com hormônios. » Área hipotalâmica lateral: possui feixes nervosos que se relacionam com o córtex cerebral/motor, gerando a busca do alimento, um comportamento frente a fome e saciedade. Sofre influências olfativas e visuais, relacionando-se também com núcleos da mastigação e deglutição. Essa área ajuda a fazer ajustes viscerais frente a estímulos cognitivos e ambientais (fase cefálica da digestão). O HIPOTÁLAMO E SEU PAPEL NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR » No núcleo arqueado existem 2 tipos de neurônios: um que produz NPY e AGRP, quando ele é ativado gera respostas orexigênicas. O outro sintetiza a POMC (pró- opiomelanocortina) e o CART (transcrito relacionado a anfetamina e cocaína) que quando ativado gera respostas anorexígenicas. Esses neurônios têm projeção para o núcleo paraventricular que produz TRH e CRH, que ativam eixos endócrinos e o sistema nervoso simpático, podendo interferir na sua atividade. Bem como, pode interferir na atividade da área hipotalâmica lateral, que quando ativada gera um comportamento alimentar. VIA ANOREXIGÊNICA Lais Nascimento Feitosa MEDICINA » Quando essa via do hipotálamo é ativada, os neurônios POMC e CART secretam a-MSH no núcleo paraventricular estimulando a liberação de CRH e TRH e o aumento da atividade simpática. Com o aumento da liberação dos hormônios estimulantes da tireoide, haverá aumento de T3 e T4 e um aumento do metabolismo (aumento do gasto energético e inibir o consumo de alimentos). As vias anorexigênicas quando ativadas reduzem a fome e aumenta o gasto energético. Com excesso de energia, haverá redução da fome e aumento do gasto de energia para que não haja aumento de peso. VIA OREXIGÊNICA » Quando essa via é ativada acontece o contrário da via anorexigênica, elas estimulam a fome e comportamento alimentar e com isso, o núcleo arqueado entende que há uma baixa reserva energética. Para restabelecer as reservas energéticas, há estímulo da fome e diminuição do gasto energético. Quando os neurônios NPY e AGRP são secretados no núcleo arqueado, eles são antagonistas endógenos do a-MSH sob os receptores de melanocortina 4, inibem a liberação de TRH e CRH, diminuindo o metabolismo com o aumento do consumo de alimentos e redução do gasto energético tanto via endócrina quanto via redução do sistema nervoso simpático. Essa via inibe a outra, então haverá liberação das substâncias que levam ao comportamento alimentar: MCH e orexinas. REGULAÇÃO NEUROENDÓCRINA DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR » Periodicidade prandial: previne a superalimentação a cada refeição e intervalos longos sem aquisição de substratos energéticos. Relaciona-se com sensação de fome e saciedade. » Mecanismos que dão sinais de saciedade ou fome: neural (mecânico e químico) e endócrino. » Controle periférico do comportamento alimentar: Mecânico - quando nosso organismo se alimenta, o estômago distende para acomodar o alimento, existem receptores de estiramento que percebem o aumento do volume e quando são ativados levam a informação via nervo vago para o núcleo do trato solitário que se conecta com o núcleo arqueado dando um sinal de ativação da via anorexigênica para reduzir a fome. Químico: existem algumas estruturas sensoras da boca até o intestino. Células secretam mediadores químicos e hormônios quando em contato com nutrientes, esse hormônio pode vir via corrente sanguínea até as zonas onde não existe barreira hematoencefálica no hipotálamo. Esse hormônio chega nessa área e avisa que alimento já chegou no intestino, restabelecendo as reservas energéticas, já podendo estimular a saciedade. Esse estímulo pode chegar também via nervo vago, já que há fibras aferentes sensoriais inervando essa área, indo para o núcleo do trato solitário. » Volume intragástrico induzindo à saciedade: Com a alimentação o estômago vai distendendo e a pressão intragástrica vai aumentando e ativando os mecanismos de saciedade. No obeso, a pressão intragástrica já é maior devido a pressão das vísceras e da gordura visceral. O mecanismo da saciedade demora mais para ser ativado no indivíduo obeso do que no indivíduo que não tem um comportamento alimentar compulsivo. Então, ele acaba comendo mais. » Quimiossensores do TGI: São células enteroendócrinas ou do sistema endócrino difuso estão ao longo das mucosas do sistema digestório e respiratório. No intestino, essas células possuem sensores na Lais Nascimento Feitosa MEDICINA superfície para diversas substâncias e liberam vários hormônios que vão para o hipotálamo fazer o controle da fome e saciedade. Desde a cavidade oral existem estímulos mecânicos de estiramento ou estímulos gustativos que podem ativar neurônios que vão para o núcleo do trato solitário que se conectam com o hipotálamo e outros núcleos motores que diminuirão o comportamento alimentar ou induzirão à saciedade. Com destaque para alguns hormônios e mecanorreceptores: 1. Ação mecânica do nervo vago: quando o estômago está vazio, há uma contração e estimulação dos centros da fome. Quando está cheio, há uma distensão inibindo os centros da fome. 2. Grelina: é liberada quando o estômago está vazio, vai para o núcleo arqueado e estimula os neurônios orexigênicos do neuropeptídio Y e do peptídeo relacionado a proteína agouti. 3. Peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-1) e o peptídeo YY: são liberados em locais diferentes do intestino delgado, um assim que o alimento chega ao e outro quando o alimento está em porções mais distais. Ambos os hormônios têm momentos diferentes de pico, inibem centros orexigênicos estimulando a saciedade. O GLP-1 retarda o esvaziamento gástrico, outro mecanismo de estímulo da saciedade. Hormônios anorexigênicos: Insulina: controla a glicemia, atua na captação de glicose, ácidos graxos e aminoácidos nos tecidos periféricos, reduzindo as concentrações dosnutrientes ingeridos na circulação sanguínea, fazendo com que eles entrem no tecido. Também é um sinalizador no núcleo arqueado de que temos bastante energia Leptina: é produzida nos adipócitos quando a quantidade de energia sobe, ou seja, quando ele está armazenando nutrientes. Assim, ela também é uma forma do tecido adiposo se conectar ao hipotálamo. Sinalizando ao núcleo arqueado que os níveis lipogênicos são altos. Elevada vai induzir o nosso corpo a aumentar o gasto energético, aumentando o metabolismo, fisiologicamente. RELAÇÃO ENTRE FOME E SACIEDADE E CIRCUITO DE RECOMPENSA » Existe interação entre o circuito neural que controla o comportamento alimentar primário (centro da fome e saciedade) e o circuito do prazer e recompensa. Quando o sistema de recompensa é ativado ele tem uma grande neuroplasticidade, ou seja, ele tende a aumentar as suas sinapses de forma a querer ser ativado mais vezes, gerando o vício. O circuito da recompensa estimula as vias orexigênicas, estimula o comportamento alimentar e independe dos hormônios usados para reduzir a saciedade. Ele é bem reforçado quando nos alimentamos de coisas calóricas. REGULAÇÃO NEUROENDÓCRINA DO PESO CORPORAL E DAS RESERVAS ENERGÉTICAS » É o controle do gasto energético frente a disponibilidade de nutrientes. » Nutrientes regulando a fome e peso: o tecido adiposo libera hormônios a depender da sua reserva energética (leptina quando tem muito e adiponectina quando tem pouco), estimulando ou inibindo o consumo de alimentos e o gasto energético. Se for um sinal orexigênicos estimula o gasto e inibe o consumo e se for anorexigênico estimula o consumo e inibe o gasto. Isso define o peso corporal. Lais Nascimento Feitosa MEDICINA » Distribuição da gordura em humanos: o tecido adiposo marrom está presente mais em recém nascidos e é especializado em gerar calor e o tecido adiposo branco é subcutâneo ou visceral, acumula a energia, serve como isolante térmico, produz hormônios etc. O mais perigoso para a resistência à insulina é o tecido adiposo visceral pois libera hormônios pró-inflamatórios que interferem na sinalização da insulina. LEPTINA » Quando o adipócito libera a leptina pelo sinal da grande quantidade de nutrientes, há um aumento do gasto energético e diminuição do comportamento alimentar. » A leptina estimula a via anorexigênica e inibe a via orexigênica. » Além do estímulo dos nutrientes, a liberação da leptina pode ser estimulada pela insulina, infecções agudas, citocinas pró-inflamatórias. Seus efeitos são: redução da fome, aumento da atividade simpática, aumento do gasto energético, aumento da sensibilidade à insulina, aumento da secreção de corticosteroides (efeitos anorexigênicos). A secreção é inibida pelo reflexo do aumento da atividade simpática por um feedback negativo e pela fome, jejum (falta de nutrientes). INGESTÃO ALIMENTAR EXCESSIVA » Apesar de mecanismos fisiológicos de controle do metabolismo energético e da regulação da fome e saciedade, o ato de alimentar-se depende de fatores sociais, psicológicos, culturais, ocupacionais e ambientais. » As bactérias de um organismo saudável devem ser probióticas, partir do momento que os alimentos consumidos passaram a ser ultra processados, hipercalóricos e carboidratos de rápida absorção, acabou estimulando a colonização do intestino por bactérias patobióticas. Esse tipo de bactéria pode contribuir para a obesidade e resistência à insulina pelo perfil inflamatório causado pela liberação de substâncias como citocinas, leptina e pela redução da liberação de adiponectina (hormônio, relativamente, protetor).
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