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- Dificuldades do leitor moderno com o pensamento de Wundt: Extensão de sua obra; Falta de uma edição crítica de referência; Ausência de novas edições; Traduções parciais e nem sempre confiáveis; Dimensão intelectual das obras; Escrita muito rebuscada – longas orações subordinadas; Vocabulário psicológico da tradição filosófica alemã. - O alcance e a importância do seu projeto continuam desconhecidos por muitos psicólogos atuais; - A filosofia ocupou o lugar central do seu projeto; - Objetivo: elaborar um sistema metafísico universal – visão de mundo – baseado nos resultados empíricos de todas as ciências particulares; - Continua sem solução na interpretação do pensamento psicológico: continuidade ou ruptura de seu projeto com a psicologia científica. - Segundo Wundt, a Psicologia é uma ciência empírica cujo objeto de estudo é a experiência interna ou imediata; - Experiência: um todo unitário e coerente, que pode ser concebido e elaborado cientificamente a partir de dois pontos de vista distintos, porém complementares Objetivo (experiência mediata); Subjetivo (experiência imediata). - Experiência mediata: o sujeito é ignorado da experiência e foca-se nos seus objetos (mundo externo); - Experiência imediata: aspectos subjetivos da experiência e sua relação com todos os conteúdos da mesma (mundo interno) são investigados; - Ciência natural (física, química, fisiologia, etc) ocupa-se com os conteúdos específicos da experiência mediata (objetos do mundo exterior); O acesso aos objetos da natureza é sempre mediado pelas características constitutivas do sujeito da experiência – indireto. - Psicologia: tem como objeto a experiência imediata (aspectos subjetivos da experiência); No mundo subjetivo não há mediação, cada um de nós tem acesso direto a própria experiência subjetiva. - Wundt queria atacar uma concepção da psicologia que tratava mente como uma substância ou entidade, seja espiritual ou material Essa forma de psicologia se baseia em hipóteses metafísicas que extrapolam a experiência – portanto, equivocada. - A experiência é um todo organizado que abrange o mundo interno e externo – relação da psicologia com as ciências naturais é de complementaridade, pois apresentam relatos diferentes da mesma experiência. - A psicologia possui os resultados mais relevantes para a investigação dos problemas gerais da teoria do conhecimento e da ética. É preparatória da filosofia – os resultados da investigação psicológica podem servir de guia para a construção de um sistema filosófico. - Diferença entre ciência natural e psicologia está no ponto de vista em que o objeto é estudado, e não na natureza do objeto; - Métodos de investigação não diferem das ciências naturais: Na psicologia wundtiana, só há aquilo que é dado na experiência, entendida sempre como um conjunto de processos interligados Experimento: manipulação do pesquisador sobre o início, duração e o modo de apresentação dos fenômenos investigados (física, química, fisiologia); Observação: apreensão de fenômenos ou objetos sem que haja qualquer interferência por parte do observador (botânica, anatomia, astronomia). - Psicologia individual, fisiológica ou experimental: O experimento deve ser utilizado diretamente nos estudos sobre a sensação, a percepção e a representação; Pode-se investigar cuidadosamente tanto o início do percurso quanto o curso desses processos; Análise de processos psíquicos inferiores: sensação, percepção, representação. - Psicologia dos Povos: Única opção possível é a observação; Trata-se de fenômenos culturais e coletivos (linguagem, mito, religião) que escapam ao controle experimental; Observação dos produtos mentais; Investiga os processos psíquicos superiores. - Introspecção ou auto-observação é ilusória: O sujeito q observa é o mesmo que está sendo observado – o direcionamento da atenção para os fenômenos modifica os mesmos; O espaço para muitas atividades simultâneas diminui com o aumento na intensidade das mesmas, tal modificação consiste quase sempre na supressão geral dos fenômenos que se querem observar. - Diferença entre introspecção (ou auto-observação) e percepção interna: somente a última pode ser utilizada como recurso metodológico – pode ser reforçada pelo controle experimental das condições externas da experiência; - O método experimental da psicologia é o único meio seguro de observação psicológica O psicólogo só pode retornar a um processo interno observado sob certas condições, se ele reproduzir artificialmente as mesmas condições – método experimental. - A observação pura não é descartada totalmente: Existem fatos psíquicos que possuem caráter de objetos psíquicos, com natureza relativamente estável e independente do observador. Além disso, possuem a inacessibilidade pelo método experimental; Linguagem, a religião, os mitos, os costumes – onde se manifestam processos mentais superiores, também inacessíveis à experimentação; Esses produtos mentais pressupõem a existência de uma comunidade de muitos indivíduos que compartilham certa mentalidade; Por estarem ligados a uma comunidade, grupo étnico ou totalidade cultural, Wundt chama esse domínio de investigação psicológica de Psicologia dos Povos. - Postulados gerais – servem de fundamento para todas as investigações psicológicas e garantem a autonomia da psicologia: Paralelismo psicofísico: Doutrina acerca do problema mente-corpo; Físico e psíquico são processos paralelos, não interagindo entre si e não podem ser reduzidos um ao outro; Influente na filosofia e psicologia do séc. XIX; É possível que certas partes da experiência mediata possam ter uma correspondência direta com partes da experiência imediata – porém impede que um possa ser reduzido ao outro; Não é utilizado como princípio metafísico, mas como expressão de um fato empírico – a irredutibilidade de nossa própria existência subjetiva na vida cotidiana; Parte do princípio que todo evento mental tem um processo físico correspondente, enquanto que o inverso disso não é de modo algum exigido. Princípio da causalidade psíquica: O objetivo de ambos os tipos de investigação é só um: a descoberta das leis gerais da vida mental Existem tipos de conteúdo da nossa experiência que só podem ser conhecidos a partir de um único ponto de vista – físico ou psicológico; Os dois tipos de causalidade são complementares e não poderiam entrar em contradição entre si; Princípio da síntese criadora – embora os complexos psíquicos sejam compostos por elementos simples, eles possuem características próprias, que não pertencem a nenhum de seus elementos em particular; Fusão: um dos tipos possíveis de ligação de elementos; É através da fusão que a causalidade psíquica se manifesta, produzindo as novas propriedades qualitativas de nossa experiência subjetiva; Fusão é o processo mental primário – associação é apenas um processo secundário. - Há uma íntima relação entre o princípio do paralelismo psicofísico e o princípio da causalidade psíquica. ARAUJO, Saulo de Freitas. Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt. Scientiae Studia [online]. 2009, v. 7, n. 2.
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