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Resumo: TÍTULO: RIBEIRO, M. C. M. Globalização e novos atores: a paradiplomacia das cidades brasileiras. Salvador: EDUFBA, 2009. p. 33-68 Por Raissa Januzzi Pessotti Essa seção do livro aborda a inserção internacional de entidades subnacionais como um fenômeno político-social, descrita e abordada na literatura a partir de 1980 como paradiplomacia. Essa atividade vem intensificando-se e complexificando-se, após o fim da Guerra Fria e com as mudanças decorrentes no Sistema Internacional (SI). Na contemporaneidade, a paradiplomacia é cada vez mais reconhecida por atores internacionais, criando novos canais de diálogo e cooperação. Críticos à paradiplomacia pontuam que a segmentação da diplomacia reforça elementos de conflituosidade dentro do Estado, enquanto seus defensores afirmam que as divergências fazem parte das democracias. Destacam ainda que os benefícios estendem-se do econômico ao social, indicando que a participação mais ativa de outros atores agrega maior comprometimento em tratados firmados por governos centrais (GC) e garantias de cumprimento de responsabilidades adquiridas. Diferentes dos GC, os entes subnacionais municipais ou regionais são conformados pelas condições mistas de “livre de soberania” e “condicionados pela soberania”. Em uma escala de liberdade de formulação de agenda e persecução de objetivos mais pontuais, quem mais desfruta dessa liberdade são os municípios, seguidos pelos estados e pela União. Cabe aqui diferenciar PEX das entidades subnacionais de simples atuação internacional, a primeira como prática planejada e estruturada, a segunda não necessariamente. Ribeiro (2009) contrapõe autores como Paquin (2004), Duchacek (1990), Soldatos (1990), Philippart (1999) e Van der Plujim (2007) e suas compreensões sobre a paradiplomacia, dimensões analíticas e tipologias. Apesar de distintas interpretações, os principais pontos de convergência são a geopolítica (determinando o raio de atividade); a relação com o governo central; os níveis intra entidade que praticam PEX; objetivos e modo de ação; domínio prioritário de ação; e a existência da protodiplomacia que tem caráter conflituoso e objetivos políticos emancipatórios. Importante sublinhar que a paradiplomacia exercida é assimétrica pois está condicionada à disponibilidade de recursos e capacidades de ação, embora seja mais presente em regimes descentralizados e/ou federativos, diferem-se ainda as unidades subnacionais dos diversos Estados, dentro do mesmo Estado e nos objetivos, forma e peso. Sobre os estilos e estratégias dos governos, os regionais, orientam-se majoritariamente por interesses econômico-comerciais; utilizam instrumentos clássicos e emulam a pela PEX dos GC; dispõem de canais diplomáticos formais; cooperam principalmente bilateralmente; e são menos autônomos. Os governos municipais, por sua vez, possuem uma agenda muito política e buscam recursos internacionais; são motivados a alcançar o bem-estar coletivo; têm agenda mais focada e com forte presença de temas sociais; cooperam principalmente em sistema de redes e multilateralmente; possuem maior autonomia; e não possuem canais diplomáticos formais com GC. As ferramentas disponíveis são várias e com exceção da força militar, são semelhantes à PEX do GC. Entretanto, há ferramentas próprias utilizadas em cada nível de governo. Os municipais tendem a utilizar a irmanação de cidades; intercâmbio de boas práticas; práticas simbólicas; e atuação por meio de redes internacionais de cidades. Já os governos regionais, praticam abertura de escritórios permanentes; realizam missões externas governamentais; estabelecem zonas de livre comércio, entre outros. Além da PEX propriamente dita, consideram-se também as ações internas que procuram estabelecer uma infraestrutura que subsidie a PEX dos entes.
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