Prévia do material em texto
O uso de ivermectina baseado em evidências em Pediatria Conforme o Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial (2019-2021), o artigo salienta a utilização de Ivermectina baseado em evidências na pediatria. Inicialmente, a ivermectina era utilizada na monitorização de infecções por nematódeos parasitários e artrópodes. Com o decorrer do anos, passou a ser usada em seres humanos. É um fármaco que faz parte do grupo das avermectinas, sendo este responsável pela fermentação do actinomiceto Streptomyces avermitilis. Seu mecanismo de ação é se ligar ao receptor da membrana do glutamato no neurônio, causando a abertura dos canais de cloro, gerando uma hiperpolarização e bloqueio da neurotransmissão. A ivermectina apresenta alto peso molecular, possuindo então uma dificuldade em atravessar a barreira hematoencefálica. É rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal, uma vez que é altamente lipofílica, com isso, concentra-se no tecido adiposo e terá uma liberação lenta, consequentemente, isso aumenta sua permanência no organismo. Em relação a sua metabolização, grande parte ocorre pelo citocromo P450 isoenzima CYP3A4, encontrado no fígado, já a sua eliminação, em 90% dos casos, acontece integralmente pelas fezes. É importante ressaltar que uma pequena parte da eliminação da ivermectina se dá pelo leite materno em lactentes, mas ainda não foi comprovado nenhuma consequência em recém-nascidos. Com o início do uso da ivermectina em humanos, em um primeiro momento, foi utilizada para o tratamento da Oncocercose (cegueira dos rios), doença muito comum na África, no entanto, também presente no Brasil, mais especificamente em áreas indígenas da Amazônia. Logo, utiliza-se esse fármaco com o intuito de interromper a transmissão em virtude do seu potente efeito microfilaricida. Além da Oncocercose, a ivermectina também é utilizada no tratamento de diversos ectoparasitas (Escabiose, Pediculose, Tungíase e Larva migrans) e endoparasitas (Ascaridíase, Tricocefalíase, Enterobíase e Estrongiloidíase), visto que é um fármaco de amplo espectro. Ademais, é indicado o uso para o tratamento das Dermatozooparasitoses, bem como, em alguns flavivírus. Recentemente, estudos demonstraram que após teste in vitro contra o SARS-CoV-2, a ivermectina apresentou atividade antiviral, porém nunca foi reproduzido em estudos clínicos. Acredita-se que o medicamento tenha ação sobre as fitas de RNA simples, uma vez que cientistas introduziram células do novo coronavírus e aplicaram uma certa quantidade de ivermectina. Com isso, foi possível observar que as fitas de RNA viral foram destruídas em 48 horas, pois o fármaco tem capacidade de inibir a proteína e, consequentemente, impedir a replicação viral, por isso a ideia de usá-lo contra o novo patógeno. Diante aos acontecimentos da pandemia, o medicamento passou a ser utilizado e defendido, além de ser inserido em protocolos para tratamento da COVID-19. Contudo, até o presente momento não há uma comprovação em in vivo, por isso, gera questionamentos polêmicos sobre a sua prescrição ou não. Na pediatria, a ivermectina possui algumas restrições, pois só pode ser indicada para crianças maiores de cinco anos com peso maior de 15 kg. Não existe uma real comprovação da eficácia da ivermectina em crianças com menos de 15 kg. Além do mais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) não está indicado o uso desse fármaco para pacientes pediátricos com menos de 90 cm de estatura e em estado grave, em especial, quadros neurológicos descompensados. Em alguns casos tratados (estudos), mesmo que não graves e em porcentagem baixa, efeitos adversos foram notados (eczema, diarreia e vômitos). No Brasil, a ivermectina é apresentada em comprimidos de 6 mg e com dose média única de 0,2 mg/kg/dose. Alguns efeitos adversos do fármaco são: diarreia, náuseas, cefaléia, astenia, febre, anorexia, constipação, vômito e dor abdominal. Ainda pode apresentar manifestações neurológicas, tais como: tontura, sonolência, vertigem, tremor, parestesia e convulsões e também manifestações cutâneas: erupção, prurido, edema e urticária. Conclui-se então que a ivermectina é um importante remédio para infestações parasitárias e que seu uso na pediatria deve ser realizado de maneira moderada, sempre com supervisão médica. Embora eficazes nesses casos, não é a primeira escolha, existindo então a opção de outros medicamentos com menos efeitos colaterais.