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revista
MarÇO 2016
núMerO 4
Informativo Oficial da Federação 
Brasileira de Gastroenterologia
volume 28 
IS
SN
 2
44
6-
50
54
revista
junhO 2016
núMerO 5
Informativo Oficial da Federação 
Brasileira de Gastroenterologia
volume 29 
VEM AÍ O II CONGRESSO 
BRASILEIRO DE DOENÇAS 
FUNCIONAIS E I SIMPÓSIO 
BRASILEIRO DE MICROBIOTA
GRAMADO – RS
DIETA É O TEMA DO ANO 
PARA O DIA MUNDIAL DA 
SAÚDE DIGESTIVA
BRASILEIROS SÃO PREMIADOS NO 
DDW 2016
Queima de fogos - Lagoa da Pampulha - Belo Horizonte/MG
suMáriO
EDITORIAL
DIRETORIA FBG 2015-2016
PALAVRA DO LEITOR
DESTAQUE
SAÚDE
• TRPV1 na doença do refluxo gastroesofágico 
• Diarreia crônica funcional
• Doença celíaca
• Dietas com restrições
• Declaração ACG
• Doença de Chagas
• As emoções na Gastroenterologia
Pág. 5
PERGUNTAS AO ESPECIALISTA
• Diverticulite aguda
• Gastroparesia
• Transmissão do H.pylori pela saliva
Pág. 6
Pág. 7
Pág. 8
Pág. 27
NOTÍCIAS FBG
• Teste de alimentos 
• Congresso de Doenças Funcionais – Professores internacionais confirmados
• Título de Especialista 
• Dia Mundial da Saúde Digestiva 
• XV SBAD 
• Jornada Uberlândia 
• Inovação no tratamento da hepatite C 
• Movimento Brasil sem Parasitose 
Pág. 32
VARIEDADES
• Turismo 
Gramado, RS
• Minas Gerais 
Carlos Drummond de Andrade
Clube da Esquina
• Crônica
O seminarista
GASTROARTE 
Pág. 37
Pág. 44
AGENDA FBG 2016 Pág. 46
Pág. 6
3
Revista FBG - Órgão oficial de divulgação da Federação Brasileira de Gastroenterologia 
Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.391 - 100 andar - Conjunto 102 - CEP 01452-000 - São Paulo - SP 
Fone: +55 11 3813-1610 Fax: +55 11 3032-1460 - www.fbg.org.br
Editor-chefe: Antonio Frederico Magalhães
Coordenadora de Comunicação e Marketing: Fátima Lombardi
Gerente: Jaider Henrique Silva
Diretor de Comunicação: Décio Chinzon 
 Jaime Natan Eisig (in memorian) 
Coordenação editorial: Malu Martins
E-mail: fbg@fbg.org.br
Projeto gráfico e diagramação: Phototexto Comunicação & Imagem
Edição: Bárbara Cheffer (MTB 53.105/SP) - barbara.cheffer@phototexto.com.br
Revisão: Carmen Garcez
Tiragem: 3.000 exemplares 
Impressão: Ar Fernandez 
Distribuição: nacional
ISSN: 2446-5054 
Circulação: trimestral
A reprodução da Revista FBG é permitida, 
desde que citados a fonte e o autor da matéria.
Os conceitos 
e opiniões emitidos nos artigos 
e nos anúncios são de exclusiva responsabilidade 
de seus autores e anunciantes. 
Expediente
O informativo oficial da Federação Brasileira de Gastroenterologia 
foi publicado pela primeira vez em 1989, como Gastren. 
A partir de 2009, passou a ser denominado Jornal da FBG.
Em 2015, foi cadastrado no Instituto Brasileiro de Informação 
em Ciência e Tecnologia (IBICT), com ISSN 2446-5054, passando a denominar-se 
Revista FBG, constituindo o Volume 27, Ano 1, abril 2015.
O sistema ISSN é definido pela norma ISO 3297:2007 – Information and Documentation – 
International Standard Serial Number ISSN, gerida pelo ISSN International Centre.
editOrial
A Organização Mundial de Gastroenterologia promove anualmente o 
Dia Mundial da Saúde Digestiva, oficializado pela data de sua fundação 
(29 de maio), definindo a cada ano um tema para orientar a população 
na prevenção e no tratamento de doenças relacionadas ao aparelho 
digestivo.
O foco escolhido para 2016 é a Dieta. 
Em concomitância com as mais de 100 sociedades de Gastroenterologia 
em todo o mundo, a Federação Brasileira de Gastroenterologia, coorde-
nada por sua presidente Dra. Maria do Carmo Friche Passos, está enfati-
zando a importância da dieta para a saúde da população.
Nossa revista, que já vem publicando vários aspectos relacionados ao 
tema, continuará mantendo esse enfoque também nas próximas edi-
ções. Neste número, ressaltamos as especificidades da dieta nos casos 
de diarreia crônica de origem funcional, no artigo formulado pela Dra. 
Maria do Carmo F. Passos, Dra. Ana Flávia Passos Ramos e Dr. Frederico 
Passos Marinho; a elucidativa matéria assinada pelo Dr. Celso Mirra de 
Paula e Silva, focada em doença celíaca, e ainda o artigo da Dra. Lore-
te Kotze, que, didaticamente, esclarece os conceitos sobre intolerância, 
sensibilidade e alergia alimentar.
No site de nossa Federação, cada vez mais dinâmico, está disponibili-
zada a descrição da recente dieta tipo FODMAPS, para orientação tanto 
dos médicos como da população leiga.
Aos colegas que ainda não tiveram oportunidade de ler, recomendo o 
excelente artigo dos epidemiologistas das universidades de Oxford e Pe-
king, publicado em abril de 2016 no The England Journal of Medicine. 
O gigantesco e minucioso estudo relata a influência da ingestão de fru-
tas frescas na incidência de doenças cardiovasculares em 512.591 adul-
tos, residentes em dez regiões da China, demonstrando que aqueles que 
consumiam frutas frescas diariamente apresentaram 40% menos risco 
de morte por doença cardiovascular do que os indivíduos que nunca ou 
raramente consumiam frutas.
Além da dieta, outros relevantes temas são apresentados neste número, 
em especial o trabalho da tese de doutorado do Dr. Renan Oliveira Silva, 
orientado pelo Dr. Marcellus Henrique Loiola Ponte Souza e que mereceu 
o prêmio Basic Sciences Travel Award no DDW 2016. 
Em nome da Gastroenterologia brasileira, nossos reconhecidos e entu-
siasmados cumprimentos aos doutores! 
Mais uma vez, agradecemos a todos os colegas que prontamente aca-
tam nossa solicitação para colaborar com esta revista e ainda a todos os 
que nos honram e estimulam com sua atenciosa e arguta leitura.
Dr. Antonio Frederico Magalhães
Editor-chefe
5
diretOria FBG 2015-2016
Palavra dO leitOr 
Opiniões e sugestões enriquecem nossa revista. 
Nosso agradecimento pela gentileza dos retornos. Continuamos todos ouvidos para você!
fredericomagalhaes@terra.com.br | malu.plural@terra.com.br | comunicação@fbg.org.br
“A revista FBG está maravilhosa. Científica e cheia de novidades pertinentes. Parabenizo a todos que fazem dela 
um subsídio científico indispensável.” 
Dra. Solimar Fátima Vanon Brasileiro, sócia-titular da FBG – Juiz de Fora (MG) 
“Gostaria de enviar meus parabéns ao Prof. Frederico Magalhães pelo editorial da Revista nº 1 de 2016. Estou 
adorando o novo formato e as mudanças ocorridas”
Dr. Idblan Carvalho de Albuquerque, sócio-titular da FBG – São Paulo (SP) 
Dra. Eponina Maria Oliveira Lemme (RJ) 
1ª Secretária
Dr. Celso Mirra de Paula e Silva (MG) 
Diretor financeiro
Dra. Luciana Dias Moretzsohn (MG) 
Coordenadora do FAPEGE
Dr. James Ramalho Marinho (AL)
Vice-presidente
Dra. Maria do Carmo Friche Passos (MG) 
Presidente
Dr. Ricardo Corrêa Barbuti (SP) 
Secretário-geral
Dr. Flávio Antônio Quilici (SP) 
Presidente Eleito 2017-2018
6
destaque
II Congresso Brasileiro de Doenças Funcionais 
do Aparelho Digestivo (Roma IV)
I Simpósio Brasileiro de Microbiota
28 a 31 de julho, Gramado (RS)
Caros leitores,
Nos últimos anos, os conhecimentos na área das Doenças Funcionais Digestivas avançaram 
tanto que se tornou imprescindível para os pesquisadores e professores da Fundação Roma 
realizar uma ampla revisão e atualização sobre o tema, apresentando-nos neste ano um novo 
consenso – o Roma IV. Assim, o congresso em Gramado será uma oportunidade ímpar e 
fundamental para todos os gastroenterologistas conhecerem as novidades do Consenso de 
Roma IV e discutirem aspectos práticos para o manuseio dos pacientes, que representam, 
com frequência, um grande desafio na prática diária. O congresso conta com a participação 
conjunta da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia.
Também será realizado o I Simpósio Brasileiro de Microbiota, um assunto palpitante 
que vem recebendo cada vez mais a atenção dos gastroenterologistas. Atualmen-
te, tem sido observada a correlação das alterações da microbiota com uma série de 
doenças digestivas e extradigestivas. O evento está sendo organizado em conjunto 
com o Núcleo Brasileiro para Estudo do H. pylori e Microbiota.
Tudo isso seráabordado na programação científica, que já está finalizada. É impor-
tante ressaltar a presença dos convidados internacionais, professores de renome e 
participantes do Consenso de Roma IV. Destaque especial para a presença do Prof. 
Douglas Drossman, presidente da Fundação Roma e coordenador do novo consenso. 
Ele nos brindará com três apresentações, incluindo a conferência de abertura sobre 
as principais novidades do Roma IV.
Confira mais informações no site do evento 
www.doencasfuncionais2016.com.br 
e na seção Notícias FBG
Dra. Maria do Carmo Friche Passos
Presidente da FBG 2015/2016
Presidente do II Congresso Brasileiro de Doenças Funcionais do 
Aparelho Digestivo e I Simpósio Brasileiro de Microbiota 
COMISSãO OrGANIzADOrA:
Décio Chinzon
Diretor de Comunicação e Evento da FBG e coordenador do Congresso
Luciana Dias Moretzsohn
Presidente do FAPEGE
Joaquim Prado P. Moraes Filho 
Presidente da Sociedade Brasileira de Motilidade e Neurogastroenterologia 
Luiz Gonzaga Vaz Coelho 
Presidente do Núcleo Brasileiro para Estudo do H. pylori e Microbiota
7
saúde
TRPV1, um alarme sensorial biológico na doença 
do refluxo gastroesofágico 
Trabalho apresentado e premiado no DDW 2016
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma 
condição clínica muito prevalente, acometendo de 
10% a 20% da população mundial, e ocorre quando 
o refluxo do conteúdo gástrico provoca sintomas e/ou 
complicações. Sua relevância se dá ainda devido à sig-
nificativa limitação da qualidade de vida, além do custo 
elevado de exames e medicamentos (Cury et al., 2006).
Atualmente, o tratamento clínico para DRGE baseia-
se principalmente em fármacos que suprimem a se-
creção do ácido gástrico, tais como os inibidores da 
bomba de prótons (IBPs). Além disso, outras abor-
dagens terapêuticas têm sido utilizadas, incluindo as 
formulações tópicas à base de alginato (camada ade-
rente viscosa em contato com a mucosa esofágica) 
(Woodland et al., 2015). 
Os principais objetivos da terapia para a DRGE são 
aliviar os sintomas, prevenir complicações e melhorar 
a qualidade de vida. Clinicamente, a descoberta dos 
IBPs proporcionou grandes avanços, uma vez que essa 
classe de fármacos bloqueia efetivamente a secreção 
ácida gástrica. No entanto, tem sido demonstrado que 
os fenótipos da DRGE respondem de forma diferente 
ao tratamento. Os pacientes com doença do refluxo 
não erosiva (NERD), por exemplo, que correspondem 
a 70% dos pacientes com sintomas de refluxo, apre-
sentam uma taxa de resposta sintomática bem menor 
à terapia com IBPs, quando comparados com pacien-
tes com esofagite erosiva (70% versus 30%) e, con-
sequentemente, constituem a maioria dos pacientes 
refratários ao tratamento com IBPs (Bytzer et al., 2012).
Tem sido mostrado que pacientes NERD têm uma mu-
cosa aparentemente normal, mas apresentam hiper-
sensibilidade esofágica a agentes químicos, mecânicos 
e térmicos em comparação com os indivíduos normais 
(Hobson et al., 2008). Nesse contexto, a mucosa do 
esôfago apresenta um tipo de receptor que pode ser 
um possível candidato na cascata de transdução de 
sinais envolvidos na patogênese da NERD, o chama-
do receptor de potencial transitório do tipo I (TRPV1) 
(Bulsiewicz et al., 2013). Dessa forma, uma terapia 
eficaz para o tratamento dos pacientes com doença 
do refluxo não erosiva (NERD) poderia ser conseguida 
investigando os mecanismos que contribuem para os 
aspectos sintomáticos referidos por esses pacientes 
e buscando novas moléculas sinalizadoras envolvidas 
nos eventos microinflamatórios observados na mucosa 
esofágica.
Os receptores TRPV1, originalmente referidos como 
receptores da capsaicina, respondem também a dife-
rentes ligantes químicos exógenos e endógenos, bem 
como são detectores e conversores de sinais biológi-
cos e ambientais prejudiciais ao corpo, tais como pró-
tons (ácido, pH < 5,6) e estímulos físicos como calor 
(> 42 ºC), o que indica que o TRPV1 é um detector 
polimodal sensível a insultos térmicos, mecânicos e 
químicos (Cortright et al., 2004). É importante ressaltar 
que a regulação da atividade de TRPV1 está envolvida 
em uma série de cascatas de sinalização implicadas 
na resposta a mediadores inflamatórios. Em geral, esse 
fato aponta para um papel do TRPV1 como um integra-
dor fundamental nas diversas vias do sistema nervoso 
periférico (SNP) e central (SNC), resultando em ativi-
dade neuronal que pode vir a ser percebida como dor.
A ativação TRPV1 em neurônios aferentes primários, 
além de provocar sensação dolorosa, induz inflama-
ção neurogênica por meio da liberação de substância 
P (SP), peptídio relacionado com a calcitonina-gene 
da calcitonina (CGRP) e fator de ativação de plaque-
tas (PAF) (Cheng et al., 2009). Nesse sentido, tem sido 
demonstrado aumento da expressão de TRPV1 na ca-
mada de células epiteliais e em fibras aferentes da lâ-
mina própria de pacientes caracterizados como NERD 
8
referências 
1. Bulsiewicz WJ, Shaheen NJ, Hansen MB, Pruitt A, Orlando RC. Effect of amiloride on experimental acid-induced heartburn in non-erosive reflux disease. Dig Dis Sci. 2013; 
58:1.955-9.
2. Bytzer P, van Zanten SV, Mattsson H, Wernersson B. Partial symptom-response to proton pump inhibitors in patients with non-erosive reflux disease or reflux oesophagitis 
– a post hoc analysis of 5796 patients. Aliment Pharmacol Ther. 2012; 36:635-43. 
3. Cheng L, de la Monte S, Ma J, Hong J, Tong M, Cao W. HCl-activated neural and epithelial vanilloid receptors (TRPV1) in cat esophageal mucosa. Am J Physiol. 2009; 
297:G135-43.
4. Cortright DN, Szallasi A. Biochemical pharmacology of the vanilloid receptor TRPV1. An update. Eur J Biochem. 2004; 271:1.814-9.
5. Cury MS, Ferrari AP, Ciconelli R, Ferraz MB, Moraes-Filho JP. Evaluation of health-related quality of life in gastroesophageal reflux disease patients before and after 
treatment with pantoprazole. Dis Esophagus. 2006; 19:289-93.
6. Guarino MP, Cheng L, Ma J, Harnett K, Biancani P, Altomare A, Panzera F, Behar J, Cicala M. Increased TRPV1 gene expression in esophageal mucosa of patients with non-
erosive and erosive reflux disease. Neurogastroenterol Motil. 2010; 22:746-51.
7. Hobson AR, Furlong PL, Aziz Q. Oesophageal afferent pathway sensitivity in non-erosive reflux disease. Neurogastroenterol Motil. 2008; 20:877-83.
8. Woodland P, Batista-Lima F, Lee C, Preston SL, Dettmar P, Sifrim D. Topical protection of human esophageal mucosal integrity. Am J Physiol Gastrointest Liver Physiol. 
2015; 308:G975-80.
Dra. Angelita Habr-Gama
e com esofagite erosiva (Guarino et al., 2010). Conside-
rando a sensibilidade dos receptores TRPV1 ao ácido, 
e que sua presença e expressão aumentam em pacien-
tes com DRGE, é concebível que esse TRPV1 esteja 
associado com a sensação dolorosa induzida por áci-
do no esófago e pode constituir um importante alvo 
terapêutico.
Nosso grupo de pesquisa, através de uma colabora-
ção com o grupo do Prof. Daniel Sifrim, da Queen Mary 
University of London (Londres, Reino Unido), financia-
da pelo programa Ciências sem Fronteiras/CNPq, vem 
estudando em modelo de doença do refluxo não ero-
siva em camundongos o papel do TRPV1 na inflama-
ção esofágica. De maneira inédita, demonstramos num 
modelo experimental cirúrgico que a depleção ou o 
bloqueio do TRPV1 é capaz de reduzir o processo infla-
Dra. Angelita Habr-Gama
Dr. Renan Oliveira Silva Dr. Dr. Marcellus Henrique 
L. P. Souza 
matório no esôfago de modo semelhante a altas doses 
de omeprazol. Nossos resultados serão apresentados 
no DDW 2016 em San Diego, numa sessão solene da 
premiação Basic Science Travel Award. 
Assim, podemos concluir que a exposição de ácido no 
lúmen do esófago pode provocar o aumento da expres-
são de receptores TRPV1 nos neurônios sensoriais. Des-
sa forma, os receptores TRPV1 atuam como alarme de 
aviso de moléculas prejudiciais, detectam esse sinal, di-
reta ou indiretamente, e o transduzem e o retransmitem 
para o cérebro. A percepção da dor resultante prepara 
ocorpo para a defesa. Assim, a busca pelo papel do 
TRPV1 na gênese e/ou desenvolvimento da DRGE pode 
ajudar a elucidar a fisiopatologia da NERD e fornecer 
subsídios para um novo alvo terapêutico para pacientes 
com DRGE, sobretudo os refratários.
9
saúde
Diarreia crônica de origem funcional
Introdução
Para se estabelecer o diagnóstico de diarreia crônica de 
origem funcional, é preciso descartar, com razoável se-
gurança, uma causa orgânica subjacente. Sugere uma 
desordem funcional quando a diarreia tem um curso 
mais intermitente, evolução longa (no mínimo seis me-
ses), ausência de sinais de alarme e de história familiar 
de doenças intestinais. Nesses casos, os exames labo-
ratoriais, endoscópicos e radiológicos não apresentam 
alterações que justifiquem a sintomatologia. 
A anamnese detalhada é o passo mais importante que 
nos orienta no diagnóstico diferencial da diarreia crô-
nica (orgânica e funcional) e na seleção dos pacientes 
que deverão ser submetidos à propedêutica. Alguns 
dados são essenciais e devem ser obtidos na anamne-
se: a) duração da diarreia, número, periodicidade e ho-
rário das evacuações, volume e aspecto das fezes; b) 
presença de dor abdominal e suas características; c) 
sintomas gerais como febre, artralgia, edema, emagre-
cimento; d) fatores agravantes, como alimentos, álcool 
e estresse; e) uso de medicamentos, entre eles anti-
bióticos, antiácidos, antidiabéticos, anti-hipertensivos 
e antiarrítmicos; f) doenças associadas como diabetes, 
neoplasias, infecções, pancreatopatias e hipertireoidis-
mo; g) história prévia de cirurgia digestiva, radioterapia 
e viagens a outros países; h) história familiar de neo-
plasias, especialmente de cólon, doença inflamatória 
intestinal e doença celíaca; i) alergia alimentar; j) cofa-
tores psicológicos e ambientais capazes de interferir 
no ritmo evacuatório. 
Os pacientes com diarreia funcional são classificados 
pelo Consenso de Roma entre os distúrbios funcionais 
intestinais e podem ser enquadrados fundamentalmente 
em duas síndromes: Diarreia Funcional e Síndrome do In-
testino Irritável (SII) com diarreia (SII-D). A diferença entre 
elas, basicamente, é a presença de dor e/ou desconforto 
no abdome inferior, que é característica da SII. O relato 
de distensão abdominal, presença de muco nas fezes, ur-
gência evacuatória e sensação de evacuação incompleta 
é frequente e pode ocorrer nas duas síndromes. 
Abordagem 
Diante de um paciente com diarreia crônica, sem sinais 
de alarme e com propedêutica inicial de rotina dentro 
da normalidade, o diagnóstico mais provável é de diar-
reia de origem funcional. Nesses casos, é imprescin-
dível pesquisar também uma possível intolerância aos 
carboidratos, doença celíaca, parasitoses intestinais 
(especialmente giardíase e amebíase), supercresci-
mento bacteriano do intestino delgado (SCBID), micro-
colite inflamatória e má absorção de ácidos biliares. 
A má absorção de açúcares da dieta (lactose, fruto-
se, frutano, sorbitol, xilitol, d-xilose e sacarose) é uma 
causa bastante frequente de diarreia crônica. Os testes 
respiratórios são os mais utilizados para o diagnóstico, 
apresentando boa sensibilidade e especificidade. Al-
guns estudos recentes demonstram uma alta prevalên-
cia de intolerância à frutose, especialmente em pacien-
tes com SII-D e SII-Mista. Shepherd et al. indicaram 
uma dieta com restrição de frutose para 62 pacientes 
com SII-D, observando uma resposta favorável em 
74%, com melhora significativa dos sintomas intesti-
nais. Outros autores demonstraram que uma dieta com 
restrição de frutanos e frutose reduz os sintomas dos 
pacientes com SII.
Vários guidelines recentes recomendam que em pa-
cientes com diarreia crônica de etiologia não definida, 
devem ser solicitados, de forma rotineira, testes labo-
ratoriais para excluir a doença celíaca (dosagem dos 
anticorpos antiendomísio e/ou antitransglutaminase 
tecidual IgA e da imunoglobulina A). Um pequeno sub-
grupo de pacientes com SII apresenta hipersensibili-
dade ao glúten (não celíacos), e pesquisas atuais de-
monstram que uma dieta isenta de glúten pode aliviar 
os sintomas intestinais, especialmente a diarreia e a 
distensão abdominal nesses casos.
Embora seja uma condição mais rara, a microcolite in-
flamatória também pode ser a causa da diarreia refra-
tária. Nos casos de microcolite linfocítica, eosinofílica e 
colágena, o quadro pode ser muito semelhante ao da 
diarreia funcional e os exames complementares rotinei-
10
ros também não apresentam alterações. Assim, para 
um paciente com diarreia crônica refratária ao trata-
mento, devemos lembrar dessa possibilidade e solici-
tar a colonoscopia com biópsias seriadas dos diversos 
segmentos do cólon. 
A má absorção de sais biliares tem sido cada vez mais 
estudada nos casos de SII-D e diarreia funcional, estan-
do presente em até 25% dos pacientes. Uma das pro-
váveis causas nesses casos é a deficiência do fator de 
crescimento do fibroblasto (FGF-19), um hormônio pro-
duzido pelos enterócitos que regula a sínteses hepática 
dos ácidos biliares. Outras causas possíveis são as va-
riações genéticas que afetam a produção de proteínas 
envolvidas na síntese e circulação dos ácidos biliares. A 
má absorção de sais biliares aumenta a permeabilidade 
da mucosa, induz a secreção de água e eletrólitos, além 
de acelerar o trânsito colônico. Existem alguns novos 
testes para esse diagnóstico, como a retenção abdo-
minal de 75Se-homotaurocolato (SeHCAT), a dosagem 
sérica de C4 e de FGF-19, mas a maioria deles ainda 
não está disponível para a nossa prática diária. A má 
absorção de ácidos biliares também pode surgir após 
colecistectomia e o tratamento com colestiramina repre-
senta uma boa opção nesses casos.
O SCBID tem sido observado com bastante frequência 
no subgrupo de pacientes que desenvolvem o quadro 
intestinal crônico após episódio de gastroenterite agu-
da, adotando-se nesses casos o termo SII pós-infecção 
(SII-PI). Essa evolução tem sido descrita após infecções 
causadas por bactérias (Campylobacter jejuni, Yersinia, 
Salmonella, Shigella), vírus (rotavírus, adenovírus, calici-
vírus), fungos e parasitas (Giardia lamblia, Blastocystis 
hominis). Nos últimos anos, inúmeros trabalhos demons-
traram que pacientes com SII-PI apresentam marcado-
res de inflamação crônica e de infecção intestinal aguda, 
disbiose e SCBID, diferindo daqueles portadores da SII 
sem história de enterite prévia. 
Estudos recentes, utilizando técnicas moleculares com 
DNA, investigaram um espectro mais amplo de bacté-
rias intestinais e forneceram informações detalhadas, 
evidenciando diferenças sutis, porém estatisticamente 
significativas, na composição da microbiota intestinal de 
indivíduos saudáveis e portadores da diarreia funcional; 
além disso, existem algumas evidências de que a mani-
pulação terapêutica da microbiota com a utilização de 
antibióticos e/ou probióticos contribui de forma determi-
nante para a resolução do quadro e melhora da diarreia. 
Tratamento 
É fundamental realizar uma cuidadosa revisão dos há-
bitos alimentares, orientando uma alimentação ade-
quada, pobre em gorduras e em alimentos que possam 
agravar a diarreia. As intolerâncias específicas a alguns 
carboidratos (lactose, frutose, frutano, sorbitol, xilitol, 
d-xilose e sacarose) devem ser identificadas. Uma vez 
estabelecida a relação entre a ingestão de determina-
dos alimentos e os sintomas, justifica-se a dieta de 
exclusão. Sugere-se que de três a seis meses após a 
exclusão inicial do carboidrato, seja feita uma tentativa 
de reintrodução gradual, baseando-se no limiar sinto-
mático de cada paciente. 
Nos últimos anos, pesquisadores australianos pro-
puseram a adoção de uma dieta pobre em alimentos 
contendo oligossacarídeos, dissacarídeos e monossa-
carídeos fermentáveis e polióis, conhecida como Low 
FODMAP. Estudos recentes demonstram que essa die-
ta pode aliviar os sintomas de pacientes com SII, espe-
cialmente na forma com diarreia, melhorando a consis-
tênciadas fezes e reduzindo a frequência evacuatória, 
a flatulência e a distensão abdominal. 
Tratamento farmacológico
As opções terapêuticas para os pacientes com diag-
nóstico de diarreia crônica funcional ou SII-D incluem 
os antidiarreicos (loperamida), colestiramina, antibióti-
cos, probióticos, alosetron (serotoninérgico antagonis-
ta 5HT3) e eluxadoline (atua em receptores no SNE). A 
eficácia desse último medicamento foi estabelecida em 
vários ensaios clínicos que demonstraram sua superio-
ridade em relação ao placebo para o alívio da diarreia e 
da dor abdominal, tendo sido aprovada pelo FDA para 
o tratamento da SII-D no ano passado. 
Na nossa prática diária, o medicamento mais utilizado 
ainda é a loperamida, um agonista opioide sintético que 
em baixas doses não apresenta efeitos do sistema nervo-
so central ou outros eventos adversos. A dose deve ser 
ajustada de forma individualizada, recomendando-se, na 
maioria dos casos, 2 mg de uma a duas vezes por dia. A 
colestiramina está indicada nos casos de suspeita de má 
absorção de sais biliares e a dose é muito variável, deven-
do ser ajustada de acordo com a resposta clínica. Alose-
tron e eluxadoline ainda não estão disponíveis no Brasil.
Caso o paciente apresente diarreia com dor abdominal 
(SII-D), os medicamentos antiespasmódicos e relaxan-
11
saúde
tes da musculatura lisa estão indicados. Entre eles, es-
tão os bloqueadores de canais de cálcio (brometo de 
pinavério e de otilônio), derivados da papaverina (clori-
drato de mebeverina), relaxantes musculares (hioscina, 
dicloverina) e derivados opioides (trimebutina). 
Os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina, 
nortriptilina) constituem opções terapêuticas impor-
tantes para um subgrupo de pacientes, especialmente 
quando há relato de agravamento dos sintomas com o 
estresse. Recomenda-se iniciar com doses baixas e, 
caso a resposta clínica seja satisfatória, o tratamento 
deverá ser mantido, no mínimo, por três a seis meses.
Os probióticos constituem um novo grupo de produtos 
que vêm ganhando espaço na condução terapêutica nos 
casos de diarreia de origem funcional. Como alimentos 
funcionais, eles poderiam recompor qualitativamente a 
microbiota intestinal e combater quantitativamente o su-
percrescimento. Os probióticos que se mostraram mais 
eficazes são constituídos de combinações de lactoba-
cilos e bifidobactérias, sendo superiores ao placebo no 
alívio dos sintomas. São necessários novos estudos a 
longo prazo para se concluir sobre a real eficácia dos 
probióticos no tratamento da diarreia crônica funcional.
Os antibióticos não absorvíveis, como a rifaximina, têm 
se mostrado úteis no manejo dos pacientes com SII-D. 
Ensaios clínicos randomizados e duplo-cegos recentes 
demonstraram que a rifaximina em diferentes doses 
(600 mg/dia a 2.400 mg/dia) é capaz de reduzir os sinto-
mas, especialmente a distensão abdominal e a diarreia. 
Esses resultados apoiam a hipótese de que a disbiose 
desempenha um papel importante na fisiopatologia de 
um subgrupo de pacientes com SII, demonstrando im-
pacto direto sobre o sistema imunológico e sinalizando 
queixas clínicas relevantes. A rifaximina é considerada 
medicação padrão ouro para o tratamento, mas ainda 
não está disponível no Brasil. No nosso meio, haven-
do confirmação de SCBID, indicamos antibióticos con-
vencionais como quinolonas, amoxicilina, tetraciclina 
ou metronidazol durante sete a dez dias. Se a resposta 
clínica for favorável, ciclos repetidos de antibióticos po-
dem ser necessários se houver recidiva dos sintomas.
A mesalazina tem sido indicada para os pacientes com 
diarreia crônica refratária (SII-D ou diarreia funcional), jus-
tificando-se a sua prescrição pelas evidentes alterações 
imunológicas e microinflamatórias observadas nesses ca-
sos. Embora um subgrupo de pacientes apresente respos-
ta clínica bastante satisfatória, existem controvérsias na li-
teratura acerca da real superioridade desse medicamento 
em relação ao placebo para o alívio da dor abdominal e 
melhora da diarreia. A dose recomendada para esses ca-
sos varia entre 2 g/dia a 3 g/dia durante 30 a 60 dias.
Como pudemos ver, o tratamento da diarreia crônica de 
origem funcional evoluiu muito nos últimos anos, possi-
bilitando novas abordagens dietéticas e farmacológicas. 
Novos medicamentos, capazes de prevenir a sensibiliza-
ção central ou atuar sobre os ácidos biliares, estão sen-
do testados com resultados promissores, incluindo entre 
eles os novos agentes serotoninérgicos, os antagonistas 
do receptor 1 PGA-2 (EP-1), agonista μ-opioide e anta-
gonista δ, agonista da grelina, colesevelam e obeticólico. 
Leitura recomendada
1. Camilleri M. Bile Acid diarrhea: prevalence, pathogenesis, and therapy. Gut Liver. 2015; 
9:332-9. 
2. Guagnozzi D, Arias Á, Lucendo AJ. Systematic review with meta-analysis: diagnostic 
overlap of microscopic colitis and functional bowel disorders. Aliment Pharmacol Ther. 
2016. doi: 10.1111/apt.13573.
3. Lacy BE. Diagnosis and treatment of diarrhea-predominant irritable bowel syndrome. Int 
J Gen Med. 2016; 9:7-17.
4. Mottacki N, Simrén M, Bajor A. Review article: bile acid diarrhoea – pathogenesis, 
diagnosis and management. Aliment Pharmacol Ther. 2016. doi: 10.1111/apt.13570.
5. Nee J, Zakari M, Lembo AJ. Current and emerging drug options in the treatment of diarrhea 
predominant irritable bowel syndrome. Expert Opin Pharmacother. 2015; 16:2.781-92.
6. Rivkin A, Rybalov S. Update on the Management of Diarrhea-Predominant Irritable Bowel 
Syndrome: Focus on Rifaximin and Eluxadoline. S. Pharmacotherapy 2016; 36:300-16. 
7. Shepherd SJ, Lomer MC, Gibson PR. Short-chain carbohydrates and functional 
gastrointestinal disorders. Am J Gastroenterol. 2013; 108:707-17.
8. Staudacher HM, Whelan K. Altered gastrointestinal microbiota in irritable bowel 
syndrome and its modification by diet: probiotics, prebiotics and the low FODMAP diet. 
Proc Nutr Soc. 2016; 24:1-13.
Dr. Frederico Passos Marinho Dra. Maria do Carmo Friche PassosDra. Ana Flávia Passos Ramos
12
Doença celíaca – 20 questões comentadas
ocorre na terceira e quarta década. Ressalte-se, con-
tudo, que a DC pode ocorrer em qualquer faixa etária.
Incidência entre parentes de 1º grau:
• irmã é de 1 para 7 casos;
• filha é de 1 para 8 casos;
• filho é de 1 para 13 casos;
• irmão é de 1 para 16 casos.
3. Como a doença celíaca se manifesta?
A DC tem um largo espectro clínico, variando de sin-
tomas gastrointestinais e extraintestinais a quadro 
completamente assintomático. As manifestações mais 
frequentes são diarreia crônica, flatulência, distensão 
abdominal, desconforto abdominal e perda de peso 
em até 40% a 50% dos casos.
Muitas vezes a manifestação é extraintestinal ou atí-
pica: anemia ferropriva, fadiga crônica, osteopenia, 
osteoporose, transaminases elevadas, constipação in-
testinal, enxaqueca, depressão, neuropatia periférica, 
ataxia, infertilidade, dermatite herpetiforme.
4. Quando devemos obrigatoriamente 
pesquisar doença celíaca?
Devemos pensar e pesquisar doença celíaca em:
• Pacientes com diarreia crônica, perda de peso, dor 
abdominal pós-prandial, flatulência e sinais de má 
absorção.
• Pacientes sintomáticos e com familiar de 1º grau com 
doença celíaca.
• Pacientes com aminotransferases alteradas sem 
causa determinada.
• Diabéticos tipo I com sintomas dispépticos persistentes.
1. Como conceituar doença celíaca
A doença celíaca (DC) é uma enteropatia autoimune 
mediada caracterizada por intolerância ao glúten, re-
sultando em lesão da mucosa do intestino delgado em 
indivíduos geneticamente suscetíveis. O glúten repre-
senta um conjunto de proteínas individuais encontra-
das no trigo, centeio, cevada e na aveia, quando con-
taminada.
2. Epidemiologia da doença celíaca
A DC acomete indivíduos de qualquer idade e de ambos 
os sexos. Contudo, é mais frequente na criança e no sexo 
feminino (2:1 em relação ao masculino). Estudos recentes 
apontam para a frequência aumentada de diagnóstico 
emadultos. Ocorre em todo o mundo, com incidências 
variadas de acordo com as regiões. Em crianças, é mais 
frequente na África, especialmente na Argélia, onde atin-
ge 5,6% da população infantil. Em adultos, a frequência 
é maior no México, onde atinge 2,6% da população. No 
Brasil a incidência é de cerca de 0,15%.
A DC tem apresentação bimodal; o primeiro pico ocor-
re entre os 8 e 12 meses de vida, e o segundo pico 
13
saúde
5. Quais são as outras condições nas quais 
devemos pensar em doença celíaca?
• Má absorção sintomática.
• Diarreia crônica com perda de peso.
• Anemia crônica ferropriva, de causa obscura.
• Osteoporose prematura.
• Perda de peso inexplicada.
• Fadiga crônica.
• Dermatite herpetiforme.
• Neuropatia periférica de causa obscura.
• Déficit de crescimento.
• Síndrome de Down.
6. recomendações importantes quanto à 
pesquisa diagnóstica da doença celíaca 
• O teste sorológico de preferência é o anticorpo anti-
transglutaminase teciduaI IgA (ou IgA + IgG).
• Se a suspeita de doença celíaca é alta, mesmo com a 
sorologia negativa, deve-se realizar biópsia duodenal 
(duas do bulbo e quatro do duodeno distal).
• Todos os testes diagnósticos sorológicos devem ser 
realizados com o paciente em uso de glúten.
7. A biópsia duodenal é indispensável para 
o diagnóstico?
Não. Em criança sintomática, com anticorpo antitrans-
glutaminase tecidual maior que dez vezes, o limite supe-
rior da normalidade, com teste HLA positivo e anticorpo 
antiendomísio positivo, pode-se prescindir da biópsia 
duodenal para se estabelecer o diagnóstico. Contudo, 
em criança assintomática ainda são necessários estudos 
multicêntricos, prospectivos, para se validar tal conduta.
(Am J Gastroenterol. 2015; 110:1.485-9.)
8. O achado endoscópico de atrofia de 
vilosidades do duodeno determina o 
diagnóstico de doença celíaca?
Não. Algumas outras causas de atrofia de vilosidades são:
• supercrescimento bacteriano de delgado;
• doença de Crohn;
• doença de Wipple;
• linfoma intestinal;
• tuberculose intestinal;
• giardíase e enterites infecciosas;
• desnutrição;
• enteropatia da aids.
9. A DC pode acometer indivíduos de 
qualquer faixa etária?
A DC é mais comum na infância e na adolescência, 
mas pode se manifestar em qualquer idade. Cerca de 
20% dos pacientes diagnosticados têm mais de 60 
anos de idade.
10. Qual é o envolvimento hepático em 
pacientes com doença celíaca?
As doenças hepáticas associadas a DC são, principal-
mente:
• hepatite celíaca;
• cirrose biliar primária;
• hepatite autoimune;
• volangite esclerosante primária;
• hemocromatose.
A hipertransaminasemia pode ser vista em cerca de 
40% dos adultos e 54% das crianças com doença ce-
líaca clássica; por outro lado, a doença celíaca está 
presente em 9% dos pacientes com elevação das tran-
saminases de causa inexplicada. Tanto a TGO como 
a TGP podem estar elevadas, ambas ou apenas uma 
delas. Havendo hipoalbuminemia, hiperbilirrubinemia e 
alteração na atividade de protrombina, deve-se pensar 
em cirrose hepática associada. As alterações à biópsia 
hepática são frequentes (66%), mas geralmente leves e 
inespecíficas. A dieta isenta de glúten leva à normaliza-
ção das transaminases em 75% a 95% dos pacientes, 
assim como das alterações histológicas, em geral um 
14
ano após a aderência à dieta. Esse quadro laboratorial 
e histológico reversível com a dieta isenta de glúten é 
chamado de “hepatite celíaca”.
(Rubio-Tapia A. Hepatology 2007; 46:1.650-58.)
11. Quais cuidados devem ser adotados 
em relação à insulinoterapia em diabéticos 
do tipo 1 que apresentam diagnóstico 
concomitante de doença celíaca?
O diabetes mellitus tipo 1 e a doença celíaca são 
doenças autoimunes que compartilham a mesma va-
riante genética DQ2. A prevalência de doença celíaca 
é aumentada em cerca de 5% a 10% no diabético 
tipo 1.
No diabético tipo 1 existe risco de hipoglicemia con-
sequente à má absorção se a doença celíaca não for 
diagnosticada, e assim devem ser tomadas medidas 
para adequação das doses da insulina. 
Após instituir a dieta isenta de glúten, e com a recu-
peração da mucosa intestinal, vai ocorrer melhora da 
absorção intestinal e pode ser necessário aumentar a 
dose de insulina.
12. O que é crise celíaca?
Crise celíaca é o termo usado para descrever a forma 
aguda, fulminante de doença celíaca. Clinicamente é 
caracterizada por diarreia grave, desidratação e dis-
túrbios metabólicos, de início agudo. A crise parece 
ser precipitada por estímulo imune geral, como pro-
cedimento cirúrgico, infecção e gravidez. Os marca-
dores sorológicos são positivos e a histologia revela 
atrofia de vilosidades no delgado. A retirada do glúten 
da dieta leva a melhora em 50% dos casos. Nos pa-
cientes que não respondem, está indicada a predni-
sona ou budesonida.
13. O celíaco pode tomar café sem riscos 
de piorar a doença?
Não, não pode porque o risco de impurezas no café 
(cevada, por exemplo) é frequente. 
Deve-se verificar na embalagem se há certificado de 
pureza do produto, selo ABIC.
14. Celíaco pode trabalhar em padaria?
Pode, mas deve evitar qualquer contato e manipulação 
dos produtos derivados do trigo. 
Portanto, se imprescindível, é aceitável trabalhar no 
caixa, enquanto procura outra atividade.
15. Quais bebidas alcoólicas são proibidas 
e quais são permitidas para o paciente 
celíaco?
São proibidas: cerveja tradicional, uísque, gim e vodca.
São permitidas: vinho, espumante, champanhe, aguar-
dente e saquê.
16. Qual cuidado deve ter o celíaco antes 
de praticar esportes de contato?
Deve ser avaliado previamente quanto à presença de 
osteopenia ou osteoporose, condições frequentes no 
celíaco e que aumentam o risco de fratura óssea.
17. Paciente com doença celíaca deve 
receber vacina contra a infecção pelo 
pneumococo?
Sim, deve receber. O risco de hipoesplenismo associa-
do à doença celíaca pode resultar em déficit de imuni-
dade para bactérias encapsuladas, com risco de infec-
ções graves.
18. Quais são as implicações da vacina 
contra a hepatite B no paciente celíaco?
Em pacientes celíacos, a resposta imunológica à vaci-
nação é similar à encontrada na população geral, ex-
ceto a resposta para vacina contra hepatite B. O meca-
nismo patogênico responsável por essa baixa resposta 
não é bem definido. Níveis de anti-HBS menores que 10 
mIU/mL após as três séries de vacinação caracterizam 
os não respondedores. Alguns fatores em geral asso-
ciados a não respondedores: armazenamento inade-
quado da vacina, vacinação nas nádegas, obesidade, 
tabagismo, infecções e abuso de drogas, alcoolismo 
crônico, nefropatia crônica, HIV, diabetes mellitus tipo 
1 e doença celíaca. 
15
Dr. Celso Mirra de Paula e Silva
saúde
Essa má resposta do paciente celíaco à vacina contra 
a hepatite B parece estar ligada à presença do HLA 
(antígeno leucocitário humano).
Em celíacos não tratados, o índice de não responde-
dores à vacinação contra a hepatite B é de 74%. Con-
tudo, no celíaco com dieta isenta de glúten, o índice 
de eficácia da vacina é igual ao da população geral. 
A ingestão de glúten no celíaco parece interferir dimi-
nuindo a eficácia da vacina.
20. Há relação entre microbiota intestinal e doença celíaca?
Segundo estudos recentes, pacientes com doença celíaca têm uma redução nas espécies benéficas e 
aumento naquelas potencialmente patogênicas quando comparados a indivíduos saudáveis. Após dieta 
isenta de glúten, há redução da disbiose, mas não seu desaparecimento. A microbiota intestinal parece 
exercer um papel significante na patogênese da doença celíaca. O uso de probióticos parece reduzir a 
resposta inflamatória e restaurar uma proporção normal de bactérias benéficas no trato gastrointestinal. 
Evidências adicionais são necessárias para um melhor entendimento do papel da microbiota intestinal na 
patogênese da doença celíaca.
19. A positividade para HLA DQ2 e/ou HLA 
DQ8 pode, isoladamente, estabelecer o 
diagnóstico de doença celíaca?
Não. Estabelecer o diagnóstico baseado apenas na po-
sitividadedo HLA DQ2 e/ou HLA DQ8 é um erro. Em-
bora sejam um pré-requisito para o desenvolvimento 
da doença celíaca, eles podem ocorrer em 30% a 40% 
de pessoas saudáveis. Por outro lado, é extremamente 
baixa a probabilidade de uma pessoa com HLA DQ2 e/
ou HLA DQ8 negativos vir a desenvolver doença celíaca 
com o tempo (valor preditivo negativo cerca de 100%).
16
Dietas com restrições? Só para quem precisa!
As queixas digestivas e gerais de pacientes com dis-
túrbios relacionados aos alimentos podem ser seme-
lhantes, embora de origens diversas. Cabe ao médico, 
após minuciosa avaliação, indicar dieta apropriada. 
Hipersensibilidade alimentar
A hipersensibilidade a alimentos pode ser decorrente 
de vários mecanismos, daí as manifestações clínicas 
serem variadas. Os processos envolvidos podem ser 
classificados em não imunológicos (intoxicações, in-
tolerâncias etc.) e imunológicos (alergias: tipos I a 
IV). A alergia de tipo I (liberação de IgE) é a de libe-
ração imediata, com sintomas agudos e até choque 
anafilático. A de tipo III é a de reação tardia (doença 
crônica) com liberação de imunocomplexos (IgG). É 
a que se apresenta na clínica com diarreia, flatulên-
cia, retenção de líquidos, dores osteoarticulares, di-
ficuldade de concentração, aumento de peso e até 
obesidade. 
O diagnóstico é feito por suspeita clínica e alguns tes-
tes laboratoriais (IgG) para determinar quais são os ali-
mentos envolvidos (alérgenos). 
No Brasil, as porcentagens referidas são leite e deriva-
dos (83%), cereais (71%), ovos (37%), carnes (20%), 
frutas secas (29%), vegetais (15%), café e chás (12%). 
Chama atenção a porcentagem de 16% para aditivos 
alimentares.
Tratamento: Exclusão dos alérgenos e substituição pe-
los toleráveis para compor dieta balanceada.
Doenças relacionadas ao glúten
Glúten (“cola”, em latim) é uma proteína encontrada em 
certos grãos, incluindo trigo, centeio, cevada e aveia. É 
a substância que dá elasticidade às massas, porém é 
de difícil digestão. 
As doenças relacionadas ao glúten podem ser classifi-
cadas de acordo com o mecanismo patogênico predo-
minante: alérgico (alergia ao trigo), autoimune (doença 
celíaca) ou não alérgico e não autoimune (sensibilidade 
ao glúten não celíaca ou SGNC).
A pergunta é: “O glúten faz mal para todos os indiví-
duos?” Como a moda atual é gluten-free, quem real-
mente precisa excluí-lo da dieta?
a) Alergia ao trigo – Os outros cereais podem ou não 
ser consumidos de acordo com os testes para detec-
ção de alérgenos.
b) Doença celíaca (DC) – Distúrbio autoimune em 
que se encontram anticorpos circulantes contra o 
glúten e alterações na mucosa intestinal, em indiví-
duos geneticamente predispostos. Prevalência es-
timada: 1% da população. Importante ressaltar que 
a doença ocorre em qualquer faixa etária, inclusive 
com aumento em pessoas com mais de 60 anos! Os 
sintomas clássicos de diarreia, distensão abdominal, 
borborigmos e perda de peso (forma clássica) não 
são tão comuns como no passado. Atualmente, a DC 
pode ser assintomática, apresentar sintomas gas-
trointestinais ou manifestações extraintestinais (défi-
cit de crescimento, alterações do esmalte dentário, 
menarca atrasada, abortos de repetição, infertilidade, 
menopausa precoce, osteoporose, predisposição a 
tumores – principalmente linfomas).
O diagnóstico é feito pela determinação de anticorpos 
no sangue (antitransglutaminase e antiendomísio) e 
biópsia do intestino delgado proximal (por endoscopia). 
17
saúde
NÃO SE DEVE EXCLUIR O GLÚTEN DA ALIMENTAÇÃO 
SEM ANTES REALIZAR OS EXAMES INDICADOS!
Tratamento: A exclusão do glúten deve ser total e per-
manente, inclusive cuidando para não haver contami-
nação cruzada. Consultar nutricionista para manter a 
dieta balanceada, quando da substituição das farinhas. 
Faz parte do tratamento a leitura minuciosa dos rótulos 
dos alimentos adquiridos.
c) Sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC) – A 
prevalência estimada é de 6% da população. Pode 
ocorrer em qualquer idade, mas parece ser mais fre-
quente em adultos do que em crianças, com média de 
início aos 40 anos (17-63 anos), mais em mulheres que 
em homens (1:2,5) com distúrbios funcionais (incluindo 
a síndrome do intestino irritável). 
Diagnóstico: Clínico. Enfatiza-se a necessidade de, 
antes de firmar o diagnóstico de SGNC, afastar DC e 
alergia ao trigo! 
Quadro clínico: A SGNC se caracteriza pelo apareci-
mento de sintomas à ingestão de glúten, seu desapa-
recimento com a DIG e retorno quando se reintroduz o 
glúten na alimentação.
Sintomas gerais: sensação de mal-estar, emagrecimento.
Sintomas gastrointestinais: borborigmos, dor abdomi-
nal, diarreia, dor epigástrica, náuseas, aerofagia, reflu-
xo gastroesofágico, estomatite aftosa, alterações de 
hábito intestinal, constipação.
Articulações, ossos e músculos: fadiga, amortecimento 
nas pernas e braços, dores musculares e articulares.
Esfera neurológica: cefaleias, peso na cabeça, tontu-
ras, tinnitus.
Cutâneas: rash cutâneo, eczema e aparecimento de 
pequenas manchas vermelhas. A mucosa da língua 
pode ser dolorosa.
Distúrbios de comportamento: distúrbios de atenção, 
ansiedade, depressão, hiperatividade.
***O glúten engorda? Se eu retirar o glúten, eu 
emagreço?
Como os cereais são utilizados na confecção de mas-
sas, são calóricos, podendo se tornar engordativos. 
Quando se eliminam tais alimentos, geralmente em 
dieta hipocalórica, haverá emagrecimento. Além dis-
so, a substituição por frutas, legumes e carnes com 
diminuição de açúcares e gorduras, aliada a exercícios 
físicos, leva à perda de peso.
O glúten dos cereais não faz falta, pois não é essencial. 
As calorias podem ser remanejadas. 
Por que eu me sinto melhor sem glúten?
A retirada pode melhorar a disposição geral, a distensão 
abdominal, a retenção de líquidos e outros sintomas. 
Precisa-se, então, verificar se não se trata de SGNC.
Os carboidratos são divididos em simples (monossa-
carídeos: glicose, frutose e galactose) e complexos 
(dissacarídeos: lactose, sacarose e maltose), e oligos-
sacarídeos, da família da rafinose.
Intolerância à lactose (IL)
Deficiência de lactase é a baixa atividade dessa en-
zima, que desdobra a lactose e se localiza na borda 
estriada do intestino delgado. Má absorção de lactose 
consiste na falha do intestino delgado em absorver a 
fração da lactose ingerida. Já a intolerância à lactose é 
a síndrome clínica na qual a ingestão de lactose causa 
sintomas em consequência de sua má absorção. 
Queixas digestivas: dor abdominal, distensão intestinal, 
borborigmo, flatulência, diarreia ou constipação, náu-
seas e vômitos. 
Queixas sistêmicas: cefaleia, tontura, problemas de con-
centração e memória, cansaço crônico, dores muscula-
res ou articulares, fenômenos alérgicos associados.
A prevalência da IL varia em relação à raça e grupo ét-
nico. A causa mais comum da IL primária é a não per-
sistência da enzima lactase. A má absorção de lacto-
se pode ser secundária a doenças intestinais de base 
(doença celíaca, por exemplo).
A lactose não absorvida passa rapidamente para o có-
lon (cerca de 75%), onde é convertida em ácidos gra-
xos de cadeia curta e hidrogênio pelas bactérias da flo-
ra intestinal, produzindo acetato, butirato e propionato. 
Ocorrerá fermentação, responsável pelos sintomas.
18
Diagnóstico: Clínico, e pode ser feito pelo teste do hi-
drogênio expirado (não disponível em todos os cen-
tros). O mais utilizado é o teste de tolerância à lactose: 
Após a ingestão oral de 50 g de lactose em adultos, 
a glicemia é monitorada em jejum, após 30, 60 e 120 
minutos, devendo demonstrar um aumento maior que 
20 mg/dl. Falso-negativos: problemas de esvaziamen-
to gástrico, diabetes e síndrome do supercrescimento 
bacteriano. Os intolerantes podem manifestar sintomas 
durante o teste. Outros testes: análise do polimorfismo 
C/T-13910 ou determinação da atividade enzimática 
em fragmentos de mucosa intestinal. 
Tratamento: Exclusão ou restrição de produtos lácteos 
de mamíferos; uso da enzimalactase em comprimidos 
ou sachês à ingestão do produto lácteo (as doses de-
vem ser ajustadas pelo próprio paciente). Ressalta-se a 
importância da suplementação de cálcio. Preconiza-se 
a monitoração de vitamina D também.
Intolerância à frutose (IF)
A frutose é conhecida como o açúcar das frutas, mas pode 
ser encontrada em vegetais, cereais e mel. A IF pode ser 
hereditária ou alimentar. Na alimentar, ocorre fermentação 
bacteriana no intestino grosso quando a quantidade inge-
rida ultrapassar a sua metabolização e absorção. Ocorre 
flatulência, distensão abdominal, mal-estar e náuseas. A 
prevalência estimada é de 50% em adultos saudáveis.
Diagnóstico: Suspeita clínica e teste respiratório com 
hidrogênio expirado, usando frutose como substrato.
Tratamento: Excluir ou restringir frutose da dieta (subs-
tituição por frutas de baixo teor: lima, limão e abacate), 
complementação com vitamina C. 
Dra. Lorete Maria da Silva Kotze
Intolerância a carboidratos complexos 
(rafinose)
É a incapacidade do intestino de processar comple-
tamente os carboidratos (açúcares e amido) pela falta 
ou redução da quantidade de uma ou mais enzimas 
necessárias à sua digestão.
A intolerância aos carboidratos complexos vegetais 
traz aos indivíduos sensíveis uma sensação de mal-es-
tar abdominal e geral, embora esses alimentos sejam 
de alto valor nutricional. O homem não possui a enzima 
alfa-galactosidase, que fragmenta os oligossacarídeos 
da família da rafinose, que passam incólumes pelo trato 
digestivo superior e alcançam os cólons, onde bacté-
rias os fermentam, resultando em gases e toxinas. Isso 
explica a ocorrência de distensão abdominal, cólicas, 
formação de gases e diarreia. Exemplos de alimentos 
que os provocam são feijão, cereais e vegetais.
Diagnóstico: Essencialmente clínico, após a constatação 
da relação entre sintomas e a ingestão de alimentos con-
tendo polissacarídeos. É imprescindível que se verifique a 
comorbidade com a síndrome do intestino irritável.
Tratamento: Exclusão dos alimentos que causam os 
sintomas e/ou administração da enzima alfa-galactosi-
dase nas preparações que serão ingeridas.
Conclusão
Restrições alimentares somente devem ser prescritas 
após cuidadosa avaliação por profissional preparado, 
evitando carências e estados de sub ou desnutrição. 
Deixar os modismos de lado e se basear em conheci-
mentos científicos! 
19
saúde
Um estudo recente realizado por um plano de saúde da 
Alemanha sugere uma relação entre o uso de inibidores 
de bomba protônica (IBPs) e desenvolvimento de de-
mência na velhice.
O American College of Gastroenterology (ACG) aprecia 
e respeita os dados do estudo, mas acredita que pes-
quisas mais detalhadas devem ser realizadas acerca 
do uso de IBPs e possíveis impactos na função cog-
nitiva, principalmente porque estudos desse tipo não 
levam em conta variáveis como dieta e estilo de vida, 
nem mesmo imputam qualquer possível causa, diz o 
presidente do ACG, Dr. Kenneth DeVault.
Em decorrência desse estudo e de outros que suge-
rem potenciais complicações com o uso prolongado 
de IBPs, o ACG recomenda que a indicação desses 
medicamentos para uso prolongado seja amplamente 
discutida entre médicos e pacientes. Todos os pacien-
tes que usam essas medicações por uso prolongado 
não devem reduzir a dose, muito menos suspender a 
medicação, sem antes discutir com seu médico – prin-
cipalmente aqueles com afecções esofágicas graves.
Os autores do estudo alemão apenas analisaram dados 
administrativos de um plano de saúde que mostraram 
uma associação estatística entre IBPs e ocorrência de 
demência, mas não mencionam ou imputam nenhuma 
relação causal. Eles próprios reconhecem que, para 
avaliar uma possível relação causa-efeito, é necessário 
realizar estudos clínicos, prospectivos e randomizados.
Pesquisadores verificaram uma série de fatores que 
poderiam interferir na análise dos dados do estudo, au-
mentando o risco de demência, tais como depressão, 
acidente vascular cerebral, diabetes, uso de muitas me-
dicações simultaneamente (polifármaco), nível de educa-
ção, entre outros. Na análise, o uso de muitas medica-
ções pode aumentar o risco de demência em até 16%.
Desde que começaram a ser prescritos, há 25 anos, os 
IBPs foram associados pelo Food and Drug Administra-
tion (FDA) ao aumento de risco de fraturas de quadril, 
punho e vértebras; à diminuição dos níveis de magnésio 
e cálcio; e a maior risco de infecção por Clostridium diffi-
cile. Milhões de pessoas fazem uso dessas medicações 
para aliviar sintomas da doença do refluxo gastresofá-
gico (DRGE), ou azia, ou ainda dispepsia. Muitos dos 
que as utilizam não necessitam delas de fato. Um es-
tudo da Faculdade de Medicina do John’s Hopkins, por 
exemplo, mostrou que 60% dos pacientes internados 
que recebem IBPs não têm critérios de indicação para 
os quais esses medicamentos foram aprovados (FDA), 
nem mesmo condição clínica que necessite do seu uso. 
E mais: grande parte dessas prescrições era mantida na 
alta, quando o paciente ia para casa.
Nós, da Comissão de Relações Internacionais, acre-
ditamos que essas informações são importantes para 
termos uma noção do comportamento que norteia a 
Gastroenterologia norte-americana em relação ao as-
sunto, que é um motivo enorme de questionamento 
dos nossos pacientes na atualidade. A nossa opinião é 
que, até que mais estudos possam elucidar com maior 
clareza a verdadeira relação, se existe alguma, entre o 
uso prolongado de IBPs e alterações da função cogni-
tiva, devemos agir com absoluto bom senso. Isso sig-
nifica usar a medicação, quando indicada e necessária, 
nas doses e tempo adequados para cada enfermidade. 
Evitar o uso abusivo e desnecessário, e além de moni-
torar periodicamente o paciente, sempre discutir even-
tuais riscos do uso crônico da medicação. 
Comissão de Relações Internacionais da Federação 
Brasileira de Gastroenterologia (FBG)
Declaração do American College of 
Gastroenterology (ACG) 
Possíveis impactos do uso de IBPs no desenvolvimento de demência 
Dr. Flavio Steinwurz
20
No início da década de 1950, a região de Ribeirão Pre-
to vivia o ocaso do seu ciclo de polo cafeeiro, mas um 
novo valor se alevantava: graças às iniciativas do seu 
fundador, Zeferino Vaz, começava a funcionar a Facul-
dade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, 
com sua sede no campus de Monte Alegre, local que 
fora tradicional fazenda de café e, depois, Escola Prá-
tica de Agricultura. 
Nessa mesma época, o mundo médico brasileiro, es-
pecialmente o mais ligado às doenças digestivas, vivia 
um momento de efervescente entusiasmo em decor-
rência da suspeição de que o megaesôfago e o me-
gacólon endêmicos no interior do país poderiam ser 
manifestações tardias da infecção pelo T. cruzi. A for-
ma cardíaca da doença (arritmias, distúrbios da condu-
ção do estímulo nervoso, cardiomegalia, morte súbita) 
já era conhecida desde a descoberta da doença, mas 
Contribuições da Faculdade de Medicina de 
Ribeirão Preto aos conhecimentos da doença 
de Chagas e suas manifestações digestivas
o mesmo não acontecia com a doença “megálica” do 
tubo digestivo. Por quase 40 anos, apesar de terem 
sido assinalados milhares de casos, ela ficara sem uma 
etiologia plenamente estabelecida e a própria doença 
de Chagas fora relegada praticamente ao descrédi-
to. Desde o primeiro ano de funcionamento da FMRP 
(1952), os professores brasileiros e estrangeiros que 
nela vieram trabalhar em tempo integral sabiam que a 
dedicação à pesquisa era uma das vertentes mais for-
temente ressaltadas por Zeferino Vaz a ser exercidas 
pelos docentes da nova faculdade. Esses professores 
também entendiam que era natural serem responsá-
veis por esclarecer as particularidades dos problemas 
de saúde que lhes eram mais próximos; e que iriam 
trabalhar em área onde a doença de Chagas era en-
dêmica; e mais: a presença do “barbeiro” ocorria no 
próprio campus, onde muitos moravam. 
Triatoma infestans T. cruzi
Os professores de Ribeirão Preto criaramum espírito de profundo 
interesse e de pesquisa em seus jovens alunos
Dr. Carlos Chagas Filho“
“
21
saúde
Iniciaram-se, então, investigações das mais variadas 
naturezas sobre a doença de Chagas. O reconhecimen-
to da contribuição da FMRP ao estudo dessa doença 
foi dado em 1968 pelo próprio filho de quem a desco-
brira (Carlos Chagas Filho), nestas palavras: “A criação 
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto é, a meu 
ver, uma etapa na história da doença de Chagas; sem 
dúvida importantíssimos estudos foram empreendidos 
por Fritz Koeberle e seus assistentes, por Pedreira de 
Freitas e J. de Almeida e por muitos outros, mas o que 
quero acentuar é que os professores de Ribeirão Preto 
souberam, desde logo, indicar aos alunos a importân-
cia que o problema da doença de Chagas assume na 
Nosologia brasileira e, assim, criaram um espírito de 
profundo interesse e de pesquisa em seus jovens alu-
nos, que até mesmo se associaram num centro para 
estudos e propaganda do combate à doença de Cha-
gas [Liga Brasileira de Combate à Doença de Chagas]. 
Por tudo isso, Ribeirão Preto tornar-se-ia uma agremia-
ção de extraordinária importância para a irradiação do 
interesse pela doença de Chagas”.
Nesta síntese, vamos mencionar principalmente as 
pesquisas de ordem epidemiológica, histopatológica e 
aquelas relacionadas à fisiopatologia de órgãos diges-
tivos atingidos pela doença de Chagas que foram de-
senvolvidas na FMRP. Não serão abordadas as pesqui-
sas relacionadas à forma cardíaca da doença, também 
feitas na FMRP, e não lhes falta importância. 
Pesquisas epidemiológicas
Foram desenvolvidas, inicialmente, pelo Departamento de Parasitologia (Prof. Mauro Pereira Barreto). 
A primeira delas investigou os reservatórios do parasito existentes no próprio campus e os insetos 
transmissores, alguns deles contaminados. 
No período compreendido entre 1955 e 1979, o grupo de pesquisadores do Departamento de Para-
sitologia publicou nada menos do que 73 artigos com o título comum “Estudos sobre reservatórios e 
vetores silvestres do Trypanosoma cruzi”, que, por si, denota o conteúdo. Em 1953, o Prof. José Lima 
Pedreira de Freitas foi contratado por esse departamento; no ano seguinte, passou a chefiar o De-
partamento de Higiene e Medicina Preventiva da mesma instituição. Destaca-se que antes (1947) ele 
fundara um posto avançado para o estudo da doença de Chagas na pequena Cássia dos Coqueiros 
(município de Cajuru), a cerca de 80 km de Ribeirão Preto. Posteriormente, o Posto de Cassia dos 
Coqueiros passou a servir como local de aprendizagem e familiarização com a medicina rural para 
estudantes da FMRP. 
Destacam-se outras importantes contribuições de Pedreira de Freitas ao estudo da doença de Chagas: 
o aperfeiçoamento da reação de Guerreiro e Machado para o diagnóstico da doença, tornando-a mais 
confiável e quantitativa, e, pela primeira vez, a constatação da transmissão da doença por transfusão 
de sangue, a presença de doadores de sangue contaminados pelo T. cruzi entre doadores de bancos 
de sangue e a verificação de que a adição de violeta de genciana no sangue colhido é capaz de elimi-
nar o parasito. A aplicação da reação sorológica a doadores de sangue, certamente, evitou que muitas 
pessoas se tornassem novos chagásicos. 
Mas não só os docentes da FMRP se empenharam na luta contra a moléstia de Chagas. Os alunos 
das primeiras turmas criaram a Liga Brasileira de Combate à doença de Chagas, vinculada ao Centro 
Acadêmico Rocha Lima, com o objetivo de divulgar conhecimentos sobre a transmissão e a profilaxia 
da doença, principalmente a professores dos cursos primários de escolas urbanas e rurais da região, 
além de promover exposições instrutivas que chegaram a ser feitas até em Goiânia (GO) em 1961. 
Com a finalidade de verificar se, em consequência das medidas profiláticas, teria ocorrido uma queda 
na prevalência do megaesôfago e do megacólon chagásicos, foram feitos dois levantamentos dos 
pacientes que se internaram no Hospital das Clínicas da FMRP com essas “patias”, em dois períodos 
sucessivos no último quarto do século 20: um deles de 1979 a 1990 (publicado em 1991) e outro de 
1991 a 2000 (publicado em 2001) (Tabela 1).
22
“
“
No primeiro deles, em um universo de 496 casos foram 
registrados 279 com megaesôfago (isolado ou em asso-
ciação com megacólon e/ou com a cardiopatia chagá-
sica), perfazendo 23,3 casos/ano, e 346 com megacó-
lon (isolado ou em associação ao megaesôfago ou com 
a cardiopatia chagásica) ou, em média, 34,6 casos/ano. 
No segundo, o número de casos com megaesôfago foi 
reduzido para 114 (11,4 casos/ano) e o de megacólon 
para 113 (11,3 casos/ano). Portanto, entre um e outro 
estudo ocorreu uma apreciável redução do número de 
internações: de 48,9% para o grupo com megaesôfa-
go e de 32,7% para o grupo com megacólon. É bem 
provável que outros fatores tenham participado dessa 
redução, mas o efetivo declínio da ocorrência da trans-
missão da doença não pode ser ignorado. 
Nos antigos estudos, também mostrados na Tabela 1, 
foi verificado que o megaesôfago e o megacólon atin-
giam, principalmente, a população de idade inferior a 
30 anos. Nos dois levantamentos realizados em Ribei-
rão Preto (1979 a 1990 e 1991 a 2000) deu-se o inver-
so: a maioria dos pacientes com a doença “megálica” 
do tubo digestivo ocorreu em pacientes com idade aci-
ma dos 60 anos, particularmente no último (59,7% em 
relação ao megaesôfago e 70,8% em relação ao mega-
cólon), com baixa ocorrência em pacientes com idade 
inferior a 30 anos (2,5% e 5,3% para o megaesôfago e 
1,7% e 2,6% para o megacólon, respectivamente, nos 
dois estudos realizados). 
Essa baixa ocorrência evidencia que, em épocas mais 
recentes, os mais jovens foram eficazmente protegidos 
contra a doença devido à redução da transmissão, e 
os mais velhos representavam um grupo remanescen-
te de chagásicos contaminados em época em que a 
transmissão não era controlada. 
O ‘mega’ estabelecido é como uma cidade devastada pela guerra, onde 
já não se encontram os soldados que promoveram a devastação
Fritz Koeberle
Tabela 1 – Distribuição de casos de megaesôfago e megacólon chagásicos segundo dois grupos 
etários observados em diferentes autores em distintas épocas em zonas de ocorrência endêmica da 
doença de Chagas
IDADE (%)
Diagnóstico Ano N ≤ 30 anos ≥ 60 anos Autores
Megaesôfago 1939 626 51,3 1,7 Etzel/São Paulo
1968 780 62,9 7,7 Rezende/Goiânia
1991 279 2,5 28 Meneghelli et al./RP
2001 114 5,3 59,7 Meneghelli e Rodrigues/RP
Megacólon 1950 116 31 3,5 Freitas/Uberaba 
1976 622 17,3 10,8 Rezende/Goiânia
1991 346 1,7 33,5 Meneghelli et al./RP
2001 113 2,6 70,8 Meneghelli e Rodrigues/RP
Fonte: Meneghelli e Rodrigues, 2001.
23
saúde
Confirmando a geriatrização da doença, verificou-se, 
também (dados não publicados), que o número de 
pacientes com megaesôfago chagásico atendidos no 
Ambulatório de Doenças Motoras do Tubo Digestivo 
do Hospital das Clínicas da FMRP de março de 2008 
a novembro de 2011, segundo as respectivas datas de 
nascimento, foi: nascidos entre 1911 e 1950 – 21/30 
(70%); nascidos depois de 1950 – 9/30 (30%). 
Pesquisas histopatológicas
 Primeiro professor do Departamento de Patologia da FMRP, Fritz Koeberle, perspicaz austríaco, desde 
sua chegada ficou impressionado com o elevado número de pacientes com megaesôfago e megacólon 
que eram trazidos à sala de necropsias. Após inteirar-se das evidências epidemiológicas, sorológicas, 
das observações em animais de experimentação e de pacientes seguidos desde a fase aguda até 
desenvolverem a doença “megálica”, convenceu-se de que os “megas” poderiam ser mesmo decor-
rentes da infecção pelo T. cruzi. Na ocasião exigia-se, entretanto, como indispensável, a demonstração 
do parasito nas paredes do esôfago dilatado. 
Por meio de exaustivos estudos histopatológicos, Koeberle e Nador demonstraram em 1955 a forma 
tissular do parasito nas paredes de um megaesôfago. Além dessa demonstração do vínculo etiológico 
do megaesôfago(e, por extensão, de outras “megalias” endêmicas do tubo digestivo) com a doença 
de Chagas, Koeberle e seus colaboradores, também, confirmaram e deram realce ao fato de que na 
doença havia uma desnervação do sistema nervoso entérico, particularmente dos plexos de Auerbach, 
por ação do T. cruzi. Mostraram que a desnervação ocorria de forma muito variável e irregular em todo 
tubo digestivo e era presente mesmo em órgãos não dilatados de chagásicos, indicando que a des-
nervação precedia a dilatação e permanecia na fase crônica da doença, mesmo sem a presença do 
parasito no local. 
Em conversa com Joffre M. de Rezende, Koeberle fez a seguinte comparação: “O ‘mega’ estabelecido 
é como uma cidade devastada pela guerra, onde já não se encontram os soldados que promoveram a 
devastação”. Seus estudos apareceram em uma série de artigos publicados de 1955 a 1961. A desner-
vação intramural tornou-se, então, a base para a explicação das alterações fisiopatológicas dos órgãos 
do tubo digestivo atingidos pela doença de Chagas.
Nota do Editor 
Na próxima edição da Revista FBG, o Prof. Ulysses Meneghelli fará uma sínte-
se das diversas contribuições dos docentes da FMRP àquilo que se passou a 
denominar de “patias” chagásicas, órgão a órgão.
Prof. Dr. Ulysses G. Meneghelli 
24
As emoções na Gastroenterologia do século 21
Outro dia, assistindo a um noticiário que documentava 
o atendimento em um hospital público, me lembrei de 
um antigo filme italiano em que o ator principal fazia 
o papel de um médico que atendia na Mutua Italiana, 
espécie de SUS da época. Alberto Sordi, se não me 
engano, ficava sentado sem olhar para o paciente e, 
impaciente, perguntava o que estava acontecendo. 
Fosse qual fosse a resposta, o médico carimbava uma 
receita e gritava: “O próximo!”. Seria de morrer de rir se, 
guardadas as proporções, não estivesse acontecendo 
na nossa vida real em certos locais. Oito a dez minu-
tos para cada consulta, aí se incluindo a anamnese, 
o exame físico e a prescrição. Eventualmente, algum 
exame pode ser solicitado. Lembra o filme italiano, não 
é mesmo?
Existem alguns fatores para que o filme italiano acabe 
inspirando a realidade brasileira, com a consequente 
desumanização da Medicina. O número extremamen-
te elevado de escolas médicas, por exemplo, algumas 
de baixíssima qualificação, formando profissionais mal 
preparados. Vamos só lembrar de passagem esse pon-
to, porque não é nosso foco principal comentar sobre 
escolas deficientes, tampouco sobre os médicos cuba-
nos que exercem nossa profissão sem nenhum tipo de 
validação do diploma médico. 
Voltando à consulta médica. Onde será que está indo 
parar no século 21 a magia da consulta médica? Para 
que lado está se escondendo a ação transcendente 
que deve gravitar entre o médico e seu paciente? 
Consideremos o tempo de atendimento, ou seja, o 
tempo disponível para a consulta médica. Em algumas 
situações e em certos convênios médicos, esse tempo 
é muito limitado porque o profissional deve atender no 
mínimo “xis” casos por dia, se quiser se manter no em-
prego. Não há tempo para anamnese detalhada e cui-
dadosa: quando muito, umas perguntas do tipo “Onde 
dói?”, “O que piora?”. 
Que tal lembrar a consulta em condições de bom e 
pleno atendimento? O paciente entra e alguns minutos 
são gastos inicialmente para os primeiros contatos de 
aproximação e a obtenção de um mínimo de empatia 
recíproca médico-paciente. A seguir, mais alguns mi-
nutos são gastos para começar a elaboração mental 
25
de uma hipótese diagnóstica. Uns instantes de con-
versa e vamos iniciar o interrogatório médico propria-
mente dito. 
Vejamos agora a moderna consulta relâmpago: uns 
instantes para um brevíssimo interrogatório, pedido de 
exames e eis que já se acabou o tempo disponível. “O 
próximo”, diria o ator italiano.
Nós sabemos que, particularmente em Gastroentero-
logia, a anamnese é fundamental já que pelo menos 
a metade dos pacientes que procuram o clínico tem 
doenças funcionais e, muitas vezes, componentes fun-
cionais assentados sobre doenças orgânicas (figura 1). 
Nesses casos, é importante ter bem caracterizado que 
a intensidade dos sintomas da doença orgânica pode 
ser agravada pelo distúrbio funcional.
A grande quantidade de exames disponíveis, por outro 
lado, pode levar os menos avisados ou os mais apres-
sados à tendência de conversar menos com o pacien-
te, ou seja, abreviar a anamnese. Assim, outro fator que 
tem eventualmente contribuído para a desumanização 
da profissão não tem a ver com o escasso tempo de 
consulta, mas com uma certa postura laboratorial. 
A depender da disponibilidade local, podem ser reali-
zados exames de ultrassom, tomografia, ressonância, 
endoscopias e exames de sangue para todas as even-
tualidades possíveis, com novos marcadores sain-
do diariamente. Com tudo isso, é possível abreviar a 
consulta: para que serve o exame físico se um vasto 
arsenal de exames pode chegar ao diagnóstico mais 
depressa? Com isso, os exames já não seriam mais 
subsidiários que vêm em apoio, reforço ou confirma-
ção de uma hipótese diagnóstica: seriam efetivamen-
te diagnósticos que dispensam maiores comentários. 
Com esse raciocínio esdrúxulo, não haveria mais por 
que perder tempo com a anamnese quando o diagnós-
tico já vem praticamente pronto com o resultado do 
exame solicitado. 
A ideia faz sentido, principalmente em Medicina Vete-
rinária, mas na Medicina Humana esbarra na relação 
transcendental entre o Médico e seu paciente durante 
a consulta, que necessariamente implica a conversa, a 
troca de sensações, a intimidade e o aspecto psicoe-
mocional que envolve todas as queixas.
É interessante nos darmos conta de como lentamente, 
quase de modo imperceptível, vem mudando a abor-
dagem médica para uma versão piorada da consulta 
médica. Pouca conversa e pouca semiologia, e como 
é que fica a conhecida relação médico-paciente que 
depende da anamnese e do exame físico? Como é que 
fica a relação que inclui contato manual durante o exa-
me físico entre o ser queixoso – que busca a melhoria 
da dor, a cura, ajuda de saúde – e o ser que deve miti-
gar a dor, curar e melhorar a saúde? 
Será que não está na hora de repensar um pouco o 
assunto?
 
Alterações motoras
Es mulos
secundários
mediados pelo
hipotálamo
Sintomas e sinais:
expressão de
distúrbio orgânico
e/ou funcional
Resulta
Dor ou equivalente
Alteração
funcional
Indução de
Alteração
estrutural Figura 1 – As manifestações clínicas digestivas po-
dem se apresentar como consequência de distúrbios 
funcionais isolados ou associadamente aos distúrbios 
orgânicos
Dr. Joaquim Prado P. de Moraes Filho
DISTúrBIOS OrGâNICOS/FuNCIONAIS
26
PerGuntas aO esPeCialista
Dr. Sender,
No tratamento da diverticulite aguda, a utilização de antibióticos é 
sempre obrigatória?
A diverticulite cólica é a mais frequente anormalidade 
encontrada nas colonoscopias. Trata-se de uma defor-
midade anatômica em que mucosa e submucosa her-
niam através da camada muscular da parede do có-
lon. Somente parte dos doentes evolui com sintomas, 
caracterizando a doença diverticular: dor e alteração 
do ritmo intestinal, até complicações como inflamação, 
sangramento ou perfuração. 
A diverticulite aguda (DA) reflete a inflamação de um ou 
mais divertículos, cujo mecanismo se inicia pela obs-
trução do colo diverticular, em geral por fragmento de 
fezes, seguida de isquemia e inflamação. Manifesta-
ções do quadro agudo compreendem dor abdominal, 
em geral restrita à área doente, constipação ou diarreia 
e febre. Ao exame clínico, além da hipersensibilidade 
à palpação do segmento cólico envolvido, é possível 
reconhecer a presença de peritonismo localizado e, 
eventualmente, de massa mal definida, que identifica 
o extravasamento da inflamação para as estruturas 
peridiverticulares, podendo culminar com a formação 
de abscessos. Na perfuração sem nenhum bloqueio, 
costumam estar presentes sinais de peritonite gene-
ralizada e sepse. Complicações crônicas, depoisde 
repetidas crises agudas ou refratárias ao tratamento, 
incluem fístulas e estenoses.
A tomografia computadorizada do abdome é conside-
rada o método diagnóstico mais acurado para confir-
mação e estadiamento da DA. As imagens, combina-
das com os dados clínicos, permitem sua classificação 
em complicada e não complicada, identificando a ex-
tensão e gravidade do processo inflamatório. Leucoci-
tose e elevação da proteína C reativa também ajudam a 
separar os dois formatos da apresentação da doença.
No manuseio terapêutico da DA, há uma tendência 
generalizada entre os gastroenterologistas da prescri-
ção de antibióticos, mesmo nos casos considerados 
não complicados. Um novo conceito de que essa afec-
ção possa ser mais inflamatória que infecciosa tem 
levado a algumas investigações sobre essa conduta, 
ainda rotineira. O advento de resistência aos antimicro-
bianos e o risco e efeitos adversos com sua utilização, 
como o desenvolvimento da infecção pelo Clostridium 
difficile, têm suscitado, já há algum tempo, questio-
namentos sobre a necessidade do seu emprego, seja 
de forma irrestrita ou mesmo seletiva. Algumas publi-
cações de ensaios controlados e randomizados con-
cluem que a terapia com antibióticos não interfere na 
evolução desses casos. Mesmo a inflamação pericóli-
ca ou um pequeno abscesso na parede intestinal ainda 
caracterizam a DA não complicada (categoria 1a. ou 
1b. na classificação modificada de Hinchey).
Recentemente, a Associação Americana de Gastroente-
rologia publicou nova revisão e um guia para abordagem 
de vários dos aspectos relacionados à diverticulite agu-
da, particularmente sobre seu tratamento. Em relação à 
utilização ou não de antibióticos na DA não complicada, 
confirmada pela tomografia, os autores analisam alguns 
poucos trabalhos, que compararam um grupo de doen-
tes tratados convencionalmente com outro que recebeu 
apenas fluidos intravenosos, ou simplesmente obser-
vados, concluindo não ter havido diferenças quanto ao 
tempo para resolução dos sintomas, duração da hospi-
talização, desenvolvimento de quadros graves, indica-
ção de cirurgia ou risco de recorrência. Ressalte-se que 
os doentes participantes dos estudos encontravam-se 
hospitalizados, o que permitiu acompanhamento médi-
co próximo e rigoroso controle de sua evolução. Entre-
tanto, vícios na randomização colocam esses resultados 
como de baixa evidência. 
Ainda que esse novo posicionamento possa ser aceito 
por parte dos especialistas, não deverá ser aplicado em 
todos os doentes, como é o caso dos imunodeprimidos, 
grávidas e aqueles com comorbidades significantes. 
27
PerGuntas aO esPeCialista
Dr. Joffre,
Como identificar e tratar gastroparesia na prática clínica? 
Define-se gastroparesia como uma síndrome asso-
ciada a retardo do esvaziamento gástrico, sem obs-
trução mecânica do tubo digestivo. Várias condições 
clínicas estão associadas à gastroparesia, destacan-
do-se as etiologias mais frequentes: diabética, idiopá-
tica e pós-cirúrgica. 
Na prática clínica, deve-se suspeitar da gastroparesia 
diante de sintomas dispépticos acentuados. Os sinto-
mas que caracterizam a gastroparesia são náuseas, 
vômitos pós-prandiais, saciedade precoce, sensação 
de plenitude na região epigástrica e, mais raramente, 
dor epigástrica. 
A mesma orientação para tratamento antibiótico se es-
tende para as infecções graves, considerando as carac-
terísticas de sua apresentação clínica e laboratorial. 
Na prática, algumas sociedades europeias de Gas-
troenterologia já adotam, em seus consensos, a pro-
posta da não indicação indiscriminada de antibióticos 
em pacientes com diverticulite aguda não complicada 
e sem fatores de risco, recomendando, entretanto, que 
devem ser monitorados com frequência, o que poderá 
determinar mudanças na conduta terapêutica. 
Podemos concluir que mudanças de paradigma sobre 
a terapia antibiótica na diverticulite aguda não com-
plicada requerem, ainda, maior número de trabalhos 
Bibliografia 
• Chabok A et al. Randomized clinical trial of antibiotics in acute uncomplicated diverticulitis. Br 
J Surg 2012; 99(4):532-9.
• De Korte N et al. Mild colonic diverticulitis can be treated without antibiotics. A case-control 
study. Colorectal Dis 2012; 14(3):325-30.
• Juang R et al. Changes in the approach to acute diverticulitis. ANZ J Surg 2015; 85:715-9.
• Stollman N et al. American Gastroenterological Association Institute Technical Guideline on the 
management of acute diverticulitis. Gastroenterology 2015; 149:1944-49.
• Strate LL et al. American Gastroenterological Association Institute Technical Review on the 
management of acute diverticulitis. Gastroenterology 2015; 149:1.050-76.
Dr. Sender Miszputen
com adequada qualidade científica. A questão encon-
tra-se em aberto e, tendo em vista que decisões sobre 
o melhor tratamento serão sempre individualizadas, a 
observação e a medicação apenas sintomática talvez 
venham ser uma boa alternativa para a condução de 
parcela significativa dos doentes com essa manifesta-
ção, desde que respaldada, por segurança, em acom-
panhamento médico próximo. Controle clínico, labora-
torial e de imagem serão reforços indispensáveis.
28
Esses sintomas ocorrem preferencialmente no perío-
do pós-prandial, mas podem estar presentes de modo 
contínuo, com frequência e intensidade variáveis. Por 
vezes, os episódios repetidos e incessantes de vômitos 
levam à necessidade de internação hospitalar. O qua-
dro clínico nas formas graves pode ser incapacitante, 
com queda expressiva da qualidade de vida, com difi-
culdade de manter as atividades diárias. 
A avaliação diagnóstica de um caso suspeito de gas-
troparesia deve se iniciar pela avaliação clínica e labo-
ratorial visando ao diagnóstico e à remoção de causas 
removíveis, como a hiperglicemia, a uremia e distúrbios 
eletrolíticos. A seguir, deve-se procurar afastar causas 
obstrutivas de estase gástrica. Assim, os primeiros 
exames complementares devem ser o estudo radio-
lógico e a avaliação endoscópica. A quantificação do 
esvaziamento gástrico por meio de estudo cintilográfi-
co ou outro método quantitativo é necessária para se 
estabelecer o diagnóstico da gastroparesia. Pode-se 
incluir apenas a medida da retenção da radioatividade 
inicial e em 1h, 2h e 4h após a ingestão de uma refei-
ção padrão. Considera-se o diagnóstico de gastropa-
resia quando há 10% de retenção dessa refeição ao 
final de 4h, e que uma retenção de 60% ao final de 2h 
reforça esse diagnóstico. 
O tratamento da gastroparesia visa corrigir a anorma-
lidade do esvaziamento gástrico, aliviar os sintomas, 
melhorar o estado nutricional e prevenir complicações. 
As medidas terapêuticas a ser empregadas incluem: 
tratamento etiológico específico dirigido à causa da 
gastroparesia; orientação dietética; uso de medica-
mentos gastrocinéticos e antieméticos; instalação de 
suporte nutricional por jejunostomia; injeção de toxi-
na botulínica no piloro; estimulação elétrica gástrica. 
A piloroplastia laparoscópica e a pilorotomia endoscó-
pica peroral vêm sendo propostas mais recentemente. 
A recomendação dietética deve incluir a ingestão de 
refeições de pequenos volumes, a intervalos menores, 
de consistência líquido-pastosa, com baixo teor de 
lipídios e fibras, sem vegetais indigeríveis. Podem-se 
acrescentar suplementos nutricionais líquidos por via 
oral. Em alguns casos de gastroparesia refratária, com 
intolerância à ingestão oral, a instalação de uma jeju-
nostomia é uma opção para suporte nutricional, propi-
ciando uma via adequada para infusão de nutrientes e 
de medicamentos antieméticos; além de haver bene-
fício clínico da descompressão gástrica.O tratamento 
medicamentoso da gastroparesia baseia-se no empre-
go de medicamentos pró-cinéticos, sendo atualmente 
empregados: metoclopramida, bromopida, domperi-
done e eritromicina. 
A estimulação elétrica gástrica tem sido proposta para 
os pacientes que não respondem satisfatoriamente ao 
tratamento farmacológico anteriormente descrito.Tal 
procedimento consiste na implantação de um estimu-
lador elétrico na parede gástrica, cujos eletrodos são 
implantados na parede antral, através de videolapa-
roscopia, e conectados a um estimulador elétrico, que 
é fixado na região subcutânea da parede abdominal. 
Esse sistema ainda não se encontra disponível em nos-
so meio. 
A gastroparesia constitui condição clínica crônica e, 
por vezes, debilitante, para a qual os recursos farmaco-
lógicos, cirúrgicos ou por estimulação elétrica disponí-
veis atualmente não são muitas vezes eficazes. Assim, 
a gastroparesia continua representando um desafio ao 
gastroenterologista.
Dr. Joffre Rezende Filho
29
Dr. Laercio,
Quais são as evidências de transmissão do H. pylori pela saliva? 
O Helicobacter pylori (H. pylori) tem sido encontrado, 
fora do estômago, no esôfago distal, no cólon, no duo-
deno proximal, na cavidade oral (incluindo as amígda-
las palatinas) e no tecido adenoide. Que importância 
tem cada um desses nichos, ainda não foi determina-
do. Nas últimas duas décadas, no entanto, têm surgi-
do várias publicações que avaliam a presença do H. 
pylori na cavidade oral e seu papel na epidemiologia 
desse micro-organismo. A produção de evidências 
científicas comprovando a cavidade oral como nicho 
do H. pylori poderia mudar alguns conceitos relativos 
ao seu diagnóstico e tratamento. Atualmente, no en-
tanto, o assunto é controverso, não havendo conclu-
são definitiva. Yee(1), em artigo de revisão publicado 
em janeiro de 2016, apresenta evidências que, na sua 
interpretação, sugerem ser a cavidade oral um segun-
do nicho da infecção pelo H. pylori, que poderia ter 
papel significativo no seu diagnóstico, transmissão e 
tratamento, enfatizando a importância do tratamento 
da infecção oral pelo H. pylori na redução da taxa de 
recorrência. Quem primeiro tentou avaliar a influência 
do H. pylori na cavidade oral na taxa de recorrência 
após tratamento foi Miyabayashi et al.(2), que encontra-
ram taxas significativamente menores de erradicação 
do H. pylori gástrico nos portadores de infecção oral 
por esse micro-organismo, além de determinarem que 
as drogas recomendadas para erradicação do H. pylori 
no estômago pareciam não ter efeito no H. pylori da 
cavidade oral. Por outro lado, no entanto, há autores 
que afirmam que a cavidade oral não é um reservatório 
do H. pylori(3,4). 
Recentemente, Ren et al.(5) publicaram metanálise 
de estudos randomizados e controlados (RCTs), 
com o objetivo de comparar os efeitos do tratamen-
to convencional do H. pylori gástrico com e sem o 
tratamento periodôntico do micro-organismo e a 
PerGuntas aO esPeCialista
H. pylori
30
Dr. Laercio Tenório
taxa de recorrência da infecção nos dois grupos. O 
estudo incluiu sete pequenos RCTs6-12, envolven-
do 691 pacientes com idades entre 17 e 78 anos. 
Seis deles avaliaram os efeitos do tratamento pe-
riodôntico associado ao tratamento de erradicação 
do H. pylori gástrico e três avaliaram o papel do 
tratamento periodôntico na taxa de recorrência da 
infecção. Os tratamentos periodônticos sugeridos 
são: orientação quanto à higiene oral, escovação 
dos dentes, bochechos com ou sem agentes espe-
ciais e controle da placa dentária (debridamento ul-
trassônico ou curetagem subgengival). Nessa meta-
nálise, a taxa de erradicação no grupo submetido a 
tratamento de erradicação associado a tratamento 
periodôntico foi de 75,5%, enquanto foi de 60,0% 
no grupo submetido unicamente ao tratamento de 
erradicação (p < 0,0001). Os três trabalhos que 
avaliaram a taxa de recorrência após erradicação 
confirmada da infecção gástrica pelo H. pylori, in-
cluíram 299 participantes. Destes, a erradicação foi 
confirmada em 272 (90,9%) através de testes respi-
ratórios com C13 ou C14, um mês após o tratamen-
to. A taxa de não recorrência após seis e 12 meses 
foi significativamente maior nos participantes que 
foram submetidos a tratamento adjuvante perio-
dôntico quando comparados com aqueles que ape-
nas utilizaram o tratamento de erradicação conven-
cional (P < 0,00001). Ren et al. consideraram o nível 
de evidência baixo devido a possíveis imprecisões 
e riscos de viés. Outra característica avaliada foi a 
influência do tempo de tratamento periodôntico na 
taxa de recorrência do H. pylori. Em dois estudos, 
nos quais o tratamento periodôntico foi aplicado 
durante o mesmo período do tratamento de erradi-
cação, a taxa de erradicação, quando comparada 
com o grupo controle, foi significativa (P < 0,02). Em 
outros quatro estudos, o tratamento periodôntico 
foi mantido além do período de tratamento de erra-
dicação, até o momento da confirmação da mesma 
(um mês), o que aumentou a significância estatísti-
ca entre os dois grupos (P < 001).
referências
1. Yee JKC. Helicobacter pylori colonization of the oral cavity: a milestone discovery. World J Gastroenterol. 2016; 22(2):641-8.
2. Miyabayashi H, Furihata K, Shimizu T, Ueno I, Akamatsu T. Influence of oral Helicobacter pylori on the success of 
eradication therapy against gastric Helicobacter pylori. Helicobacter 2000; 5(1):30-7.
3. Olivier BJ, Bond RP, Van Zyl WB, Delport M, Slavik T, Ziady C, et al. Absence of Helicobacter pylori within the oral cavities of 
members of a healthy South African community. Journal of Clinical Microbiology 2006;44(2):635-6.
4. Silva Rossi-Aguiar VP, Navarro-Rodriguez T, Mattar R, Siqueira de Melo Peres MP, Correa Barbuti R, Silva FM, et al. Oral 
cavity is not a reservoir for Helicobacter pylori in infected patients with functional dyspepsia. Oral Microbiology and 
Immunology 2009; 24(3):255-9.
5. Ren Q, Yan X, Zhou YN, Li WX. Periodontal therapy as adjunctive treatment for gastric Helicobacter pylori infection. 
Cochrane Database of Systematic Reviews 2016. Issue 2. Art. n.: CD009477. DOI: 10.1002/14651858.CD009477.pub2.
Os resultados dessa metanálise levaram os autores a sugerir que o 
tratamento periodôntico é benéfico para o tratamento do H. pylori 
gástrico, assim como na redução da taxa de recorrência. Enfatizam, 
no entanto, que a qualidade metodológica dos RCTs utilizados deixa 
dúvidas sobre essas conclusões, havendo necessidade de estudos 
de melhor qualidade, de forma a se obterem evidências claras e con-
fiáveis que permitam recomendar o uso do tratamento periodôntico 
para os pacientes com infecção gástrica pelo H. pylori.
31
nOtíCias FBG
Papel dos testes de detecção de IgG no 
diagnóstico de alergias alimentares 
 Posicionamento da Federação Brasileira de Gastroenterologia, do Grupo 
de Alergia Alimentar da ASBAI e do Departamento de Gastroenterologia 
Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria.
As alergias alimentares compreendem uma ampla gama de sinais e 
sintomas consequentes a uma resposta anômala do sistema imuno-
lógico frente a proteínas alimentares. O escopo clínico é individual e 
variável e está diretamente relacionado ao mecanismo imunológico 
envolvido, em que a presença de imunoglobulinas específicas (IgE) 
e linfócitos T responde por praticamente a totalidade das reações.
De acordo com os recentes consensos para diagnóstico e trata-
mento das alergias alimentares, as demais imunoglobulinas (IgG, 
IgA e IgM) não devem ser responsabilizadas pelo desencadeamen-
to de reações de hipersensibilidade a alimentos, de acordo com o 
estatuto copiado na íntegra: “Summary Statement 9: Manage non-
-IgE-mediated reactions to foods with appropriate avoidance and 
pharmacotherapy as indicated with the understanding that the spe-
cific role of immunity (eg, IgA, IgM, IgG, and IgG subclasses) in these 
forms of food allergy has not been demonstrated. [Strength of re-
commendation: Strong; B Evidence]” (página 1.022 – Sampson HA, 
Aceves S, Bock SA, James J, Jones S, Lang D et al. Food allergy: 
a practice parameter update-2014. J Allergy Clin Immunol. 2014; 
Nov;134(5):1016-25.e43).
Dessa forma, a utilização de métodos diagnósticos que utilizem 
a mensuração de IgG contra proteínas alimentares não apresenta 
respaldo científico, como especificadono estatuto 34 do mesmo 
artigo: “Summary Statement 34: Unproved tests, including allergen 
specific IgG measurement, cytotoxicity assays, applied kinesiology, 
provocation neutralization, and hair analysis, should not be used for 
the evaluation of food allergy. [Strength of recommendation: Strong; 
C Evidence]”. 
Os resultados positivos não devem ser interpretados como indício 
de alergia e, consequentemente, não se podem estabelecer dietas 
restritivas de qualquer alimento com base nesse tipo de teste.
Profª Renata Rodrigues Cocco 
Coordenadora do Grupo de Assessoria em 
Alergia Alimentar da ASBAI
Dr. José Carlos Perini 
Presidente da Associação Brasileira de Alergia 
e Imunologia
Dra. Cristina Targa Ferreira 
Presidente do Departamento Brasileiro de 
Gastroenterologia Pediátrica da SBP
Dra. Maria do Carmo Friche Passos 
Presidente da Federação Brasileira 
Gastroenterologia
32
Max J. Schmulson 
Professor da Faculdade de Medicina da 
Universidade Nacional Autonoma do Mé-
xico (UNAM) e no Consenso de Roma IV 
é coordenador do Grupo Multinational 
Committee e membro do International Liaison Committee. 
Fermin Mearin 
Diretor do Instituto de Transtornos Fun-
cionais e Motores Digestivos, Centro 
Médico Teknon, em Barcelona. No Con-
senso de Roma IV é membro do Rome 
Severity Committee Report. 
Não podemos deixar de destacar os nossos convida-
dos nacionais, que da mesma forma abrilhantarão o 
evento com importantes palestras e conferências. São 
professores de todos os cantos do país e que repre-
sentam a excelência da Gastroenterologia nacional. 
Congresso de 
Doenças Funcionais
Professores internacionais confirmados
Douglas Drossman 
Presidente da Fundação Roma e coor-
denador do Consenso Roma IV, funda-
dor do centro Drossman Care em Cha-
ppel Hill, Carolina do Norte, e professor 
adjunto na Universidade de Medicina da Carolina do 
Norte. No Consenso de Roma IV é também o coorde-
nador do Grupo Rome Severity Commitee Report.
Carolina Olano
Professora assistente em Gastroentero-
logia, médica da equipe do Prof. Henry 
Cohen, formada pela Universidad de la 
República, em Montevideu, no Uruguai. 
Participa do International Liaison Committee no Con-
senso de Roma IV. 
William D. Chey 
Professor da Universidade de Michigan, 
diretor do Laboratório de Gastroentero-
logia, em Dallas. No Consenso Roma IV 
é coordenador do Grupo Food and Diet 
Committee e membro do Outcomes/Endpoints in IBS.
Importantes palestrantes estrangeiros já estão confirmados para o II Congresso de Doenças 
Funcionais do Aparelho Digestivo e I Simpósio Brasileiro de Microbiota, em Gramado, de 28 a 
31 de julho. Todos eles são membros efetivos do Consenso de roma IV. 
Acesse o site do Congresso e tenha acesso à programação completa e a todos os detalhes do even-
to e da cidade de Gramado: http://www.doencasfuncionais2016.com.br/
Caso você ainda não tenha se inscrito no congresso, não perca a oportunidade de fazê-lo até o dia 
11 de julho com desconto! Todas as informações, instruções e ficha de inscrição podem ser aces-
sadas no site do congresso.
Esperamos por você!!!
Ainda não se inscreveu? 
Inscreva-se agora mesmo! 
33
nOtíCias FBG
Aprovados na prova de Título de Especialista – Categoria Especial
A Comissão de Título de Especialista da FBG divulga a lista dos apro-
vados na prova Categoria Especial realizada no dia 9 de abril em São 
Paulo. Os candidatos aprovados foram avisados oficialmente pela 
FBG através de uma carta registrada e receberam uma declaração da 
federação informando sobre a condição de sócio titular e as norma-
tivas da AMB para aquisição do certificado do título de especialista. 
Dr. Joffre Rezende Filho, presidente da comissão, parabeniza todos 
os aprovados. “Em nome da CTEG e da diretoria da FBG, gostaria de 
felicitar a todos pelo excelente nível de qualificação na especialidade. 
Parabéns por essa importante conquista”, diz. 
Até o fechamento desta edição, já estavam confirmados mais de 40 
pessoas para a segunda prova, realizada durante o congresso Norte-
Nordeste de Gastroenterologia, no dia 18 de junho.
PróxIMA PrOVA: 
Já está disponível no site da FBG (www.fbg.org.br) o edital para a 
próxima prova para obtenção de Título de Especialista em Gastroen-
terologia. O exame acontecerá durante a xV SBAD – Semana Brasi-
leira do Aparelho Digestivo, no dia 2 de novembro. As inscrições vão 
até o dia 2 de outubro. Confira o edital completo no site da federação. 
Aprovados: 
• Alexandre Campos Costa
• Antonio Levi Afonso Hirt
• Claudio Ferreira de Mendonça
• Delcio de Campos Garcia Junior
• Eviwalton Placido Costa
• Fabio Mauricio rodrigues Lessa
• Francisco Antonio Araujo Oliveira
• Francisco Carlos Silva Santana
• Gil da Costa Gomes
• Gilberto Carlos Lopes
• Joaquim Pozzobon Souza
• José Carlos Bianchini
• Kátia Cristina de Oliveira Santos
• Liliana Andrade Chebli
• Luciano Falcão Carneiro
• Luiz Eduardo Cheida
• Mara de Andrade
• regina Fatima Freire Quintaes
• Valtemir Bernardes da Costa
• Walter Luiz de Oliveira
A FBG, seguindo o calendário mundial de ações educativas da World Gastroenteroloy Organisation (WGO), 
mobilizou-se para o Dia Mundial da Saúde Digestiva, celebrado em 29 de maio, com o tema “A dieta e a 
Gastroenterologia: o papel da dieta em doenças gastrointestinais, intolerância alimentar em adultos e 
crianças e como promover a saúde digestiva”. 
FBG lança cartilha de orientação para celebrar o 
Dia Mundial da Saúde Digestiva
Material foi enviado a todos os associados e está disponível no site da FBG
Dessa forma, a FBG lançou uma cartilha para a população que está disponi-
bilizada no site www.fbg.org.br com importantes informações sobre as dietas, 
sintomas e tratamentos de doenças como: síndrome do intestino irritável (SII), 
doença celíaca, constipação intestinal, dispepsia funcional, flatulência, intole-
rância à lactose e à frutose e doenças do esôfago. Segundo a Dra. Maria do 
Carmo Friche Passos, presidente da FBG, o objetivo é sensibilizar e orientar 
a população sobre a importância da implementação de uma correta alimenta-
ção, além da adoção de um estilo de vida saudável. “A alimentação correta, 
saudável e equilibrada e com suficiente aporte de calorias e nutrientes é es-
sencial para o bem-estar e a qualidade de vida. Principalmente quando certas 
condições exigem uma dieta mais específica”, diz ela.
A Dra. Maria do Carmo também acredita que é preciso unir esforços para 
promover estilos de vida saudáveis, com respeito, inclusive, às dimensões 
culturais e regionais. “Parcerias entre o setor público e privado são necessá-
rias. Campanhas de educação alimentar devem corresponder a uma atitude 
de responsabilidade social. Por isso, através dessa importante ação, preten-
demos orientar sobre os principais cuidados com a alimentação”, finaliza. 
O importante 
papel das dietas 
para a saúde 
digestiva
34
Nos dias 6 e 7 de maio, a Gastroliga da Universidade Federal de 
Uberlândia (UFU) organizou sua primeira jornada de Gastroentero-
logia. O evento contou com a participação de 200 inscritos entre 
alunos do curso de Medicina, Nutrição, médicos residentes e gas-
troenterologistas. O tema central abordado foi o “Diagnóstico pre-
coce e prevenção das doenças em Gastroenterologia”. 
Inscreva-se com desconto na XV SBAD 
Faça a sua inscrição até o dia 15 de agosto e aproveite o desconto 
Não perca a oportunidade de se inscrever com desconto na xV Semana Brasileira do Aparelho Diges-
tivo (SBAD), que acontecerá de 29 de outubro a 2 de novembro. As inscrições podem ser feitas no site: 
www.sbad2016.com.br. 
Os associados da FBG, SOBED e CBCD que fizerem suas inscrições até o dia 18 de agosto pagarão 
r$ 780. No local, o valor das inscrições será de r$ 1.000. Não perca a oportunidade! 
Faça agora mesmo a sua inscrição e garanta presença nesse evento que trará diversas novidades para 
o gastroenterologista brasileiro. Programe-se e participe da xV Semana Brasileira do Aparelho Digestivo.
I Jornada de Gastroenterologia daUniversidade Federal de Uberlândia
35
nOtíCias FBG
Inovação auxilia no 
tratamento da hepatite C 
Aplicativo orienta e facilita o tratamento 
da Hepatite C 
A Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), em parceria com a Sociedade 
Brasileira de Hepatologia e Sociedade Brasileira de Infectologia, acabou de lançar o 
aplicativo Trat-C, com o objetivo de orientar os médicos na escolha do melhor trata-
mento disponível no Brasil para a hepatite C. 
Segundo o Dr. Sérgio Pessoa, gastroenterologista, hepatologista e um dos desen-
volvedores do aplicativo, a hepatite C é uma doença de impacto global e, no Brasil, 
cerca de 1,5% a 2,0% da população está infectada. “Se não adotarmos estratégias 
que visem otimizar o número de pacientes tratados, em 2030 poderemos ter, poten-
cialmente, 3 mil indivíduos listados para o transplante hepático, 50 mil com cirrose 
descompensada e 60 mil com carcinoma hepatocelular”, explica. 
Desde 2013, novas drogas foram lançadas provocando uma revolução no tratamento 
da doença, com erradicação definitiva em mais de 90% dos casos com apenas 90 dias 
de tratamento. Em 2015, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer três des-
sas drogas (Sofusbovir, Simeprevir e Daclatasvir), permitindo o acesso de brasileiros à 
moderna terapia. “Com esse aplicativo, o nosso objetivo é orientar os gastroenterolo-
gistas, infectologistas e clínicos sobre a escolha quanto ao melhor tratamento disponí-
vel no Brasil para portadores de hepatite C”, acrescenta Sérgio. 
A sugestão do tratamento adequado é baseada no Protocolo Clínico e Diretrizes Tera-
Dr. Sérgio Pessoa 
apresenta o aplicativo, 
Trat-C
pêuticas para Hepatite C e Coinfecções, do Ministério da Saúde, de 2015. O Trat-C analisa as várias características 
do paciente portador de hepatite C escolhidas pelo médico, através de cliques únicos e em telas sequenciais. Ele 
faz o cruzamento das informações e aponta, de imediato, o melhor esquema terapêutico para cada caso.
Para a Dra. Maria do Carmo Friche Passos, presidente da FBG, a atuação e o envolvimento do médico gastroen-
terologista Sérgio Pessoa, que é também membro do FAPEGE e da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), 
foram fundamentais na criação dessa importante ferramenta para os gastroenterologistas. “Só temos a agrade-
cer pelo seu envolvimento e dedicação”, diz ela.
O Dr. Sérgio Pessoa finaliza orientando que o aplicativo está disponível gratuitamente nas versões IOS e Android, e 
acrescenta que “ele certamente será uma ferramenta que muito auxiliará os médicos que pretendem tratar a hepatite C”. 
Iniciada no mês de março, a campanha itinerante Brasil sem Parasitose já 
visitou as cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Aracaju, Maceió, 
Recife e Natal até o fechamento desta edição. Foram realizados atendimen-
tos médicos gratuitos e levadas informações às pessoas sobre a necessida-
de de prevenir e tratar doenças provocadas por vermes e outros parasitas. 
O Dr. James Marinho, vice-presidente da FBG e coordenador da campa-
nha, explica que mais de um terço da população brasileira sofre com al-
guma parasitose. Entre as crianças, a prevalência é de 55% no país. “Por 
isso, é fundamental orientar sobre ter uma boa higiene pessoal, tomar 
banho, andar calçado e lavar as mãos frequentemente. Quando a pes-
soa não tem água de boa qualidade, precisa ferver, adicionar hipoclorito 
naquela água (três gotas por litro) e esperar uma hora para poder beber. 
Além disso, ter cuidado com os alimentos”, disse ele. A campanha ainda 
passará pelas cidades de Fortaleza, São Luís, Brasília e Belo Horizonte. 
Movimento Brasil sem Parasitose já atendeu sete cidades 
brasileiras 
36
Encante-se por Gramado
Localizada nas Serras Gaúchas, a cidade é um dos destinos 
favoritos dos brasileiros durante o inverno 
TURISMO
Aproveite o II Congresso Brasileiro de Doenças Fun-
cionais, que será realizado entre 28 e 31 de julho na 
cidade de Gramado, para desfrutar os encantos dessa 
cidade cenográfica com estilo europeu. Todos os anos, 
a região atrai milhares de turistas, principalmente no 
inverno, devido a sua arquitetura charmosa, à culinária 
e paisagens de tirar o fôlego.
Com uma boa estrutura de hotéis, além de variadas 
opções de passeios que atendem de casais apaixo-
nados até famílias inteiras, Gramado oferece a maior 
infraestrutura turística do Rio Grande do Sul. Com 35 
mil habitantes, a cidade teve colonização europeia ini-
ciada por imigrantes lusos, seguida pelos alemães e 
italianos. Além das tradições culturais dos descenden-
tes europeus, também possui aspectos do gauchismo. 
Essas tradições podem ser percebidas na culinária, 
com os famosos cafés coloniais, vinhos e chocolates, 
e na arquitetura. 
Para ajudar os congressistas a conhecer as delícias 
de Gramado, a Revista FBG selecionou alguns pontos 
turísticos indicados pela Secretaria de Turismo local. 
Confira: 
Fonte do Amor Eterno 
Localizada ao lado da Igreja Matriz São 
Pedro, a fonte encanta visitantes. A ideia é 
que você pendure um cadeado declaran-
do todo o seu amor – por alguém, a Gra-
mado ou qualquer coisa: a escolha é sua. 
Endereço: Av. Borges de Medeiros, 2.659. 
Rota do Chocolate
A cidade de Gramado é famosa por seu chocolate. A região abriga diversas fábricas e empresas espe-
cializadas em chocolates artesanais. Destaque para a Chocolates Prawer, Florybal – loja temática, Cho-
colates Lugano, Chocolataria Gramado, Chocolate Caseiro Canto Doce e Chocolate Caseiro Planalto.
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Conheça mais sobre a cidade e confira outras imperdíveis dicas de 
passeios no site: www.gramado.rs.gov.br/turismo. 
Passeio Padroeiro São Pedro
Igreja do Relógio (Templo Apóstolo Paulo). A igreja foi inaugurada em 5 de fevereiro de 1961 e é dedica-
da ao apóstolo Paulo, seguidor de Cristo. Seu relógio faz parte do dia a dia da cidade e sua localização, 
sobre um buquê de hortênsias, é um dos cartões-postais de Gramado.
Praça do Moinho 
A Praça do Moinho reúne lojas e gastro-
nomia. Sem falar nas duas araucárias que 
ficam na calçada fornecendo uma sombra 
gostosa sob a qual sentar e descansar. 
Mesinhas com cadeiras e bancos estão 
espalhados pela praça, à disposição para 
quem quiser fazer uma pausa no passeio.
Belvedere – Vale do Quilombo
Nesse mirante, uma bela paisagem se descortina diante dos olhos do espectador, mostrando quanto 
Gramado é privilegiada e dotada pela natureza. Diante desse espetáculo de diversos tons de verde, os 
850 m de altitude parecem uma oração de amor e suavidade, onde o ser humano se integra à Criação.
Rua Coberta 
Cenário de eventos e apresentações, a 
Rua Coberta, que liga a Av. Borges de Me-
deiros à Rua Garibaldi, é uma ótima alter-
nativa de compras e gastronomia para o 
turista, principalmente em dias de chuva.
Feira de Produtos Coloniais
Uma feira da Cooperativa dos Trabalhadores Rurais acontece todo sábado pela manhã, onde podem-se 
adquirir produtos coloniais diretamente dos produtores. Endereço: Rua Senador Salgado Filho. Horário: 
sábados, das 7h às 10h.
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MINAS GERAIS
Os versos acima são da música “Para Lennon e Mc-
Cartney”, composta pelos mineiros Fernando Brant, 
Márcio Borges e Lô Borges, e maravilhosamente in-
terpretada pelo também mineiro Milton Nascimento.
E essa é apenas uma das joias raras desse estado 
que, além das inúmeras preciosidades, é considera-
do também o mais hospitaleiro do Brasil.
Em homenagem a Minas Gerais, onde neste ano 
será realizada a SBAD, em sua capital, Belo Horizon-
te, todas as edições de nossa revista trarão matéria 
na seção Variedades sobre esse estado tão pródigo 
em belezas – tanto as naturais como as criadas, de-
senvolvidas e produzidas por seu povo.
Na primeira edição do ano, publicamos matéria so-
bre o Instituto Inhotim, localizado no município de 
Brumadinho, sede de um dos maisimportantes acer-
vos de arte contemporânea do Brasil e considerado 
o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. 
Outros destaques de Minas Gerais continuam por 
aqui na Revista FBG. Não percam!
Mineiro de Itabira, Carlos Drummond de Andrade
dispensa apresentações!
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, 
protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde? 
39
variedades
O Movimento CLUBE DA ESqUINA
Jovens músicos mineiros + influências do rock, bossa nova e do 
jazz. Essa foi a receita para que o Clube da Esquina se formasse. 
Um movimento musical iniciado na década de 1960 em Belo 
Horizonte, Minas Gerais. Formado por Milton Nascimento, Lô 
Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Márcio Borges, Ronaldo 
Bastos, Fernando Brant, Wagner Tiso, entre outros, o grupo tor-
nou-se referência na música popular brasileira. 
Tudo começou em 1963, quando Milton Nascimento tinha aca-
bado de chegar de Três Pontas para morar em uma pensão na 
Avenida Amazonas, no centro de Belo Horizonte. Lá, ele conhe-
ceu os irmãos Borges, que viviam em um outro apartamento no 
mesmo prédio. A amizade com os irmãos começou com o mais 
velho deles (Marilton), mas logo já fazia amizade com o peque-
no Lô (de apenas 10 anos) e Márcio. 
Das reuniões despretensiosas entre amigos, foi sendo criado o 
Clube da Esquina. A cada encontro surgia mais um amigo para tocar, e a mistura de elementos da bossa 
nova, jazz, rock e das músicas que eram cantadas pelos negros que trabalhavam nas minas de ouro, foi 
ganhando forma e força para despontar o talento de seus integrantes. 
O nome veio naturalmente e por ideia de Márcio Borges, que estava acostumado a ouvir a sua mãe, quando 
questionada sobre o paradeiro dos filhos, responder: “Estão lá na esquina tocando violão e cantando”. Com 
todos de comum acordo, nascia oficialmente o Clube da Esquina. 
A consolidação e o reconhecimento 
Foi em 1967, na final do II Festival Internacional da Canção Po-
pular, no Rio de Janeiro, que Milton teve a sua carreira impul-
sionada. Ele foi premiado como melhor intérprete e ganhou o 
segundo lugar com “Travessia” (sua primeira parceria com Fer-
nando Brant). Desde então, ele e seus companheiros do Clube 
da Esquina foram criando identidade para trilhar um caminho 
sonoro totalmente próprio, autêntico e independente do passa-
do da música brasileira. 
Em 1972, Milton e Lô Borges (então com 17 anos de idade) en-
traram nos estúdios EMI para gravar o primeiro Clube da Esqui-
na. O álbum tinha na capa apenas a foto de dois meninos (um 
preto e um branco), na beira de uma estrada em Nova Friburgo, 
e apresentou ao país a alquimia sonora gestada por aquele gru-
po de mineiros. Agregaram-se ainda o letrista Ronaldo Bastos e 
o grupo Som Imaginário (de Wagner Tiso). Bossa nova, Beatles, 
toadas, congadas, choro, jazz, folias de reis e rock progressivo: 
tudo reunido numa música original, de apelo universal e grande 
força poética. 
Capa do primeiro álbum do Clube da Esquina, 1972
Integrantes do Clube da Esquina acompanhados 
por um de seus grandes admiradores, o Ex-Presi-
dente do Brasil, Juscelino Kubtischek (ao centro, de 
terno). 1971- Diamantina, MG
40
Canções como “O trem azul” (de Lô e Ronaldo, regrava-
da por Tom Jobim em seu último disco, Antônio Brasileiro), 
“Tudo o que você podia ser” (Lô e Márcio), “Nada será como 
antes” e “Cais” (ambas de Milton e Ronaldo) representam o 
marco zero para aquele que foi o primeiro movimento mu-
sical brasileiro de importância depois da Tropicália.
Com o tempo, cada um dos integrantes seguiu o seu 
caminho, lançando os próprios discos. Beto Guedes 
rachou um LP com Novelli, Danilo Caymmi e Toninho 
Horta e, em seguida, fez A página do relâmpago elétri-
co e Amor de índio. Lô Borges gravou os elogiados Lô 
Borges e Via Láctea. Flávio Venturini foi para O Terço, 
banda que lançou discos mais voltados para o rock 
progressivo. Wagner Tiso, por sua vez, partiu para car-
reira solo instrumental e Tavito lançou-se como can-
tor e compositor. Em 1978, Milton Nascimento gravou 
o disco duplo Clube da Esquina 2, reunindo a velha 
turma e alguns novos integrantes. Nesse trabalho, en-
traram músicas como “Nascente” (Flávio Venturini e 
Murilo Antunes), “Maria, Maria” (Milton Nascimento e 
Fernando Brant), “Tanto” (Beto Guedes e Ronaldo Bas-
tos), “Pão e água” (Lô Borges, Márcio Borges e Roger 
Motta), “Olho d’água” (Paulo Jobim e Ronaldo Bastos) 
e “Mistérios” (Joyce e Maurício Maestro).
TRAVESSIA
Milton Nascimento e Fernando Brant
Quando você foi embora fez-se noite em meu viver 
Forte eu sou, mas não tem jeito 
Hoje eu tenho que chorar 
Minha casa não é minha e nem é meu este lugar 
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar 
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar 
Sonho feito de brisa, vento vem terminar 
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você 
Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver 
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer 
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Solto a voz nas estradas, já não quero parar 
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar 
Sonho feito de brisa, vento vem terminar 
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você 
Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver 
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer 
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
O Clube da Esquina em livro 
Em 1996, Márcio Borges lançou o livro Os sonhos não envelhecem – histórias do 
Clube da Esquina. Em suas páginas, é possível acompanhar a história do país 
naqueles anos, a partir das lembranças dos meninos que um dia se encantaram 
com a música. 
41
variedades
CRÔNICA
O seminarista
Nasci em uma pequena cidade do interior de Alagoas, 
Palmeira dos Índios, encravada no agreste do estado. 
Minha casa situava-se em frente a uma grande praça, a 
Praça das Casuarinas, aonde ia, com frequência, brin-
car com amigos das vizinhanças. A casa era enorme, 
cercada por varandas, com seis quartos e um grande 
quintal. Fui o nono filho dos 11 paridos naquela casa, 
todos nascidos de parto normal, acompanhados pela 
parteira da cidade. Três morreram ainda muito peque-
nos, de forma que restaram oito vivos, sete mulheres e 
eu. Desde o Jardim de Infância estudei em colégios re-
ligiosos, o que pode ter sido o motivo para que aos 11 
anos de idade resolvesse ir estudar em um Seminário, 
pensando em seguir a carreira religiosa. Aproximada-
mente no mês de fevereiro de 1965, me despedi da fa-
mília e me encaminhei, sozinho, para o ônibus que me 
levaria a Paudalho, município do interior de Pernam-
buco, onde se localizava o Seminário. A despedida foi 
extremamente alegre, com meus pais, minhas irmãs e 
nossa empregada doméstica, considerada como parte 
da família, na grade que separava os jardins da frente 
de casa da calçada, acenando para mim. A única que 
pareceu sentir minha partida foi a nossa empregada, 
que choravaenquanto me via partir.
Fui recebido no Seminário por padres responsáveis 
pela instituição, criada no início do século XX para a 
formação do clero. A maioria dos padres era de nacio-
nalidade holandesa. O Seminário tinha uma estrutura 
enorme, com uma grande construção que incluía dois 
grandes quartos, com 50 camas cada, vários banheiros 
anexos, uma grande capela, pequenas capelas secun-
dárias, salas de aula, salas de leitura, enfermaria, refei-
tório para 100 pessoas, salões para jogos, área para 
jogos de campo e uma área reservada para as freiras, 
que eram responsáveis por preparar a alimentação 
para todos e lavar nossas roupas. Situava-se dentro de 
uma grande fazenda, parte da sua estrutura, onde havia 
plantações de cana, jaca, manga e laranja, além de um 
grande açude, dois galpões para criação de frangos de 
corte e um apiário com 110 colmeias de abelhas-ita-
lianas. Logo fui orientado sobre as regras que deveria 
seguir, todas com horários rigidamente definidos: hora 
para acordar, rezar, comer, brincar, estudar, trabalhar e 
dormir. Fui encaminhado para o quarto onde ficavam 
os menores de 12 anos, acomodando meus parcos 
pertences em um pequeno armário individual. No dia 
seguinte à minha chegada, fomos convocados para 
uma reunião na qual foi detalhado o funcionamento da 
instituição e fomos, imediatamente, designados para 
uma das atividades laborais: distribuição de roupas, 
limpeza das áreas comuns, como sacristão, lavador de 
pratos, agricultor, avicultor e apicultor, entre outras. To-
dos, sem exceção, trabalhamos em cada uma dessas 
atividades, em sistema de rodízio, sem nenhum ques-
tionamento. Posso dizer que entre todos os trabalhos, 
o que mais me agradou foi o de apicultor, função que 
exerci durante dois anos. 
Acordávamos às 5 horas para que houvesse tempo 
para todos estarem prontos para assistir à missa das 6 
horas. Após a missa, tomávamos o café da manhã e, 
em seguida, nos dirigíamos para a área de lazer, onde 
dispúnhamos de um grande número de opções de jo-
gos: dama, xadrez, pingue-pongue, sinuca e bilhar, en-
tre outros. Podíamos, também, participar de esportes 
Seminário 
Paudalho – PE
42
de campo como futebol, voleibol ou espiribol. Tínha-
mos aulas durante todo o período da manhã, até as 12 
horas, após o que seguíamos para o refeitório, para o 
almoço. Após este, tínhamos direito a mais um perío-
do de lazer, que se estendia até as 14 horas, quando 
então íamos para as salas de aula, onde ficávamos es-
tudando durante uma hora. Os menores de 12 anos 
eram “vigiados” por um padre, para garantir sua con-
centração nos livros, enquanto os “maiores” eram obri-
gados apenas a permanecer na sala, sem fiscalização. 
Às 15 horas nos dirigíamos para os locais de trabalho, 
cada um exercendo a função para a qual havia sido 
designado. Às 18 horas, todos já devidamente assea-
dos, íamos jantar, após o que podíamos nos divertir 
até as 20 horas, quando seguíamos para o dormitório. 
Passei vexame nos primeiros dias no Seminário, uma 
vez que ainda fazia xixi na cama. Na primeira vez, vi 
meu colchão ser colocado no corredor de acesso ao 
dormitório, em pé, encostado na parede, para todos 
verem. O fato aconteceu mais uma vez e, novamente, 
meu colchão foi exposto. Foi o melhor remédio para 
minha enurese noturna. Nunca mais isso aconteceu.
Quando as atividades escolares começaram, eu, que 
cursava o 2º ano ginasial, descobri que além das ma-
térias habituais, fazia parte do currículo o aprendiza-
do de línguas: Francês, Inglês e Latim. As aulas eram 
ministradas pelos próprios padres. Um deles, que era 
também o capataz da fazenda e andava com um re-
vólver na cintura, não permitia distrações durante a 
aula, jogando o apagador contra aquele que estava, na 
sua interpretação, desatento aos seus ensinamentos. 
O período letivo compreendia os meses de fevereiro a 
junho e de agosto a novembro. Nos intervalos, todos 
retornavam para suas casas, onde passavam as férias. 
Durante nosso tempo no Seminário, éramos, com fre-
quência, solicitados a ir para os povoados e fazendas 
das vizinhanças ensinar o catecismo para as crianças.
Entre os padres holandeses, havia um que era res-
ponsável pela enfermaria, cuidando dos doentes que 
às vezes precisavam ficar internados, como fiquei por 
uma semana, com um quadro infeccioso, que foi tra-
tado com uma injeção de Benzetacil por dia. O padre 
também era responsável por dar uma aula de “sexo-
logia” a cada seminarista, ensinando a anatomia dos 
órgãos sexuais masculino e feminino, e como ocorriam 
a relação sexual e a gravidez.
Outra curiosidade do Seminário era que ninguém dis-
punha de dinheiro. Quando nos interessávamos por 
algum objeto de um colega, sua aquisição era feita na 
base do escambo, quase sempre por troca de parte 
das refeições durante um determinado período de tem-
po. Por falar em refeições, nossos alimentos eram for-
necidos pelo programa norte-americano “Aliança para 
o Progresso” e, geralmente, estavam velhos, prova-
velmente, pelas regras de hoje, vencidos. Quando nos 
serviam munguzá, notávamos inúmeras larvas boiando 
no alimento, o que não nos preocupava. Tudo era con-
siderado proteína.
Mas, finalmente, foi um tempo fantástico. Excelente 
formação escolar, moral, cívica e religiosa. No final, de 
100 seminaristas, apenas um se ordenou padre. O res-
tante voltou para a vida civil, levando consigo uma ba-
gagem que lhes deu vantagens sobre outros que não 
haviam tido a mesma oportunidade.
Dr. Laercio Tenório
43
Dr. Heitor Rosa
GastrOarte
Além do atendimento clínico, das cirurgias e proce-
dimentos médicos, muitos dos nossos gastroente-
rologistas mostram suas aptidões também na arte. 
Muitas vezes através da literatura, da pintura e da 
música. São atividades desenvolvidas para o lazer, 
mas que se destacam por sua beleza e criatividade. 
É o caso do Prof. Dr. Heitor Rosa, gastroentero-
logista goiano com mais de 41 trabalhos originais 
publicados em revistas nacionais e internacionais, 
78 temas livres apresentados em congressos e cer-
ca de 40 capítulos em livros de Gastroenterologia 
e Hepatologia. Apesar de seu incansável trabalho 
em prol da especialidade, Heitor Rosa também se 
dedica à literatura. 
Segundo ele, sua atividade como escritor iniciou-
se como colunista do JAMB (o Jornal da Associa-
ção Médica Brasileira), com a publicação mensal 
de crônicas na década de 1970. “Daí seguiram-se 
os livros de contos e crônicas, além de publicações 
em revistas médicas e jornais. Do tempo em que 
estive na Europa, busquei na França e Itália os ce-
nários para os romances, o que resultou em anos 
de estudo sobre a Idade Média. A busca in loco da 
medicina dessa época deu origem a dois romances: 
Memórias de um cirurgião-barbeiro e Julgamento 
em Notre Dame, conta ele. 
O talento e a arte dos nossos gastroenterologistas
Desde então, o Prof. Dr. Heitor Rosa já tem oito li-
vros publicados (confira lista na página seguinte) e 
três prêmios literários: o Diploma Destaque Cultural 
pela U.B.E., em 1999, o prêmio Eli Brasiliense – ca-
tegoria romance, em 2006, pela Academia Goiânia 
de Letras, e o Diploma Destaque Cultural 2013, pelo 
Conselho Estadual de Cultura do Estado de Goiás. 
Também já foi indicado para concorrer ao Prêmio 
Jabuti com o romance Memórias de um cirurgião-
-barbeiro. 
Heitor teve seu trabalho reconhecido até mesmo 
por Rubem Alves, renomado escritor brasileiro. Em 
carta, ele conta como a obra Memórias de um cirur-
gião-barbeiro deixou-o maravilhado: “Eu queria di-
zer que o romance é fantástico! Ele [Heitor Rosa] me 
pediu para fazer comentários críticos sobre o livro...
você acha pertinente, depois de um banquete, fazer 
comentários críticos sobre a comida que foi servi-
da? Eu não sou crítico literário. E as minhas cate-
gorias de análise crítica são apenas duas: livros que 
devoro antropofagicamente, e livros que, depois de 
ler algumas páginas, paro de ler. Pois o Memórias 
de um cirurgião-barbeiro é livro do primeiro tipo: de-
licioso. Fiquei muito impressionadocom o conhe-
cimento do Heitor sobre detalhes daquele período 
da Idade Média. O que eu sabia de história como 
cadáver ficou vivo e fascinante. Eu gostaria que o 
ensino da história fosse assim, através do romance. 
Estou aprendendo e me deleitando”.
Memórias de um cirurgião-barbeiro
rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 
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LIVrOS PuBLICADOS: 
1. Histórias Agudas e Crônicas: do apêndice ao avião. 1996. (Crônicas)
2. Os ossos do Coronel Azambuja. Ribeirão Preto: Fábrica do Livro, 1998. Prefácio de Moacyr Scliar. 
(Contos)
3. O enigma da Quinta Sinfonia. São Paulo: Escrituras, 2000. (Contos)
4. Memórias de um cirurgião-barbeiro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. Prefácio de Moacyr 
Scliar. (Romance)
 4a. Mémoires d’un chirurgien-barbier. Ed. Bubok/Livronovo (Europa/USA), 2012. (Romance)
 4b. Memories of a barber-surgeon. Ed. Bubok/Livronovo (Europa/USA), 2012. (Romance)
5. Julgamento em Notre Dame. São Paulo: Livronovo, 2010. 
 5a. Judgment in Notre Dame. Ed. Bubok/Livronovo (Europa/USA), 2012. (Romance) 
6. Histórias de Creusa. Goiânia: Kelps/UCG, 2009. (Crônicas) 
7. Coletânea. Goiânia: Clonne, 2010. (Originais inéditos)
8. A história não contada de André da Conceição – O pintor de S. Francisco de Paula. 2016. 
No prelo. (Romance)
errata
Lamentamos a foto invertida da Catedral Sagrada Fa-
mília – Barcelona, na matéria do Dr. Joaquim Prado 
Pinto Moraes Filho, pág. 20, na última edição da Revis-
ta FBG. Reproduzimos a foto no sentido correto.
Catedral Sagrada Família - Barcelona
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julho 
2º Congresso Brasileiro de Doenças Funcio-
nais – Critérios Roma IV
De 28 a 30 de julho 
Serrano Resort Convenções & Spa 
– Gramado (RS)
agosto
I Simpósio Paraibano Jovem Gastro 
Dia 6 de agosto 
Auditório da Associação Médica de Campina 
Grande (PB) 
IV GastroParaiba 
Data: 18 a 20 de agosto
Auditório do Hotel Nord Luxxor Cabo Branco 
(Hotel Sapucaia)João Pessoa (PB) 
USP Barcelona 2016 
De 24 a 26 de agosto
Centro de Convenções Rebouças 
– São Paulo (SP) 
 
VI Jornada de Gastroenterologia do Cariri 
II Workshop Manejo Doença Inflamatória Intesti-
nal e I Jornada de Endoscopia Digestiva do Cariri 
DE 26 a 27 de agosto 
Juazeiro do Norte (CE)
AGENDA FBG 2016
A FBG divulga uma agenda preliminar dos principais eventos de 2016. 
Aproveite, anote e participe!
III Jornada de Doenças do Aparelho Digestivo
De 26 a 28 de agosto 
Auditório da FEPECS – Brasília (DF)
Gastro Natal
De 25 e 27 de agosto 
Natal (RN)
setembro
XXVI GASTREN RJ
De 15 a 17 de setembro 
Centro de Convenções CBC 
– Rio de Janeiro (RJ)
11º GASTRORECIFE 2016 
De 29 de setembro a 1 de outubro 
Mercure Mar Hotel – Recife (PE) 
Outubro
65º Congresso Brasileiro de Coloproctologia
De 8 a 11 de outubro 
Sheraton WTC – São Paulo (SP) 
XV Semana Brasileira do Aparelho Digestivo – 
SBAD
De 28 de outubro a 2 de novembro 
ExpoMinas – Belo Horizonte (MG)
CONGRESSOS NACIONAIS
CONGRESSOS INTERNACIONAIS
setembro
Semana Panamericana de las Enfermedades 
Digestivas
De 10 a 13 setembro 
Centro de Convenções Cartagena 
– Cartagena (Colômbia) 
ALEH – Congresso 2016
De 28 a 30 de setembro
Centro de Convenciones, Hotel Sheraton 
– Santiago (Chile) 
Congresso Argentino de Gastroenterología y 
Endoscopía Digestiva
De 29 de setembro a 1o de outubro 
Hilton Hotel Buenos Aires 
– Buenos Aires (Argentina) 
Outubro
3rd World Congress on Hepatitis and Liver 
Diseases
De 10 a 12 de outubro 
Dubai (Emirados Árabes Unidos) 
UEG Week Vienna 2016
De 15 a 19 de outubro 
Viena (Áustria) 
novembro
AASLD – The Liver Meeting 2016
De 11 a 15 de novembro 
Boston – Massachusetts (EUA) 
GASTRO 2016 EGHS-WGO International Congress
De 17 a 19 de novembro
National Exhibition Centre Abu Dhabi 
– Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) 
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Dia Mundial da 
Saúde Digestiva
A FBG alerta sobre 
a importância de 
uma dieta saudável 
e equilibrada para a 
manutenção da saúde digestiva. 
“Que a comida seja o teu 
alimento e o alimento o 
teu remédio” 
 Hipócrates 
29 de 
maio
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