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gabi_fran_ Gabrielle França, CESUPA 2021 Introdução É um processo complexo em que a melanina, principal pigmento biológico envolvido na pigmentação cutânea, é formada. A coloração da pele humana é percebida na epiderme, onde os melanócitos estão localizados e dentro deles os melanossomos: organelas intracelulares especializadas similares aos lisossomos, principalmente por conterem as mesmas proteínas estruturais. Com a exposição à radiação ultravioleta (UV), a Melanogênese é aumentada pela ativação de uma enzima chave: a tirosinase*. * É uma glicoproteína localizada na membrana dos melanossomos, estruturalmente, a tirosinase possui um domínio catalítico voltado para o interior do melanossomo, seguido de um pequeno domínio transmembrana e um domínio voltado para o citoplasma. Processo O elemento inicial do processo biossintético da melanina é a tirosina, um aminoácido essencial. A tirosina sofre atuação química da tirosinase, complexo enzimático cúprico- proteico, sintetizado nos ribossomos e transferido, através do retículo endoplasmático para o Aparelho de Golgi, sendo aglomerado em unidades envoltas por membrana, ou seja, os melanossomos. O papel da tirosinase é o de catalisar as duas primeiras reações da Melanogênese: Em presença de oxigênio molecular, a tirosinase oxida a tirosina em dopa (dioxifenilalanina) e esta em dopaquinona. A partir desse momento, a presença ou ausência de cisteína determina o rumo da reação para síntese de feomelanina ou eumelanina. Na ausência de cisteína (glutationa), a dopaquinona é convertida em ciclodopa (leucodopacromo) e esta em dopacromo. Há duas vias de degradação de dopacromo: uma que forma DHI (dopa,5,6 diidroxiindol) em maior proporção; e outra que forma DHICA (5,6 diidroxiindol-2-ácido carboxílico) em menor quantidade. A tirosinase relacionada à proteína 1 (Tyrp 1) parece estar envolvida na catalisação da oxidação da DHICA à eumelanina. Por outro lado, na presença de cisteína, dopaquinona rapidamente reage com tal substância para gerar 5-S-cisteinildopa, e, em menor proporção, a 2-S-cisteinildopa. Logo, as cisteinildopas são oxidadas em intermediários benzotiazínicos e, finalmente, produzem feomelanina. O receptor de melanocortina do tipo 1 (MC1- R) controla a taxa de eumelanina e de feomelanina, dentro dos melanossomos. Essa proporção representa um importante determinante da sensibilidade solar no ser humano. Após a melanina ser sintetizada, os melanossomos com o pigmento, são injetados no interior dos queratinócitos, da unidade epidérmicomelânica correspondente, pelos prolongamentos dendríticos dos melanócitos, e tendem a distribuir-se no citoplasma de forma a protegê-lo das radiações ultravioleta. Sendo assim, a melanogênese apresenta três passos distintos e importantes: o passo inicial é a produção de cisteinildopa, que continua tão intensa quanto for à quantidade de cisteína presente; o segundo passo é a oxidação da cisteinildopa para formar feomelanina; o terceiro é a produção de eumelanina, onde somente tem início, após a maioria de a cisteinildopa ser deletada. Melanossomos A síntese de melanina ocorre exclusivamente, nos melanossomos, sendo dependente de vários genes. Essas organelas desenvolvem-se em uma série de estágios morfologicamente definidos, desde estruturas despigmentadas (estágio I) até organelas listradas repletas de melanina (estágio IV). A diferença fenotípica fundamental entre as raças mais pigmentadas e menos pigmentadas não reside na produção de melanina ou no número de melanócitos, mas, principalmente, na qualidade de seus melanossomos. Os melanossomos nos indivíduos negros são maiores e mais maduros do que nos brancos e são armazenados mais como unidades do que como grupamentos. Nos queratinócitos, a degradação dos melanossomos maiores é retardada, o que também contribui para os níveis mais altos de pigmentação cutânea, nesses casos. Os processos, aos quais se levam a essa diferença de comportamento, precisam ser melhores elucidados. Nos melanossomos da pele normal, a melanina é extremamente densa, sendo um polímero nitrogenado, insolúvel e de alto peso molecular, formando um pigmento que, além de dar cor à pele, desempenha função protetora, filtrando e absorvendo as RUV. Desempenha, portanto, um importante papel fotoprotetor contra danos da RUV, como evidenciado por uma inversa correlação entre o conteúdo de melanina da pele humana e a incidência de carcinomas de pele e melanomas. Tipos de melanina A taxa das duas é determinada por um balanço de variáveis: expressão de enzimas pigmentares, disponibilidade de tirosinase e agentes redutores específicos da célula. Os principais fatores reguladores para a quantidade e qualidade da melanina, produzida pelos melanócitos, incluem: RUV, α-MSH (hormônio estimulante de melanócitos do tipo α ou melanocortina), ASP (proteína sinalizadora AGOUTI) e MC1-R. OBS: melanina, per se, também possui uma ação na homeostase oxidativa da pele: a eumelanina é capaz de sequestrar e quelar radicais livres derivados de oxigênio e de carbono, ao passo que a feomelanina não possui estas habilidades e, ainda, é capaz de gerar radicais livres na presença de UV. A melanina, por sua carga negativa, é capaz de se ligar a aminas e a metais pesados. EUMELANINA - Polímero marrom, alcalina e insolúvel; - Absorve e dispersa a luz UV, atenuando sua penetração na pele e reduzindo os efeitos nocivos do sol (Fotoproteção); - Menos predisposição à lesão; - Maior concentração em peles escuras. Feomelanina - Polímero alcalino, solúvel e amarelado; - Potencial gerador de radicais livres em resposta a raios ultravioleta (Fotoproteção); - Maior predisposição a lesões; -Maior concentração em pele clara. Hormônios e genes Em experimentos, injeções de α-MSH e β- MSH nos indivíduos humanos levaram a um escurecimento da pele, tanto que isso resultou na elevada Melanogênese, dentro dos melanócitos epidérmicos, e aumentou o transporte dos melanossomos, derivados de melanócitos, para os queratinócitos, sem a necessidade de exposição à RUV. A hiperpigmentação cutânea foi também observada, quando indivíduos humanos foram injetados com altas doses de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O hormônio estimulante de melanócitos do tipo α ou melanocortina (α-MSH), que é derivado da clivagem proteolítica da proopiomelanocortina (POMC) na glândula pituitária. Queratinócitos humanos são capazes de sintetizar α-MSH e β-MSH, em quantidades fisiológicas. O α- MSH e também produzido em melanócitos e células de Langerhans. Evidencias indicam que estes hormônios tem um papel parácrino, na regulação das funções dos melanócitos. Mais de 120 genes tem sido identificados e parecem regular a pigmentação, porem, os efeitos do α-MSH são mediados pelo MC1-R, o qual e expresso na superfície dos melanócitos, sendo considerado o ponto chave para pigmentação. O α-MSH sinaliza, através do MC1-R, ativando a adenilciclase (AC) e aumentando a adenosina monofosfato cíclico (AMPc) intracelular, resultando em produção do pigmento escuro de eumelanina. Se o MC1-R esta envolvido em outras vias sinalizadoras, ainda permanece desconhecido, mas a ativação do MC1-R influencia as quantidades relativas de feomelanina e eumelanina produzidas, sendo sua perda de atividade, associada a cabelos vermelhos ou amarelos. O gene murino AGOUTI, o qual foi recentemente clonado, esta localizado no cromossomo 2 e codifica a proteína ASP, composta por 131 aminoácidos, e age como antagonista competitivo de MC1-R, bloqueando sua ativação pelo α-MSH. A feomelanogenese pode ser estimulada por um tratamento in vitro com ASP recombinante purificada. Fototipos de pele- Fitzpatrick A mais famosa classificação dos fototipos cutâneos é a criada em 1976 pelo médico norte-americano Thomas B. Fitzpatrick. Ele classificou a pele em fototipos de um a seis: Contextualizações COR DO CABELO: Cor natural do cabelo é produzida a partir de pequenos grânulos de pigmento - melanina - encontrados dentro da camada fibrosa - córtex do cabelo. Luz penetra nas camadas translucidas da cutícula, alguns dos quais são refletidos de volta ao olho. A cor que percebemos depende do que luz é refletida de volta; o tipo, quantidade e mistura dos dois pigmentos encontrados dentro de cabelo natural determinam a cor visualizada. A combinação da eumelanina e feomelanina criam a cor natural do cabelo e a concentração determina a profundidade. VITILIGO: O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. A doença é caracterizada por lesões cutâneas de hipopigmentação, ou seja, manchas brancas na pele com uma distribuição característica. O diagnóstico do vitiligo é essencialmente clínico, pois as manchas hipopigmentadas têm, geralmente, localização e distribuição características. A biópsia cutânea revela a ausência completa de melanócitos nas zonas afetadas, exceto nos bordos da lesão, e o exame com lâmpada de Wood pode ajudar na detecção da doença em pacientes de pele branca. ALBINISMO: O albinismo oculocutâneo é uma desordem genética na qual ocorre um defeito na produção da melanina, pigmento que dá cor a pele, cabelo e olhos. A mutação envolvida determina a quantidade de melanina produzida, que pode ser totalmente ausente ou estar parcialmente presente. Devido à deficiência de melanina, pigmento que além de ser responsável pela coloração da pele, a protege contra a ação da radiação ultravioleta, os albinos são altamente suscetíveis aos danos causados pelo sol. Apresentando frequentemente, envelhecimento precoce, danos actínicos e câncer da pele, ainda muito jovens. CLAREAMENTO: Existe uma variedade de produtos comercialmente disponíveis para o clareamento cutâneo. Clinicamente, estes produtos também são utilizados para o tratamento de desordens hiperpigmentares, tais como o melasma. Existem várias substâncias que podem reduzir o nível de pigmentação da pele. Os principais mecanismos de atuação destas substâncias residem na inibição da síntese de melanina. A tirosinase é o alvo mais comum para o clareamento cutâneo. A hidroquinona age por se ligar às histidinas do domínio ativo da tirosinase, além de induzir à geração de espécies reativas de oxigênio, as quais danificam lipídeos e proteínas como a própria tirosinase; um dos substitutos é o arbutin que inibe a tirosinase por ligação competitiva e reversível; há também os ácidos: kójico e azeláico produzidos por microrganismos, eles agem prevenindo a interação da tirosina com a tirosinase, funcionando como um inibidor competitivo. Outros modos de fazer o clareamento são: evitar o transporte da melanina para os queratinócitos; descamar essas células com melanina já retida, uso de antioxidantes.
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