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Curso de Graduação Online | UNISUAM PEDAGOGIA Avaliação Educacional e da Aprendizagem UN ID AD E 2 http://www.unisuam.edu.br Definição e a Construção da Avaliação Nesta unidade, abordaremos uma perspectiva de avaliação democrática e autônoma, que ajuda no crescimento do indivíduo, enquanto sujeito social. E, para facilitar o seu aprendizado, esta unidade está estruturada em cinco tópicos: T1. Avaliação e Construção de Autonomia T2. Etapas da Avaliação T3. A Autoavaliação e o Processo de Aprendizagem T4. Avaliar para Qualificar T5. Definição de Problemas de Avaliação Fo nt e : F re e p ik Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 2 2 T1 Ao final, você será capaz de: • Reconhecer como a avaliação atua na construção da autonomia e quais as suas etapas; • Reconhecer como a autoavaliação e o processo de aprendizagem têm um papel na vida do indivíduo; • Reconhecer como se deve utilizar a avaliação e a qualificação e quais os problemas oriundos da avaliação. Vamos iniciar a nossa viagem! Avaliação e Construção de Autonomia Já descobrimos que a avaliação é um processo de coleta de dados e sua análise. Mas para que ela contribua para a construção da cidadania, é necessário que se assuma a compreensão do indivíduo que aprende e se desenvolve, e do próprio processo de aquisição do conhecimento de forma contextualizada. Diante disso, Paulo Freire afirma que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 2003, p. 47). No entanto, o que observamos na maioria das instituições é a supervalorização dos aspectos quantitativos em detrimento dos qualitativos. A ênfase dada à avaliação é na certificação e se baseia no cumprimento de uma série de requisitos pré-estabelecidos pela organização burocrática institucional. Para o educando, a avaliação se caracteriza como ritual de passagem, uma condição obrigatória para a continuidade dos estudos. Fo nt e : F re e p ik É necessário que a avaliação assuma a compreensão do indivíduo de forma contextualizada 3 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação Mas a avaliação, para ser autônoma, deve ser um processo que considere as distintas particularidades e dinâmicas. Devendo sair do papel de dimensão classificatória, aquela, que classifica o aluno, de acordo com a sua nota, para uma avaliação orientadora e formadora, que forneça subsídios para uma prática mais eficaz e satisfatória. Para uma formação democrática da avaliação, deve-se nortear o aluno para que o professor entenda o seu estágio de desenvolvimento. Desta maneira, a avaliação não é classificatória, mas orientadora de sua formação. Essa forma de avaliar é denominada avaliação formativa. Avaliação como Emancipadora e Autônoma Quando se classifica a avaliação, tem-se um movimento autoritário; quando se registra, em forma de nota, o resultado obtido pelo aluno, fragmenta-se o processo de avaliação e introduz-se uma burocratização que leva à perda do sentido do processo e da dinâmica da aprendizagem. A avaliação deve ser considerada como formativa, como um rico processo em que avaliador e avaliado busquem então uma avaliação qualitativa. É nessa perspectiva que podemos destacar a avaliação emancipadora, como elemento principal na construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Para tal, faz-se necessário que a ética permeie todo e qualquer procedimento avaliativo. Se a avaliação tem sido reconhecida como uma função diretiva, ou seja, tem a capacidade de estabelecer a direção do processo de aprendizagem, oriunda esta capacidade de sua característica pragmática, a fragmentação e a burocratização já mencionadas levam à perda da dinamicidade do processo. Nunan (2000), em seu texto sobre autonomia, lista quatro estratégias para fomentar a autonomia em sala de aula: Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 4 Etapas da Avaliação As diversas fases da avaliação desenvolvem papel decisivo nesse processo. E nenhuma delas exclui avaliador e avaliado do compromisso de ser o seu próprio agente de decisão e responsável pelo processo educativo. Durante o processo de avaliação, podemos encontrar as seguintes etapas: Quando a avaliação é feita com uso de medidas, segundo Thorndike e Hage (1973), deve-se seguir os seguintes passos: T2 5 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação Já a autora Clara A. Colotto faz algumas modificações introduzidas em função dos nossos propósitos, nas seguintes etapas: 1. determinar o que vai ser avaliado = formular objetivos em termos de comportamento observável e o que será avaliado: habilidades, atitudes e interesses; 2. estabelecer os critérios e as condições para avaliação = representar as situações em que o processo é realizado. São indicadores da execução de um trabalho. 3. selecionar os procedimentos e instrumentos de avaliação = utilizar-se de certos meios ou técnicas mais adequadas para o alcance dos objetivos; 4. quantificar o atributo em unidades de grau ou quantidade = etapa de aferição dos resultados. Confira, a seguir, o mapa das etapas da avaliação: Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 6 Romão (1998) sinaliza que as etapas para avaliação sejam em um processo dialógico, que em primeiro, permeie em identificar o que vai ser avaliado – que se pode traduzir em critérios. Em seguida, estabelecer a construção, negociação e estabelecimento de padrões. Logo após, estabelecer a construção dos instrumentos de medidas e de avaliação para que a próxima etapa construa um procedimento de medida e de avaliação e que, por fim, traduz a análise dos resultados. A tarefa do educador dialógico é trabalhar em equipe interdisciplinar este universo temático, recolhido na investigação, devolvê-lo, como problemas. Não como dissertação, aos homens de quem recebeu (FREIRE, 1996). A Autoavaliação na Prática Pedagógica Qualquer pessoa pode experimentar um processo de avaliação contínua. A avaliação de alunos permite a organização da sociedade, definindo quem pode desempenhar uma ou outra função. A autoavaliação é um processo cognitivo complexo pelo qual um indivíduo faz um julgamento voluntário e consciente por si mesmo e para si mesmo, com o objetivo de um melhor conhecimento pessoal, de suas ações, do seu desenvolvimento cognitivo. Mas, para que a autoavaliação tenha um efeito satisfatório, ela precisa ser ensinada pelos professores a seus alunos, para que possam avaliar-se e ter uma visão mais clara da situação em que se encontram no momento. T3 Fo nt e : L e ss o n s Le ar n e d 7 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação Assim, a autoavaliação é efetiva para combater o autoengano ou o excesso de expectativas. É um método eficaz porque traz autonomia ao aluno em seu processo de aprendizagem. A autoavaliação permite que os estudantes desenvolvam habilidades críticas no que tange a observar e julgar suas próprias aprendizagens. Conforme Bernardes e Miranda (2003, p. 21), “[...] com a autoavaliação, o aluno conquista a competência de pensar, a capacidade de exercer o controle das suas ações bem como de tomar decisões face às suas aprendizagens”. Mas, para uma autoavaliação eficaz, é importante o cumprimento de vários objetivos em relação ao processo de conhecimento. É importante levar em conta os seguintes pontos: Definir Critérios Em primeiro lugar, é fundamental esclarecer quais critérios devem ser seguidos ao longo do processo de avaliação. Definir estes critérios é o ponto de partida. Esclarecer os Objetivos dos Resultados Uma vez definidas as regras, deve-se esclarecer os objetivos em termos de resultado para poder superar uma prova em particular. Avaliar se os Resultados Ajustam-se aos Critérios Avaliar cuidadosamente a realização de uma atividade individual, para comprovar se os resultados se ajustam aos critérios estabelecidosde acordo com a nota final, que pode ser classificada de forma genérica como aprovada ou retida. Saber o Resultado Final Saber o resultado final é importante para elaborar um plano de ação adequado de acordo com o fim proposto. Por exemplo, se um aluno mostra desconhecimento em alguma matéria é necessário elaborar um plano de ação com o objetivo de corrigir e melhorá-la. Manutenção do Plano de Ação No caso de um aluno obter bom resultado em uma autoavaliação, isso se deve ao fato de realizar um plano de ação. Nesse caso, vale a manutenção desse plano para continuar com esse ótimo nível. Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 8 Como Promover a Autoavaliação? Além das autoavaliações orais e escritas, uma maneira bem eficaz de promover a autoavaliação é o portfólio que abordaremos nas próximas aulas. O que podemos adiantar é que, ao utilizar esse instrumento, o aluno, além de expressar suas análises apoiadas nas aprendizagens verificadas por intermédio do portfólio, tem a capacidade de, no decorrer da construção do instrumento, perceber aquilo que ainda pode melhorar, indicando a percepção de seus erros e a tentativa de acertos que ficam evidenciados nas atividades subsequentes. Mas alguns equívocos ainda acontecem na aplicação da autoavaliação. O mais grave é a falta de acompanhamento e intervenção do professor. Mas podemos citar alguns: Deixar o aluno dar a sua própria nota Permitir ao aluno dar sua própria nota nada acrescentará na aprendizagem. Fazer perguntas genéricas Perguntas genéricas dão margem a respostas vagas, o importante são perguntas específicas, para que o educando se foque no que realmente precisa avançar naquele momento. É importante a autorregulação por parte do professor, que ele realize um conjunto de ações para modificar o que está inadequado. O objetivo principal é levar o educando a confrontar seu desempenho com o que se espera. o portfólio É um instrumento que permite ao educando entender o que ainda se pode melhorar para a construção do conhecimento Fo nt e : F re e p ik 9 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação Natureza da Autoavaliação Quanto à natureza da autoavaliação, não se deve misturar procedimentos, atitudes e conteúdos em uma única autoavaliação, e nem deixá-la para um único momento apenas. Ela deve ser contínua e separada. E se for de conteúdo, o ideal é ser feita ao final de cada tema. Quando o objetivo é avaliar atitudes, pode-se criar uma ficha, que possa indicar a evolução ao longo do período. Leonor Santos, da Universidade de Lisboa, escreveu o artigo “Autoavaliação Regulada: porquê, o quê e como?” que define autoavaliação como: “um processo de metacognição, entendido como um processo mental interno através do qual a própria pessoa toma consciência dos diferentes momentos e aspectos da sua atividade cognitiva” (SANTOS, 2002, p. 2). A autora ao citar Hadgi (1997) menciona a importância desta consciência por parte do aprendiz, pois “o objetivo é que o aluno seja ele próprio capaz de fazer a sua autocorrecção, sendo para isso necessário compreender o erro para criar condições para ultrapassá-lo (SANTOS, 2002, p. 3, grifo nosso). Quando o próprio consegue identificar o erro e corrigi-lo, acontece aprendizagem. Cabe ao professor interpretar o seu significado, formular hipóteses explicativas do raciocínio do aluno, para o poder orientar. Embora não existam receitas prontas a servir, apontaremos algumas estratégias a serem desenvolvidas pelo professor para desenvolver a autoavaliação regulada dos alunos. Vamos conhecê-las! a autoavaliação leva o indivíduo a tomar consciência da sua atividade cognitiva Fo nt e : M O T D ig ita l Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 10 Abordagem positiva do erro Para que qualquer processo de regulação seja eficaz, ter-se-á de passar, numa primeira fase, pela compreensão da situação. Questionamento sobre o quê e como fazer Se a autoavaliação passa por um processo consciente de reflexão sobre o que está a fazer e como se está a fazer, o aluno terá de desenvolver a capacidade de autoquestionamento. Mais uma vez o papel do professor será fundamental. O aluno poderá aprender a colocar-se autonomamente boas questões se o professor colocá-las de forma continuada. O questionamento por parte do professor pode ocorrer oralmente na sala de aula, enquanto os alunos realizam as tarefas propostas, e por escrito, tomando por base produções realizadas. Explicitação/negociação dos critérios de avaliação Todo professor deve ter critérios de avaliação. Só assim ele é capaz de ajuizar da qualidade de um produto realizado pelo aluno. Ele deve desenvolver um processo de negociação com os alunos. Este segundo cenário tem a grande vantagem de corresponsabilizar os alunos no processo avaliativo, ajudando-os a apropriarem-se mais facilmente desses mesmos critérios. Como nos diz Perrenoud (1999, p. 96): Toda a ação educat iva só pode est imular o autodesenvolv imento, a autoaprendizagem, a autorregulação de um sujeito, modificando o seu meio, entrando em interação com ele. Não se pode apostar, afinal de contas, senão na autorregulação. Avaliar para Qualificar Gadotti (1990) diz que a avaliação é essencial à educação, inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. Entendemos que a avaliação se faz necessária para que possamos refletir, questionar e transformar nossas ações. T4 Fo nt e : F re e p ik a avaliação É necessária para que se possa refletir, questionar e transformar as ações 11 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam como forma de controle e de autoritarismo por diversas gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de auxiliar e melhorar o ensino e a aprendizagem. Quando há mudança de paradigma, cria-se uma nova cultura avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti (2002), ao dizer que a avaliação deve estar comprometida com a escola e essa deverá contribuir no processo de construção do caráter, da consciência e da cidadania. Tal construção perpassa pela produção do conhecimento, fazendo com que o aluno compreenda o mundo em que vive para usufruir dele, mas, sobretudo, que esteja preparado para transformá-lo. A forma como se avalia, segundo Luckesi (2002), é crucial para a concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos alunos, o que o professor e a escola valorizam. Comparação entre Concepções de Avaliação Luckesi (2002) traça uma comparação entre a concepção tradicional de avaliação com a mais adequada a objetivos contemporâneos, relacionando- as com as implicações de sua adoção. Vejamos, no quadro abaixo, uma comparação entre a concepção tradicional de avaliação com um modelo mais adequado para se avaliar, segundo o autor. MODElO tRADiCiOnAl DE AvAliAçãO MODElO ADEQuADO DE AvAliAçãO Foco na promoção O alvo dos alunos é a promoção. Nas primeiras aulas, se discutem as regras e os modos pelos quais as notas serão obtidas para a promoção de uma série para outra. implicação As notas vão sendo observadas e registradas. Não importa como elas foram obtidas, nem por qual processo o aluno passou. Foco na aprendizagem O alvo do aluno deve ser a aprendizagem e o que de proveitoso e prazeroso dela obtém. implicação Neste contexto, a avaliação deve ser um auxílio para se saber quais objetivos foram atingidos, quais ainda faltam e quais as interferências do professor que podem ajudar o aluno. Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 12 MODElO tRADiCiOnAl DE AvAliAçãO MODElO ADEQuADO DE AvAliAçãO Foco nas provas São utilizadas como objeto de pressão psicológica,sob pretexto de serem um ‘elemento motivador da aprendizagem’, seguindo ainda a sugestão de Comenius em sua Didática Magna criada no século XVII. É comum ver professores utilizando ameaças como “Estudem! Caso contrário, vocês poderão se dar mal no dia da prova!” ou “Fiquem quietos! Prestem atenção!” O dia da prova vem aí e vocês verão o que vai acontecer…” implicação As provas são utilizadas como um fator negativo de motivação. Os alunos estudam pela ameaça da prova, não pelo que a aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso e prazeroso. Estimula o desenvolvimento da submissão e de hábitos de comportamento físico tenso (estresse). Foco nas competências O desenvolvimento das competências previstas no projeto educacional devem ser a meta em comum dos professores. implicação A avaliação deixa de ser somente um objeto de certificação da consecução de objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de diagnóstico e acompanhamento do processo de aprendizagem. Neste ponto, modelos que indicam passos para a progressão na aprendizagem, como a Taxionomia dos Objetivos Educacionais de Benjamin Bloom, auxiliam muito a prática da avaliação e a orientação dos alunos. Os estabelecimentos de ensino estão centrados nos resultados das provas e exames Eles se preocupam com as notas que demonstram o quadro global dos alunos, para a promoção ou reprovação. implicação O processo educativo permanece oculto. A leitura das médias tende a ser ingênua (não se buscam os reais motivos para discrepâncias em determinadas disciplinas). Estabelecimentos de ensino centrados na qualidade Os estabelecimentos de ensino devem preocupar- se com o presente e o futuro do aluno, especialmente com relação à sua inclusão social (percepção do mundo, criatividade, empregabilidade, interação, posicionamento, criticidade). implicação O foco da escola passa a ser o resultado de seu ensino para o aluno e não mais a média do aluno na escola. O sistema social se contenta com as notas As notas são suficientes para os quadros estatísticos. Resultados dentro da normalidade são bem vistos, não importando a qualidade e os parâmetros para sua obtenção (salvo nos casos de exames como o ENEM que, de certa forma, avaliam e “certificam” os diferentes grupos de práticas educacionais e estabelecimentos de ensino). implicação Não há garantia sobre a qualidade, somente os resultados interessam, mas estes são relativos. Sistema social preocupado com o futuro já alertava o ex-ministro da Educação, Cristóvam Buarque: “Para saber como será um país daqui 20 anos, é preciso olhar como está sua escola pública no presente”. Esse é um sinal de que a sociedade já começa a se preocupar com o distanciamento educacional do Brasil com o dos demais países. É esse o caminho para revertermos o quadro de uma educação “domesticadora” para “humanizadora”. implicação Valorização da educação de resultados efetivos para o indivíduo. Adaptado de Luckesi (2002) 13 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação Definição de Problemas de Avaliação O processo de conquista do conhecimento pelo aluno ainda não está refletido na avaliação. Para Wachowicz e Romanowski (2002), embora historicamente a questão tenha evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais comum na maioria das instituições de ensino ainda é um registro em forma de nota, que não revela verdadeiramente o processo de aprendizagem. Para Oliveira (2002) devem representar as avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo em que forneçam subsídios ao trabalho docente, direcionando o esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem. Tal direcionamento deve contemplar a melhor abordagem pedagógica e o mais pertinente método didático adequado à disciplina - mas não somente -, à medida que consideram, igualmente, o contexto sociopolítico no qual o grupo está inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível. Mas os dados registrados são formais e não representam a realidade da aprendizagem, embora apresentem consequências importantes para a vida pessoal dos alunos, para a organização da instituição escolar e para a profissionalização do professor. A grande falha da prática da avaliação está em valer-se prioritariamente da função classificatória em detrimento das demais funções. Luckesi (1995, p.34) assim confirma esta posição: A atual prática da avaliação escolar estipulou como função do ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico como deveria ser constitutivamente. Ou seja, o julgamento do valor, que teria função de possibilitar uma nova tomada de decisão sobre o objeto avaliado, passa a ter a função estática de classificar um objeto ou um ser humano histórico num padrão definitivamente determinado. A função da avaliação fica descaracterizada quando a ênfase é dada apenas ao aspecto classificatório. Segundo Ferreira (1992, p.4), deixa de: ser encarada como um meio de fornecer as informações sobre o processo, tanto para que o professor conheça os resultados de sua ação pedagógica como para o aluno verificar seu desempenho. T5 Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 14 Uma Descrição da Avaliação e da Aprendizagem Uma descrição da avaliação e da aprendizagem poderia revelar todos os fatos que aconteceram na sala de aula. Se fosse instituída, a descrição (e não a prescrição) seria uma fonte de dados da realidade, desde que não houvesse uma vinculação prescrita com os resultados. A isenção advinda da necessidade de analisar a aprendizagem (e não julgá- la) levaria o professor e os alunos a constatarem o que realmente ocorreu durante o processo. Se o professor e os alunos tivessem espaço para revelar os fatos tais como eles realmente ocorreram, a avaliação seria real, principalmente discutida coletivamente. No entanto, a prática das instituições não encontrou uma forma de agir que tornasse possível essa isenção: as prescrições suplantam as descrições e os pré-julgamentos impedem as observações. A consequência mais grave é que essa arrogância não permite o aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem. E este é o grande dilema da avaliação da aprendizagem. O entendimento da avaliação, como sendo a medida dos ganhos da aprendizagem pelo aluno, vem sofrendo denúncias há décadas, desde que as teorias da educação escolar recolocaram a questão no âmbito da cognição. Pretende-se uma mudança da avaliação de resultados para uma avaliação de processo, indicando a possibilidade de realizar-se na prática pela descrição e não pela prescrição da aprendizagem. a descrição da avaliação e da aprendizagem resulta em uma fonte de dados da realidade da aprendizagem do aluno Fo nt e : E d u to p ia 15 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação Depois de tudo que vimos até aqui, destacamos que a avaliação deve ser conscientemente vinculada à concepção de mundo, de sociedade e de ensino que queremos, permeando toda a prática pedagógica e as decisões metodológicas. Sendo assim, a avaliação não deve representar o fim do processo de aprendizagem, nem tampouco a escolha inconsciente de instrumentos avaliativos, mas, sim, a escolha de um caminho a percorrer na busca de uma escola necessária. Conclusão Chegamos ao final de mais uma unidade e desejamos que essa aula o fundamente para o desenvolvimento de princípios avaliativos mais concernentes com a realidade educacional que nos cerca e consequentemente nos influencia. Além disso, ofereça subsídios para que tomem como parâmetros e construam suas próprias, para que o processo de avaliação se torne um ato condizente com seus verdadeiros propósitos. Sucesso e até a próxima aula! Referências BERNARDES, C; MIRANDA, F. B. Portefólio: uma escola de competências. Porto: Porto Editora, 2003. FERREIRA, Paulo Rogério de Paiva. Avaliar: um ato que exige mudança. AMAE Educando,1992. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. OLIVEIRA, Gerson Pastre de. Avaliação Formativa nos Cursos Superiores: verificações qualitativas no processo de ensino aprendizagem e a autonomia dos educandos. Revista ibero-americana de Educacion, 2002. Disponível em: <http://www.rieoei.org/ deloslectores/261Pastre.PDF>. Acesso em: 23 mar. 2017. HADGI, C. l´évaluation Démystifiée. Paris: ESF Éditeur, 1997. Para aprofundar seus conhecimentos em relação à avaliação da aprendizagem, recomendamos leitura de dois autores renomados: 1- Cipriano Carlos Luckesi, com o artigo “Avaliação da Aprendizagem: compreensão e prática” http://www.luckesi.com.br/textos/art_ avaliacao/art_avaliacao_entrev_jornal_do_ Brasil2000.pdf 2- Sandra Zákia Lian Souza, tratando de “Diferentes visões sobre avaliação” http://www.educacaopublica.rj.gov.br/ oficinas/ed_ciencias/avaliacao/avaliacao_ historia02.html aprofundando> Avaliação Educacional e da Aprendizagem Pedagogia Online | UNISUAM 16 LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995. ___________. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 2002. NUNAN, D. Autonomy in language learning. Plenary Presentation given at the ASOCOPI 2000 conference, Cartengena, Columbia, 2000. Disponível em: <www.nunan.info/presentations/autonomy>. Acesso em: 22 marc. 2017. PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens, entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999. ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação Dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez, 1998. SANTO, Leonor. Auto-avaliação Regulada: porquê, o quê e como? Portugal: Universidade de Lisboa, 2002. THORNDIKE, R.; HAGEN, E. testes y técnicas de medición em psicologia y educación. México, Trilles, 1973 p. 27, com tradução de Clara A. Colotto. São Paulo: Arx, 2007. WACHOWICZ L. A.; ROMANOWSKI J. P. Avaliação: que realidade é essa? Revista da Rede de Avaliação institucional da Educação Superior. Campinas. SP: ano 7, n. 02, p.81 – 100, jun.2002. 17 Unidade 02 Definição e a Construção da Avaliação
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