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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA SBC – SABRINA JUTKOSKI 1 • Lesões resultadas de perda de continuidade da pele e partes moles em consequência de agentes traumáticos • Os ferimentos podem determinar dor, sangramento, desidratação (queimaduras), infecção local => sistêmica e cicatrização com deformidade variável • Cicatrização de segunda intenção: cicatriza naturalmente • Equimose: rompimento de vasos sanguíneos mais superficiais, causando manchas roxas • Hematoma: ruptura de vasos sanguíneos mais profundos, podendo atingir músculos e camais mais interna. Causa manchas roxas, saliência no local e causando dor Classificação dos ferimentos abertos: • Abrasão/Escoriação: causado por fricção, é superficial • Incisos: causado por agente cortante muito preciso como lâmina, navalha, faca afiada • Corto-contusos: ferimento é um corte e contusão ao mesmo tempo, em que o agente cortante produz borda irregular => causado por algum pedaço de ferro ou pau • Penetrante ou perfurante: causado por agente pontiagudo e afiado como prego e agulha, atingindo até subcutâneo e músculo, penetra a pele • Perfuro-contuso: causado por ferro pontiagudo de construção, arma de fogo (FAB => ferimento por arma branca) => pode atingir diferentes tecidos • Ferimentos perfurantes: podem ser encravados ou transfixantes (entra por um lado e sai pelo outro) • Lacerante: tecido é rasgado e não cortado, é lacerado. => ferimentos difíceis de juntar a pele (sutura) => é preciso suturar por planos até chegar na pele • Mutilante: perda por secção de porção do corpo, como nariz e orelha Se ocorrer nos membros, é denominado de amputação • Transfixante: perfuro contuso que atravessa uma porção do corpo • Evisceração: leva à exposição de vísceras (ferimento por FAB também é o mais comum) Condutas: • Nas abrasões ou escoriações: ralado do joelho Higienização com água e sabão e cobrir com pano limpo ou estéril Se possível, manter aberto Cicatriza por segunda intenção (cicatriza sozinho) FERIMENTOS UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA SBC – SABRINA JUTKOSKI 2 • Ferimentos incisos: Lavar com água ou soro fisiológico e sabão Com sangramento: cobrir com gaze ou pano limpo e comprimir com curativo compressivo com gazes e enfaixamento Hemorragia nos membros: elevar o mesmo acima do nível do tórax • Corto-contuso: Causados por objetos com superfície romba como um instrumento cortante não muito afiado, como faca de lâmina pouco afiada, pau, pedra, soco (supercílio) etc. Ocorre abertura da pele, produzindo feridas com boras traumatizadas, além de contusão nos tecidos da proximidade Deve-se realizar higienização lavando com água ou soro fisiológicos e sabão É preciso realizar uma limpeza do local, como tirar pedacinhos de vidro dentro do ferimento Realizar sutura (com anestesia local) • Lacerações: Objeto contundente com bordas ásperas, rasgando mais do que cortando Normalmente, pode haver perda de tecido (tanto superficial quanto profunda) Higienização da mesma forma, curativo compressivo estéril fixado com atadura até a realização do tratamento cirúrgico. Quando a pele (e tecido celular subcutâneo) for perdida, provavelmente, precisaria de enxerto (retirar pedaço de pele de outra região para cobrir o tecido perdido) • Avulsões: Ferimento corto ou lacero-contuso profundo em que parte da pele e tecidos moles fica pendurado por um retalho Há intensa retração da pele que dá a falsa impressão de perda de substância, o que configuraria uma mutilação Higienização, colocar a parte lesada no local como possível, cobrir com tecido estéril e enfaixar com atadura compressiva para controlar a hemorragia Provavelmente, vai par ao centro cirúrgico para tentar fazer a maior aproximação da pele novamente • Desenluvamento: As lesões em cisalhamento “desenluvamento” resultam de uma separação traumática causada pela avulsão violenta e rápida da pele sobre a fáscia, causando uma UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA SBC – SABRINA JUTKOSKI 3 descontinuidade entre a porção profunda do tecido conjuntivo da fáscia muscular subjacente A mais comum destas lesões é a produzida pelo desenluvamento digital por anel/aliança Se possível deve-se acondicionar o tecido desenluvado com gazes ou panos limpos, ou uma solução de soro fisiológico gelada e encaminhar ao hospital, dada a possibilidade de reimplante em casos favoráveis. • Perfurantes: Lesões causadas pela penetração de projéteis ou objetos pontiagudos através da pele e dos tecidos subjacentes O orifício de entrada pode não corresponder à profundidade de lesão, devendo-se sempre procurar um orifício de saída e considerar lesões de órgãos internos quando o ferimento se localizar nas regiões do tórax ou abdômen. Nas perfuro-contusas, o objeto causador da ferida é de superfície romba (ferimento por arma de fogo) Zona equimótica em torno do orifício de entrada e do orifício de saída é lacero-contusa. • Incrustado ou encravado: O objeto só será tocado e removido no centro cirúrgico, com o paciente anestesiado, após estudo de imagem com paciente estável Equipe cirúrgica deve já estar preparada para a intervenção que se fizer necessária. • Amputações São lesões, geralmente, relacionadas a acidentes automobilísticos e com máquinas industriais Seu tratamento inicial deve ser rápido, devido a gravidade da lesão, levando a risco a risco de vida Deve-se controlar a hemorragia, podendo ser usado o garroteamento, aplicar curativo estéril e fixá-lo com bandagens ou ataduras com enfaixamento Guardar a parte amputada envolta em gaze estéril umedecida com soro fisiológico Colocar a parte amputada dentro de um saco plástico e esse então dentro de um segundo saco ou caixa de isopor repleta de gelo • Eviscerações: Lesão na qual a musculatura do abdome é rompida em decorrência de violento impacto ou lesão de objeto penetrante ou cortante, expondo o interior da região abdominal à contaminação, ou exteriorizando vísceras Nunca oferecer nada por via oral • Ferimentos fechados: São contusões caracterizadas externamente por equimoses ou hematomas, cuja gravidade estará na dependência da intensidade da lesão vascular Nas pequenas lesões, aplicam-se compressas geladas de forma intermitente a cada 15 minutos nas primeiras 24horas Tratamento persiste com a aplicação de bolsa de gelo nas primeiras 24horas, seguindo-se de UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA SBC – SABRINA JUTKOSKI 4 compressas rias a cada 4 ou 6 horas até a resolução satisfatória • Lesões intracavitárias: Na dependência da intensidade e localização no trauma fechado podemos ter sinais de hemorragia interna, tendo sintomas como palidez progressiva, aumento da frequência do pulso, queda da pressão arterial e perda da consciência => choque hipovolêmico Abdome fica reflexamente rígido pela irritação causada pelo sangue sobre o peritônio parietal O baço é a víscera mais comumente sujeita à lesão por traumatismo abdominal fechado, seguindo do rim e o fígado. • Ferimento com hemorragia externa Manter a vítima deitada e aplicar curativo compressivo com pano limpo Fazer pressão direta sob o curativo com aplicação de uma atadura ou com as mãos Elevar o membro se não houver fratura Caso necessário, fazer outro curativo compressivo sobre o anterior Se for um ponto arterial, aplicar pressão direta sobre o mesmo Nunca ligar uma artéria com pinças cirúrgicas, pois isso irá destruir a integridade da mesma, impedindo uma reconstrução cirúrgica Ou, também, obrigando à utilização de um enxerto arterial a ligadura de uma artéria importante, que sópode ser feita com clampes vasculares adequados para esse fim e que não lesam o endotélio vascular Se o vaso for calibroso e as medidas anteriores forem eficazes, aplicar torniquete; imobilizar fraturas; elevar amos os membros para aumentar o retorno de sangue ao coração Aquecer o paciente (hipotermia pode agravas os casos) Não oferecer nada oral (pois pode ser preciso algum procedimento cirúrgico) Obter acesso venoso e iniciar a reposição de volume com soro fisiológico • Ferimento do couro cabeludo Controle da hemorragia com pressão direta (não puntiforme) Lavar o local para higienização sempre necessária e verificar se há fratura Suspeite de lesão adicional na cabeça ou pescoço Não aplique pressão excessiva se existir a possibilidade de fratura no crânio Tricotomia: “raspar” o cabelo para limpar o local Aplicar anestesia e fazer sutura Enfaixar com compressão moderada • Hemorragia nasal Chamado também de epistaxe Tranquilizar o paciente, que deve ser mantido sentado com a cabeça levemente inclinada para a frente Verificar pressão artéria e administração anti- hipertensiva se necessário (pode ser sinal de quadro hipertensivo) Comprimir as narinas continuamente por 5 minutos e aplicar bolsa de gelo sobre o nariz Se não houver melhora, deverá ser feito o tamponamento nasal (surgicel, gelfoam => espuminha que estanca o sangramento) Se persistir o sangramento posterior, pode ser feito tamponamento com sonda de Foley (pressiona os vasos sanguíneos do nariz) A última opção será a cauterização direta com endoscopia nasal • Ferimento nos olhos Normalmente, são queimaduras químicas Lavar exaustivamente com soro fisiológico ou água corrente • Conduta clínico-cirúrgica no tratamento dos ferimentos UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA SBC – SABRINA JUTKOSKI 5 Prevenção da raiva: Lavar sempre com água e sabão ou soro fisiológico Se o animal for sadio, conhecido e vacinado, observar por 10 dias após a lesão Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso antes de 10 dias, o paciente deverá ser vacinado Manter o ferimento aberto ou aproximado com menor número de pontos possível Tratamento com antibiótico de amplo espectro • Conduta clínico cirúrgica na prevenção do tétano: Ferimento de alto risco para ocorrência do tétano, são os ferimentos profundos, contaminados com terra, ferrugem e, principalmente, na zona rural, próximo de vacas, cavalos (terra adubada) Ferimentos de pequeno risco, recente e limpos: apenas higiene e sutura Nos demais deve-se administrar ou prescrever antibiótico IGHAT: imunoglobulina hiperimune contra o tétano Vacina antitetânica • A sutura é um dos métodos utilizados para a aproximação das bordas de uma ferida mediante a pontos dados com fio cirúrgico que perfura o tecido e nele apoia • Objetivo: aproximação adequada dos tecidos com mínima influência no processo cicatricial • Classificação: Tempo de permanência: temporária ou definitiva Função: coaptação (aproximação), sustentação (tecidos com elasticidade) e hemostasia) Técnica utilizada Fios de sutura: • Absorvíveis: São suturas que podem ser digeridas por atividade enzimática ou hidrolisadas e são assimiladas pelo tecido durante o processo de cicatrização Exemplos: catgut cirúrgico, cromado, colágeno, sintético (vicryl) • Não absorvíveis: Filamentos de matéria que resistem à digestão enzimática do organismo É encapsulado e isolado pelos tecidos ao seu redor durante o processo de cicatrização Geralmente, estes fios de sutura são retirados antes que a cicatrização conclua SUTURAS UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA SBC – SABRINA JUTKOSKI 6 Exemplos: fios de seda, náilon, fibra de poliéster, polipropileno e aço inoxidável Retirada dos pontos: • Depende da espessura da pele da região • Quanto mais fina a pele, mais fácil a cicatrização. Assim os pontos devem ser retirados mais precocemente • Os pontos são retirados por volta de 7 dias • Melhor tirar o quanto antes, pois os pontos servem para ajudar na cicatrização. Tirando ele o quanto antes, termina de cicatrizar sozinho Complicações • Deiscência: quando a ferida abre novamente após fechada • Infecção da cicatriz cirúrgica, que pode causar a deiscência • Não é recomendado fazer sutura após complicações, melhor deixar cicatrizar naturalmente (pode dar uns pontinhos para ajudar) • Queimaduras são comuns e são acompanhadas de muita dor e grande ansiedade • Atinge, muitas vezes, crianças (20% das causas totais) • Na pele queimada, ocorre a desnaturação de proteínas, com consequências graves • Podem acontecer pela exposição ao calor intenso, ao frio intenso (geladuras), à radiação ou a agentes químicos • Devem ser consideradas outras consequências além da lesão da pele, como as lesões das vias aéreas Classificação: de acordo com a camada da pele que foram atingidas • Primeiro grau: Atinge epiderme Avermelhadas e dolorosas • Segundo grau: Atinge epiderme Aparecimento de bolhas • Terceiro grau: Epiderme, derme e tecido celular subcutâneo (gordura) • Quarto grau: Epiderme, derme, tecido subcutâneo, músculo e ossos AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR • Auxílio do corpo de bombeiros • Afastar a vítima da fonte de calor UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA SBC – SABRINA JUTKOSKI 7 • Interromper a queimadura, interrompendo o corpo com água em temperatura ambiente • Não aplicar gelo nem água gelada, pois causa vasoconstrição, o que pode agravar a lesão • Remoção de roupas e adereços • Aplicar curativos secos, como tecidos limpos e secos (como lençol) => a cobertura da área queimada, diminui a dor, pois as terminações nervosas não ficam expostas • Nos centros especializados em grandes queimados, os preparos à base de prata são amplamente utilizados => alivia a dor QUEIMADURAS DAS VIAS AÉREAS • Quando suspeitar: Quando são encontradas queimaduras na face Quando os pelos do nariz e sobrancelhas estão chamuscados Fuligem no catarro Quando vítima ficou presa em ambiente fechado, inalando a fumaça • Sinais: Mudança de voz e salivação excessiva, podem representar situação de grande risco, sendo imprescindível o atendimento precoce e agressivo QUEIMADURAS ELÉTRICAS • São muito graves • Ocorre ao ter contato inadvertido com fontes de energia de alta tensão ou descargas elétricas durante tempestades • A carga passa através do corpo da vítima até atingir o solo em algum ponto de contato • Embora as lesões superficiais no ponto de entrada e de saída sejam pequenas, tecidos profundos são seriamente afetados • Causa lesão de grande quantidade de células, causando liberação de potássio, podendo gerar arritmias graves • Também causa lesão muscular, tendo como consequência a liberação e mioglobina, causando um comprometimento da função renal (mioglobina e tóxica para os rins) • Causa rotura das membranas timpânicas • Sangramento intracraniano • Contração muscular intensa: fraturas da coluna vertebral e de ossos longos • As vítimas sobreviventes devem ser transportadas rapidamente para o hospital, mesmo que a lesão pareça ser pequena QUEIMADURA POR RADIAÇÃO • Eletromagnética, Raios X, Raios gama, Radiação particulada • Podem ocorrer após o contato com o material radioativo de forma acidental ou intencional (atentados terroristas) QUEIMADURAS QUÍMICAS • Geralmente, estão relacionadas a acidentes em indústrias e durante o transporte de produtos químicos • Recomendações básicas: remover roupas e usar grande quantidade de água para minimizar a contaminação da vítima • Os socorristas correm perigo UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINASBC – SABRINA JUTKOSKI 8 • Queimaduras por substâncias ácidas: causa necrose da pele por coagulação dos tecidos • Queimaduras por substâncias básicas: necrose da pele por liquefação dos tecidos QUEIMADURAS NA INFÂNCIA: • Acidentes domésticos representam quase a totalidade da causa de queimaduras em crianças, tendo como agente causador o álcool líquido (ligado ao hábito cultural do churrasco domiciliar) • A mortalidade em relação às queimaduras aumenta quanto mais nova é a criança • Queimadura do tubo digestivo causa por agentes químicos, causando graves lesões no esôfago e estômago, sendo, muitas vezes, fatais => ingestão de produtos de limpeza • Alguns estudos apontam que as crianças são a maiores vítimas PREVENÇÃO E PRIMEIRAS ATITUDES: • Recém-nascidos e lactantes: • Entre 0 a 1 anos, é comum a queimadura com mamadeira, água de banho e pelo sol • Para evitar, basta colocar uma folhinha do leite no dorso da mão, experimentar a água do banho usando o cotovelo e movimentá- la por toda a banheiro para ter certeza de que a temperatura esteja uniforme
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