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Introdução à Hematologia

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HEMATOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abordagem ao paciente hematológico 
Alany Custódio 
 
➢ Sangue: 
- É um tecido conjuntivo líquido que circula pelo sistema vascular, faz parte do sistema 
hematopoiético. 
- Responsável pela manutenção da vida do organismo 
- Dividido em 2 componentes: líquido – plasma (55% volume) e celular (45%) 
- Porção acelular ou plasma (matriz extracelular do sangue); 92% água e 8% proteínas, sais, 
glicose, hormônios, vitaminas e aminoácidos. 
- Função de transportar as substâncias que o compõem a todas as partes do corpo e eliminar 
possíveis resíduos provenientes do metabolismo. 
 
➢ Sistema Hematopoético: 
- Medula óssea 
- Órgãos linfóides: timo, linfonodos, baço e mucosa MALT 
- Fígado – hematopoiese fetal 
- Períodos da hematopoiese: ainda na vida embrionária as células do nosso corpo começa a 
esboçar nossas primeiras hemácias (saco vitelínico), porém elas ainda não sabem 
transportar O2, ferro ou vitaminas, então elas não nos servem, sendo assim até o final do 3º 
mês tudo que a mãe come é o que a criança irá comer. 
 A partir do 2º mês o fígado tem a função principal de fabricação do sangue. O fígado e o 
baço passam aproximadamente 4/5 meses fabricando nosso sangue, porém ainda é sangue 
embrionário, não possui função de transporte de O2. 
 Por volta do 6/7 mês a medula óssea da criança começa a produzir sangue. 
 
 
- Medula óssea vermelha: rica em células sanguíneas ainda no estágio mais indiferenciado, 
- Medula óssea amarela: é gordura. Ela pode voltar a ser medula vermelha. 
- Hematopoese: 
 Na criança todos os ossos produzem sangue. 
 Na vida adulta são: porções proximais do úmero, porções próximas do fêmur, bacia, 
todo o eixo vertebral, esternos e arcos costais. 
Após os 65 anos só 30% produz sangue. 
 
- A osteoporose é acelerada através de corticóides, quimioterapia, radioterapia, etc. 
 
➢ Componentes da medula óssea: 
- Na biópsia de medula óssea vai existir a caixa em que vai ficar as células que é composta de 
trabéculas ósseas (ricas em colágeno) que são revestidas pela matriz celular (epitélio) e as 
células que estão na matriz são extremamente importantes. Esse ambiente é bastante 
sensível, pois qualquer fator pode alterar a sua composição. 
- Na matriz celular estão as principais células que vão sintetizar os fatores hematopoiéticos 
e sem esses fatores a medula não consegue amadurecer. 
- O sangue medular é chamado de sangue central e nele são encontradas as células 
precursoras das células que estão no sangue periférico. 
 
- Fatores de crescimento e diferenciação: 
 A célula- tronco (primeira célula) tem capacidade de se diferenciar em qualquer 
linhagem. Dependendo do fator hematopoiético que elas sintetizam ela sofre o primeiro 
processo de diferenciação (uma forma grânulos e a outra não) e nessa etapa ainda pode ser 
revertida e voltar a ser uma célula-tronco. 
 A partir do momento em que a célula mielóide sofre estímulo por outros fatores 
hematopoiéticos não tem como ser revertida. O precursor mielóide vai dá origem a todos o 
restante do nosso sangue. 
 O precursor linfóide vai dá origem aos linfócitos B e T 
 A medula amadurece da esquerda para a direita. 
O desvio a esquerda é quando no sangue periférico existem células que deveriam 
estar na medula. Geralmente ocorre nos quadros infecciosos. 
 
➢ Eritropoiese: 
- Formação das hemácias. 
- Na medula existe o pré-eritroblasto e a nível periférico vai ter o eritrócito e hemácia. 
- Por dia é produzida 200 bilhões de hemácias. 
- Para a produção do nosso sangue é usado ferro, vitamina B12, folato, hormônios, etc. 
- O reticulócito praticamente não cai no sangue periférico (apenas 1%), mostrando a taxa de 
renovação do nosso sangue. Quando existe muito reticulócito no sangue periférico a taxa de 
renovação aumentou e consequentemente indica a taxa de destruição. 
- Para que ocorra a produção de hemácias é necessário um hormônio que “ative” a medula. 
Existe um sensor nos túbulos renais distais que percebe que o transporte de oxigênio está 
menor, então irão liberar a eritropoetina que vai para os receptores medulares e estimula a 
célula mais indiferenciada a se transformar em mielóide -> eritroblasto -> hemácia. 
 Patologias que podem alterar a produção de hemácias: insuficiência renal, 
insuficiência cardíaca, bradiarritimas, taquiarritimias, DPOC, dentre outras. 
- Fatores da eritropoiese: 
 Vitamina B12 e folatos: atua na síntese de DNA para reprodução de proeritroblastos e 
eritroblastos basófilos. 
 Ferro: atua na síntese de hemoglobina e na manutenção dos eritrócitos. 
 
➢ Semiologia: 
- Localizar o problema hematológico: série vermelha, série branca, série palquetária e 
coagulação. 
- Definir se é distúrbio quantitativo ou funcional. 
- A clínica é soberana, SEMPRE! 
- Anormalidades da série vermelha: anemias e policitemias 
 Anormalidades da série leucocitária: leucopenias, leucoccitoses e síndromes infiltrativas 
(adenomegalias, dor óssea, hepatoesplenomegalia). 
 Anormalidades da coagulação: síndromes hemorrágicas e trombofilias. 
- Abordagem geral: queixa principal, história da doença atual, história patológica pregressa, 
história social, história profissional, exposição a fármacos e produtos químicos e revisão de 
sistemas. 
 
 
 Série vermelha: sintomas mais comuns: 
- Quando o quadro iniciou? Já teve algum exame normal? 
- Você sente cansaço, tonturas, falta de ar, indisposição, falta de concentração, 
memorização deficiente, queda de cabelos, unhas quebradiças? 
- Existem quadros semelhantes na família? 
- Como é sua alimentação? 
- Apresenta menstruação excessiva? 
- Como é o funcionamento intestinal? 
- Já apresentou icterícia? No nascimento? 
- Já apresentou dores no corpo de grande intensidade e/ou frequentes? 
- Utiliza alguma medicação em uso contínuo? 
- Já precisou ser transfundido? 
- Há febre ou sangramentos ou perda de peso acentuada? 
 
 Série leucocitárias: sintomas mais comuns: analisa os movimentos celulares da 
imunidade. 
Nos primeiros 7 dias; segmentados 
Após 7 dias: linfócitos 
- Quando o quadro iniciou? Já teve algum exame normal? Possui HMG anteriores? 
- Há relato de febre ou febre cíclica? 
- Há sufusões hemorrágicas ou sangramentos? 
- Já apresentou dores no corpo de grande intensidade e/ou frequentes? 
- Quadro infecciosos de repetição? Tempo de duração e resolução? Último quadro? 
- Entra em contato com substâncias tóxicas? 
- Possui história familiar de leucopenia ou leucose? 
- Costuma ter infecções graves de repetição? 
- Revisão de sistemas 
 
 Série plaquetária/hemostasia: sintomas mais comuns: avaliar os marcos do 
sangramento 
- Quando o quadro iniciou? Já teve algum exame normal? Possui HMG anteriores? 
- Teve infecção ou exposição vacinal recente? 
- Possui algum outro tipo de morbidade? 
- Qual é a história familiar? 
- Utiliza medicações com aspirina, AINEs, corticóides, anticoagulantes? 
- Como são as manifestações hemorrágicas? 
- Espontâneas ou pós-traumáticas? 
- Apresenta histórico de sangramento após cirurgias, extração dentária, aplicação de 
injeções intramusculares? Trocas dentárias? Aumento de volume articular de 
repetição? 
 
➢ Exame físico: 
- Sinais vitais: estabilidade hemodinâmica 
- Somatoscopia: estado geral; síndrome consumptiva; carências nutricionais; pele, mucosas 
e fâneros (palidez, edema, úlceras em MMII, eritrodermia, cianose/pletora); hemorragias 
(petéquias, equimose e hematomas); adenomegalias. 
- Pulmonar, gastrointestinais e geniturinários: mudanças de padrão; evidência de massas; 
icterícia; sangramentos. 
- Neurológicos: cefaléia, tontura, deficiência sensitivo-mortora e polineuropatia. 
- Ostoarticulares: dor óssea, deformidades ou fraturas patológicas, artrites, aumento de 
volumes articulares com limitação funcional súbita espontânea. 
- Tumorações: hepatoesplenomegalia, infiltração de pele e mucosas (gengiva)e 
linfonomegalias. 
- Adenomegalias: avaliar dor e consitência 
- Avaliar regiões: cervical, supra-clavicular, axilares, epitrocleares e inguinal. 
 
➢ Hemograma: 
- Série vermelha: o esfregaço 
 Alterações quantitativas (índices hematimétricos) e qualitativas (alterações no 
tamanho, na forma, nas propriedades de coloração, na sua distribuição no esfregaço de 
sangue e, eventualmente, inclusões em seu interior. 
 Lâmina: área muito espessa para observação do esfregaço; boa área para observação 
do esfregaço; área muito fina para observação do esfregaço. 
- A hemácia normal possui o alo pequeno. 
- Todo eritrograma é composto por: contagem de hemácias (eritrócitos), quantificação da 
hemoglobina, cálculo do volume que o eritrócitos ocupam dentro do tubo e por índices 
hematimétricos. 
 VOLUME: hematócrito/nº de hemácias X 10 -> tamanho da hemácia 
 HEMOGLOBINA: hemoglobina/nº hemácias X 10 -> cor que a hemácia assume 
 
- Anemia: diminuição da capacidade de transporte do sangue. 
 Uma hemoglobina diminuída significa presença de anemia. 
Posteriormente devo avaliar a classificação da anemia. 
 
- Classificação morfológica das anemias: 
Microcítica hipocrômica 
(volume normal e cor normal) 
Normocítica 
Normocrômica 
Macrocítica 
VCM <82 fL VCM 82-98 fL VCM >98 fL 
HCM <27 pg 
CHCM <31,6 
HCM >26 pg 
CHCM 31,6-34,9 
HCM >33 pg 
CHCM 31,6-34,9 
Deficiência de ferro; 
Talassemia (normocromica – 
eventualmente hipocromica); 
Anemia de doença crônica 
(alguns casos); 
Envenenamento por Pb; 
Anemia sideroblástica. 
Muitas anemias 
hemolíticas; 
Anemia de doença crônica 
(alguns casos); 
Após perda aguda de 
sangue; 
Nefropatia; 
Deficiências mistas; 
Insuficiência medular. 
Megaloblástica: deficiência de 
vitamina B12 ou folato; 
Não-megaloblástica: álcool, 
hepatopatia, mielodisplasia, 
anemia aplástica, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anemia Megaloblástica 
Alany Custódio 
 
- Lembrar dos índices hematimétricos!!! 
- É uma anemia macrocítica. 
➢ Definição: 
- Distúrbios causados por um prejuízo na síntese do DNA, afetando tecidos de alto índice 
mitótico, dentre eles o hematopoiético. 
- Presença de hemácias grandes (macrócitos) no sangue periférico (SP) e precursores 
gigantes com núcleo imaturo (megaloblastos) na medula óssea (MO) com assincronia 
núcleo-citoplasmáticas (tempos de amadurecimento diferentes). É como se na medula 
tivesse um eritroblasto e uma hemácia (citoplasma de uma hemácia e o núcleo de um 
eritroblasto), então o nosso corpo irá destruí-los. 
 Nesse caso, 80% da medula óssea vai ser destruída dentro dela mesmo através dos 
macrófagos medulares. 
- O núcleo da célula não vai amadurecer, mas o citoplasma vai. 
 
➢ Etiologia: 
- Deficiência de ácido fólico (ácido pteroilglutâmico, vitamina B9) -> principal responsável 
pela síntese de DNA. Todos os sistemas que têm rápida replicação celular vão está 
prejudicados, como por exemplo: hematopoiético, TGI, pele e neurológico. 
- Deficiência de vitamina B12 (cianocobalamina). 
- Outras causas. 
 
➢ Fisiologia do Ácido Fólico: 
- Fonte dietética: vegetais de folhas, fígado e cereais integrais. 
- Termolábil: em altas temperaturas a vitamina será degradada. 
- Necessidade mínima diária: 50-200mcg (μp). 
- Reserva corporal: 10-20mg (50% no fígado); 120-180 dias. 
 Os hepatopatas em geral terão que repor ácido fólico pelo resto da vida. 
-Absorção: jejuno proximal. 
 Patologias que comprometem: úlceras de duodeno final, neoplasias, etc. 
- Plasma – metiltetrahidrofolato (metil-FH4) -> forma inativa 
 Tetrahidrofolato -> forma ativa. 
- Recirculação êntero-hepática, ocorre nas pessoas que fazem uso da fonte dietética. 
 
➢ Fisiologia da Vitamina B12 (cobalamina): 
- Fonte dietética: produtos de origem animal -> carne, fígado, leite integral e frutos do mar. 
- Necessidade diária: 2,5μp. 
- Absorção: íleo terminal. 
- Reserva corpórea: 4mg (50% no fígado); 3 a 5 anos. 
 
 
➢ Metabolismo/interações do folato e cianocobalamina: 
-Quando comemos carne, a vitamina B12 vem ligada a proteína L. Essa ligação é quebrada a 
nível gástrico pelo pepsinogênio e suco gástrico (produzido pelas células parietais). 
- Doenças que podem afetar a quebra da ligação: gastrite, cirurgia bariátrica, 
colecistectomias e neoplasias. 
O corte da grande curvatura (cirurgia bariátrica) retira o antro, comprometendo a 
concentração de pepsinogênio. As células do antro sintetizam fator intrínseco que é liberado 
para o intestino juntamente com a cobalamina e só no íleo terminal que vai ocorrer a junção 
de fator intrínseco e cobalamina que faz com que a cobalamina seja colocada para dentro do 
enterócito. Mas essa junção só é feita com a presença dos ácidos biliares. 
 
- A forma inativa do ácido fólico (5,10 metiltetrahidrofolato) sofre metilação e redução e 
libera o grupo metil-10 que vai ser usado para a síntese da timidina que é uma base do DNA. 
Para esse processo acontecer tem que ser usado uma coenzima (cobalamina), sem ela o 
grupo metil não é clivado, comprometendo a síntese de DNA. 
 
 
➢ Vitamina B12: 
- Duas reações: 
 Homocisteína -> metionina: fosfolipideos com colina: bainha de mielina 
 Metilmalonil-CoA -> succinil-CoA – ciclo de Krebs (metilmalonil-CoA: neurotóxico, 
ácidos graxos não fisiológicos). 
- As cobalaminas são importantes na conversão da homocisteína em metionina (produto 
bruto que vai formar as bainhas de mielina), então a ausência de vitamina B12 compromete a 
formação de bainha de mielina, sendo assim o principal sintoma vai ser as parestesias em 
choques e dormência de mãos e pés. Uma das formas de diagnóstico é o aumento da 
homocisteína no sangue. 
 A homocisteína é uma proteína que participa estimulando a coagulação e sua elevação 
pode levar a tromboses. 
 
 
 
 
➢ Deficiência de Ácido Fólico: 
- Ingesta inadequada: alcoolistas, alguns lactentes e adolescentes. 
- Necessidade aumentada: gravidez, infância, câncer, hemólise, distúrbios cutâneos 
esfoliativos (psoríase). 
- Má absorção: espru tropical, doença celíaca, fármacos (anticonvulsivantes, sulfassalazina, 
etc). 
- Metabolismo deficiente: metotrexato, trimetropim (bactrim) e álcool. 
- Perda aumentada: hemodiálise. 
 
➢ Causas da deficiência de vitamina B12: 
- Ingesta inadequada (rara): vegetarianos estritos. 
- Má absorção: 
 Defeito na liberação de cobalamina dos alimentos (acloridria gástrica, gastrectomia 
parcial, fármacos) 
 Produção inadequada de fator intrínseco (FI) -> anemia perniciosa, gastrectomia total, 
ausência congênita ou anormalidades funcional do FI 
 Distúrbios do íleo terminal: espru tropical, doença celíaca, doença de Crohn, 
ressecção intestinal e síndrome de Imerslund 
 Competição pela cobalamina: tênia do peixe e síndrome da “alça cega”. 
- Outros: óxido nitroso e deficiência de TCB II. 
- Inibidores da síntese de DNA: antagonista das purinas, antagonistas das pirimidinas. 
- Distúrbios metabólicos: síndrome de Lesch-Nyhan. 
- Megaloblastose idiopática: síndrome de Di Guglielmo e anemia diseritropoética congênita. 
 
➢ Patogenia da deficiência de B12: 
Retardo na maturação nuclear (MO) -> hemácias grandes no sangue periférico -> 
macrófagos medulares destroem -> a medula não consegue amadurecer as células 
completamente e causa a anemia. 
Pode ser encontrado leucopenia e plaquetopenia, pois os leucócitos são produzidos 
pela linhagem mielóide e plaquetas também. 
Como as células estão sendo muito destruídas a nível de medula vai ser liberado 
bilirrubina indireta. 
Toda a enzima tecidual irá aumentar, principalmente a desidrogenase láctica. 
O déficit celular de folato está relacionado por não ter presença de B12. 
O acúmulo de ácido graxo tóxicos no SN é devido a não formação de bainha de mielina. 
A homocisteína irá aumentar e o ácido metilmalônico irá aumentar porque não tem 
B12 para ocorrer a conversão. 
 
➢ Manifestações clínicas: 
- Deficiência de vitamina B12:Hematológicas: anemia (palpitações, astenia, cefaléia, sopros cardíacos) e 
trombocitopenia (petéquias e equimoses). 
 Digestivas: diarréia e perda ponderal (má absorção), glossite e queilite angular. 
 Neuropsiquiátricas: parestesia de extremidades (degeneração do cordão posterior da 
medula espinhal); diminuição da sensibilidade profunda (proprioceptiva e vibratória); 
desequilíbrio, ataxia, sinal de Romberg; fraqueza e espasticidade/hipertonia dos MMII, sinal 
de Babinski e hiperreflexia patelar; déficits cognitivos, demência e psicoses. 
- DFTN (espinha bífida). 
 
 
➢ Diagnóstico: 
- Hemograma: 
 Macrocitose no SP -> VCM >100fL 
 Trombocitopenia e/ou leucopenia 
 RDW aumentado (nível de anisocitose -> células normais e células grandes) 
 Reticulócitos baixo ou normal 
 
- Esfregaço de SP 
 Anisocitose e pecilocitose (macrovalócitos) 
 Neutrófilos -> hipersegmentação nuclear = PATOGNOMÔNICO DE ANEMIA 
MEGALOBLÁSTICA 
 
- Mielograma: megaloblastos (precursores eritróides com núcleo alterado na MO) 
 
- Eritropoese ineficaz: 
 Aumento de bilirrubina indireta 
 DHL aumentado 
 Índice de reitculócitos diminuído 
 
- Níveis de folato: 
 Valor normal (VN) -> 2,5 a 20np/ml 
 <2 -> muito provável 
 
- Níveis de cobalamina: 
 VN -> 200 a 900pg/mol 
 <200 -> confirma 
 
- Níveis de homocisteína: 
 VN -> 5 a 14nmol/L 
 >50nmol/L 
 
- Níveis de ácido metilmalônico: exclusivo da deficiência de vit. B12 
 VN -> 70 a 270nmol/L 
 3,500 a 2.000.000 nmol/L 
 
➢ Tratamento: 
- Deficiência de cobalamina: 
 Cianocobalamina/hidroxicobalamina (Citoneurim ou Cronobê): 100 μp/dia IM 7 dias -> 
1x/semana -> 1x/mês 
 Vitamina B12 (VO): Rubrargil 500, Hematíase B12 e Shot-O-B12; SEM EFICIÊNCIA 
COMPROVADA!!! 
 
- Deficiência de folato: 
 Ácido fólico -> 1-5mg/dia por 4 meses 
 
➢ Prova terapêutica: 
Realiza no paciente que está com a macrocitose, vitamina B12 e ácido fólico estão 
normais e existe planejamento para colher a medula. 
1º faz a prova terapêutica: reposição de folato e B12 e repete o hemograma -> caso ele 
melhore não precisa colher a medula. 
Se o paciente persistir com as alterações ou o quadro neurológico está piorando -> 
colher medula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anemia Ferropriva 
Alany Custódio 
 
 
➢ Introdução: 
- Anemia afeta cerca de 2 bilhões de pessoas, cerca de um terço da população mundial 
(OMS). 
- A deficiência de ferro é responsável por 75% de todos os casos. 
- Prevalência: 
 Até 45% das crianças até 5 anos de idade: no Brasil varia entre 30% e 69%, dependendo 
do tipo de comunidade estudada. 
 Até 50% das mulheres em idade reprodutiva e gestantes. 
 
➢ Distribuição, transporte e armazenamento do ferro no organismo: 
- O ser humano possui em média 8g de ferro estocado em seu corpo. 
- O ferro da dieta entra na forma férrica (Fe 3+), por isso que é solicitado o teste de ferro 
sérico (avalia o ferro da dieta, porém ele diz apenas como foi a alimentação do dia anterior). 
- O ser humano come em média 3-4mg de ferro por dia, porém apenas metade entra nos 
enterócitos para ser jogado na circulação sanguínea. Para isso o ferro vai passar por vários 
processos de transformações = férrico -> entra na forma ferrosa (ferro 2+) no enterócito -> 
para ser transportado para a corrente sanguínea volta a ser férrico. 
- As doenças que vão comprometer a absorção do ferro são: patologias que alteram ritmo 
intestinal (colites, gastroenterites crônicas, alergias alimentares, etc). 
- Depois que o ferro chega ao enterócito, ele precisa ser transportado para os locais de 
reserva e quem faz esse transporte é a transferrina. Ela possui muitos receptores de ligação 
com o ferro e precisa ser saturada com ferro para ser transportada. 
Vai transportar para a medula óssea (eritroblastos para a formação das hemácias); 
formação da mioglobina. 
- Mais de 50% do ferro está armazenado na forma de mioglobina e hemácias. 
- As hemácias circulantes sobrevivem cerca de 120 dias, depois entra em processo de 
apoptose, sinalizando para o baço e ele hemolisa essa hemácia, no entanto ele não joga fora 
os produtos de formação da hemácia. 
A hemoglobina é utilizada novamente na síntese dos aminoácidos, o ferro é 
desmembrado e reintegrado nos estoques de ferro voltando a ser transportado pela 
transferrina. 
- Grande parte dos estoques de ferro estão no fígado (cerca de 1.000mg). 
- Normalmente nenhum ser humano perde ferro, apenas as mulheres em período 
menstrual, indivíduos que tem patologias que levam a sangramentos e ainda perdemos uma 
pequena quantidade na descamação da pele. 
- Todo o ferro geralmente é reutilizado pelo corpo. 
- Exames solicitados: 
 Ferro sérico: normal >100 
 Transferrina: para avaliar se o paciente tem proteína suficiente para realizar o 
tranporte. 
 Capacidade total e latente de ligação do ferro a transferrina: medição da capacidade 
que a transferrina tem de se ligar ao ferro 
 
 
 
- A ferritina é o ferro de depósito. 
- Normalmente a anemia ferropriva é um desequilíbrio entre absorção, uso e excreção. 
 
 
➢ Fisiopatologia: 
- A deficiência de ferro surge a partir de um desequilíbrio entre ingesta, absorção e situações 
de demanda aumentada ou perda crônica. 
 
- A sintomatologia aparece conforme os estoques estão sendo gastos. 
 O primeiro a ser utilizado vai ser o ferro plasmático (está ligado a transferrina). É o 
primeiro a cair e o último a subir. 
 Posteriormente vai usar o ferro do músculo (sintomas: dores musculares, fadiga, 
câimbras, etc). Nessa etapa a anemia ainda não está presente, porque a medula está 
produzindo as hemácias normalmente. 
 Depois usa o ferro das vísceras (fígado, baço e cérebro) -> sintomas: raciocínio lento, 
irritabilidade, etc. 
 A última afetada vai ser a medula óssea. 
- Desde o plasma até a medula leva em média 3 anos, isso quer dizer que quando for realizar 
o tratamento o primeiro a “pegar” o ferro vai ser a medula, com 10 dias a anemia é tratada, no 
entanto ainda necessita tratar os outros locais de estocagem do ferro. 
- O tratamento de ferro é encerrado quando os níveis de ferritina são melhorados. 
 
- Quantidade de ferro em um indivíduo adulto normal: 3 a 4g de ferro 
 Éritron: 60-70% do ferro total 
 Restante do ferro: hepatócitos e macrófagos do retículo endotelial (SER) 
 
- Ferro disponível nos alimentos: 
 Ferro heme (hemoglobina e mioglobina) – boa biodisponibilidade = é o ferro de origem 
animal; o corpo não precisa realizar nenhuma bioquímica para alterá-lo. 
 Ferro não heme (origem vegetal) – baixa biodisponibilidade = 5-7% é degrado; é o ferro 
de origem vegetal. 
 
 
- Absorção e bloqueio de absorção do ferro: 
 O ferro vai ser incorporado pelas vilosidades intestinais, dentro do enterócito uma 
parte já vai ser armazenado como ferritina e outra parte precisa ser jogado para a corrente 
sanguínea para ser transportado para os diversos órgãos. 
 O ferro tem que ser transformado da forma férrica para a forma ferrosa para entrar, 
pois os transportadores de membrana só transportam a forma ferrosa. No entanto, para que 
ele saia da parede do enterócito ocorre uma nova conversão. 
 A ferroportina é a proteína que permite que o ferro seja colocado para a corrente 
sanguínea. 
 O ferro no nosso organismo tem mecanismo de controle: quando é sinalizado na 
corrente sanguínea que o ferro está baixo a absorção é aumentada. 
A hepcidina é produzida a nível hepático e sua síntese é estimulada quando ocorre 
hipóxia e infecção, essa proteína tem um controle negativo em cima do ferro, pois ela 
bloqueia a absorção intestinal e o reaproveitamento do ferro para sair dos macrófagos. 
Lembre que todas as hemácias senescentes vão ser degradas na nível de macrófago, o ferro 
vai ficar incorporado no macrófago na forma de ferritina, mas nos estados de carência a 
hepcidina precisa perder sua expressão para que o macrófago elimine a ferritinae 
possibilite que os outros órgãos o utilizem. Quando ocorre um erro hepcidina, ela bloqueia a 
utilização da ferritina dos macrófagos e consequentemente aumenta o “poom” de ferro nos 
órgãos. 
Ferro livre se liga a moléculas de oxigênio, formando assim radicais que têm 
capacidade de degradar DNA, lipídeos e proteínas e levam a mutações que levam a câncer. 
Por isso o ferro não deve está em níveis elevados (hemocromatose) e nem em níveis baixos 
(anemia) 
 
➢ Distribuição e transporte de ferro no organismo: 
- Ferritina e hemossiderina: formas de depósito de ferro 
- Transferrina: conduz e entrega o ferro aos tecidos que tem receptores para transferrina 
- Hepcidina: regulador mais importante da homeostasia do ferro 
- Ferroportina: transportador de ferro na membrana basolateral do enterócito 
 
➢ Principais causas de ferropenia: 
- Balanço negativo de ferro: dieta inadequada/bloqueio na absorção. 
- Aumento na perda de ferro: sangramentos do TGI/sangramentos extradigestivos. 
- Aumento das necessidades de ferro: gestação, lactação e infância. 
 
➢ Manifestações clínicas: 
- Sinais e sintomas gerais de anemias: palidez cutaneomucosa, fadiga, baixa tolerância ao 
exercício, redução do desempenho muscular e intelectual. 
- Perversão alimentar (PICA) 
- Baqueteamento digital e coiloníquia 
- Atrofia de papilas linguais 
- Estomatite/queilite angular ou comissural 
- Disfagia – membranas esofágicas ou síndrome de Plummer-Vinson 
- Gestantes – aumenta o risco de prematuridade e baixo peso 
- Aumento do risco de infecções 
 
➢ Diagnóstico laboratorial: ferro sérico baixo, ferritina baixa, capacidade da tranferrina se ligar 
alta e índice de saturação baixo -> PROVA!!! 
- Hemograma: 
 Hipocromia, microcitose e aumento do índice de anisocitose eritrocitária (RDW) 
 Plaquetose -> refere-se aos quadros de sangramento 
 
- Reticulopenia 
 
- Microscopia: poiquilocitose (alteração de forma), hemácias em alvo e eliptócitos 
 Aspecto dimórfico: tratamento recente com ferro; associação com anemia 
megaloblástica; transfusão sanguínea. 
 
- Ferro medular: padrão ouro 
 
- Ferro sérico: reduzido 
 
- Dosagem de ferritina: reduzida (<30µg/L) 
 
- Transferrina: pode ser dosada diretamente ou por meio da avaliação da capacidade total de 
ligação do ferro (TIBC) -> elevada 
 
- Índice de saturação de transferrina (IST) -> reduzido (<16%) 
 Calculado a partir da razão (ferro sérico/TIBC) ou (ferro sérico/transferrina x 0,7) 
 Valores normais: 20-45% 
 
➢ Diagnóstico diferencial: PROVA!!! 
 
 
 
 
➢ Tratamento: 
- Orientações da dieta: carne bovina, peixes, beterraba, gema de ovo, feijão branco ou preto, 
nozes e castanha do Pará, ostras, cereais e vegetais verdes. 
- Ferro e suas interações 
 Ferro + cálcio: o cálcio dificulta absorção do ferro não heme (encontrado em feijão, 
lentilhas, etc). 
 Ferro + zinco: um reduz a absorção do outro (exceto suplementação de ferro) 
 Ferro + vitamina C: a vitamina C aumenta a absorção do ferro não heme 
 Ferro + vitamina A: a vitamina A ajuda a mobilização do ferro nas reservas e aumenta 
sua utilização pelo corpo. 
- Reposição oral ou venosa de ferro 
- Identificar e corrigir a causa de base sempre que possível 
- Reposição oral: 
 Dose ideal: 180-200mg de Fe elementar/dia para adultos e 1,5-2mg de Fe 
elementar/kg/dia para crianças, dividida em 3 a 4 tomadas. 
 Efeitos colaterais: até 30%, principalmente do TGI -> pirose, dor epigástrica, náuseas, 
vômitos, empachamento, dor abdominal em cólica, diarreia e obstipação. 
 Recomenda-se manter doses terapêuticas por cerca de 4 meses após resolução da 
anemia. 
 
- Reposição parenteral: 
 Indicada em situações especiais 
 Vias de administração: intramuscular (praticamente proscrita) e intravenosa 
 A infusão venosa pode estar associada a irritação, dor e queimação no sítio de punção, 
náuseas, gosto metálico na boca, hipotensão e reação anafilactóide – relacionadas a 
velocidade de infusão 
 Diluição apenas em soro fisiológico 0,9% 
 Indicações: intolerância, má adesão, ausência de resposta ao ferro oral, apesar da 
modificação do sal, posologia, ingestão com alimentos; anemia por deficiência de ferro a 
partir do segundo trimestre de gestação; má absorção intestinal (doença inflamatória 
intestinal); sangramento que excede a capacidade de absorção; necessidade de elevação 
muito rápida dos estoques de ferro; pacientes com DRC recebendo eritropoietina; pacientes 
com ICC e deficiência de ferro. 
 
➢ Sais de ferro para reposição oral: 
- Sulfato ferroso (20% de Fe elementar): 
 Apresentação: 200/300/400 
 Fe elementar: 40mg/60mg/100mg 
 Dose diária: 4-5/3/2 drágeas 
 Gotas: apresentação -> 125mg/ml; Fe elementar -> 25mg/ml; dose diária -> 2 gotas/kg 
de peso 
 
- Outros sais: 
 Hidróxido de ferro III polimaltosado 
 Ferro quelato glicinato 
 Ferrocarbonila 
➢ Falta de resposta ao ferro oral: 
- Má adesão 
- Hemorragia persistente 
- Diagnóstico errado -> ex: traço talassêmico e anemia sideroblástica 
- Deficiência mista -> deficiência associada de folato ou de vitamina B12 
- Outra causa de anemia -> ex: processo maligno e inflamação 
- Má absorção: doença celíaca, gastrite atrófica e infecção por H. pylori 
 
 
➢ Resposta ao tratamento: 
- Sinal mais precoce – pico reticulocitário entre 5º e o 10º dia de terapia 
- A hemoglobina aumenta em média 1g/dL/semana 
- A PICA regride em 1 semana 
- Alterações da pele em 1-2 semanas 
- Alterações da língua em 3 meses 
- Coloníquia em 3-6 meses 
- Gastrite não responde à terapia 
 
➢ Profilaxia: 
- Suplementação universal de ferro na farinha de trigo em alguns países 
- Reposição profilática oral durante a gestação, nas lactantes e nas crianças até 5 anos d 
idade (OMS) 
- Dose recomendada: 
 Gestante e lactantes: 100mg de ferro elementar/dia 
 Pré-escolares: 30mg de ferro elementar/dia 
 Idade escolar: 30-60mg de ferro elementar/dia 
 
 
 
 
➢ ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA (ADC): 
- A hepcidina é controlada, principalmente, pelas citocinas inflamatórias e toda citocina 
inflamatória consegue inibir a eritropoiese. 
- É a principal anemia dos pacientes internados. 
- É microcítica em 70% dos casos. 
- Como a expressão de hepcidina vai está elevada, o ferro vai sendo incorporado e deixado 
dentro dos macrófagos. Se a ferritina sobe o uso do ferro vai ser alterado. 
- Mecanismos: 
 Alteração no metabolismo do ferro por conta do processo inflamatório; 
 Bloqueio na medula e os precursores que deveriam amadurecer e se diferenciar não 
conseguem realizar esse processo (eritropoiese ineficiente por bloqueio das citocinas); 
 A medula não consegue produzir na proporção o que o paciente está perdendo. 
- Causas: doenças autoimunes, neoplasias, quadros infecciosos,dentre outros. 
- Diagnóstico: 
 Anemia normalmente é a única manifestação 
 Análise do metabolismo do ferro 
- Tratamento: 
 Não há tratamento específico 
 Transfusão sanguínea pouco indicada (normalmente a anemia é oligossintomática) 
 Ferroterapia: apenas nos casos de deficiência de ferro associada 
 Eritropoetina recombinante humana: benefício nas doenças autoimunes e no câncer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anemias Hemolíticas – Hemoglobinopatias 
Alany Custódio 
 
➢ Definição: 
- Conjunto de doenças que causam a hemólise precoce dos eritrócitos, levando a diminuição 
da sobrevida dos glóbulos vermelhos de 120 dias para até 10 dias e a partir daí ela entra em 
processo de apoptose que realiza um mecanismo de sinalização para serem tiradas pelo 
baço. Divididas em: 
 1. Intrínsecas (intracorpuscular) – defeito está na hemácia (membrana, hemoglobina 
ou enzimas). 
 2. Extrínsecas (extracorpuscular) – hemácia sofre uma agressão química, física ou 
por auto-anticorpos. 
 3. Intravascular (10-30%) e extravascular (70-90%; destruição no sistema 
reticuloendotelial). 
- A hemólise extravascular é um processo fisiológico-> o eritrócito envelhece, entra em 
apoptose, sinaliza e é retirado da corrente sanguínea pelos macrófagos. Dentro dos 
macrófagos ela vai ser degradada (heme+ferro) e reutiliza os componentes. 
 O ferro vai ser incorporado novamente aos órgãos através da transferrina. As cadeias 
de globina vão ser degradadas e entrar no “poom” de aminoácidos para a formação de 
proteínas. O anel de porfirina vai ser degradado e liberar bilirrubina indireta, se o fígado 
estiver bom ele vai conjugar a bilirrubina, evitando a icterícia. 
- Podem ser classificadas em AH hereditárias ou adquiridas. Passam a ser sintomáticas 
quando ultrapassam a capacidade compensatória da eritropoiese medular. 
 
➢ Sinais e sintomas: 
- Anemia 
- Reticulocitose: a medula libera mais reticulócito na corrente sanguínea para suprir a 
destruição. 
- Icterícia: aparece quando a capacidade do fígado está elevada. 
- Hepato/esplenomegalia 
 
➢ Principais causas de anemia hemolítica: 
- Imunológica: autoimune, aloimune e associada à drogas. 
- Membrana celular: esferocitose hereditária e eliptocitose hereditária. 
- Metabólica: deficiência de G6PD e deficiência de PDK. 
- Hemoglobina: síndromes alfa-talassêmicas, síndromes beta-talassêmicas e anemia 
falciforme. 
- Molécula de membrana: hemoglobinúria paroxística noturna. 
 
➢ Funções das hemoglobinas: 
- Transportar oxigênio através da corrente sanguínea e disponibilizá-lo às células de todo o 
organismo. Depende da estrutura da hemoglobina. 
- Remover o dióxido de carbono resultante do catabolismo. 
- Colaborar com a manutenção do equilíbrio ácido-base. 
- A estrutura tetramérica da hemoglobina confere à molécula maior controle da afinidade 
por oxigênio (a hemoglobina perfeita é formada por 2 alfa e 3 beta). 
- A hemoglobina, composta por 4 cadeias polipeptídicas (dois dímeros ab), é uma proteína 
transportadora de O2 que apresenta afinidade variável por O2. 
- A ligação de uma molécula de 2,3-bifosfoglicerato (2,3 BPG) à hemoglobina reduz a sua 
afinidade por O2 facilitando a desoxigenação. 
- A hemoglobina fetal, existe até os 6-7 meses de vida, compensa os defeitos genéticos. O 
gene que sintetiza a fetal vai entrar em supressão depois do nascimento e deixa de produzir 
essa hemoglobina, no entanto ela continua compensando porque ela é “altamente 
apaixonada pelo O2”, mas não possui afinidade variável (não libera a molécula de O2). 
- O efeito Bohr é a modulação da afinidade da Hb por O2 pelo pH do meio, facilitando a 
desoxigenação da Hb a nível tecidual. Fatores: pH, PCO2, temperatura e a BPG. 
- A regulação da afinidade da hemoglobina pelo O2 é um somatório do efeito Bohr do 2,3-
bifosfoglicerato, além da cooperatividade positiva. 
 
➢ Genes das globinas – distribuídos em 2 cromossomos: 
- Genes da cadeia alfa: cromossomo 16 (realiza a síntese de globinas alfa) -> zeta; a2; a1 
 Possui 2 locus de síntese (para cada cromossomo). 
 Esse cromossomo não sintetiza apenas a globina alfa, como também outra globina 
(globinas embrionárias) que começa a ser sintetizada na vida embrionária. Após o 
nascimento, o gene entra em supressão, pois não é importante sintetizar uma globina que 
não tem função de transporte. 
 Quando o lócus sofre mutação, o gene vai mudar e aquele que tinha perdido a 
expressão volta a sintetizar. Então ocorre a formação de hemoglobinas diferentes que são 
responsáveis pelas várias hemoglobinopatias. 
 
- Genes da cadeia beta: cromossomo 11 -> épsilon; gamaG; gamaA; delta; beta 
 Possui apenas 1 locus de produção. 
 
- As hemoglobinopatias podem ser: 
 Quantitativas: diminuição ou abolição a síntese de uma das cadeias. 
 Qualitativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HEMOGLOBINOPATIAS 
 
➢ Definição: 
- As hemoglobinopatias, ou doenças da hemoglobina, são condições hereditárias 
caracterizadas por mutações dos genes das globinas humanas, levando a alteração 
quantitativa da sua síntese ou à formação de hemoglobinas estruturalmente anormais, 
comprometendo a sua função vital. 
- Prevalência chega a 7% na população mundial. 
- Alta frequência das variantas hemoglobínicas. 
- Toda hemoglobina, com exceção da falciforme, não irá aparecer até 6-7 meses, devido a 
presença da hemoglobina fetal. 
 
➢ Hemoglobinas humanas: 
- Existem 17 genes para globinas no genoma humano. 
- Durante a vida embrionária e fetal, diferentes genes para as globinas são expressos 
sucessivamente. 
- A hemoglobina A (HbA), composta de cadeias a e b, corresponde a 96-98% da hemoglobina 
total de um adulto. 
Eletroforese normal vai migrar essas globinas no campo elétrico e mostra em % o 
padrão do paciente. O normal é que os pais passem o máximo da globina perfeita (A1). 
- Um variante normal da hemoglobina A, corresponde a 2-3% da hemoglobina total em 
adultos, é a HbA2, formada por cadeias alfa e delta, ou seja, a2d2. 
 Hb A2 é uma variante e não tem função de transporte, sendo assim o gene entra 
praticamente em supressão, mas uma pequena parcela fica sintetizando a cadeia, por isso 
que existe até 3% de A2. 
- No adulto, a hemoglobina A resulta da expressão co-dominante de 2 genes que codificam a 
cadeia beta e de 4 genes que codificam a cadeia alfa. 
- A fetal (nascemos com até 80%) na nossa vida depois dos 6 meses, o gene entra em 
supressão, não tem produção de gama, e ficamos apenas com 2%. 
 
➢ Classificação dos defeitos hereditários das hemoglobinas: 
- Defeitos estruturais ou hemoglobinopatias: Hb com estrutura da cadeia de globina anormal 
-> HbS; HbC; HbD/E. 
- Desequilíbrio da síntese de cadeias alfa ou beta: a-talassemias e b-talassemias. 
- Persistência hereditária da hemoglobina fetal. 
 
➢ Talassemias e hemoglobinas A2 e F 
- A mutação provoca redução ou ausência na síntese de uma das cadeias alfa ou beta, sem 
alterar a sequência de aminoácidos. 
 2 grupos -> a-talassemias e b-talassemias. 
- Distribuição geográfica ao redor do Velho Mundo: 
 Prevalência de 5% na população mundial e no Brasil são 2,7 milhões com traço 
 Doença autossômica recessiva 
 Mediterrâneo, Oriente Médio e partes da África, Índica e Ásia. 
 Thalassa: mar (“anemia do Mediterrâneo”) 
 
- 
 
Alfa-beta: ganhou esse nome devido a síntese da cadeia. O nosso corpo sintetiza exatamente 
a mesma quantidade de a e b, para que na ligação covalente seja formado o máximo possível 
de Hb A1. 
Quando tem menos síntese de alfa ou ausência (a-talassemia), a beta vai se ligando 
covalentemente com as alfa que existir e quando não tiver mais alfa, a beta vai se ligar com 
ela mesmo ou com as outras que são sintetizadas pelo mesmo gene, isso vai gerar a 
formação de Hb anormais que não tem função de transporte. 
Da mesma forma ocorre com a b-talassemia, a única diferença é que o defeito heterozigoto 
tem várias penetrações. 
 
 Fisiopatologia: 
- Quando a globina fica livre ela é tóxica para o nosso organismo e ela tende a se 
precipitar dentro dos eritroblastos, levando a mudanças na membrana (lesão -> lise 
ainda dentro da medula). Sendo assim, grande parte das globinas anormais vão ser 
degradadas pelos macrófagos medulares, logo depois será degrada pelos 
macrófagos do sistema reticuloendotelial e periférico, isso leva a anemia. 
 Toda hemólise libera ferro, quando não tiver mais capacidade de transportar 
ferro, ele vai ficar livre (tóxico) e causa uma sobrecarga de ferro. A liberação desse 
ferro vai ser através dos quelantes de ferro. 
 
 Alfa-Talassemias: 
- Distúrbios genéticos na produção da a-globina afetam a formação das Hb fetal (HbF 
a2 g2) e adulta (HbA a2b2). 
- Tipos: 
 *Deleção de 4 genes alfa: formação de g4 -> Hb Barts -> forma major -> 
hidropisia fetal (crianças homozigóticas -> hidrocefalia, não fechamento da parede 
abdominal e sem fechamento do tubo neural) 
 *Deleção de 3 genes alfa: tetrâmero b4 -> doença da Hb H -> precipitam na 
hemácia -> destruição e anemia hemolítica 
 *Deleção de 3 genes alfa: anemia leve (traço a-talassêmico) 
 *Deleçãode 1 gene alfa: portador silencioso 
 
 
- Diagnóstico: através da Hb fetal (aumento) 
 
 Beta-Talassemias: 
- Produção reduzida ou ausente de b-globina -> anemia microcítica hipocrômica. 
- Ausência de cadeia b: talassemia b0 
 Redução de cadeia a: talassemia b+ 
- Cadeia b é importante no período pós-natal -> síntese após o nascimento (b-globina 
substituiria a gama e a síntese de Hb A é reduzida). 
- Maioria das b-talassemias são decorrentes de mutações pontuais – síntese de Hb F 
reduz a gravidade da doença. 
- Indivíduos homozigotos para b-talassemia -> talassemia major. 
- Indivíduos heterozigotos para b-talassemia -> talassemia minor. 
- Diagnóstico: através da Hb A2 (aumento). A fetal vai está aumentada, mas não como 
na a-talassemia. 
 
 Anemia de Cooley – talassemia maior: 
- Não saem de 6 de Hb. 
- Sinais clínicos: 
 Anemia intensa antes dos 2 anos (aumento F pós-natal) 
 Atraso do crescimento 
 Icterícia (por conta da hemólise intensa) e litíase biliar 
 Hepatoesplenomegalia: devido a hemólise extravascular. 
 Alterações esqueléticas (expansão da medula óssea por hiperplasia eritróide) 
-> todos os ossos que realizam eritropoiese tendem a se distender e alongar mais 
(arqueamento das tíbias, protrusão das frontes, alterações dos ossos longos de 
braço, micrognatia, protrusão da arqueada superior, dentre outros). Os ossos são 
mais porosos, porém mais frágeis (osteoporose na adolescência e início da vida 
adulta). 
- Tratamento: 
 Transfusão sanguínea: para manter pelo menos em 8 de Hb. Toda transfusão 
causa sobrecarga de ferro. 
 Administração de agentes quelantes do ferro 
 Transplante de medula óssea: taxas elevadas de mortalidade. 
 Terapia gênica: o vibrion consegue deixar o fragmento do DNA dele no local da 
mutação (ainda está em estudos). 
 
 Talassemia menor e traço talassêmico: 
- Portadores de um alelo mutante (heterozigoto). 
- Geralmente assintomáticos. 
- Anemia leve 
- Diagnóstico: eletroforese (aumento de Hb A2) 
 Diagnóstico laboratorial: 
- Eletroforese em acetato de celulose (pH alcalino ou ácido): rápida e baixo custo, mas 
sensibilidade limitada -> Hbs co-migram na mesma posição 
- Eletroforese de focalização isoelétrica: técnica de alta precisão -> identifica Hbs com 
co-migração. A Hb migra no gel e se precipita ao encontrar seu ponto isoelétrico 
(conforme o pH no gradiente do gel). 
- Hemograma: 
 Anemia hipocrômita/microcítica em graus variados (poiquilocitose, 
ovalocitose, pontilhado basófilo e corpúsculos de Heinz) 
 Eritrocitose em relação ao Hto e Hb 
 Reticulocitose 
 Hb A2 aumentada 
 Hb F aumentada 
PROVA!!! 
 
 
- Na b-talassemia a maioria são assintomáticos. O diagnóstico vai ser feito através da 
elevação da A2, anemia leve a moderada com Hb de 10 
 
➢ Síndromes Falciformes (HbS): 
- Gene falcêmico: alta frequência em certas regiões da África -> heterozigotos são mais 
resistentes ao Plasmodium vivax (parte do ciclo evolutivo nas hemácias do hospedeiro). 
 
 Anemia falciforme e hemoglobina S (HbS): 
- Herança autossômica recessiva: a HbS apresenta um resíduo de valina na posição 6 
da cadeia b, no lugar do ácido glutâmico presente na HbA. Essa troca resulta em 
alteração da solubilidade da HbS, que apresenta tendência de polimerizar quando 
desoxigenada, formando fibras que se depositam dentro da hemácia, deformando-a. 
Deformadas, essas hemácias são retiradas de circulação, causando o quadro 
anêmico. 
- Necessidade evolutiva. 
- Distribuição geográfica: 
 África equatorial: 1/50 nascimentos 
 Região do Mediterrâneo 
 Arábia Saudita e Índia e países para onde essas pessoas migram 
 Incidência: 1/400 a 1/600 afro-americanos (8-10% da população negra AS, igual 
no Brasil). 
 Hemácias: forma afoiçada (menor tensão de O2). 
- A Hb de um falciforme é a2b2, mas a beta é variante. 
 Em meios normais a hemácia se deforma quando necessita liberar oxigênio, 
porém quando ocorre a incorporação do oxigênio ela volta ao normal. 
 Quando a cadeia beta é alterada (Hb desoxigenada) a forma da hemácia é 
alterada, porém altera para um padrão rígido, atingindo a forma de foice. Isso ocorre 
porque a Hb se polimeriza. Se o oxigênio plasmático for melhorado de imediato ela 
volta ao normal, porém na 3x de alteração ela não consegue mais voltar ao normal 
devido a perda da membrana. 
- A hemácia em forma de foice não “corre” dentro do vaso, ocorrendo a formação de 
trombos -> hipóxia local/ lesão tecidual. 
 
- Fenotipos: pleitropia -> síndrome torácica aguda, anemia, infecções repetidas, 
esplenomegalia, crises dolorosas, úlceras, icterícia, AVC e priapismo. 
 
- Sinais e sintomas: 
 Destruição prematura dos eritrócitos afoiçados (anemia hemolítica intra e 
extravascular); 
 Anemia nos 2 primeiros anos; 
 Atraso no crescimento e atraso da puberdade; 
 Infecções repetidas – PNM (hipofunção esplênica);; 
 Infartos nos tecidos periféricos (ulceração de perna) 
 Problemas osteoarticulares (osteomielite, necrose asséptica da cabeça do 
fêmur e compressão vertebral) e renais (proteinúria, IRC e hipercalemia); 
 Síndrome vaso-oclusiva aguda (AVEI/ AVEH e síndrome torácica aguda); 
 Sequestro esplênico/hepático; 
 Cardiopulmonares: ICC, cardiomegalia e HAP; 
 Gastrointestinal: litíase biliar, auto esplenoctomia/esplenomegalia (defeitos 
mistos), hepatopatia e hemocromatose; 
 Priaprismo; 
 Olhos: retinopatia proliferativa, hemorragia retiniana ou vítrea; 
 Laboratorial: anemia normo-normo, eritroblastos circulantes, elevação dos 
reticulócitos e bilirrubina indireta, presença de hemácias falcizadas em sangue 
periférico, corpúsculos de Howell-Jolly, diminuição DHL e haptoglobina sérica, 
colelítiase e hematopoiese extramedular. 
 
- Tratamento: 
 Crises agudas: os pais estimulam as crianças a respirar corretamente. 
Hiperhidratação (desfazendo a região de isquemia), analgesia, suporte de oxigênio 
(síndrome torácica aguda, infarto pulmonares grandes e cerebrais) e transfusão 
sanguínea (apenas nos casos graves). 
 Evitar fatores precipitantes: movimentos súbitos e mudanças climáticas 
bruscas. Deve-se agasalhar melhor, realizar natação para melhorar a capacidade de 
troca pulmonar. 
 ATB profilático: para Gram + até os 5 anos de idade. 
 Hidroxiuréia: usado leucemia mielóide crônica -> causa o aumento de Hb fetal 
(até 25%), ajudando nos pacientes com anemia falciforme. 
 Transplante: causa alta mortalidade 
 Vacinação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anemias hemolíticas 
Alany Custódio 
 
➢ Introdução 
- Conjunto de doenças que causam a hemólise precoce dos eritrócitos, diminuindo a meia-
vida das hemácias. 
- A medula óssea não é capaz de compensar a anemia mesmo aumentando a sua produção 
(medula hipercelular). A medula passa a diferenciar mais as linhagens, porém a hemólise é 
maior. 
- Corresponde a cerca de 17,5% de todos os casos de anemia. 
- Catabolismo da hemoglobina: 
 
 
Extra (70-80%): é considerada uma hemólise fisiológica, pois é o processo de retirada de 
todas as células envelhecidas do nosso corpo. O eritrócito dentro do macrófago vai ser 
degradado e todos os seus produtos vão ser reaproveitados. A hemoglobina não fica livre, 
pois ela livre é tóxica para o nosso organismo. 
Intra: a hemólise ocorre dentro do vaso, a hemoglobina fica na forma livre que é tóxica e boa 
parte dos sintomas são por conta da queda do óxido nítrico. 
 
➢ Quando suspeitar? 
- História clínica de palidez, cansaço rápido/progressivo, icterícia, hepato/esplenomegalia, 
associado ou não à hemoglobina. 
- Hemólise extravascular: anemia, reticulocitose e a icterícia pode ou não aparecer (depende 
da capacidade de conjugação). 
- Hemólise intravascular: urina escura (cor de coca-cola) 
 
➢ Classificação: 
Hereditárias Adquiridas 
Defeitos de membrana: 
- Esferocitose hereditária 
- Eliptocitose hereditária 
 
Imunológicas: 
- Autoimune – tipo anticorpo quente,frio ou 
misto 
- Aloimune: reações hemolíticas 
transfusionais; doença hemolítica do recém-
nascido; aloenxertos. 
- Associado com drogas 
Defeitos no metabolismo: 
- Deficiência de G6PD 
- Defeito da piruvatoquinase 
 
- Síndrome de fragmentação eritrocitária 
- Infecções – malária; clostrídio 
- Agentes químicos e físicos 
- Secundária: hepatopatias e nefropatias 
- Hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) 
Defeitos na hemoglobina. Ex: anormalidades 
genéticas – HbS, HbC e Hb instável 
 
Hemoglobinúria da marcha 
 
➢ Laboratório: 
Sinais de aumento da destruição eritróide Sinais de aumento da produção eritróide 
- Aumento da bilirrubina indireta sérica 
- Aumento do urobilinogênio urinário 
- Haptoglobinas séricas reduzidas 
- Formação de cálculos biliares 
- Hepato/esplenomegalia 
- Aumento DHL 
 
- Reticulocitose 
- Macrocitose: após 3-6 meses de hemólise 
- Hiperplasia eritróide da medula óssea 
- Alterações ósseas 
- Eritroblastos circulantes 
 
Avaliação dos danos aos eritrócitos: 
- Morfologia 
- Fragilidade osmótica 
- Testes para enzimas específicas 
- Avaliação genética 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anemia hemolítica autoimune (AHAI) 
Alany Custódio 
 
 
OBS (PROVA): Não existe anemia hemolítica auto-imune ela é mediada por auto-anticorpos. Não 
existe anemia hemolítica sem teste direto de anti-globina (Coombs direto é positivo). -> é 
pesquisado diretamente na hemácia do doente. 
➢ Introdução: 
- Produção de anticorpos contra os eritrócitos do próprio organismo. 
- Anemia hemolítica com teste direto de antiglobulina (TAD) positivo. 
- Tipos: 
 AHAI com anticorpos “quentes” (70-80%) 
 AHIA com anticorpos “frios” (crioaglutina) 
 
➢ Teste de Coombs – antiglobulina direta: 
- A hemácia do paciente está com auto-anticorpos aderidos na sua superfície. A porção Fc do 
anticorpo é um sinalizador para o baço de que essa estrutura precisa ser retirada. Uma parte 
da hemólise vai acontecer intracelular, no entanto a grande maioria é extravascular 
- O teste de Coombs vai usar um anti anti-soro (anti ant-corpo) que faz com que duas 
hemácias ou mais se acoplem em si, pois elas se ligam em todos os anticorpos que estão 
presentes, ocorrendo uma reação de aglutinação. 
- PASSO 1: 
 Reagente poliespecífico com anti-imunoglobulina G (IgG) e anticomplemento é usado 
para aglutinar as células ligadas a anticorpos. 
 
- PASSO 2: 
 Reagentes monoespecíficos anti-IgG e anti-C3d (anti C3b, anti-c4b e anti-c4d) são 
usados 
 Ligação apenas de anti-C3d pode indicar IgM ligado 
 
➢ AHAI por anticorpos quentes: 
- Anticorpos: imunoglobulinas, principalmente IgG – isolada ou com complemento 
 Autoanticorpos IgG aderem a superfície das hemácias 
 Temperatura ótima para reação: 37ºC 
 Auto-anticorpos inespecíficos e pancreativos (reagem com qualquer estrutura do 
corpo) 
 Microesferócitos no sangue periférico 
- O diagnóstico diferencial tem que ser feito com qualquer doença que produza anticorpos 
(linfócitos B) -> linfomas, leucemias, mielomas, lúpus, artrite reumatóide, espondilite 
anquilosante, dentre outras. 
- Destruição no baço: 
 Quando o eritrócito é revestido por IgG e complemento: destruição disseminada. Ex: 
LES. Através da sinalização da porção Fc. 
 Aspectos clínicos: 
- Severidade variável: vai depender do estímulo e da quantidade de auto-anticorpos 
que foram criados. 
- Esplenomegalia: só acontece nos casos mais crônicos. 
- Possibilidade de recidiva é grande quando não é descoberta a causa. 
- Pode ocorrer de forma isolada, em associação com outras doenças ou como 
resultado de tratamento com metildopa. Os medicamentos para o tratamento de 
hanseníase também tem relação. 
- Síndrome de Evans: AHAI + PTI 
 
 Achados laboratoriais: 
- SP: esferocitose (é uma célula que não tem o halo principal; nem sempre o baço 
consegue retirar todas as hemácias) e policromatofilia (células roxas; chamam 
atenção para a destruição sanguínea pelo baço). 
- TAD positivo (Coombs direto) – 90% dos casos 
- Anticorpos são mais bem detectados a 37ºC 
 
 Tratamento: 
- Primeira linha: corticosteróides e imunoglobulina humana no evento agudo 
 Prednisona 1-2mg/Kg/dia 
 IGV (metilprednisolona): 1g/Kg/dia por 2-3 dias 
- Segunda linha: esplenectomia ou Rituximab (modulam o linfócito). 
- Terceira linha: imunossupressores 
 Azatioprina, ciclofosfamida, clorambucil, ciclosporina e micofenolato de 
mofetil. 
- Eliminar/tratar causa subjacente 
 Metildopa, LLC e linfoma 
- Repor ácido fólico. 
- Transfusão de concentrado de hemácias: casos graves 
 O menos incompatível possível. Escolher doador compatível quando a 
especificidade do anticorpo for conhecida. 
 Não pode transfundir demais, pois pode ter hemólise. 
 
➢ AHAI por anticorpos frios: 
- O anticorpo liga-se aos eritrócitos, principalmente na circulação periférica, em que a 
temperatura do sangue é mais baixa 
 Auto-anticorpos IgM aderem a superfície das hemácias 
 Temperaturas ótimas para reagirem contra sistemas da superfície das hemácias (4ºC) 
 Pentâmeros de IgM se fixam mais rapidamente ao complemento, causando hemólise 
intravascular 
 Formação de rouleaux – sangue periférico 
 
- Hemólise principalmente intravascular 
 
 
 
 Aspectos clínicos: 
- Anemia hemolítica crônica agravada pelo frio 
- Icterícia leve e esplenomegalia podem estar presentes 
- Acrocianose na ponta do nariz, nas orelhas e nos dedos 
- Pode ocorrer associada a doenças linfoproliferativas e após infecções. Ex: 
mononucleosee infecciosa e Mycoplasma pneumoniae 
 
 Achados laboratoriais: 
- Grosseira aglutinação de eritrócitos 
- Esferocitose – menos comum que na AHAI a quente 
- TAD – associado ao C3d na superfície dos eritrócitos 
- Alto título de crioaglutininas -> fecha diagnóstico. 
 
 Tratamento: 
- Manter o paciente aquecido 
- Tratar a causa subjacente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anemias hemolíticas hereditárias 
Alany Custódio 
 
➢ Estrutura do eritrócito: 
- Nossa membrana eritrocitária tem um processo complexo de junção de proteínas. Os 
leitores de fitas irão deslizar pela espectrina. Ora contrai ora relaxa. 
- Nossa hemácia precisa constantemente alterar sua forma para passar pelos diversos 
caminhos de vasos, chamada de propriedade de deformabilidade da hemácia. 
- As doenças de membrana são todas hereditárias, geralmente são transmitidas em 
homozigose, ou seja, a história familiar é forte. 
- A criança nasce e fica logo ictérica, mais tempo que a icterícia fisiológica. 
- Evoluem para esplenomegalias volumosas. 
 
 
➢ Esferocitose hereditária – EsH: 
- Anemia hemolítica hereditária mais comuns em europeus do norte / 1:2000-5000 (forma 
típica); 1% (formas leves). 
- Causada por defeitos nas proteínas envolvidas no esqueleto da membrana dos eritrócitos, 
principalmente a especritina. 
- Herança autossômica – geralmente dominante. 
- Hemolisam várias vezes na infância. 
- Anormalidades bioquímicas envolvidas: 
 Deficiência isolada de espectrina 
 Deficiência combinada de espectrina e anquirina 
 Deficiência de banda 3 
 Deficiência de proteína 4,2 
 
 Manifestações clínicas: 
- Heterogeneidade clínica – observada até dentro da mesma família 
- Classificação: traço, leve, moderada, moderadamente grave e grave 
 As formas moderadamente graves e graves ocorrem em menos de 10% dos 
casos. 
- Cerca de 50% dos pacientes com EH apresentam icterícia neonatal e necessitam de 
fototerapia ou exsanguinotransfusão. 
 Classificação clínica: 
 
 
 Diagnóstico: 
- Análise morfológica: microesferócitos 
- Hemograma: aumento do CHCM, VCM normal ou reduzido 
- Reticulocitose 
- Coombs direto negativo, pois nesse caso a membrana que é defeituosa. 
- Teste de fragilidade osmótica positivo: provoca o inchaço da hemácia para saber até 
onde ela suporta. 
- Outros: investigação de deficiência de proteínas de membrana, polimorfismosgênicos por biologia molecular 
 
 Curva de fragilidade: 
- Vai medir habilidade dos glóbulos vermelhos em incorporar água em seu interior 
sem que ocorra lise da célula. 
- Na curva normal, quando chega em 0,5 começa a hemólise. 
- No microesferócito, a membrana aguenta menos concentração, ou seja, a hemólise 
começa antes de 0,5 e geralmente hemolisa tudo antes da nossa curva. Isso quer dizer 
que a curva de fragilidade está aumentada, ou seja, a fragilidade do eritrócito está 
aumentada e a curva de resistência está diminuída. 
 
 
 
 Tratamento: 
- Ácido fólico: administrado a todos os pacientes 
- Esplenectomia: terapia curativa. Indicações: 
 Pacientes com forma grave ou moderada com redução da atividade física ou da 
vitalidade 
 Presença de úlceras de perna 
 Hematopoiese extramedular 
 
➢ Eliptocitose hereditária (EIH): NÃO COMENTOU MUITO! 
- Presença de hemácias elípticas e anemia hemolítica de gravidade clínica variável. 
- Herança: autossômica dominante / 1:3000 até 0,6% 
- Falha na associação de heterodímeros de espectrina para formar heterotetrâmeros. 
- Principais agentes envolvidos: alfa e beta-espectrina, proteína 4,1 e glicoforina C. 
- Três variantes morfológicas: EIH comum, eliptocitose esferocítica e ovalocitose do Sudeste 
asiático. 
- Semelhanças clínicas e laboratoriais com a esferocitose hereditária. 
- Geralmente um distúrbio mais leve. 
- EIH comum: 
 Típica ou leve – geralmente ausência de anemia (estado hemolítico compensado) 
 Piropoiquilocitose hereditária: forma mais grave (esferócitos mais abundantes que 
os eliptócitos e há presença de hemácias fragmentadas semelhante às observadas em 
queimados) 
 Poiquilocitose neonatal 
- Somente pacientes ocasionais necessitam de esplenectomia 
 
 
➢ Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD): 
- A G6PD está envolvida na formação do lactato e na formação das pentoses no ciclo 
energético das células. 
- Ela é uma enzima que promove uma reação que libera 4 átomos de ATP. 
- Ela é usada em todas as células do nosso corpo. 
- A deficiência dessa enzima foi um processo adaptativo do nosso corpo. 
- Há mais de 400 milhões de pessoas no mundo com deficiência de atividade da G6PD 
- Brasil: frequência de 2 a 3% da população. 
- Herança ligada ao X. 
- Resistência à malária (adaptação mendeliana). 
- Variantes mais comuns: 
 Tipo A: africana 
 Tipo B: ocidental 
 
 Diagnóstico: 
- Dosagem direta da enzima nos eritrócitos 
- Hemograma: normal entre as crises 
- Nas crises: esfregaço periférico pode mostrar células contraídas e fragmentadas: 
“mordidas” e “vesiculadas” 
- Corpúsculos de Heinz podem ser vistos nas preparações de reticulócitos 
- Sinais de hemólise intravascular 
 
 Manifestações clínicas: 
- Geralmente assintomáticos 
- Anemia hemolítica desencadeada por infecção, drogas ou favismo 
- Icterícia neonatal 
- Anemia hemolítica não esferocítica crônica 
Agentes que podem induzir anemia hemolítica na deficiência de G6PD 
Infecções e outras doenças agudas. Ex: cetoacidose diabética 
Antimaláricos. Ex: primaquina e cloroquina 
Sulfonamidas e sulfonas. Ex: sulfanilamida, dapsona e sulfassaslazina 
Outros agentes antibacterianos. Ex: nitrofuranos e clorafenicol 
Analgésicos. Ex: ácido acetilsalicílico – doses moderadas são seguras 
Diversos. Ex: análogos da vitamina K, naftalina e probenecida 
Feijão e fava 
 
➢ Deficiência de piruvato-quinase: 
- Esta enzima vai está envolvida no processo energético, porém ela é mais presente nas 
hemácias, causando mais anemias hemolíticas. 
- Deficiência enzimática mais comum da via glicolítica. 
- Herança: autossômica recessiva. Também pode ser adquirida. 
- PK – catalisa a formação do piruvato a partir do fosfenol-piruvato (transformação de ADP 
em ATP). 
- Deficiência da enzima: redução da produção de ATP (bombas iônicas alteradas) – perda de 
água e potássio pela célula. Aumento de metabólitos intermediários como o 2,3 DPG (até 3x o 
normal). 
- Laboratório – anemia hemolítica (ausência de corpúsculos de Heinz e fragilidade osmótica 
normal). 
- Diagnóstico: dosagem quanti e qualitativa da atividade da PK 
- Tratamento: transfusões em casos graves e esplenectomia se necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) 
Alany Custódio 
 
- É pesquisada em todos os pacientes com aplasia medular. 
- Todos os pacientes com pancitopenia e trombose não explicada tem que pesquisar essa doença. 
- Doença clonal das células-tronco hematopoéticas. 
- Estima-se 0,1-0,2/100.000 pessoas – ano 
- Mutação somática ligada ao X inativa o gene PIG-A, levando a deficiência da síntese de GPI 
(glicosil-fosfatidil-inositol), que serve como âncora para ligação de proteínas. 
- Deficiência ou ausência de CD55 (DAF) e CD59 (MIRL) -> lise por complemento 
- Associada a hipoplasia da medula óssea – anemia aplástica e síndrome mielodisplásica. 
 Fisiopatologia: 
- Ausência de CD55 (acelerador do decaimento da C3 convertase) – maior ação da 
opsonização. 
- Ausência de CD59 (protetor da lise devido à formação do CAM) – maior ataque à 
membrana. 
- Hemólise mediada pelo complemento -> aumento de Hb livre -> maior depuração de 
NO. 
- Depleção do NO – explica maior parte dos sintomas da HPN. 
- Associação com anemia aplástica -> destruição medular imunomediada (linfócito T) 
-> favorece expansão do clone HPN. 
 
 Manifestações clínicas: 
- Anemia hemolítica: 
 Destruição intravascular pela ação do complemento 
 Piora da hemólise: infecção, cirurgia, atividade física intensa e ingestão de 
álcool. 
- Trombose: 
 Ausência das proteínas âncoras nas plaquetas-HPN -> micropartículas 
trombóticas 
 C5a -> estado pro-trombótico e pro-inflamatório 
 Depleção de NO: ativação e agregação plaquetária 
 Sítios: abdominal (hepático, portal, mesentérico); cerebral (sagital) 
 Principal causa de mortalidade na HPN 
- Citopenias: 
 Na associação com AA 
 Medula hipocelular 
 Trombocitopenia e leucopenia mais graves 
 Reticulocitopenia 
 Maior incidência de infecções (2º causa de mortalidade) 
 
 Diagnóstico: 
- Citometria de fluxo: depleção de CD55/CD59 em pelo menos duas linhagens 
hematológicas 
- HPN clássica: 
 Eculizumab: anticorpo monoclonal humano que bloqueia a ativação terminal do 
complemento C5 e com isso previne a formação deC5a-9 (complexo de ataque à 
membrana) e consequentemente a hemólise 
 Anticoagulação em alguns casos 
 TMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hemoterapia 
Alany Custódio 
 
- “Sangue de barata”, “sangue frio”, “sangue azul”, “sangue bom”, “o sangue subiu à cabeça”... E por aí 
vai, estas e outras expressões refletem a forte carga de magia, de fascínio e até de medo ligada ao 
sangue, idéias que integram as mais diferentes culturas e religiões e perduram, em muitos casos, 
até os dias de hoje. 
- Segundo O’BRIEN et al., verifica-se um grande déficit no conhecimento da hemoterapia: “a 
medicina transfusional é uma importante e complexa subespecialidade da patologia. A transfusão 
envolve riscos e benefícios consideráveis. Embora exista um treinamento colaborativo na medicina 
transfusional, a maioria das decisões em transfundir são realizadas por médicos sem nenhum 
treinamento formal.” 
➢ História da hemoterapia no mundo: 
- Dividida em 3 períodos: 
 Paleolítico 
 Período pré-histórico (até o início do século XVII) 
 Período pré-científico (de 1616 ao início do século XX) 
 Período científico (de 1900 até os dias atuais) 
- Aristóteles considerava que a força da alma estava relacionada à qualidade do sangue. Ele 
acreditava que o sangue tinha o poder de: evitar a morte; melhorar as condições de saúde das 
pessoas; restituir a vontade dos velhos e a razão dos loucos. 
- No Egito antigo, o sangue era considerado um poderoso elemento energético. Nos papiros 
egípcios encontram-se relatos do emprego do sanguesob várias formas: beberagens e 
banhos. 
- Povos primitivos: banhar-se, untar-se com sangue de animais e de jovens e bravos 
guerreiros para adquirir suas qualidades (leão – força; tigre – astúcia; touro – virilidade). 
- Galeno (170 d.C): descrevem que as artérias conduzem sangue e não ar, introduziu o 
costume de retirar sangue para fins medicinais. 
- Wiliam Harvey (Inglaterra): teoria da circulação sanguínea (publicação: a propósito dos 
movimentos do coração e do sangue). 
- Tervego (1638) e Richard Lower (1666) – trabalhos sobre transfusão em animais. 
- Jean Denis (França, 1667) – primeira transfusão de sangue de um animal para um ser 
humano. 
- 1673 – primeira crise da medicina transfusional que durou 150 anos. 
- James Blundell (Inglaterra, 1818) – primeira transfusão de sangue humano, braço a braço, 
com êxito para tratamento de uma mulher com hemorragia pós-parto. Segunda crise da 
medicina transfusional. 
- Infelizmente fada ao insucesso – marco de transição -> período pré-científico 
- Karl Landsteiner (Aústria, 1901) – descreveu os principais tipos de células vermelhas: A, B, 
O e mais tarde o AB (misturas com e sem aglutinação). 
- Reuben Ottenber (NY, 1907) – primeira transfusão precedida da realização de provas de 
compatibilidade. Grande deságio a ser suplantado – estocagem de sangue. 
- Primeira Guerra Mundial (1914-1918) – necessidade de desenvolvimento de substância 
anticoagulante. Hustin (1914) e Lewisohn (1915) – emprego de citrato de sódio e glicose e sua 
quantidade mínima. 
- Idealizado em Leningrado, em 1932, o primeiro “banco de sangue” surgiu em Barcelona em 
1936 durante a Guerra Civil Espanhola. 
- Termo Banco de sangue (Chicago, 1937) – doações voluntárias. 
- Landsteiner e Wiener (Áustria, 1940) – descobriram que o sangue do macaco do gênero 
Rhesus, quando injetado em coelhos, induz a formação de anticorpos específicos que 
aglutinam as hemácias de todos os macacos do mesmo gênero e de cerca de 85% dos 
indivíduos de pele branca. 
- As décadas subsequentes mostraram o crescimento da hemoterapia, atrelado ao da 
tecnologia: novas formas de armazenamento de sangue, desenvolvimento de centrífugas 
refrigeradas, testes sorológicos para o controle de qualidade do sangue coletado. 
 
➢ História da hemoterapia no Brasil: 
- Médicos Brandão Filho e Armando Aguinaga (RJ, 1879) – primeiro relato acadêmico sobre 
hemoterapia no Brasil, tratava-se de uma tese de doutorado. Rejeitada devido a grande 
polêmica. Descrição detalhada de uma reação hemolítica aguda, com alterações renais e 
presença da hemoglobina na urina. 
- Garcez Fróes (Salvador, 1914) – transfusão de sangue de um servidor para uma mulher com 
hemorragia. 
- Organizações simples com um médico transfusionista + um corpo de doadores universais, 
de indivíduos do grupo sanguíneo universal (O). Selecionados e examinados, para 
comprovação de suas boas condições de saúde. 
- Em 07 de dezembro de 1942, foi inaugurado o primeiro Banco de Sangue no Instituto 
Fernandes Figueira, RJ. 
- Em 1964, o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho para estudo e regulação 
disciplinadora da Hemoterapia no Brasil, que resultou na formação da Comissão Nacional de 
Hemoterapia, em 1965. 
- Em 30 de abril de 1980 – criação do Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados (Pró-
Sangue) criação de uma série de rede de Hemocentros. 
- ANVISA assume a gestão do sangue em 1999. 
- A rede paraibana foi criada em 1991 -> possui 11 hemonúcleos (apenas para doação de 
sangue) e 2 hemocentros (capacidade de testes, organizações e atendimentos que o 
hemonúcleo não possui). 
 
➢ Composição do sangue: 
- Plasma sanguíneo (55%): água, sais minerais, proteínas (albumina, fibrinogêneo, 
imunoglobulinas), nutrientes, hormônios, fármacos, resíduos (uréia e ácido úrico) e gases 
respiratórios (O2 e CO2). Para retirar essas substâncias são necessários processos 
químicos (hemoderivados). 
- Células do sangue (45%): glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e 
plaquetas. Pode selecionar e separar por processos de centrifugação (processo físico -> 
hemocomponente). 
 
 
➢ Sistemas sanguíneos: 
- Toda célula possui antígeno de superfície, cada sujeito possui antígenos diferentes. 
- 270 antígenos e 29 sistemas. 
- Quando vai introduzir antígenos em um paciente é necessário observar se ele não tem 
anticorpos contra aquele antígeno, porque se ele tiver vai ocorrer uma hemólise. 
- Existem sistemas que são mais imunogênicos (tem poder maior de fazer uma reação mais 
forte) -> Kell, Duffy MNS e Kidd. 
- São antígenos situados na superfície das hemácias – carboidratos e proteínas. 
- Existem antígenos de superfície em leucócitos (histocompatibilidade) e plaquetas. 
- Cromossomo 9 – ABO; Cromossomo 1 – Rh. 
 
PROVA!!! 
- Só deve transfundir isogrupo e em situações únicas tem que transfundir sangues 
compatíveis. Ex: isogrupo é -> se o paciente é A tem que transfundir A. 
- Ex: se existe um paciente crítico que é A e o banco de sangue diz que não tem A, deve ser 
feito o compatível (tem que assinar um termo prescrevendo que não está fazendo isogrupo). 
- Compatibilidade: se existe um sangue A e eu sei que na superfície tem antígeno A 
(aglutinogênio) no seu plasma vai ter o anti-B, isso é uma prova direta. 
- Prova reversa: vai pegar o plasma (soro) e vai usar uma hemácia (A1 – A; A2 – B). 
 
 
 Sistema sanguíneo ABO: 
- O (45%): O+ 36% e O- 9% 
- A (42%): A+ 34% e A- 8% 
- B (10%): B+ 8% e B- 2% 
- AB (3%): AB+ 2,5% e AB- 0,5% 
 
➢ Provas transfusionais: 
- Quais os testes imunohematológicos obrigatórios na rotina transfusional? 
 Segundo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, são obrigatórios: 
tipagem ABO/Rh (prova direta – antígeno e reversa – anticorpos); pesquisa de anticorpos 
irregulares (PAI); prova de compatibilidade; reclassificação ABO/Rh do doador e receptor. 
 
➢ Hemocomponentes: 
 
 
- Transfusão de concentrado de hemácia: é a principal transfusão que acontece em todo o 
mundo. Pacientes com instabilidade hemodinâmica devem ser transfundidos. Tem como 
finalidade melhorar a oxigenação do paciente e transportar melhor determinados 
medicamentos que são transportados pela hemoglobina. 
- Transfusão de plasma fresco congelado: possui fatores de coagulação (tem pouca 
albumina). É feito nos casos de hemorragia que está tendo consumo de fatores de 
coagulação. 
OBS: Paciente cardiopata, em uso de aspirina (inibe o ciclo da clicoxigenase da plaqueta), faz uma 
úlcera gástrica e sangra até chegar em 7 de Hb, com taquicardia e começa a crepitar (edema agudo) 
-> ele tem 300mil de plaquetas e mesmo assim deve ser feito transfusão, porque a aspirina 
impreguina a plaqueta definitivamente e o tempo de vida da plaqueta é de 10 dias. 
 
➢ Reações transfusionais: OLHAR O VÍDEO!!! 
- Conceito: qualquer efeito indesejado que ocorre durante ou após a tx sanguínea e a ela 
relacionado. 
- Classificação: 
 1* Tempo de aparecimento: imediatas (até 24h do início da transfusão – tx); tardias 
(após 24h). 
 2* Gravidade: leve (sem risco à vida); moderada (morbidade a longo prazo); grave 
(ameaça imediata à vida – intervenção médica obrigatória); óbito. 
 3* Mecanismo fisiopatológico: imunológica (comprovação de mecanismo antígeno –
anticorpo na reação); não imunológica. 
 4* Infecciosa/não infecciosa 
 5* Correlação com a transfusão (imputabilidade – 2015): confirmada; provável; 
possível; improvável; descartada; inconclusiva 
 6* Tipo 
 
 Sinais e sintomas/suspeita: 
- Febre e/ou calafrios 
- Cefaléia 
- Náuseas com ou sem vômitos 
- Dor no local da infusão 
- Dor torácica e/ou lombar 
- Alterações na PA 
- Mialgia 
- Hipóxia/cianose 
- Dispnéia 
- Sibilância 
- Edema pulmonar 
- Prurido 
- Rubor facial 
- Urticária 
- Edema 
- Soro e/ou urina escuras 
 
 Tipos de reações transfusionais: 
 
Reação transfusional Imediata Tardia 
Imunológica Febril não hemolítica 
HemolíticaAlérgica 
TRALI 
Aloimune 
Hemolítica 
DECH 
Não-imunológica Hemolítica 
Séptica 
Circulatória 
Metabólica 
Embólica 
Hipotermia 
Infecciosa 
Bacteriana 
Viral 
Parasitária 
Sobrecarga de ferro 
 
 Ao identificar uma potencial reação: 
- Interromper imediatamente a transfusão 
- Comunicar ao médico assistente 
- Manter acesso venoso com SF 0,9% 
- Conferir identificação produto X paciente 
- Sinais vitais 
- Coleta de exames 
- Registrar ações no prontuário 
- NÃO DESCARTAR BOLSA E EQUIPO! 
- Notificar ao serviço de hemoterapia 
 
➢ Reação hemolítica aguda imune: 
- Por incompatibilidade ABO (Ac IgM – ABO/ IgG – Rh) do receptor contra Ag do doador – 
hemólise intravascular 
- Nos primeiros minutos: febre, tremores, náuseas, vômitos, hipotensão arterial, dor no 
trajeto venoso, dor precordial, na loja real, sudorese, agitação, taquicardia e sensação de 
morte iminente. 
- Conduta: interromper imediatamente a Tx, hidratação vigorosa (estimular diurese) + uso de 
diurético (furosemida) para manter diurese >100ml/min e corticóide. 
- Principal causa: erros de identificação das amostras. 
OBS: Colher amostra sanguínea para exames de hemólise, função renal, hemostasia e urina. É A 
MAIS TEMIDA! TAMBÉM É COMUM! 
 
➢ Reação febril não-hemolítica ou pirogênica: 
- Durante a transfusão ocorre febre (+ 1º), calafrios e/ou tremores, sem hemólise. 
- Reação de anticorpos leucocitários ou plaquetários. Presença de citocinas liberadas pelos 
leucócitos residuais (Ac anti-HLA/anti-plaquetas/ anti-leucócitos no paciente X Ag do 
doador – ativação do sistema complemento e liberação de pirógenos). 
- Conduta: suspender a transfusão, usar anti-térmico (meperidina nos casos mais graves) e 
investigar contaminação bacteriana. 
OBS: Só transfundir hemácias lavadas ou pobre em leucócitos, deleucocitadas ou filtradas 
(leucorredução. MAIS COMUMENTE NOTIFICADA! 
 
➢ Reação urticariforme ou alérgica: 
- Reação de hipersensibilidade: presença no receptor de Ac contra proteínas plasmáticas do 
doador, às quais ele já foi previamente sensibilizado, mediado por IgE (anti-IgA em pacientes 
deficientes de IgA) 
- Urticária e prurido cutâneo 
- Conduta: suspender Tx, anti-histamínicos/corticosteróides, adrenalina e suporte 
ventilatório SN. 
- Se reação grave, lavar CH 
- MAIS FREQUENTE: 1-3% 
 
➢ Reação anafilática: 
- Rara, mas muito grave (1/18.000 – 170.000 transfusões) 
- Início abrupto no início da tx com náuseas, dor abdominal e vômitos, associadas com 
hipotensão arterial e síncope. Arritmias cardíacas, tosse, broncoespasmo, dispnéia, urticária 
e eritema generalizado. 
- Presença de anticorpos contra IgA, em pacientes com deficiência congênita de IgA (< 0,05 
mg/dl). 
- Conduta: suspensão da transfusão, manter linha de infusão com salina, epinefrina 
subcutânea (solução 1:1.000), 0,3 a 0,5 ml/sc (obrigatório); manter vias aéreas assistidas 
(suporte respiratório e cardiovascular). Corticosteróides/anti-histamínicos. 
OBS: Só transfundir hemácias lavadas após. 
 
➢ Lesão pulmonar aguda relacionada com transfusão (TRALI): 
- TRALI: edema pulmonar agudo, na ausência de insuficiência cardíaca e sobrecarga hídrica 
(1/5.000 tx). 
- Evento imunologicamente imediado, anticorpos do doador dirigidos contra Ag. do sistema 
HLA. Ocorre agregados na microcirculação pulmonar, com dano ao endotélio vascular e 
extravasamento de fluido para o interstício e alvéolo. 
- Insuficiência pulmonar aguda com edema pulmonar bilateral, hipoxemia, taquicardia, febre, 
hipotensão e cianose. 
- Conduta: ventilação assistida com oxigênio/CPAP; corticóide? 
- Prevenção: excluir doadores envolvidos em casos de TRALI, não utilizar plasma/CP de 
doadores multigesta e não utilizar plasma de doadores que já foram Tx. 
 
➢ Reações transfusionais imediatas não imunes: 
- Sobrecarga circulatória: 
 3º causa mais frequente de reação 
 Infusão rápida em pacientes pré-dispostos (IC, IRC, crianças, idosos e baixo peso) 
 Dispnéia, taquicardia, pico hipertensivo, edema pulmonar, BH positivo, insuficiência 
VE ou aumento de pró-BNP 
 Interromper Tx,, manter acesso, comunicar o médico. Diurético/morfina, O2 e 
cabeceira elevada. 
OBS: Diminuir velocidade de infusão nas Tx futuras (1ml/Kg/h) 
- Contaminação bacteriana: 
 Características: Tx de hemocomponente que contenha bactéria 
(coleta/armazenamento/doador doente) 
 Febre (> 38ºC) + aumento de 2ºC na temperatura, tremores, calafrios e hipotensão 
 Contaminação do hemocomponente durante a 
coleta/processamento/armazenamento 
OBS: Reação hipotensiva, hipotermia, complicações metabólicas e hemólise físico-química. 
➢ Reações transfusionais tardias: 
- Reação hemolítica tardia: 
 Hemólise extravascular das hemácias Tx em pacientes previamente sensibilizadors 
 Presença de Ac irregulares no soro do paciente 
 24h após até 28 dias da Tx 
 Mais comum entre 5º e 14º dia 
 Hemólise extravascular 
 Assintomático 
 Hemólise clássica 
 Coombs direto +/- 
 Hb pós Tx <Hb pré 
 
- Sobrecarga de ferro: 
 Hemocromatose secundária à Tx de hemácias 
 1 CH ~200-250mg Fe 
 Após 50-100 unidades CH – manifestações 
 O quadro clínico depende do órgão afetado 
 Tratamento: quelantes de ferro (desferoxamina, deferiprona e deferasirox)4 
 
- Transmissão de doenças infecciosas: 
 Diminuição importante: triagem de doadores – exames sorológicos 
 Problemas: janela imunológica; microrganismos desconhecidos. 
 Após confirmação da soroconversão: informar o hemocentro responsável, 
rastreamento do doador e de outros pacientes Tx – notificar 
OBS: Identificar Ac envolvido (fenotipagem) 
 
VÍDEO: REAÇÕES IMEDIATAS SÃO IMPORTANTES!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Púrpuras 
Alany Custódio 
 
➢ Introdução: 
 Hemostasia: 
- Uma complexa sequência de fenômenos biológicos que ocorre toda vez que o vaso 
sanguíneo sofre alguma lesão, com o objetivo de parar a perda excessiva sanguínea e 
evitar a formação de trombos intravasculares, garantindo, assim, a integridade 
vascular e tissular. 
- Processos que ocorrem no sangue para manter a fluidez. Nosso sangue tende 
sempre a coagular, mas é justamente essa série de fenômenos biológicos que vão 
fazer com que haja o equilíbrio (fatores que possibilitam a coagulação e fatores que 
barram a coagulação). Se não existisse os anticoagulantes iria ocorrer a formação de 
trombos e se não tivesse a parada do processo de coagulação o corpo ia tender a 
hemorragia. 
- Composta por uma sequência de eventos integradas que englobam vasos 
sanguíneos, plaquetas, fatores de coagulação, anticoagulantes naturais, proteínas da 
fibrinólise e seus inibidores (3 etapas). 
 *Constrição vascular (endotélio – endotelina e fator de ativação plaquetário): o 
“aperto” no local do corte potencializa a ação natural do vaso. A melanina protege o vaso; a 
pele negra tem colágeno mais resistente, os vasos não se rompem com facilidade; já na pele 
branca existe o colágeno tipo II que é mais fácil de ser rompido. 
 *Formação do tampão plaquetário (endotélio + plaquetas) 
 *Formação do coágulo sanguíneo 
 *Controle do crescimento de tecido fibroso no coágulo 
 
- Componentes da resposta hemostática: a partir do momento que nossas plaquetas 
(hemostasia primária) são ativadas os fatores de coagulação também são ativados 
(hemostasia secundária) 
 Vasos sanguíneos 
 Plaquetas: são micropartículas circulantes na corrente sanguínea pelo fluxo 
central. Ela não tem contato com o endotélio, pois se tivesse seriam ativadas. Elas são 
fragmentos do megacariócito. 
 Fatores de coagulação 
 Inibidores da coagulação 
 Componentes do mecanismo fibrinolítico 
 
 Papel das plaquetas: 
- Toda vez que um vaso é lesionado ocorre a exposição do colágeno endotelial (fator 
tecidual) estimulando as plaquetas a se aderir ao fator tecidual. Para que ocorra a 
adesão são necessário receptores de membrana. 
- A partir do momento em que ela faz a adesão vai se ligar as demais

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