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7 1 SANTÍSSIMA TRINDADE Quase dois mil anos de engano religioso 3 Marcelo Victor Nascimento SANTÍSSIMA TRINDADE Quase dois mil anos de engano religioso Itapetininga – SP 2020 4 Santíssima Trindade - quase dois mil anos de engano religioso Copyright 2020 Marcelo Victor Nascimento O conteúdo deste livro (textos, ilustrações e imagens) é da inteira responsabilidade do autor, não podendo ser reproduzido sem a expressa autorização do mesmo. O contacto do autor é o seguinte: https://clubedeautores.com.br/livros/autores/marcelo- victor-rodrigues-do-nascimento Ilustrações: Carla Gonçalves Ilustração da página 67: http://weareisrael.org/wp-content/ uploads/2016/06/elohim.jpg Ilustração da página 73: htpp://hermesfernandes.blogspot.com/2016/03;o- silencio-do-cordeiro-vs-o-ugido.html 2ª Edição: Janeiro de 2020. Editoração: Ana Flávia Corrêa Impressão e acabamento: GRÁFICA REGIONAL www.graficaregional.com.br Prefixo Editorial: 65703 ISBN: 978-85-65703-44-4 https://clubedeautores.com.br/livros/autores/marcelo-victor-rodrigues-do-nascimento https://clubedeautores.com.br/livros/autores/marcelo-victor-rodrigues-do-nascimento http://weareisrael.org/wp-content/ http://www.graficaregional.com.br/ 4 5 Índice PREFÁCIO DO AUTOR................................................07 PRIMEIRO CAPÍTULO: A “Santíssima trindade”: um breve histórico de sua origem...................................................................15 SEGUNDO CAPÍTULO: A Palavra de Yahweh, o Espírito Santo de Yahweh e o próprio Yahweh são um..........................................57 TERCEIRO CAPÍTULO: A onipotência e a onipresença divinas.................77 QUARTO CAPÍTULO: Quem é verdadeiramente Jesus Cristo?.................87 QUINTO CAPÍTULO: A Palavra esvaziou-se da Sua glória ou acrescentou a natureza humana ao seu ser?...............................103 SEXTO CAPÍTULO: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança............................................................121 SÉTIMO CAPÍTULO: Elohim: um hebraísmo ou uma expressão profética?...............................................................139 OITAVO CAPÍTULO: Subiu ao céu e assentou-Se à destra da majestade nas altura.....................................................................149 6 NONO CAPÍTULO: Deus necessita ser ungido....................................159 DÉCIMO CAPÍTULO: E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro consolador..........................................................177 DÉCIMO PRIMEIRO CAPÍTULO: A kenosis.........................................................191 POST-SCRIPTUM............................................229 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA.......................249 7 Prefácio do Autor Quando um coração se abre verdadeiramente para o Evangelho de Jesus Cristo (as boas novas de salvação) uma profunda transformação passa a ocorrer no íntimo daquela pessoa, reproduzindo, espiritualmente, o primeiro milagre feito pelo divino Mestre, quando transformou a água em vinho (João 2:9). Todas as faculdades do novo discípulo passam a vivenciar uma revolução contínua e progressiva como reflexo do cumprimento da promessa feita pelo Mestre de que tal coração tornar-se- 8 ia templo e morada do Espírito Santo, nascendo uma nova criatura, agora possuidora da mente de Cristo (Efésios 2:22 e 1 Coríntios 2.16). Pela presença de Yahweh1, em espírito, os conceitos vão mudando, as máscaras vão caindo, o discernimento vai chegando, as trevas vão se dissipando e a luz começa a brilhar até que, naquela alma, se torne um dia perfeito (Provérbios 4:18). Por essa razão, tudo aquilo que contraria a verdade e a santidade de Yahweh, interna e externamente, por mais belo e sábio que pareça, acaba se tornando um peso para o coração recém- _______________ 1Yahweh: refere-se ao tetragrama YHWH (conjunto de quatro letras que qualificam o nome do Deus de Israel na Bíblia. 9 convertido, por absoluta impossibilidade de haver comunhão entre a luz e as trevas (Gênesis 1:4 e 2 Coríntios 6:14). Os velhos conceitos, dia-a-dia, acabam entrando em choque com novas realidades outrora desconhecidas e a revolucionária descoberta ganha contornos de uma guerra espiritual, cujo teatro de operações é a mente e o coração do novo soldado (Gálatas 5:17). Munido das armas espirituais doadas pelo Espírito Santo, a mente do novo combatente não se contenta mais com as “fórmulas prontas”, de sorte que o guerreiro de Jesus arregaça as mangas e parte para o combate em busca de penetrar nas entranhas das verdades d’Aquele que o alistou para a batalha e o chamou das trevas para a perfeita luz (Oséias 6:3). 10 Nesse clima de guerra, esta obra literária surge como uma espécie de convocação aos verdadeiros soldados de Cristo para uma missão bastante árdua e desafiadora, qual seja: lançar mão da unção que foi dada a cada combatente do Evangelho, por ocasião da conversão, e, juntos (1 João 2:27), fazermos uma análise bíblica de uma das doutrinas que tem sido considerada, há quase dois milênios, como verdadeira coluna da fé cristã - a Doutrina da Santíssima Trindade ² Via de regra, as discussões acerca desse tema parecem enfrentar uma barreira _______________ ² Doutrina da Santíssima Trindade: é a doutrina central da fé cristã católica que apresenta o único deus como uma divindade formada por três pessoas distintas: deus-pai, deus-filho e deus-espírito santo. 11 quase que intransponível, numa reprodução do que ocorreu no passado com aqueles que ousaram desafiar a “divindade” desse dogma cristão (católico), alguns dos quais, por causa da coragem de fazê-lo, foram excomungados e outros, devidamente silenciados em combate de forma brutal e desumana, como conta a história. Embora o cenário seja outro, a dificuldade de tratar desse assunto insiste em permanecer até o dia de hoje, principalmente pelo fato da cristandade ter feito, da aceitação da Trindade3, uma _______________ 3 Trindade: do latin trinitas (tríade), é uma abreviação da expressão “Santíssima Trindade”; foi um termo usado pela primeira vez por tertuliano, um teólogo proeminente do período pós-apostólico, considerado um dos “pais da igreja” (padres da igreja romana), para referir-se à natureza triuna de deus, revelada (segundo ele) nas Escrituras Sagradas. 12 condição sine qua non4 para que determinado movimento religioso seja classificado como cristão ou herege5. Assim sendo, nesse ambiente em que os ânimos dos algozes do passado estão temporariamente contidos, esta obra, como uma trombeta que chama os guerreiros para a batalha, vem conclamar os valentes soldados de Cristo a aceitar tão grande desafio. Que Yahweh nos ajude e nos guie pelo Seu santo espírito, a fim de que a missão possa ser cumprida com honestidade e fidelidade às Escrituras Sagradas, para que em tudo o Seu nome _______________ 4 Sine qua non: é uma locução adjetiva, do latim, que significa “sem a qual não”. 5 Herege: aquele que é contrário aos dogmas de uma determinada religião. 13 venha ser glorificado e os soldados possam se aproximar um pouco mais do Capitão das nossas almas, o Senhor dos Exércitos, aquele que, ao invés de torturar e matar os Seus opositores, deu Sua vida para salvá-los. 14 15 PRIMEIRO CAPÍTULO Coliseo de Roma, onde os cristãos eram jogados aos leões pelo Império Romano.16 17 A “santíssima trindade”: um breve histórico de sua origem. Os fatos históricos que marcaram a origem de determinada doutrina religiosa, o caráter de quem as desenvolveu e os frutos que ela produziu são elementos que, de uma forma ou de outra, acabam por influenciar sua credibilidade, ainda mais se levarmos em consideração as palavras do Mestre Jesus Cristo nos alertando para o fato de que “de uma fonte não pode jorrar dois tipos distintos de água” e que “pelos frutos se conhece a árvore” (Tiago 3.12 e Lucas 6.44). 18 Por isso, este capítulo reveste-se de fundamental importância para que o leitor possa ter uma compreensão histórica do ambiente em que a “Doutrina da Santíssima Trindade” foi formulada e dos frutos que ela produziu no seio religioso, político e social da época, de forma que é possível termos uma noção da confiabilidade desse dogma, pelo menos do ponto de vista histórico de sua origem. Os acontecimentos que antecederam a formulação dessa doutrina remontam ao período pós-apostólico, quando se cumpriram as diversas profecias proferidas pelo Mestre e pelos Seus apóstolos, acerca dos falsos cristos, falsos profetas, falsos apóstolos e falsos irmãos que surgiriam em meio à igreja primitiva (Mateus 24.4-5; Mateus 24.11; Atos 20.29-30; 2 Coríntios 11.13-15; 19 Gálatas 1.6; Gálatas 2.4; 2 Timóteo 4.2-4; 2 Pedro 2.1-2; 1 João 2.18-19, 26; e 1 João 4.1-3). O apóstolo João, perto do final do primeiro século, testificou que as condições da igreja primitiva naquela ocasião haviam se tornado tão terríveis que os falsos ministros se recusavam abertamente a receber os seus representantes e até excluíam os verdadeiros cristãos da Igreja (3 João 9- 10). Em sua clássica obra “A História do declínio e queda do Império Romano”, o historiador Edward Gibbon fez o seguinte relato sobre esse período pós-apostólico: “uma nuvem negra pairava sobre a primeira era da igreja” (Gibbon, 1821). Outro historiador, Jesse Hurlbut, 20 sugeriu que o período em pauta marcou um tempo de transformação sofrido pela igreja primitiva: “Nós intitulamos a última geração do primeiro século, 68-100 d.C., ‘A Era das Trevas’, em parte porque as trevas da perseguição vieram sobre a igreja, mas mais especificamente porque de todos os períodos da história [da Igreja], é essa a era sobre a qual sabemos pouquíssimo. Não temos mais a brilhante luz do Livro de Atos para nos guiar, e nenhum autor dessa era tem preenchido o espaço vazio na história... Por cinquenta anos, após a vida de São Paulo, uma cortina pairou sobre a igreja, através da qual nos esforçamos em vão para olhar, e quando finalmente ela se levanta, cerca do ano 120 d.C. com os escritos 21 dos mais antigos padres da igreja, encontramos uma igreja, em muitos aspectos, muito diferente daquela dos dias de São Pedro e São Paulo” (Hurlbut, 1979). Não obstante, se os relatos bíblicos e históricos mostram que a situação interna da igreja primitiva era delicada, fora dos “muros” a situação certamente era bem pior, pois os cristãos eram “arrastados até as arenas, onde eram massacrados entre os gritos e as risadas de uma multidão de apaixonados pelo genocídio lúdico” (Fo, J.; Malucelli L.; Tomat, Sergio. 2009, pág. 11). A principal razão das perseguições que sofriam os cristãos naquela época, por parte do Império Romano, segundo estudiosos, era a ameaça da secessão que 22 eles representavam, uma vez que “as autoridades romanas reputavam subversivo qualquer movimento que agregasse grupos populares e expoentes da aristocracia longe do seu controle” (Fo, J., Malucelli L., Tomat, Sergio. 2009,pág. 27). Além disso, a manutenção dos cultos tradicionais (pagãos) era “um elemento de estabilidade indispensável à própria vida do Estado, tanto que o sacrilégio e a não observância dos ritos constituíam um crime comparável à traição”, sem contar que os ensinos de Jesus eram tidos pelos romanos como algo que tinha implicações sociais, pois exaltava os pobres e desfavorecidos e condenava pessoas julgadas “intocáveis”, como, por exemplo, os coletores de impostos (Fo, J. et al., 2009, 23 pág. 27). Por fim, outro elemento que fazia com que os cristãos reunissem as características que o poder imperial temia e que explica as perseguições periódicas das quais foram vítimas entre 112 a 311, é a espera de um apocalipse iminente em que Deus desceria sobre a Terra e faria justiça, de forma que os perseguidos se assentariam em tronos para assistir ao suplício de seus dominadores, conforme relatado no “Livro Negro do Cristianismo” (Fo, J. et al. 2009, pág. 28). Diante de tantas razões contrárias à sobrevivência da igreja primitiva, um fato inquestionável foi o poder sobrenatural que envolveu os cristãos primitivos, pois, apesar das terríveis perseguições que o império romano promoveu contra a igreja cristã, os discípulos do Mestre resistiram 24 milagrosamente à opressão interna e externa, impelidos por uma força divina que os encorajava a não fazer caso da própria vida. Enquanto tais perseguições romanas assolavam a igreja, fazendo os cristãos migrarem para outras regiões em busca de liberdade para servir a Deus, dentro das comunidades surgiram “indivíduos inescrupulosos e maliciosos, dispostos a usar a fé e o misticismo com o único objetivo de obter riqueza e autoridade” (Fo, J. et al., 2009, pág. 8). Para alguns historiadores, aquele período marcou o aparecimento, no seio da igreja primitiva, de uma religião comprometida com conceitos e práticas enraizadas no antigo paganismo (uma mistura de crenças religiosas conhecidas 25 como sincretismo religioso, muito comum na época do Império Romano) que se apoderou da igreja e modificou a fé estabelecida por Jesus Cristo, influenciando os conceitos doutrinários e religiosos da cristandade, com reflexos até os dias de hoje. Por isso, a uniformidade de crença da igreja primitiva acabou por se perder e os novos pensamentos que surgiram tomaram emprestados ou adaptaram ideias provenientes de religiões pagãs, substituindo os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos por vãs filosofias. O artigo “Trindade: Golpe de mestre do Anticristo! - Parte 2”1 menciona a seguinte ______________________ 1 Evangelho Perdido: http://www.evangelhoperdido.com.br/trindade-golpe- de-mestre-do-anticristo-parte-2. http://www.evangelhoperdido.com.br/trindade-golpe- 26 citação, feita pelo Dr. Alvan Lamson, em seu livro “The Church of the First Three Centuries” (A Igreja dos Primeiros Três Séculos): “A doutrina da Trindade ‘teve sua origem numa fonte inteiramente alheia às Escrituras judaicas e cristãs; que se desenvolveu e foi enxertada [introduzida] no cristianismo pelas mãos dos Padres que promoviam o platonismo”. Quem eram esses ‘Padres que promoviam o platonismo’? Eram clérigos apóstatas que ficaram fascinados com os ensinos de Platão, filósofo grego pagão” (Molulo, 2014). Sobre a influência helenística que 27 atacou a igreja primitiva, o artigo citado no parágrafo anterior menciona uma passagem do livro “The Theology of Tertullian” (A Teologia de Tertuliano), que diz o seguinte: “[Era] uma mistura curiosa de ideias e termos jurídicos e filosóficos, que habilitaram Tertuliano a ela- borar a doutrina trinitária numa forma que, apesar das suas limitações e imperfeições, forneceu a estrutura para a posterior apresentação da doutrina no Concílio² de Nicéia”. _______________ ² Concílio: é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina,fé e costumes (moral). 28 Assim sendo, a fórmula criada pelo Tertuliano (das “três pessoas distintas em um só Deus”) parece ter sido originada como resultado da forte influência das concepções gregas dos pensadores daquela época, concorrendo para a divulgação de um grave engano que perdura até os nossos dias. No ano de 313 d.C., um fato novo modificou o cenário político-religioso do Império Romano, transformando, num passe de mágica, os brutais perseguidores dos cristãos em “paladinos da igreja”: a suposta conversão do Imperador Constantino3 ao cristianismo. Com essa _______________ 3 Imperador Constantino: imperador romano (288-337 d.C.), em cujo governo, a fé cristã (católica) se tornou a religião oficial do Império. 29 façanha, as teologias, os rituais, as interpretações do Evangelho acabaram por ser cuidadosamente transformados e adaptados à linguagem e ao pensamento do poder romano (Fo, J. et al., 2009, pág. 11). O historiador Henry Chadwick atesta, “Constantino, tal como seu pai, adorava o deus Sol Invicto” (Chadwik, 1993, pág. 122, como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). Quanto ao imperador abraçar o Cristianismo, ele admite: “Sua conversão não deve ser interpretada como uma experiência interna de graça… Era uma questão militar. O seu nível de compreensão da doutrina cristã nunca foi muito bem entendido” (pág. 125). 30 Norbert Brox, um professor de história da igreja, confirma que o Imperador Constantino nunca foi realmente um cristão convertido: “Constantino não experimentou qualquer conversão, não há sinais de uma mudança de fé nele. Ele nunca disse que se converteu a outro deus… No momento em que se voltou para o Cristianismo, ele adorava o Sol Invictus (o vitorioso deus Sol)” (Brox, 1996). Esse foi o cenário pitoresco em que a “Doutrina da Trindade” começou a surgir, ou seja, em meio a fatos políticos e várias discussões teológicas acerca dos mistérios do nascimento, do ministério terreno, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, com questões do tipo: “Jesus 31 Cristo foi um homem? Era Deus? Era Deus em figura de um homem? Foi uma ilusão? Foi um simples homem que se tornou Deus? Foi criado por deus-pai ou existia eternamente com o Pai?”. No ano 325 d.C., com claras intenções de unificar o poder político e religioso, o Imperador Constantino aproveitou-se de uma controvérsia acerca da natureza de Jesus Cristo e de Sua relação com “deus- pai” e convocou o Concílio de Nicéia (na atualidade, localizado a oeste da Turquia), em 325 d.C. A disputa envolvia duas correntes de pensamento, uma liderada por Ário, um padre de Alexandria, e outra por Atanásio, um diácono da mesma cidade. O primeiro argumentava que Cristo, sendo Filho de Deus, deveria ter tido um começo e 32 que, portanto, era uma criação especial de Deus, sendo necessariamente mais novo por ser Filho. Atanásio, por sua vez, opunha-se a Ário, apresentando a visão de uma forma primitiva de trinitarianismo, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram um, mas ao mesmo tempo, distintos entre si. Karen Armstrong explica, em “Uma História de Deus”, que a decisão sobre qual ponto de vista o conselho da igreja aceitaria foi, em grande medida, arbitrária: “Quando os bispos se reuniram em Nicéia em 20 de maio de 325 d.C. para resolver a crise, muitos poucos demonstraram apoio ao ponto de vista de Atanásio sobre Cristo. A maioria se deteve no meio do caminho entre a posição de Atanásio e a de Ário” (Armstrong, 1993, pág. 110). 33 Acerca do Concílio de Nicéia, a “Enciclopédia Britânica” declara: “O próprio Constantino o presidiu, ativamente orientando as discussões, e pessoalmente propôs a fórmula fundamental para expressar a relação de Cristo com Deus no credo emitido pelo conselho. Intimidados pelo imperador, os bispos, com duas únicas exceções, assinaram o credo, embora, muitos deles, a contragosto” (The Encyclopaedia Britannica, 1971, como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). O resultado é que, com a aprovação do imperador, o concílio rejeitou o ponto de vista minoritário de Ário e, não tendo nada definitivo para substituí-lo, aprovou 34 a visão de Atanásio (também minoritária), preparando o terreno para a aceitação oficial da “Doutrina da Trindade”, a qual levaria mais de três séculos, após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, para ser estabelecida. A controvérsia, no entanto, parece não ter acabado com o Concílio de Nicéia. Karen Armstrong (citada anteriormente) explica: “Atanásio conseguiu impor sua teologia aos bispos com o imperador no seu encalço… A demonstração de concordância agradou a Constantino, que não compreendia as questões teológicas, mas na verdade não havia unanimidade em Nicéia. Depois do Concílio, os bispos continuaram a ensinar como antes e a crise ariana continuou por mais sessenta anos. Ário e seus seguidores lutaram e 35 conseguiram recuperar o favor imperial. Atanásio foi exilado pelo menos cinco vezes. E foi muito difícil fazer valer seu credo” (págs. 110-111). O que se segue são relatos históricos de divergências violentas e sangrentas como consequência do Concílio de Nicéia, conforme narra o historiador Will Durant: “Provavelmente mais cris- tãos foram massacrados por cristãos nestes dois anos (342-343) do que em todas as perseguições de cristãos pelos pagãos na história de Roma” (Durant, 1950). Com crueldade, enquanto reivindicavam o título de cristãos, muitos religiosos lutaram e mataram uns aos outros por causa dos seus pontos de vista 36 diferentes acerca da pessoa do Deus de Israel. A respeito das décadas seguintes, o professor Harold Brown (citado anteriormente), escreve: “Em meados das décadas desse século, 340-380, a história da doutrina parece mais com a história de tribunais, de intrigas entre igrejas e de conflitos sociais... As doutrinas centrais elaboradas nesse período, frequentemente parecem ter sido apresentadas através de intrigas ou pela violência popular, e não de comum acordo da cristandade guiada pelo Espírito Santo” (Brown, 2003, pág. 119, como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). Alguns anos mais tarde, os desacordos 37 passaram a centrar-se em torno de outra questão: a natureza do Espírito Santo. A esse respeito, a declaração divulgada no Concílio de Nicéia simplesmente disse: “Cremos no Espírito Santo”, tornando-se algo que “parece ter sido adicionado ao credo Atanasiano em uma reflexão posterior”. Karen Armstrong (citada anteriormente) afirma, sobre tal fato, o seguinte: “As pessoas estavam confusas sobre o Espírito Santo. Era simplesmente um sinônimo de Deus ou era algo mais?” (pág. 115). O professor Charles Ryrie, citado por por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R. (2012)., referiu-se a esse momento e aos teólogos da província da Capadócia da seguinte maneira: 38 “Na segunda metade do século IV, três teólogos da pro- víncia da Capadócia, no leste da Ásia Menor [hoje Turquia central] deram a forma definitiva à doutrina da Trindade... Eles propuseram uma ideia que foi um passo além da visão de Atanásio, dizendo o seguinte: ‘Deus, o Pai, Jesus, o Filho, e o Espírito Santo eram coiguais e juntos em um único ser, mas também distintos entre si” (pág. 65 e 89). No ano 381, quarenta e quatro anos após a morte de Constantino, o imperador Teodósio convocou o Concílio de Constantinopla (hoje Istambul, Turquia) para resolver essas disputas. Gregório de Nazianzo, recém-nomeado arcebispo de Constantinopla, presidiutal conselho e pediu a adoção de seu ponto de vista sobre 39 o Espírito Santo, dizendo que “ele era consubstancial com o Pai” (significando que se tratavam de “pessoas do mesmo ser, uma vez que substância era uma qualidade individual”). O historiador Charles Freeman afirma: “Praticamente nada se sabe dos debates teológicos do Concílio de 381, mas Gre- gório foi certamente na esperança de obter alguma aceitação de sua crença. Seja pela falta de habilidade para lidar com o assunto ou se simplesmente por não terem chance de consen- so, os bispos ‘macedônios’, que se recusaram a aceitar a plena divindade do Espírito Santo, deixaram o concílio. Portanto, Gregório repreendeu os bispos por preferirem ter uma maioria ao invés de simplesmente aceitarem a 40 sua declaração da ‘Palavra Divina’ da Trindade” (Freeman, 2008). Pouco depois, Gregório ficou doente e teve que retirar-se do concílio, assumindo a presidência do concílio um tal Nectarius, senador idoso, popular ex- prefeito da cidade, mas que ainda não era um cristão batizado. Acerca dele, Freeman diz: “Nectarius parecia não conhecer a teologia, e teve que ser iniciado na fé necessária antes de ser batizado e consagrado” (Freeman, 2008). Estranhamente, um homem que até aquele momento não era cristão, segundo a histótia, foi nomeado para presidir um importante concílio da igreja romana, 41 encarregado de determinar o que seria ensinado sobre a natureza de Deus aos quatro cantos da terra. Dessa forma, o ensinamento dos três teólogos capadócios (citados anteriormente) “tornou possível que o Concílio de Constantinopla (381) afirmasse a divindade do Espírito Santo, que até aquele momento não havia sido claramente estabelecida, nem mesmo nas Escrituras” (A Enciclopédia Harper- Collins do Catolicismo [The Harper- Collins Encyclopedia of Catholicism], como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). Conforme a matéria “A Surpreendente Origem da Doutrina da Trindade”, da Igreja de Deus Unida (Ashiley et al., 2012), o referido Concílio de Constantinopla aprovou, 42 então, a seguinte declaração: “Nós cremos em um só Deus, Pai Todo-Po- deroso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos … E acreditamos no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, que falou através dos profetas …”(Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). Importante lembrar que tal declaração também afirma a crença “na Igreja Una, Santa, Católica [ou seja, neste contexto, universal, total ou completa] e Apostólica …”. Salvo erro, a última parte do referido credo é a confissão explicita do desvio doutrinário das Sagradas Escrituras por 43 parte dessa comunidade religiosa, visto que nenhuma instituição deve ser objeto de fé, uma vez que o próprio Mestre declarou que Ele (e unicamente Ele) é “o caminho, e a verdade, e a vida” e que “ninguém vem ao Pai senão por Ele” (João 14.6). Assim sendo, com essa declaração datada de 381 d.C., que se tornaria conhecida como o “Credo Niceno- Constantinopolitano”, a “Doutrina da Trindade” (da forma que majoritariamente é entendida nos dias de hoje) tornou-se a crença oficial e o ensinamento quase que unânime sobre a natureza do Deus de Israel. O professor de teologia, Richard Hanson, observa, acerca do resultado obtido na decisão do conselho, o seguinte: 44 “Foi reduzir as explicações do signi- ficado da palavra ‘Deus’, de uma extensa lista de alternativas, a uma só explicação”, de modo que “quando o homem ocidental de hoje diz ‘Deus’ ele está duma maneira geral a referir-se ao único e exclusivo Deus [Trinitário] e nada mais” (Hanson, 1985, como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). Assim, o Imperador Teodósio – que tinha sido batizado apenas um ano antes da convocação do concílio – foi, como Constantino, quase seis décadas antes, instrumento central no estabelecimento de importante doutrina para a igreja romana. Acer a de Teodósio, o historiador Charles Freeman (citado anteriormente) faz a 45 seguinte observação: “É importante lembrar que Teodósio não tinha qualquer formação teológica e estabeleceu como se fosse um dogma uma fórmula contendo problemas filosóficos difíceis de resolver dos quais ele não estaria ciente. Com efeito, as leis do imperador silenciaram o debate quando ainda não estava resolvido” (pág. 103). Segundo Richard Rubenstein, a partir dessa decisão, Teodósio demonstrou não tolerar opiniões divergentes, fazendo um decreto que dizia: “Agora, nós ordenamos que todas as igrejas sejam entregues aos bispos que professam Pai, Filho e Espírito Santo como uma única majestade, de mesma glória, e de esplendor único, aos 46 [bispos] que não estabelecem nenhuma distinção por separação sacrílega, mas (que afirmem) a ordem da Trindade, reconhecendo as Pessoas e unindo a Divindade” (Richard Rubenstein, 1999, como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). Bettenson declara que em outro edito, Teodósio foi ainda mais longe, ao exigir o cumprimento da nova doutrina, no seguintes dizeres: “Devemos acreditar na divindade única do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em igual majestade e em santa Trindade. Nós autorizamos os seguidores desta lei a assumirem o título de Cristãos Católicos, mas para os outros, uma vez que, em nosso julgamento, eles são loucos insensatos, nós decretamos que sejam marcados 47 com o nome ignominioso de hereges, e não deverão ousar dar a seus conventículos [assembleias] o nome de igrejas. Eles sofrerão, em primeiro lugar, o castigo da condenação divina, e em segundo, a punição que a nossa autoridade decidir aplicar, de acordo com a vontade do céu” (Bettenson, 1967). Essa cadeia incomum de eventos é a razão pela qual os professores de teologia, Anthony e Richard Hanson, no livro “A crença razoável: Um Estudo da Fé Cristã”, resumiram a história, destacando que a adoção da “Doutrina da Trindade” foi o resultado de: “Um processo de exploração teológica que durou pelo menos trezentos anos … Na verdade, foi um 48 processo de tentativa e erro (ou de muitos erros e poucos acertos), onde o erro não foi limitado ao que não era ortodoxo … Seria tolice representar a doutrina da Santíssima Trindade como tendo sido alcançada por qualquer outro meio... Este foi um longo e confuso processo, em que diferentes escolas de pensamento na Igreja trabalhavam de maneira independente, e depois tentavam impor sobre as outras, a resposta deles à pergunta: ‘Quão divino é Jesus Cristo?’ … Se alguma vez houve uma controvérsia decidida pelo método de tentativa e erro, certamente foi esta” (Hanson, A., Hanson, R., 1980, como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012, pág. 175). O clérigo anglicano e conferencista da Universidade de Oxford, K.E. Kirk, 49 escreve, de forma esclarecedora, sobre a adoção da “Doutrina da Trindade”, o seguinte parecer: “A justificativa teológica e filosófica da divindade do Espírito começa no século IV; nós naturalmente nos voltamos para os escritores desse período para descobrir quais os motivos da sua crença. Para nossa surpresa, somos forçados a admitir que eles não tinham nenhum… Este fracasso da teologia cristã… em produzir uma justificativa lógica do ponto fundamental de sua doutrina trinitária é de máxima importância. Antes de voltar à questão da defesada prática da doutrina, somos forçados a perguntar se a teologia ou a filosofia já forneceu alguma razão pela qual sua crença deve ser trinitária” (“A Evolução da Doutrina da Trindade” [The evolution of the 50 Doctrine of the Trinity], publicado em Ensaios sobre a Trindade e a Encarnação [Essays on the Trinity and the Incarnation ], editor A.E.J. Rawlinson, 1928, págs. 221-222, como referido por Ashiley, S., Robinsom, T., Schoroeder, J. R., 2012). Assim sendo, conforme nos mostra o “Livro Negro do Cristianismo”, o que ocorreu com o cristianismo pós-apostólico é o retrato do que se passa com grande parte das religiões do mundo: “tornaram- se cultos ao Estado”. Em tais religiões, o centro de poder dos principais templos acabou sendo conquistado por falsos cristãos que usaram a fé para satisfazer os seus prazeres carnais e obter riqueza e autoridade (Fo, J., Malucelli L., Tomat, Sergio, 2009, pág. 8). 51 É claro que não se pode generalizar (dizem os autores do citados livro), pois existiram homens religiosos com grandes incumbências na esfera eclesiástica que agiram com justiça e notável honestidade, alguns dos quais colocaram suas vidas em risco para defender aquilo que acreditavam ser a verdade. Não obstante, também é verdade que, por séculos, os líderes do catolicismo romano venderam os cargos religiosos a quem lhes oferecia mais dinheiro, alguns dos quais macularam suas vidas com crimes horrendos por torpe ganância (Fo, J., Malucelli L., Tomat, Sergio, 2009, pág. 8). À luz da palavra de Deus sobre a impossibilidade de “uma fonte jorrar dois tipos distintos de água” (Tiago 52 3:11) e de que “pelos frutos conhecereis as árvores” (Lucas 6:44), algumas importantes lições podem ser tiradas dos fatos narrados acima: • Como era de se esperar, as profecias bíblicas acerca da terrível perseguição que a igreja primitiva sofreria na era pós-apostólica (em seu seio e fora dele) tiveram total cumprimento; • A verdadeira igreja não participou dos debates intelectuais e teológicos nos séculos que levaram à formulação da “Doutrina da Trindade”, tendo sido escorraçada e empurrada para a clandestinidade, de forma a criar comunidades alternativas (O Livro Negro do Cristianismo. Fo, J., Malucelli L., 53 Tomat, Sergio, 2009, pag. 28); • Apesar da feroz perseguição, as portas do inferno não pre valeceram contra a igreja primitiva (como profetizou Jesus) e a dispersão dos cristãos genuínos, decorrentes das per seguições religiosas, serviu como uma ferramenta para a disseminação do Evangelho de Cristo para outras regiões do império romano (Mateus 16.18); • A uniformidade de crença da igreja primitiva acabou por se perder em meio às perseguições internas e externas, surgindo novos entendimentos que tomaram emprestados ou adaptaram ideias provenientes de religiões pagãs, substituindo os ensinamentos de 54 Jesus e dos apóstolos por um “cristianismo romano” (posteriormente oficializado como “catolicismo”); • O cristianismo do período pós- apostólico foi nitidamente usado para fins políticos, de forma que os concílios religiosos foram presididos por autoridades romanas de fé duvidosa e convocados para supostamente “defender a fé cristã contra falsos ensinos que ameaçavam introduzir- se no seio da igreja” (igreja católica romana). • Algo tão importante e central para a fé cristã (a pessoa de Yahweh) acabou por ser um subterfúgio para o uso da força, ao ponto dos discordantes serem estigmatizados como “hereges” e tratados como tal de acordo com os 55 decretos do imperador romano da época, sob os auspícios das autoridades da igreja católica romana, algumas das quais conhecidas como padres da igreja (“pais da igreja”). 56 57 SEGUNDO CAPÍTULO Yahweh na criação dos Céus e da Terra. 58 59 A Palavra de Yahweh, o Espírito Santo de Yahweh e o próprio Yahweh são um. Ainda que as Escrituras Sagradas não tenham estabelecido um método de interpretação para si, cuido ser salutar para a investigação de alguns versículos bíblicos, que ora iniciamos, o devido respeito às cinco regras da hermenêutica bíblica (a arte de interpretar textos sagrados), não por serem verdades absolutas (pois não o são), mas para utilizarmos critérios que trarão maior confiabilidade às nossas argumentações. Por isso, o quanto for possível, 60 tomaremos as palavras em seu sentido usual e comum, considerando o conjunto da frase, o contexto, o objetivo do livro em que estiverem inseridas e as passagens paralelas que se referem ao assunto. A rigor, o fato de não haver qualquer tipo de contradição na pessoa de Yahweh, tanto em Seu espírito, quanto em Sua Palavra, obriga-nos a entender que todo e qualquer dogma religioso, formulado a partir das Sagradas Escrituras, não pode, em hipótese alguma, contrariar qualquer passagem bíblica por mais insignificante que pareça, sob pena de ferir a perfeita harmonia que existe entre todos os versículos, capítulos e livros inspirados pelo Espírito Santo de Yahweh (2Tm 3.16; 2Pe 1.20-21). Para tanto, convido os leitores a lerem 61 comigo o Salmo 33.6: “Pela palavra (voz, verbo) do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito (pneuma1) da sua boca” (Sl 33.6). Tais afirmações revelam-nos as seguintes verdades bíblicas inquestionáveis, as quais estão em harmonia com outras passagens bíblicas: Pela Sua Palavra, Yahweh criou os Céus: “No princípio criou deus o céu e a terra... E chamou Deus à expansão Céus” (Gênesis 1:8); Yahweh disse e logo tudo apareceu: “Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu” (Salmos 33.9); _________________ 1 Pneuma: é uma palavra em grego antigo que significa “respiração”, mas que, num contexto religioso, pode significar “fôlego de vida”, “vento”, “espírito” ou alma”. https://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/1/8+ 62 Não há nada que não tenha sido criado pela Palavra de Yahweh: “Todas as coisas foram feitas por ele (o verbo, a palavra), e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3). Entre as coisas criadas estão os mundos celestial e terreno, material e espiritual: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hebreus 11:3); Entretanto, a segunda parte do Salmos 33.6 afirma que o exército dos Céus foram criados “pelo espírito (que saiu) da Sua boca (de Yahweh)”. Ou seja, https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/1/3+ https://www.bibliaonline.com.br/acf/hb/11/3+ 63 através do Seu fôlego (sopro), Yahweh criou as estrelas, os luminares e tudo que nos Céus existe, exatamente como está dito no livro de Salmos, acerca do espírito criador que sai da boca de Deus: “Envias o teu Espírito (fôlego), e são criados, e assim renovas a face da terra” (Salmos 104.30). Ocorre que, se Deus criou TODAS AS COISAS (grifo do autor) pela Sua Palavra e o Salmo 33.6 diz que o exército dos Céus foram criados pelo ESPIRITO DA SUA BOCA (grifo do autor), logo, quando Yahweh fala, sai- Lhe um espírito de Sua boca e, pelo poder desse espírito, milagrosamente, todas as coisas são criadas: “As palavras que eu (Jesus) vos digo são espírito e vida” (João 6:63). https://www.bibliaonline.com.br/acf/sl/104/30+ https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/6/63+ 64 Assim sendo, por esse verso, entendemos que PALAVRA (grifo do autor) e ESPÍRITO (grifo do autor) de Yahweh são uma coisa só, ou seja, uma única pessoa e não duas pessoas distintas. Mas, que espírito(pneuma) teria saído da boca de Yahweh para criar o exército dos Céus, senão o ESPÍRITO SANTO DE YAHWEH (grifo do autor)? Haveria outro espírito na pessoa de Deus? Julgo que não! Portanto, as Escrituras Sagradas estão a assegurar que, quando Yahweh abriu Sua boca, na criação de todas as coisas, e pronunciou a Sua Palavra criadora (o verbo), esse ato significou o Espírito Santo vindo das Suas entranhas (do coração) e saindo pela Sua boca para 65 realizar as Suas obras maravilhosas, pois: “A boca fala daquilo que há em abundância no coração” (Lucas 6:45); “A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração” (Romanos 10:8); “Nem só de pão viverá o hmem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4:4); “Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz” (Isaías 55:11). É possível que alguém lance mão da questão do antropomorfismo (forma de https://www.bibliaonline.com.br/acf/rm/10/8+ https://www.bibliaonline.com.br/acf/is/55/11+ 66 pensamento que atribui características ou aspectos humanos a Deus) para dizer que o conceito de “boca” não pode ser aplicado a Yahweh (dizendo que Deus não possui boca), despersonalizando-O totalmente. Todavia, se o conceito de “boca” não pode ser aplicado a Ele, tão pouco, todos os demais conceitos referentes ao homem, tais como “olhos”, “voz”, “palavra” e até mesmo “pessoa”, inviabilizando, assim, uma infinidade de convicções e doutrinas religiosas, tal como a própria “Doutrina da Trindade” (a qual usa a expressão “pessoas da trindade”). Outrossim, quando as Escrituras Sagradas tratam da criação do homem à imagem de Yahweh e conforme Sua semelhança, parece mais coerente 67 entender que isso ocorreu no ser humano por inteiro (aspectos morais, intelectuais, espirituais e de aparência física também). Digo isso, pois o termo usado para “imagem” (zelem) aparece 17 (dezessete) vezes na Bíblia, sendo 12 (doze) vezes referindo-se a uma imagem física de pessoas, de ídolos e de deuses (como, por exemplo, em Êxodo 20.4, Deuteronômio 5.8 e Romanos 1.23), e as outras 5 (cinco) vezes, relacionando o homem com outro homem e com Deus (Gênesis 1.26,27; Gênesis 5.3; Gênesis 9.6). Além disso, há textos que retratam claramente a forma física de Yahweh (a forma do seu corpo espiritual), a qual Ele comunicou aos seres humanos e anjos, quando os criou, tais como as passagens que citam um “ancião de 68 dias” assentado sobre um trono (Daniel 7:9,13) e um ser glorioso “semelhante a um homem”: “E por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia algo semelhante a um trono que parecia de pedra de safira; e sobre esta espécie de trono havia uma figura semelhante a de um homem, na parte de cima, sobre ele” (Ezequiel 1:26). Outro argumento que poderia ser usado para manchar a clareza do Salmo 33.6 seria a afirmação de que a tradução mais comum para o termo pneuma é “respiração” (e não propriamente um “espírito”). Porém, como afirma Herman Brandt, a palavra pneuma é polissêmica (possui multiplicidade de sentidos), sendo traduzida, por exemplo, https://www.bibliaonline.com.br/acf/ez/1/26+ https://www.bibliaonline.com.br/acf/ez/1/26+ 69 no Velho Testamento, da seguinte maneira: “Das 389 ocorrências do substantivo no Velho Testamento, 113 vezes significa vento, 136 vezes significa o Espírito de Deus, 116 vezes significa fôlego do homem, 10 vezes relaciona-se aos animais e 3 vezes relaciona-se a ídolos” (Herman Brandt, O Espírito Santo [São Leopoldo, RS: Sinodal, 1985], pag. 124). Portanto, a diversidade do uso da palavra pneuma sugere cautela na sua interpretação; do contrário, o termo poderia ser reduzido a uma mera dimensão antropológica (estudo do homem), obscurecendo o fato de que, por sua natureza complexa, pneuma deve ser visto como um conceito “téo-antropológico” (H.W. Wolff, Antropologia do Antigo Testamento 70 [São Paulo, SP: Hagnos Ltda, 2009], 68). Apoiando tal raciocínio, o Reverendo Hermisten, em sua obra “Teologia Sistemática II”, acerca do termo pneuma, afirma: “É imperioso considerar a variedade de emprego do mesmo (pneuma), tornando-se, em determinados casos, necessário um exame cuidadoso do contexto no qual o termo ocorre” (Reverendo Hermisten, 2009, pág. 131). Resumindo, no caso de Salmo 33.6, o contexto parece deixar claro que o escritor bíblico, ao usar a palavra pneuma (“espírito da Sua boca”), quis se referir ao Espírito Santo de Yahweh e não indicar “fôlego de vida”, “vento”, “ar” ou “respiração”, como referindo-se a algo 71 mecânico (que ocorre nos seres humanos e na natureza). Os argumentos apresentados acima já seriam suficientes para comprovar que duas das supostas “três pessoas da Trindade” são, na verdade, uma só. Porém, gostaria de convidar os leitores a lerem outro verso bíblico que diz o seguinte: “Deus é Espírito (pneuma), e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (João 4.24). Diante de mais essa verdade bíblica, eu perguntaria: que “espírito” (pneuma) seria Yahweh senão o Espírito Santo? Ou então, que espírito formaria o corpo espiritual de Yahweh? Haveria outro espírito senão o Espírito Santo? Julgo que não! Portanto, além de mostrar que a 72 Palavra de Yahweh e o Espírito Santo são uma só pessoa (como mostra o Salmo 33.6), as Escrituras Sagradas também são inequívocas em nos revelar que Yahweh e o espírito santo (duas das supostas “pessoas distintas da Trindade”) são a mesmíssima e única pessoa. O fato é que grande parte dos teólogos e estudiosos dos Livros Sagrados, numa feroz tentativa de defender a “Doutrina da Trindade”, concentram seus esforços em provar que o Espírito Santo é Deus (uma verdade pura e cristalina, diga-se de passagem). Todavia pouquíssimos deles (ou quase nenhum) conseguem ler o verso citado assim como ele foi escrito: “Deus é espírito (pneuma)” (João 4:24). Claro que muitas conjecturas podem ser feitas em cima do verso 73 supracitado (João 4.24), no entanto, olhando o contexto remoto, dentro da perspectiva que estamos abordando, o apóstolo Paulo, na sua segunda carta aos Coríntios, faz uma afirmação surpreendente: “Ora, o Senhor é o Espírito (pneuma); e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Coríntios 3.17). Paulo, nessa última passagem, simplesmente está dizendo que o termo pneuma pode ser usado para indicar “pessoa” (incluindo a pessoa de Yahweh) e que o Senhor Jesus Cristo é o próprio Espírito (Santo). Assim sendo, juntando as afirmações contidas no Salmo 33.6, em João 4.24 e em 2 Coríntios 3.17, podemos concluir que a Palavra de Yahweh, o Espírito Santo de 74 Yahweh e o próprio Yahweh são UM (grifo meu), ou seja, a mesmíssima e única pessoa, conforme diz 1 João 5.7: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um (concordam)”. Há passagens bíblicas que mostram a impossibilidade de se separar aquilo que as Escrituras comprovam ser uma unidade (única pessoa), como, por exemplo, a declaração feita pelo profeta Isaías, em Isaías 6.1-11, afirmando que o Pai, assentado em um trono, falou-lhe pessoalmente em uma visão (“ouvi a voz do Senhor que dizia...”). Contudo, o apóstolo João, em João 12.39- 44, disse- nos que Isaías havia visto a Jesus Cristo assentado sobre tal trono, ou seja, não eram duas pessoas distintas, mas uma única 75 pessoa. Já, em Atos 28.25-26, o escritor bíblico, comentando acerca da mesma passagem, reputou a fala ouvida pelo profeta Isaías como sendo a fala do Espírito Santo de Deus, de tal formaque, quando a pessoa de Deus fala, trata-se da voz do Espírito Santo. Assim sendo, mediante essas verdades, é possível admitir a pluralidade de ofícios, manifestações, papeis e atributos, mas jamais a pluralidade de pessoas, caindo por terra a concepção filosófica da Trindade. Claro que as discussões não terminam por aqui, pois existem outras passagens bíblicas que precisam ser esclarecidas mediante as verdades que foram reveladas neste capítulo. Para tanto, vistamos o capacete da 76 salvação, tomemos o escudo da fé, cinjamos o cinturão da verdade, calcemos os sapatos do Evangelho da paz e empunhemos a espada do espírito (que é a Palavra de Yahweh) para prosseguirmos no combate e para nos protegermos dos dardos inflamados do maligno (Efésios 6.13-17). 77 78 TERCEIRO CAPÍTULO Onipotência e Onipresença de Deus. 79 80 A onipotência e a onipresença divinas Seria trágico se não fosse cômico o fato de grande parte dos teólogos contemporâneos confessarem, em seus escritos, que não acreditam, de fato, que Yahweh tenha poder para estar em dois ou mais lugares ao mesmo tempo quando se referem à “Doutrina da Trindade”, ignorando, praticamente, os atributos da onipotência1 e onipresença2 divinas, _________________ 1 Onipotência: capacidade de fazer tudo; de não ter nenhum tipo de dificuldade; todo- poderoso. 2 Onipresença: qualidade ou condição do que está em todos os lugares ao mesmo tempo. 81 grandemente enaltecidos, por exemplo, no Salmo 139. Isso parece ficar claro quando a maior parte desses estudiosos prefere virar as costas para as verdades bíblicas e lançar mão de uma doutrina de origem duvidosa (a “Doutrina da Trindade”), sustentada em conceitos filosóficos, usando-a inclusive para determinar, segundo o que pensam, quem é cristão (e vai para o céu) e quem não passa de um herege (e, consequentemente, está condenado ao lago de fogo). O fato é que essa “fórmula pronta” nos revela claramente que os teólogos foram (e estão sendo) condicionados a ler as Escrituras Sagradas com os óculos do cristianismo romano, profundamente arraigado na cultura ocidental e transmitida 82 de geração em geração pelos seminários teológicos. Mas, olhando para as verdades bíblicas (como as explicitadas pelo Salmo 139 que trata da onipresença), quem, em sã consciência, poderia garantir que, há quase dois mil anos atrás, Yahweh não tenha tido poder para estar assentado no trono e, ao mesmo tempo: Fazer-se homem no ventre de uma mulher (João 1.14); Ser em tudo semelhante aos homens (Hebreus 2.17); Esvaziar-se da Sua glória, ou seja, dos atributos incomunicáveis3 (Filipenses 2.7); _________________ 3Atributos incomunicáveis: qualidades que o supremo Deus não compartilha com nenhuma das suas criaturas, tais como: onipotência, onipresença, onisciência, eternidade, auto- existência, unicidade e imutabilidade. 83 Ausentar-se de si próprio por quase 33 anos, constituindo-se em duas pessoas distintas durante esse período (João 1:8, João 3.13; João 8.17-18 e Hebreus 1.1-3); e Oferecer-se (enquanto um homem perfeito) como sacrífico vivo pelo pecado de toda a humanidade, derramando Seu sangue, na morte, pelos pecadores (2 Coríntios 5. 19; Isaías 53.4-5 e João 19.30)? Salvo erro, é exatamente isso que tais versos bíblicos nos revelam, ou seja, que Yahweh foi capaz de estar assentado no trono e, ao mesmo tempo, de forma milagrosa, fazer-se perfeitamente homem no ventre de uma mulher, estando, enquanto Palavra de Deus, lá no céu e aqui na terra 84 simultaneamente (João 3:13 e João 1:18). Para tanto, Ele obrigou-se a esvaziar-se da Sua glória (dos atributos incomunicáveis), para que, na forma humana, tivesse condições de receber o pecado da humanidade e pudesse morrer pelos pecadores, realizando assim um sacrifício perfeito. Em outras palavras, o todo poderoso Yahweh milagrosamente, por cerca de 33 anos, tornou-se duas pessoas distintas, porém, ambas perfeitamente Deus, de tal sorte que uma delas permeneceu no céu, assentada sobre trono da Sua glória, com todos os atributos, e a outra se fez carne no ventre de uma mulher, esvaziando-se dos atributos incomunicáveis, para que pudesse tornar-se um homem perfeito e viesse a nascer, crescer e morrer pelos pecadores, 85 sem, contudo, deixar de ser o próprio Yahweh. Claro que é plenamente compreensível a dificuldade da mente humana em conhecer o real significado dos atributos da onipresença e onipotência divinas, visto que o ser humano possui um raciocínio linear4 . No entanto, com a mente de Cristo é plenamente possível alcançar luz para enxergar as verdades bíblicas assim como elas verdadeiramente são, despindo-se dos óculos das religiões e de seus dogmas, principalmente aqueles que tiveram origens bastante obscuras, como é o caso da “Santíssima Trindade”. _________________ 4 Linear: é o modo mais predominante do homem pensar, em que o objeto de estudo é dividido em várias partes e, em seguida, é feito uma análise de cada parte em separado. 86 Cheios do Espírito Santo é possível compreender que, há dois mil anos atrás, a Palavra de Deus foi capaz de caminhar sobre a Terra e, ao mesmo tempo, pelo atributo da onipresença, continuar sustentando todas as coisas que foram criadas. De tal forma que as leis que regem o universo se mantiveram intactas, sem que o mundo se tornasse um caos e perdesse a direção, subsistindo na mais perfeita ordem e harmonia: “...todas as coisas subsistem por ele (Jesus)” (Colossenses 1:17) e “O qual (Jesus), sendo o resplendo da sua glória, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder... assentou-se à destra da majestade na auturas ” (Hebreus 1:3). Contudo, para os que preferem crer em filosofias humanas, que dividem Yahweh em https://www.bibliaonline.com.br/acf/hb/1/3+ 87 três pessoas eternamente distintas, podemos dizer que se cumpre neles a seguinte profecia: “O Deus deste século, cegou o entendimento dos incrédulos, a fim de que não vejam a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Coríntios 4:4). 88 QUARTO CAPÍTULO O verbo eterno se fez carne. 89 90 Quem é verdadeiramente Jesus Cristo? O Livro de Apocalipse traz, em seu conteúdo, uma informação bastante esclarecedora acerca da pessoa de Jesus Cristo: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. E estava vestido de veste tingida em sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus” (Apocalipse 19.11- 91 13). Mediante tal verdade bíblica, entendemos que Jesus Cristo nada mais é do que a Palavra de Yahweh que se fez carne e habitou entre nós há quase dois mil anos, exatamente como disse o apóstolo João pelo Espírito Santo: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do uni- gênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14). Ou seja, Jesus Cristo, enquanto Filho de Yahweh, passou a existir somente há dois mil anos atrás, sendo, antes disso, a eterna Palavra de Yahweh, ou o espírito que saiu da Sua boca para criar todas as coisas (Salmo 33.6), proveniente das Suasentranhas santas (do Seu coração), uma vez que, como vimos, 92 segundo a Bíblia: “A boca (também a de Yahweh) fala daquilo que há em abundância no coração” (Mateus 12.34). Há teólogos que acreditam que Yahweh gerou Seu Filho na eternidade, um pensamento que parece existir unicamente para dar suporte à “Doutrina da Trindade”. Todavia parece-nos que tal ideia não guarda nexo algum com as Escrituras Sagradas, pois afetaria a suposta “eternidade do Filho” (apregoada pelo catolicismo romano). A geração do Filho na eternidade faria com que houvesse um tempo em que, na eternidade, Ele não existia (antes de Sua geração), não sendo, portanto, eterno. Por isso, biblicamente falando, parece estar claro que a geração do Filho ocorreu, 93 de fato, há quase dois mil anos atrás, sendo Ele, antes disso, tão somente a eterna Palavra de Deus: “Tu és meu filho; eu hoje te gerei” (Salmos 2:7). Aliás, se olharmos para a geração de Jesus Cristo, por exemplo, já encontramos um problema sério para a ideia de que existem “três pessoas distintas” em Yahweh, pois as Escrituras Sagradas mostram: Yahweh dizendo que Jesus era Seu filho e que Ele o havia gerado (Salmos 2.7), sendo, portanto, Seu Pai; O Anjo Gabriel dizendo a Maria que a criança que estava em seu ventre havia sido gerada pelo espírito santo (Mateus 1.18,20), transferindo a paternidade à suposta “terceira pessoa da 94 Trindade”; e O apóstolo João nos assegura que “O verbo se fez carne”, por si mesmo (João 1.14). O fato é que a geração milagrosa da Palavra de Yahweh no ventre de Maria ocorreu sem a participação humana, de sorte que Maria foi, tão somente, a gestora (fez a gestação), como uma espécie de “barriga de aluguel”1. Isto porque, se ___________________ 1 Barriga de aluguel: nome popular dado à gestação por substituição que representa um tratamento utilizado quando determinada mulher não pode engravidar, seja pelo fato de não ter útero ou pela presença de doenças graves que contraindicam a gravidez, mas tem óvulos capazes de gerar um bebê. Nesta situação, este casal gera o embrião através de técnicas de fertilização in vitro (FIv), o qual é transferido para o útero de outra mulher, que “carrega” o bebê por 9 meses e dá a luz. Após o nascimento, o bebê é devolvido aos pais biológicos. 95 tivesse havido participação dela na geração do Filho de Deus, Jesus teria nascido com a semente do pecado (Romanos 5.12). Talvez, há algumas décadas, fosse difícil compreender a ideia da gestação por substituição (“barriga de aluguel”), mas, no século atual, isso é muito simples, pois, conforme fatos reais, noticiados pela imprensa, se um óvulo de uma mulher negra fecundado por um espermatozoide de um homem negro (embrião) for introduzido no ventre de uma mulher branca, a fim de que esta realize a gestação, a criança nascerá negra, provando que a única participação da mulher branca no processo da gestação é a nutrição da criança, ou seja, sem participação genética alguma (Prodham, 2002). 96 Assim sendo, Maria não foi a mãe biológica do Filho de Deus, mas uma mãe adotiva que teve o ventre santificado pela Sua presença (e somente isso), pois ela também precisava crer em Jesus para ser salva. Vendo dessa maneira, fica fácil entender que Jesus, de fato, foi o “segundo Adão” (1 Coríntios 15.45), gerado em estado de perfeição moral (sem pecado), trazendo, como o primeiro Adão, a imagem e a semelhança de Deus (Hebreus 1.3), ou seja, possuindo todos os Seus atributos morais, porém vazio dos atributos inerentes. Mas, se a Palavra de Deus esvaziou-se dos atributos inerentes, então como Jesus realizava os sinais, prodígios e maravilhas? E como Ele conhecia os acontecimentos 97 futuros, os pensamentos e os sentimentos humanos? Pelo simples fato de que se cumpriu n’Ele o que estava profetizado em Isaías 11.2, Isaías 42.1 e Isaías 61.1. Ou seja, quando Jesus foi batizado nas águas do rio Jordão (Mateus 3.16 e Lucas 3.22), o Espírito Santo (a plenitude da divindade) desceu sobre Ele sem medida (João 3.34) e Lhe deu todo o poder para realizar os milagres, para conhecer os mistérios dos corações dos homens e para penetrar nas profundezas de Deus (João 8.55). Aliás, o próprio Jesus confessou, em certa ocasião, que não era Ele quem realizava os sinais, prodígios e maravilhas, mas o Pai que estava n’Ele era quem os operava, não podendo de si mesmo fazer coisa alguma (João 14.10-11 e 98 João 5.19). Será que Ele teria mentido? Claro que não! Vejamos o que dizem as Escrituras Sagradas a respeito da ausência, em Jesus Cristo, dos atributos da onipotência, onisciência e onipresença: Onisciência: “Mas daquele dia ou daquela hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão só o Pai” (Marcos 13.32). Como aceitar a ideia ilógica e absurda, defendida pelos adoradores da Trindade, de que Jesus tinha o poder da onisciência, mas “escolheu não saber”? Como acreditar na heresia de que só o Pai sabia o dia e a hora da volta de Jesus, mas o Espírito Santo (que em Jesus estava e que conhece as profundezas e os 99 pensamentos de Deus) não sabia, tornando estes dois (Filho e espírito de Deus), automaticamente, submissos e inferiores ao Pai? Onipresença: “Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu; e, por vossa causa, folgo de que eu lá não estivesse, para que creiais; mas vamos ter com ele” (João 11.14,15). Será que mais uma vez Ele fez de conta que não estava lá pessoalmente, mas no fundo estava? Onipotência: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28.18). Essa passagem mostra claremente que Jesus não possuia todo o poder, 100 mas recebeu-o quando ressuscitou, ou será que Ele era onipotente, mas fez de conta que não tinha todo o poder? Por essas verdades bíblicas é que os homens devem dar glória e honra ao grande Deus, o qual, por infinito amor, obrigou-se a: Esvaziar-se de si mesmo, fazendo-se, em tudo, semelhante aos homens (Filipenses 2.7 e Hebreus 2.17); e Depositar nas mãos do homem Jesus Cristo (Sua encarnação) os destinos dos Céus e da Terra (Mateus 11.27 e João 13.3). Na pessoa daquele homem (“corporalmente”), estavam escondidos 101 todos os tesouros da ciência e da sabedoria divinas (reservados àquele que crer), bem como toda a obra da reconciliação, tanto das coisas que estão nos Céus como as que estão na Terra (Colossenses 1.20, Colossenses 2.3 e Efésios 1.10). Enquanto em nós, seres humanos, só havia as trevas do pecado, o vazio, a desolação e a vaidades, habitava n’Ele (e não em qualquer outro), a plenitude de tudo que diz respeito à vida, sendo, Ele próprio, a plenitude da divindade (para os que estavam irremediavelmente condenados à morte eterna), e não uma mera sombra, ou uma história que alguém havia contado. Jesus era a realidade divina (em toda a sua plenitude) descrita nas profecias; era a 102 imagem exata das coisas: o nosso altar, o nosso sacrifício, o nosso sacerdote, o nosso incenso, o nosso tabernáculo, o nosso tudo em todos (Hebreus 10.1 e Colossenses 3.11); era a expressão perfeita da glória de Yahweh (Hebreus 1:3); e, enquanto Palavra de Deus (Apocalipse 19.13), Jesus é o princípio e o fim de todas as coisas (Apocalipse 2.8), em quem, por quem e para quem foram criadas todas as coisas que estão nos Céus e na Terra (João 1.3 e Colossenses 1.16). Glória, pois, a Ele eternamente!!! Amém!!! 103 104 QUINTO CAPÍTULO Jesus Cristo, homem. 105106 A Palavra esvaziou-se da sua glória ou acrescentou a natureza humana ao seu ser? Para entendermos melhor o que significa o esvaziamento da Palavra de Yahweh, gostaria de citar uma parábola retirada de um site evangélico chamado “Encontro com a Verdade”1, de 27 de junho de 2013, intitulada “Trindade ou Unicidade”, que, parafraseado, diz o seguinte: __________________ 1 Encontro com a Verdade: http://evangelhoeternoaverdade. blogspot. com/ 2013/07/trindade-ou-unicidade.html. 107 “Não há sentido em dizer que um sujeito extremamente rico abriu mão da sua riqueza, caso ele não tenha assinado um documento e transferido, de fato, toda a sua riqueza para outrem. Somente assim, essa pessoa poderia dizer que verdadeiramente se tornou pobre. Todavia, se tal pessoa apenas disse que abriu mão da sua riqueza, mas não foi ao cartório e não transferiu todos os seus bens a outrem, ela não tornou-se pobre de fato, mas apenas fez de conta que abriu mão da sua riqueza, continuando a ser a verdadeira dona dos bens (ou seja, não passou de uma grande hipocrisia)”. Portanto, se a Palavra de Deus não tivesse se despojado dos seus atributos 108 incomunicáveis, para que, através da morte, pudesse condenar o pecado na carne, Ela jamais teria sido um ser humano à semelhança dos demais e Seu sacrifício não teria sido perfeito (tornando- se inválido). Alguns teólogos, para sustentar o insustentável, sugerem que Deus tenha acrescentado a natureza humana à divina, de forma que ora a Palavra de Yahweh (feita carne) agia como Deus e ora como homem. Contudo, se assim fosse, Deus não teria se esvaziado, mas, acrescentado algo ao Seu ser contrariando as próprias Escrituras (Filipenses 2:7). Portanto, se o esvaziamento não ocorreu de fato, não haveria sinceridade nas seguintes palavras do apóstolo Paulo: “Pois conheceis a graça de nosso 109 Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2 Coríntios 8.9). Outro detalhe importante é o fato da Bíblia declarar que a Palavra de Deus (feita carne) tornou-se menor do que os anjos quando desceu a estas partes baixas da terra (Hebreus 2.7). Se isso ocorreu de fato, necessariamente a infinita e eterna Palavra de Yahweh despojou-se dos Seus atributos inerentes, caso contrário, com toda a Sua glória, Ela jamais teria sido feita menor do que os anjos. Em outra passagem bíblica, está dito que “em tudo” a Palavra de Yahweh tornou-se semelhante aos homens (Hebreus 2.7). Salvo erro, tal afirmação bíblica comprova de modo categórico que 110 houve o real esvaziamento dos atributos inerentes de Yahweh para que a Palavra (feita carne) fosse um homem perfeito. A não ser é claro que creiamos (como defendem certas religiões) que Jesus era uma espécie de “deus menor”, ou um “semideus”, ou uma espécie de “divindade humana” (na essência da palavra: deus+homem), ignorando as verdades bíblicas aqui apresentadas, fazendo coro com os católicos romanos ao repetir o sofisma: “não podemos compreender perfeitamente, pois tudo isso faz parte do mistério da Santíssima Trindade”. A grande verdade bíblica, pelas razões ora expostas, é que a Palavra de Yahweh despojou-se de seus atributos incomunicáveis para tornar-se um ser humano perfeito (como o primeiro Adão), 111 possuindo, tão somente, todos os atributos morais de Yahweh e mantendo a identidade de verdadeiro Deus e vida eterna (1 João 5.20). Aliás, é exatamente isso que o apóstolo João (um judeu que condenava o politeísmo [adoração a mais de um deus]), inspirado pelo Espírito Santo, numa afirmação clara e cristalina, disse acerca de Jesus: “Este é o verdadeiro Deus (Yahweh) e a vida eterna” (1 João 5.20). Há uma versão da Bíblia em português, escrita por João Biermanski2, que, buscando mostrar as principais falsificações do Novo Testamento das Bíblias atuais e recolocar os versos em sua _______________ 2 A Bíblia Sagrada: excerto do Novo testamento de João Ferreira A. de Almeida, por João Biermanski. 112 origem, reflete melhor a passagem supracitada (1 João 5.20) nos seguintes termos: “Porém sabemos que já o Filho de Yahweh é vindo, e nos tem dado entendimento, para conhecermos o verdadeiro (o Todo- Poderoso YAHWEH Elohim3/D-us , o Pai); e no verdadeiro (o Elohim/D-us, o Pai) estamos, e em seu Filho Yahshua o Messias. Este é o Elohim (D-us) verdadeiro (YAHWEH, o Pai) e a vida eterna” (1 João 5.20). Mediante tal verdade bíblica, é possível compreender as constantes orações que a Palavra (feita carne) dirigia a Yahweh, não como uma mera prática pedagógica ou _______________ 3 Elohim: é um substantivo que se refere a Deus, usado na língua hebraica moderna e antiga. 113 um “jogo de faz-de-conta”, mas como algo que indicava Sua real dependência de Yahweh para realizar as obras, para resistir ao pecado e para vencer a morte (como um perfeito ser humano). Por sinal, a morte de Jesus é algo que tira o sono dos defensores da Trindade, pois não há base bíblica alguma para afirmar que, possuindo a imortalidade divina, Jesus pudesse vir a morrer. A morte está em completa oposição a Yahweh (a fonte da vida), por isso é preciso recorrer às filosofias humanas e extra bíblicas, a fim de arrumar uma explicação para o paradoxo da morte do chamado “deus-filho” (da “Santíssima Trindade Católica”). No entanto, sendo um verdadeiro homem, que 114 recebeu a unção do Espírito Santo (no batismo), é fácil compreender o motivo que levou Jesus, na hora da morte, a bradar: “Eli, Eli, lamá sabactâni?” [Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?], pois, naquele momento, Ele experimentou a retirada do Espírito Santo de Seu maravilhoso ser (Mateus 27:46). A matéria “O Deus que se Tornou um ser humano”4, postada em 26 de janeiro de 2011, pela Igreja de Deus Unida, trata com muita propriedade do processo de encarnação, aperfeiçoamento (Hebreus 5.9 ARA e NVI5) e morte de Jesus (Bill, 2010). __________________ 4A Igreja de Deus Unida: https://portugues.ucg.org/ferramentas-de-estudo- da- biblia/ guias-de-estudo/a-verdadeira-historia-de- jesus-cristo/o-deus- que-se-tornou-um-ser- humano. 5 ARA: versão Almeida Revista e Atualizada da Bíblia Sagrada; e NVI: Nova versão Internacional da Bíblia Sagrada. 115 Especificamente sobre a morte da Palavra que se fez carne, o autor de tal matéria diz: “Algumas pessoas não gostam de contemplar essa possibilidade quando se diz respeito a Deus, ou seja, de Ele poder morrer. Como Deus poderia deixar de existir? Como um ser espiritual, infinito e imortal, Ele não podia. Mas quando Ele se ofereceu para se tornar um ser humano e possuir todos os atributos e a existência física da natureza humana, então Ele poderia morrer. E, de fato, Ele morreu, e, quando morreu, Ele estava realmente morto. Se Ele não tivesse realmente morrido, da mesma forma que qualquer um de nós morre, então, a Sua vida não poderia ser um substituto autêntico da nossa, isto é, a Sua vida pela nossa” (United Church of God). 116 A Bíblia diz, de forma clara, que Deus não pode, em hipótese alguma, ser tentado pelo mal (Tiago 1:13). Logo é impossível que houvesse naquele homem (em Jesus Cristo) os atributos incomunicáveis de Deus, pois, segundo o escritor bíblico, Jesus, em tudo, foi tentado (Hebreus 2.18, Hebreus 4.15, Isaías 7.15). Além do que, seria inconcebível acreditar que aquele que não pode mentir tenha participado de uma representação teatral, sem que houvesse possibilidade de queda. Mesmo porque, Jesus confessou com Seus lábios, quando ia ser entregue aos romanospara a crucificação, que precisava, Ele próprio, vigiar para não entrar em tentação (Tito 1.2 e Mateus 26.4). Depois de ressuscitado, há, na 117 Bíblia, revelações bastante interessantes a respeito da pessoa de Jesus, as quais acabam por colocar em xeque alguns conceitos aceitos como verdade por muitos teólogos. São passagens que parecem ratificar a humanidade pura e simples de Jesus e Sua total dependência do Pai, tais como: Ele apresentou-se aos discípulos, dizendo que tinha carne e osso, não sendo um espírito, ou seja, seu corpo ressurreto estava tomado pelo poder de Deus (o Espírito Santo), tornando-O incorruptível (Lucas 24.39); Ele disse não saber o dia da Sua volta, tão pouco o Espírito 118 Santo, mas unicamente o Pai (Mateus 24.36), inviabilizando, assim, a possibilidade de existirem três pessoas distintas e de coexistir, em Jesus, a humanidade e os atributos imanentes); Ele deu instruções aos discípulos pelo Espírito Santo e não por si mesmo (Atos 1.2), o que mostra que a capacidade de Jesus vinha totalmente do Pai, mesmo depois de ressurreto (incluindo a incorruptibilidade), sendo glorificado apenas quando foi elevado ao céus. Portanto, alguns conceitos muito utilizados pela cristandade acerca de Jesus precisam ser melhor explicados, 119 como a máxima que diz que “Jesus é 100% Deus e 100% homem”. A Bíblia nos mostra que Jesus, enquanto Palavra de Deus, é o verdadeiro Deus (1 João 5.20), porém Ela também nos mostra que Ele esvaziou-se dos atributos inerentes e se fez um homem perfeito em todos os aspectos (Hebreus 2:14-17). Claro que alguns apoiadores da Doutrina da Trindade irão afirmar que apenas o corpo de Jesus morreu e que o “ser espiritual”, interior ao corpo, continuou a viver, confirmando a crença no conceito platônico de que o “corpo é a prisão da alma”. Tal tentativa de desmerecer as verdades bíblicas são bastante plausíveis, pois uma inverdade acaba 120 por originar outra, e assim sucessivamente. Contudo, o profeta Isaías nos revela que, além do corpo, Jesus “derramou a sua alma na morte” (Isaías 53:12), o que é bastante ineteressante, sobretudo no caso dos trinitarianos que não acreditam que o homem é um ser integral (holismo), mas apostam que ele é um “ser indenpendente do corpo”. Claro que alguns poderão argumentar que a palavra “alma”, nesse caso, quer dizer tão somente “vida”, ou “sangue”, ou qualquer outra coisa que não seja o “ser interior”, negando, assim, seus próprios conceitos e mostrando a clara tendenciosidade das suas palavras. No entanto, nas mesma passagem de 121 Isaías, fica claro, no v.11, que o profeta não estava falando de “sangue” e nem de “vida”, mas do trabalho realizado pelo ser humano Jesus como um todo (integral). A grande verdade bíblica é que podemos dizer que, de uma maneira real e concreta, em Cristo, o infinito Deus se fez finito; o eterno Deus se fez mortal; o onipotente Deus limitou-se ao poder humano; o onipresente Deus limitou-se a ser apenas presente; o onisciente Deus limitou-se a ser somente ciente; o imutável Deus se fez mutável (em termos físicos); o Senhor de todas as coisas se fez servo; o invisível Deus se fez visível; aquele que não pode ser tentado, deixou-se tentar; e aquele que é três vezes Santo, tornou-se maldição por nós. 122 123 SEXTO CAPÍTULO Assembleia celestial. 124 125 “Façamos o homem à nossa imagem e conforme a nossa semelhança” Nos capítulos anteriores, pudemos entender que Jesus nada mais é do que a própria Palavra de Yahweh (que se fez carne), ou o Espírito Santo que saiu da boca de Yahweh para criar todas as coisas (Salmo 33.6), proveniente do Seu coração, uma vez que, como dito anteriormente, a boca fala daquilo que o coração está cheio (Mateus 12.34). Portanto, quando Yahweh criou todas as coisas por meio da Sua eterna Palavra, Ele não poderia estar falando 126 com Ela ou com o Seu espírito, pois ambos são a Sua própria pessoa. Mas, então, com quem Yahweh teria falado quando criou o homem, dizendo: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1.26)? As Escrituras Sagradas mostram, no Livro de Jó, que, por ocasião da criação de todas as coisas, havia seres celestiais contemplando as obras criadoras de Deus: “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva 127 juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?” (Jó 38.4- 7). Assim sendo, Yahweh só poderia estar falando com tais criaturas, ou seja, com os anjos, os quais já existiam quando o homem foi criado. Aliás, a Bíblia nos mostra que Deus sempre usou tais seres celestiais para realizar Suas obras, os quais, segundo as Escrituras Sagradas, possuem, como os homens, a semelhança de Deus: “Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Números 12.8). Eis algumas passagens que comprovam a ação angelical realizando as obras de Yahweh tanto no Velho como no Novo Testamento: 128 “...pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça...com o ANJO (grifo meu) que lhe falava no monte Sinai” (Atos 7.35,38); “Vós que recebestes a lei por ministério de ANJOS (grifo meu) e não a guardastes” (Atos 7.53); “Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promesa tinha sido feita; e foi posta pelos ANJOS (grifo meu) na mão de um medianeiro. Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um” (Gálatas 3.18- 19); “Porque, se a palavra 129 falada pelos ANJOS (grifo meu) permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição” (Hebreus 2.2); e “Em todas as agruras e crises do seu povo ele também se afligiu, e o ANJO (grifo meu) da sua presença os salvou. Em sua extrema compaixão e em seu amor misericordio so ele os resgatou; foi ele que sempre os acompanhou e os conduziu nos tempos passados” (Is 63.9). Tais passagens nos revelam a importância da participação dos anjos nas obras de Yahweh, os quais, por vezes, receberam o próprio nome de Deus (Êxodo 23.21) ou foram referenciados, 130 nas Escrituras Sagradas, como se fossem o próprio Deus, pelo uso da expressão “face-a-face” (Números 12.8), até porque a Bíblia diz que Yahweh nunca foi visto por alguém (João 1.18). Outro exemplo claro da importância dada por Yahweh aos anjos está em Êxodo 3.7-8, quando vemos um anjo designado por Deus, falando em nome d’Ele e usando a primeira pessoa do singular (“eu”): “Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, DESCI (grifo meu) a fim de LIVRÁ-LO (grifo meu) da mão dos egípcios e para fazê-lo subir 131 daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel...” (Êxodo 3.7-8). Até mesmo para certas decisões, Yahweh consulta Seus anjos, acatando Seus conselhos, o que nos faz crer que eles não são meros expectadores: “E disse o SENHOR: Quem induzirá Acabe, para que suba, e caia em Ramote de Gileade? E um dizia desta maneira e outro de outra. Então saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR,
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