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Direitos e Deveres do Cidadão SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 342.7 115 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Direitos e Deveres do Cidadão – Brasília: SEST/SENAT, 2016. 1. Cidadão - direitos e deveres. 2. Direitos fundamentais. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 7 Unidade 1 | Constituição Federal 9 1 Constituição Federal 10 1.1 Conhecer a Constituição Federal do Brasil 10 1.2 Título I – Princípios Fundamentais 11 1.3 Título II – Direitos e Garantias Fundamentais 11 1.4 Título III – Organização do Estado 13 1.5 Título IV – Organização dos Poderes 13 1.6 Título V – Defesa do Estado e das Instituições 14 1.7 Título VI – Tributação e Orçamento 14 1.8 Título VII – Ordem Econômica e Financeira 14 1.9 Título VIII – Ordem Social 15 1.10 Título IX – Disposições Constitucionais Gerais 15 2 Compreender a Importância da Carta Magna 16 Glossário 17 Atividades 18 Referências 19 Unidade 2 | O Que é Cidadania 22 1 O Que é Cidadania? 23 1.1 Conceitos e Evolução Histórica 23 1.2 Abordagem Atual da Cidadania 24 1.3 Aplicação Prática da Cidadania 25 1.3.1 A Cultura da Paz 25 1.3.2 Ética e Cidadania 30 1.4 Ética e Educação 31 4 Glossário 33 Atividades 34 Referências 35 Unidade 3 | Principais Direitos Constitucionais 38 1 Principais Direitos Constitucionais 39 1.1 Conceito de Direitos Constitucionais 39 2 Artigo 5º da Constituição 42 3 Principais Direitos Individuais 43 3.1 Direito à Vida 43 3.2 Direito à Liberdade 43 3.3 Direito à Segurança 44 3.4 Direito à Integridade Física 45 3.5 Direito à Propriedade 45 4 Principais Direitos Sociais 46 4.1 Direito à Saúde, à Moradia e ao Lazer 46 4.2 Direito ao Trabalho 46 4.3 Direito ao Livre Exercício Profissional 47 4.4 Direito à Liberdade Religiosa 47 Glossário 48 Atividades 49 Referências 50 Unidade 4 | Principais Deveres Constitucionais 53 1 Principais Deveres Constitucionais 54 1.1 Conceito dos Deveres Constitucionais 54 1.2 Dever do Voto 54 1.3 De Obedecer às Leis do País 56 5 1.4 Do Respeito aos Direitos Sociais e aos Demais Cidadãos 57 1.5 Da Proteção à Natureza e ao Patrimônio Público do País 57 Glossário 59 Atividades 60 Referências 61 Unidade 5 | Direitos Individuais e Coletivos 64 1 Direitos Individuais e Coletivos 65 1.1 Conceito de Direito Individual e Coletivo 65 1.1.1 Direito ao Acesso à Informação 66 2 Proteção da Coletividade 67 Glossário 68 Atividades 69 Referências 70 Unidade 6 | Direitos Como Cidadão Consumidor 73 1 Direitos Como Cidadão Consumidor 74 1.1 Código de Defesa do Consumidor 74 1.2 Direitos e Garantias Previstas no Código de Defesa do Consumidor 75 2 Deveres do Consumidor 77 2.1 Mecanismos Judiciais e Extrajudiciais de Solução de Conflitos 78 2.2 Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) 79 Atividades 80 Referências 81 Unidade 7 | Código Civil 84 1 Código Civil 85 1.1 Apresentação do Código Civil 85 1.2 Importância para a Sociedade e para o Cidadão 85 6 1.3 Capacidade e incapacidade civil 86 1.4 Direitos Civis 87 Glossário 88 Atividades 89 Referências 90 Unidade 8 | Direitos Específicos: da Criança, da Mulher e do Idoso 93 1 Direitos Específicos: da Criança, da Mulher e do Idoso 94 1.1 Estatuto da Criança e do Adolescente 94 1.2 Proteção à Maternidade e à Infância 95 1.3 Lei Maria da Penha 95 1.4 Crimes contra a Mulher 96 1.5 Medidas Protetivas 97 1.6 Estatuto do Idoso 98 Glossário 100 Atividades 101 Referências 102 Unidade 9 | Declaração Universal dos Direitos do Homem 105 1 Declaração Universal dos Direitos do Homem 106 1.1 Organização das Nações Unidas (ONU) 106 1.2 Declaração Universal dos Direitos do Homem 107 1.2.1 Objetivos da Declaração Universal do Direito do Homem 107 Glossário 108 Atividades 109 Referências 111 Gabarito 114 7 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Direitos e Deveres do Cidadão! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. O curso possui carga horária total de 30 horas e foi organizado em 9 unidades, conforme a tabela a seguir. Unidades Carga Horária Unidade 1 | Constituição Federal 5 h Unidade 2 | O Que é Cidadania 3 h Unidade 3 | Principais Direitos Constitucionais 3 h Unidade 4 | Principais Deveres Constitucionais 3 h Unidade 5 | Direitos Individuais e Coletivos 3 h Unidade 6 | Direitos como Cidadão Consumidor 3 h Unidade 7 | Código Civil 3 h Unidade 8 | Direitos Específicos: da Criança, da Mulher e do Idoso 4 h Unidade 9 | Declaração Universal dos Direitos do Homem 3 h 8 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br. Bons estudos! 9 UNIDADE 1 | CONSTITUIÇÃO FEDERAL 10 1 Constituição Federal 1.1 Conhecer a Constituição Federal do Brasil O primeiro passo para sabermos nossos direitos e deveres enquanto cidadãos brasileiros é conhecer a Constituição Federal do Brasil. No processo de abertura democrática do país, em 1988, homens e mulheres, representantes de diversas causas do povo, tornaram-se deputados constituintes, estabelecendo então um ordenamento jurídico para o estado brasileiro. Em sua apresentação, é possível sentir o “peso” desse importante documento: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacificadas controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. (BRASIL, 1988) Tendo como pilares fundamentais a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político, é a lei fundamental e suprema do Brasil, sendo a base para todas as outras redações normativas aplicadas por todos os entes federativos. É distribuída em nove títulos (o que podemos compreender como capítulos também), sendo: 11 1.2 Título I – Princípios Fundamentais Os princípios fundamentais da CF consistem em: • Construir uma sociedade livre, justa e solidária; • Garantir o desenvolvimento nacional; • Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e • Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Esses princípios fundamentais devem nortear nossas relações com a sociedade e com o Estado, nossas atitudes diárias. Para exercermos nossa liberdade, em sua plenitude, precisamos primeiramente respeitar o outro e seu espaço, respeitara liberdade do outro. Tem uma frase do filósofo inglês Herbert Spencer que diz o seguinte: “A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro.”. Examine se seu comportamento segue esses princípios. 1.3 Título II – Direitos e Garantias Fundamentais Um cidadão tem direitos e garantias fundamentais, os quais estão expressos no artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL, 1988). Podemos destacar os seguintes direitos: • Individuais e Coletivos; o Direito à privacidade; o Direito à reunião; 12 o Direito à vida; o Direito à igualdade; o Direito à liberdade profissional; o Direito à liberdade de expressão; o Sigilo das comunicações telefônicas; o Direito à inviolabilidade de domicílio; o Direito ao devido processo legal; o Direito à liberdade de associação; o Direito de petição; e o Direito de obtenção de certidões. • Sociais; o Direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte1 , ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade, à infância, e à assistência aos desamparados; e o Direitos sociais e coletivos dos trabalhadores. • Direitos da nacionalidade; • Políticos; • Direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos. 1 O transporte foi inserido como um direito social pela EC 90/2015. 13 1.4 Título III – Organização do Estado Esse título define a organização do Estado brasileiro, estabelecendo tal organização nos seguintes aspectos: • Organização Político-Administrativa; • União; • Dos Estados Federados; • Dos Municípios; • Do Distrito Federal e dos Territórios; • Da Intervenção; e • Da Administração Pública. 1.5 Título IV – Organização dos Poderes Esse título traz a organização dos poderes, sendo: • Legislativo; • Executivo; e • Judiciário. 14 1.6 Título V – Defesa do Estado e das Instituições Esse título traz a organização do Estado e das Instituições, nos seguintes aspectos: • Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio; • Das Forças Armadas; e • Da Segurança Pública. 1.7 Título VI – Tributação e Orçamento Esse título traz a organização do Estado com foco em sua tributação e orçamento, sendo: • Do Sistema Tributário Nacional; e • Das Finanças Públicas. 1.8 Título VII – Ordem Econômica e Financeira Esse título traz a organização econômica e financeira do Estado brasileiro, sendo: • Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica; • Da Política Urbana; • Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária; e • Do Sistema Financeiro Nacional. 15 1.9 Título VIII – Ordem Social Em seu artigo 193, a CF expressa que a ordem social tem como base “o primado do trabalho, e como objetivo e o bem-estar e a justiça sociais”. 1.10 Título IX – Disposições Constitucionais Gerais Esse capítulo expressa as disposições constitucionais gerais da CF. A CF traz também os princípios do Estado Democrático de Direito, os quais norteiam as relações sociais e institucionais da nossa nação: a) Princípio da constitucionalidade; b) Princípio democrático; c) Sistema de direitos fundamentais; d) Princípio da Justiça Social; e) Princípio da igualdade; f) Princípio da separação dos poderes; g) Princípio da legalidade; e h) Princípio da Segurança Jurídica 16 2 Compreender a Importância da Carta Magna A monarquia inglesa no século XIII passava por momentos de conflitos. O rei da Inglaterra João Sem-Terra (1.199 a 1.216) exercia abusivamente seus poderes. Dessa forma, foi absolutamente irascível em seu reinado, impondo a todo o reino uma política tributária altamente onerosa, cobrando de seus súditos impostos cada vez mais elevados. Forçado a uma negociação com a nobreza inglesa teve que renunciar a direitos, devendo então respeitar os procedimentos legais acordados à época, reconhecendo que a vontade do rei estaria sujeita à lei. Esse acordo, denominado de Carta Magna ou Carta Maior, é um documento que trouxe os princípios do constitucionalismo. c A Constituição Federal Brasileira foi promulgada em 1988, contando com a mobilização popular no processo de redemocratização, é a Carta Magna do povo brasileiro. g Leia na íntegra a nossa Constituição Federal, disponível no link a seguir. h t t p : / / w w w. p l a n a l to . g ov. b r/ c c i v i l _ 0 3 / co n s t i t u i c a o/ constituicaocompilado.htm 17 Glossário Cidadania: qualidade de cidadão, membro do Estado que tem o direito de participar da vida política. Ente federativo: estados, municípios e distritos que compõem um país. Íntegra: totalidade, todo, texto completo. Irascível: que se irrita com facilidade, humor que se altera facilmente. Normativa: prescreve regras, estabelece normas e procedimentos. Onerosa: dispendiosa, que gera despesa, gasto. Pilar: elemento estrutural, base. Plenitude: completo, cheio. Pluralismo: contempla e reconhece a diversidade, multiplicidade de fatores ou de elementos. Soberania: superioridade de autoridade ou de poder. 18 a 1) Indique a alternativa correta. Os nove títulos da Constituição Federal são: a. ( ) Princípios Fundamentais, Direitos e Garantias Fundamentais, Organização do Estado, Organização dos Poderes, Defesa do Estado e das Instituições, Tributação e Orçamento, Ordem Econômica e Financeira, Ordem Social, Disposições Constitucionais Gerais. b. ( ) Princípios Fundamentais, Direitos e Garantias Fundamentais, Organização do Estado, Organização dos Poderes Legislativo e Executivo, Defesa do Estado e das Instituições, Tributação e Orçamento, Ordem Econômica e Financeira, Ordem Social, Disposições Constitucionais Gerais. c. ( ) Princípios Fundamentais, Direitos e Garantias Fundamentais, Organização do Estado, Organização dos Poderes, Defesa do Estado e das Instituições, Tributação e Custos, Ordem Econômica e Financeira, Ordem Social, Disposições Constitucionais Gerais. d. ( ) Princípios Fundamentais, Direitos e Garantias Fundamentais, Organização da Federação, Organização dos Poderes, Defesa do Estado e das Instituições, Tributação e Orçamento, Ordem Econômica e Financeira, Ordem Social, Disposições Constitucionais Gerais. 2) Indique a alternativa correta. O texto constitucional, em seu art. 5.º, caput, prevê expressamente os direitos fundamentais que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito: a. ( ) À vida, à dignidade, à intimidade e à igualdade. b. ( ) À vida, à liberdade, à segurança, à intimidade e à dignidade. c. ( ) À vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. d. ( ) À vida, à igualdade, à liberdade e à fraternidade. Atividades 19 Referências BRASIL. Declaração Universal dos Direitos Humanos garante igualdade social. 2009. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2009/11/declaracao- universal-dos-direitos-humanos-garante-igualdade-social>. Acesso em: 8 abr. 2016. ______. Senado. Código civil brasileiro e legislação correlata. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. Disponível em: <http://www2. senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70327/C%C3%B3digo%20Civil%202%20ed. pdf?sequence=1>. Acesso em: 31 maio 2016. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília, 2007: p. 84. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Etica/liv_etic_cidad.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2016. ______. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Brasília, 2006. ______. Lei Federal nº 10.741, de 1 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, 2003. ______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002. ______. Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. BONAVIDES, Paulo. A quinta geração dos Direitos Fundamentais. Direitos Fundamentais, Justiça, n. 3. abr./jun. 2008. BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA, Walber de Moura. Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 7 CARDIA, Nancy. Percepção dos direitos humanos: ausência de cidadania e a exclusão moral. In: ______. A cidadania em construção. São Paulo: Cortez, 1994. CARTILHA DO CONSUMIDOR. Departamento de Proteção à Defesa do Consumidor. Procon Alagoas/AL. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.procon. al.gov.br/legislacao/cartilhadoconsumidor.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016. 20 COMPROMISSO E ATITUDE. Legislação sobre violência contra as mulheres no Brasil. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/ legislacao-sobre-violência-contra-as-mulheres-no-brasil/>. Acesso em: 2 jun. 2016. CONTEÚDO ESCOLA. Exclusão social. Que bicho é esse? Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.conteudoescola.com.br/artigos/28/95-exclusao-social- que-bicho-e-esse-i>. Acesso em: 17 jun. 2016. DIREITOS CIVIS. O que são Direitos Civis. Portal da internet, 2015. Disponível em: <http://direitoscivis.org.br/?page_id=5>. Acesso em: 31 maio 2016. IACOCCA, Liliana. Você e a Constituição. São Paulo: Casa Amarela, 2003, p. 83. MELO, Getúlio Costa. Evolução histórica do conceito de cidadania e a Declaração Universal dos Direitos do Homem. 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Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002. 22 UNIDADE 2 | O QUE É CIDADANIA 23 1 O Que é Cidadania? 1.1 Conceitos e Evolução Histórica Segundo Araújo (2007, p. 11), em seu artigo “A educação e a construção da cidadania: eixos temáticos da ética e da democracia”, da coletânea Ética e Cidadania – Construindo Valores na Escola e na Sociedade, a cidadania é um conceito bem mais amplo do que um conjunto de direitos e de deveres. De acordo com o autor, a cidadania permite aos cidadãos o exercício de funções públicas, o direito de participar da vida política (podendo votar e serem votados), além de poderem participar ativamente na elaboração das leis. Em sua evolução histórica, a cidadania demonstra sua dinamicidade, a capacidade de adaptação e de reflexo da sociedade. Do espaço público na polis2 e do exercício político de um cidadão na Grécia antiga, passando pelos direitos civis conquistados na Revolução Francesa (1789), a relação de cidadania foi construída e fortalecida na consolidação de territórios, governo e população. Nessa época, ser um cidadão significava ter o sentimento de pertencer a um povo, a uma nação. Ou seja, um súdito, um lavrador ao se sentir pertencente a um povo, era considerado também um cidadão. Segundo Melo (2013), no século XX, as duas guerras mundiais foram importantes para a uma modificação no conceito de cidadania. Havia o medo de que governos cometessem atrocidades respaldadas pela legalidade, o que fez com que órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) passassem a entender cidadania como algo indissociável dos direitos humanos. 2 Cidades - estados antigas; tipo de organização a que é atribuído, pela maioria dos historiadores, o conceito tradicional de cidadania. Nessa fase cidadania se restringia à participação política de determinadas classes sociais. Cidadão era o que morava na cidade e participava de seus negócios (Evolução histórica do conceito de cidadania e a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Getúlio Costa Melo). 24 No século XIX, a conquista de direitos políticos associados à escolha de representação e participação eleitoral ampliou o significado de cidadania. A universalização de direitos sociais no século XX, com o consequente atendimento das necessidades de um povo, ampliou o acesso de direitos políticos de parte da população mundial no exercício de uma vida digna com o mínimo de qualidade e acesso às políticas. A evolução do conceito de cidadania é acompanhada pela conquista e manutenção de direitos sociais e pelo processo de maturidade de um povo. Ou seja, quanto mais amadurecido o povo de uma nação, maior é o exercício pleno de cidadania, contemplando o desenvolvimento físico, psíquico, cognitivo, ideológico, científico e cultural do cidadão, promovendo, assim, uma vida digna e saudável. Dessa forma, o conceito de cidadania é dinâmico, em constante evolução e associado ao exercício de liberdades essenciais. 1.2 Abordagem Atual da Cidadania Hoje o conceito de cidadania contempla o cidadão além de suas necessidades políticas e sociais (educação, saúde, segurança, previdência, entre outros), sendo aplicado em uma incessante busca por melhores condições para exercer uma vida digna. Segundo Bonavides (2009), o conceito contemporâneo de cidadania considera que o cidadão não é apenas aquele que vota, mas aquele que o faz de maneira consciente e participativa na construção da vida coletiva no Estado democrático. 25 Esse conceito clareia a necessidade da luta diária e constante para o fortalecimento da cidadania, pois grande parte da população mundial ainda não tem acesso aos direitos básicos enquanto cidadãos. Ou seja, não basta os direitos estarem promulgados e fundamentados na Constituição e em seus instrumentos. É necessário efetivá-los, ampliando o acesso da população auma vida digna e saudável, por meio da garantia e do exercício dos direitos fundamentais da pessoa humana. 1.3 Aplicação Prática da Cidadania 1.3.1 A Cultura da Paz Desde os primórdios, a convivência humana é marcada pelo conflito baseado nas diferenças entre os povos, seja pela diferença de cultura, classe, religião, ou visão política. Dessa forma, cabe a cada um de nós lidarmos com o conflito de uma forma saudável e direcionadora para uma cultura de paz e equilíbrio nas relações humanas. A prática da violência nas sociedades pode ser motivada por alguns fatores, tais como: 26 Tabela 1: Razões Que Estimulam a Violência Fator estimulador da violência Razões porque esses fatores estimulam a violência Esvaziamento de conteúdos culturais O esvaziamento de conteúdos culturais impede o acesso às referências culturais que promovem a base para a construção de um pensamento crítico e pacificador. Difusão de valores individualistas A difusão de valores individualistas afeta negativamente a construção de valores coletivos, em que o seu vizinho, o seu colega de trabalho, a outra pessoa que está no ônibus ao seu lado, se torna um adversário, alguém com quem se deve competir, e não auxiliar, trabalhar conjuntamente. Segregação social e espacial das populações A segregação social e espacial das populações é caracterizada pela exclusão dos cidadãos de seus direitos fundamentais e pela distribuição dos cidadãos pelo espaço da cidade onde o acesso às políticas públicas é precário. Favelas, periferias, bairros mais afastados são exemplos de segregação espacial. Relações de sociabilidade frágeis A sociabilidade é a capacidade que temos de viver em sociedade, desde o nascimento até a nossa integração às instituições (família, escola, igreja, estado, etc.), o que influencia nosso modo de viver e fortalece os laços da vida em comunidade. Essas relações de sociabilidade frágeis fomentam uma cultura da violência, em que “a impunidade e a intolerância” ocupam lugar central no esgarçamento do tecido social, pautando-se pelo uso de práticas agressivas e constituição de uma “cultura da violência”, que se manifesta pela ausência de ordem legal e insuficiência da inscrição efetiva da lei, associada aos déficits do Estado na garantia da cidadania e dos direitos sociais. (SOARES, 2014) Cultura do medo A cultura do medo é caracterizada pela soma dos valores, comportamentos e do senso comum da sociedade que, conjuntamente com a percepção de crescimento da criminalidade no dia a dia, transmiti a sensação de insegurança, de ausência do estado e de distanciamento do modo de vida comunitário. 27 O outro, o diferente como inimigo A cultura do medo fomenta a individualidade e, consequentemente, o entendimento de que o vizinho, o colega de trabalho, o estranho na rua é inimigo, pois são diferentes do modo de vida que eu levo. O outro, por ser diferente de mim mesmo, ele é representa uma ameaça. Utilização de soluções violentas como resolução de conflitos Em uma sociedade na qual a cultura do medo está presente, por exemplo, ao ver uma pessoa pedindo dinheiro ou alimento em um sinal de trânsito você fecha os vidros do carro, a utilização de soluções violentas como resolução de conflitos do nosso dia a dia é vista de uma forma natural. Frases como “Bandido bom é bandido morto” são exemplos da utilização da violência como resposta aos conflitos sociais. A naturalização de comportamentos violentos Percebemos que comportamentos violentos estão sendo naturalizados quando ficamos insensíveis às notícias de jornal de uma chacina, em que um cidadão matar o outro se torna banal e a vida parece sem valor. Vem o sentimento de que as coisas sempre foram assim e não tem como mudar, se torna banal, e a vida gradativamente perde seu valor. A transformação do ser humano em coisa, objeto O aumento de casos de pornografia infantil, tráfico de pessoas, tráfico e consumo de drogas, aumento da mortandade de jovens de baixa renda na periferia das cidades, aumento da violência pessoal exemplificam a transformação do ser humano em objeto. Afinal, é mais fácil categorizar um cidadão em condições de precariedade como um morador de rua como um objeto incômodo ou sem utilidade que pode ser jogado no lixo, do que oferecer auxilio e apoio para que aquele cidadão que está morando na rua tenha condições de reestruturar sua vida, podendo exercê-la com dignidade. 28 Exclusão social A exclusão social é caracterizada por cidadãos que estão à margem, sem possibilidade de participação da vida social em sua plenitude. Podemos listar alguns tipos de exclusões (site conteúdo escola, 2004): • Excluídos no nível de grupos sociais: o minorias étnicas (indígenas, negros); o minorias religiosas; o minorias culturais. • Excluídos de gênero: mulheres e crianças. • Excluídos em termos de opção sexual: homossexuais e bissexuais. • Excluídos por idade: crianças e idosos. • Excluídos por aparência física: obesos, deficientes físicos, pessoas calvas, mulatas ou pardas, portadores de deformidades físicas e mutiladas. • Excluídos do universo do trabalho: desempregados e subempregados, pessoas pobres em geral. • Excluídos do universo sociocultural: pessoas pobres em geral, habitantes de periferia dos grandes centros urbanos. • Excluídos do universo da educação: os pobres em geral, os sem escola, as vítimas da repetência, da desistência escolar, da falta de escola junto a seus lares; deficientes físicos, sensoriais e mentais. • Excluídos do universo da saúde: pobres em geral, doentes crônicos e deficientes físicos, sensoriais e mentais. • Excluídos do universo social como um todo: os portadores de deficiências físicas, sensoriais e mentais, os pobres, os desempregados. 29 Fonte: Adaptação baseado em conceitos Zenaide, 2003. Gandhi quando nos trouxe o exemplo de resolução de conflitos com o estado britânico na Índia, pelo princípio da não agressão, traz à luz das relações sociais uma forma de convivência pacífica entre os povos, com bases nos princípios da verdade e não violência. c A comunicação é a chave do fracasso ou sucesso de qualquer relação humana. Ela vai muito além das palavras. Um gesto, um olhar, um tom de voz às vezes diz muito mais do que palavras. E a percepção desses diferentes tipos de comunicação é importante para tentarmos resolver as situações conflituosas da melhor maneira. Exclusão Moral Exclusão Moral é “... a perda da capacidade de indignação com o sofrimento do outro, e a aparente aceitação de práticas de violações contra o outro” (CARDIA, 1994). Essa perda de capacidade afeta diretamente a nossa percepção da importância dos direitos da pessoa humana para todo e qualquer cidadão do mundo em que vivemos. Todos, sem exceção, têm direitos iguais, mesmo cada um sendo diferente um do outro. Violência como excesso de poder O exercício do poder nas relações sociais em alguns casos é entendido como a autorização para o uso da violência contra o outro, contra o diferente. Quando movimentos sociais e o Estado, por meio do uso das forças policiais, entram em confronto, é um exemplo de que não houve o diálogo necessário para promover uma construção conjunta da solução do problema social objeto do confronto. Violação dos direitos da pessoa humana Quando os direitos universais da pessoa humana são agredidos seja pelo Estado, seja pelo cidadão, a cultura do medo e da violência é estimulada, prejudicando o convívio social. A violência dos direitos da pessoa humana de um só cidadão é uma ameaçae um prejuízo à estabilidade social de toda uma nação. 30 A técnica da comunicação não violenta criada por Rosenberg (2006), baseada no princípio da não agressão de Mahatma Gandhi, é utilizada para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais, auxiliando na forma como nos expressamos e ouvimos o outro, promovendo o respeito, a atenção e a empatia. Os passos da técnica são: • Observação: as ações concretas que estamos observando e que afetam nosso bem-estar; • Sentimento: como nos sentimos em relação ao que estamos observando; • Necessidades: as necessidades, valores, desejos etc. que estão gerando nossos sentimentos; e • Pedido: as ações concretas que pedimos para enriquecer nossa vida. Como se pode observar, a comunicação não violenta vem com o objetivo de promover o equilíbrio nas relações humanas, auxiliando a quebrar aquele círculo- vicioso da violência e dominação. 1.3.2 Ética e Cidadania c A ética é um importante valor para o exercício da cidadania. Agora, o que é ética? A ética depende da situação? Ou é algo muito bem definido: ou você não é um cidadão ético ou você é um cidadão ético? A ética é uma preocupação antiga da humanidade, sendo expressa de forma vigorosa pelos gregos no século VI a.C., no qual ethos (modo de ser ou caráter) representa o lugar em que o cidadão da polis (cidade) é abrigado. Na coletividade ou em sua individualidade, o cidadão se relaciona com o estado pelo respeito às leis e pela moral. Dessa forma, a ética ocupa o lugar de Ciência da Moral. Segundo Pequeno (2003), a moral pode ser definida como conjunto de regras, princípios e valores que determinam a conduta de uma pessoa e tem sua origem nas virtudes ou ainda na obrigação de seguir as normas que orientam o seu comportamento. 31 Agora, há um conflito que se estabelece entre a objetividade das normas, leis e a subjetividade das convicções pessoais de cada indivíduo no exercício de sua cidadania. Um cidadão tem o direito de não exercer a ética, seus valores morais, se a situação não for favorável a ele? Ética é flexível ou é imutável? E você? É um cidadão ético? Faça uma pequena reflexão: você compraria um carro de si mesmo? Ou seja, o carro que você utiliza em seu dia a dia, quando você for vender, qual a sua postura com o comprador? Descrever o histórico de uso do carro, contando todos os detalhes do que precisa ser feito e avisa sobre a forma muitas vezes displicente que você dirigiu seu carro? Em uma negociação de compra e venda do automóvel, é ético esconder determinada informação para ter um melhor ganho na venda? Essa reflexão é um alerta para que cada vez mais entendamos o significado do dito popular “o que eu não quero que façam comigo, eu não faço com os outros”. 1.4 Ética e Educação A educação, seja formal ou não, é uma importante ferramenta para que o indivíduo tenha condições de modificar a sua realidade. Como exemplo, os conhecimentos a respeito de saneamento básico auxiliam o indivíduo a prevenir doenças. Dessa forma, com o conhecimento adquirido pelo processo de educação, o indivíduo tem condições de exercer sua cidadania e seus direitos de uma forma consciente e, assim, construir sua vida de uma forma digna e saudável. A educação ajuda minimizar os impactos negativos do meio o qual o cidadão vive. É por sua formação educacional formal ou não que o cidadão pode realizar escolhas de vida que contemplem a sua comunidade, a valorização da sua relação com seu vizinho, de batalhar pela implantação de políticas públicas em seu bairro. 32 Quando um cidadão desenvolve sua capacidade de diálogo com a realidade cotidiana (exemplos: o salário do mês não dá para pagar todas as contas, levar o filho doente no posto de saúde e não ter médico de plantão, o vizinho ao lado foi morto em uma briga de gangues, o filho passou no vestibular mesmo estudando em escola pública etc.), é por meio de sua formação educacional, que ele consegue realizar escolhas dignas, mesmo em um ambiente adverso. Quando um cidadão tem à sua disposição normas e leis sociais e morais inclusivas (Lei Maria da Penha, Estatuto da Criança, Lei do Idoso, Lei do Consumidor etc.), esse mesmo cidadão tem a possibilidade de minimizar preconceitos e discriminações das mais diversas em suas relações sociais cotidianas. A educação transforma um indivíduo desde sua infância até a melhor idade. A formação de um cidadão (formal ou não) possibilita que mesmo que ele tenha nascido em um local onde a cultura da violência é presente, pela sua própria força de vontade em construir um mundo melhor, tenha condições de transformar sua vida e daqueles que estão ao seu redor. Essa transformação da realidade por meio de escolhas positivas feitas pelo próprio cidadão, somente é permitida porque ele teve e tem acesso a parâmetros educacionais formais (escola, universidades etc.) ou não formais (comunidade, igreja, família etc.) que lhe permitiram desenvolver um pensamento crítico de sua realidade e também compreender como pode modificar as coisas que acontecem em sua vida. g Acesse o portal e-Cidadania, do Senado Federal e saiba como participar da vida legislativa do país. https://www12.senado.leg.br/ecidadania/sobre. 33 Glossário Atrocidades: crueldade, truculência. Respaldadas: ancoradas, fundamentadas. Indissociável: inseparável. Primórdios: início, começo. 34 a 1) Indique a alternativa correta. O conceito de cidadania é dinâmico, em constante evolução e associado ao exercício de liberdade essenciais. Dessa forma, podemos afirmar que: a.( ) Cidadania é a condição de acesso à direitos essenciais, sendo eles educação, saúde, segurança, previdência. b.( ) Os direitos econômicos de salário justo, emprego são os únicos direitos que permitem uma vida digna ao cidadão. c.( ) Quanto mais amadurecido o povo de uma nação, menor é o exercício pleno de cidadania, contemplando o desenvolvimento físico, psíquico, cognitivo, ideológico, científico e cultural do cidadão, promovendo assim uma vida digna e saudável. d.( ) Todas as alternativas estão incorretas. 2) Indique a alternativa correta. Com relação à cidadania, podemos afirmar que: a. ( ) A comunicação é a chave do fracasso ou sucesso de qualquer relação humana. Desta forma, a comunicação não violenta é uma importante ferramenta no combate aos fatores de produção de violência, o que auxilia no exercício de uma vida digna e saudável. b. ( ) Mesmo nascido em um local onde a cultura da violência é presente, pela força de vontade em construir um mundo melhor, um cidadão pode transformar sua vida e dos que estão ao seu redor. c. ( ) Há um conflito ético que se estabelece entre a objetividade das normas, leis e a subjetividade das convicções pessoais de cada indivíduo no exercício de sua cidadania. d. ( ) Todas as alternativas estão corretas. Atividades 35 Referências BRASIL. Declaração Universal dos Direitos Humanos garante igualdade social. 2009. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2009/11/declaracao- universal-dos-direitos-humanos-garante-igualdade-social>. Acesso em: 8 abr. 2016. ______. Senado. Código civil brasileiro e legislação correlata. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. 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BONAVIDES, Paulo. A quinta geração dos Direitos Fundamentais. Direitos Fundamentais, Justiça, n. 3. abr./jun. 2008. BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA, Walber de Moura. Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 7 CARDIA, Nancy. Percepção dos direitos humanos: ausência de cidadania e a exclusão moral. In: ______. A cidadania em construção. São Paulo: Cortez, 1994. CARTILHA DO CONSUMIDOR. Departamento de Proteção à Defesa do Consumidor. Procon Alagoas/AL. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.procon. al.gov.br/legislacao/cartilhadoconsumidor.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016. 36 COMPROMISSO E ATITUDE. Legislação sobre violência contra as mulheres no Brasil. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/ legislacao-sobre-violência-contra-as-mulheres-no-brasil/>. Acesso em: 2 jun. 2016. CONTEÚDO ESCOLA. Exclusão social. Que bicho é esse? Portal da internet, 2016. 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Dentre os direitos constitucionais temos os direitos fundamentais que foram o resultado de uma grande luta de um momento histórico de nosso país, quando grande parte da sociedade considerou necessária a proteção de tais direitos e, então, houve um consenso de âmbito nacional que foi documentando e aprovado tendo como base o princípio da dignidade da pessoa humana. No sistema jurídico brasileiro, os direitos fundamentais dos cidadãos estão descritos nos primeiros artigos da CF e apresentam como principais características: • Historicidade – os direitos fundamentais apresentam natureza histórica; • Mutabilidade – está relacionada quanto à estabilidade dos direitos fundamentais, ou seja, sua alterabilidade ou consistência; • Inalienabilidade – não existe possibilidade de transferência, a qualquer título, desses direitos; • Imprescritibilidade – são direitos que não se perdem com o passar do tempo; • Irrenunciabilidade – desses direitos não pode haver renúncia, pois ninguém pode abrir mão da própria natureza; 40 • Universalidade – alcançam todos os cidadãos brasileiros; e • Relatividade ou limitabilidade – os direitos não são absolutos, sofrendo restrições nos momentos constitucionais de crise (Estado de Sítio) e também frente a interesses ou direitos que, acaso confrontados, sejam mais importantes (Princípio da Ponderação). Esses direitos constitucionais possuem os seguintes tipos de eficácia: • Eficácia vertical dos direitos fundamentais, que são aplicados nas relações entre particular e estado; e • Eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que são aplicados nas relações entre particulares. Os Direitos Fundamentais possuem as seguintes dimensões: • 1ª dimensão – direitos civis e políticos o Os direitos dessa dimensão expressam a imposição de limites aos poderes públicos em favor do indivíduo, no qual o estado não pode interferir na liberdade individual do cidadão, sendo classificado também como direito de resistência ou de oposição perante o Estado. • 2ª dimensão – direitos sociais, econômicos e culturais o Os direitos dessa dimensão dependem de prestações de serviços do Estado para a satisfação das necessidades sociais, econômicas e culturais do cidadão, ou seja, o Estado é obrigado a fazer e a garantir esses direitos ao indivíduo. • 3ª dimensão – direitos coletivos e difusos o Os direitos de terceira dimensão são os direitos coletivos em sentido amplo, incluindo os direitos difusos, os coletivos em sentido estrito e os direitos individuais homogêneos. Esses direitos são expressos por meio de sentimentos como a solidariedade e a fraternidade, contribuindo para a proteção e emancipação dos cidadãos. • 4ª dimensão – democracia direta/biotecnologia e patrimônio genético 41 o Os direitos de quarta dimensão envolvem o direito à democracia direta, assim como a informação e ao pluralismo em nossa sociedade. A preocupação com a temática da biotecnologia e do patrimônio genético expressa a preocupação com o futuro das relações sociais, na qual a manipulação genética de genes humanos, vegetais e/ou animais podem influenciar o modo de viver do cidadão. • 5ª dimensão – direito à paz (universal) / direitos “virtuais” ou “cibernéticos” o Segundo Paulo Bonavides (2008), essa dimensão destaca a paz como um direito fundamental que legitima o estabelecimento da ordem, da liberdade e do bem comum. o Segundo Augusto Zimmermann (2002), os direitos “virtuais” ou “cibernéticos” sãodireitos essenciais à realidade virtual, compreendendo o grande desenvolvimento da Internet. O Marco Civil promulgado pela Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, estabelece direitos e deveres relativos ao uso da Internet no Brasil e determina as diretrizes para atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à matéria. Dessa forma, é considerado um meio pelo qual o cidadão realiza o exercício da cidadania em meios digitais. Há algumas situações que os direitos fundamentais se chocam, por exemplo: um jornalista que veicula uma matéria (direito individual da livre manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato) que afeta negativamente a imagem de um político (direito individual de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem). O que fazer? A doutrina jurídica estabelece o princípio da harmonização, que traz para a mediação do conflito a ponderação de interesses, para assim decidir o prevalecimento de um sobre o outro. Mas mesmo prevalecendo um direito fundamental o outro não deve ser negado, devendo ambos respeitar o seu núcleo de origem. O reconhecimento desses direitos fundamentais pelos constituintes (àqueles que tiveram a missão de elaborar a constituição do nosso país) foi um passo importante para o ordenamento jurídico de nosso país. Porém, sem o esforço do Estado por meio da implementação de políticas públicas que garantam ao cidadão o exercício pleno desses direitos e sem o esforço do indivíduo na aplicação desses direitos em sua vida e na sua relação com o outro cidadão, não é possível ter a aplicação real das garantias desses direitos humanos fundamentais. 42 2 Artigo 5º da Constituição A Constituição Federal era denominada por Ulysses Guimarães de “Constituição Cidadã” pelos avanços sociais que contribuíram para que homens e mulheres sejam reconhecidos como cidadãos com direitos e deveres, consolidando assim a formação do Estado democrático de direito no Brasil. Ulysses Guimarães foi o presidente da Assembleia Constituinte que promulgou a nova Constituição democrática para o Brasil após 21 anos sob regime militar. O artigo 5º da CF é o principal guia desse exercício da cidadania em nosso país, resguardando os princípios de isonomia do cidadão brasileiro, garantindo-lhe direitos fundamentais para o exercício de uma vida digna e saudável. Esse artigo expressa que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Esse artigo é considerado cláusula pétrea de nossa Constituição, não podendo ser abolida do texto constitucional nem por decreto, nem por emenda. 43 3 Principais Direitos Individuais 3.1 Direito à Vida O que é ter direito à vida? É o direito de continuar vivo ou o direito a uma vida digna? Esse direito fundamental possui dupla acepção, ou seja, dependendo do contexto, pode ter um significado ou outro significado, sendo o Estado responsável em assegurar esse direito. 3.2 Direito à Liberdade Todo cidadão tem o direito à liberdade e à inviolabilidade. Tem-se, a seguir, os tipos de liberdades e inviolabilidades: • Liberdades: o Expressão da atividade intelectual; o Artística; o Científica e de comunicação; o Livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão; o Culto; o Reunião; o Associação; o Comunicação; e o Manifestação do pensamento. 44 As liberdades estão presentes em nosso cotidiano, no momento que uma organização social realiza um manifesto de seus interesses em locais públicos, em postagens nas redes sociais, assim como na liberdade de culto, mesmo o Brasil sendo um estado Laico. Cada liberdade traz consigo a responsabilidade, pois o uso indevido das mesmas pode acarretar em sanções ao cidadão que feriu algumas dessas liberdades expressas na CF. • Inviolabilidades: o À intimidade; o À vida privada; o À honra e a imagem das pessoas; o À casa (asilo inviolável do indivíduo); o Ao sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas; e o De dados e das comunicações telefônicas. A inviolabilidade deve ser resguardada, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3.3 Direito à Segurança O direito à segurança é caracterizado pelo sentimento de um cidadão de não se sentir vulnerável em relação aos outros homens e à sociedade, garantindo, assim, à manutenção de outros direitos fundamentais, seja por meio da segurança individual (a garantia de uma vida plena, com o gozo dos direitos e liberdades individuais), ou por meio da segurança coletiva, que se caracteriza pela proteção de toda a sociedade, por meio de ações de prevenção ou de repressão. 45 3.4 Direito à Integridade Física O direito à integridade física é o direito do cidadão de não ter o seu corpo violado fisicamente (danos corporais, agressão, ferimentos). Esse direito é tipificado pelo Código Penal, sendo: • Lesão corporal leve; • Grave; e • Gravíssima (cp). Também em seu inciso XLIII do art. 5º, a CF rege a “integridade psíquica, a exemplo da proibição de uso de provas obtidas por meios que agridam a integridade psíquica do indiciado (ou acusado), como uso de alucinógenos etc., e mormente pelo uso da tortura, crime inafiançável”. Tem relação direta com o Direito ao corpo e o Direito à saúde. 3.5 Direito à Propriedade O direito à propriedade privada é ao mesmo tempo um direito e uma garantia fundamental no ordenamento jurídico brasileiro. Porém, a CF também assegura a função social da propriedade. Dessa forma, um proprietário de imóvel invadido/ ocupado por um movimento social encontrará entendimentos jurídicos distintos a respeito desse tema. O direito à propriedade é a imputação a um cidadão do direito de posse de um bem, sendo um direito absoluto (assegura a liberdade de dispor da coisa do modo que melhor lhe aprouver), exclusivo e perpétuo (não desaparece com a vida do proprietário). 46 4 Principais Direitos Sociais 4.1 Direito à Saúde, à Moradia e ao Lazer e O direito à saúde, à moradia e ao lazer são direitos fundamentais na garantia de uma vida digna e saudável. Dessa forma, o Estado deve garantir o mínimo existencial para a proteção social dos cidadãos e esses mesmos direitos não podem ter retrocesso. Ou seja, o direito de hoje tem que obrigatoriamente ser melhor que os direitos de outrora. Pense bem, com a saúde fortalecida, com um cantinho para morar e acesso à arte, à cultura e ao lazer, um cidadão tem mais condições de contribuir positivamente com a sociedade? 4.2 Direito ao Trabalho O direito ao trabalho fornece ao cidadão o direito à sua subsistência, pois, por meio de seu esforço, ele tem a condição de se sustentar e sustentar sua família por meio da monetização de sua força laboral. Expressa os mecanismos constitucionais de proteção ao trabalhador, sendo: • Seguro-desemprego; • Salário Mínimo; • Irredutibilidade do salário; • Salário-família; • Duração da Jornada de Trabalho; 47 • Hora Extra; • Licença à gestante; • Repouso semanal remunerado; • Férias remuneradas; e • Idade mínima para o trabalho. 4.3 Direito ao Livre Exercício Profissional O direito ao livre exercício profissional ou livre exercício da profissão é direito de todo cidadão desde que atendidas às qualificações profissionais que a lei estabelecer. 4.4 Direito à Liberdade Religiosa c O Brasil é declarado em sua constituição como um Estado Laico. Porém,também assegura ao cidadão a liberdade religiosa. Ramón (1990) explica que o Estado deve proteger o pluralismo religioso criando condições para um exercício sem problemas quanto aos atos religiosos das mais diversas religiões, respeitando, dessa forma, o princípio de igualdade religiosa. g No link disponível a seguir você encontrará mais detalhes a respeito do direito de propriedade. http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direitos-Reais/7/aula/7 48 Glossário Abolida: acabar, tornar extinto. Acepção: sentido em que se toma uma palavra; interpretação, significado. Emenda: retificar, corrigir. Estado Laico: um Estado secular ou estado laico é um conceito do secularismo no qual o poder do Estado é oficialmente imparcial em relação às questões religiosas, não apoiando nem se opondo a nenhuma religião. Imputação: atribuir responsabilidade. Inciso: termo comum no meio jurídico que diz respeito a uma parte do artigo. Isonomia: princípio segundo o qual todos são iguais perante a lei. Monetização de sua força laboral: recompensa financeira dada em troca do esforço e tempo que um indivíduo investe em uma determinada atividade contratada por outro indivíduo. Pétrea: artigos da Constituição que não podem ser modificados. Rege: orienta, guia. 49 a 1) Indique a alternativa correta. As principais características dos direitos fundamentais são: a. ( ) historicidade e mutabilidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, irrenunciabilidade, universalidade, relatividade ou limitabilidade. b. ( ) Princípio da constitucionalidade, Princípio democrático, Sistema de direitos fundamentais, Princípio da Justiça Social, Princípio da igualdade, Princípio da separação dos poderes, Princípio da legalidade, Princípio da Segurança Jurídica. c. ( ) Eficácia vertical e eficácia horizontal. d. ( ) Historicidade e mutabilidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, ineditabilidade, universalidade, utilidade ou limitabilidade. 2) Com relação ao direito à vida, é CORRETO afirmar: a. ( ) É somente o direito de continuar vivo. b. ( ) É somente o direito à uma vida digna. c. ( ) É tanto o direito de continuar vivo quanto o direito à uma vida digna, ou seja, possui dupla acepção. d. ( ) O direito à vida é de responsabilidade inteiramente do indivíduo, devendo cuidar da sua própria vida, e não da de outras pessoas. Atividades 50 Referências BRASIL. Declaração Universal dos Direitos Humanos garante igualdade social. 2009. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2009/11/declaracao- universal-dos-direitos-humanos-garante-igualdade-social>. Acesso em: 8 abr. 2016. ______. Senado. Código civil brasileiro e legislação correlata. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. Disponível em: <http://www2. senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70327/C%C3%B3digo%20Civil%202%20ed. pdf?sequence=1>. Acesso em: 31 maio 2016. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. 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ZIMMERMANN, Augusto. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002. 53 UNIDADE 4 | PRINCIPAIS DEVERES CONSTITUCIONAIS 54 1 Principais Deveres Constitucionais 1.1 Conceito dos Deveres Constitucionais Assim como são assegurados ao cidadão os direitos fundamentais expressos na Constituição, também são assegurados os deveres constitucionais fundamentais, tais como: o dever do voto, de obedecer às leis do país; de respeito aos direitos sociais e aos demais cidadãos; de proteção à natureza e ao patrimônio público do país. O Estado também possui o dever na efetivação e aplicação imediata dos direitos fundamentais. O dever constitucional é regido peloconjunto de leis existentes e legislado nos âmbitos federal, estadual, municipal e leis e normas internacionais as quais o Brasil está submetido. Schmieguel (2010) destaca a importância da lei no Estado de Direito, sendo um texto oficial, um conjunto de normas feitas pelo Poder Legislativo cuja elaboração é disciplinada pela Constituição Federal. 1.2 Dever do Voto O Brasil possui como forma de governo a República, tendo como forma de estado a Federação e um regime de governo ou político denominado democracia, que pode ser mista ou semidireta. Atualmente, o sistema de governo do Brasil é o Presidencialismo (art. 84 da CF). O dever do voto se estabelece nesse cenário democrático e constitucionalista. Esse dever é caracterizado como o instrumento específico para exercício do sufrágio (eleições). 55 c No Brasil o voto é direto, secreto, universal, periódico e obrigatório, com valor igual para todos. O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para analfabetos; maiores de 70 anos; e maiores de 16 e menores de 18 anos. Essas condições são denominadas de capacidade eleitoral ativa. A capacidade eleitoral passiva, que é o direito de ser votado, pode ser exercida desde que as seguintes condições sejam satisfeitas: • Nacionalidade brasileira: o Ser brasileiro nato ou naturalizado. • Pleno exercício dos direitos políticos: o O pleno exercício dos direitos políticos é quando o cidadão mantém seu direito em exercer a soberania popular por meio de plebiscito, referendo, iniciativa popular, voto e todas as implicações deles decorrentes. Consequentemente, a perda dos direitos políticos é quando o cidadão incorre na perda ou suspensão de direitos de acordo com o artigo 15 da CF: o Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; o Incapacidade civil absoluta; o Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; o Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; • Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Alistamento eleitoral o O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os alfabetizados entre 18 e 70 anos; o O alistamento e o voto são facultativos para os analfabetos, para quem estiver entre 16 e 18 anos e para os maiores de 70 anos de idade. 56 • Domicílio eleitoral na circunscrição o Possuir domicílio eleitoral na mesma circunscrição a qual estará concorrendo ao pleito. • Filiação Partidária o O candidato deve ser filiado a um partido oficialmente registrado no Tribunal Superior Eleitoral. • Idade mínima o Cargos de Presidente e de Vice-Presidente da República – idade mínima de trinta e cinco anos; o Cargos de Governador e Vice-Governador de Estado, bem como do Distrito Federal – idade mínima de trinta anos; o Cargos de Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice- Prefeito – idade mínima de vinte e um anos; e o Cargos de Vereador – idade mínima de dezoito anos. 1.3 De Obedecer às Leis do País Todo cidadão tem o dever em obedecer às leis do país para garantir a manutenção dos direitos fundamentais expressos na CF. Uma lei estabelece o juízo a respeito de determinado assunto, buscando um melhor entendimento para a manutenção da ordem e da paz pública e da garantia dos direitos individuais e coletivos fundamentais. Caso um cidadão não obedeça às leis vigentes, sofrerá a aplicação de uma pena promulgada por uma autoridade visível da instituição que é o Estado brasileiro. Essa pena pode acarretar consequências econômicas, civis e criminais indesejáveis. 57 1.4 Do Respeito aos Direitos Sociais e aos Demais Cidadãos h O cidadão deve respeitar os direitos sociais, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Lembrando Confúcio, sábio chinês, que dizia “Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você”, podemos entender a importância do respeito ao espaço do outro, a individualidade do outro. Quando um cidadão, por exemplo, quer que sua liberdade de crença seja respeitada, é necessário que respeite a liberdade de crença de outro cidadão, mesmo que essa crença seja distinta da sua. Esse dever promove a dignidade do ser humano, pois afirma a necessidade que temos enquanto cidadãos de respeitarmos uns aos outros. 1.5 Da Proteção à Natureza e ao Patrimônio Público do País O cidadão tem o dever de promover a proteção à natureza, garantindo assim o bom uso de nossos recursos naturais. Quando um fazendeiro desmata uma mata ciliar ou provoca queimadas para “limpar” o terreno, ele está afetando o ciclo de vida de um rio e o ciclo de uso do solo, afetando não só sua propriedade, mas as de todos os que estão ao redor. O dever de proteger o patrimônio público do país é de extrema importância, pois é com o dinheiro dos impostos do povo brasileiro que esse patrimônio é construído. Depredar prédios públicos, por exemplo, é uma quebra do dever de um cidadão. Por isso, o dever de proteção à natureza e ao patrimônio público do país é essencial para contribuir com o zelo do Estado na gestão e manutenção de seus ativos. 58 g Saiba como ficam os direitos do cidadão com o novo Marco Civil da Internet assistindo ao vídeo feito pela Câmara dos Deputados disponível no link a seguir. http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/ PODER-E-QUERER/473980-MARCO-CIVIL-DA-INTERNET--- DIREITOS-CONSTITUCIONAIS.html 59 Glossário Democracia: governo em que o povo exerce a soberania. Sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas. Depredar: destruir, arruinar. Facultativo: deixa ou não dá a prerrogativa de fazer alguma coisa. Federação: Federação (do latim: foederatio, de foedus: “liga, tratado, aliança”) ou Estado Federal a um Estado composto por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo próprio. Improbidade: desonestidade. Mata ciliar: vegetação ribeirinha. Nato: nascido. Plebiscito: consulta feita diretamente ao povo com uma pergunta específica. Presidencialismo: regime político em que a chefia do governo é prerrogativa do presidente da República, que escolhe seus ministros, e com a independência dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); sistema presidencial; regime presidencialista. Referendo: colocar para aprovação ou rejeição do povo uma medida proposta pelo Poder Legislativo. República: a República (do latim res publica, “coisa pública”) é uma estrutura política de Estado ou forma de Governo em que, segundo Cícero, são necessárias três condições fundamentais para caracterizá-la: um número razoável de pessoas (multitude); uma comunidade de interesses e de fins (communio); e um consenso do direito (consensus iuris). Sufrágio: voto em eleição. Texto oficial: texto regulamentar e doutrinário homologado pelo Poder Legislativo federal, estadual e municipal. 60 a 1) Assinale a alternativa correta. Todo cidadão possui deveres constitucionais, sendo eles: a. ( ) O dever do voto, de obedecer às leis do país; de respeito aos direitos sociais e aos demais cidadãos; de proteção à natureza e ao patrimônio público do país. b. ( ) O dever do voto, de obedecer às leis do país; de respeito aos direitos sociais e aos demais cidadãos; de proteção à propriedade privada e o dever de usar armas quando necessário. c. ( ) O dever do voto, de desobedecer às leis do país; de respeito aos direitos sociais e aos demais cidadãos; de proteção à natureza e ao patrimônio público do país. d. ( ) À vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 2) Com relação do dever do voto, é correto afirmar que:a. ( ) O voto é direto, secreto, universal, periódico e obrigatório, com valor igual para todos b. ( ) A capacidade eleitoral ativa é o direito de ser votado, desde que o cidadão esteja quite com o alistamento eleitoral. c. ( ) A capacidade eleitoral passiva está relacionada à obrigatoriedade do voto para os maiores de 18 anos e facultativo para analfabetos; maiores de 70 anos; e maiores de 16 e menores de 18 anos. d. ( ) Sua elaboração é disciplinada por norma constitucional, derivada do poder discricionário o Estado garante sua execução compulsória. Atividades 61 Referências BRASIL. Declaração Universal dos Direitos Humanos garante igualdade social. 2009. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2009/11/declaracao- universal-dos-direitos-humanos-garante-igualdade-social>. Acesso em: 8 abr. 2016. ______. Senado. Código civil brasileiro e legislação correlata. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. Disponível em: <http://www2. senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70327/C%C3%B3digo%20Civil%202%20ed. pdf?sequence=1>. Acesso em: 31 maio 2016. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília, 2007: p. 84. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/Etica/liv_etic_cidad.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2016. ______. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Brasília, 2006. ______. Lei Federal nº 10.741, de 1 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, 2003. ______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002. ______. Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. BONAVIDES, Paulo. A quinta geração dos Direitos Fundamentais. Direitos Fundamentais, Justiça, n. 3. abr./jun. 2008. BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA, Walber de Moura. Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 7 CARDIA, Nancy. Percepção dos direitos humanos: ausência de cidadania e a exclusão moral. In: ______. A cidadania em construção. São Paulo: Cortez, 1994. CARTILHA DO CONSUMIDOR. Departamento de Proteção à Defesa do Consumidor. Procon Alagoas/AL. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.procon. al.gov.br/legislacao/cartilhadoconsumidor.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016. 62 COMPROMISSO E ATITUDE. Legislação sobre violência contra as mulheres no Brasil. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/ legislacao-sobre-violência-contra-as-mulheres-no-brasil/>. Acesso em: 2 jun. 2016. CONTEÚDO ESCOLA. Exclusão social. Que bicho é esse? Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.conteudoescola.com.br/artigos/28/95-exclusao-social- que-bicho-e-esse-i>. Acesso em: 17 jun. 2016. DIREITOS CIVIS. O que são Direitos Civis. Portal da internet, 2015. Disponível em: <http://direitoscivis.org.br/?page_id=5>. Acesso em: 31 maio 2016. IACOCCA, Liliana. 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ZIMMERMANN, Augusto. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002. 64 UNIDADE 5 | DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS 65 1 Direitos Individuais e Coletivos 1.1 Conceito de Direito Individual e Coletivo Os direitos individuais e coletivos são o que denominamos de cláusulas pétreas da Constituição, estando presentes ao longo de todo o texto constitucional, ou seja, são garantidos pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro. A proteção dos direitos fundamentais individuais e coletivos é reservada a todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade ou situação no Brasil, podendo categorizar esses direitos da seguinte forma macro: direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Todo cidadão no trato com a lei para o exercício de seus direitos possui isonomia formal (todos os cidadãos poderão igualmente buscar os direitos expressos na lei) e isonomia material (tratar desigualmente os desiguais para reduzir as desigualdades). Assim como também possui igualdade perante a lei (aplicação da lei sem fazer distinções) e igualdade na lei (elaboração da lei sem fazer distinções). Dentre os direitos individuais e coletivos, destacam-se os seguintes: • Direito à privacidade; • Direito à reunião; • Direito à vida; • Direito à igualdade; • Direito à liberdade profissional; • Direito à liberdade de expressão; 66 • Sigilo das comunicações telefônicas; • Direito à inviolabilidade de domicílio; • Direito ao devido processo legal; • Direito à liberdade de associação; • Direito de petição; e • Direito de obtenção de certidões. 1.1.1 Direito ao Acesso à Informação O acesso à informação promove a transparência na divulgação e acesso a informações públicas, sejam gerenciais ou analíticas. Todo cidadão tem o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. A evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) vem auxiliando cada vez mais no estabelecimento de um governo eletrônico, no qual o cidadão possui acesso por meio da rede mundial de computadores a dados das políticas públicas executadas em sua região, por exemplo. A pressão de movimentos civis por meio de portais de transparência não oficiais também auxilia aos gestores públicos na execução de boas práticas, mesmo