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Linguistica aula 1 ate a 10 faltando a 3

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- -1
CULTURA CLÁSSICA: CONTRIBUIÇÕES 
LINGUÍSTICAS
HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DA GRÉCIA E DE 
ROMA
- -2
Olá!
Seja bem-vindo à Disciplina !Cultura Clássica: Contribuições Linguísticas
Nesta aula, conheceremos as origens das duas mais importantes civilizações da antiguidade: Grécia e Roma. Elas
são importantes em dois sentidos. Primeiro, por seu desenvolvimento, sua cultura e inventos, sua literatura e
idiomas, por suas guerras e conquistas, por seus valores e mitos.
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Compreender o valor do legado das culturas clássicas, grega e latina, na formação linguístico-literária e
artística do Ocidente Moderno e do Brasil, em particular.
2. Estudar os principais temas que constituem as bases culturais da Herança Greco-latina.
3. Entender a Religião, a Filosofia e a Literatura Grega como fundamentos da Civilização de Homero e suas
implicações na história do Ocidente.
1 Localização e povoamento da Grécia
O Mundo Grego Antigo, ou , como era chamado pelos próprios gregos (Grécia é uma nomenclaturaHélade
romana), ocupava a parte sul da península balcânica, as ilhas do mar Egeu, as costas da Ásia Menor e o sul da
Itália.
A Grécia setentrional (norte) tinha três importantes regiões: Tessália, Fócida e Etólia (ou Epiro). Na Grécia
peninsular, ligada à central pela faixa de terra chamada Corinto, estavam a Lacônia e a Messênia. Na Grécia
central, encontravam-se a Beócia e a Ática. Fora do continente, havia a Grécia insular. Ao final do período
Neolítico, a região já era habitada por povos sedentários de língua não grega, chamados pelasgos. A partir de
2000 a.C., aproximadamente, povos de origem indo-europeia, chamados helenos, começaram a chegar à região.
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Os primeiros helenos a alcançar a Grécia foram os aqueus (1950 a.C., originários das estepes russas, que, em
busca de melhores pastagens para seus rebanhos, espalharam-se por quase toda a Grécia, parte da Ásia Menor e
pelo sul da Itália.
O contato dos aqueus com os cretenses deu origem à civilização micênica. A seguir, chegaram os jônios e os
eólios (1500 a.C.), que se estabeleceram na Ática e na Ásia Menor. A última leva foi a dos dórios (1200 a.C., que se
estabeleceram no Peloponeso, destruindo parte da civilização micênica. A invasão clórica não chegou a atingir a
região da Ática.
2 As civilizações pré-gregas: cretenses e micênicos
Entre 2500 e 1400 a.C., desenvolveu-se no Mediterrâneo uma cultura bastante importante para a História, cujo
principal centro era a ilha de Creta. Essa civilização expandiu-se, chegando à costa da Ásia Menor, às ilhas do mar
Egeu e parte da península balcânica (Grécia).
A civilização cretense distinguiu-se por sua intensa produção artesanal, de caráter luxuoso, o que indica que já
dominava técnicas de fabricação mais sofisticadas. Essa produção era comercializada através de estradas que
ligavam suas cidades-palácios e também era exportada ao Oriente Médio.
Na civilização cretense, as cidades-palácios que mais se destacaram foram Cnossos e Faestos, que eram
governadas por reis e funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes. Como vimos
anteriormente, foi do contato dos aqueus com os cretenses que surgiu a civilização micênica.
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Os aqueus estabeleceram-se em pequenos Estados independentes, governados por príncipes ou chefes militares
religiosos. Esses governantes tinham suas "cortes" de nobres guerreiros e eram sustentados pelo trabalho dos
camponeses servis. Construíram castelos fortificados em locais bastante altos, para facilitar a defesa. Eram as
acrópoles, isto é, cidades altas. As mais famosas dessas cidades foram Tirinto e Micenas, esta quase inacessível.
Por volta de 1400 a.C., os micênicos invadiram Creta e destruíram Cnossos. Micenas passou a ocupar o lugar de
Creta no comércio e na produção artesanal. A civilização micênica tinha várias características da civilização
grega: sua língua era semelhante ao grego, por exemplo.
No entanto, a existência de uma forte burocracia e de um poder central que controlava a economia dava à
civilização micênica características das civilizações orientais. A religião micênica era uma fusão de deuses
indoeuropeus com deuses cretenses. Alguns transformaram-se em deuses gregos. Zeus e Poseidon são dois
exemplos. Mesmo com o desaparecimento da civilização micênica, notamos que os gregos preservaram várias
raízes dessa cultura: a língua, os principais deuses e a herança dos feitos históricos da Guerra de Troia.
3 O período homérico: A importância das obras de Homero
A principal fonte histórica para o estudo da Grécia nos períodos anterior e posterior à invasão clórica tem sido os
poemas épicos e , ambos atribuídos a Homero.Ilíada Odisseia
As duas obras parecem ter sido produzidas em épocas diferentes, pois na há muitas menções a armas,Odisseia 
ferramentas e instrumentos de ferro, enquanto na Ilíada não se faz referência a esse material. Isso indica que a 
 é mais recente que Ilíada.Odisseia
A descreve a Guerra de Troia, cidade que representava parte de uma civilização pré-helênica que entrouIlíada 
em choque com os aqueus (chamados gregos).
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Já a descreve as peripécias de Ulisses, nobre grego, com suas viagens de volta para Ítaca, na Grécia,Odisseia 
através do Mediterrâneo. Foi o estudo da Odisseia que forneceu as mais ricas informações para a compreensão
da sociedade e da economia da Grécia do período homérico.
4 A formação da civilização grega no Período Homérico
Com a invasão dos dários, a ascendente civilização micênica sofreu violento impacto. Seguiu-se um período de
acentuado declínio da produção material e intelectual que ficou conhecido como a Idade Média Grega ou Idade
das Trevas.
Nesse período, a sociedade retrocedeu para um tipo de organização política e econômica relativamente simples.
Formaram-se os clãs ougénos: grupos de parentes consanguíneos. descendentes de um mesmo antepassado.
Formavam uma aristocracia que controlava os meios de produção (as melhores terras, escravos e ferramentas).
Toda a produção era fruto do trabalho dos escravos e dos servidores. No entanto, esses escravos gozavam da
proteção de seus senhores e não eram submetidos a maus-tratos. Também os membros do génos trabalhavam
junto a seus escravos.
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Na sociedade micênica, havia, também, homens extremamente pobres (thétas), que viviam sob muitos aspectos
em piores condições que os escravos, pois não gozavam da proteção de um senhor. Outro elemento do génos era
o artesão livre, que fazia armas, instrumentos para a agricultura e objetos em geral: era o demiurgo.
O poder se concentrava nas mãos do patriarca e sua família
Esse poder era de caráter político e religioso e seu detentor (o patriarca) recebia o nome de basileu. Havia ainda
uma aristocracia que auxiliava o basileu. Em determinadas ocasiões, os génos se uniam, formando uma frâtria e,
em face do perigo, as frátrias se uniam formando uma tribo, liderada pelo filo-basileu (um rei supremo). A
escolha desse rei não se baseava na hereditariedade; ele era escolhido pelos aristocratas, entre os mais hábeis e
fortes guerreiros. Essas monarquias primitivas e familiares dos génos sofreram transformações profundas, das
quais surgiram as chamadas cidades-Estados gregas.
5 O período arcaico
A Grécia antiga não era um "país" centralizado e unificado como o de hoje. Era formada por um grande número
de pequenos Estados independentes entre si, que ficaram conhecidos com o nome de cidades-Estados ou, em
grego, Mis. O nascimento da pólis. Depois da invasão dos dórios, a Grécia foi aos poucos se transformando.
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Surgiram construções no alto dos morros para melhor defesa de possíveis ataques. As casas e templos se
aglomeravam e formaram o que ficou conhecido como , que pode ser grosseiramente traduzida por cidade.pólis
Nas cidades-Estados da Grécia antiga, na parte mais alta, habitava a aristocracia liderada pelo basileu, espécie de
rei-sacerdote. Nas partes mais baixas, localizava-se o mercadoe nelas moravam os comerciantes, artesãos e
trabalhadores em geral.
A acrópole era a parte da pólis onde ficavam as fortificações militares e os templos religiosos. Um exemplo
famoso desse tipo de construção é a Acrópole de Atenas.
6 As transformações da sociedade grega
A consolidação da cidade-Estado iniciou-se no século VIU. Mas a sociedade grega já apresentava problemas:
O aumento da população, a escassez de terras férteis e o monopólio das maiores e melhores terras pela
aristocracia, que enriquecia sempre mais. O pequeno camponês tinha que recorrer ao grande proprietário para
obter empréstimos de sementes e alimentos que sua propriedade não produzia (por ser pequena); em troca,
tinha que dar uma parte do que produzisse ao rico proprietário.
Nessa relação, o camponês era conhecido como hectemoro e o grande proprietário era chamado eupátrido.
Quando o hectemoro não conseguia pagar suas dívidas ao eupOtrida, tinha suas terras confiscadas por este e, na
maioria das vezes, o próprio camponês era vendido como escravo.
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Na Grécia, no início do século VIII, não havia terras para todos e os alimentos eram escassos para uma população
crescente. As melhores terras ficavam em mãos de poucos, que também eram os donos do poder político.
Entre os séculos Ville VIl a.C, os gregos saíram em busca de terras fora da Grécia.
Ocuparam várias regiões do Mediterrâneo, como o sul da Itália e a Sicília, A organização dessas colônias era
semelhante à das cidades-Estados, com as quais mantinham estreitos vínculos culturais e religiosos. A
colonização ajudou a diminuir um pouco as tensões na Grécia, mas não resolveu as questões principais.
Para suprir o problema da falta de alimentos, foram criadas colônias nas regiões férteis do mar Negro, que
produziam o trigo. Para pagar a importação, desenvolveu-se na Grécia a cultura da uva e da oliveira para
produzir vinho e azeite que, por sua vez, eram trocados peto trigo. Para o armazenamento e transporte desses
produtos, eram utilizados potes e vasos produzidos por uma dinâmica manufatura de cerâmica.
Surgiu então uma nova camada na sociedade grega: a dos proprietários de terra que produziam e comerciavam o
azeite e o vinho. Essa nova camada social, embora rapidamente enriquecida, era impedida de qualquer
participação política. A situação
dos camponeses pobres continuava a mesma, enquanto a aristocracia mantinha seus privilégios e aumentava
suas propriedades, oprimindo os pobres. O descontentamento era geral e crescente.
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7 O período clássico: a pólis de Atenas
A região da Ática havia sido pouco atingida pelas invasões dóricas. Isso contribuiu para que as pequenas aldeias
que formavam essa região se agrupassem pacificamente sob a hegemonia de uma delas: Atenas. A esse processo
de união das aldeias deu-se o nome de sinecismo. E foi desse fenômeno que se formou a cidade-Estado de Atenas.
As transformações econômicas trouxeram também transformações sociais à Grécia.
Atenas tornou-se um dos principais centros exportadores de vinho e azeite e grande produtora de cerâmica. As
diferenças entre as classes sociais se acentuavam.
8 A queda da monarquia e as transformações econômicas e 
sociais
As transformações econômicas e sociais da Grécia foram acompanhadas por transformações políticas. A
aristocracia passou a ocupar o lugar dos reis. O governo era exercido por um órgão executivo, o arcontado;
exercia diversas funções nas áreas:
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Assim, o governo era monopólio exclusivo da nobreza.
Com o surgimento de duas novas classes - a dos novos ricos, proprietários que se beneficiavam da expansão
econômica; e a dos escravos, que aumentavam em número - a situação tornou-se mais e mais tensa. Os
eupátridas oprimiam os camponeses
pequenos proprietários, enquanto aumentavam sua riqueza e monopolizavam o poder político. Era preciso
encontrar uma solução. A aristocracia propôs, então, uma reforma na sociedade, que foi planejada
sucessivamente por dois legisladores:
• Drácon limitou-se a escrever as leis, que até então eram orais, tirando a justiça das mãos dos eupátridas 
e passando-a para o Estado. Mesmo assim, a situação dos pobres era aflitiva.
• Em 594 a.C., iniciou as seguintes reformas: nenhum cidadão grego poderia ser vendido como Sólon 
escravo; assim, os hectemoros que haviam sido vendidos como escravos puderam voltar às suas terras; 
realizou uma reforma social, dividindo a sociedade em quatro classes:
•
•
- -11
As duas primeiras classes eram as que tinham renda anual entre 300 e 500 medidas de trigo, azeite ou vinho e
participavam dos cargos mais importantes do governo. A terceira classe era a dos guerreiros de infantaria
(zeugitas), cuja renda tinha que ser suficiente para a compra de um escudo e uma lança;
A quarta classe era a dos thétas, camponeses e artesãos pobres, que somente participavam da assembleia
popular, criou a eclésia, assembleia popular que opinava sobre os assuntos de interesse geral; estabeleceu o bulé,
conselho de 400 membros
formado por 100 representantes de cada uma das quatro tribos que existiam na Ática; o poder executivo estava
nas mãos do Areópago, que era monopólio das duas camadas mais ricas.
9 História de Roma - Da Monarquia à República
Roma: fundamentos
Principais períodos da história de Roma. Situada na planície do Lácio, às margens do rio Tibre e próxima ao
litoral (mar Tirreno), a cidade de Roma originou-se a partir da fusão de dois povos
Inicialmente, uma aldeia pequena e pobre, numa data difícil de precisar, Roma foi conquistada pelos seus
vizinhos do norte, os etruscos, que dela fizeram uma verdadeira
cidade. Os romanos eram também vizinhos dos gregos, que, ao sul, haviam criado a chamada Magna Grécia, onde
habitavam desde a época da fundação de Roma. Dos etruscos e dos gregos, os romanos receberam importantes
influências e, com base netas, elaboraram a sua própria civilização.
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As reformas de Sólon foram importantes porque modificaram a constituição do poder político - o critério era a
riqueza, não o nascimento - e porque propiciaram a volta dos camponeses escravizados. As medidas de Sólon
também impediram que as propriedades dos eupátridas continuassem a crescer.
As tiranias
As reformas de Sólon não puseram fim às tensões. Em 560 a.C., Pisístrato tomou o poder, dando início às tiranias
e centralizando o poder político nas mãos de homens enriquecidos pela expansão econômica
Pisistrato instituiu o crédito ao pequeno camponês e distribuiu as terras de aristocratas que haviam fugido para
o exterior. Pisistrato morreu em 527 a.C., sendo substituído por seus filhos Hípias e Hiparco, que continuaram a
política do pai. Hiparco foi assassinado em 524 a.C. e Hípias iniciou um período de governo despótico e violento.
Os eupátridas, que se sentiam prejudicados pelo governo de tendência mais popular das tiranias, aliaram-se a
Esparta, cidade rival de Atenas, e, em 510 a.C., invadiram a Ática, tomando a cidade de Atenas. Mesmo assim, os
eupátridas não mantiveram o poder.
Os gregos e os romanos iniciaram sua história sob o regime monárquico (fundado por Rômulo, segundo a lenda),
experimentaram a república e terminaram os seus dias sob o dominio de um império universal despótico e
muito parecido com os modelos orientais
São os três períodos em que se costuma dividir a história de Roma:
Clístenes, a democracia ateniense e seu significado
O governo da cidade ficou nas mãos da família dos Alcmeônidas, liderado por Clístenes. Esse aristocrata
organizou um governo baseado na isonomia, ou seja, na igualdade dos cidadãos perante a lei. Clístenes dividiu a
população da Ática para evitar alianças entre famílias eupátridas. Estabeleceu dez tribos, em lugar das quatro
anteriores, tomando por base o domicílio de cada cidadão.
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As tribos eram formadas pelos demos, a menor unidade de divisão criada por Clístenes. O demo era a base do
sistema, daí o nome democracia. O poder executivo era exercido pelo bulé (Conselho dos 500), composto por 50
elementosde cada tribo.
Fortaleceu-se a assembleia popular, eclésia, e foi criado o ostracismo, ou seja, a cassação dos direitos do cidadão
que conspirasse contra o Estado; essa cassação era votada pela eclésia.
Monarquia - Patrícios e plebeus
Desde o tempo da Monarquia, a sociedade romana encontrava-se dividida em patrícios e plebeus. Os patrícios
pertenciam à camada superior da sociedade, e os plebeus, à camada inferior. O que distinguia a ambos era a
gens, uma instituição análoga ao genos grego. Somente os patrícios pertenciam às gentes (plural de gens). Uma
gens congregava os indivíduos que descendiam, pela linha masculina, de um antepassado comum. Portanto, a
gens nada mais era do que família em sentido amplo.
Em outras palavras, gens era o nome que os romanos davam àquilo que conhecemos como clã. E, como qualquer
clã, a gens era composta de várias famílias individuais. Uma gens distinguia-se de outra pelo nome: gens Lívia,
gens Fábia etc. e todos os seus membros traziam o nome da gens. O nome dos patrícios era composto de três
elementos: o prenome, o nome gentílico, ou da gens, e o cognome ou designação especial, uma espécie de apelido.
Exemplos: Lúcio Cornétio Sita, Caio Júlio César etc. Quer dizer: Sila era membro da gens Cornélia, e César, da
gens Júlia.
A menor unidade social era, pois, a gens. Um certo número de gentes formava uma cúria, e dez cúrias formavam
uma tribo. Há portanto, nessa organização, certo paralelismo com a da Grécia:
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Em outras palavras, gens era o nome que os romanos davam àquilo que conhecemos como clã. E, como qualquer
clã, a gens era composta de várias famílias individuais. Uma gens distinguia-se de outra pelo nome: gens Lívia,
gens Fábia etc. e todos os seus membros traziam o nome da gens. O nome dos patrícios era composto de três
elementos: o prenome, o nome gentílico, ou da gens, e o cognome ou designação especial, uma espécie de apelido.
Exemplos: Lúcio Cornétio Sita, Caio Júlio César etc. Quer dizer: Sila era membro da gens Cornélia, e César, da
gens Júlia.
A menor unidade social era, pois, a gens. Um certo número de gentes formava uma cúria, e dez cúrias formavam
uma tribo. Há portanto, nessa organização, certo paralelismo com a da Grécia:
À aristocracia (eupátridas) conservadora não admitia as reformas de Clístenes e aliou-se à Esparta, invadindo
Atenas novamente. À população inteira de Atenas pegou em armas e defendeu sua cidade e sua democracia,
derrotando espartanos e aristocratas em 508 a.C.
A sociedade ateniense era então composta de três classes: Os cidadãos, que gozavam de completa liberdade e
participavam das decisões políticas; os metecos, estrangeiros que se dedicavam ao comércio e não gozavam de
direitos no sistema democrático grego; e os escravos, comprados ou conquistados nas guerras, que também não
tinham direitos. Vale ressaltar que também as mulheres eram excluídas da democracia ateniense.
A palavra senado deriva do latim senex, que significa “velho”. O Senado era, pois, um conselho de anciãos, uma
instituição muito comum na Antiguidade. Seu equivalente, na Grécia, era a Gerúsia, em Esparta.
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Inicialmente composto de cem membros, o Senado passou a ter, depois, trezentos e, mais tarde, seiscentos
membros. Os que não pertenciam a nenhuma gens eram plebeus e, por esse motivo, estavam excluídos da vida
política. Sem direitos políticos, eram considerados cidadãos de segunda classe. Mas, atenção, ser plebeu não
significava ter uma condição econômica inferior ou de pobreza.
O período clássico: a pólis de Esparta
Esparta situava-se ao norte da planície da Lacônia, ao sul do Peloponeso. Originou-se da invasão dos dórios e, a
partir daí, começou sua expansão. Sua mais importante conquista foi a da Messênia, a oeste da Lacônia.
Com a conquista da Messênia, o território pertencente a Esparta foi dividido em lotes (kleroi) e distribuído entre
guerreiros espartanos. O trabalho nesses lotes era executado pelos hilotas, escravos pertencentes ao Estado
espartano e não a um proprietário particular. Parte do campo era ocupada pelos periecos, trabalhadores que não
eram escravos, mas que também não tinham direitos políticos. A partir do século Vil a.C., a monarquia perdeu
seu poder em Esparta, mas não se extinguiu nem foi substituída por outras formas de governo: era exercida por
dois reis, que tinham funções militares e religiosas.
As reformas servianas
Sérvio Túlio, o segundo rei etrusco, é tido como o realizador de diversas reformas que favoreceram os plebeus.
Ele criou várias gentes, promovendo famílias plebeias à condição de nobres, organizou assembleias militares, os
comícios centuriatos, e estimulou o comércio e o artesanato
visando fortalecer economicamente os plebeus. Essas medidas, que a tradição atribuiu a Sérvio Túlio, ficaram
conhecidas como reformas servianas. O objetivo do rei, entretanto, não era propriamente beneficiar os plebeus,
mas fortalecer o poder monárquico.
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A criação de uma classe plebeia vigorosa tinha por fim a neutralização do poder dos patrícios, ou seja, algo
semelhante ao pretendido pelos tiranos, como Pisistrato, na Grécia. Mas em Roma, essa política não teve o
mesmo efeito.
As leis eram elaboradas pela gerúsia, um conselho de aristocratas anciãos. À autoridade máxima executiva era
exercida pelo eforato, órgão composto por cinco aristocratas (eleitos pela assembleia de todos os cidadãos
guerreiros), que concentrava todo o poder de Esparta.
A cidade-Estado de Esparta foi a primeira na história da Grécia a permitir a participação política dos cidadãos
por meio de uma assembleia. Havia uma igualdade potítica, mas era usufruída, única e exclusivamente, por 8 ou
9.000 guerreiros. Esses guerreiros se autodenominavam (os iguais).hómoioi 
A queda da Monarquia
Foi um movimento dos patrícios desejosos de manter seus privilégios contra a política “popular” de Sérvio Túlio.
Tarquínio, chamado de “O Soberbo”, deu continuidade à política de seu antecessor. Os patrícios reagiram em 509
a.C. contra aquela política, destronando Tarquínio e dando fim à Monarquia. Para a felicidade dos patrícios, o
êxito do movimento foi assegurado em boa parte pelo declínio da civilização etrusca, que não conseguiu realizar
uma intervenção pronta e eficaz em Roma. Assim nasceu a República romana.
A reorganização dos poderes na República
Vitoriosos, os patrícios fizeram algumas modificações nas instituições de poder. O Senado e os comícios curiatos
e centuriatos permaneceram como estavam. Mas o poder antes exercido pelo rei foi dividido e entregue a dois
cônsutes, que permaneciam apenas um ano no cargo. Desse modo, os patrícios tentaram eliminar o risco de
retorno da Monarquia.
A sociedade espartana era eminentemente guerreira. Os soldados espartanos ficaram conhecidos por toda a
Grécia como os mais disciplinados e melhores guerreiros. À razão desse brilhantismo na guerra devia-se ao fato
de poderem tais soldados dedicar-se integralmente ao treinamento esportivo e militar, enquanto uma grande
massa de trabalhadores hitotas produzia o necessário para seu sustento.
Os espartanos temiam uma revolta dos hilotas e, por essa razão, mantinham um clima de terror sobre essa
classe. Temiam, também, as transformações que ocorriam em outras cidades-Estados, como Atenas, com sua
democracia. Dessa forma, Esparta aliou-se a outras cidades-Estados conservadoras, formando a Liga do
Peloponeso, que tinha por objetivo lutar contra as cidades que ameaçassem a hegemonia espartana no
Peloponeso. Esparta foi a mais importante potência militar da Grécia, posição que manteve até sua decadência,
no século IV a.C.
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Nos anos que se seguiram à vitória contra Marco Antônio, Otávio, através de títulos e mudanças no próprio
nome, foi cumulado de honrarias, a última delas como fundador do Império. Em 40 a.C., ele recebeu do exército o
título de Imperator, que transformou em seu prenome.
E, para ressaltar a sua relação de parentesco com César, divinizado após a morte, e para significarque dele havia
adquirido o direito de comando do exército, Otávio conservou para si a denominação César. O nome que adotou
foi, então, Imperator Caesar Divi Filius, significando “Imperador Filho de César Divino”.
Depois de ter exercido o governo com poderes excepcionais desde a guerra contra Marco Antônio, Otávio
executou, em 27 a.C., uma manobra política bem-sucedida: renunciou aos seus poderes numa sessão do Senado e
declarou restaurada a República. Nessa mesma reunião, o Senado não apena: reafirmou seus poderes, como
concedeu-lhe novos títulos, como princeps, que significava "primeiro cidadão romano”. Além disso, conferiu-lhe
o título Augusto, dado apenas aos deuses. Otávio, que daí em diante passou a ser conhecido por Augusto, saiu,
portanto, mais fortalecido desse episódio.
Com a chegada dos Severos ao poder imperial, teve início outro período de turbulência, que chegou ao auge em
235 d.C. Esse foi o ano em que começou a mais profunda crise do Império Romano, da qual ele saiu
completamente transformado cinquenta anos depois. Nesse conturbado período conhecido como “anarquia
militar”, de 235 a 285, Roma conheceu uma rápida sucessão de mais de vinte imperadores, dos quais apenas um
morreu de morte natural. Em constantes motins, o exército romano estava dividido em facções rivais, que
proclamavam os imperadores com a mesma facilidade com que os assassinavam.
As duas fases do Império
O Principado (27 a.C. - 235 d.C.) e o Dominato (284 - 476) constituem as duas fases
do Império, separadas uma da outra por um período conhecido como “anarquia militar” (235 - 284). O primeiro
período é também chamado de Alto Império e o segundo, de Baixo Império.
O Império começou com Augusto tendo nas mãos os poderes civil, militar e religioso. Ele vinculou a posição
social do indivíduo à renda e restringiu a competência do Senado e das magistraturas aos assuntos civis relativos
a Roma e à Itália. Por fim, reorganizou o exército profissional e tornou-o permanente. A intervenção dos
militares na política foi o traço marcante do Principado e continuou a sê-lo ainda mais no Baixo Império.
Com a conquista etrusca de Roma e, ao longo do governo dos três últimos reis etruscos, a desigualdade entre
patrícios e plebeus se aprofundou.
Os patrícios não cessavam de ampliar o seu poder com o recrutamento de clientes. Essa palavra, para nós
sinônimo de “freguês”, designava, para os romanos, um conjunto de dependentes que, em troca de lealdade e
serviços, recebia favores das famílias patrícias. A clientela formava uma categoria social especial de agregados
dessas famílias, cuja origem parece não ser a mesma dos plebeus.
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Primitivamente, clientes e plebeus eram duas categorias diferentes que acabaram, com o tempo, fundindo-se
numa só, como veremos adiante. Toda grande família patrícia tinha a sua clientela. Em 479 a.C., a gens Fábia, por
exemplo, era constituída por 306 membros e tinha de 4 a 5 mil clientes. Porém, por volta do ano 100 a.C., era
frequente plebeus se dizerem clientes de uma família rica para receber dela algum amparo. Como categoria
social, os plebeus continuaram sendo os que não pertenciam a nenhuma gens.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu a formação histórica da identidade da cultura grega e romana (ou latina) na Antiguidade.
• Aprendeu sobre as etapas cronológicas da formação do povo, das cidades e da cultura grega antiga.
• Analisou as etapas da formação do Império Romano, pela história de Roma.
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CULTURA CLÁSSICA: CONTRIBUIÇÕES 
LINGUÍSTICAS
A MITOLOGIA GREGA E LATINA
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Olá!
Seja bem-vindo à nossa aula de hoje! 
Nesta aula, você irá avançar no conhecimento dos aspectos que identificam as culturas grega e romana (ou
latina) na Antiguidade Clássica. Vamos estudar a sua literatura oral através das lendas e dos mitos de formação,
das festas, cultos religiosos e invenção da historiografia na Grécia e em Roma.
Além disso, vamos conhecer a formação da história como discurso humano do tempo, mais uma contribuição
genial dos gregos. Você vai perceber como estas civilizações sobreviveram através dos tempos e permanecem
em nossas culturas.
Será que a cultura grega continua presente e influencia a nossa maneira de pensar, agir, nossas artes e
literatura? E a mitologia grega, seus deuses e histórias fantásticas ainda rondam nossa imaginação? E as línguas,
grega e latina, desapareceram com o fim daquelas civilizações? Vamos iniciar nosso passeio através do mundo
das culturas clássicas da Grécia e de Roma?
Nesta aula, você irá:
1- Identificar os mitos gregos.
2- Reconhecer a importância da mitologia na antiguidade.
1 A religião, mito e literatura na cultura grega
Uma literatura difere de outra, posterior ou anterior, menos pelo texto que pela maneira de ser lida; se
pudéssemos ler qualquer página atual da maneira como será lida no ano dois mil, saberíamos como será a
literatura no ano dois mil. Entre os gregos, a tradição religiosa era transmitida oralmente por poetas como
Homero e Hesíodo, que viveram entre os séculos IX a.C. e VIII a.C., inspirados por divindades ligadas à música e à
poesia, as Musas. Seus relatos foram retomados por dramaturgos dos séculos V a.C. e IV a.C.
(BORGES, J. L. : 1937-1952. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Globo, 2004Outras inquisições - ensaios
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2 As divinidades
Os gregos, e a maioria dos povos antigos, desenvolveram um sistema religioso politeísta, ou seja, eles cultivavam
a crença simultânea na existência de vários deuses. Esta plêiade de deuses dava origem a diversas crenças, a
cultos e práticas religiosas que constituíam a vida pública na Grécia antiga. A natureza em sua linguagem ora
fascinante, ora aterrorizante era uma das fontes das construções sobre a existência e a função divina dos
personagens do 'Pantheon' grego. Esta concepção da natureza como fonte da religião foi estudada com sucesso,
já no século XIX, por Rudolf Otto (1869.1937), um eminente estudioso em religiões comparadas e criador do
termo numinous, o qual exprime um importante conceito. Segundo Otto, dois sentimentos dominaram a
humanidade diante da Natureza, de um lado, o Terror, do outro a Fascinação ( ).Tremans et Fascinans
A obra que deu destaque a Rudolf Otto foi " Os aspectos irracionais na noção do divino e sua relaçãoO Sagrado 
com o racional" e foi publicada em 1917, durante a primeira guerra mundial. Otto entendia o conceito de
Sagrado como categoria essencial para compreender as religiões, mesmo não sendo um elemento racionalizável,
era o elo da natureza com o divino. era uma ideia ou uma noção complexa, sendo formado por doisO Sagrado
aspectos opostos:
• Racional: os elementos passíveis de serem claramente comunicados pela linguagem. Por exemplo: 
narrativas, doutrinas, ética e moral religiosa.
• Irracional: o oposto, os elementos que não se dobram à linguagem, fugindo a uma apreensão conceituai.
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Aqui surge o conceito de 'NUMINOSO'. Esse termo tem sua origem no termo latino Numen, significa deus ou
divino. E implica que haja uma manifestação (Téo-fania) divina na experiência do furor ou da beleza da Natureza.
O numinoso, entretanto, não se manifesta de uma forma simples, mas, complexa, Otto propôs uma fórmula
básica para expressar essa complexidade. Segundo Otto, o numinoso é o "mysterium tremendum et fascinans"
(mistério é terrível e fascinante).
O corresponde à forma como o numinoso se manifesta. É o mistério, o desconhecido,mysterium 
incompreensível que, quando manifesto, se faz perceber como algo distinto da realidade que experimentamos, é
o totalmente Outro. Desta noção temos a noção de mytho, narrativas sobre os deuses e heróis.
O é o aspecto negativo ou repulsivo do sagrado, onde a manifestação nos impele para trás, que nosTremendum
impõem o temor. Ele pode ser percebido sob três formas: . O é oTremendum, majestas e orgé Tremendum
terrível no sagrado; é o que nos faz tremer, que causa calafrios, que traz a sensação de risco à nossa integridade.
Oestá relacionado com o poder ou a majestade com a qual a experiência se apresenta. O terceiroMajestas 
aspecto é o , que é a energia do numinoso. Este se faz manifestar na "vivacidade, paixão, natureza emotiva,Orgê
vontade, força, comoção[ii] gerados no indivíduo pelo contato com o objeto numinoso. O é o aspectoFascinam
positivo ou atrativo do sagrado, que é formado por dois aspectos, o que impacta o indivíduo com aaugustus
sensação de pureza, santidade; e o que se manifesta impondo a prudência, reverência, veneração.sebastus
O relâmpago era resultado da ação de Zeus, e por isso os lugares atingidos pelos raios eram considerados
sagrados, diferenciados dos outros lugares em que não havia manifestação dos deuses, os lugares comuns, ou
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profanos. Os gregos acreditavam que a água causava os tremores de terra e, corno tudo o que se relacionava à
água era relativo a Poseidon, então o deus do mar era chamado sacudidos de terra. Além da Natureza, outro
campo da experiência do sagrado, ou da religião, era a memória dos mortos. As almas dos antepassados também
eram cultuadas pelas famílias, através de uma série de rituais que ficavam a cargo das mulheres.
Havia ainda os seres Imortais, com poderes extraordinários e considerados deuses; alguns inclusive eram
'estrangeiros', originários de tradições de outros povos, com os quais os gregos tiveram algum contato. Alguns
exemplos:
• Deméter: deusa da terra. Era semelhante às antigas deusas da fertilidade, muito comuns no período 
Neolítico.
• Afrodite: deusa do amor. Era uma deusa da tradição mesopotâmica, Astarté.
• Dioniso e Hefesto: deuses do vinho e da técnica. Seriam originários do Oriente, talvez da Índia.
Acreditava-se que esses deuses habitavam o monte Olimpo, na Tessália, embora algumas versões localizassem
sua morada no céu. São doze os principais:
Havia outros deuses tão importantes quanto esses, e que às vezes figuravam entre os doze deuses do Olimpo:
• Plutão ou Hades: senhor do reino dos mortos.
• Dioniso: deus do vinho, da euforia.
• Hebe: deusa da juventude.
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3 Os mitos
Os mitos são relatos aceitos, entendidos e sentidos como tais [...] Comportam assim, em sua origem, uma
dimensão de 'fictício, demonstrada pela evolução semântica do termo 'mythos, que acabou por designar, em
oposição ao que é da ordem do real por um lado, e da demonstração argumentada por outro, o que é do domínio
da ficção pura: a fábula. Este aspecto relaciona o mito grego ao que chamamos religião. (VERNANT, 2001, p. 230)
O teatro do mundo ordenado pelo relato mítico está pronto para a entrada em cena de atores divinos de tipos
diferentes. Com a descendência de Urano (céu) e Gaia (a terra), estão dados os atores que desempenharão o
último episódio do processo cosmovinico. Nesta gênesis, percebe-se o mundo que se organiza pela mescla dos
contrários, num universo de mistos em conflito para além das linhas divisórias do bem e do mal. De fato, Homero
ouve o canto das musas. Elas cantam a verdade, isto é, na análise da linguagem mítica para além dos sistemas
religiosos, a 'alétheia' defini-se como uma potência, solidária de todo um sistema de entidades religiosas que lhe
são ao mesmo tempo associadas e opostas.
Próxima da diké, a alétheia articula-se à Memória cantada (Mousa), luz, Louvor, e, assim, opõe-se ao
esquecimento (lLthé), silêncio e escuridão, censura. Ela não se refere a um saber, a um objeto ao qual deveria
conformar-se, que lhe seria anterior e que continuaria estrangeiro a ela. Trata-se da verdade assertória
enraizada logo de início no real no sentido mais forte, no sentido religioso do termo, porque a palavra da
verdade é em si, corno potência eficaz, criadora do ser.
Segundo Santos (2007): Mas, a que questões se refere a linguagem humana quando considerada
mitologicamente? O que é mito e a partir de quais demandas sociopolíticas e religiosas pode ser entendido?
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De um lado, temos a cosmogonia que implica no conceito de cosmos e de tempo fundador; e, de outro, aquele de
escatologia que diz respeito ao esgotamento do tempo. Conceito que, na religião judaico-cristã, sofre as
implicações da ação de Deus diante do Mal e, por isso, da noção de 'redenção' (resgate) do homem e, por isso, do
tempo e do espaço, as mais características coordenadas humanas. Segundo Vernant (2001), os mitos são um
conjunto de narrativas que falam de deuses e heróis, ou seja, dois tipos de personagens que as cidades antigas
cultivavam.
Neste sentido, mitologia está próxima de religião. A mitologia constitui, para o pensamento religioso dos gregos,
um dos modos de expressão essenciais. Se o suprimirmos, perdermos a capacidade de entender as demandas de
urna sociedade com seu universo divino politeísta, urna sociedade com um além múltiplo e complexo, ao mesmo
tempo rica e ordenada. Por isso, podemos proceder a uma comparação entre sistemas religiosos a partir das
categorias expressas nas cosmogonias gregas e a cosmovisão bíblica. Judaico-cristã.
Inserido nas funções da religião, os mitos gregos veiculavam convicções que mesmo acarretando adesão, não são
obrigação, eles não constituem uma religião que, com um corpo de doutrinas que fixam raízes teóricas da
piedade, assegurando aos fiéis um plano Intelectual, uma base de certeza Indiscutível. (Cf. VERNANT, J. P. Entre
 espec. 233-237).mito & política.
Mas o que nos importa na pergunta sobre a natureza do mito é que sua linguagem comporta, em sua origem,
uma dimensão do 'fictício' demonstrado pela evolução semântica do termo 'mythos', que acabou por designar,
em oposição àquele da ordem real por um lado e a demonstração argumentada por outro, o que é domínio da
ficção pura: a fábula. (Cf. BAILLY, A. Paris: Hachete, 1969; BRANDÃO, J. Dictionnaire Grec Français. Mitologia
. Petrópolis: Vozes,1987)grega, vol. II
E. para muitos autores, isto relaciona o mito grego ao que chamamos religião, assim como ao que é hoje para nós
a literatura. Por isso, o papel da mitologia grega na qual se tece a literatura poética de Homero e Hesíodo cumpre
a função de falar sobre os deuses. De modo brilhante Jean-Pierre Vemant, antes de abordar a questão da
mitologia, apresenta uma pequena história das relações entre ciência e religião no séc. XX, na França e na Europa
em geral.
Ele procura demonstrar de que maneira a Incursão das ciências sociais, aliadas aos novos projetos
historiográficos, renovaram os estudos sobre o fenômeno religioso, permitindo assim, a abertura para incluir nas
análises de fenômenos religiosos novas questões e teceduras entrelaçadas definitivamente com a economia, com
a historiografia, a antropologia, com os costumes, com a política. Por fim, toda esta revolução implicou no
estabelecimento definitivo da 'ciência' das religiões.
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Tal contexto propiciará também um novo exame do lugar da arte de contar a vida dos deuses e dos homens
fundadores da nação helênica (mito), com um novo horizonte crítico. (Cf. VERNANT. A religião, objeto de ciência?
In: ______ , p. 87-94).Entre mito & política
De grande valor, a reflexão crítica feita por Bruno Snell ao tratar a questão da 'fé' religiosa dos gregos e o
desenvolvimento de uma antropologia da mimesis grega através dos discursos míticos. isto é, teogônicos
primitivos. (Cf. SNELL. In: SNELL, B. A fé nos deuses olímpicos. A cultura grega e as origens do pensamento
 P. 23-40).europeu.
A formulação do verdadeiro envolve uma instauração ou restauração da ordem. Como palavra pronunciada por
personagens que têm o poder e a função de dizer o verdadeiro, a palavra reta é um aspecto ou um momento do
Jogo das forças que compõem e ordenam o mundo humano. Mas qual seria então o lugar do erro, da Ilusão, da
palavra Ineficaz' Em outras palavras, se a palavra e o ser coincidem de certa forma, se o dito de verdade é criador
do que enuncia, por onde se pode insinuar entre as palavras e as coisas esta distância que permite à linguagem
dizer tanto o falso como o verdadeiro?
Lethé e , em vez de seexcluírem, constituem os dois poios complementares de uma única potênciaAlétheia
religiosa, onde a negatividade arremata a verdade, é sua sombra inseparável. Porque detém a potência ambígua
da persuasão. sem a qual a palavra sena ineficaz, os profetas e os poetas são mestres da verdade e do logro.
A Cosmogonia grega e antiga em geral se mescla com a teogonia. E aqui é importante lembrar que, pelo já dito
anteriormente, a religião grega e antiga e a linguagem mítica não se relacionam através do Livro revelador
/revelado. Na sociedade grega, o sistema religioso existe sem a forma de Igreja, sem um corpo sacerdotal, sem
especialistas em questões divinas e doutrinas reveladas. Por isso, as obras mitológicas (mito poéticas) de
Homero e de Hesíodo se relacionam na Inauguração da poesia grega nav medida em que representam uma
palavra apropriada sobre os deuses, sobre o universo, sobre a ordem da sociedade grega. Foram elas, a 'magna'
tentativa' de ordenar o saber acumulado pela civitas graecanrn e que depois, dará à luz, em parte, ao novo
discurso: a Filosofia (Cf. REALE, G. História da filosofia antiga, vol. I, São Pauto: Loyola, 2002, espec. As formas
, p. 19-47).da vida espiritual grega que preparam o nascimento da filosofia
Assim não tanto o falso que vale, mas a mentira e o fingimento. Para mentir, é também preciso. antes de mais
nada, saber a verdade; para enganar, é preciso saber mais do aquele que é enganado.
A cosmogonia situada na vasta floresta da linguagem mítica representa a possibilidade de formular o divino com
palavras, através da função desta classe de pessoas cujo papel social era produzir um discurso por meio do qual
a sociedade grega se expressou e se reconheceu, nas diferentes etapas da sua cultura: o canto épico primeiro,
depois as múltiplas formas de poesia tirita e coral, os hinos, as obras trágicas, as cômicas, em suma, todos
aqueles nos quais os gregos, como Platão, atribuem à categoria de poetas. (Cf. GOLDSCHMIDT, V. Os diálogos de
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 Estrutura e método dialético. SP: Loyola, 2002: VERNANT, J. Psicologia e antropologia históricas. In. Platão.
, p. 121-190).Entre mito e política
A teologia grega e antiga é assim, também essencialmente uma poesia, o discurso sobre os deuses por isso é uma
narrativa mítica inseparável das cosmogonias. Aqui Hesíodo desempenha um papel, que terá influência sobre a
produção poética do Ocidente até os nossos dias. 'Hesíodo é o pai da poesia mitológica e foi utilizado tomo fonte
de referência para muitos poetas gregos e romanos' (GRANDSDEN, 1982, p. 107). Neste sentido, o mito é ficção
narrativa, em meio ao prazer provocado por um relato totalmente humano, opera segundo um código cujas
regras, para uma determinada cultura, são rigorosas.
O domínio de Zeus marca a terceira geração de deuses. Ele repartiu o mundo com seus irmãos. Posêidon ficou
com os mares, Hades com o mundo subterrâneo, e a ele próprio coube o céu. Essa geração também teve muitos
filhos. De Zeus e Deméter nasceu Perséfone: de sua união com Memória nasceram as Musas; com Leto, Apoio e
Ártemis; com Hera, Ares, Hebe e (titia; com Maia, Hermes; com Sêmele, Dioniso. Mas a primeira esposa de Zeus,
Métis, a astúcia, foi engolida por ele, porque estava destinada a dar à luz dois filhos: um era Atena, e o outro seda
aquele que destronaria seu pai. Zeus engoliu Métis e ficou astucioso, e gerou Palas Atena, que nasceu de sua
cabeça. (Hesíodo, Teogonia)
Assim como a do mundo, a origem do homem é relatada por inúmeros mitos que falam de seus antepassados: em
algumas regiões eram considerados filhos da Terra, em outras eram formigas transformadas, ou seres feitos a
partir do barro ou da areia. Num fragmento atribuído a Hesíodo, encontra-se uma história sobre a origem dos
habitantes da ilha de Egina, segundo a qual a deusa Egina teve um filho com Zeus, Taco. que ficou inteiramente
só na ilha. Ao tomar-se adulto, a solidão o aborrecia. Para acabar com essa solidão, Zeus converteu as formigas
da ilha em homens e mulheres, concedendo a flato um povo chamado urirmidões.
Esse código comanda e orienta o jogo da imaginação mítica, delimita e organiza o campo no qual ela pode se
produzir, modificar os velhos esquemas, elaborar novas versões. É o que vemos entre as obras de Homero como
narrador da epopeia grega, isto é, a da nação, confundida literariamente com a gênesis dos deuses e dos grandes
homens e mulheres, que de certa maneira 'participam' da grandiosidade e engenhosidade dos deuses, os heróis
(Cf. GRANDSOEN, K. W. Homero e a epopeia. In. FINLEY, M. I. . p. 79-110; SNELL, B. O legado da Grécia A cultura
, espec. , p. 1-22 e o grega e as origens do pensamento europeu O Homem na concepção de Homero Mundo
, p. 41-54; SNODGRASS, . São Paulo: Odysseus, 2000; VIDAL-dos deuses em Hesíodo Homero e os artistas
NAQUET, P. . São Paulo: Companhia das Letras, 2002).O mundo de Homero
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Esse mito grego foi relido pelo psicanalista austríaco Freud, que nele encontrou pistas para elaborar suas ideias
acerca da relação dos filhos com o genitor do sexo oposto. Assim como são vários os mitos sobre a relação entre
os homens, também são muitos os que dizem respeito à relação entre os deuses e os homens. Um deles, por
exemplo, é o de Prometeu, outro é o de Pandora.
Havia também mitos sobre relações entre pais e filhos. Um exemplo é o mito de Édipo, que foi tratado pelo
dramaturgo Sófocles na tragédia Édipo-Rei. Édipo era filho do rei de Tebas, Laio, e sem saber matou seu próprio
pai, casando-se com sua mãe, Jocasta, que ele não conhecia. Tudo isso aconteceu porque quando Édipo nasceu,
seus pais foram informados de uma profecia que relatava seu destino. Para evitá-lo, ordenaram a um criado que
matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que
morava longe de Tebas para que o criassem. Édipo soube da profecia quando se tomou adulto.
Saiu então da casa de seus pais adotivos para evitar a tragédia, ignorando que aqueles não eram seus legítimos
genitores. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que,
insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou os integrantes do grupo, sem saber que
estava matando seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge, que
devorava as pessoas que não decifrassem seu enigma: "Qual o animal que anda com quatro patas ao amanhecer,
duas ao meio dia e três ao entardecer?". Édipo decifrou o enigma, respondendo: o homem. A Esfinge morreu,
Édipo tornou-se herói de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia.
E, assim, a mitologia também demonstra as oposições entre correntes religiosas que se confrontam entre grupos
de crentes dentro de uma mesma cultura. O código politeísta que preside o esquema narrativo das teogonias, que
por sua vez, localiza o valor ou sentido de narrar cosmogonias e não simplesmente cosmologia constitui como
Panteão, um modo de pensar, de distinguir, de classificar os fenômenos naturais, sociais, humanos, ligando-os às
diversas potências que se manifestam e que os comandam.
Neste sentido, a concepção da criação judaico-cristã, com seu pressuposto monoteísta, mesmo opondo e
distinguindo-se sem conciliação daquele citado acima, localiza o sistema religioso em sua capacidade múltipla
quase labiríntica. O sistema religioso, em ambos os códigos, não está confinado à parte, mas exerce uma
dimensão fundamental.
Assim, não existe uma oposição simples e radical entre sagrado e profano, mas temos um sagrado onipresente
que adota formas diversas, desde o sagrado totalmente proibido e intocável até o sagrado cujo uso pleno dentro
de limites permitidos, quando não o inteiro dispor, os deuses deixam aos homens. A religião politica própria da
Grécia das cidades, crenças e cultos satisfazem a uma dupla exigência. Cumpre recordar o papel decisivo das
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obras de EVADE, M. Tratado de história das religiões, Lisboa: Cosmos, 1977; In.______.Imagens e símbolos
Ensaio sobre simbolismo mágico-religioso. São Paulo: Martins Fontes, 1991. Numa outra perspectiva, RIES, J. II
Sacro nella Storia Religiosa dell'Umanità. Milão: Jaka Book, 1989.
Prometeu era um titã, portanto, descendente de Urano, como Cronos, e derrotado por Zeus, conforme a história
de Hesíodo. Titãs, segundo o mesmo Hesíodo, seriam "aqueles que por presunção teriam tentado realizar uma
grande obra, porém foram punidos". Essa grande obra foi partilhar a audácia do plano divino com os homens. O
que aconteceu da seguinte maneira
O titã Jápeto, irmão de Cronos, tinha dois filhos que se tornaram o elo entre os deuses e os humanos: Prometeu
(que quer dizer "o astuto") e Epimeteu (que quer dizer "o que só aprende depois do erro"). Segundo Platão,
depois que os deuses fizeram as criaturas com uma mistura de terra e fogo, deram aos irmãos Prometeu e
Epimeteu a incumbência de dar a cada uma delas a capacidade que lhe fosse mais adequada. Para essa tarefa eles
tinham um certo prazo, ao fim do qual as criaturas sairiam das trevas do centro da terra para a luz.
Eles combinaram que Epimeteu faria o serviço e Prometeu o verificaria. E assim foi feito. Epimeteu distribuiu
força, alimentos, velocidade, proteção a todos, de tal forma que as criaturas pudessem sobreviver; no entanto,
deixou o homem nu, sem nenhum atributo que o protegesse. Quando Prometeu foi verificar o trabalho de seu
irmão, percebeu perplexo a situação do homem. Resolveu roubar as artes de Hefesto e Atena • a metalurgia e a
tecelagem - e o fogo, que deram ao homem a sabedoria e as condições para enfrentar os problemas da vida
cotidiana. Por isso os homens têm uma maior proximidade com os deuses do que as outras criaturas. Mas
também por isso Prometeu foi castigado.
Ficou acorrentado por trinta mil anos no pico mais alto do Cáucaso, tendo o fígado picado por um pássaro, até
que Hércules, o semideus filho de Zeus, o libertou. Segundo alguns, sua libertação deveu-se ao fato de Zeus
querer tornar seu filho famoso, porém outros interpretam-na como recompensa por Prometeu ter guardado o
segredo da deposição de Zeus. Segundo as várias versões da história de Prometeu, sua libertação exigiu que ele
deixasse um outro imortal sofrendo em seu lugar. Quem tomou para si o sofrimento de Prometeu foi o centauro
Quíron, que fora ferido acidentalmente por Hércules. Quíron passou a ser identificado com a invenção da arte de
curar.
Eles combinaram que Epimeteu faria o serviço e Prometeu o verificaria. E assim foi feito. Epimeteu distribuiu
força, alimentos, velocidade, proteção a todos, de tal forma que as criaturas pudessem sobreviver; no entanto,
deixou o homem nu, sem nenhum atributo que o protegesse. Quando Prometeu foi verificar o trabalho de seu
irmão, percebeu perplexo a situação do homem. Resolveu roubar as artes de Hefesto e Atena - a metalurgia e a
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tecelagem - e o fogo, que deram ao homem a sabedoria e as condições para enfrentar os problemas da vida
cotidiana. Por isso os homens têm uma maior proximidade com os deuses do que as outras criaturas. Mas
também por isso Prometeu foi castigado.
4 O mito da criação da mulher
A primeira mulher surgiu como uma represália de Zeus contra o roubo do fogo por Prometeu, segundo o relato
de Hesiodo.
Filho de Jápeto, sobre todos hábil em tuas tramas,
apraz-te furtar o fogo fraudando-me as entranhas;
grande praga para ti e para os homens vindouros!
Para esses em lugar do fogo eu darei um mal e
todos se alegrarão no ânimo, mimando muito este mal.
Disse assim e gargalhou o pai dos homens e dos deuses;
ordenou então ao ínclito Hefesto muito velozmente
terra à água misturar e aí pôr humana voz e
força, e assemelhar de rosto às deusas Imortais
esta bela e deleitável forma de virgem; e a Atena
ensinar os trabalhos [...]
em seu peito, Hermes Mensageiro[...]
mentiras, sedutoras palavras e dissimulada conduta/forjou, por desígnios de Zeus. [...]
E a esta mulher chamo
Pandora porque todos os que têm olímpica morada
deram-lhe um dom, um mal aos homens que comem pão.
(Hesíodo, Os trabalhos e os dias.)
A cosmogonia toma-se cosmologia enquanto na configuração do mundo em traços visíveis e movimentos
celestes o homem, ao invés de perder, encontra seu contexto e os pontos de referência para observar,
conjecturar, analisar, em suma, situar-se no lugar conveniente. Nas antigas 'cosmogonias”, está-se diante do
convite a reviver um nascimento, um processo de gênese de duas potências, a Abertura e depois a terra,
relacionadas e simultaneamente opostas, é que a cosmogonia prepara o cenário para as teogonias.
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De certa maneira, as questões das ciências do Universo, mesmo em outras coordenadas, não utilizam, à sua
maneira, um código que ratifica a linguagem das cosmogonias? Não foi assim que a Filosofia grega inaugura sua
aventura da Razão, das Cosmogonias para as Cosmologias? (Cf. VERNANT, Razão, racionalidades gregas, In. Entre 
Mito & Política, 191-228; Dossiê 'Cosmologia”, In. , 62 (2004), Jun./jul./ago, SP.) Revista Usp
Vamos ler o que aconteceu com Pandora no trecho abaixo:
Essa mulher foi dada de presente ao irmão de Prometeu, Epimeteu (o que vê depois), e trouxe consigo, em uma
caixa (em algumas versões, num varro), todos os dons maléficos que os deuses lhe deram. Proibiu-lhe abri-la,
mas ele, cada vez mais curioso, não aguentou e, vendo-se sozinho, abriu-a. De dentro saíram as doenças, as
infelicidades, todos os males que os homens não conheciam até então. Desde esse dia os homens passaram a
sofrer, e os longos e despreocupados festins que tinham com os deuses nunca mais aconteceram.
5 O mito da origem do mundo
A narrativa da origem do mundo, segundo os gregos, a partir da versão de Hesíodo, no poema Teogonia (isto é,
“nascimento dos deuses”), é o texto que transcrevemos. Primeiro nasceu Caos, a existência indistinta; depois
nasceram a Terra (Gaia) e Eros. [...] Caos gerou a Noite, que gerou o Dia. À Terra gerou o Céu (Urano), as
Montanhas e o Mar; uniu-se ao Céu (Urano) e gerou os Titãs, Reia, Têmis, Memória, os Ciclopes, fabricantes do
raio, os Gigantes, de cinquenta cabeças e cem braços, e Cronos, o tempo.
[...] Guiados por Eros, os deuses se reproduzem: há os filhos da Noite, entre os quais estão a Morte, o Sono, os
Sonhos e as Parcas, divindades do destino, de cujos desígnios nem os deuses escapavam, que eram três:
Fiandeira, Distribuidora e Inflexível; e a linhagem do Mar. Nereu e as várias Nereidas, suas filhas, Espanto, Ceto,
entre vários outros [...].
6 Cultos ou rituais
As divindades gregas, como as de todas as religiões, são consideradas seres dotados de consciência como o
homem, porém com poderes superiores aos humanos. Uma vez que as divindades são seres conscientes, os
homens pretendem relacionar-se com tal poder superior atingindo suas consciências da mesma forma como
fazem entre si: através de laços afetivos e de trocas, que se realizam por sacrifícios, preces, oferendas e, por
sistemas de consultas, - os oráculos -, que muitas vezes são realizadas a nos templos.
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7 Os sacrifícios
Os sacrifícios eram uma forma de repetir os banquetes das deuses com os homens, quando ambos partilhavam
da vítima do sacrifício, seguindo um ritual no qual um animal doméstico era conduzido em procissão, ao som de
flautas, até o altar exterior do templo; os participantes e o animal eram ornados com coroas de flores. À
solenidade acontecia no exterior do templo, e poucos podiam nele entrar, pois era a casa do deus. Acreditavam
que o deus efetivamente morava ali, senão sempre, pelo menos de vez em quando.
8 Os oráculos
Entre os gregos havia templos dedicados aos vários deuses, e em alguns deles existiam oráculos, sistemas de
interpretação da sabedoria dos deuses, que se comunicavam com os homens que vinham pedir conselhos ou
saber do futuro.
Um exemplo disso era o que ocorria no oráculo de Zeus, em Dodona, onde sacerdotes interpretavam o balançar
das folhas dos carvalhos sagrados como a fala do deus.A consulta ao oráculo era uma ocasião solene, como uma
visita ao próprio deus, e exigia vários rituais, como podemos ler neste relato de Pausânias, que descreveu, em
suas viagens pela Grécia, como era o oráculo de Trofônio, uma divindade local absorvida por Zeus
Muitas vezes a consulta não era pessoal, envolvia uma cidade inteira, sobretudo em épocas de guerra ou de
peste. As maneiras de os deuses responderem às perguntas variavam. Por exemplo, em Delfos, no oráculo de
Apoio. o deus respondia pela boca de uma sacerdotisa, a Pítia ou Pitonisa, que entrava em transe e incorporava o
deus. Em outros templos, o homem podia ocupar a função de intermediário entre os homens e os deuses.
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O Céu (Urano) detestava os filhos, e escondia-os na Terra; até que ela, atulhada, criou uma foice e deu-a a seus
filhos. para que castrassem o pai. Todos ficaram com medo, mas Cronos aceitou a missão, e, ao entardecer,
quando o Céu se deitava junto com a Terra, a cumpriu. [...I A partir daí começa o domínio da segunda geração de
deuses, encabeçados por Cronos. Cronos sabia que ia ter uni destino semelhante ao do seu pai, ser destronado
por um de seus filhos; então os engolia à medida que iam nascendo do ventre de Reia. Foi assim com Hera.
Deméter, Hóstia, Hades e Poseidon: quando Zeus nasceu. Reia deu uma pedra para Cronos engolir e escondeu o
filho. que cresceu e cumpriu o destino de destronar o pai. Como ele fez isso não é dito, mas fez Cronos vomitar
seus irmãos. Depois disso, aliado aos outros deuses e aos Gigantes, derrotou os Titãs numa guerra terrível, na
qual os deuses se aliaram aos Gigantes, filhos da Terra.
O que acontece no oráculo é o seguinte: quando urna pessoa está decidida a descer ao oráculo de Trofônio. deve
se alojar num certo lugar por alguns dias. Nos sacrificos, um adivinho está presente, e olha nas entranhas da
vitima para ver se Trofifinio vai receber a pessoa que desce.
Agamedes, parceiro de Trofônio. Se as entranhas da ovelha indicarem, ele pode ir. Primeiro ele é levado ao rio
Hercyna por dois meninos de treze anos, que o banham. Depois é levado por sacerdotes até algumas fontes, das
quais ele deve beber a água do esquecimento e da memória, para se livrar de seus pensamentos e para se
lembrar do que aconteceu durante sua descida ao oráculo. Há uma imagem que só é mostrada aos que vão visitar
o deus, que é então reverenciada. Daí se pode entrar no oráculo, que fica numa caverna na montanha, na qual se
entra por uma escada. Lá dentro, o suplicante encontra um buraco, no qual deve entrar passando primeiro os
pés.
Depois que seus joelhos passam ele é puxado como que por um fio. Lá dentro fica sabendo do futuro, ouvindo ou
vendo, conforme o caso. Quando volta, é levado pela mão dos sacerdotes até a cadeira da memória, onde conta
tudo aquilo que soube pelo oráculo. Depois é levado ao alojamento, paralisado pelo terror. Gradualmente vai
melhorando, e recupera a faculdade de rir. [...] O que eu conto não é de ouvir dizer; eu mesmo consultei o oráculo
de Trofônio. (Pausânias.). Além dos oráculos, os gregos acreditavam em presságios, sinais significativos que
eram interpretados como um aviso dos deuses, como o voo das aves, que em certas ocasiões eram identificados
como bons ou maus.
Na Guerra de Troia, por exemplo, os troianos foram intimidados por uma águia que voava com uma serpente nas
suas garras, ensanguentada, ainda viva, que picou a ave perto do pescoço, e eles acreditaram que era um
presságio de Zeus.
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9 As festas: o convívio de deuses e homens na vida da 
cidade
As festas eram sempre ocasiões de relação com os deuses. As Panateneias, festas em homenagem a Atena,
realizadas todos os anos, começavam com uma procissão que partia do bairro dos ceramistas (o Cerâmico) e
atravessavam o centro de Atenas para levar solenemente à Acrópole o peplo (manto), bordado todos os anos por
jovens previamente escolhidas. Ele se destinava a vestir a estátua do culto de Atena.
Ou festas das sementeiras celebradas em honra de Apoio. Nesta ocasião, se ofereciam um prato de favas e vários
outros legumes, misturados com farinha de trigo a Apoio. Depois levavam em procissão um ramo de oliveira
envolvido em lã e carregado de frutos da primeira safra, o que consideravam um talismã de fertilidade. Neste
período, os gregos desenvolveram, por causa das festas, uma gama de diversidades de atividades culturais e
cívicas. Daí se entende que o sistema religioso não pode ser divorciado do conjunto da vida social.
Esse mito grego foi relido pelo psicanalista austríaco Freud, que nele encontrou pistas para elaborar suas ideias
acerca da relação dos filhos com o genitor do sexo oposto. Assim como são vários os mitos sobre a relação entre
os homens, também são muitos os que dizem respeito à relação entre os deuses e os homens. Um deles, por
exemplo, é o de Prometeu, outro é o de Pandora.
As festas eram pretexto para o exercício de 'areté' (educação) dos jovens e das crianças em várias atividades:
atlética, lírica, musical, dramática (tragédia ou comédia). Os festivais eram as únicas ocasiões em que havia
representações dramáticas, que tinham sempre o intuito de mostrar a conduta humana e refletir sobre ela. Havia
três gêneros de espetáculos teatrais: as tragédias, as sátiras e as comédias.
As apontavam as consequências terríveis de um comportamento desmedido, ao qual davam o nome tragédias
de hybris. também tinham função educativa, apontando o ridículo da condiçãoAs sátiras e as comédias
humana através de personagens estereotipados e ridículos. Falaremos mais detalhadamente sobre os três
gêneros literários gregos (a poesia épica, lírica e a tragédia).
10 Religião e mitologia romana
Primeiramente, deve-se dizer que a cultura latina, destarte, as suas características próprias, sua língua, suas
manifestações artístico-literárias, sua mentalidade, nunca negou sua vinculação e fascínio que eles devotavam à
cultura denominada: a grega.
Em outras palavras, os romanos tiveram vida própria e identidade, que na verdade correspondem à recepção
criativa da cultura e da identidade dos gregos. No campo da Religião, Roma Antiga, capital do Império,
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caracterizou-se como uma sociedade na qual as pessoas seguiam uma religião politeísta, ou seja, acreditavam em
vários deuses.
Conheça abaixo uma relação das principais divindades da Roma Antiga e suas características:
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A pode ser dividida em duas partes: mitologia romana
A primeira, tardia e mais literária, consiste na quase total apropriação da mitologia grega. Foi antiga e
ritualística. Nesta fase, percebem-se mudanças em relação ao modelo grego. Neste período, segundo os
estudiosos, os romanos desenvolvem dois conceitos religiosos: uma cultura religiosa pública e social, a 'Pax
deorum' (A paz dos deuses) e outra privada, doméstica, um respeito escrupuloso pelo rito religioso -- o Pax
deorum — que consistia muitas vezes em danças, invocações ou sacrifícios. Ao lado dos deuses domésticos, os
romanos possuíam diversas tríades divinas, adaptadas várias vezes ao longo das várias fases da História de
Roma.
A tríade primitiva:
• Júpiter (senhor do Universo)
• Marte (deus da guerra)
• Quirinus (deus da fecundidade)
• A Influência dos Etruscos:
• Minerva (deusa da inteligência e sabedoria)
• Juno Regina (rainha dos céus e esposa de Júpiter).
O período da República Romana (Estado romano e suas províncias desde o fim do Reino de Roma em 509
a. C. ao estabelecimento do Império Romano em 27 a.C.):
• Ceres (deusa da Terra e dos cereais), Libere Libera.
A influência grega:
• Hermes (deus do comércio e da eloquência Mercúrio para os Gregos
• Dionísio (deus do vinho o deus grego Baco).
O sistema mitológico dos romanos, obviamente influenciado pelos gregos, foi sistema bastante desenvolvido de
rituais, escolas de sacerdócio e grupos relacionados a deuses. Também apresentava um conjunto de mitos
históricos em torno da fundação e glória de Roma.
11 As mudanças da humanidade do ponto de vista damitologia
As sociedades antigas imaginavam que ao longo do tempo as formas de vida da humanidade. sempre ligadas aos
deuses, sofriam transformações. Dividiam, assim, o tempo épocas que em geral demonstravam uma degradação
nas condições de vida. E multo frequente encontrarmos quatro épocas entre os gregos. Porém, segundo o que
nos conta Hesíodo. até enquanto viveu, houve cinco épocas ou raças. A raça de Ouro, a raça de prata, a raça de
bronze, a raça dos heróis e a raça de ferro.
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Quadro 1 - Sinopse da mitologia greco-romana
A raça de ouro não tinha nenhum problema característico da humanidade: dor, sofrimento, tristeza e penúria.
Terminou porque não temia os deuses, e por isso foi destruída. A raça de prata era uma raça inferior, que vivia
na infância por longo tempo e quando chegava à adolescência sofria muito, por insensatez e por excesso. Nada a
continha, nem o respeito aos deuses. Por isso, Zeus a escondeu sob a Terra para que não o desonrasse.
A raça de bronze era terrível e forte como o bronze, e matou-se a si mesma.
A raça dos heróis: [...] raça divina de homens e heróis e são chamados semideuses, geração anterior à nossa na
terra sem fim. A estes a guerra má e o grito temível da tribo a uns [...] fizeram perecer pelos rebanhos de Édipo
combatendo, e a outros, embarcados para além do grande mar abissal, a Troia lavaram por causa de Helena de
belos cabelos, ali certamente remate de morte os envolveu todos e longe dos humanos, dando-lhes sustento e
morada Zeus Cronida Pai nos confins da terra os confinou. [...]
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu um pouco mais sobre a mitologia grega, seus deuses e histórias fantásticas.
• Aprendeu algo sobre o papel da invenção da historiografia antiga na Grécia com Heródoto.
• Analisou aspectos da religião em Roma e suas relações com a Religião Mítica da Grécia.
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CULTURA CLÁSSICA: CONTRIBUIÇÕES 
LINGUÍSTICAS
OS MESTRES DA FILOSOFIA GREGA ANTIGA: 
PLATÃO E ARISTÓTELES
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Olá!
Nesta aula, estudaremos as condições da aparição do pensamento filosófico de Platão e o Mundo das Ideias, de
Aristóteles, de Epicuro e o Estoicismo, terminando com as tendências ecléticas de Marco TUlio Cícero. 
Filosofia é uma forma de saber que até hoje influencia a maneira de pensar e agir nas culturas contemporâneas.
Ao final desta aula, você deverá será capaz de:
1. Estudar o nascimento da Filosofia na Grécia.
2. Conhecer a Filosofia de Platão e Aristóteles.
3. Verificar a recepção da Filosofia em Roma.
1 A Filosofia Grega
Na Grécia antiga, em tomo do século Vlo a. C, nascia uma forma de pensar e agir que modificou a história da
humanidade. Trata-se da filosofia grega, originária em Atenas, em contraste com o 'pensamento mítico' e suas
'explicações' do universo cósmico e social na Grécia antiga, até então, regras para a convivência social na
sociedade arcaica.
Neste sentido, a Filosofia representa a causa das profundas mudanças sociais ocorridas em consequência de sua
recepção pela sociedade grega, mas ao mesmo tempo, é a consequência de processos sociais e culturais,
verdadeiras metamorfoses na mentalidade grega que abandonava definitivamente a fase arcaica.
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"Uma sociedade é um sistema de relações entre homens, atividades práticas que se organizam no
plano da produção, da troca, do consumo, em primeiro lugar, e depois em todos os outros níveis e em
todos os outros setores. E na concretude de sua existência, os homens também se definem pela rede
de práticas que os ligam uns aos outros e da qual eles aparecem, em cada momento da história, ao
mesmo tempo como autores e como produtos". (VERNANT, 2002, p.54).
Entre os estudiosos deste fenômeno está Jean•Pierre Vemant (1914-2007). Ele enfatizou em seus estudos a
questão das condições históricas que possibilitaram o nascimento da Filosofia; este 'milagre' evolutivo, um
fenômeno impar entre as sociedades antigas:
Além disso, ele irá influenciar o pensamento moderno, convencido erroneamente de que o pensamento filosófico
fora a derrocada do mito e da religião na sociedade grega.
Vemant iniciou suas pesquisas sobre a antiguidade grega buscando reformular as bases sobre quais eram
colocadas a questão sobre a emergência do pensamento racional no âmbito da cultura grega antiga.
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Até então, ela era colocada sobre o signo do "milagre grego", no qual a irrupção do pensamento racional era vista
como manifestação da genialidade, sendo expressão do espírito, de uma capacidade completamente nova que
não possuiria pontos de contato com a materialidade religiosa, mítica, pré-lógica que a teria antecedido. A ideia
de milagre reforçava a concepção de mudança abrupta que não guardaria relações com as condições sociais,
econômicas e políticas.
Assim, o milagre grego não seria a contrapartida de condições sociais objetivas, mas um fenômeno vindo de fora
das relações sociais concretas. Era a racionalidade grega vista como manifestação de um ,espírito absoluto
existente fora da história, de suas lutas reais e concretas, que se manifestava pelos homens e não como uma
criação sua.
Foi essa explicação a-histórica da irrupção do racionalismo grego que Vernant buscou reformular em seu
trabalho " ", pois para ele a história do espírito não seria uma históriaAs Origens do Pensamento Grego
puramente individual, nem uma história no ar: ela teria raízes na vida material e social dos homens, excluindo
tanto o acaso quanto a predestinação.
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Segundo Vemant, a racionalidade grega, como se manifestou no período clássico, não poderia ser tomada como
obra de um 'espírito metafísico' e 'a-histórico' que existisse fora das relações humanas, mas sim como uma obra
humana.
2 Periodização da Filosofia Grega na Antiguidade
Neste sentido, a Filosofia como forma de pensamento histórico pode ser objeto de uma investigação material, em
forma de cronologia, que estabeleça os passos de seu desenvolvimento e seus principais atores: os filósofos.
1° Período: Pré-socrático
O primeiro período (-600/-400) é marcado pela reflexão sobre a estrutura do mundo natural pelo
desenvolvimento da argumentação filosófica. Ou cosmologia (cosmos = mundo racionalizado, a natureza
entendida como conjunto de leis que regem a realidade. Sua interpretação através dos fenômenos 'naturais' é
chamada de Filosofia do mundo ou ciência do mundo).
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A reflexão sobre a origem e a organização do universo é denominada Cosmologia (do gr. Kocipoç, "ordem").
Os filosofos pré-socráticos, os mais antigos pensadores a lidar com esse tema, procuravam um princípio lógico e
racional que explicasse como a s coisas surgem e desaparecem ciclicamente enquanto a Natureza permanece a
mesma, e acreditavam que esse 'elemento' atuava tanto no mundo físico como nos seres humanos.
Saiba mais
Veja o que pensa o Prof. Eduardo Luiz (2009): http://tetramegisto.blogspot.com
http://tetramegisto.blogspot.com/
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3 A Cosmologia e Civilizações Gregas
Os gregos antigos começaram a desenvolver o 'método científico' de investigação. A ciência passou a ter uma
forte conotação experimental e o cientista passou a ser um investigador.
Como vimos anteriormente, por Vemant, vários fatores culturais e históricos específicos presentes na civilização
grega permitiram que o método cientifico pudesse se instalar entre os filósofos da Grécia antiga.
Podemos destacar alguns destes fatores:
1. A estrutura da 'ecclesia' que permitia um 'Fórum' Social de franca discussão.
2. Economia marítima desenvolvida pelos gregos evitava o isolamento e o provincianismo o tempo todo, assim a
sociedade grega dispunha de influências multiculturais.
3. A difusão da língua grega que propiciava aos eruditos e cientistas gregos e grande circulação pelo mundo ao
redor.
Embora a filosofia tenha nascido e se desenvolvido nas prósperas 'Pileis' (Cidades-Estado), localizadas fora do
continente grego, o mais importante personagem da Filosofia Grega foi o (469/-399).ateniense Sócrates
Figura 1 - Sócrates(469/-399)
Ele foi contemporâneo do político Péricles, do poeta trágico Eurípides e do médico Hipócrates de Cós. Sua
contribuição à Filosofia foi tão importante que é costume dividir historicamente os pensadores gregos em "pré-
" e " ".socráticos pós-socráticos
Seguem-se cinco filósofos pré-socráticos mais destacados:
1) Os Pitagóricos:
Por ter sido um filósofo da fase não escrita da história da Filosofia grega. Pitágoras e seus seguidores, os
pitagóricos, estão envolvidos em tamanha quantidade de lendas que é muito difícil separar a realidade do mito.
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O pentagrama era o símbolo da Escola Pitagórica.
Explicação Expandida
Independentemente de provarmos ou não a sua existência histórica, destaca-se a importância do "pitagorismo':
A doutrina desenvolvida no final do século VI constituída por um complexo amálgama de números, matemática e
música, misticismo e cosmologia, e ética.
Nome: Pitágoras de Samos
Nasceu: no Vº século a.C o "mais hábil filósofo grego" (Hdt. 4.95), é considerado o fundador do pitagorismo.
Cidade natal: Pitágoras nasceu c. -570 em Samos, no litoral da Ásia Menor; seu pai era Mnesarco, um mercador
fenício, e sua mãe era samiana.
Discípulo: de Ferécides de Siros (D.L. 1.118), de acordo com Diógenes Laércio.
Vida: Consta, finalmente, que emigrou entre -540 e -522 para a cidade de Crotona, na península italiana, por
discordar da tirania de Polícrates.
Dedicação: Dedicou-se também à matemática e à teoria musical.
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Morreu:No fim da vida, desentendimentos políticos obrigaram-no a emigrar para Metaponto, ao norte de
Crotona, onde morreu por volta de -495.
A confraria pitagórica
Ele criou uma confraria ou irmandade em Crotona que reunia cerca de trezentos jovens, que viviam separada
mente dos outros cidadãos e mantinham os bens em comum. A irmandade era aparentemente um "clube" de
pessoas que cultivavam um estilo de vida particular e exclusivo, com seus rituais e segredos.
Exercícios físicos, música e estudos referentes à teoria musical e à matemática, assim como sua aplicação a
natureza do Universo, aparentem ente também faziam parte do "currículo".
Atribuía-se aos números um significado místico e, para eles, a tètpgktuí;, "número quaternário" (o número 10,
formado pela adição dos quatro primeiros números: 1+2+3+4) era o fundamento de todas as coisas.
A despeito de algumas oposições nem sempre pacíficas, os discípulos e seguidores de Pitágoras continuaram
difundindo sua doutrina e desenvolvendo atividades políticas em várias cidades do sul da Itália até fins do século
-IV, pelo menos. Diversos tratados sob o nome de Pitágoras restaram até os nossos dias, mas sua autenticidade é
discutível.
2º Período: Socrático
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Este segundo período no desenvolvimento da Filosofia grega é marcado pela descoberta antropológica. Da
Natureza Cósmica para a Humana. O princípio de Delphos ("C " ) torna-se uma técnica deonhece-te a ti mesmo!
conhecimento e de ação ética (a maiêutica) da recuperação do conhecimento (" ").Sei que nada sei
Nascido em Atenas, no século V. O pai, Sofronisco, escultor; a mãe, Fenarete, parteira.
Na juventude, esteve interessado na Filosofia da Natureza e chegou a estudar algum tempo com Arquelau (séc.
discípulo de Anaxágoras de Clazômenas (-500/-428). Lutou bravamente na Guerra de Peloponeso em Potideia
(-432/430), Délio (-424) e Anfípolis (-422).
Em 423, com mais de quarenta anos, Sócrates já figura popular em Atenas, tanto que Aristófanes fez sua
caricatura em As Nuvens.
Feio e de pequena estatura tinha, porém, a mente aguçada, lógica e analítica. Argumentador rigoroso bem-
humorado, costumava submeter todos os que se dispunham a ouvi-lo a uma série de perguntas muito bem
dirigidas até chegar a uma conclusão satisfatória que, em geral, punha em relevo a fragilidade dás opiniões de
seus interlocutores (o método maiêutico).
Em 399, acusado de não cultuar os deuses da cidade e corromper a juventude, foi julgado e condenado à morte.
Bebeu cicuta, veneno usado em Atenas nas execuções, diante de amigos e discípulos.
Pensamento e obra
Platão, Xenofonte e a caricatura de Aristófanes são nossas únicas dontes, pois Sócrates nada escreveu.
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O princípio socrático era " ". Ele acreditava que a virtude e os mais altos valores éticossó sei que nada sei
estavam profundamente arraigados no inconsciente dás pessoas e comparava seu trabalho de "extrair" as ideias
ao de uma parteira ( ).maiêutica socrática
4 A cidade e o Templo de Delphos
Para que seus interlocutores recuperassem o conhecimento "adormecido" e abandonassem as ideias falsas,
recorria à ironia: alegando nada saber, conduzia habilmente o interlocutor até que ele mesmo, refletindo,
chegasse à conclusão correta.
Para Sócrates, o conhecimento conduz naturalmente à sabedoria.
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Mas a injustiça e a maldade eram apenas o resultado da o mal nada mais era que ignorância; a falta de
conhecimento do bem (tema retomado séculos depois por Santo Agostinho em "Confissões").
Durante o século -IV, o desenvolvimento e a popularização da filosofia alcançam o seu apogeu.
5 A Filosofia de Platão e de Aristóteles
1. Platão
No século IV surgem as duas maiores figuras dó pensamento grego: Platão e Aristóteles. Neste período, a
Filosofia se organiza em torno de Instituições escolásticas. Platão funda a Academia e Aristóteles o Liceu, um
marco na história da educação. Platão foi, certamente, o mais importante dos discípulos de Sócrates.
O Mundo das IdeiasDoutrina Platônica - 
Segundo Platão, toda a realidade é mutável, ela "flui". O mundo dôs sentidos está sujeito à corrosão do tempo. Ao
mesmo tempo, tudo é formado a partir de uma forma eterna e imutável. Desta dimensão de mudança (meta-
morfose-mudança de forma) causada pelo tempo, ele extrai 'a essência' (ousio) das coisas. A universalidade de
tudo, os elementos em comum.
Apesar das coisas não serem exatamente iguais, existe algo que é comum a todos, algo que garante que nós
jamais teremos problemas para algo, a verdadeira forma das coisas é reconhecer eterna e imutável. A
Filosofia garante que entre as coisas singulares e mutáveis existe um denominador comum, fundamento estável.
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Ele postula a partir desta afirmação a possibilidade que as coisas na 'Natureza' tenham uma origem comum: que
"por cima" ou "por trás" dé tudo o que vemos à nossa volta há um número limitado de formas. Platão as nomeou 
.As Ideias
Por trás de todos as coisas (humanas ou não) existe a "ideia, uma forma de ". Fonte de identidade entre a matrix
diversidade de formas existentes.
Platão pleiteava uma realidade autônoma por trás do sentidosmundo dos . A esta realidade ele deu o nome de
mundo das ideias. Nele estão as "imagens padrão", as imagens primordiais, eternas e imutáveis, que 
encontramos na natureza. Eta concepção é chamada por nós de a Teoria das Ideias de Platão.
Dualismo cognitivo de Platão
Para Platão, a realidade era composta por dois níveis.
1) O mundo dos sentidos:
Que nos fornece, pelos nossos cinco sentidos, a impressão das coisas, aproximadoum conhecimento ou
imperfeito. Neste mundo dos sentidos, tudo "flui" e, consequentemente, nada é perene, as coisas simplesmente
surgem e desaparecem.
2) O mundo das ideias:
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É a fonte de conhecimento seguro (racional e científico). Este conhecimento tem como fonte o uso de nossa
razão, e não pode ser conhecido através dos sentidos.
Nestas perspectivas, as coisas são conhecidas por suas ideias (ou formas), que são eternas e imutáveis.
Segundo Platão, a Filosofia era o conhecimento das 'essências' das coisas, e, portanto, do eterno e imutável. A
realidade racional e verdadeira pertence às ideias perfeitas, que estão acima do mundo sensorial. Eta filosofia
passou a ser denominada pelos estudiosos como 'Idealismo Platônico'.
Platão, em detalhe da Escola de , de . Atenas Rafael Sanzio (c. 1510) Stanza della Segnatura. Palácio Apostólico,
.Vaticano
2. Aristóteles
Figura 2 - Busto de Aristóteles no Museu do Louvre
Nasceu em Estagira,

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