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01 Compliance - APOSTILA - 2S 2019

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A cópia do material didático utilizado ao longo do curso é de propriedade do(s) autor(es), 
não podendo a contratante vir a utilizá-la em qualquer época, de forma integral ou 
parcial. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à 
Fundação Getulio Vargas. Todo o conteúdo deste material didático é de inteira 
responsabilidade do(s) autor(es), que autoriza(m) a citação/divulgação parcial, por 
qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que 
citada a fonte. 
Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira 
instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua 
secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da 
Ouvidoria. 
ouvidoria@fgv.br 
www.fgv.br/fgvmanagement 
 
SUMÁRIO 
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 1 
1.1 EMENTA .......................................................................................................... 1 
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL .................................................................................... 1 
1.3 OBJETIVOS...................................................................................................... 1 
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .............................................................................. 1 
1.5 METODOLOGIA ................................................................................................ 1 
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 1 
1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .......................................................................... 2 
CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ........................................................................ 2 
2. TEXTOS PARA ESTUDO .................................................................................... 3 
2.1 GOVERNANÇA CIDADÃ: UM MODELO PARA REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA 
EMPRESA .............................................................................................................. 3 
2.2 A ÉTICA NECESSA ́RIA ÀS EMPRESAS NA ERA DA SOCIEDADE DA INFORMAC ̧A ̃O .......11 
 
 
 1 
 
Compliance 
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 
1.1 Ementa 
Controle Interno. Compliance. Lei Anticorrupção nº 12.846/13. Decreto 8.420/15. Mapas 
de Riscos e Programas de Integridade (portarias 909 e 910). Instruções Normativas 1 e 2 
(CGU). Consumer Compliance. Aspectos controversos e desafios. 
1.2 Carga horária total 
24 horas/aula 
1.3 Objetivos 
Apresentar e discutir conceitos e fundamentos sobre Compliance, com foco na legalidade, 
sistemas de integridade e riscos. 
1.4 Conteúdo programático 
• Ética e Dilemas Éticos 
• Controles Internos e Compliance 
• Papel do Compliance Officer 
• Análise de Riscos (Risk Assesement) 
• Modelagem de Risco (modelo COSO) 
• Acontability 
• Mapa de Leis (internos e externos) 
• Políticas e Procedimentos 
• Treinamento (capacitação) 
• Testes de Controle 
• Consumer Compliance e LGPD 
1.5 Metodologia 
Aulas expositivas, com apresentação de casos, dinâmicas e trabalhos de fixação de 
conhecimento 
1.6 Critérios de avaliação 
A nota final que pode ser atribuída ao aluno seguirá a seguinte ponderação: 
a) Prova composta de 4 questões dissertativas, com valor de 0 a 10 (peso 7) 
b) Relatório em forma de parecer (em grupo) análise do caso fictício da “Empresas 
Zappin e Creditudo” à luz das regras de Governança de Compliance, Gestão de Riscos 
Integrados e Sistemas de Integridade, com valor de 0 a 10 (peso 3) 
 
 2 
 
Compliance 
1.7 Bibliografia recomendada 
GIOVANINI, Wagner – Compliance: A excelência na Prática São Paulo: Compliance 
Total, 2014. 
 
COIMBRA, M.A, MANZI, V.A, Manual de Compliance, São Paulo: Atlas, 2010 
CORTELLA, Mario Sérgio, BARROS FILHO, Clóvis, Ética e Vergonha na Cara, São Paulo: 
Papiros, 2014 
 
ROSSETI, José Paschoal, ANDRADE, Adriana de, Governança Corporativa. 3ª ed. São 
Paulo: Atlas, 2007 
CANDELORO, Ana Paula P. e outros autores, Complience 360º - Riscos, Estratégias, 
Conflitos e Vaidades no Mundo Corporativo, São Paulo: Ed. Trevisan, 2014 
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge e Eduardo Saad-Diniz, Compliance, Direito Penal e Lei 
Anticorrupção, São Paulo: Ed. Saraiva, 2015 
 
Curriculum vitae do professor 
Fábio Lopes Soares, PhD em Business Administration (FCU-EUA), MSc – Mestrado em 
Direito (FMU), MBA – Gestão Econômica e Estratégica de Negócios (FGV), Especialista em 
Negociações Econômicas Internacionais (UNESP/UNICAMP), BSc – Bacharel em Direito 
(FDSBC), Advogado com OAB em SP, contabilista (ETESP) e conhecimentos especializados 
em Defesa do Consumidor. Apresenta domínio sobre ferramentas de MCQ, PMO e 
certificações ISO, sendo Green Belt em Six Sigma. Participante efetivo da Comissão de 
Direito do Consumidor da OAB SP, do comitê setorial de Ouvidoria da ABRAREC, 
Conselheiro da ABO - Associação Brasileira de Ouvidores, além de membro da BRASILCON 
e especialista convidado pelo Jornal O Estado de São Paulo, Revista Consumidor Moderno, 
JOTA (portal UOL de notícias) e parecerista da CGU – Controladoria Geral da União. Sócio 
fundador da Bureau Sapientia, atuou por mais de 17 anos no Banco Itau, Unibanco e 
Bradesco como gestor e CFO a frente de processos gerenciais para Ouvidoria, Sistemas de 
Controle Operacionais, Relações de Consumo e Jurimetria, assim como para o Governo 
Federal e Governo do Estado de SP. Professor e coordenador acadêmico para cursos de 
extensão, pós-graduação, MBA e LLM da Escola de Administração e Escola de Direito Rio 
da FGV. 
 
 
 
 
 3 
 
Compliance 
2. TEXTOS PARA ESTUDO 
2.1 Governança Cidadã: um modelo para realização da Função 
Social da empresa 
Em decorrência da globalização e uma economia mundial em franco 
desenvolvimento, novos negócios são ampliados, gerando maior diversidade de produtos 
e serviços e com isso desafios para as empresas. 
Essa onda de crescimento econômico, pautada em um livre comércio 
internacionalizado, realizou necessidades nos países de ampliação de suas exportações e 
importações, não somente de produtos de consumo imediato, mas de serviços que, 
também, realizam a necessidade do homem em aspectos hoje entendidos como 
harmônicos e importantes em uma vida em sociedade. 
Uma vez que o cidadão passa a realizar suas necessidades básicas, dentro dessa 
sociedade descrita como capitalista e, com a ampliação do poder de compra de produtos 
antes restritos a pequenos grupos sociais, a sociedade empresarial passou ter uma nova 
visão e aplicação das normas comerciais e constitucionais, a fim de que a função social da 
propriedade fosse realizada. 
Ao mesmo tempo, sistemas antes desenvolvidos para redução de risco sistêmico 
integrado, como o caso da Governança Corporativa para empresas da iniciativa privada e 
adeptas ao tipo societário de Sociedade Anônima, não mais conseguem por si só garantir 
um equilíbrio na Ordem Econômica. 
Com esse cenário, faz-se necessário a construção de novos marcos regulatórios e 
paradigmas capazes de, em um ambiente informacional, garantir que preceitos 
fundamentais e de equilíbrio nas relações sejam preservados, ao mesmo tempo em que a 
livre iniciativa e a gestão adequada do poder publico, correspondam a uma sustentável 
gestão empresarial e a melhor entrega da Res Pública. 
O Direito Empresarial determina uma dinâmica de adequação de leis, maior do 
que a condição que o Poder Legislativo mantém de aprimoramento das normas jurídicas, 
dado o crescimento econômico e a denominada Sociedade da Informação. 
De um lado, no que se refere às obrigações civis, há princípios que não admitem 
maleabilidade em sua aplicação, contudo de outro modo, alguns institutos são mutáveis, 
admitindo variações interpretativas, com a finalidade de manutenção de direitos e 
garantias fundamentais e principiológicas. 
Temos que o conceito de empresa advém do direitoeconômico e da ciência da 
economia, pois com essa analise econômica do direito verifica-se tratar-se de uma 
atividade organizada, em consonância com as necessidades sociais. 
Segundo Fábio Nusdeo1 conceitua “empresa é a unidade produtora cuja tarefa é 
combinar fatores de produção com o fim de oferecer ao mercado bens ou serviços, não 
importa qual o estágio da produção”. 
A empresa surge como um fenômeno econômico, e se funda, também, na 
organização dos fatores de produção. 
 
 
 
 
1 NUSDEO, Fabio. Curso de Economia: Introdução ao Direito econômico. São Paulo: RT, 1997, pg. 285 
 4 
 
Compliance 
Nas lições do Giuseppe Ferri citado na obra de Rubens Requião2: 
“A empresa é um organismo econômico, isto é, se assenta sobre uma 
organização fundada em princípios técnicos e leis econômicas. 
Objetivamente considerada, apresenta-se como uma combinação de 
elementos pessoais e reais, colocados em função de um resultado 
econômico, e realizada em vista de um intento especulativo de uma 
pessoa, que se chama empresário. Como criação de atividade 
organizativa do empresário e como fruto de sua ideia, a empresa é 
necessariamente aferrada à sua pessoa, dele recebendo os impulsos 
para seu eficiente funcionamento. “ 
Ressalta ainda Requião que alguns aspectos da noção econômica de empresa 
obviamente não interessam ao Direito, como por exemplo, a cadeia de produção dos bens, 
ou seja, a transformação técnica da matéria prima em manufatura. 
 Sob o prisma o Direito Constitucional, influenciado pelo ordenamento italiano: 
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção de bens ou de 
serviços”. 
Neste sentido é a exigência do dispositivo supracitado de que a empresa é que 
deve assumir os riscos da atividade econômica, ou seja, não pode transferir para o 
empregado a responsabilidade pelos seus resultados. 
Empresa e empresário não são a mesma coisa. Empresa é a atividade econômica 
organizada de produção ou circulação de bens e serviços; e empresário a pessoa física ou 
jurídica que exerce esta atividade, profissionalmente, com a finalidade de auferir lucro, por 
conseguinte a empresa, como demonstra Eduardo Gabriel Saad supracitado, não pode ser 
considerada sujeito de direito, pois representa a atividade do empresário, este sim, que 
possui personalidade jurídica, há de constituir-se em sujeito de direitos, nos ensinamentos 
de Waldírio Bulgarelli3: 
[...] a empresa superpõe-se-lhe como organização do trabalho e 
disciplina da atividade no objetivo de produzir riqueza, a fim de pô-
la na circulação econômica. Tudo isso, porém, se subordina à 
vontade e as diretrizes traçadas pela pessoa natural ou jurídica, 
que as haja organizado, sujeito ativo e passivo nas relações 
jurídicas, tecidas pela empresa, no funcionamento do 
estabelecimento de lucros pelo comerciante, como empresário, 
procuradores e obtidos. 
Sobre a natureza jurídica da empresa esclarece Alice Monteiro de Barros4: 
Há quem a veja como sujeito de direito, dotado de vida e 
personalidade jurídica próprias; essa teoria tem suas origens na 
Alemanha. Michel Despax impulsionou essa teoria subjetivista, 
quando asseverou que a personificação da empresa lhe fornece 
uma armadura jurídica capaz de defendê-la e impedir a sua 
 
2 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol. 1, 25 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, pg. 49 
 
3 BULGARELLI, Waldírio. Estudos e pareceres de direito empresarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1980, 
pg 5. 
4 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, pg. 346-247 
 5 
 
Compliance 
destruição pelo individuo e pela sociedade que a exploram. No 
Brasil, o maior adepto dessa corrente foi Cesarino Junior. 
 
A Função Social da Empresa 
Somente se entende existente uma atividade empresarial com o exercício de sua 
função social, por conseguinte o empresário deve exercer suas atividades harmonizando 
os seus desígnios econômicos com o respeito aos interesses de outros agentes sociais. 
Segundo Eros Grau5: 
“O que mais releva enfatizar, entretanto, é o fato de que o princípio 
da função social da propriedade impõe ao proprietário – ou a quem 
detém o poder de controle, na empresa – o dever de exercê-lo em 
benefício de outrem e não, apenas, de não o exercer em prejuízo 
de outrem. Isso significa que a função social da propriedade atua 
como fonte da imposição de comportamentos positivos [...].” 
O princípio da função social é resultante da ideia de solidariedade do Estado 
Democrático de Direito e nesse sentido determina que os indivíduos devam exercitar as 
suas liberdades em prol da coletividade, objetivando a todos os indivíduos existência 
dignas. 
Com isso a função social da empresa surge a partir do conceito de função social 
da propriedade. Essa afirmação é oriunda de uma corrente doutrinária que defende o 
conceito constitucional de propriedade mais abrangente que o do Direito Civil. 
Segundo Maiana Alves Pessoa (2007, p.3) esclarece que o objeto da propriedade, 
que no Direito Civil está limitado aos bens materiais tangíveis, ganha outra dimensão no 
art. 5º da Constituição Federal, podendo na expressão de Pontes de Miranda, ser reduzido 
à seguinte fórmula: “propriedade é toda patrimonialidade”. 
Está na Constituição Federal no rol dos direitos fundamentais, a consona com a 
sua função social, a exemplo do art. 5º incisos XXII e XXIII. Ainda, no art. 170 incisos II 
e III que promove a propriedade privada e sua função social à princípio norteador da ordem 
econômica. 
O princípio da função social da empresa não obsta ou limita o exercício da atividade 
empresarial, pois não é na mera conformação do empresário de que não pode exercer a 
sua atividade contrariando os interesses da coletividade que a função social da empresa 
será atendida. 
 Nos dias atuais, representa uma postura positiva do empresário de dar ao 
instituto uma destinação econômica em consonância com os interesses da sociedade. 
 Neste sentido Fabio Konder Comparato6: 
“A função social da propriedade não se confunde com as restrições 
legais ao uso e gozo dos bens próprios; em se tratando de bens de 
produção, o poder-dever do proprietário de dar à coisa uma 
destinação compatível com o interesse da coletividade transmuda-
se, quando tais bens são incorporados a uma exploração 
empresarial, em poder-dever do titular do controle de dirigir a 
empresa para a realização dos interesses coletivos.” 
 
5 GRAU, Eros R. A ordem econômica da Constituição Federal de 1988. 6 ed. São Paulo: Malheiros, 2001, 
pg. 269 
6 COMPARATO, Fábio Konder. Direito empresarial: estudos e pareceres. São Paulo: Saraiva, 1990. 
 6 
 
Compliance 
Para este trabalho a função social da empresa auxilia no fortalecimento de ações 
de governança que implicam um novo paradigma da sociedade empresarial, se 
harmonizando em outros diplomas legais. 
Com relação a natureza de normas que auxiliam no fortalecimento de ações de 
governança, nos ensina Rafael Vasconcellos de Araújo Pereira7: 
“Não se tratam de normas meramente dispositivas, mas deve-se 
compreendê-las como manifestação do Estado na intervenção do 
domínio econômico (CF, art. 173 e 174), mediante a expedição de 
normas de comportamento compulsório, isto é, cogentes. Em outras 
palavras, constitui em intervenção estatal na economia por direção, 
na classificação de Eros Roberto Grau, que consiste na edição de 
normas de comandos imperativos, de observância obrigatória e 
necessária.” 
 
Governança Corporativa e sua aplicação empresarial 
O termo governança corporativa foi criado no início da década de 1990 nos países 
desenvolvidos, para definir as regras que regem o relacionamento dentro de uma 
companhia dos interesses de acionistas controladores, acionistas minoritários e 
administradores. 
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa– IBGC8 – apresenta a 
seguinte definição para Governança Corporativa, que é utilizada na Bolsa de Mercados e 
Futuros – BMF BOVESPA: 
 “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são 
dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os 
relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, 
diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança 
corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, 
alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o 
valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e 
contribuindo para a sua longevidade.” 
O conceito de governança corporativa pela ótica da maximização da riqueza dos 
acionistas como principal responsabilidade dos executivos contraria o chamado modelo de 
equilíbrio dos interesses dos stakeholders. 
Tomemos como exemplo o caso dos credores da empresa que pela sua condição 
também desenvolvem com os administradores uma espécie de relação “agente-principal” 
muito próxima da que existe entre estes últimos e os acionistas. 
Isto acontece porque mesmo tendo os credores direito ao adimplemento de uma 
renda fixa sobre capital emprestado e, logo, não sujeitos ao recebimento de valores apenas 
quando da apuração de lucro, esses estão sujeitos ao risco de crédito decorrente da 
possibilidade do devedor descumprir com sua obrigação por incapacidade de fazê-lo. 
Nesse sentido, o credor, que também é um investidor, por abrir mão de recursos, 
mesmo que temporariamente, em troca de um ativo emitido por uma firma, também é 
afetado pela política de governança corporativa dessa empresa, visto que é através dela 
 
7 PEREIRA, Rafael Vasconcellos de Araújo. Função Social da Empresa. DireitoNet. Disponível 
em:http://www.direitonet.com.br/artigos/x/19/88/1988/. Acesso em 02.06.2015. 
 
8 Site: www.ibgc.com.br, acesso em 02.06.2015 
 7 
 
Compliance 
que esses podem monitorar a atuação dos gestores da empresa em direção a viabilizar o 
futuro pagamento de seus empréstimos. 
O importante neste estudo é compreender que o sistema de governança corporativa 
somente nasceu após desequilíbrios econômicos mundiais que determinaram a convenção 
de sistemas de controle interno capazes de reduzir riscos sistêmicos e com isso, oferecer 
condições de sustentabilidade para as empresas, inicialmente enquadrado no tipo 
societário de Sociedade Anônima. 
Contudo, esse sistema fortaleceu a possibilidade de empresas com outras 
constituições societárias, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, a gerarem melhores 
índices de liquidez e com isso, oferecer eficiência operacional, garantindo a manutenção 
de sua função social. 
Conforme se verifica abaixo, o sistema de governança corporativo praticado em 
empresas de capital aberto oferece meios de salvaguardar ativos e passivos das 
organizações. 
 
Figura 1 – Sistema de Governança Corporativa pelo IBGC 
 
A Função Social da Empresa e a Nova Empresarialidade 
Segundo Fábio Konder Comparato9: 
 “A atuação mais significativa da empresa no cenário sócio-
econômico contemporâneo, diz respeito ao poder de influência que 
a empresa exerce sobre o comportamento de grupos sociais e 
demais instituições da sociedade.” 
Nesse sentido mesmo entidades tradicionalmente contrárias às características 
empresariais, passaram a seguir tais preceitos para manter-se no mundo globalizado. 
A ideia de função social teve sua origem na filosofia, sendo posteriormente 
acolhida pelos diversos ramos das ciências sociais, chegando por último, nas ciências 
jurídicas. 
 
 
 
9 COMPARATO. Fábio Konder. A reforma da empresa. Revista Forense: Rio de Janeiro, 1985, v. 290, p. 9, 
287 
 8 
 
Compliance 
 Ainda segundo Comparato10: 
 “A ideia de uma função social está ligada ao poder de dar a um 
determinado objeto da propriedade uma finalidade específica, de 
modo que a socialidade dessa função deve sempre atender a um 
imperativo de ordem social e não individual” 
A conceituação de função social nos traz certa dificuldade devido ao elemento 
abstrato do qual trata, sendo um tanto vago, mas os artigos 5º, XXIII e 170, III da 
Constituição Federal apresentam uma ideia do que significa a expressão: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios: 
III - função social da propriedade; 
Para Felipe Alberto Verza Ferreira11, pode-se conceituar a função social como “o 
poder dever do titular da atividade, de exercê-la de acordo com os interesses e 
necessidades da sociedade, visando a uma sociedade livre, justa e solidária” 
A função social da empresa deriva diretamente do princípio da função social da 
propriedade e a ele está intimamente relacionado. 
 No entendimento de Eros Grau12: 
“O princípio da função social da propriedade para logo se vê, ganha 
substancialidade precisamente quando aplicado à propriedade dos 
bens de produção, ou seja, na disciplina jurídica da propriedade de 
tais bens, implementada sob o compromisso com a sua destinação. 
A propriedade sobre a qual em maior intensidade refletem os efeitos 
do princípio é justamente a propriedade, dinâmica, dos bens de 
produção. Na verdade, ao nos referirmos à função social dos bens 
de produção em dinamismo, estamos a aludir à função social da 
empresa.” 
O termo “nova empresarialidade” cunhado por Adalberto Simão Filho13, em sua tese 
de doutorado, vem de encontro com os ditames constitucionais e legislativos do que se 
espera do empresário e de sua atividade, relacionando-se de maneira íntima com a função 
social da empresa. 
Segundo Deniz Jordani14, o estudo parte da verificação da expressão “empresa” na 
atualidade, em confronto com o antigo standard comportamental do bom pai de família 
como premissa para a elaboração do standard correlato, de natureza jurídica 
comportamental, consistente no bom homem de negócios ou bom empresário. 
 
10 COMPARATO. Fábio Konder. Cit. ob. 287 
11 FERREIRA, Felipe Alberto Verza. Função social da empresa. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 731 
12 GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na constituição de 1988: interpretação e crítica. 9 ed. Rev. e 
atual. São Paulo: Malheiros, 2004 
13 SIMÃO FILHO, Adalberto. A nova empresarialidade. Revista de direito da Unifmu. 1 ed. São Paulo: Unifmu, 
2003, v. 25, p. 12. 
14 Mestrando em Direitos Coletivos e Função Social do Direito pela UNAERP com bolsa de pesquisa fornecida pela 
CAPES/PROSUP. 
 9 
 
Compliance 
A partir desse fato, avalia-se o padrão ético e moral, a boa fé e os costumes, como 
forma de delinear o padrão proposto e fazê-lo tal que possa transformar-se em uma das 
tônicas dominantes dos futuros empresários e empresas, no que tange ao comportamento 
jurídico e empresarial esperado. 
Uma das premissas utilizadas refere-se ao fato de que além da necessidade de as 
empresas buscarem o lucro para a própria subsistência, há também a função social a 
cumprir e esta, quando se relaciona ao direito e às suas contingências, pode adotar uma 
visão econômica dentro de padrões próprios concernentes que podem ser melhor verificado 
nas doutrinas que estudam a análise econômica do direito. 
A empresa, portanto, tem o dever de interagir socialmente, objetivando outras 
metas que não somente o lucro. 
Para isso, é desejável que se adote novos padrões éticos, gerenciais e 
comportamentais dentro da atividade empresarial, possibilitando o enfrentamento da nova 
realidade social na qual a empresa está inserta.A adoção de padrões éticos e comportamentais por parte dos sócios, 
administradores e da própria pessoa jurídica, ligados a princípios que levam em conta 
valores-objetivos diferentes daqueles que até então norteavam o curso do comércio 
voltado para o lucro, refletir-se-á no campo jurídico da atividade empresarial 
contemporânea, desenvolvida no seio da sociedade da informação. 
Para os defensores dessa nova visão de objetivos almejados pela empresa, é preciso 
demarcar se a busca pelo lucro, como atividade finalista, ainda é absoluta. 
 
Pnud e a Etnidade 
Segundo a ONU, o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento é 
a rede de desenvolvimento global da Organização das Nações Unidas. 
O PNUD faz parcerias com pessoas em todas as instâncias da sociedade para ajudar 
na construção de nações que possam resistir a crises, sustentando e conduzindo um 
crescimento capaz de melhorar a qualidade de vida para todos. Presente em 177 países e 
territórios, o PNUD oferece uma perspectiva global aliada à visão local do desenvolvimento 
humano para contribuir com o empoderamento de vidas e com a construção de nações 
mais fortes e resilientes. 
Em 2000, os líderes mundiais assumiram o compromisso de alcançar os Objetivos 
de Desenvolvimento do Milênio, um conjunto de oito metas cujo objetivo é tornar o mundo 
um lugar mais justo, solidário e melhor para se viver, incluindo o objetivo maior de reduzir 
a pobreza extrema pela metade até 2015. 
O PNUD trabalha mundialmente para ajudar e coordenar os esforços de cada país 
no alcance desses objetivos, focando-se nos seguintes desafios: 
• Governança Democrática 
• Redução da Pobreza 
• Prevenção de Crises e Recuperação 
• Energia e Meio Ambiente/Desenvolvimento Sustentável 
• HIV/Aids 
Em 1990, o PNUD introduziu universalmente o conceito de Desenvolvimento 
Humano, que parte do pressuposto de que para aferir o avanço na qualidade de vida de 
uma população é preciso ir além do viés puramente econômico e considerar três dimensões 
básicas: renda, saúde e educação. 
Esse conceito é a base do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e do Relatório 
de Desenvolvimento Humano (RDH), publicado anualmente pelo PNUD. 
 10 
 
Compliance 
O PNUD está no Brasil desde o início da década de 60, criando e implementando 
projetos, procurando responder aos desafios e às demandas específicas do país através de 
uma visão integrada de desenvolvimento. Diante do atual contexto brasileiro, o trabalho 
do PNUD Brasil deu um enfoque especial para quatro áreas-chave: 
• Alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – com foco particular 
na redução de desigualdades e nos grupos sociais mais vulneráveis, além de 
continuar fortalecendo as capacidades da sociedade civil e incentivando uma maior 
participação da mesma na construção das políticas e cumprimento dos direitos. 
• Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Produtiva - com enfoque no 
fortalecimento de capacidades para mitigação e adaptação aos efeitos das 
mudanças climáticas visando a erradicação da pobreza, a redução de desigualdades 
e a inclusão produtiva. 
• Segurança Cidadã – Redução da vulnerabilidade a todas as formas de violência. 
• Cooperação Sul-Sul – Contribuir para a agenda global de desenvolvimento, 
fortalecendo a agenda de triangulação de cooperação e a transferência de 
conhecimento. 
Em todas as suas ações, o PNUD incentiva a participação do setor privado nas 
atividades de desenvolvimento, ressaltando a importância da responsabilidade social 
corporativa nas plataformas do Pacto Global e do Business Call to Action. 
Desde a assinatura da Declaração do Milênio em 2000 estava claro que não seria 
possível alcançar os ODM sem a participação do setor privado e da sociedade civil. As duas 
maiores iniciativas da ONU junto ao setor privado são o Pacto Global e o BCtA – Business 
Call to Action. 
O Pacto Global estimula as empresas a cumprirem seus deveres em relação aos 
Direitos Humanos, e os ODM são uma agenda mínima de direitos humanos. Já o BCtA 
estimula as empresas a ser proativas na inclusão das pessoas de menor renda no seu 
negócio, contribuindo, assim, para a aceleração do alcance dos ODM. 
No âmbito do engajamento do setor privado em prol do desenvolvimento humano, 
o PNUD vem também trabalhando com o conceito de promoção de mercados inclusivos. 
A parceria do PNUD com a sociedade civil ocorre no âmbito da implementação do 
próprio programa do PNUD, na promoção de temáticas e experiências de desenvolvimento 
e na localização dos ODM, entre outras formas de trabalho conjunto. 
O PNUD entende que a sociedade civil potencializa a capilaridade e a 
sustentabilidade das ações, bem como o maior engajamento da sociedade, e cria 
oportunidades de desenvolvimento de capacidades para estas instituições quando preciso. 
Uma vez constituído os fundamentos do Direito Empresarial, com base na função 
social da empresa e na redução de riscos que justifica a criação de sistemas de Governança 
Corporativa, resta a analise de Governança Cidadã. 
A perenidade de toda a empresa emprega atributos de etnicidade que oferecem a 
empresa condições de gerar perenidade e contribuir para um equilíbrio nas relações e na 
ordem econômica. 
Neste sentido, o cidadão passa a esperar do poder pública a administração da boa 
Res Publica, enquanto o consumidor vinculado exclusivamente a iniciativa privada, tem a 
expectativa da realização da legalidade e da entrega de produtos e serviços com qualidade. 
Um sistema de governança cidadã determina então um nível de relacionamento 
entre as partes interessadas que resulte em um comportamento ético e solidariamente 
responsável pela cadeia de valor. 
 11 
 
Compliance 
Em outras palavras, a criação de um sistema de acontability, pautado em regimes 
de competência que garantam melhores práticas de comportamento tanto para empresa 
publicas como para a iniciativa privada. 
No extremo, poderíamos propor, com base no sistema de governança corporativa 
tradicional, a seguinte definição para governança cidadã: 
“Governança Cidadã é o sistema pelo qual as organizações do poder publico e da 
iniciativa privada são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os 
relacionamentos entre gestores públicos, proprietários, conselho de administração, 
diretoria, órgãos de controle e consumidores. As boas práticas de governança cidadã 
convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade 
de preservar e otimizar o valor da organização e a boa rés publica pautada na ética, 
transparência e contribuindo para a sua longevidade e realização da função social da 
empresa” 
Entende-se que essas reflexões auxiliam na construção de uma nova 
empresarialidade, de forma a minimizar riscos sistêmicos, gerar equilíbrio na ordem 
econômica e representação adequada dos gestores públicos, assim como a justa gerência 
dos administradores e sócios das sociedades empresariais. 
2.2 A ÉTICA NECESSÁRIA ÀS EMPRESAS NA ERA DA SOCIEDADE DA 
INFORMAÇÃO 
Após a segunda guerra mundial, tendências econômicas passaram a ocorrer década 
a década nos Estados Unidos, fruto de uma economia aquecida e de um modelo de 
desenvolvimento historicamente conhecido como “American Dream”. 
Após essa fase, sobretudo em 1990, com a Guerra fria e a Globalização, a Sociedade 
da Informação, aperfeiçoada, sobretudo pelo desenvolvimento de novas tecnologias, uma 
nova dina ̂mica social passou a imperar em todos os países capitalistas influenciando 
diretamente o Brasil. 
Forjada por esses eventos, as empresas da atualidade passaram a necessitar de 
uma visão ética que lhes oferecessem um novo standard e que projetassem perenidade e 
sustentabilidade a sua função social. 
Melhores práticas de Governança Corporativa, indicadores sociais e, sobretudo, 
uma atitude que respeite a cadeia de valor sempre existente em suas relações 
aperfeiçoaram uma visão econômica do direito, com vistas a uma sociedade empresarial 
capaz de responderaos desafios modernos de sua gestão e das diversas dinâmicas sociais 
que A Sociedade do Conhecimento ou da Informação exigiu. 
Sociedade da Informac ̧ão 
Um novo modelo de sociedade passou a oferecer novos quadros de 
desenvolvimento económico, social e cultural decorrente do processo de globalização, 
sempre levando em consideração relações de natureza económica, política, social e/ou 
cultural. 
Segundo o Livro Verde do Ministério da Ciência e Tecnologia1: 
As sociedades contempora ̂neas são atravessadas por inúmeras mudanças, sendo 
relevante a que se prende com as novas tecnologias, o que levou alguns autores a defender 
a existência de um novo paradigma de Sociedade baseada, essencialmente, na 
Informação, daí a designação de Sociedade de Informação (ou Sociedade do Conhecimento 
na medida em que a informação é um meio de produção/divulgação de Conhecimento). 
 12 
 
Compliance 
Para alguns autores a sociedade do conhecimento está mais relacionada com a 
vertente económica, enquanto que a sociedade da informação se prende com as complexas 
redes de comunicação que potenciam a troca da informação. 
Segundo Luís Manuel Borges Gouveia2: 
O conceito de Sociedade da Informação surgiu nos trabalhos de Alain Touraine 
(1969) e Daniel Bell (1973) sobre as influências dos avanços tecnológicos nas relações de 
poder, identificando a informação como ponto central da sociedade contempora ̂nea. A 
definição de Sociedade da Informação deve ser considerada tomando diferentes 
perspectivas... 
Podemos compreender que a Sociedade da Informação consiste na forma como a 
informação é exposta à sociedade através das tecnologias de informação e comunicação 
no sentido de lidar com a informação e que toma esta como elemento central de toda 
atividade humana. 
Ainda no entendimento de Takeo Takahashi3: 
A sociedade da informação não é um modismo. Representa uma profunda mudança 
na organização da sociedade e da economia, havendo quem a considere um novo 
paradigma técnico-econômico. É um fenômeno global, com elevado potencial 
transformador das atividades sociais e econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica 
dessas atividades inevitavelmente serão, em alguma medida, afetadas pela infra-estrutura 
de informações disponível. É também acentuada sua dimensão político-econômica , 
decorrente da contribuição da infra-estrutura de informações para que as regiões sejam 
mais ou menos atraentes em relação aos negócios e empreendimentos. Sua importa ̂ncia 
assemelha-se à de uma boa estrada de rodagem para o sucesso econômico das localidades. 
Tem ainda marcante dimensão social, em virtude do seu elevado potencial de promover a 
integração, ao reduzir as dista ̂ncias entre pessoas e aumentar o seu nível de informação. 
Os negócios eletrônicos (e-business), entre os quais o comércio eletrônico (e-
commerce), são hoje fundamentais para a modernização do setor produtivo, pois permitem 
ampliar e diversificar mercados e aperfeiçoar as atividades de negócios. 
O comércio eletrônico apresenta taxas de crescimento sem paralelo, tanto nas 
transações entre empresas e consumidores, como nos negócios entre empresas, que é 
onde atualmente se realiza o mais alto nível de geração de receita. 
Atuar no ambiente dos negócios e comércio eletrônico requer que tanto produtores 
de bens e serviços quanto consumidores estejam conectados às redes digitais e 
capacitados para operá-las adequadamente. 
A viabilidade desses negócios requer baratear o acesso às redes de comunicação e 
proporcionar as informações e os meios necessários para que pessoas empresas sejam 
capazes de operar nas novas modalidades de negócios e comércio. 
Segundo o SEBRAE Nacional4 as empresas de pequeno e médio porte no Brasil 
passaram a ter especial importa ̂ncia estratégica pelo seu elevado potencial gerador de 
emprego, trabalho e renda. 
O processo inovador supõe, cada vez mais, a produção e aplicação de informações 
e conhecimentos e a sua gestão, nos moldes do que hoje se denomina inteligência coletiva, 
empresarial e organizacional. Nos países economicamente mais desenvolvidos, enfatiza-
se o caráter dinâmico dos empreendimentos e a importa ̂ncia do capital intelectual. 
Esse processo pode melhor ser observado pelo ciclo criado a partir da Sociedade da 
Informação e seu impacto na economia de um país, conforme se verifica na figura 4. 
 13 
 
Compliance 
A questão neste sentido está nos contornos que trazem essa nova dinâmica, 
sobretudo nas questões legais e seu necessário aprimoramento no comportamento ético. 
Uma macrorregulação legal sempre é precedida de uma macrorregulação 
econômica, salvo na formação de nações e suas instituições. Esta afirmação encontra 
também reflexão em Manual Castells5 “a Era da Informação, refere-se especificamente ao 
surgimento de uma nova estrutura social”. 
Essa nova estrutura social deveria justificar mudanças que pudessem oferecer 
garantias da realização do bem comum, manutenção de um sistema salutar as famílias, 
preservação da propriedade e equilíbrio contratual. 
Essa visão também foi motivo de pronunciamento de Manuel Castells quando de 
entrevista ao Programa Fronteiras do Pensamento, em 2013. Essa estrutura social se 
mostra irregular quando não existe por parte do povo um sentimento de representação ou 
de fragilidade aos marcos legais ou a questão do comportamento empresarial mostra-se 
distante de práticas éticas que gerem razão a função social de uma empresa. 
 
A Nova Empresarialidade 
Para analisar o conceito de nova empresarialidade, considerada a Sociedade da 
Informação, em um mundo globalizado e massificado, as relações de consumo são 
indispensáveis, assim como sua compreensão e análise. 
Uma relação de consumo é composta de um lado pelo consumidor, vinculado ao 
conceito legislado pelo art. 2o do CDC e do outro, o fornecedor, caracterizado pela livre 
iniciativa, sendo pessoas físicas ou jurídicas. 
Este fornecedor, dado sua natureza na relação de consumo, mostra-se em sua 
maior parte vinculado a pessoas jurídicas, empresas e empresários que estabelecem uma 
relação em seus mais variados tipos societários. 
Neste sentido a análise do contra ponto previsto na Lei 8078/90 é importante. O 
Art. 170, da Constituição Federal e as bases jurídicas previstas no código civil oferecem o 
pano de fundo para o estudo da Nova Empresarialidade vinculado a teoria da empresa. 
A atividade econômica no país tem seus princípios gerais previstos no art. 170 
somada à visão prevista no art. 966 do Código Civil, oferecendo o que compila a visão e 
construção do conceito do modelo inovador em empresarialidade. 
Assim foram as reflexões de Adalberto Simão Filho7 para o tema: 
Acredita-se, portanto, que a palavra empresarialidade, no contexto empregado 
neste estudo, possa ser entendida como a atividade empresarial em movimento constante 
e sucessivo, não importa se exercida pela sociedade simples ou empresária ou pelo 
empresário individual e o inter-relacionamento desta com os fornecedores, mercado 
consumidor, mercado de valores mobiliários, agentes econômicos diversificados, 
trabalhadores, meio ambiente, e, finalmente, em relação aos próprios sócios e acionistas, 
gerando uma sinergia completa que culmina em vivificar a empresa e agregar valor. 
Na formação e constituição de uma empresa, esta não nasce somente para geração 
do lucro mas também para atender sua função social. Prova maior dessa afirmação esta 
nas diversas evoluções de institutos como a recuperação judicial, desconsideração da 
personalidade jurídica ou métodos de valorização como o Índice de Sustentabilidade 
Empresarial – ISE da BMF Bovespa. 
 14 
 
Compliance 
Este sistema que aloca valor em um ambiente globalizado e integrado, também se 
dinamiza pelas partes interessadas na cadeia de valores gerada pela empresa, 
consolidando ainda o vinculo dos chamados stakeholders. 
Para a reduçãodo risco sistêmico atrelado as empresas, constituíram-se 
mecanismos de controle, também denominados como governança corporativa. 
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC8, governanc ̧a 
corporativa 
Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, 
monitoradas e incentivadas, envolvendo as práticas e os relacionamentos entre 
proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas 
de Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando 
interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu 
acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. 
A Governança passa a ser aplicada à atividade empresarial e tem como resultante 
a adoção de princípios norteadores da conduta dos administradores e sócios, com reflexos 
diretos na gestão, na empresa e na relação interna corporis, entre acionistas e com o 
mercado, lastreando-se tal conduta em princípios éticos aceitos como ideais pelos 
praticantes: são as chamadas melhores práticas, que passaram a ter relação direta com 
mecanismo de contabilidade e geração de resultado econômico. 
Para esse resultado econômico, a empresa deve observar e cumprir os princípios 
de sua função social, como propriedade, exercitar a livre iniciativa e concorrência com 
respeito ao consumidor, mediante um comportamento de boa-fé objetiva nos contratos. 
Ocorre que dado a crise instaurada pela alocação de controles, em sua maioria de 
ativos intangíveis dentro de uma empresa, determinou o aperfeiçoamento de uma conduta 
mais “humanizada” dos fornecedores que correspondesse ao exercício de uma atividade 
dentro desse cenário: essa construção e comportamento é denominada nova 
empresarialidade. 
Sobre essa construção e definição, indica Adalberto Simão Filho9: 
Empresa na atualidade, em confronto com o antigo “standard” comportamental do 
bom pai de família, como premissa para a elaboração do “standard” correlato, de natureza 
jurídico-comportamental, consistente no bom homem de negócios ou, simplesmente, bom 
empresário 
Compreende-se assim que a solução de parte da equação para que as relações de 
consumo não devem ter regras alteradas seria a assunção dos fornecedores, no que lhes 
diz respeito a aplicação das normas existentes, assumir um novo padrão pautado na boa 
fé, corresponsabilidade com sua cadeia de valores e na mediação, observando cada 
contrato e ação a um consumidor. 
Sendo assim, a Nova Empresarialidade tem sua base no conceito primeiro da boa-
fé, refletindo padrões éticos e moral na busca de seu objeto e no fim social da empresa. 
 
Ética e sua Constituic ̧ão 
Segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, Ética é: 
o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de 
qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada 
sociedade, seja de modo absoluto. 
Etimologicamente falando, ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim 
"morale", com o mesmo significado: conduta, ou relativo aos costumes. 
 15 
 
Compliance 
Assim deve ser motivo para a renovação social e dos empregados que nelas 
trabalham. Todos dentro de uma empresa devem buscar aprender da ética empresarial o 
modo de atuação exigido a fim de que possam sobreviver e cumprir sua função social, 
evitando os defeitos anteriores e propondo valores adequados a sua razão de ser. 
Desde suas origens na Antiga Grécia a ética convida o homem a forjar-se de um 
bom caráter que o leve a boas escolhas. Na empresa não é diferente, pois ela mantem a 
dimensão da pessoa física na pessoa jurídica. 
O caráter, ou seja, os atributos da personalidade também é o conjunto das 
qualidades boas ou más de um indivíduo que determina sua a conduta. Esse caráter é 
decisivo a vida da pessoa, pois, ainda que os fatores externos condicionem em um sentido 
ou a assunção de outro caráter, serão suas escolhas e livre arbítrio que determinará sua 
ética. 
As empresas, porém, detém de valores e atributos de seu caráter próprio e 
influenciam neste processo decisório podendo facilitar as boas. Nesse sentido, a ética 
pessoal assinala que existem situações nas quais é necessário confrontar o grupo ou a 
comunidade a que se pertence e atuar de maneira determinada sem importar-se com os 
interesses afetados, em prol do que seria melhor para a sociedade empresarial. 
A ética ao se aplicar as empresas oferece um saber que pretende orientar as 
pessoas na construção de um caráter sustentável e forja a construção da nova 
empresarialidade. 
Contudo as empresas estão cada vez mais reconhecendo seu papel dentro da 
Sociedade da Informação, capazes de na ausência do estado realizarem seu papel ético e 
se superando nas relações de consumo. 
Dessa forma pensa Mario Sérgio Cortella10: 
Não é de uma ética qualquer que estamos tratando, mas de uma ética como um 
conjunto de valores e princípios que usamos para guiar nossa conduta. Não é de qualquer 
ética que estamos falando quando desejamos uma ética que pressuponha saudabilidade, 
isto é, uma ética que não seja provedora da alegria restrita. 
Esse pensar parte da convicção de que cada membro da sociedade é um cidadão 
capaz de tomar decisões e que um dos primeiros valores que compõem a ética social é o 
da autonomia ética. 
Estes valores da ética social servem de guia para as ações, mas para que eles sejam 
encarnados na vida das pessoas e das instituições é necessário concretizá-los. 
O que talvez falte são diálogos. Se compreendermos que o diálogo é uma atitude 
que considera cada um como ser autônomo igualmente capaz de trocar e vivenciar uma 
Parrésia 11 sobre as questões que afetam sua vida e que se dispõe, por solidariedade, a 
incluir os interesses de cada um na tomada de decisões. 
A aplicação da ética conforme refletimos, ao pensar no mundo corporativo, deve 
ser vivenciado, respeitado o nível de consciência de cada cidadão, e não somente pela 
adoção modista de sua aplicação. 
Segundo Clóvis de Barros Filhos12: 
a ética é a transcendência em relação à natureza; a necessidade de encontrar 
caminhos quando o instinto não responde mais; a necessidade de perceber que vontade 
não é desejo, porque vontade, muito mais do que uma inclinação do corpo, é uma decisão 
racional, claro que está que cabe ao homem fazer o que nenhuma outra criatura mais 
precisa fazer. 
 16 
 
Compliance 
A Ética Necessária 
Este estado contínuo, que tem sido perseguido por empresas modernas e 
fornecedores que buscam sustentabilidade e perenidade, uma vez que a compreensão 
sobre a realização de lucros passa a ter componentes de perenidade, assimila conceitos de 
ampla troca entre as diversas partes interessadas (stakeholders). 
Essa mentalidade ética, pautada em um comportamento que segue preceitos 
íntimos do homem, faz surgir regras e alternativas de geração de riqueza alinhadas a 
condutas conhecidas como Cultura para Performance ou ações que se realizam nos valores 
então adotados pelos colaboradores. 
A conhecida fibra ética tão esperada em profissionais que se realizam na construção 
de grandes corporações são então premiadas quando identificadas nas empresas. Um 
exemplo desse estado mental são as empresas reconhecidas como melhores para se 
trabalhar, onde, além de bons resultados financeiros, despontam com seus balanços sociais 
robustos e equilibrados. 
O problema está em analisar empresas que não somente atendem requisitos de 
índices como o Dow Jones Sustentability13 ou o ISE. Essas empresas passam a também 
serem analisadas por suas partes melhores: seus colaboradores e o nível de interação 
sócia ambiental envolvida. 
Nesse sentido, a busca pelo profissional ético é compreender a busca pessoal do 
empreendedor social ou seu domínio pela vida em equilíbrio. Questões como 
espiritualidade, saúde e qualidade de vida nunca foram tão discutidas.Com um perfil mental holístico e definido, esses fornecedores e empresas desejam 
realizações que não coloquem em risco essa busca, mas a completem. Um exemplo disso 
são regras de gestão que até então foram criadas para coibir abusos de poder ou prejuízos 
pautados pelo mal uso de suas prerrogativas, e que agora são adotadas como critérios de 
seleção e meritocracia. 
O correto e a busca pelo Bem Comum fazem do profissional com esse perfil alguém 
transparente e muito respeitado, além de valorizado. 
Esse pensamento, considerando que o comportamento não se alterará tendo em 
vista o padrão mental estabelecido, gera valores organizacionais que atualmente encontra-
se em evidência nas mencionadas melhores empresas para se trabalhar. 
Os padrões éticos deveriam assim anteceder leis, costumes e hábitos. São quase 
arquetípicos, com uma visão de realização na sociedade atual. 
Talvez, uma convivência das pessoas com as pessoas e não para as pessoas, 
observada nas classes sociais menores, reforcem o caráter desenvolvido pela cultura de 
que a dignidade está na busca e não na miséria que não traz o desenvolvimento, mas o 
fim não esperado. 
A sociedade da Informação trouxe ao mundo contempora ̂neo desafios de adaptação 
as empresas, sobretudo em suas práticas de governança, que resultam em uma nova 
personalidade jurídica. 
Essa nova personalidade, oferece a condição de nova empresarialidade, pautada 
em um standard da ética da convivência e controlada por indicadores de sustentabilidade 
e perenidade que também aperfeiçoam a função social das empresas. 
O mundo corporativo atual necessita que estes valores estejam sempre presentes 
e, munir-se de condições para não sucumbir ao desvio dessa utopia é demonstrar a fibra 
ética tão cara e preciosa nas organizações modernas: essa condição demanda o sonho de 
consumo da sociedade ideal. 
 17 
 
Compliance 
A virtu tão esperada deve ser forjada pela busca equilibrada de uma vida 
corporativa digna, harmônica e reconhecida por padrões mentais tão éticos capazes de 
influenciar e gerar negócios sustentáveis e perenes e ao mesmo tempo, atender a uma 
necessidade pessoal do colaborador de realização pessoal, do consumidor por manter uma 
relação justa com o fornecedor e do empresário por realizar a função social de forma 
perene e sustentável. 
 
Lei Anticorrupção 
LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013. 
 
Dispõe sobre a responsabilização 
administrativa e civil de pessoas jurídicas 
pela prática de atos contra a administração 
pública, nacional ou estrangeira, e dá outras 
providências. 
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e 
eu sanciono a seguinte Lei: 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de 
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou 
estrangeira. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às 
sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização 
ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades 
ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no 
território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente. 
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos 
administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou 
benefício, exclusivo ou não. 
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual 
de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou 
partícipe do ato ilícito. 
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da 
responsabilização individual das pessoas naturais referidas no caput . 
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos 
ilícitos na medida da sua culpabilidade. 
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração 
contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária. 
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será 
restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o 
limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas 
nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, 
exceto no caso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados. 
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo 
contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos 
previstos nesta Lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de 
multa e reparação integral do dano causado. 
 
 18 
 
Compliance 
CAPÍTULO II 
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL OU ESTRANGEIRA 
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para 
os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no 
parágrafo único do art. 1º , que atentem contra o patrimônio público nacional ou 
estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos 
internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: 
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente 
público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; 
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo 
subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei; 
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar 
ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados; 
IV - no tocante a licitações e contratos: 
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, 
o caráter competitivo de procedimento licitatório público; 
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento 
licitatório público; 
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de 
vantagem de qualquer tipo; 
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; 
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação 
pública ou celebrar contrato administrativo; 
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou 
prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em 
lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; 
ou 
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados 
com a administração pública; 
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou 
agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras 
e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional. 
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades estatais 
ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de 
governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder 
público de país estrangeiro. 
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as 
organizações públicas internacionais. 
§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem, ainda 
que transitoriamente ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em 
órgãos, entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim 
como em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país 
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. 
CAPÍTULO III 
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradasresponsáveis pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções: 
 19 
 
Compliance 
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do 
faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo 
administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, 
quando for possível sua estimação; e 
II - publicação extraordinária da decisão condenatória. 
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada ou cumulativamente, 
de acordo com as peculiaridades do caso concreto e com a gravidade e natureza das 
infrações. 
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será precedida da manifestação 
jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou 
equivalente, do ente público. 
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em qualquer hipótese, 
a obrigação da reparação integral do dano causado. 
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível utilizar o critério do 
valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) 
a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais). 
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocorrerá na forma de 
extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídica, em meios de comunicação de grande 
circulação na área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, 
em publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação de edital, pelo prazo 
mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabelecimento ou no local de exercício da 
atividade, de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de 
computadores. 
§ 6º (VETADO). 
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções: 
I - a gravidade da infração; 
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; 
III - a consumação ou não da infração; 
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; 
V - o efeito negativo produzido pela infração; 
VI - a situação econômica do infrator; 
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações; 
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria 
e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de 
conduta no âmbito da pessoa jurídica; 
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade 
pública lesados; e 
X - (VETADO). 
Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e procedimentos 
previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos em regulamento do Poder Executivo 
federal. 
CAPÍTULO IV 
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO 
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrativo para apuração da 
responsabilidade de pessoa jurídica cabem à autoridade máxima de cada órgão ou entidade 
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provocação, 
observados o contraditório e a ampla defesa. 
 20 
 
Compliance 
§ 1º A competência para a instauração e o julgamento do processo administrativo de 
apuração de responsabilidade da pessoa jurídica poderá ser delegada, vedada a 
subdelegação. 
§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-Geral da União - CGU 
terá competência concorrente para instaurar processos administrativos de 
responsabilização de pessoas jurídicas ou para avocar os processos instaurados com 
fundamento nesta Lei, para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento. 
Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apuração, o processo e o 
julgamento dos atos ilícitos previstos nesta Lei, praticados contra a administração pública 
estrangeira, observado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da Corrupção 
de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, 
promulgada pelo Decreto nº 3.678, de 30 de novembro de 2000. 
Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa 
jurídica será conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora e composta 
por 2 (dois) ou mais servidores estáveis. 
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação judicial, ou equivalente, 
a pedido da comissão a que se refere o caput , poderá requerer as medidas judiciais 
necessárias para a investigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e 
apreensão. 
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade instauradora que 
suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da investigação. 
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 (cento e oitenta) dias 
contados da data da publicação do ato que a instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre 
os fatos apurados e eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma 
motivada as sanções a serem aplicadas. 
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante ato fundamentado 
da autoridade instauradora. 
Art. 11. No processo administrativo para apuração de responsabilidade, será 
concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias para defesa, contados a partir da 
intimação. 
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comissão, será remetido à 
autoridade instauradora, na forma do art. 10, para julgamento. 
Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de reparação integral do 
dano não prejudica a aplicação imediata das sanções estabelecidas nesta Lei. 
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo pagamento, o crédito apurado 
será inscrito em dívida ativa da fazenda pública. 
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada 
com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos 
previstos nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os 
efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com 
poderes de administração, observados o contraditório e a ampla defesa. 
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica, 
após a conclusão do procedimento administrativo, dará conhecimento ao Ministério Público 
de sua existência, para apuração de eventuais delitos. 
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica, 
após a instauração do processo administrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de 
sua existência, para apuração de eventuais delitos. (Redação dada pela Medida provisória 
nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
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Compliance 
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica, 
após a conclusão do procedimento administrativo, dará conhecimento ao Ministério Público 
de sua existência, para apuração de eventuais delitos. 
CAPÍTULO V 
DO ACORDO DE LENIÊNCIA 
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar 
acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos 
nesta Lei que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, 
sendo que dessa colaboração resulte: 
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e 
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob 
apuração. 
Art. 16. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, no âmbito 
de suas competências, por meio de seus órgãos de controle interno, de forma isolada ou 
em conjunto com o Ministério Público ou com a Advocacia Pública, celebrar acordo de 
leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos e pelos fatos 
investigados e previstos nesta Lei que colaborem efetivamente com as investigações e com 
o processo administrativo, de forma que dessa colaboração resulte: (Redação dada pela 
Medida provisória nº 703, de 2015)(Vigência encerrada) 
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; (Redação dada 
pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada)II - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada 
ou sob investigação; (Redação dada pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência 
encerrada) 
III - a cooperação da pessoa jurídica com as investigações, em face de sua 
responsabilidade objetiva; e (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência 
encerrada) 
IV - o comprometimento da pessoa jurídica na implementação ou na melhoria de 
mecanismos internos de integridade. (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 
2015) (Vigência encerrada) 
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar 
acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos 
nesta Lei que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, 
sendo que dessa colaboração resulte: 
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e 
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob 
apuração. 
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se preenchidos, 
cumulativamente, os seguintes requisitos: 
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar 
para a apuração do ato ilícito; (Revogado pela Medida provisória nº 703, de 
2015) (Vigência encerrada) 
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar 
para a apuração do ato ilícito; 
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada 
a partir da data de propositura do acordo; 
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Compliance 
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e 
permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob 
suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. 
III - a pessoa jurídica, em face de sua responsabilidade objetiva, coopere com as 
investigações e com o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre 
que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento; e (Redação dada pela 
Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e 
permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob 
suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. 
IV - a pessoa jurídica se comprometa a implementar ou a melhorar os mecanismos 
internos de integridade, auditoria, incentivo às denúncias de irregularidades e à aplicação 
efetiva de código de ética e de conduta. (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 
2015) (Vigência encerrada) 
§ 2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções 
previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) 
o valor da multa aplicável. 
§ 2º O acordo de leniência celebrado pela autoridade administrativa: (Redação dada 
pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
I - isentará a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II do caput do art. 6º e 
das sanções restritivas ao direito de licitar e contratar previstas na Lei n º 8.666, de 21 de 
junho de 1993 , e em outras normas que tratam de licitações e contratos; (Incluído pela 
Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
II - poderá reduzir a multa prevista no inciso I do caput do art. 6º em até dois terços, 
não sendo aplicável à pessoa jurídica qualquer outra sanção de natureza pecuniária 
decorrente das infrações especificadas no acordo; e (Incluído pela Medida provisória nº 
703, de 2015)(Vigência encerrada) 
III - no caso de a pessoa jurídica ser a primeira a firmar o acordo de leniência sobre 
os atos e fatos investigados, a redução poderá chegar até a sua completa remissão, não 
sendo aplicável à pessoa jurídica qualquer outra sanção de natureza pecuniária decorrente 
das infrações especificadas no acordo. (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 
2015) (Vigência encerrada) 
2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções 
previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) 
o valor da multa aplicável. 
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar 
integralmente o dano causado. 
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias para assegurar a 
efetividade da colaboração e o resultado útil do processo. 
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias para assegurar a 
efetividade da colaboração e o resultado útil do processo administrativo e quando estipular 
a obrigatoriedade de reparação do dano poderá conter cláusulas sobre a forma de 
amortização, que considerem a capacidade econômica da pessoa jurídica. (Redação dada 
pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias para assegurar a 
efetividade da colaboração e o resultado útil do processo. 
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Compliance 
§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas que 
integram o mesmo grupo econômico, de fato e de direito, desde que firmem o acordo em 
conjunto, respeitadas as condições nele estabelecidas. 
§ 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após a efetivação 
do respectivo acordo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo. 
§ 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito investigado a 
proposta de acordo de leniência rejeitada. 
§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará 
impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos contados do conhecimento 
pela administração pública do referido descumprimento. 
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos 
ilícitos previstos nesta Lei. 
§ 9º A formalização da proposta de acordo de leniência suspende o prazo 
prescricional em relação aos atos e fatos objetos de apuração previstos nesta Lei e sua 
celebração o interrompe. (Redação dada pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência 
encerrada) 
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos 
ilícitos previstos nesta Lei. 
§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão competente para celebrar os 
acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal, bem como no caso de atos 
lesivos praticados contra a administração pública estrangeira. 
§ 11. O acordo de leniência celebrado com a participação das respectivas Advocacias 
Públicas impede que os entes celebrantes ajuizem ou prossigam com as ações de que 
tratam o art. 19 desta Lei e o art. 17 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, ou de ações 
de natureza civil.(Incluído pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
§ 12. O acordo de leniência celebrado com a participação da Advocacia Pública e em 
conjunto com o Ministério Público impede o ajuizamento ou o prosseguimento da ação já 
ajuizada por qualquer dos legitimados às ações mencionadas no § 11. (Incluído pela 
Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
§ 13. Na ausência de órgão de controle interno no Estado, no Distrito Federal ou no 
Município, o acordo de leniência previsto no caput somente será celebrado pelo chefe do 
respectivo Poder em conjunto com o Ministério Público. (Incluído pela Medida provisória nº 
703, de 2015)(Vigência encerrada) 
§ 14. O acordo de leniência depois de assinado será encaminhado ao respectivo 
Tribunal de Contas, que poderá, nos termos do inciso II do art. 71 da Constituição 
Federal, instaurar procedimento administrativo contra a pessoa jurídica celebrante, para 
apurar prejuízo ao erário, quando entender que o valor constante do acordo não atende o 
disposto no § 3º . (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
Art. 17. A administração pública poderá também celebraracordo de leniência com a 
pessoa jurídica responsável pela prática de ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de 
junho de 1993, com vistas à isenção ou atenuação das sanções administrativas 
estabelecidas em seus arts. 86 a 88. 
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com a 
pessoa jurídica responsável por atos e fatos investigados previstos em normas de licitações 
e contratos administrativos com vistas à isenção ou à atenuação das sanções restritivas 
ou impeditivas ao direito de licitar e contratar. (Redação dada pela Medida provisória nº 
703, de 2015) (Vigência encerrada) 
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Compliance 
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com a 
pessoa jurídica responsável pela prática de ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de 
junho de 1993, com vistas à isenção ou atenuação das sanções administrativas 
estabelecidas em seus arts. 86 a 88. 
Art. 17-A. Os processos administrativos referentes a licitações e contratos em curso 
em outros órgãos ou entidades que versem sobre o mesmo objeto do acordo de leniência 
deverão, com a celebração deste, ser sobrestados e, posteriormente, arquivados, em caso 
de cumprimento integral do acordo pela pessoa jurídica. (Incluído pela Medida provisória 
nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
Art. 17-B. Os documentos porventura juntados durante o processo para elaboração 
do acordo de leniência deverão ser devolvidos à pessoa jurídica quando não ocorrer a 
celebração do acordo, não permanecendo cópias em poder dos órgãos 
celebrantes. (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
CAPÍTULO VI 
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL 
Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a 
possibilidade de sua responsabilização na esfera judicial. 
Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a 
possibilidade de sua responsabilização na esfera judicial, exceto quando expressamente 
previsto na celebração de acordo de leniência, observado o disposto no § 11, no § 12 e no 
§ 13 do art. 16.(Redação dada pela Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência 
encerrada) 
Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a 
possibilidade de sua responsabilização na esfera judicial. 
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas 
ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão 
ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras: 
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito 
direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro 
de boa-fé; 
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades; 
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; 
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos 
de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo 
poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos. 
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada quando 
comprovado: 
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou 
promover a prática de atos ilícitos; ou 
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade 
dos beneficiários dos atos praticados. 
§ 2º (VETADO). 
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa. 
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de representação judicial, 
ou equivalente, do ente público poderá requerer a indisponibilidade de bens, direitos ou 
valores necessários à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano 
causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do terceiro de boa-fé. 
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Compliance 
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas as sanções 
previstas no art. 6º , sem prejuízo daquelas previstas neste Capítulo, desde que constatada 
a omissão das autoridades competentes para promover a responsabilização administrativa. 
Parágrafo único. A proposta do acordo de leniência poderá ser feita mesmo após 
eventual ajuizamento das ações cabíveis. (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 
2015) (Vigência encerrada) 
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rito previsto na Lei 
nº 7.347, de 24 de julho de 1985. 
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de reparar, integralmente, o 
dano causado pelo ilícito, cujo valor será apurado em posterior liquidação, se não constar 
expressamente da sentença. 
CAPÍTULO VII 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Cadastro Nacional de 
Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções aplicadas pelos 
órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de 
governo com base nesta Lei. 
§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar e manter 
atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por eles aplicadas. 
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações acerca das sanções 
aplicadas: 
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou entidade no Cadastro 
Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ; 
II - tipo de sanção; e 
III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador ou impeditivo da 
sanção, quando for o caso. 
§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos de leniência previstos 
nesta Lei, também deverão prestar e manter atualizadas no Cnep, após a efetivação do 
respectivo acordo, as informações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse 
procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo administrativo. 
§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo de leniência, além das 
informações previstas no § 3º , deverá ser incluída no Cnep referência ao respectivo 
descumprimento. 
§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão excluídos depois de 
decorrido o prazo previamente estabelecido no ato sancionador ou do cumprimento 
integral do acordo de leniência e da reparação do eventual dano causado, mediante 
solicitação do órgão ou entidade sancionadora. 
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de 
todas as esferas de governo deverão informar e manter atualizados, para fins de 
publicidade, no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter 
público, instituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relativos às sanções por 
eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 da Lei no 8.666, de 21 de junho 
de 1993. 
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores aplicados com 
fundamento nesta Lei serão destinados preferencialmente aos órgãos ou entidades 
públicas lesadas. 
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Compliance 
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da 
data da ciência da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em 
que tiver cessado. 
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescrição será interrompida 
com a instauração de processo que tenha por objeto a apuração da infração. 
§ 1º Na esfera administrativa ou judicial, a prescrição será interrompida com a 
instauração de processo que tenha por objeto a apuração da infração. (Incluído pela 
Medida provisória nº 703, de 2015) (Vigência encerrada) 
§ 2º Aplica-se o disposto no caput e no § 1º aos ilícitos previstos em normas de 
licitações e contratos administrativos. (Incluído pela Medida provisória nº 703, de 
2015) (Vigência encerrada) 
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescrição será interrompida 
com a instauração de processo

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