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04 Nuances poéticas na ficção televisiva brasileira

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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação 
XXVIII Encontro Anual da Compós, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS, 11 a 14 de junho de 2019 
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NUANCES POÉTICAS NA FICÇÃO TELEVISIVA 
BRASILEIRA: análise de As Aventuras de Poliana (SBT)1 
 
POETIC NUANCES IN BRAZILIAN TELEVISIVE FICTION: 
analysis of As Aventuras de Poliana (SBT) 
 
João Paulo Hergesel2 
Rogério Ferraraz3 
 
Resumo: A relação entre televisão e poesia pode não ser tão heterogênea quanto aparenta. O 
objetivo principal deste artigo é investigar como se formam as nuances poéticas na 
ficção televisiva brasileira, por meio de dois recortes de As Aventuras de Poliana 
(SBT), tendo em vista a relevância científico-cultural desse tipo de discussão e a 
carência desse tema no campo dos estudos televisivos. A metodologia utilizada é a 
análise narrativa e estilística, com base nos textos de David Bordwell, Jeremy G. 
Butler e Simone Maria Rocha, entre outros. O corpo teórico encontra, ainda, suporte 
nas pesquisas de Décio Pignatari, sobre comunicação poética, de Míriam Cristina 
Carlos Silva, sobre poético na mídia, entre outros autores. O resultado aponta que, 
mesmo em se tratando de uma mídia massiva, sobretudo quando direcionado ao 
âmbito da TV aberta, com foco em uma narrativa que visa ao retrato do cotidiano, é 
perceptível a presença de momentos que se sobressaem expressivamente. 
 
Palavras-Chave: Televisão. Ficção seriada. Nuances poéticas. 
 
Abstract: The relationship between television and poetry may not be as heterogeneous as it 
appears. The main objective of this article is to investigate how the poetic nuances in 
Brazilian television fiction are formed, through two cuts of As Aventuras de Poliana 
(SBT), considering the scientific-cultural relevance of this type of discussion and the 
lack of this theme in the field of television studies. The methodology used is the 
narrative and stylistic analysis, based on the texts by David Bordwell, Jeremy G. 
Butler and Simone Maria Rocha, among others. The theoretical reference also finds 
support in the researches by Décio Pignatari, about poetic communication, and by 
Míriam Cristina Carlos Silva, about poetic in the media, among other authors. The 
result is that even in the case of a mass media, especially when directed to the scope 
of open TV, focusing on a narrative that aims at the portrayal of daily life, it is 
possible to see the presence of moments that stand out expressively. 
 
Keywords: Television. Serial fiction. Poetic nuances. 
 
 
 
 
1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Estudos de Televisão do XXVIII Encontro Anual da Compós, 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS, 11 a 14 de junho de 2019. 
2
 Doutorando em Comunicação (UAM), mestre em Comunicação e Cultura (Uniso) e licenciado em Letras 
(Uniso). Membro dos grupos de pesquisa Inovações e Rupturas na Ficção Televisiva Brasileira (UAM/CNPq) e 
Narrativas Midiáticas (Uniso/CNPq). Contato: jp_hergesel@hotmail.com. 
3
 Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. 
Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e mestre em Multimeios (Unicamp). Vice-líder do grupo de 
pesquisa Inovações e Rupturas na Ficção Televisiva Brasileira (UAM/CNPq). Contato: rferraraz@anhembi.br. 
mailto:jp_hergesel@hotmail.com
mailto:rferraraz@anhembi.br
 
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1. Introdução 
Se a televisão é uma mídia capaz de abrigar os mais diversos tipos, gêneros e formatos 
audiovisuais, vemos que o hibridismo expressivo encontra seu apogeu no Brasil: ao mesmo 
tempo em que temos produções que tentam consolidar um estilo próprio e identitário, grande 
parte do que se veicula é uma derivação – ou até mesmo uma reciclagem – de fenômenos já 
experimentados em outros países. Em termos de televisão aberta, essa mistura de elementos é 
intensificada: a tentativa de abranger um público bastante amplo faz com que as emissoras 
nacionais inventem e se reinventem, inovem e se renovem, rompam e corrompam as estruturas 
do texto televisual. 
Um dos modos encontrados pela televisão para surpreender sua audiência é experimentar 
novas técnicas de condução narrativa: desde a quebra dos padrões melodramáticos e inserção 
do merchandising social em Beto Rockfeller (TV Tupi, 1968-1969) ao uso de recursos 
cinematográficos em Avenida Brasil (Rede Globo, 2012), muito tem se observado no que 
concerne à de poética televisiva, isto é, o modo como os produtos são construídos. Em alguns 
casos mais específicos, como Hoje é Dia de Maria (Rede Globo, 2005) e A Pedra do Reino 
(Rede Globo, 2007), a preocupação com os elementos artísticos são tantos que a poética 
(enquanto modo de criação) serve-se do poético (enquanto característica daquilo que contém 
elementos da poesia). 
O poético, tal qual um nível mais elaborado e complexo de linguagem, ainda tem uma 
presença tímida na televisão brasileira, despontando-se em narrativas mais experimentais, 
especialmente se considerado o fluxo de veiculação dessa mídia (a maior parte das emissoras 
mantém sua programação no ar de forma ininterrupta). Por outro lado, se uma narrativa 
prosaica pode trazer trechos que perpassam a aura da poesia, lançamos a hipótese de que uma 
produção televisiva poderia conter cenas e sequências que carregam em si potencialidades 
comunicativas que abalam a linearidade do corriqueiro e esbarram no invólucro sensível do 
lirismo. 
Entender a relação existente entre poesia e televisão é, portanto, um assunto necessário, 
e aqui registramos um pensamento inicial no que diz respeito à existência de fragmentos do 
poético em narrativas televisivas. Com o objetivo de investigar como se formam as nuances 
poéticas na ficção televisiva brasileira, elegemos dois recortes da telenovela As Aventuras de 
Poliana (SBT) que parecem não somente retratar parte do cotidiano dos personagens, mas 
também explorar os efeitos estilísticos capazes de fomentar a intensidade da ação. São eles: a 
 
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revelação de um mistério envolvendo a vida pessoal de Sophie; e a lembrança de um beijo 
entre Luísa e Marcelo. 
Esta pesquisa, portanto, tem como campo de estudos a televisão, no âmbito da TV aberta, 
com concentração nas produções brasileiras, enfoque na ficção seriada e direcionamento para 
a telenovela As Aventuras de Poliana (SBT). Tal trabalho consiste em uma reflexão sobre os 
contextos da criação (poética da narrativa) e da fruição (possibilidade de apreensão dos 
recursos estilísticos utilizados), nas dimensões comunicativas e discursivas, versando a 
respeito de um gênero nacionalmente consagrado, à busca de um aprimoramento das 
abordagens críticas e metodológicas para a análise desse fenômeno televisivo. 
Para compreender melhor esse processo, realizamos um percurso que dá continuidade a 
pesquisas antecessoras envolvendo narrativas midiáticas (HERGESEL; SILVA, 2018), estilo 
televisivo (HERGESEL; FERRARAZ, 2018) e sua aplicação na dramaturgia do SBT 
(HERGESEL, 2019). Para isso, aplicamos uma análise narrativa e estilística nas cenas 
selecionadas, com base nos textos de David Bordwell (2008), Jeremy Butler (2010) e Simone 
Maria Rocha (2016), entre outros. Antes disso, porém, propomos uma reflexão sobre o que 
seria comunicação poética e a presença do poéticona mídia, com suporte nas pesquisas de 
Décio Pignatari (2011), Míriam Cristina Carlos Silva (2009; 2010; 2017; 2018), Gabriela 
Borges (2004), entre outros autores. 
2. Poesia, poético e poética 
O conceito de “poética”, para Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), está relacionado à criação: 
enquanto mimesis é o ato de imitar (algo comum na época eram os imitadores de pessoas em 
ação), a poiesis é o ato de criar – fossem versos líricos ou épicos, tratados médicos ou de física 
(ARISTÓTELES, 1999). Entende-se “poética” (substantivo), portanto, como a produção de 
uma obra, independentemente de modalidade discursiva ou de suas características estruturais; 
entretanto, é necessário salientar que o termo “poética” pode também ser um adjetivo derivado 
da palavra “poesia”, como é o caso de “comunicação poética” e “nuances poéticas”, conceitos 
abordados neste trabalho. 
A concepção de “poesia”, diferentemente de poética (substantivo), está exclusivamente 
relacionada ao artístico. Considera-se “poesia” – ou obra “poética” (adjetivo) – a obra de arte, 
principalmente literária, que se utiliza de uma gama de recursos expressivos para ascender seu 
nível de linguagem. Expandindo a ideia para outras plataformas que não o livro, “poesia é uma 
 
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instituição mais potente do que mera disposição de versos, técnicas, estratégias e/ou marcas 
artísticas; [...] é praticamente uma aura comunicacional que desperta e acompanha outras 
abstrações, como a paixão, a sensibilidade, o encantamento” (HERGESEL, 2018, p. 6-7). 
Ao discorrer sobre a comunicação poética, Décio Pignatari (2011) defende: “Quando 
falamos de arte, não devemos somente pensar em pintura, literatura, música, dança, cinema” 
(p. 53). Para o autor, muitas são as manifestações da poesia, pois os objetos formam signos e, 
consequentemente, constroem uma linguagem. “Você pode ‘ler’ uma cadeira tanto quanto um 
poema”, diz o autor (p. 53); dessa forma, é possível que leiamos os sons e as imagens e 
consigamos detectar e compreender os recursos de poesia que se manifestam no produto, ainda 
que de forma velada. Trata-se do poético. 
O “poético”, segundo Isabella Pichiguelli e Míriam Cristina Carlos Silva (2017) é “uma 
qualidade da linguagem” que “pode se manifestar em imagens, sons, no corpo, no cinema, em 
distintos modos de codificação da linguagem e em diferentes suportes midiáticos” (p. 4). Em 
um estudo anterior, Silva (2010) afirma que “poético” é um fenômeno que oferece um 
“constante intercâmbio entre os diversos textos da cultura, entre os quais estão os media” (p. 
280), vindo a contribuir com o pressuposto de que existe um frutífero relacionamento entre a 
poesia e as mídias – e, em consequência, entre as nuances poéticas e a comunicação televisiva. 
Nessa linha de raciocínio, denominamos “nuances poéticas” algo similar ao que Silva 
(2009) considera “comunicação erótica”, ou seja: pitadas expressivas que “desperdiçam 
significâncias”, “aguçam os sentidos do receptor”, são “signos gerando signos que geram 
outros signos”, são “referentes gerando referentes e visando ao prazer textual” (p. 51). 
Conforme registrado em reflexões anteriores, “são passagens cuidadosamente elaboradas que 
demonstram zelar pela expressividade, destacando-se das demais partes que compõem 
determinada narrativa” (HERGESEL, 2018, p. 6). 
A definição de “nuances poéticas” adotada neste trabalho tem semelhanças ao “sensível”, 
dissertado por Ana Maria Acker (2013) como sendo um elemento para compreender a 
experiência estética que se propaga entre a produção de sentido e a produção de presença. Para 
a autora, que segue o pensamento gumbrechtiano4, o sensível vem a ser uma dimensão que 
dialoga com a cinestesia, atuando como fator tátil no espectador; o que chamamos de “nuances 
 
4 Hans Ulrich Gumbrecht (1948-) é um teórico literário alemão e um dos principais autores a defender a ideia de 
materialização dos fenômenos comunicacionais, explorando aspectos como a produção de presença e a produção 
de sentido. 
 
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poéticas”, contudo, não diz respeito necessariamente ao modo como a recepção tende a encarar 
o objeto, materializando-o, mas sim ao modo como o objeto é constituído. Em síntese, as 
nuances poéticas podem (ou não) atingir o sensorial durante sua fruição, mas essa não é uma 
preocupação primária. 
Para somar a esses raciocínios, Denilson Lopes (2007), estabelece uma diferenciação 
entre a “estética do efeito”, mais ligada ao grotesco e ao escândalo, e a “estética do afeto”, que 
seria “o surgimento de um estímulo imaginativo que liga a ética diretamente à estética; não 
mais uma arte de limites, de transgressão, mas de possibilidades” (p. 90). Para o autor, a obra 
que se propõe a apresentar traços artísticos sugere algo além do impacto, do choque, algo que 
motive sentimentos, sensações, emotividade; o que chamamos de “nuances poéticas”, porém, 
está mais relacionado às estratégias de intensificar ou atenuar, de contradizer ou comparar, de 
ironizar ou empoleirar o produto. Em suma, as nuances poéticas podem (ou não) despertar 
afetos na recepção, mas essa também não é a atenção dominante. 
A ideia de “nuances poéticas”, portanto, não pode ser entendida como sinônimo de 
“experiência estética”: retomando as origens dessas palavras, aisthesis é a estesia, a percepção 
que se tem de algo, estando assim mais ligado a quem consome do que a quem produz. Para 
Laan de Barros (2016), “o exercício da recepção, que envolve apropriação e produção de 
sentidos, pode ser definida como experiência estética. Nessa angulação, a experiência estética 
pode ser compreendida como percepção sensível, plena de sensações” (p. 2). Resumidamente, 
experiência estética está relacionada ao receptor/consumidor/espectador; as nuances poéticas 
são próprias do emissor/criador/ produtor. 
Para esclarecer o que seriam “nuances poéticas”, retornamos a Pignatari (2011), e 
resgatamos a ideia de sintagma e paradigma. Para o autor, embasado pela teoria saussuriana5, 
o eixo paradigmático está diretamente ligado à seleção, à semelhança, à similaridade; o eixo 
sintagmático, por sua vez está vinculado à combinação, à proximidade, à contiguidade. Nesse 
sentido, aludindo à teoria jakobsoniana6, Pignatari diz que a comunicação poética ocorre 
quando “o eixo de similaridade se projeta sobre o eixo de contiguidade” (p. 17); mencionando 
 
5 Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um linguista suíço bastante reconhecido pela fundamentação da 
Semiologia enquanto estudo dos signos e por suas dicotomias: língua e fala, sincronia e diacronia, sintagma e 
paradigma, significante e significado. 
6 Roman Jakobson (1896-1982) foi um pensador russo consagrado por suas propostas de análise estrutural 
aplicadas à linguagem, à arte e à poesia. 
 
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a teoria peirciana7, explica que “fazer poesia é transformar o símbolo (palavra) em ícone 
(figura)” (p. 17). 
Tendo também como ponto de partida tais reflexões de Pignatari, Luís Mauro Sá Martino 
(2013) explica que “é característica da comunicação poética alterar as relações entre os eixos 
sintagmático e paradigmáticona elaboração de formas inesperadas, criativas, de uso da 
linguagem” (p. 52). Ao aplicar esse pensamento na análise da “comunicação poética do humor” 
no seriado Chaves (México: Televisa, 1973-1980), o autor diz que “a poética da linguagem 
está também na elaboração de formas novas como modalidades de se compartilhar mensagens 
conhecidas” (p. 52). 
Em um estudo aplicado às peças televisivas de Samuel Beckett, Gabriela Borges (2004) 
mostra que o referido autor “explorou o seu potencial artístico e, de certa forma, promoveu um 
diálogo entre os seus elementos constituintes numa busca incessante por expressar o 
inexprimível” (p. 150). Para Borges, a poética televisual de Beckett pode ser observada se 
considerados “os mecanismos da câmera, o áudio, a iluminação e a edição em imagens em 
movimento, com o intuito de dar forma ao seu projeto abstrato” (p. 151). Percebe-se que existe 
uma associação entre a poética (com sentido de modo de criação) e o poético (como artifício 
para elevar a expressividade). 
Ao abordar especificamente a telenovela, Míriam Cristina Carlos Silva e Bruna Emy 
Camargo (2018) classificam tal narrativa como “um produto produzido artificialmente, que 
leva em conta uma linguagem e um público específicos” (p. 135). Para as autoras, no entanto, 
“além de representar os fenômenos sociais, como mediadora, levando à interpretação dos fatos, 
pode oferecer novos modelos de realidade, sensibilizando o olhar do público, sobretudo quando 
converge com a arte” (p. 135). Isso reforça a ideia de que, mesmo em se tratando do 
entretenimento trivial, é possível perceber a presença de nuances poéticas. 
 
3. Investigando as nuances poéticas na televisão 
Ao mencionar a poética, David Bordwell (1989) retoma os estudos aristotélicos e diz que 
essa vertente estuda “o trabalho finalizado como o resultado de um processo de construção” 
(p. 371) e que considera “o modo como o trabalho é composto, sua função, efeitos e usos” (p. 
371). Para o autor, estudar a poética de um filme tende a compreender conceitos e percepções 
 
7 Charles Sanders Peirce (1839-1914) foi um filósofo estadunidense que, dentre as contribuições científicas, 
destacou-se com as teorias desenvolvidas no campo da Semiótica. 
 
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que a análise interpretativa não consegue explicar. Posteriormente, a combinação desses 
elementos – movimentos, cores, formas, sons – no audiovisual veio a configurar o que o autor 
chamou de estilo. 
Para Bordwell (2008), “o estilo é a textura tangível do filme, a superfície perceptual com 
a qual nos deparamos ao escutar e olhar: é a porta de entrada para penetrarmos e nos movermos 
na trama, no tema, no sentimento – e tudo mais que é importante para nós” (p. 58). Nesse 
sentido, a análise estilística mostra-se relevante na maneira em que “sem interpretação e 
enquadramento, iluminação e comprimento de lentes, composição e corte, diálogo e trilha 
sonora, não poderíamos apreender o mundo da história” (p. 57-58). 
Desdobrando esse raciocínio, Kristin Thompson (2003) percebeu que as principais 
características do cinema clássico hollywoodiano se repetiam nas produções televisivas 
estadunidenses, sobretudo em se tratando de narrativas ficção, o que possibilitou o início de 
um estudo sobre o estilo televisivo. Em diálogo com essa observação, Jeremy G. Butler (2010) 
dedica-se a uma metodologia de análise estilística voltada exclusivamente à televisão, 
relacionando as obras com o contexto cultural em que estão inseridas. 
Esse percurso vai ao encontro do que Simone Maria Rocha (2016) executa em se tratando 
de estilo na ficção televisiva brasileira: a autora explica que “a televisão apoia-se no estilo – 
cenário, iluminação, videografia, edição e assim por diante – para definir o tom/atmosfera, para 
atrair os telespectadores, para construir significados e narrativas” (p. 24). Para ela, o estilo 
televisivo pode “denotar, expressar, simbolizar, decorar, persuadir, chamar ou interpelar, 
diferenciar, significar ao vivo”, além de estar presente “na interseção de padrões culturais, 
econômicos, tecnológicos e de códigos semióticos/estéticos” (p. 34). 
Em complementação, Míriam Cristina Carlos Silva (2018) propõe um processo 
metodológico para observação de aspectos poéticos nos meios audiovisuais. Para a autora, que 
se dedica à análise de produções ibero-americanas, deve-se, inicialmente, observar o objeto 
“anotando os elementos de maior peso dramático” (p, 7); em seguida, deve-se assistir 
novamente ao produto, atentando-se a “aspectos estéticos, tais como o uso da cor, 
enquadramentos, elementos de cena, figurino e ambientação” (p. 7). Juntamente à descrição 
das cenas, deve-se pontuar aspectos narrativos, para que, somado a isso, seja feita a leitura dos 
aspectos poéticos, “entendidos como ‘qualidade da linguagem’ criativa e criadora, capaz de 
comunicar por meio do sensível” (p. 7). 
 
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Em pesquisas antecessoras, apontamos que a análise estilística, sobretudo se 
acompanhada da análise narrativa, “é uma das metodologias capazes de compreender o 
conteúdo audiovisual manifestado pela televisão, sendo ela fundamental para estudar o 
envolvimento pela linguagem, ou melhor, o efeito comunicativo e cultural dos programas 
televisivos” (HERGESEL; FERRARAZ, 2017). As análises apresentadas neste trabalho, 
portanto, seguem ancoradas nos estudos narrativos e estilísticos, a fim de investigar como as 
nuances poéticas se formam no objeto selecionado. 
Para eleger as cenas e sequências, retomamos o procedimento metodológico apresentado 
por Renato Luiz Pucci Jr. et al (2013); para os autores, “basta que se analisem os pontos nodais 
da trama, isto é, aqueles que podem conter os elementos necessários para que se atinja o 
objetivo da investigação” (p. 97). Por fim, ficam definidos como corpus de análise para esta 
pesquisa a revelação de um mistério envolvendo a vida pessoal de Sophie (cap. 71); e a 
lembrança de um beijo entre Luísa e Marcelo (cap. 27). 
 
4. Nuances poéticas em As Aventuras de Poliana 
Adaptação do livro Pollyanna (1913), de Eleanor H. Porter, As Aventuras de Poliana 
(SBT, 2018-presente) tem autoria de Íris Abravanel e direção geral de Reynaldo Boury. Trata-
se da segunda narrativa televisiva brasileira inspirada no livro; a primeira foi Pollyana (TV 
Tupi, 1956-1957), versão assinada por Tatiana Belinky com direção de Julio Gouveia, que tem 
o título de “primeira telenovela infantojuvenil brasileira” (FRANCFORT, 2011, p. 6) – muito 
embora tenha sido precedida por Aladim e a Lâmpada Maravilhosa (TV Tupi, 1953), Oliver 
Twist (TV Tupi, 1955), Peter Pan (TV Tupi, 1955), Heidi (TV Tupi, 1956), entre outras 
produções de ficção seriadas. 
As Aventuras de Poliana conta a história de uma garota de 11 anos que viaja o Brasil 
com a trupe circense de seus pais, Alice e Lorenzo; após o falecimento de ambos, Poliana fica 
sob os cuidados da tia Luísa, que mantém uma personalidade sisuda e amargurada. Com 
moradia fixa em São Paulo, a garota faz novos amigos e participa da vida de todos a sua volta, 
mostrando o “jogo do contente”, uma estratégia que consiste em ver o lado positivo de todas 
as coisas. 
 
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www.compos.org.br/anais_encontros.phpDesde sua estreia, As Aventuras de Poliana tem sido a responsável pela maior audiência 
do SBT8, além de ser a telenovela mais exitosa fora da Rede Globo9. Vencedora do Prêmio F5, 
promovido pela Folha de São Paulo, na categoria de Melhor Novela de 201810, a narrativa 
apresenta, ao longo de sua trama, momentos de mistério, amor e comédia (dentre outros 
gêneros discursivos), muitas vezes registrados de modo a extrapolar o prosaico cotidiano e 
injetar preciosidades expressivas na mise-en-scène. 
 
4.1. Nuances poéticas do mistério 
Sophie é professora de música na Escola Ruth Goulart. Iuri é professor de teatro. Iuri 
passa a se interessar romanticamente por Sophie, mas ela diz ser noiva. Sempre que 
questionada sobre a identidade do cônjuge, Sophie desconversa. Iuri, então, passa a seguir os 
passos da moça para saber que segredo ela esconde. Nessa perseguição, descobre que, quando 
inventa que se encontrará com o noivo, a professora na verdade vai a um clube misterioso. Iuri 
descobre, ainda, que, para entrar no tal clube, é necessário apresentar uma aliança e dizer a 
senha “buque no chão”. Disposto a desmascarar Sophie, o rapaz se infiltra no local. 
A cena analisada – parte do capítulo 71, que foi ao ar em 22 de agosto de 201811, 
configurando o clímax (ponto nodal) de uma linha de enredo que vem sendo construída desde 
os primeiros capítulos – mostra o momento em que Iuri entra no clube e reconhece Sophie. 
Num primeiro momento, vemos Iuri em uma fila indiana, aguardando sua vez para entrar no 
local; o caráter de prosaico prevalece, mesmo que o cenário contenha elementos musicais 
pintados na parede e uma única lâmpada seja a referência de iluminação da externa noturna. 
Iuri observa o modo como os que estão à sua frente são tratados (alguém os aborda por uma 
abertura na porta e solicita uma senha) e aguarda, de modo ansioso, pela sua vez. 
A ansiedade de Iuri torna-se um recurso narrativo que tende a colaborar com a proposta 
de mistério: cria-se uma atmosfera de expectativa em torno da possibilidade de o professor ser 
barrado ou, por algum motivo, desistir de adentrar o estabelecimento. Salvo esse aspecto, a 
narrativa se mantém de modo convencional, até que chega o instante de ele ser atendido: o 
 
8 Segundo dados do Kantar IBOPE Media. Disponível em: https://bit.ly/2bdYwyy. Acesso em: 19 fev. 2019. 
9 Como registrado no Portal RD1. Disponível em: https://bit.ly/2GNMgW2. Acesso em: 19 fev. 2019. 
10 Reynaldo Boury agradece prêmio de “Melhor Novela de 2018” | As Aventuras de Poliana. YouTube, 11 fev. 
2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rFa6P7qOP4I. Acesso em: 21 fev. 2019. 
11 Um dos mistérios de Sophie é revelado | As Aventuras de Poliana. YouTube, 22 ago. 2018. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=9hM6g14B-iE. Acesso em: 18 fev. 2019. 
https://bit.ly/2bdYwyy
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enquadramento do personagem é feito de dentro do clube para fora, por meio da abertura na 
porta (Fig. 1). 
Ainda que se mantenha colorido, tons pastel invadem o plano, destacando-se a porta cor 
de ocre e a iluminação amarelada, inclusive sobre o rosto de Iuri. O segurança é apresentado 
de costas, tendo somente sua voz como elemento para a formação de um imaginário a respeito 
desse personagem (a trilha sonora se responsabiliza pela imagem a ser construída). A quebra 
dos tons pastel ocorre somente com o fundo azul-escuro, em alusão à noite, e o brilho prateado 
na aliança de Iuri. 
Retomando as figuras de estilo, encontramos na aliança um símbolo12 de relação 
conjugal, com peso significativo para ser socialmente considerado um emblema13. Ainda nesse 
trecho, Iuri diz: “Hoje não esqueci a aliança”, o segurança pergunta: “Senha?”, e Iuri 
responde: “Buquê no chão”. O discurso verbal, enquanto componente do audiovisual, mesmo 
que pareça corriqueiro, tende a contribuir para o fomento de nuances poéticas. Na expressão 
“buquê no chão”, identificamos uma metáfora14 para um relacionamento que foi terminado. 
Quando o segurança abre a porta, um novo plano revela outra nuance poética, 
principalmente se considerados os efeitos de luz e sombra: o escurecimento toma conta, salvo 
pela luz interna (do clube), que permite a visualização do segurança (sem que seu rosto seja 
relevado) e de Iuri (Fig. 2). Os tons de preto, juntamente do posicionamento em que o professor 
se encontra, fortalece o clima de mistério, mas sinaliza que alguma nova informação será 
obtida, após a passagem do professor para dentro do local. 
O plano seguinte, responsável por apresentar o segredo de Sophie, ancora-se também na 
iluminação para produzir uma nuance poética: há um palco, enfeitado com tule, e, entre os 
holofotes, podemos ver uma banda cujas integrantes estão vestidas de noivas (Fig. 3). O rosto 
de Sophie não fica visível num primeiro momento, devido à forte luz sobre ele, sendo 
gradualmente revelado. A fumaça, ao fundo, é um elemento que parece relacionar a atmosfera 
de mistério com a ambiência de um show de rock. 
 
12 Símbolo “é uma representação significativa. Por exemplo, a balança, símbolo da justiça” (SUHAMY, 1994, p. 
45). 
13 Emblema “é um signo deliberadamente escolhido, que, da parte de um indivíduo ou duma comunidade, quer 
afirmar uma personalidade, divulgar a identificação de um valor, como uma divisa exprimida visualmente” 
(SUHAMY, 1994, p. 45). 
14 Metáfora é “uma comparação em que o espírito, induzido pela associação de duas representações, confunde 
num só termo a noção caracterizada e o objeto sensível tomado como ponto de comparação” (MARTINS, 2008, 
p. 121). 
 
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Soluciona-se parcialmente o mistério: quando Sophie diz que vai se encontrar com o 
noivo, na verdade está atuando como vocalista em um grupo musical. Mesmo assim, o mistério 
se prolonga com outros questionamentos: por que a professora mantém isso em segredo e qual 
é a razão do vestido de noiva? As respostas surgem com clareza no decorrer da narrativa; porém 
o desenrolar da cena faz alguns apontamentos a esse respeito. 
Quanto ao show musical, por mais que esse cenário torne justificável a presença de uma 
plateia, esse recurso (o povo na tela) está comumente presente nas narrativas produzidas pelo 
SBT, emissora cuja identidade se encontra nos programas de auditório e na tendência a estar 
em mesmo nível de proximidade com as camadas mais populares da sociedade. A importância 
da plateia é indicada com outro plano, que focaliza o coletivo a partir do cotovelo de uma das 
musicistas (Fig. 4), enquadramento que, por romper os paradigmas tradicionais, sugere outra 
nuance poética. 
Mais adiante, em novo enquadramento da plateia, Iuri é registrado caminhando ao fundo, 
sem destaque, praticamente ocultado pelos personagens vividos pelo elenco de apoio (Fig. 5). 
Cria-se, aqui, uma espécie de paradoxo15 televisual: embora Iuri seja importante para a cena, 
ele é menos importante (para Sophie) do que seu público. Essa ideia se ressalta com um plano 
detalhe na guitarra de Sophie (Fig. 6), sugerindo um fortalecimento no destaque que a 
personagem dá à música. 
Desde a entrada de Iuri até esse ponto da cena, a trilha sonora é composta por um 
instrumental diegético, em representação ao que a banda estaria tocando. Com o término dacanção que estava em andamento, Sophie é enquadrada em primeiro plano (Fig. 7), 
cumprimenta seu público com entusiasmo e, com os dentes cerrados, anuncia: “Nós somos as 
Abandonadas no Altar”. A essa altura, o segredo de Sophie foi sonora e visualmente revelado: 
ela foi abandonada pelo noivo e se juntou com outras mulheres, na mesma situação, para 
formarem uma banda de rock. 
Envolto pela plateia, Iuri sorri (Fig. 8), tendo sua face iluminada ora de forma excessiva, 
ora com ausência de luz, de acordo com a intensidade dos holofotes, que oscilam. O uso da luz 
se torna um diferencial para a cena, a ponto de os últimos frames serem “estourados” (Fig. 9), 
como em uma hipérbole16 visual de claridade/clareza. A montagem ainda acumula vários 
 
15 Paradoxo é a “formulação de um pensamento que parece ilógico ou contrário aos dados de experiência” 
(SUHAMY, 1994, p. 145). 
16 A hipérbole “consiste em usar formas e expressões (não plausíveis) que representem o exagero pretendido para 
se apresentar uma ideia” (HENRIQUES, 2011, p. 149). 
 
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planos, que compreendem registros em primeiro plano das demais integrantes e fumaça 
preenchendo o espaço. 
 
 
FIG. 1: Iuri apresenta sua aliança e se diz a senha para entrar no clube. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
FIG. 2: O segurança abre a porta para Iuri entrar no clube secreto. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
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FIG. 3: A iluminação revela, gradualmente, o rosto de Sophie. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
FIG. 4: O enquadramento da plateia é feito a partir do cotovelo de uma das integrantes da banda. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
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FIG. 5: Iuri caminha ao fundo, quase imperceptível em meio aos outros personagens. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
FIG. 6: Plano detalhe na guitarra azul de Sophie. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
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FIG. 7: O primeiro plano enquadra Sophie, com os dentes cerrados. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
FIG. 8: O primeiro plano enquadra Iuri, sorrindo para Sophie. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
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FIG. 9: A iluminação ofusca o plano. 
FONTE: As Aventuras de Poliana – capítulo 71 (22/08/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
Em síntese, vemos, nesta primeira cena, a ruptura do convencional, tanto pelos elementos 
cênicos quanto pelas alusões que se instauram. Os elementos narrativos, em especial os 
personagens e o espaço, são registrados por um viés estilístico que transcende o uso da câmera 
fixa, da angulação frontal, do figurino cotidiano ou da iluminação tradicional. Os recursos 
estilísticos do qual a narrativa se serve – a montagem atípica, composta por diversos planos 
curtos e curtíssimos; os enquadramentos peculiares, apresentando personagens pelas costas, ou 
a partir de um cotovelo, ou dando destaque a uma guitarra; o uso do vestido de noiva, para 
condensar um segredo que movimentava a trama e uma revelação que alteraria a história; a 
oscilação de cores para formar a atmosfera de mistério, usando tons pastel e tons escuros; e a 
iluminação, ora bastante ausente, ora extremamente intensa – são estratégias que, fortalecidas 
pelas figuras de estilo que perpassam a “textura tangível”17 do audiovisual, levam à formação 
de nuances poéticas. 
 
 
 
 
17 Retomando a expressão utilizada por Bordwell (2008, p. 58). 
 
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4.2. Nuances poéticas do amor 
Luísa é uma mulher contida e resguardada, tia de Poliana. Marcelo é professor de 
audiovisual da Escola Ruth Goulart. Luísa e Marcelo tiveram um namoro sério na adolescência, 
mas que chegou ao fim após boatos e mentiras alheias. Marcelo viajou para a Europa e Luísa 
se fechou para os sentimentos. Em determinado momento da vida, Marcelo retorna ao Brasil 
para visitar sua família e tem um encontro inesperado com Luísa. Esse evento é revisto por 
Luísa em suas lembranças. 
A cena analisada – capítulo 27, que foi ao ar em 21 de junho de 201818, configurando um 
ponto nodal por revelar a existência de um encontro entre o casal, após sua separação – já se 
sobressai do restante da história por ser um flashback, o que acarreta em um solavanco na trama 
(ao passo que o presente é determinado pela narração de Luísa, o passado é mostrado, numa 
proposta intradiegética, ou seja, construindo uma narrativa dentro da narrativa). Chamado de 
analepse, esse recurso estilístico já configura uma possível nuance poética, sobretudo quando 
a memória a ser apresentada é inédita para a narrativa – e não uma mera reprise de um momento 
já exibido. 
Imersos na trilha sonora diegética (isto é, que ajuda a compor a narrativa) de Sampa 
(Caetano Veloso), vemos Luísa e Marcelo, lado a lado, embora com olhares opostos, no balcão 
de uma lanchonete. À frente, próximo de Luísa, um lustre verde balança; ao fundo, um globo 
platinado gira. Há vegetação enfeitando as paredes e bicicletas penduradas como adorno. Uma 
garçonete passa ao fundo, carregando uma bandeja com copos (Fig. 10). 
Aparentemente composta pelo prosaico convencional, a cena começa a ganhar destaque 
quando são observadas as cores utilizadas: há uma predominância nos tons de marrom (que se 
alastra por todo o cenário) e de verde (nos figurinos de Luísa e Marcelo, no lustre à frente, nas 
árvores ao fundo, nas plantas pelas paredes, na toalha das mesas, na bandeja da garçonete, na 
bebida que está na bandeja, em duas figurantes e na suculenta [planta] que parece dividir o 
enquadramento). Ressalta-se, ainda, o fato de os olhos de Marceloserem castanhos e os olhos 
de Luísa serem verdes, relacionando-se com esses tons. 
Devido aos fones de ouvido, Marcelo não ouve quando Luísa pede uma água ao 
atendente. Enquanto guarda seu computador e seus fones, Luísa agradece ao barman e desperta 
a atenção do ex-namorado. O plano se volta a Marcelo, enquadrando-o à direita (Fig. 11), e a 
 
18 Flashback: beijo entre Luísa e Marcelo | As Aventuras de Poliana. YouTube, 21 jun. 2018. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=dMqko4crZTo. Acesso em: 18 fev. 2019. 
https://www.youtube.com/watch?v=dMqko4crZTo
 
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música é interrompida com fade out, dando espaço a um instrumental romântico extradiegético 
e a um efeito sonoro de sinos, muito utilizado no audiovisual em referência a fadas, a seres 
encantados e a situações de magia. Sugerimos: ao mesmo tempo em que podemos observar 
nuances poéticas, também podemos notar a utilização de vários clichês. 
A iluminação direciona certo brilho à face de Marcelo, sobretudo ao olhar. O rapaz sorri 
amigavelmente; um foco de luz preenche a parte inferior do espaço à esquerda. No plano 
seguinte, Luísa é enquadrada à esquerda (Fig. 12), também com a face iluminada e olhos 
brilhantes; à direita, algumas lâmpadas de decoração aparecem ao fundo. Pelo estilo como 
ambos foram registrados, a visualidade parece sugerir que Marcelo e Luísa se completam, 
reforçando as nuances poéticas da cena. 
O plano seguinte, retomando o enquadramento inicial, mostra Luísa e Marcelo lado a 
lado; desta vez, porém, os olhares estão conectados (Fig. 13). A garrafa de água é verde. A 
narração em off descreve: “Ele me viu, me chamou para sentar, e a conversa acabou rolando”, 
funcionando como um pleonasmo19 para a cena. Durante a conversa, Marcelo explica que 
continua morando na Europa e que só está em São Paulo para visitar a família. Uma trilha 
musical lenta, extradiegética, envolvendo violinos, intensifica a sensação de drama. 
O diálogo se prolonga quando Luísa relembra que o namoro dos dois terminou após uma 
série de mentiras que contaram ao rapaz, nas quais ele acreditou e, por isso, decidiu sair do 
país; em réplica, Marcelo diz que morar no exterior era um sonho e ele poderia aprimorar seus 
estudos de fotografia. Também diz que tentou entrar em contato, mas a moça nunca respondeu. 
Luísa afirma, então, que não aceitou a ideia de que o ex-namorado preferiu acreditar em outras 
pessoas a acreditar na palavra dela. 
Diante da reação constrangida de Marcelo, Luísa pede para que não falem mais do 
passado. Marcelo, então, pergunta se ela está solteira ou namorando. Ela diz que conheceu 
pessoas interessantes, mas nenhuma significativa. Já ele assume que namorou duas ou três 
europeias, mas nunca esqueceu Luísa. A trilha musical, nesse momento, se sobressai, 
intensificando-se e ficando mais alta. 
Após um corte com sobreposição de imagens, o casal aparece dançando, e a narração de 
Luísa também descreve essa decisão de irem para a pista de dança (Fig. 14). A trilha sonora, 
diegética, é preenchida por Esperando na Janela (Gilberto Gil, na voz de um coral). O efeito 
 
19 O pleonasmo “consiste em repetir, redundante mas justificadamente, uma ideia a fim de obter um efeito 
expressivo” (HENRIQUES, 2011, p. 150). 
 
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das luzes do globo platinado faz com que os personagens fiquem iluminados por círculos de 
luz. A montagem é feita com alguns planos curtos, ganhando destaque um plano detalhe no 
qual as mãos de Marcelo segura as mãos de Luísa. O fade out na canção de forró se mescla 
com o fade in de uma balada romântica, extradiegética, numa rápida sobreposição sonora. 
Ao som de Rock And Roll Lullaby (Pato Fu), os casais figurantes se afastam, voltam para 
as mesas ou se retiram de cena. Marcelo faz Luísa se aproximar vagarosamente para perto dele 
(Fig. 15). Ele passa uma das mãos nos cabelos dela. Ela desliza uma das mãos pelo peito dele. 
Ele encosta uma das mãos na cintura dela. Após alisar a barba dele, Luísa sorri. Um plano 
detalhe focaliza o globo platinado girando, e a movimentação de câmera se direciona para 
baixo, registrando o beijo do casal em câmera alta. A cena se encerra num plano frontal que 
enquadra o casal de beijando. 
 
 
 
Fig. 10: Luísa e Marcelo estão lado a lada, mas não se veem. Sampa predomina na trilha sonora. 
Fonte: As Aventuras de Poliana – capítulo 27 (21/06/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
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Fig. 11: Marcelo é registrado em primeiríssimo plano, à direita, ao som de efeitos sonoros de sinos. 
Fonte: As Aventuras de Poliana – capítulo 27 (21/06/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
Fig. 12: Luísa é registrada em primeiríssimo plano, à esquerda, ao som de efeitos sonoros de sinos. 
Fonte: As Aventuras de Poliana – capítulo 27 (21/06/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
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Fig. 13: Luísa e Marcelo conversam amigavelmente. Um instrumental lento predomina na trilha sonora. 
Fonte: As Aventuras de Poliana – capítulo 27 (21/06/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
Fig. 14: Luísa e Marcelo dançam juntos. Esperando na Janela predomina na trilha sonora. 
Fonte: As Aventuras de Poliana – capítulo 27 (21/06/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
 
 
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Fig. 15: Luísa e Marcelo fixam seus olhares um no outro. Rock And Roll Lullaby predomina na trilha sonora. 
Fonte: As Aventuras de Poliana – capítulo 27 (21/06/2018). Direção de Reynaldo Boury. São Paulo: SBT, 2018, 
telev., son., color. 
 
Se a trilha de imagem já propõe uma avalanche expressiva, sobretudo em se tratando de 
cores e enquadramentos, a trilha sonora denota a capacidade de transitar entre diversos 
elementos musicais, aparentemente distintos. Da música popular brasileira ao instrumental 
dramático; do forró nordestino à balada romântica internacional, a composição musical, 
mesclando sons diegéticos e extradiegéticos, demonstra que a transição entre si tremula a 
narrativa convencional e engloba uma nova marca estilística na produção de uma história de 
amor. Em suma, os tons de verde e marrom, a sensação de incompletude/complementação entre 
os personagens, o uso de um recuo na cronologia da história, somados à maneira como as 
músicas e os efeitos sonoros são apresentados, constituem outras amostras de nuances poéticas, 
ainda que em uma situação dramática bastante clichê em ficção audiovisual. 
 
5. Considerações finaisNeste artigo, estudamos a relação sutil entre poesia e televisão, por meio de uma 
investigação acerca de como se formam as nuances poéticas na ficção televisiva brasileira, 
utilizando como objeto de estudo dois recortes da telenovela As Aventuras de Poliana (SBT). 
Um primeiro olhar mostrou que tais cenas pareciam não somente retratar parte do cotidiano 
dos personagens, mas também explorar os efeitos estilísticos capazes de fomentar a intensidade 
 
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das ações; a observação mais aprofundada apontou para a corroboração dessa perspectiva e 
para a ratificação da hipótese inicial: a ficção televisiva brasileira pode, de fato, ser composta 
por passagens que trazem consigo potencialidades expressivas capazes de abalar a linearidade 
do corriqueiro e se esbarrar no invólucro sensível do lirismo. 
De acordo com a pesquisa de fundamentação teórica realizada, vimos que a poesia é uma 
instância comunicacional que não se limita aos textos literários, mas pode estar presente em 
outros produtos midiáticos, como as obras de ficção televisiva. Vimos também que, quando 
elementos próprios da poesia se manifestam em modalidades expressivas que não se 
configuram prioritariamente como objetos de arte, desenvolve-se a ideia de poético. Vimos, 
ainda, que o poético, no âmbito televisivo, costuma despontar em telenovelas e séries de cunho 
experimental ou com uma proposta linguística inovadora; no entanto, algumas partículas 
expressivas podem estar presentes nos mais cotidianos e corriqueiros produtos, fenômeno que 
denominamos “nuances poéticas”. 
As nuances poéticas, tendo em vista o embasamento no qual esta pesquisa está ancorada 
e as análises aplicadas a uma produção de TV aberta brasileira, podem se definir como 
potências comunicativas, energizadas (ou não) por cargas sócio-histórico-culturais, que 
provocam certa agitação na estabilidade do prosaico. Utilizando-nos das próprias nuances 
poéticas, podemos alegorizar que elas são o raio de sol que se espreme entre nuvens carregadas 
para nos despertar em uma manhã chuvosa; o vaga-lume que pisca em meio à escuridão de 
uma madrugada na área rural; o momento de pulsação mais intensa dentre os batimentos de 
um coração normalmente ritmado. 
Conforme o aporte metodológico revisitado, para que as nuances poéticas sejam 
detectadas, descritas, refletidas e comentadas, a análise estilística acompanhada dos estudos 
narrativos se mostra eficaz. Nos casos analisados, considerou-se que o jogo de efeitos visuais 
e sonoros – dentre os quais podemos citar: enquadramentos peculiares; figurinos simbólicos 
ou combinados; oscilação ou harmonização de cores; utilização excessiva ou escassa da 
iluminação – desestabiliza o convencional, provocando inovações (ou renovações) e rupturas 
na respectiva telenovela. 
Por fim, a discussão aqui apresentada buscou entender parte da complexidade e da 
especificidade atribuída à televisão, em esfera nacional, no segmento da TV aberta, com foco 
na ficção seriada e, particularmente, na telenovela As Aventuras de Poliana (SBT). A 
abordagem utilizada concentrou-se na poética da narrativa (contexto da criação) e na 
 
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possiblidade de apreensão dos recursos estilísticos utilizados (contexto da fruição), sob o viés 
das dimensões discursivas e comunicativas, privilegiando um gênero enraizado na cultura 
brasileira. Esperamos que tal estudo cumpra com os propósitos de fomentar os debates sobre 
teorias e métodos envolvendo os fenômenos televisivos, bem como sirva como encorajamento 
para pesquisas futuras, no que se refere à temática apresentada. 
 
Referências 
 
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brasileiro contemporâneo. 2013a. 179f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Informação) – Universidade 
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