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ROBERTA PITTAS BELÉM Marcadores tumorais: impactos no diagnóstico do Câncer Trabalho AP3 – Introdução à Biologia Molecular Marcadores tumorais são macromoléculas presentes no tumor, sangue ou outros fluídos biológicos cuja presença ou alteração está relacionada com a gênese e o crescimento de células neoplásicas. Funcionam como indicadores de presença do câncer, e podem ser produzidos pelo próprio tumor ou pelo organismo em reação à presença do tumor. Em sua maioria são proteínas, ou fragmentos de proteínas. Auxiliam em processos de diagnóstico, avaliação de abordagem terapêutica, estadiamento e monitoramento do tumor. Podem ser avaliados quantitativamente ou qualitativamente por métodos bioquímicos, imunológicos, moleculares, citológicos, histológicos. e por testes genéticos para pesquisas de oncogenes, genes supressores de tumores e alterações genéticas, posto que todo tumor é desencadeado por alguma espécie de anormalidade gênica ou cromossômica, sendo a identificação molecular de mutações e polimorfismos genéticos de grande importância para determinar a suscetibilidade individual ao câncer. Há vários produtos moleculares analisados como marcadores tumorais além das proteínas, como enzimas, antígenos, moléculas do sistema imune, receptores de membrana, hormônios, cromossomos, oncogenes e genes supressores. Alguns tipos de marcadores encontrados no sangue, urina e outros líquidos corporais são chamados de marcadores tumorais circulantes. São utilizados para vias de prognóstico, remissão, eficácia do tratamento e monitoramento do tumor. Em níveis elevados podem sugerir a presença da doença, mas seu resultado não deve ser analisado sozinho, e sim combinado com outros exames de imagem ou biópsias para fins de diagnósticos mais precisos. Alguns exemplos são o PSA (antígeno prostático específico) extraído através do sangue e de grande relevância para diagnóstico de câncer de próstata, e a Calcitonina, também obtida através de análise bioquímica do sangue e usada para fins de diagnosticar câncer medular na tireóide, bem como eficácia do tratamento e eventual recidiva. ROBERTA PITTAS BELÉM Marcadores encontrados em amostras de tecido do tumor são chamados marcadores de tecidos tumorais, e são utilizados para diagnosticar e classificar o tipo de câncer, estimar o prognóstico e a conduta terapêutica a ser administrada pelo médico. Um exemplo é o receptor de estrogênio e progesterona no câncer de mama, que determina a eficácia da terapia hormonal para a paciente, e o PD-L1 analisado em vários tipos de câncer para determinar se o tratamento inibidor de controle imunológico tem indicação. A suscetibilidade humana individual ao câncer também pode ser estimada através de marcadores genéticos, com destaque para os oncogenes, genes supressores, produtos proteicos de oncogenes e alterações cromossômicas. Os oncogenes ao serem ativados descontrolam as sinalizações celulares da divisão, do desenvolvimento e da mobilidade celular, e descoordenam as sínteses de receptores de membranas. Os mais conhecidos estão hiperexpressos nas sínteses de proteínas ou enzimas, como nos genes ALK, Her-2 e EGFR. Há também os oncogenes que, ao sofrerem mutações em seus DNA, podem alterar estruturas proteicas envolvidas em diversas sinalizações celulares, como os genes BRAF e Ras. Os genes supressores ao serem desativados falham no controle apoptose celular ou na correção de mutações que ocorrem em moléculas de DNA. Cromossomopatias ocorrem quando há quebra de cromossomos com formação de genes quiméricos, que passam a atuar como oncogenes, como é o caso do gene BCR/ABL. Um outro tipo de cromossomopatia é causado por aberrações cromossômicas, ou aneuploidia, fatos que acometem os cromossomos 3, 7, 17 e 21. Mutações na expressão gênica podem desencadear uma série de doenças, para que uma neoplasia aconteça é necessário que antes haja uma sequência de alterações genéticas, e a possibilidade de identificação dessas alterações antecipa o risco de diagnóstico para ocorrência de diversos tipos de tumor. Alguns biomarcadores e seus respectivos mecanismos de ação serão abordados a seguir. O gene supressor P53 localizado no cromossomo 17 codifica uma fosfoproteína chamada proteína P53, e tem papel relevante no controle do ciclo celular, prevenindo o aparecimento do câncer. Essa proteína codificada atua na reparação do DNA, ao bloquear a duplicação celular de células que sofreram injúrias no DNA, permitindo assim que enzimas de reparo atuem na correção dos erros. Quando tais erros são irreparáveis, a p53 pode ativar vias ROBERTA PITTAS BELÉM apoptóticas, levando a célula à morte. Disfunções que comprometam o funcionamento desse gene são observadas com frequência no aparecimento e desenvolvimento de tumores. Os oncogenes K-ras são uma família de genes que sofreram mutação e atuam como oncogênes. Sua hiperexpressão é frequentemente encontrada em tumores malignos, mutações específicas nesses genes são de auxílio para determinar a sobrevida e o prognóstico do paciente, bem como avaliar a resposta terapêutica. O C-erbB-2 é um oncogene pertencente à uma família de receptores de membrana, que se encontra amplificado e hiperexpresso em alguns tipos de carcinomas de mama, e vem sendo associado à sua expressão um mau prognóstico, com maior chance de recidiva tumoral e menor tempo de sobrevida. A expressão gênica do C-erbB-2 também foi observada de forma acentuada em outras neoplasias, como no adenocarcinoma de pulmão, no qual o produto proteico de C-erbB-2 é associado à um pior prognóstico. Pesquisadores estão dedicados a desenvolver novos biomarcadores para diagnóstico precoce de tumores, bem como analisar a eficácia do tratamento e previsão quanto à recidiva da doença. Pode-se concluir, portanto, que marcadores tumorais devem ser usados de forma complementar com outros exames, como os de imagem, por exemplo, no auxílio para um diagnóstico mais preciso e abordagem terapêutica adequada. Pode-se observar que pacientes com marcadores tumorais elevados de início mas que se regularizam com uma correta intervenção terapêutica, apresentam uma evolução favorável. Já pacientes em que os marcadores tumorais permanecem altos mesmo após a abordagem terapêutica, tem um prognóstico menos favorável. ROBERTA PITTAS BELÉM Referências Bibiográficas PACHECO, Christina et al. Pesquisa translacional na era pós-genômica: avanços na área da transcriptômica. Rio de Janeiro, v. 43, n. especial 2, nov/2019; p. 169-180. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/sdeb/v43nspe2/0103-1104-sdeb-43-spe02-0169.pdf> WÜNSCH FILHO, Victor; FIGARO GATTÁS, Gilka. Biomarcadores moleculares em câncer: implicações para a pesquisa epidemiológica e a saúde pública. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, mai-jun/2001. P. 467-480 Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/csp/v17n3/4631.pdf> ARAÚJO, Jéssica Hanne Gonzaga de. Principais marcadores tumorais utilizados na prática clínica: uma revisão bibliográfica. 2013. 68 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) – Centro de Ciência da Saúde. Da Universidade Federal da Paraíba. 2013. Disponível em https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/566/1/JHGA11072014.pdf NAOUM, Flávio Augusto; NAOUM, Paulo Cesar. Marcadores Tumorais: uma revisão até 2018. Disponível em: <https://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/temas- avancados/Marcadores_tumorais.pdf> VERA-LOZADA, Maria Gabriela. Estudo da expressão gênica em modelos complexos: o linfoma Hodgkin clássico. 2013. 180 f. Dissertação (Mestrado em Oncologia) – Programa de Pós- Graduação em Oncologia - Instituto Nacional de Câncer José Gomes da Silva, 2013. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/bvscontrolecancer/publicacoes/Estudo_expressao_genica_em_mod elos_complexos_linfoma_do_Hodgkin_classico_Lozada_Maria_Gabriela_Vera.pdf>https://www.scielo.br/pdf/sdeb/v43nspe2/0103-1104-sdeb-43-spe02-0169.pdf https://www.scielo.br/pdf/csp/v17n3/4631.pdf https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/566/1/JHGA11072014.pdf https://www.inca.gov.br/bvscontrolecancer/publicacoes/Estudo_expressao_genica_em_modelos_complexos_linfoma_do_Hodgkin_classico_Lozada_Maria_Gabriela_Vera.pdf https://www.inca.gov.br/bvscontrolecancer/publicacoes/Estudo_expressao_genica_em_modelos_complexos_linfoma_do_Hodgkin_classico_Lozada_Maria_Gabriela_Vera.pdf
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