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DEFINIÇÃO: Urólitos são concreções minerais (saturadas) formadas por: Cristaloides orgânicos/ inorgânicos (90-95%) secretados na urina + matriz orgânica (5-10%) da parede das vias urinárias Cristais: micro (não significam enfermidade, mas podem predispor) Urólito: macro Cristais (microformações) na maioria dos cães vão estar presentes principalmente se for um animal que concentra urina, não significando que o animal possui urolitíase. Ao ganhar tamanho, receberão o nome de urólitos (macro). Principal medida para evitar a formação do urólito é mudar a dieta do animal. Se possuir o urólito, os cristais podem me auxiliar no diagnóstico do tipo de urólito presente (sugerem o núcleo de formação do cálculo) Cristaloide em excesso na urina forma o urólito. CAUSAS Excesso de cristaloide por: Deficiência de eliminação Sedimentação por mudança de pH Dieta do paciente LOCALIZAÇÃO Denominados de acordo com sua localização: Renólitos (comum) pelve renal possui uma pequena capacidade de retenção de urina. Excesso de soluto sedimentando e se unindo formando urólitos. Ureterólitos (migratório do rim) Urocistólitos (mais comuns). A bexiga armazena urina, o excesso de mineral, faz com que ocorra o sedimento e agregação dos cristaloides e o resto das paredes da bexiga. Uretrólitos (migratório da bexiga) Tratamento somente se for considerado um cálculo dissolvível, se não, o único tratamento é cirúrgico. Encontrar o cálculo e saber a origem Mais comuns: Estruvita (dissolve com a mudança de dieta do paciente) Oxalato de Ca (não se dissolve) Cristaloides eliminados via renal (urina hipersaturda), formam um núcleo que ganhará tamanho (agregação da matriz orgânica) até formar o cálculo. O cristaloide aumenta sua solubilidade (decantação) na bexiga ou pelve renal em decorrência principalmente do pH. Urina cheia de cistais de estruvita com pH alcalino (cristais aumentam a solubilidade) favorecerá a formação do urólito. pH alcalino= estruvita Excesso de cristais de oxalato de cálcio e pH ácido (aumento da solubilidade do cristaloide) favorecerá a formação do urólito. pH ácido= oxalato de Ca ETIOPATOGENIA Excesso de cristaloide e condições adequadas: 1. Excreção renal de cristaloides em excesso 2. Tipo de pH urinário e solubilidade do cristalóide 3. Perda de proteção da via urinária (maior descamação da parede-glicosaminoglicanos) 4. Falta de inibidores de cristalização: Rim libera inibidores de cristalização, mas nem sempre são suficientes para inibir a formação de urólitos (alguns animais possuem deficiência de inibidores) 5. Dieta rica em proteínas Possuem maior probabilidade de formar urólitos de cistina. FATORES PREDISPONENTES 1. Retenção urinária: Animal que faz retenção urinária- permite maior precipitação de sais e favorece a formação de núcleos 2. Mudança do pH urinário (na infecção urinária) Infecções urinarias( bactérias produzem amônia e o pH fica alcalino)+ inflamação+ descamação= formação de urólitos de estruvita. 3. Dietas Dietas que levam a hipercalcemia (cálcio é excretado via renal)- formação de urólito de oxalato de Ca. OBS: Cálculos (causa primária) podem gerar a infecção urinária ou a infecção urinária (causa primária) pode gerar cálculo de estruvita. EX: Paciente iniciou com um cálculo de oxalato de Ca que causou trauma na via urinária- infecção bacteriana- alcalinizou a urina e inicio de formação de urólito de estruvita, formando cálculos mistos. 4. Baixa ingestão de água Animais que bebem pouca água: urina hipersaturada (pouco diluída). 5. Hereditariedade Deficiência no metabolismo do ácido úrico (Dalmatas e Bulldogs)- acúmulo de ácido úrico que na forma de urato formará cálculos de urato. CONSEQUÊNCIAS Cronicidade: formação de pólipos (associados a estímulos prolongados- estimulo de lesão inflamatória crônica-pode levar a formação maligna). OBS: Nem todo cálculo é radiopaco, mas os principais (oxalato e estruvita) >3cm podem aparecer no RX. No ultrassom, todo cálculo >3cm aparece PRINCIPAIS URÓLITOS CÁLCULOS DE ESTRUVITA: É o principal em cães e pode vir a ocorrer em felinos. Estruvita+ carbonato+ cálcio apatita Mais comum em fêmeas caninas (por conta das infecções urinárias) Staphylococus e Proteus produzem uréia que formará amônia (NH3) e alcalinizará o pH favorecendo o aparecimento do cálculo. Estruvita+ magnésio+ cálcio= FOSFATO TRIPLO MAGNÉSIO. Predisposição racial: Schnauzer e Cocker- menor quantidade de inibidores de cristalização. Gatos- cistite intersticial (DITUIF) OXALATO DE CÁLCIO Naturalmente a urina do cão é acida (favorece) Comum em animais que ingerem pouca água Cães machos de meia idade e castrados (relação da testosterona) Cães obesos (retém urina) Hipercalcemia Raças predispostas: Schnauzer, York, Lhasa, Shihtzu. Gatos: dieta acidificante, meia idade a idosos, machos e castrados. (Persa e Himalaia) O oxalato é proveniente da dieta e do metabolismo do ácido ascórbico (vitamina C- acidifica a urina) Infecção do Trato Urinário (ITU)- secundária a irritação de mucosa. URÓLITO DE URATO FATORES PREDISONENTES: Dalmata e Buldog- não metabolizam acido úrico, levando a predisposição. Desvio porto-sistêmicos- faz com que o ácido úrico não passe pela metabolização hepática O cálculo muitas vezes auxilia no diagnostico do desvio. ITU- secundária a irritação da mucosa. OBS: Paciente com infecção urinária recorrente (3 a 4 crises de cistite) paciente é tratado, melhora mas depois volta a ocorrer. Prestar atenção se há urólito presente!!!! URÓLITO DE CISTINA pH ácido. Pouco frequente em cães e rara em gatos. Machos adultos (4-6anos) Calculo relacionado á animais com defeito do transporte de aminoácidos (deveriam de ser reabsorvidos no túbulo contorcido) ficando em grande quantidade na urina do paciente. (ornitina, lisina e arginina). Raças predispostas: Bulldog, Daschshunds, Basset e Bullmastiff. Relacionado a dietas hiperproteicas. Geralmente são múltiplos cálculos Comum na bexiga e uretra Recorrência é alta, necessita de correção na dieta do animal. ITU- secundária a irritação de mucosa SINAIS CLÍNICOS DAS UROLITÍASES TODAS POSSUEM A MESMA SINTOMATOLOGIA: Hematúria (irritação da parede) Disúria (sensibilização de neurônios pela irritação) Extrangúria (obstrução parcial) Polaciúria (irritação, urina torna-se um agressor) Uropatia obstrutiva - insuficiência renal pós-renal e azotemia Mais comum em machos (obstrução) Uremia (vomito diarreia, anorexia) Desidratação (taxa de filtração glomerular (TFG) parada, paciente não ingere água e perde água pelo vomito e diarreia)- pode levar ao choque Prostração Algia abdominal Hidronefrose (retenção de urina via pelve renal podendo levar a perda do tecido renal) DIAGNÓSTICO Anamnese/História clínica/Exame físico Exames complementares de urólitos: pH- facilita solubilidade de alguns sais (cuidar a mudança por infecção secundária) Sinais infecciosos e inflamatórios Presença de cristais Sempre que possível, solicitar a urocultura e antibiograma (para descobrir a origem e saber como tratar). Hemograma (para ver se há comprometimento do Trato Urinário Superior- ascendência e infecções como pielonefrite); Bioquímica depende do quadro do paciente (paciente obstrutivo- problemas na excreção de ureia, creatinina, fósforo e cálcio) ECG- solicitar quando alteração na ausculta cardíaca, sinais musculares ou neurológicos (hipercalemia) Na retirada do cálculo faço análise qualitativa e quantitativa (quem é o cálculo e como irei tratar o paciente) RX (cálculos radiopacos) e ultrassom- mínimo 3 cm. Ultrassom também nos permite avaliar osrins com fluxo parado (presença de hidroureter ou hidronefrose- pelve renal distendida e ureter dilatado). TRATAMENTO Fluidoterapia Para haver diurese e “lavar”a bexiga- remoção de sedimentos da urina, recuperar o estado hidroeletrolítico e estado acidobásico do paciente. Tratamento da obstrução Reestabelecer o fluxo sanguíneo desobstruindo o paciente Antes da sondagem ou urohidropropulsão (fazer o urólito voltar para a bexiga) - devo fazer a cistocentese. Cálculo de uretra de canino macho: Urohidropropulsão- com o dedo obstruir a uretra e injetar solução fisiológica para distender a uretra do paciente (aumento de pressão e dilatação irão permitir que o cálculo se desloque para o meio externo) Urohidropropulsão retrograda: Caso não funcionar a técnica anterior: obstruo a uretra peniana e pélvica, distendo a uretra e libero o refluxo para a bexiga e depois retiro o cálculo por cistotomia. Tratar a ITU OBS: Se realizar a cateterização (monitorar se ela não levou a ITU) Dissolução clínica de urólitos (prolongada e de alto custo)- média de 4 meses. o Dieta- há dieta especifica para cada tipo de cálculo, porém não posso prolongar o uso (cuidar o pH para não formar outro tipo de cálculo)- uso a dieta 4meses e depois intercalo (1 mês sim, outro não/ 2 meses sim, outro não) o Água (dieta úmida/legumes-cenoura, chuchu) o Medicações Procedimento cirúrgico (obstrução, recidiva ou quando necessito avaliar o cálculo para fazer a abordagem preventiva). Estimular a micção NÃO TRATAR O CÁLCULO ANTES DE DESCOBRIR A ORIGEM DO CÁLCULO! TRATAMENTO CLÍNICO DO URÓLITO DE ESTRUVITA Primeiramente devo ter certeza do tipo de cálculo. Corrigir a ITU Reposião hídrica, eletrolítica e correção ácido básica (azotemia) Na primeira apresentação do cálculo: o Cistotomia e dieta Animais com urólitos recorrentes: o Dieta calculítica o Inibidor da uréase Ácido acetoidroxâmico Ou o Acidificante urinário (geralmente já está na dieta) Cloreto de amônio ou Vitamina C TRATAMENTO CLÍNICO DO URÓLITO DE OXALATO Oxalato não dissolve. Cistostomia + dieta para evitar a formação de novos cálculos. Pouca proteína na dieta (maior digestibiidade)+ vit C e D (antioxidante e anti-inflamatório) e evitar alimentos ricos em oxalato (soja, sardinha, batata-doce, espinafre) Manter pH entre 7 e 7,5 e sem cristais o Alcalinizante (somente se o animal não receber a dieta comercial) Citrato de Potássio 100- 150mg/kg VO, BID TRATAMENTO CLÍNICO DO URÓLITO DE URATO Quando de origem genética- ácido úrico-utilizo inibidor de enzimas formadoras de ácidos úricos como: Alopurinol (inicia com dose alta e vai reduzindo, cuidar com pacientes renais) Dieta: Hill’s u/d previne os cálculos de urato Se for decorrente de desvio porto-sistêmico- realizar a cirurgia do shunt e descobrir as causas do mesmo (pesquisar doenças hepáticas). TRATAMENTO CLÍNICO DO URÓLITO DE CSTINA Calculo que possui base: cisteína- aminoácido Trato reduzindo a quantidade de cistina na urina: Efeito colateral: vômito. Deve ser administrada com o alimento e antiemético.. Bicarbonato de sódio pode alcalinizar a urina e desenvolver outros cálculos (cuidar) ITU- secundária TRATAMENTO CLÍNICO DO URÓLITO DE SILICATO Não se sabe em que pH é formado. Deve-se evitar dietas ricas em proteína vegetal PROGNOSTICO DAS UROLITÍASES Bom desde que tratado a tempo Recorrentes Cuidar a azotemia pós-renal (obstrução)- piora o caso Cuidar com ITU Cuidar com ruptura de uretra ou bexiga Deve-se vigiar o cálculo (a cada 2 meses realizar urinálise e urocultura) Sempre fazer análise do cálculo no pós- cirúrgico e fazer raio X pós operatório OBS: Ausência de cristalúria não exclui a presença de cálculo. E cristalúria leve a moderada não necessariamente está envolvida com cálculos.
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