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Como a criança ve e entende seu mundo?

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INFÂNCIA NA HISTÓRIA E NA
CULTURA CONTEMPORÂNEA
CAPÍTULO 4 - COMO A CRIANÇA VÊ E
ENTENDE SEU MUNDO?
Suellen Irene Pereira Pierri
INICIAR
Introdução
Antes de falarmos sobre a infância, devemos entender a criança. Quem são
as crianças hoje? Essa pergunta é fundamental, já que encaminha um debate
para pensarmos as concepções vigentes, assim como visualiza possibilidades
de mudança e melhorias no que se refere a essas concepções.
Então não há um conceito único de infância? A sociedade e as pessoas que
permeiam a vida da criança influenciam a maneira como ela vive sua
infância? Para pensar sobre isso, se faz necessário desconstruir padrões
baseados na ideia de que todas as crianças passam por esse período da
mesma forma. Deve-se caminhar na compreensão de que viver a infância
depende de situações econômicas, sociais, políticas e culturais de cada
família ou indivíduo. Esse olhar para a infância permite que se enxergue a
criança sem estereótipos ou pré-conceitos, mas de uma forma aberta e que
possibilite inúmeras interpretações e entendimentos sobre cada indivíduo e
tudo o que ele sabe e tem a oferecer.
Neste capítulo, você irá ampliar as discussões sobre as diversas formas de
viver a infância no mundo contemporâneo, no intuito de refletir sobre o que é
ser criança na sociedade de hoje.
Bom estudo!
4.1 Infância como um direito da
criança
Criança é cidadã de direitos. Essa frase soa como vento nos dias de hoje.
Todos sabemos que a criança é entendida, em especial nas teorias sobre a
infância, como ser de direitos, “em pleno desenvolvimento, social e histórico
que [...] marca e é marcado por uma determinada cultura (PIERRI, 2009, p. 1).
Porém, a criança tem esses direitos respeitados diariamente?
No que se refere à sua rotina, seja na escola, em casa ou entre os indivíduos
com que convive, as pessoas tendem a respeitar suas falas, desejos e
vontades, dentro das possibilidades de cada situação, e permitir a elas
compreender o mundo também a partir de si mesmas?
Devemos refletir sobre a maneira pela a qual as crianças são tratadas, os
direitos conquistados podem ser perdidos a qualquer momento, não apenas
de forma abrupta, mas por meio de simples gestos e palavras. Por este
motivo, é preciso estar atento a essas questões o tempo todo. 
4.1.1 Legitimação social dos direitos da criança
A criança não consegue viver sozinha. Diferentemente de outras espécies do
reino animal, as crianças precisam da ajuda de seus pais desde o nascimento
até larga idade. Quando pequenas, mal se movimentam e precisam de ajuda
para se alimentar, para se higienizar, para se vestir. Precisam ainda de um lar
e de um adulto que as provenha, já que não podem ainda se sustentar
sozinhas.
Sob essa perspectiva, o adulto na vida da criança atua como necessário ao
seu desenvolvimento e à própria sobrevivência. Porém, essa necessidade não
deve ser confundida com propriedade. Muitos adultos veem a criança como
sua propriedade, decidindo cada aspecto de sua vida, e quando em casa seus
familiares não o fazem completamente, há a escola e outras instituições que,
muitas vezes, cercam as crianças sob o discurso de proteção e
vulnerabilidade da infância.
É incontestável que a criança precisa de cuidados do adulto para sobreviver,
mas esse fato não deve ser usado para mascarar uma inabilidade ou
impossibilidade de permitir à criança gozar de seus direitos, em uma
concepção paternalista que prevê que a criança não tem capacidade ou
maturidade de tomar decisões por si mesmas.
É comprovado a partir de pesquisas  (PASCAL; BERTRAM, 1996; PRADO, 2012;
ENGDAHL, 2013) que as crianças são dotadas de iniciativa, quando querem
algo, indiferente de sua idade, fazem várias tentativas para alcançar seu
objetivo.
O trabalho de Engdhl (2013) trata da observação de crianças de um a três
anos em uma creche municipal sueca. Sua pesquisa se baseia em entender
como os bebês estabelecem relações entre si. A pesquisadora concluiu que
as crianças, desde muito cedo, se interessam pelo outro e se comunicam com
ele, cada um à sua maneira, e essa relação não depende do adulto para
acontecer, as crianças conversam e brincam entre elas a partir de si mesmas.
Prado (2012), em sua pesquisa com bebês em uma creche municipal de
Campinas (SP), constatou que as crianças eram capazes não apenas de
estabelecer relações entre si como havia iniciativa em conhecer os adultos
em profundidade.
Desta forma, é comprovado que as crianças têm um poder de decisão sobre
si mesmas e suas escolhas desde a mais tenra idade, das mais diversas
formas de comunicação de que dispõem, elas se comunicam e se relacionam
com quem querem e de diversas maneiras, sem necessariamente ter um
adulto mediando ou intervindo.
Pascal e Bertram (1996) tratam sobre o bem-estar e envolvimento da criança
nas escolas e concluem, sob vários aspectos, que as crianças têm
competências e são capazes de agir e decidir significativamente sobre suas
vidas, sendo que o resultado de suas ações, em conjunto com o trabalho dos
adultos, refletem diretamente em seu bem-estar e envolvimento na escola.
Se as crianças desde pequenas são capazes de fazer escolhas conscientes e
têm competências para escolher seguir seus próprios caminhos, porque
ainda existem discursos que deslegitimam a cidadania da criança, deixando
que os adultos façam todas as escolhas por elas? Há de haver uma
concepção corrente de que a criança é capaz de estabelecer múltiplas
relações, fazer escolhas coerentes com suas vontades baseadas em seus
aprendizados e relações constantes.
Aos adultos e instituições educacionais cabe o papel de escutar essa criança,
ampliar seus conhecimentos a partir do que já sabem e mediar suas relações
com os outros e com o mundo, na tentativa de fazer valer seus direitos de
cidadãos sociais que são com vontades, saberes e quereres próprios.
4.1.2 As diferenças entre as infâncias – ontem e hoje
Apesar de hoje haver um maior entendimento sobre a importância de dar voz
às crianças, como também um aumento de pesquisas sobre o tema da
infância e um conjunto de leis voltadas ao entendimento da proteção delas
em suas particularidades, socialmente, vários aspectos influenciam e
diferenciam as infâncias e a maneira que as crianças veem e entendem o
mundo à sua volta.
As infâncias das crianças em seus vários tempos e espaços foram –e são–
influenciadas pelos costumes e culturas da sociedade à sua volta, de forma
que a classe social, etnia, gênero, situação econômica a que cada criança está
exposta desde que nasce igualmente exercem sua interferência sobre a
maneira que a criança vive seu dia a dia.
Vivemos hoje a era da informação, momento em que, de acordo com Castells
(2002), o desenvolvimento das tecnologias impacta diretamente o campo
das relações humanas. Desta forma, entende-se que as crianças que vivem
suas infâncias neste momento são influenciadas por esses aparatos
tecnológicos e tudo o que advém dessa nova era informatizada.
Essa forma atual de viver a infância, cercada por facilidades tecnológicas,
permite às crianças viverem em um mundo que crianças de outras eras não
viveram, diferenciando, por si só, a infância de hoje da de nossos pais ou
avós.
Figura 1 - Nos dias de hoje, as crianças são imersas no mundo
informatizado a partir de suas próprias famílias. Fonte: Filimonov,
Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
São inúmeras informações, produtos, alimentos e imagens na distância de
um clique, permitindo aos pequenos adentrar mundos, consumir, conhecer
pessoas e se aventurarem nas mais diversas redes e das mais diversas
formas. 
Porém, ao mesmo tempo em que essa nova forma de entendimento de
mundo é utilizada para ampliar o conhecimento das crianças de forma rápida
e lúdica, também pode ser aplicada de forma a prejudicá-las, seja a partir de
imagens impróprias à idade, do incentivo ao consumo de produtos na
tentativa de manipular a criança a pedi-los a seus pais e ampliar vendas ou
em incessantes comerciais de alimentos nocivos à saúde e direcionados ao
público infantil, tudo tambémao alcance de um clique.
Cabe aos adultos ensinarem às crianças a ter o discernimento necessário
para separar o que há de bom e o que há de ruim nessa nova era da
informação rápida e dinâmica a que estão expostas, ao mesmo tempo em
Figura 2 - A informatização também leva a criança a um mundo de
conhecimentos. Fonte: Haywiremedia, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
que vigiam, na tentativa de minimizar possíveis danos que possam vir a ser
causados pela exposição a essas novas tecnologias de informação e
comunicação.
4.2 Consumismo, obesidade,
erotização precoce, banalização da
agressividade e violência na infância,
uso da tecnologia na infância
A criança contemporânea vive uma infância particular permeada pela
tecnologia, tendo à disposição uma variedade de programas televisivos para
entretenimento, rapidez na busca de informações, abundância em tipos de
alimentos industrializados e/ou prontos etc.
Essas possibilidades, ao mesmo tempo em que são progressistas e
facilitadoras do processo de conhecimento, entendimento e manipulação do
mundo infantil, trazem consigo alguns problemas, como altas taxas de
obesidade na infância e a transformação da criança em pequenos
consumidores.
Essa é uma discussão que tem adquirido seu espaço em pesquisas
acadêmicas, documentários e notícias de jornal e vem ganhando destaque
atualmente, afinal, é possível que as crianças aproveitem as possibilidades do
mundo contemporâneo sem serem prejudicadas?
4.2.1 Consumismo e obesidade infantil
A obesidade pode ser considerada hoje uma pandemia, pois afeta grandes
parcelas da população dos mais diversos locais do mundo. Em abril de 2017,
o Ministério da Saúde divulgou pesquisa apontando que a obesidade em
adultos passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. E a obesidade
acarreta outras doenças, como a diabetes que, de acordo com pesquisa do
Ministério da Saúde, passou de 5,5%, em 2006, para 8,9%, em 2016; e a
hipertensão que, no mesmo período, subiu de 22,5% para 25,7% (BRASIL,
2017).
VOCÊ SABIA?
O Ministério da Saúde lançou, em 2014, uma nova edição do
Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pela
primeira vez em 2005. A nova edição indica uma base
alimentar na tentativa de minimizar as doenças em ascensão
no país derivadas da má alimentação como hipertensão,
obesidade e algumas doenças crônicas, promovendo saúde.
Para mais informações, consulte:
<http://www.brasil.gov.br/saude/2014/11/ministerio-da-
saude-lanca-guia-alimentar-para-a-populacao-brasileira
(http://www.brasil.gov.br/saude/2014/11/ministerio-da-saude-
lanca-guia-alimentar-para-a-populacao-brasileira)>.
A obesidade não afeta somente os adultos, mas os hábitos alimentares
atuais das crianças também têm deixado os pequenos acima do peso e a
caminho de doenças. De acordo com estudo feito pela Organização das
Nações Unidas do Brasil (ONUBR), o sobrepeso em crianças de até cinco
anos no Brasil chegou a 7% em 2017 (ONUBR, 2017).
Em um documento lançado pela Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO) sobre segurança alimentar, Alan Bojanic,
representante do órgão no Brasil, alerta sobre a importância de dar a devida
atenção à alimentação da criança:
Precisamos estar muito atentos ao que as nossas crianças estão consumindo.
Apesar da rotina acelerada que muitos pais têm, é necessário que as famílias
se esforcem para garantir que os pequenos tenham acesso a alimentos
nutritivos e adequados para o desenvolvimento. A primeira infância influencia
muito nos adultos que formaremos (ONUBR, 2017, s. p.).
Importantes organizações estão se mobilizando e mostrando dados
alertando que a obesidade está crescendo no país, tanto em adultos quanto
em crianças, no entendimento de que essa é uma doença que está ligada a
hábitos adquiridos na contemporaneidade.
http://www.brasil.gov.br/saude/2014/11/ministerio-da-saude-lanca-guia-alimentar-para-a-populacao-brasileira
O consumo está diretamente ligado à obesidade, as crianças hoje são
consideradas pequenas consumidoras, com propagandas televisivas,
alimentos, objetos e brinquedos personalizados, tudo na tentativa de garantir
o interesse dos pequenos que, por sua vez, pedem que seus familiares os
comprem. Desta forma, a criança é cliente em potencial, consumidor de
determinado desenho ou personagem que rapidamente se transformará em
inúmeros objetos e diversas formas de alimento.
VOCÊ SABIA?
O Instituto Alana lançou em 2006 um  programa intitulado
“Criança e Consumo” que  promove ações em diferentes
esferas para alertar sobre o consumismo na infância e
fomentar o diálogo. O programa recebe denúncias de
publicidade abusiva dirigida às crianças e atua por meio de
ações jurídicas, pesquisa e educação, influenciando a
formulação de políticas públicas e o amplo debate na
sociedade civil. Para mais informações, acesse:
<http://alana.org.br/project/crianca-e-consumo/
(http://alana.org.br/project/crianca-e-consumo/)>.
As crianças são levadas a pensar de determinada maneira, instigadas em
todo momento sobre o que comer, ficando à mercê de propagandas que
impulsionam o consumismo em larga escala de alimentos que prometem
diversão, delícias e brincadeiras. Essas informações existem para conduzir a
criança a pensar da forma que os propagandistas querem e,
consequentemente, consumir o que eles estão vendendo.
http://alana.org.br/project/crianca-e-consumo/
As estratégias de marketing direcionadas às crianças não se referem apenas
à alimentação, mas também aos itens de consumo em geral. A mochila deve
ser do personagem favorito, assim como as estampas de roupas e sapatos
devem conter mensagens ou desenhos distintos. É a manipulação das
crianças por meio da propaganda.
O documentário Criança, a alma do negócio, da Maria Farinha Produções, faz
uma crítica ao consumismo na infância, impulsionado pela publicidade e
propaganda. Confira em: <https://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4
(https://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4)>. 
A criança é, então, bombardeada o tempo todo por informações de como se
vestir, o que assistir, o que comer, o que fomenta uma discussão sobre a
liberdade das crianças em suas escolhas, já que, muitas vezes, elas estão
Figura 3 - A maneira que a criança vê a comida é diretamente
influenciada pelas propagandas. Fonte: Inspiring, Shutterstock, 2018.
VOCÊ QUER VER?
Deslize sobre a imagem para Zoom
https://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4
sendo manipuladas através de desenhos e publicidade exacerbada.
Constata-se que o uso de tecnologias pelas crianças aumentou muito nos
últimos anos e elas passam muito tempo livre na televisão ou na internet, o
que diminui seu tempo de atividade física e aumenta suas probabilidades de
serem bombardeadas constantemente por propagandas, alimentícias ou não,
aumentando as chances de obesidade e manipulação midiática.
 Figura 4 - Desde
muito novas, as crianças passam tempo na frente da televisão, podendo
ser influenciadas pela publicidade e propaganda. Fonte: Greenland,
Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Desta forma, pode-se constatar que o consumismo e a obesidade infantil
estão intimamente ligados à quantidade de tempo que as crianças passam
assistindo televisão ou usando o computador, já que estes são os canais que
veiculam as propagandas de forma mais rápida e intensa.
Cabe à sociedade proteger as crianças de determinadas propagandas, assim
como aos familiares e pessoas próximas às crianças limitar seu acesso à
internet e televisão, já que as tecnologias, ao mesmo tempo em que geram
avanços, como a rapidez no acesso à informação, diminuição das distâncias
entre as pessoas, avanços na robótica e áreas industriais, entre outros,
podem ser prejudiciais quando utilizadas para exercer manipulação ou passar
informações deturpadas.  
4.3 As infâncias no mundo
contemporâneo
São várias as maneiras de viver a infância. O lugar e classe econômica em
que se nasce, a possibilidade de adquirir bens de consumo e quanto tempo
se passa na internet ou televisão, atualmente, influenciam a forma dea
criança ver e entender o mundo, assim como a maneira que ela vive sua
infância.
Hoje, como há mais tecnologia à disposição, as crianças estão mais
vulneráveis a ela. De alguma forma, e indiferentemente da classe social em
que vivem, elas têm contato com a televisão, jogos e internet, o que pode
acarretar diversas transformações em seu modo de agir e na formação de
valores.
De acordo com algumas pesquisas (MEDEIROS, 2001; SOUZA, 2003; BELLONI,
2004; entre outras) vários jogos, brinquedos ou músicas veiculados inúmeras
vezes nas mídias podem levar a criança a condutas que não condizem com
sua faixa etária ou à banalização de sentimentos e falta de empatia em
relação ao outro. Desta forma, o acesso às tecnologias influi diretamente no
modo como as crianças vivem e pensam o mundo e o outro.
4.3.1 O papel das tecnologias na infância
Em pesquisa realizada pela AVG Technologies em 2016 com famílias de todo
o mundo, 66% das crianças entre três e cinco anos de idade conseguiam
usar jogos de computador, 47% sabiam como usar um smartphone, mas
apenas 14% eram capazes de amarrar os sapatos sozinhos. No caso das
crianças brasileiras, o levantamento apontou que 97% das crianças entre seis
e nove usam a internet, e 54% têm perfil no Facebook (PLANALTO, 2017).
As crianças são vulneráveis aos apelos da mídia, por serem ainda indivíduos
em formação. Em 2014, foi promulgada a Resolução 163, que proíbe o
direcionamento à criança de anúncios impressos, comerciais televisivos,
spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchandising,
ações em shows e apresentações e nos pontos de venda.
Em contrapartida, uma pesquisa feita pelo IBOPE em 2016 aponta que
“anunciantes do setor de brinquedos e acessórios veicularam mais de sete
mil comerciais no mês que antecedeu o Dia das Crianças” (IBOPE, 2016, p. 1),
Figura 5 - Atualmente, crianças muito pequenas já têm familiaridade em
mexer no computador, tablet ou celular, mostrando que a tecnologia não
tem limitação de idade. Fonte: Suriyachan, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
isso apenas na televisão aberta, sem contar a publicidade nas redes fechadas
e internet.
Sendo assim, a resolução não teve impacto na maneira como é feita a
publicidade nos canais abertos de televisão, assim como o crescimento de
produtos com detalhes de personagens infantis, como materiais de papelaria,
alimentação e vestimentas está em grande ascensão no mercado. 
O livro "Crescer na Era das Mídias Eletrônicas", de David Buckingham (2007),
é baseado em extensas pesquisas e lança um novo olhar às preocupações já
estabelecidas sobre os efeitos das mídias nas crianças. O autor trata a
questão de modo desafiador e revigorante, envolvendo pesquisadores,
familiares, educadores, produtores de mídia e planejadores.
O mesmo pode ser dito sobre uma erotização precoce das crianças a partir
dos meios de comunicação, sendo que algumas propagandas ou programas
televisivos mostram determinadas cenas que não são indicadas para o
público mais jovem, assim como alguns brinquedos explicitam sexualidade e
padrões de conduta em suas formas.
Algumas campanhas publicitárias estimulam de forma precoce a erotização
infantil: programas de televisão estimulam a sexualidade das crianças através
de concursos de dança com músicas e coreografias insinuantes,
apresentadoras de programas posam nuas para revistas, maquiagens para
crianças estão cada vez mais sofisticadas, bonecas com corpos magros, seios
grandes e muitas trocas de roupas são vendidas para qualquer faixa etária,
revistas exploram os corpos das crianças com roupas e acessórios que se
adequariam ao público adulto, entre outras inúmeras situações (SANTOS,
2009, p. 7).
VOCÊ QUER LER?
Destarte, o consumismo infantil também está intimamente ligado à forma
pela qual a criança se enxerga ou como é vista pelos outros. Além do fato de
alguns brinquedos demonstrarem padrões de vestimenta, corpos ou
maneiras de ser às crianças, há as disputas por quem tem mais coisas de
determinados personagens, brinquedos que são “presenteados” àqueles que
têm condições de comprar determinados lanches, assim, as crianças são
levadas a ter ideias sobre si mesmas e do outro sob a neblina das diferenças,
daquele que tem ou não tem, daquele que é ou não é, o que leva a uma
desigualdade criada no plano do consumo, diferenciando aqueles que têm
condições de consumir determinados produtos e aqueles que não têm.
Alguns autores também culpabilizam a exposição à mídia e às tecnologias a
uma banalização da agressividade ou características violentas nas crianças.
“O conteúdo da mídia oferece uma orientação, uma estrutura de referência
que determina a direção do próprio comportamento do sujeito. A mídia
estimula e reforça modelos, principalmente entre as crianças” (MEDEIROS,
2001, p. 36).
Belloni (2004) trata como a mídia passa imagens de uma violência
generalizada através de filmes de guerras, lutas e modos de comportamento
agressivos, contribuindo para:  
[...] criação e consolidação de uma cultura jovem mundializada, cujas
características mais marcantes podemos assim resumir: consumismo,
narcisismo, banalização da violência como imagem do mundo urbano
contemporâneo, legitimação do uso de meios violentos como forma de resolver
conflitos, tudo isto levando à dessensibilização dos jovens com relação a cenas
de violência física e psíquica e sua consequência, o sofrimento do outro
(BELLONI, 2004, p. 579).
Souza (2003), em sua pesquisa sobre a implicação da televisão em uma
naturalização da violência, defende que os discursos da mídia estimulam a
construção, por parte do sujeito, de representações sobre o mundo e sobre
ele próprio, orientadas a partir de um sentido único, ou seja, a televisão
apresenta ao sujeito um mundo que não é o dele, assim como sensações e
experiências que o espectador realmente não vivencia, homogeneizando
sentimentos e fazendo com que uma grande parcela da população sinta e
viva as mesmas coisas de forma estereotipada.
A televisão oferece ao telespectador a ilusão de que ele se vincula a inúmeras
pessoas através do seu acesso a informações sobre as mais variadas
situações. Esse processo acontece, pois o discurso televisivo assume para o
sujeito o papel de portador de significados ao veicular imagens e discursos
construídos acerca dessas imagens, ou seja, a interpretação oferecida acerca
de uma situação vem corroborada pela verdade das imagens, dificultando a
possibilidade de construção de outros enunciados sobre elas (SOUZA, 2003,
p. 85).
E é dessa forma que a violência, assim como outras formas de mostrar o
mundo criadas pela mídia, se torna naturalizada, já que, segundo a autora,
essa forma subjetiva de encarar e entender certos fatos possibilita que o
sujeito encare como única e verdadeira as várias interpretações acerca do
mundo conseguidas a partir da mídia. “Acreditamos que a violência
secundária se manifeste através do trabalho do discurso televisivo, ao
transportar o telespectador do mundo espaço-temporal para o mundo
temporal das experiências mediatizadas” (SOUZA, 2003, p. 87).
Deve-se ter em mente que as tecnologias não são as únicas responsáveis
pelos hábitos de consumo e comportamento infantil, mas principalmente os
adultos e a sociedade, que caminham cada vez mais rápido em direção a uma
vida com a maior parte do tempo dedicado ao trabalho e ao uso incessante
da internet e televisão, passando esses valores e modos de vida às crianças.
Se criança é um ser social, ela está exposta aos modos de viver da sociedade
que está à sua volta desde o nascimento e direcionará seu entendimento de
mundo a partir daquilo que ela vê, ouve e vive diariamente a partir e com o
outro, sendo assim, é essa mesma sociedade que deve estar atenta ao que
está ensinando e mostrando às crianças, assim como cuidar daquilo que é
mostrado a elas através da televisão e internet.
As tecnologias vieram para ficar. Privar a criança do contato com a televisão
ou internet é algo que hoje beira o impossível, porém, cuidar da forma que
essa exposiçãoé feita é o desafio – e responsabilidade – dos adultos que
permeiam a vidas de crianças e adolescentes.
 
4.4 O brincar e as brincadeiras na
constituição do ser criança em
diferentes tempos e espaços culturais
Hoje, entende-se que o brincar é mais do que momento de diversão para a
criança, mas é forma de entendimento e ressignificação. Através da
brincadeira, as crianças estabelecem relações, criam e vivem papéis sociais
na tentativa de entender o mundo à sua volta e criar sobre ele.
Porém, esse entendimento é recente, até bem pouco tempo atrás, o brincar
era reconhecido como passatempo, forma simples de interação, tempo
perdido. A partir de estudos e pesquisas (BRITO, 2015; BROUGÈRE, 2001;
KISHIMOTO, 1996; 2002), hoje damos a devida importância à brincadeira,
compreendendo que essas relações no brincar acontecem desde o
nascimento do bebê, de maneira que ela é importante parte do processo de
entendimento de mundo e significação de conhecimento da criança.
4.4.1 O brincar como possibilidade de ação no mundo
De acordo com Laevers (2014, p. 159), é na brincadeira que as crianças
encontram o envolvimento. Quando brincam, elas mostram sinais de
satisfação, expressam sentimentos positivos, há um prazer explícito e
implícito nas coisas que fazem e nas quais se envolvem, ou seja, demonstram
bem-estar.
Desta forma, se faz importante tratar sobre o conceito de brincar que,
resumidamente, se baseia na ideia de Brougère (1998, p. 19) que a entende
como “uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como
outras, necessita de aprendizagem”. Sendo assim, e entendendo a criança
como ser histórico e social, pode-se afirmar que a criança apreende o brincar
a partir das relações estabelecidas com as pessoas à sua volta desde o
momento em que nasce e entra em contato com o mundo e com o outro. 
Brougère (1998) escreve que o bebê começa a se inserir no jogo em seu
primeiro contato com a mãe, primeiro como brinquedo e depois como
parceiro, então, inicia-se sua compreensão do mundo a partir do brincar em
experiências não apenas reproduzidas, mas “recriadas a partir do que a
criança traz de novo, com o seu poder de imaginar, criar, reinventar e
produzir cultura.” (BRASIL, 2007, p. 34).
O livro "Jogo e Educação", de Gilles Brougère (1998), trata das relações entre
jogo e educação, procedendo a uma profunda análise para chegar às suas
conclusões acerca do lugar do jogo no universo infantil e na natureza
humana. Vale conferir!
Figura 6 - A criança brinca e interage com o outro na busca de entender
sua realidade desde o nascimento. Fonte: VojtechVlk, Shutterstock, 2018.
VOCÊ QUER LER?
Deslize sobre a imagem para Zoom
A brincadeira é a primeira possibilidade de ação da criança, numa esfera
cognitiva que permite a ela ultrapassar a dimensão perceptiva motora do
comportamento. O brinquedo concede as estruturas básicas necessárias
para as mudanças das necessidades e da consciência infantil, vivenciando
uma experiência, no ato de brincar, como se fosse bem maior do que
realmente é.
A infância é, consequentemente, um momento de apropriação de imagens e
de representações diversas que transitam por diferentes canais. As suas
fontes são muitas. O brinquedo é, com suas especificidades, uma dessas
fontes. Se ele traz para a criança um suporte de ação, de manipulação, de
conduta lúdica, traz-lhe, também, formas e imagens, símbolos para serem
manipulados (BROUGÈRE, 2001, p. 40-41). 
Para Vygotsky (1984), a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento do
educando, ou seja, a memória, a atenção, percepção e o raciocínio lógico. O
brinquedo, então, é uma ferramenta extremamente importante para o
processo de ensino aprendizagem, uma vez que, por meio deste, é possível
levar a criança a novos conhecimentos.
Na abordagem histórico-cultural de Vygotsky, o brinquedo (fazendo referência
ao ato de brincar) não é só uma atividade que dá prazer à criança, pois muitas
outras atividades também o proporcionam e não são consideradas brinquedo.
Também não é o fato de existir prazer em certa atividade que vai determiná-la
como jogo. Entre as características do brinquedo, segundo o autor, está a
satisfação de necessidades com a realização de desejos que não poderiam ser
imediatamente satisfeitos, pois o brinquedo seria um mundo ilusório, onde
qualquer desejo pode ser realizado. A situação imaginária, assim como as
regras, é característica sempre presente no brinquedo (NAVARRO;
PRODÓCIMO, 2012, p. 636).
Ao brincar, as crianças têm a possibilidade de adentrar em mundos que, fora
da brincadeira, talvez não lhes fosse possível. É, então, característica do
brincar explorar novas possibilidades, ser outras pessoas, experimentar
situações fora de sua zona de conforto, enfim, fazer coisas que o sujeito
deseja, ou quer compreender melhor, de uma maneira confortável e lúdica.
A promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em
brincadeiras, principalmente aquelas que promovem a criação de situações
imaginárias, tem nítida função pedagógica. A escola pode se utilizar
deliberadamente desse tipo de situação para atuar no processo de
desenvolvimento das crianças.
Observe o exemplo descrito no caso a seguir.
CASO
Creche pública, crianças de quatro anos de idade, a
professora está em momento de acolhimento das
crianças e as permite brincar livremente enquanto vai
fazendo a entrada da turma. Logo, uma criança se
aproxima da professora e pede que brinque junto, pois
precisam de um médico no hospital. Por ainda possuir
alguns minutos até que chegue mais uma criança, a
professora atende ao pedido e vai até um grupo que
está brincando de hospital. Imediatamente, lhe dão um
jaleco e recomeçam a brincadeira já aceitando a
professora como o médico. Neste momento, a
professora pega uma injeção e finge aplicar em um
paciente, quase que imediatamente, uma criança grita
“Não!”. Assustada, a professora se vira e pergunta o que
aconteceu. A criança responde que ela não pode dar
injeção sem antes examinar o paciente e ver qual a
doença dele, às vezes nem há necessidade de injeção.
Neste momento, a professora percebe que, na pressa,
se esqueceu de que a brincadeira é uma representação
daquilo que a criança conhece, na busca de entender e
conhecer o mundo que a cerca e há uma lógica social no
atendimento médico que deve ser respeitado também
na brincadeira.
O brincar sempre fez parte do cotidiano infantil, mas nem sempre lhe foi dada a
devida importância. Durante muito tempo o brinquedo era visto apenas como
uma forma de dar prazer às crianças, e era apenas com esse intuito que pais e
escolas incentivavam as crianças a brincar. No entanto, hoje, pesquisas e estudos
comprovam que definir o brinquedo apenas como uma atividade prazerosa não é
correto (SILVA; SANTOS, 2009; NAVARRO; PRODÓCIMO, 2012).
O ato de brincar não é somente “o brincar por brincar”, mas sim o que ela
representa para quem brinca. Kishimoto (2002) lembra que o brincar era
considerado uma atividade oposta ao que é sério, isto é, a brincadeira não era
vista como uma prática que proporcionava às crianças um repertório de
informações e experiências. Porém, o brincar está em uma dimensão
valorizada no desenvolvimento do aprender, abrangendo crianças e adultos,
elevando-os a patamares ainda maiores pelo brincar e representando a
necessidade de conhecer, construir e de descontrair, em um mundo real ou
simbólico cheio de momentos maravilhosos que só acontece através do
brincar. 
Tizuko Morchida Kishimoto é professora doutora da Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo, estuda o jogo e as brincadeiras na infância há
mais de 40 anos, tendo uma amplitude de livros e artigos publicados sobre o
tema. Para mais informações, acesse:
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4790126Y8
(http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4790126Y8)>.
O brinquedo facilita a apreensão da realidade e é muito mais um processo do que
um produto. Exige movimentação física, envolvimento emocional, além do desafio
mental que provoca. O brinquedo possibilitaa emergência de comportamentos
espontâneos e improvisados, ele é a essência da infância, veículo do crescimento,
um meio extremamente natural que possibilita à criança explorar seu mundo,
possibilitando as descobertas, o entendimento, conhecer os seus sentimentos,
suas ideias e sua forma de reação.
VOCÊ O CONHECE?
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4790126Y8
Numa situação imaginária com a brincadeira de faz de conta [...] a criança é
levada a agir num mundo imaginário (o ônibus que ela está dirigindo na
brincadeira, por exemplo) em que a situação é definida pelo significado
estabelecido pela brincadeira (o ônibus, o motorista, o passageiro etc) e não
pelos elementos reais concretamente presentes (as cadeiras da sala onde está
brincando de ônibus, as bonecas etc). [...]
Mas além de ser uma situação imaginária, o brinquedo é também uma
atividade regida por regras. Mesmo no universo de faz de conta, há regras que
devem ser seguidas (OLIVEIRA, 1993, p.172).
A importância do brinquedo não deve ser ignorada, ao contrário, a criança precisa
se sentir livre para criar suas brincadeiras ao mesmo tempo em que é
desenvolvida sua interação social. “A brincadeira é um processo de relações da
criança com o brinquedo, com outras crianças e com os adultos, portanto, um
processo de cultura” (PORTO, 1998, p. 189).
Sendo assim, as brincadeiras possibilitam a compreensão da realidade por meio
da representação simbólica do ato de brincar. A criança imagina situações, cria,
inventa, porém, todas as suas criações possuem base em sua realidade, ou seja,
em algo conhecido. “Sendo assim, a brincadeira, para quem a organiza, é algo
sério, já que precisa ser planejada [...]” (BELTHER, 2017, p. 89).
O professor que assume a concepção de criança que tem saberes, é curiosa e
investigadora deve estar atento a essas brincadeiras e a essas maneiras de as
crianças montarem, recriarem e compreenderem o mundo através do brincar. É
Figura 7 - Ao brincar, a criança imagina situações e cria representações
baseadas naquilo que já conhece. Fonte: Gladskikh, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
através de observações das brincadeiras livres que se faz o planejamento e se
organiza o currículo com intencionalidade, ou seja, baseados naqueles saberes
que as crianças já têm e naqueles que elas almejam.
O brincar, então, não se estende apenas às percepções sensoriais ou como
maneira de satisfazer curiosidade, mas é atividade social e historicamente
produzida, na qual a pessoa mais experiente atribui sentido ao que está à volta da
criança e esta, em contrapartida, se apropria desta interpretação e a ressignifica a
partir de seu entendimento e “suas características singulares” (ZANELLA;
ANDRADA, 2002, p. 127).
Desta forma, podemos concluir que o brinquedo tem grande influência no
desenvolvimento das crianças, já que essa atividade possibilita uma bagagem
cultural que resultará na formação do futuro adulto. Sendo assim, é fundamental e
insubstituível a mediação do professor. Ele é capaz de proporcionar a dimensão
pedagógica e significado ao brinquedo ao propor situações que garantam o
envolvimento do bebê e seu bem-estar na creche, possibilitando, desta forma, que
as crianças cresçam compreendendo e ressignificando a cultura em que estão
imersas e o mundo em que vivem e atuem como cidadãos plenos de seus direitos
e deveres sociais.
Síntese
Concluímos o estudo referente às infâncias no mundo contemporâneo. Agora
você já sabe que as crianças vivem suas infâncias a partir do outro e das
relações que estabelece socialmente, compreendendo que a maneira como a
sociedade vive, assim como os valores que exprime, influem diretamente na
forma pela qual a criança conhece e entende o mundo que a cerca.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
observar os resultados de pesquisas que estudam a criança em sua
capacidade de fazer escolhas e estabelecer relações;
conhecer melhor os direitos das crianças, e se estes são ou não legitimados
socialmente;
constatar que a garantia de direitos depende da classe social e econômica;
identificar as consequências positivas e negativas que o avanço tecnológico
traz para a infância;
compreender que a criança entende o mundo a partir do brincar e da
brincadeira.
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