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Carollayne Mendonça Rocha Grupo 12 Tema: Histofisiologia da cavidade oral Introdução No sistema digestório ocorrem a ingestão e deglutição, digestão e absorção. O processo digestivo converte o material alimentar ingerido em uma forma solúvel fácil de ser absorvida pelo intestino delgado. Histologia O tubo digestivo possui 4 camadas principais: 1. Camada mucosa, interna que cerca o lúmen. Dividida em três componentes: camada epitelial, lâmina própria, de tecido conjuntivo e muscular da mucosa, de músculo liso. 2. Camada submucosa. 3. Camada muscular. 4. Camada externa: serosa e/ou adventícia. Boca ou cavidade Oral É a entrada do tubo digestivo, revestido pelo epitélio oral, e uma lâmina própria contendo agregados do tecido linfoide. A cavidade oral representa barreira primária aos patógenos orais. A boca e as glândulas salivares tem a função de ingestão, digestão parcial e lubrificação do alimento ou bolo alimentar. A boca ou cavidade oral compreende os lábios, bochechas, dentes, gengiva, língua e palato, essas diversas regiões são revestidas por três tipo de mucosa: 1. Mucosa de revestimento: lábios, bochechas, superfície ventral da língua, palato mole e úvula, assoalho da boca e mucosa alveolar. 2. Mucosa mastigatória: gengiva e palato duro. 3. Mucosa especializada: superfície dorsal da língua. Existem três locais de transição da mucosa oral: Carollayne Mendonça Rocha 1. Junção mucogengival: entre a gengiva e mucosa alveolar, envolvendo a transição entre epitélio escamoso estratificado queratinizado da gengiva, firmemente ligado ao periósteo por feixes de fibras colágenas, ao epitélio não queratinizado da mucosa alveolar, suportado por uma lâmina própria com fibras elásticas. 2. Junção dentogengival: entre a mucosa da gengiva e o esmalte dos dentes, um local de selamento que previne doenças periodontais. A boca é revestida por um epitélio escamoso estratificado com uma submucosa, de tecido conjuntivo frouxo com vasos sanguíneos e nervos, presente apenas em determinadas regiões (bochecha, lábios e uma parte do palato duro). Em algumas regiões, como a gengiva e rafe palatina, a mucosa oral está firmemente ligada ao periósteo do osso subjacente, um arranjo chamado de mucoperiósteo. A mucosa oral não possui muscular da mucosa. Lábios Os lábios possuem três regiões: 1. Região cutânea: coberta por uma pele fina com papilas dérmicas altas (epitélio escamoso estratificado ortoqueratinizado com folículos pilosos e glândulas sebáceas sudoríparas). 2. Região vermelha: revestida por epitélio escamoso estratificado paraqueratinizado e por tecido conjuntivo contendo vasos sanguíneos responsáveis pela cor vermelha dessa região. Não existem glândulas salivares na mucosa da região vermelha, essa região fica ressecada e rachada no frio. Uma borda vem demarcada separa a pele da região avermelhada. 3. Região mucosa: contínua com a mucosa das bochechas e gengiva, possui glândulas salivares pequenas. 4. Região mucosa labial: composta por epitélio escamoso estratificado, que cobre a superfície interna dos lábios e bochechas, não é queratinizado, e por uma lâmina própria densa (mucosa de revestimento), além da submucosa, ligada aos músculos esqueléticos adjacentes por fibras colágenas. Gengiva e palato duro e mole A gengiva e o palato duro são revestidos pela mucosa mastigatória, que fornece resistência durante a mastigação do alimento. A gengiva possui uma histologia semelhante a Carollayne Mendonça Rocha região vermelha dos lábios, exceto na área da gengiva livre, onde têm-se uma queratinização relativa. A sua lâmina própria está firme ligada ao periósteo dos processos alveolares do osso maxilar, do mandibular e ao ligamento periodontal. A gengiva não possui submucosa ou glândulas no tecido conjuntivo. O palato duro tem sua mucosa formada por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado e tecido conjuntivo denso não modelado rico em glândulas mucosas, que continua com o periósteo do tecido ósseo (processos palatinos das maxilas e lâminas horizontais dos ossos palatinos) onde a mucosa está apoiada. Esta constituição permite que o alimento seja pressionado contra o palato duro durante a deglutição. O palato mole e a úvula são revestidos por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado que se estende até a orofaringe onde se torna contínuo com o epitélio colunar pseudoestratificado ciliado do sistema respiratório superior. Tem a presença de fibras musculares esqueléticas, contém glândulas mucosas e serosas em abundância. Língua Situada na cavidade bucal propriamente dita (e parte na orofaringe), é um órgão muscular, formado de fibras estriadas esqueléticas, que tem importante função na condução do alimento para os dentes durante a mastigação, bem como para a faringe durante a deglutição. Além disso, a língua desempenha importantes tarefas: gustação, fonação e deglutição. A superfície dorsal da língua é coberta por uma mucosa especializada que consiste em epitélio escamoso estratificado, geralmente não queratinizado, apoiado em uma lâmina próxima ao músculo esquelético. Entre os feixes dos músculos intrínsecos da língua, encontramos tecido conjuntivo com vasos sanguíneos e linfáticos, gânglios nervosos, nervos, tecido adiposo e tecido linfóide. Os músculos intrínsecos estão dispostos em três planos (longitudinal, transversal e vertical) que se cruzam em ângulo reto. Além destes músculos, existem também músculos estriados esqueléticos que se estendem da língua para a mandíbula, processo estiloide do crânio e palato mole, chamados de músculos extrínsecos, e que são responsáveis por mudar a posição do órgão. Toda essa massa tecidual é recoberta por uma mucosa, cujas características variam de acordo com a região considerada. A porção da língua voltada para o palato é denominada dorso lingual e a porção voltada para o assoalho bucal é denominada ventre lingual. O dorso Carollayne Mendonça Rocha lingual é ordinariamente dividido em duas porções – corpo e base da língua – separadas pelo “v” lingual, localizado na sua parte mais posterior. O corpo da língua constitui os dois terços anteriores do dorso da língua e apresenta uma grande quantidade de pequenas projeções da mucosa chamadas papilas linguais, que são: papilas filiformes: (estreitas e cônicas); papilas fungiformes: (semelhantes a cogumelos); papilas circunvaladas: (semelhantes a uma parede) e papilas foliadas: (semelhantes a uma folha) Os botões gustativos são estruturas epiteliais no formato de barril contendo células quimiossensoriais - receptoras de gosto, estão presentes em todas as papilas, exceto as filiformes. As papilas circunvaladas se localizam na parte posterior do corpo da língua, alinhadas na frente do sulco terminal, ocupam um recesso na mucosa e são cercadas por um sulco redondo. - Glândulas serosas (de von Ebner): presentes no tecido conjuntivo, estão associadas as papilas circunvaladas. Os ductos das glândulas se abrem para o assoalho circular da vala. Um botão gustativo apresenta três componentes celulares: 1. Células receptoras de gosto: possuem tempo de vida de 10 a 14 dias 2. Células de suporte: se tornam células receptoras de gosto maduras 3. Células precursoras: dão origem as células de suporte As células receptoras de gosto podem detectar e discriminar os gostos: doce, amargo e umami pela despolarização na membrana celular, sinalização do cálcio e sódio dependente de gustducina, além de liberação de ATP e de neurotransmissores. O gosto salgado é dependente da entrada de sódio através dos canais iônicos para despolarizar a membrana plasmática. Algumas células receptoras de gosto respondem apenas a uma das sensações gustativas básicas. Outras são sensíveis a mais de uma. Dente A dentição inicial dos seres humanos sao os dentes deciduos, também chamados de dentes deleite, que começam a aparecer por volta dos seis meses e terminam a formação dos Carollayne Mendonça Rocha seis aos oito anos. Posteriormente esses dentes serão substituídos pelos permanentes (dentição adulta) dos 12 aos 18 anos. A dentição de um adulto é formada por 32 dentes, divididos igualmente entre os processos alveolares da maxila e da mandíbula. Há varias tipos de dentes, cada um com uma função: - incisivos: segurar e cortar - Caninos: furar e dilacerar - Molares: moer/ triturar Composição dos dentes: coroa, que é coberta por esmalte e dentina; raizes, que tem a superfície externa coberta pelo cemento; dentina, que forma a maior parte do dente e possui uma câmara preenchida pela polpa dentaria. A câmara pulpar possui o canal radicular, que vai ate o forame apical que se abre para o processo alveolar. Pela câmara entram e saem nervos e vasos linfáticos. As fibras nervosa mielinizado se localizam próximos aos vasos sanguíneos. Desenvolvimento do dente O inicio do desenvolvimento do dente se da no dia 11 da embriogênese, há a formacao de espessamentos ectodermicos que marcam o local inicial. Displasias ectodermicas podem prejudicar o inicio desse desenvolvimento gerando a oligodontia (ausência de dentes) e dentes pequenos e malformados A morfogênese dentaria é mediada pela ativina βA, pelo fator de crescimento fibroblasto e proteinas morfogeneticas do osso. Fases do desenvolvimento do dente: - estagio do broto: o ectoderma oral prolifera e forma 20 brotos dentários - Estágio de capuz: dividido em inicial e tardio. No inicial as celulas do broto epitelial se invaginam para o mesoderma subjacente. No tardio o broto dentário é revestido por um epitélio dentário externo e interno e o broto do dente permanente se desenvolve. - Estágio do sino: no nó do esmalte dentário (que sinaliza o desenvolvimento do dente) as celulas mesenquimais oriundas da crista neural se diferenciam em odontoblastos produtores de dentina, e a crista ectodermal forma os ameloblastos produtores de esmalte. - Erupção do dente: o mesênquima do folículo dentário forma os cementocitos que secretam cemento e as celulas que formam o ligamento peridontal. Carollayne Mendonça Rocha Odontoblastos Os odontoblastos se diferenciam a partir de células ectomesenquimais da papila dentária sob a influência da sinalização do epitélio dentário interno. A papila dentária se torna a polpa do dente. Uma camada de odontoblastos está presente na periferia da polpa dentária no dente do adulto. Odontoblastos são células secretoras ativas que sintetizam e secretam colágeno tipo I e material não colágeno (componentes orgânicos da dentina). O odontoblasto é uma célula epitelial colunar ou cilíndrica localizada na cavidade pulpar preenchida pela polpa. O domínio apical da célula está localizado no interior da pré-dentina (camada orgânica não mineralizada). Esse domínio projeta-se como um processo celular alongado que se torna contido dentro de um canalículo ou túbulo dentinário imediatamente acima dos complexos juncionais que ligam odontoblastos adjacentes. Um retículo endoplasmático rugoso bem desenvolvido e complexo golgiense, assim como grânulos secretores, estão presentes na região apical do odontoblasto. Os grânulos secretores contêm como precursor o pró-colágeno, quando o ele é liberado do odontoblasto, é processado enzimaticamente e forma o tropocolágeno que se agrega para formar fibrilas de colágeno tipo I. A pré-dentina é a camada de dentina adjacente ao corpo e emergência dos prolongamentos dos odontoblastos, ela não é mineralizada, sendo constituída, principalmente, de fibrilas de colágeno que serão mineralizadas por cristais de hidroxiapatita na região da dentina. Uma frente de mineralização separa a pré-dentina da dentina. A dentina consiste em 20% de material orgânico (colágeno tipo I); 70% de material inorgânico (cristais de hidroxiapatita e fluorapatita) e 10% de água. A displasia dentinária coronal (displasia dentinária tipo II) é um defeito autossômico, raro, caracterizado pelo desenvolvimento anormal da dentina com raízes extremamente curtas e câmaras pulpares obliteradas. Polpa dentária Carollayne Mendonça Rocha A polpa dentária jovem é constituída por nervos, vasos sanguíneos e linfáticos rodeados por fibroblastos, com matriz extracelular de aspectos mesenquimais, ainda imatura. Depois as arteríolas se ramificam em uma rede de capilares que juntos com os nervos vão formar um feixe vasculonervoso, sob o domínio basal do odontoblasto , em uma zona que é livre de células da polpa dentária (Zona de Weil). Assim uma inflamação da polpa pode causar edema e dor, pois a polpa se localiza em uma cavidade fechada que não pode se expandir com o acumulo de liquido intersticial, dessa forma o suprimento de sangue é suprimido por compressão, levando a morte rápida das células da polpa. Também existe os cálculos polpares que são depósitos calcificados, podendo ser único ou múltiplos encontrados na polpa dentárias, próximo ao orifício da camada pulpar ou dentro dos canais radiculares; consequentemente há a redução de células da polpa e interferem com o alargamento do canal durante o tratamento endodôntico Periodonto O periodonto suporta e cerca o dente. Ele é formado por: cemento, ligamento periodontal, osso alveolar e epitélio do sulco gengival, parte da gengiva que fica voltada para o dente. O cemento é um tecido mineralizado, avascular, semelhante ao osso que cobre a superfície externa da raiz. Da mesma maneira que o osso, o cemento é formado por fibrilas colágenas mineralizadas e células semelhantes a osteócitos que ficaram aprisionados chamados de cementócitos. A junção cemento-esmalte separa a coroa da raiz na região do colo do dente. A camada mais externa do cemento recém- produzida não é calcificada (cementoide), sendo produzida pelos cementoblastos localizados próximos ao cemento, no ligamento periodontal, um ligamento suspensor, rico em colágeno, fibroblastos e vasos, que segura a raiz do dente ao alvéolo do osso alveolar. A força das fibras colágenas do ligamento periodontal dá aos dentes certa mobilidade, porém com forte fixação ao osso. Ameloblastos Ameloblastos são células produtoras de esmalte presentes apenas no dente em desenvolvimento. Eles não estão presentes depois do nascimento do dente. O ameloblasto é uma célula colunar polarizada com mitocôndrias e um núcleo presente na sua região basal. A região supranuclear contém numerosas cisternas de retículo endoplasmático rugoso e complexo de golgi. Além dos complexos juncionais apicais que unem ameoblastos Carollayne Mendonça Rocha adjacentes, o domínio apical de cada ameoblasto apresenta uma extensão celular ampla, o processo de Tomes, próximo à matriz calcificada do esmalte. Os processos de Tomes estão desenvolvidos durante o estágio secretor dos ameloblastos. Eles possuem grânulos secretores em abundância contendo glicoproteínas, que regulam a nucleação de cristais de apatita carbonada, crescimento e organização do esmalte. A microscopia eletrônica mostra que as unidades básicas formadoras de matriz do esmalte, em formato de bastões e denominadas de prismas do esmalte, são finas e onduladas, separadas por uma região interprismática com uma estrutura semelhante à dos bastões de esmalte, mas seus cristais apresentam uma orientação diferente. Cada bastão é recoberto por uma camada fina de matriz orgânica, chamada de bainha do prisma. O esmalte é a substância mais dura do corpo. Em torno de 95% do esmalte são formados por cristais de hidroxiapatita; menos de 5% são compostos por proteína e água. O alto teor de mineral é responsável pela extrema dureza do esmalte, uma propriedade que permite que ele suporte forças mecânicas durante a mastigação. A camada subjacente estrutural do esmalte. O esmalte recém- secretadopossui alto teor de proteínas, cuja concentração é reduzida a 1% durante a mineralização do esmalte. A matriz extracelular do esmalte na amelogênese contém duas classes de proteínas: amelogenina (90%) e não amelogenina (10%) incluindo enamelina e ameloblastina. A amelogenina é o principal componente do esmalte em desenvolvimento, a enamelina e ameloblastina são componentes menores. As cáries se desenvolvem quando a camada da dentina é destruída e as hidroxiapatitas do esmalte se dissolvem. A amelogênese imperfeita é uma doença ligada ao cromossomo X que afeta a síntese de amelogenina necessária para a formação do esmalte dentário; o esmalte afetado não possui dureza, espessura e cor anormais.
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