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227 Capítulo 16 CÂNCER DE PÂNCREAS Daniel da Motta Girardi Gustavo dos Santos Fernandes Patricia Izetti Ricardo de Alencar Vilela INTRODUÇÃO O pâncreas apresenta funções exócrinas e endócrinas, e 95% dos tumores malignos se originam do pâncreas exócrino. Adenocarcinoma é o principal tipo histológico e será tema deste capítulo. Dentre os tumores exócrinos, 90% têm origem no ducto pancreático, e 85% deles são adenocarcinomas ductais. Entre os tipos histológicos menos frequentes, estão o carcinoma de células acinares, o pancreatoblastoma, o carcinoma sólido pseudo- papilífero e o cistoadenocarcinoma seroso.1 As neoplasias endócrinas do pâncreas serão abordadas em capítulo específico. O câncer de pâncreas é a neoplasia mais letal do trato gastrointestinal. No momento do diagnóstico, menos de 20% dos casos são ressecáveis; os demais são irressecáveis ou metastáticos.2 A detecção precoce e o tratamento cirúrgico são as únicas opções curativas, porém as taxas de recorrência beiram os 80%, e a sobrevida global (SG) em cinco anos para esses pacientes é de apenas 14%.2 Apenas 20% a 30% das recorrências são locais; a maioria recorre sistemicamente.3 No cenário metastático, ou de neoplasia inoperável, a doença é fatal e mesmo com a incorporação de novas drogas nas últimas décadas, a sobrevida mediana permanece inferior a um ano.4 O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o câncer de pâncreas. Es- tima-se que 26% a 30% dos casos estejam relacionados ao tabagismo.5 O risco de de- senvolvimento da doença também aumenta com a idade: 80% dos casos ocorrem em pacientes entre 60 e 80 anos; raramente ocorre antes do 40 anos de idade.5 A obesidade [índice de massa corporal (IMC) > 30] também aumenta o risco em 2,08 vezes em re- lação a pessoas com IMC < 25.5 Diabetes, tanto do tipo I quanto do tipo II, aumenta em cerca de duas vezes o risco desenvolver a doença.5 Outros fatores com resultados contraditórios em estudos são a infecção por Helicobacter pylori (H. pylori) e a ingestão excessiva de carne processada.5 DIRETRIZES ONCOLÓGICAS228 Cerca de 5% a 10% dos casos podem estar relacionados a uma causa hereditária.5 Indivíduos com pelo menos dois parentes de primeiro grau com câncer de pâncreas têm o dobro de risco de desenvolvimento da doença.5 Além disso, várias síndromes familiares estão associadas com câncer de pâncreas, sendo as principais: síndrome de Lynch, síndro- me de Peutz-Jeghers, mutações do BRCA2, síndrome de Li-Fraumeni, síndrome familiar atípica do múltiplo melanoma mole e adenoma familiar polipoide.5 EPIDEMIOLOGIA O câncer de pâncreas é responsável por 2% das neoplasias malignas e corresponde a 4% do total de mortes por essa doença. Em cerca de dois terços dos casos, o tumor aco- mete a cabeça pancreática e em um terço, o corpo e a cauda.6 Os casos de câncer de pâncreas têm aumentado com o passar dos anos, sendo re- gistrado um aumento de 87% da estimativa de incidência ao longo do período de 2005 a 2012. Foram estimados, para 2012, 6.284 casos, atingindo de maneira semelhante ho- mens e mulheres (51% dos casos ocorrem em homens).7 A incidência estimada da doença varia de acordo com a idade, passando de 10 casos para cada 100.000 habitantes entre os 40 e 50 anos para 116 para cada 100.000 habitantes acima dos 80 anos.6 As maiores taxas de incidência foram encontradas nas regiões Sul e Sudeste, seguidas pelo Centro-Oeste e, finalmente, pelo Nordeste e Norte.7 EXAMES PARA ESTADIAMENTO � Tomografia computadorizada (TC) de abdome: além de estadiamento, permite definir a ressecabilidade do tumor (acurácia de 80% a 90%).8 O exame trifásico (fase arterial, arterial tardia e venosa) é a modalidade mais indicada com sensi- bilidade de 89% a 97%.9 � Ressonância nuclear magnética (RNM): pode ser utilizada na impossibilidade de realização do exame tomográfico. Parece ter auxílio na detecção de lesões pequenas que têm a visualização mais difícil pela tomografia.9 � Tomografia por emissão de pósitrons (PET) e tomografia por emissão de pósi- trons/tomografia computadorizada (PET/CT): vêm sendo usadas de manei- ra crescente para diagnóstico e estadiamento, porém ainda não são usadas de rotina. A PET/CT é mais sensível do que a PET sozinha e pode auxiliar na detecção de doença metastática inicial.9 O estudo PET-PANC, apresentado na Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) em 2016, demonstrou sen- sibilidade de 92,7% e especificidade de 75,8% para o diagnóstico. Além disso, foi associado à melhora do estadiamento, evitando uma ressecção fútil em 20% dos pacientes com intenção cirúrgica inicial. Nesse trabalho, a análise de custo- -efetividade se mostrou favorável para a realização de PET para diagnóstico e estadiamento do câncer de pâncreas.10 � Ultrassonografia endoscópica (EUS): não é necessária de rotina, sendo empre- gada de forma complementar à TC de abdome para melhor avaliação de inva- são vascular e/ou de linfonodos. Pode auxiliar também na realização de biópsia durante a investigação inicial. Capítulo 16 • CÂNCER DE PÂNCREAS 229 � Laparoscopia de estadiamento não é rotina em todos os centros, mas pode ser utilizada, especialmente em pacientes com risco elevado de doença disseminada e em pacientes com dúvidas em relação à ressecabilidade. � Radiografia de tórax: usada para avaliação de acometimento pulmonar. A tomo- grafia de tórax sem contraste é uma alternativa à radiografia para o estadiamento. Estadiamento para câncer de pâncreas (American Joint Committee on Cancer – AJCC, 7a edição) Tumor primário (T) Tis Carcinoma in situ T1 Tumor limitado ao pâncreas ≤ 2 cm T2 Tumor limitado ao pâncreas > 2 cm T3 Tumor se estende além do pâncreas, sem acometer tronco celíaco ou artéria mesentérica superior T4 Tumor se estende além do pâncreas, acometendo tronco celíaco ou artéria mesentérica superior Linfonodos regionais (N) N0 Ausência de linfonodos regionais metastáticos N1 Presença de linfonodo regionais metastáticos Metástase a distância M0 Sem evidência de metástase a distância M1 Presença de metástase a distância Agrupamento TNM para câncer de pâncreas Estádio T N M 0 Tis N0 M0 IA T1 N0 M0 IB T2 N0 M0 IIA T3 N0 M0 IIB T1-3 N1 M0 III T4 Qualquer N M0 IV Qualquer T Qualquer N M1 TRATAMENTO DA DOENÇA LOCALIZADA RESSECÁVEL Após cuidadosa avaliação inicial e estadiamento, o câncer de pâncreas pode ser di- vidido em ressecável, marginalmente ressecável (borderline) e irressecável (localmente avan- çados e metastáticos).11 Os tumores marginalmente ressecáveis são aqueles em estádio III com envolvimento menor que 180 graus da artéria mesentérica superior ou tronco celíaco ou com pequeno envolvimento da artéria hepática, da veia mesentérica superior, das veias pulmonares ou da confluência desses vasos.11 Aqueles considerados irressecáveis são os que envolvem em mais de 180 graus a artéria mesentérica superior ou tronco celíaco ou, no caso, de qualquer outro envolvimento vascular não passível de reconstrução.11 Para os tumores ressecáveis, o tratamento-padrão consiste em ressecção cirúrgica realizada por equipe cirúrgica especializada, seguida de quimioterapia adjuvante, sendo DIRETRIZES ONCOLÓGICAS230 esse o único tratamento potencialmente curativo. Dessa forma, o tratamento cirúrgico radial nesse cenário sempre deve ser oferecido a todos os pacientes. A quimioterapia ad- juvante é considerada o tratamento-padrão após a cirurgia. A radioterapia tem papel questionável. O uso da gencitabina baseia-se no estudo de fase III CONKO-001, que demonstrou ganho em SG para o braço que recebeu seis ciclos de gencitabina adjuvante em relação ao grupo que permaneceu em observação (22,8 meses vs. 20,2 meses, p = 0,005); em cinco anos a SG estimada era de 21% versus 9%, respectivamente12 (grau de recomendação 1iA). O uso de quimioterapia adjuvante com 5-fluorouracil (5-FU) e leucovorin (LV) foi avaliado no estudo ESPAC-1, com ganho em SG para o braço que recebeu quimioterapia versus o braçode observação13 (grau de recomendação 1iA). O estudo de fase III ESPAC-3 comparou os esquemas de 5-FU e LV com gencitabina. Nesse estudo, que incluiu 1.088 pacientes, não foi observada diferença estatística em SG para os dois braços (23 vs. 23,6 meses para os braços de 5-FU + LV e gencitabina, respectivamente; p = 0,39); mais pa- cientes no grupo 5-FU e LV apresentaram efeitos adversos sérios em comparação com os que receberam gencitabina (14% vs. 7,5%, p < 0,001)14 (grau de recomendação 1iD). Mais recentemente, o estudo ESPAC-4 comparou, em 730 pacientes, a combinação de capecitabina + gencitabina versus gencitabina monodroga. Houve ganho estatistica- mente significativo em SG para o braço da combinação em relação ao braço controle (28,0 vs. 25,5 meses, p = 0,032), com SG em cinco anos de 28,8% para o braço combina- ção versus 16,3% para o braço que recebeu gencitabina monodroga15 (grau de recomenda- ção 1iA). No congresso da ASCO de 2018 foi apresentado o estudo de fase III PRODIGE 24/CCTG PA.6. O estudo randomizou 493 pacientes submetidos à ressecção de neopla- sia de pâncreas para gencitabina ou FOLFIRINOX modificado adjuvante por seis meses. A SG foi maior no braço que recebeu mFOLFIRINOX [54,4 vs. 34,8 meses, HR = 0,66, intervalo de confiança (IC) 95%, 0,49-0,89] assim como a sobrevida livre de doença que foi de 21,6 vs. 12,8 meses, HR = 0,59 (IC 95%, 0,47-0,74)16 (grau de recomendação 1iA). O papel da quimiorradioterapia (QRT) adjuvante é bastante debatido nessa doença e ainda controverso. Estudos iniciais da década de 1980, com número pequeno de pacien- tes, como o do Gastrointestinal Tumor Study Group (GITSG) (grau de recomendação 1iiA), demonstraram que o uso da QRT com 5-FU (mantendo-se a droga por um período de dois anos) apresentou ganho em SG em relação ao grupo observação (20 vs. 11 meses).17 Outros estudos maiores não conseguiram reproduzir os mesmos resultados, sendo inca- pazes de demonstrar ganho em SG para QRT.13,18,19 Mais recentemente, o estudo LAP07 avaliou o papel da QRT versus quimioterapia em pacientes sem evidência de progressão após quatro meses de quimioterapia de indução. Nesse estudo não foi observada diferença em SG para QRT em comparação com quimioterapia (16,5 vs. 15,2 meses, respectiva- mente; p = 0,83)20 (grau de recomendação 1iD). Para os tumores potencialmente ressecáveis, a terapia de conversão pode ser consi- derada, embora não existam resultados com nível elevado de evidência. Entre as opções, estão a QRT com fluoropirimidinas ou a quimioterapia sistêmica. Uma análise retrospec- tiva de 170 pacientes, dos quais 40 foram considerados limítrofes para ressecção cirúrgica, 34 completaram a QRT de conversão com capecitabina, alcançando 46% de resseca- bilidade nesse grupo.21 Outra análise retrospectiva unicêntrica com 26 pacientes com doença marginalmente ressecável demonstrou que 46% dos pacientes conseguiram ser Capítulo 16 • CÂNCER DE PÂNCREAS 231 operados após o tratamento neoadjuvante. O tratamento mais comumente empregado foi quimioterapia baseada em gencitabina22 (grau de recomendação 3D). Recentemente, no congresso da ASCO de 2018, o estudo PREOPANC-1 avaliou o papel da QRT neo- adjuvante para paciente com tumores boderline ressecáveis. Um total de 246 pacientes foi randomizado para cirurgia seguida de quimioterapia adjuvante versus QRT neoadjuvante com gencitabina seguido de quimioterapia adjuvante. A SG foi maior no braço que rece- beu QRT pré-operatória (17,1 vs. 13,5 meses; HR 0,71; p = 0,047), assim como a sobrevi- da livre de doença (11,2 vs. 7,9 meses; HR 0,67; p = 0,010).23 (grau de recomendação 1iA) Esquemas de tratamento adjuvante para câncer de pâncreas Quimioterápicos Dose Intervalo Gencitabina 1.000 mg/m2 D1, D8, D15 A cada 28 dias (por 6 ciclos) 5-FU Leucovorin 5-FU: 425 mg/m2 D1-D5 Leucovorim: 20 mg/m2 D1-D5 A cada 28 dias (por 6 ciclos) Gencitabina Capecitabina Gencitabina: 1.000 mg/m2 D1, D8, D15 Capecitabina: 1.660 mg/m2 D1-D21 A cada 28 dias (por 6 ciclos) mFOLFIRINOX: 5-FU Leucovorin Irinotecano Oxaliplatina 5-FU: 2400 mg/m2 D1 (46h) Leucovorin: 400 mg/m2 D1 Irinotecano: 150 mg/m2 D1 Oxaliplatina 85 mg/m2 D1 a cada 14 dias (por 12 ciclos) TRATAMENTO DA DOENÇA AVANÇADA O benefício da quimioterapia sistêmica sobre o tratamento paliativo exclusivo foi demonstrado em uma metanálise que incluiu 50 estudos com mais de 7.000 pacientes, demonstrando redução de 63% na mortalidade em um ano [hazard ratio (HR) = 0,37; p < 0,00001]24 (grau de recomendação 1iA). O tratamento com gencitabina foi consolidado no estudo de fase III, em que 126 pacientes foram randomizados para tratamento com gencitabina ou 5-FU. Avaliando-se o desfecho de benefício clínico (que envolvia fatores como controle álgico, performance status e ganho de peso), melhores resultados foram observados com a gencitabina (23,8% vs. 4,8%, p = 0,0022), com discreto ganho na SG mediana (5,65 vs. 4,41 meses, p = 0,0025)25 (grau de recomendação 1iC). Diversas outras drogas foram avaliadas em combinação com gencitabina e compara- das com a mesma de maneira isolada, sem que nenhum estudo revelasse ganho de sobre- vida. Um dos únicos estudos em que a combinação foi superior à gencitabina monodroga foi o estudo que avaliou a associação com erlotinibe. Embora positivo, esse esquema não é muito utilizado devido ao benefício pequeno (6,24 vs. 5,91 meses; p = 0,038) associado a maior custo e maior toxicidade26 (grau de recomendação 1iA). Outro estudo que avaliou um esquema de poliquimioterapia versus gencitabina foi o trabalho que avaliou o papel do nab-paclitaxel. Nesse estudo de fase III, a combinação de nab-paclitaxel com gencitabina foi superior ao braço controle em termos de SG (5,5 vs. 3,7 meses; HR: 0,72; p < 0,001) e sobrevida livre de doença (8,5 vs. 6,7 meses; HR: 0,69; DIRETRIZES ONCOLÓGICAS232 p < 0,001), à custa de maior mielotoxicidade e neuropatia periférica27 (grau de recomen- dação 1iA). O esquema FOLFIRINOX (5-FU, oxaliplatina e irinotecano) é o que apresenta me- lhores resultados no cenário metastático até o momento. O estudo de fase III que com- parou o esquema FOLFIRINOX com gencitabina incluiu apenas pacientes com ECOG 0 ou 1 e pacientes com bilirrubina normal ou pouco alterada. Esse estudo demonstrou um importante ganho em SG a favor do FOLFIRINOX (11,1 vs. 6,8 meses; HR = 0,57; p < 0,001), ganho em sobrevida livre de doença (6,4 vs. 3,3 meses; p < 0,001) e taxa de resposta (31,6% vs. 9,4%; p < 0,001), podendo ser considerado o esquema de eleição para tratamento de primeira linha de pacientes com adenocarcinoma de pâncreas metastático com bom performance status28 (grau de recomendação 1iA). Existe pouca evidência para o tratamento de segunda linha. O estudo de fase III CONKO-003 randomizou pacientes que progrediram após usar gencitabina monodroga para os esquemas FF (5-FU infusional e leucovorin) ou OFF (adição de oxaliplatina ao esquema FF). Esse trabalho demonstrou benefício do esquema OFF em termos de SG (26 vs. 13 semanas; p = 0,014)29 (grau de recomendação 1iA). Por outro lado, o estudo de fase III PANCREOX randomizou 108 pacientes, que progrediram à primeira linha com gen- citabina, para um braço contendo 5-FU + leucovorin versus outro braço com FOLFOX. Curiosamente, o braço FOLFOX teve SG pior que o braço controle (6,1 vs. 9,9 meses).30 Outras combinações em segunda linha como GEMOX (gencitabina e oxaliplatina), IROX (irinotecano e oxaliplatina) e CAPOX (capecitabina e oxaliplatina) foram avaliadas em estudos de fase II, demonstrando eficácia nesse cenário (grau de recomendação 2D). Como monoterapia, 5-FU e LV, gencitabina (se não utilizada na primeira linha) e paclita- xel podem ser considerados em casos selecionados (grau de recomendação 3D). Esquemas de tratamento paliativo para câncer de pâncreas – Primeira linha Quimioterápicos Dose Intervalo Gencitabina 1.000 mg/m2 D1, D8, D15 A cada 28 dias FOLFIRINOX: 5-FU Leucovorin Irinotecano Oxaliplatina 5-FU: 400mg/m2 D1 (bolus) 5-FU: 2.400 mg/m2 D1 (46h) Leucovorin: 400 mg/m2 D1 Irinotecano: 180 mg/m2 D1 Oxaliplatina: 85 mg/m2 D1 A cada 14 dias Gencitabina Erlotinibe Gencitabina: 1.000 mg/m2 D1, D8, D15 Erlotinibe: 100 mg via oral contínuo A cada 28 dias Gencitabina Nab-Paclitaxel Gencitabina: 1.000 mg/m2 D1, D8, D15 Nab-Paclitaxel: 125 mg/m2 D1, D8, D15 A cada 28 dias Esquemas de tratamento paliativo para câncer de pâncreas – Segunda linha Quimioterápicos Dose Intervalo GEMOX: Gencitabina Oxaliplatina Gencitabina: 1.000 mg/m2 D1 Oxaliplatina: 100 mg/m2 D1 A cada 14 dias Capítulo 16 • CÂNCER DE PÂNCREAS 233 Quimioterápicos Dose Intervalo OFF: 5-FU Leucovorin Oxaliplatina 5-FU: 2.000 mg/m2 D1, D8, D15, D22 (24h) Leucovorin: 200 mg/m2 D1, D8, D15, D22 Oxaliplatina: 85 mg/m2 D8, D22 A cada 42 dias CAPOX: Capecitabina Oxaliplatina Capecitabina: 2.000 mg/m2 D1-D14 Oxaliplatina: 130 mg/m2 D1 A cada 21 dias IROX: Irinotecano Oxaliplatina Irinotecano: 150 mg/m2 D1 Oxaliplatina: 85 mg/m2 D1 A cada 14 dias Paclitaxel 80 mg/m2 D1, D8, D15 A cada 28 dias TÉCNICAS DE RADIOTERAPIA A radioterapia, quando indicada de forma adjuvante em combinação com a quimio- terapia, deve ser prescrita em doses entre 45 e 50,4 Gy, com fracionamento de 1,8 a 2 Gy por dia.31 Para os casos de tratamento definitivo, pode-se optar pelas mesmas doses, mas com reforço sobre a doença grosseira até um total de 54 a 59,4 Gy. Em relação às doses de SBRT (stereotactic body radiation therapy), ainda não se tem um esquema de escolha. Há grande variação de esquemas de fracionamento entre os estudos de fase II publicados até o momento, entre eles: 30 Gy em três frações,30 45 Gy em três frações,32 25 Gy em cinco frações33 ou 33 Gy em cinco frações.34 O planejamento radioterápico do câncer de pâncreas deve ser realizado de forma conformacional tridimensional, com base em imagens tomográficas. O volume-alvo de tratamento em casos de tumores ressecados deve incluir o leito operatório, anasto- moses e drenagem linfática de alto risco. Já no caso de tumores irressecáveis, devem-se incluir a doença grosseira (volume tumoral grosseiro – GTV) e regiões de drenagem [volume-alvo clínico (CTV) nodal], com reforço de 9 Gy sobre a região do GTV. Em relação à drenagem linfática, para tumores da cabeça do pâncreas, deve-se garantir a inclusão dos linfonodos celíacos, porta-hepáticos, pancreaticoduodenais e suprapan- creáticos no volume-alvo de tratamento (CTV nodal). Para tumores do corpo/cauda, devem-se incluir os linfonodos porta-hepáticos, pancreaticoduodenais, suprapancreá- ticos laterais e do hilo esplênico. ESTUDOS EM ANDAMENTO Há vários estudos estão em andamento para câncer de pâncreas. Na doença localiza- da dois estudos comparam esquemas de adjuvância com três fármacos versus gencitabina: um avalia o esquema FOLFOXIRI versus gencitabina (NCT02355119) e o outro, o esque- ma FOLFIRINOX versus gencitabina (NCT02172976). Outro estudo de fase III avalia a combinação de FOLFIRINOX com radiocirurgia para tumores localmente avançados e irressecáveis (NCT01926197). Outro estudo compara a gencitabina adjuvante versus FOLFIRINOX perioperatório (NCT02172976). DIRETRIZES ONCOLÓGICAS234 Na doença metastática, destacamos um estudo avaliando o papel do nimotuzumabe (anticorpo monoclonal anti-EGFR – receptor do fator de crescimento epitelial) asso- ciado à gencitabina como primeira linha de tratamento em pacientes KRAS selvagem (NCT02395016). Na segunda linha, um estudo avalia o papel do nab-paclitaxel associado à gencitabina versus o esquema OFF, após falha com a gencitabina (NCT02506842). No cenário de doença metastática, alguns estudos têm abordado diferentes estraté- gias de imunoterapia associada à quimioterapia: um deles compara a droga AM0010 com FOLFOX versus FOLFOX sozinho como segunda linha após falha com a gencitabina (NCT02923921) e outro avalia a droga GV1001 associada à gencitabina + capecitabina versus gencitabina + capecitabina sozinhos em primeira linha (NCT02854072). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Hoff PMG. Tratado de oncologia. São Paulo: Atheneu; 2013. v. 2. 2. Popp FC, Popp MC, Zhao Y, Betzler C, Kropf S, Garlipp B, et al. 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